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STF e STJ- ESTUPRO e ESTUPRO DE VULNERÁVEL

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ESTUPRO E ESTUPRO DE VULNERÁVEL, 
NO ENTENDIMENTO DO STF 
 
Primeira Turma 
Ementa: HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DE 
AGRAVO REGIMENTAL. SUPRESSÃO DE 
INSTÂNCIA. INADEQUAÇÃO DA VIA. SUPERAÇÃO. 
ART. 213, DO CP. TIPO PENAL MISTO 
ALTERNATIVO. ESTUPRO E ATENTADO VIOLENTO 
AO PUDOR. FATO ANTERIOR À LEI 12.015/2009. 
CRIME ÚNICO OU CONTINUIDADE DELITIVA. 
PRINCÍPIO DA RETROATIVIDADE DA LEI PENAL 
MAIS BENÉFICA. APLICAÇÃO. COMPETÊNCIA DO 
JUIZ DA EXECUÇÃO. 
1. Da irresignação à monocrática negativa de 
seguimento do habeas corpus impetrado no âmbito 
do Superior Tribunal de Justiça, cabível é agravo 
regimental, a fim de que a matéria seja analisada 
pelo respectivo Colegiado. 2. A figura penal prevista 
na nova redação do art. 213, do CP, é do tipo penal 
misto alternativo. Logo, se o agente pratica, no 
mesmo contexto fático, conjunção carnal e outro ato 
libidinoso contra uma só vítima, pratica um só crime 
do art. 213, do CP. 3. Incide a Lei 12.015/2009 aos 
delitos cometidos antes da sua vigência, tendo em 
vista a aplicação do princípio da retroatividade da lei 
penal mais benéfica. 4. Cabe ao Juízo da Execução 
Penal aplicar à condenação transitada em julgado a 
lei mais benéfica. 5. Habeas corpus não conhecido, 
mas com concessão da ordem de ofício, para que o 
Juízo da execução criminal proceda à aplicação 
retroativa da Lei 12.015/2009.(HC 118284, Relator(a): 
Min. MARCO AURÉLIO, Relator(a) p/ Acórdão: Min. 
EDSON FACHIN, Primeira Turma, julgado em 
04/08/2015, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-204 
DIVULG 09-10-2015 PUBLIC 13-10-2015) 
 
 
Segunda Turma 
EMENTA Habeas corpus. Penal e Processual Penal. 
Recurso especial. Revaloração do conjunto fático-
probatório. Admissibilidade. Hipótese que não se 
confunde com reexame de provas. Precedentes. 
Estupro (art. 213, § 1º, do CP). Pena. Dosimetria. 
Continuidade delitiva (art. 71, CP). Majoração da 
pena no máximo legal de 2/3 (dois terços). 
Admissibilidade. Delitos praticados durante 6 (seis) 
anos contra a mesma vítima. Imprecisão quanto ao 
número de crimes. Irrelevância. Dilatado lapso 
temporal que obsta a incidência do aumento em 
apenas 1/6 (um sexto). Ordem denegada. 1. A 
revaloração de elementos fático-jurídicos, em sede de 
recurso especial, não se confunde com reapreciação de 
matéria probatória, por se tratar de quaestio juris, e não 
de quaestio facti. Precedentes. 2. Na espécie, toda a 
matéria fática foi bem retratada na sentença e no 
acórdão do tribunal local, razão por que se limitou o 
Superior Tribunal de Justiça a emprestar-lhe a correta 
consequência jurídica. 3. Segundo pacífica 
jurisprudência da Suprema Corte, o quantum de 
exasperação da pena, por força da continuidade delitiva, 
deve ser proporcional ao número de infrações 
cometidas. Precedentes. 4. A imprecisão quanto ao 
número de crimes praticados não obsta a aplicação 
da causa de aumento de pena da continuidade 
delitiva no patamar máximo de 2/3 (dois terços), 
desde que haja elementos seguros que demonstrem 
que vários foram os delitos perpetrados ao longo de 
dilatado lapso temporal. 5. Ordem denegada.(HC 
127158, Relator(a): Min. DIAS TOFFOLI, Segunda 
Turma, julgado em 23/06/2015, PROCESSO 
ELETRÔNICO DJe-168 DIVULG 26-08-2015 PUBLIC 
27-08-2015) 
 
 
Primeira Turma 
EMENTA Habeas corpus. Substitutivo de recurso 
ordinário constitucional. Inadmissibilidade. 
Precedente. Recurso ordinário constitucional. 
Ausência de capacidade postulatória do recorrente. 
Irrelevância. Precedentes. Atentado violento ao 
pudor (art. 214, CP). Revogação pela Lei nº 
12.015/09. Abolitio criminis. Não ocorrência. 
Conduta que passou a integrar o crime de estupro 
(art. 213, CP). Vítima menor de catorze anos. 
Violência presumida em razão da idade. Revogação 
do art. 224, a, do Código Penal. Tipificação como 
crime autônomo de “estupro de vulnerável” (art. 
217-A, CP). Impossibilidade de sua aplicação 
retroativa, por se tratar, na espécie, de lei penal 
mais gravosa. Habeas corpus extinto. 1. A Primeira 
Turma do Supremo Tribunal Federal não admite habeas 
corpus substitutivo de recurso ordinário constitucional 
(art. 102, II, a, da Constituição Federal). Precedente. 2. 
O leigo que impetra habeas corpus tem legitimidade 
para interpor recurso ordinário constitucional, 
prescindindo-se, nessa hipótese, da capacidade 
postulatória do recorrente. Precedentes. 3. Embora a 
Lei nº 12.015/09 tenha revogado o art. 214 do Código 
Penal, não houve abolito criminis, uma vez que o 
atentado violento ao pudor, antes figura criminal 
autônoma, passou a integrar o crime de estupro (art. 
213). 4. Também não houve abolitio criminis quanto 
à presunção de violência em razão da idade da 
vítima, uma vez que a Lei nº 12.015/09, ao revogar o 
art. 224, a, do Código Penal, tipificou, como crime de 
“estupro de vulnerável” (art. 217-A, CP), a prática de 
ato libidinoso com menor de 14 (catorze) anos. 5. Na 
espécie, o art. 217-A do Código Penal não pode ser 
aplicado retroativamente, por constituir lei penal 
mais gravosa. 6. Habeas corpus extinto. 
(HC 122666, Relator(a): Min. DIAS TOFFOLI, 
Primeira Turma, julgado em 18/11/2014, PROCESSO 
 
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ELETRÔNICO DJe-021 DIVULG 30-01-2015 PUBLIC 
02-02-2015) 
 
 
 
Segunda Turma 
EMENTA: HABEAS CORPUS. CONSTITUCIONAL. 
PROCESSUAL PENAL. ESTUPRO. VÍTIMA MENOR 
DE 14 ANOS. ART. 213 C.C. ART. 224, AL. ‘A’, DO 
CÓDIGO PENAL ANTES DA ALTERAÇÃO DA LEI 
12.015/2009. CONSENTIMENTO DA OFENDIDA. 
IRRELEVÂNCIA. NATUREZA DA VIOLÊNCIA 
PRESUMIDA. ABSOLVIÇÃO. NECESSIDADE DE 
REEXAME DE FATOS E PROVAS IMPRÓPRIO NA 
VIA ELEITA. ORDEM DENEGADA. 1. Eventual 
consentimento da ofendida, menor de 14 anos, para 
a conjunção carnal ou a sua experiência anterior 
não elidem a presunção de violência caracterizadora 
do crime de estupro praticado antes da vigência da 
Lei 12.015/2009. Precedentes. 2. Concluir pela 
absolvição do Paciente quanto ao crime de estupro 
demandaria o revolvimento do conjunto probatório, 
o que ultrapassa os limites do procedimento 
sumário e documental do habeas corpus. 3. Ordem 
denegada.(HC 119091, Relator(a): Min. CÁRMEN 
LÚCIA, Segunda Turma, julgado em 10/12/2013, 
PROCESSO ELETRÔNICO DJe-250 DIVULG 17-12-
2013 PUBLIC 18-12-2013) 
 
Segunda Turma 
Aplicação retroativa da Lei 12.015/2009 e juízo da 
execução 
Cabe ao juízo da execução criminal avaliar a 
aplicação retroativa da Lei 12.015/2009 — norma 
considerada mais benéfica — em favor de 
condenados pela prática dos crimes de atentado 
violento ao pudor e estupro, em concurso material. 
Com base nesse entendimento, a 2ª Turma não 
conheceu, por maioria, da impetração, mas concedeu a 
ordem de ofício para determinar que o juiz da execução 
aprecie as condutas criminosas praticadas pelo paciente 
e, se for o caso, proceda ao redimensionamento das 
penas. Preliminarmente, consignou-se que seria 
incabível impetração de habeas corpus em face de 
decisão monocrática de Ministro do STJ, sendo 
indispensável a interposição de agravo regimental. 
Vencidos os Ministros Gilmar Mendes e Celso de Mello. 
Pontuavam que o recurso de agravo seria voluntário e 
não necessário. Portanto, a parte poderia perfeitamente 
abster-se de interpô-lo. Além disso, afirmavam que o 
relator no STJ, ao proferir a decisão monocrática, com 
apoio no art. 38 da Lei 8.038/90, pronunciar-se-ia em 
nome do Tribunal. Aludiam que não haveria, em relação 
ao habeas corpus, o mesmo tratamento dado ao 
recurso extraordinário, que imporia o exaurimento da via 
recursal ordinária. Assinalavam que essa exigência 
restringiria o direito de liberdade. HC 117640/SP, rel. 
Min. Ricardo Lewandowski, 12.11.2013. 
 
 
Segunda Turma 
Conflito de competência e crimes conexos 
A 2ª Turma denegou habeas corpus e reconheceu a 
competência da justiça federal para processar ejulgar crimes de estupro e atentado violento ao 
pudor conexos com crimes de pedofilia e 
pornografia infantil de caráter transnacional. Na 
espécie, houvera a quebra de sigilo de dados do 
paciente, identificado por meio do endereço “IP” 
(Internet Protocol) de seu computador, no curso de 
operação policial desencadeada na Espanha. Apurara-
se que o investigado também teria supostamente 
cometido crimes de estupro e atentado violento ao 
pudor contra menores no Brasil. Entendeu-se que os 
crimes seriam conexos e, para perfeita investigação do 
caso, seria necessário examinar provas em ambos os 
processos e, por isso, impossível desmembrar os feitos. 
HC 114689/SP, rel. Min. Ricardo Lewandowski, 
13.8.2013. 
 
 
Plenário 
Crimes contra os costumes: vítima pobre e 
legitimidade 
Em conclusão, o Plenário, por maioria, denegou habeas 
corpus impetrado — em favor de condenados a regime 
integralmente fechado pela prática de estupro (CP, art. 
213, c/c os artigos 29 e 71) — com base em suposto 
vício de representação. Na espécie, discutia-se: a) a 
ilegitimidade ativa do Ministério Público, dado que a 
pretensa vítima não ostentaria a condição de pobre, 
razão pela qual a ação deveria ser de iniciativa privada; 
e b) inconstitucionalidade da antiga redação do art. 225, 
§ 1º, I, e § 2º, do CP (“Art. 225 - Nos crimes definidos 
nos capítulos anteriores, somente se procede mediante 
queixa. § 1º - Procede-se, entretanto, mediante ação 
pública: I - se a vítima ou seus pais não podem prover 
às despesas do processo, sem privar-se de recursos 
indispensáveis à manutenção própria ou da família ... § 
2º - No caso do nº I do parágrafo anterior, a ação do 
Ministério Público depende de representação”), visto 
que a legitimidade para agir em nome de vítimas pobres 
seria da Defensoria Pública — v. Informativos 506 e 
537. Inicialmente, registrou-se que a impetração 
discutiria questões concernentes ao mérito da causa, 
cujo deslinde dependeria do exame acurado do conjunto 
probatório, inexequível nos limites do writ. Destacou-se 
que a particularidade de a vítima ter constituído 
advogado não elidiria a sua alegada pobreza, porquanto 
existiriam advogados a atuar pro bono. Obtemperou-se 
que a ausência de recursos financeiros seria prova de 
fato negativo, difícil de comprovar. Citou-se 
jurisprudência da Corte no sentido de que nos 
 
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crimes contra os costumes, caracterizada a pobreza 
da vítima, a ação penal passaria a ser pública 
condicionada à representação, tendo o Ministério 
Público legitimidade para oferecer a denúncia (CP, 
art. 225, § 1º). O fato de a vítima ter à sua disposição 
a Defensoria Pública estruturada e aparelhada não 
afastaria a titularidade do parquet. Vencido o Min. 
Marco Aurélio, que concedia, de ofício, a ordem. Aduzia 
a ilegitimidade do Ministério Público para a propositura 
da ação, a configurar constrangimento ilegal a alcançar 
a liberdade de ir e vir dos pacientes. Pontuava ser 
diverso o que retratado no Código Penal daquilo 
previsto no art. 4º da Lei 1.060/50 (“A parte gozará dos 
benefícios da assistência judiciária, mediante simples 
afirmação, na própria petição inicial, de que não está em 
condições de pagar as custas do processo e os 
honorários de advogado, sem prejuízo próprio ou de sua 
família”). Acrescentava ser conflitante a situação em 
que a vítima se declarara pobre e constituíra advogado, 
somado à circunstância de não ter provado seu estado 
de pobreza. HC 92932/SP, rel. Min. Ricardo 
Lewandowski, 7.3.2013. 
 
 
Primeira Turma 
HC N. 105.558-PR 
RELATORA: MIN. ROSA WEBER 
HABEAS CORPUS. ESTUPRO. ATENTADO 
VIOLENTO AO PUDOR. PRETENSÃO À 
ABSOLVIÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. REEXAME DO 
CONJUNTO FÁTICO PROBATÓRIO. VÍTIMA MENOR 
DE CATORZE ANOS. PRESUNÇÃO ABSOLUTA DE 
VIOLÊNCIA. CRIME COMETIDO ANTES DA 
VIGÊNCIA DA LEI 12.015/09. CONTINUIDADE 
DELITIVA. MAJORAÇÃO MÁXIMA DA PENA. 
COMPATIBILIDADE COM O NÚMERO DE CRIMES 
COMETIDOS. PRECEDENTES. 
1. O habeas corpus não se presta ao exame e à 
valoração aprofundada das provas, não sendo viável 
reavaliar o conjunto probatório que levou à condenação 
criminal do paciente por crimes de estupro e atentado 
violento ao pudor. 
2. O entendimento desta Corte pacificou-se quanto a 
ser absoluta a presunção de violência nos casos de 
estupro contra menor de catorze anos nos crimes 
cometidos antes da vigência da Lei 12.015/09, a 
obstar a pretensa relativização da violência 
presumida. 
3. Não é possível qualificar a manutenção de relação 
sexual com criança de dez anos de idade como algo 
diferente de estupro ou entender que não seria inerente 
a ato da espécie a violência ou a ameaça por parte do 
algoz. 
4. O aumento da pena devido à continuidade delitiva 
varia conforme o número de delitos. Na espécie, 
consignado nas instâncias ordinárias terem os crimes 
sido cometidos diariamente ao longo de quase dois 
anos, autorizada a majoração máxima. 
Julgado em 22.05.2012. 
 
 
Primeira Turma 
Conjugação de leis e descabimento 
Com base no princípio unitário, a 1ª Turma denegou 
habeas corpus em que se pleiteava a mescla da 
legislação nova com a antiga, nos trechos em que mais 
favoráveis ao paciente. Na espécie dos autos, ele fora 
condenado a 17 anos e 6 meses de reclusão e, em grau 
de recurso, o STJ concedera a ordem, de ofício, a fim 
de reduzir a pena para 13 anos e 4 meses de reclusão, 
nos termos dispostos pela Lei 12.015/2009 — que 
revogou o art. 9º da Lei 8.072/90 e criou o tipo 
específico de estupro de vulnerável (CP, art. 217-A). 
Alegava-se que o acórdão questionado prejudicara o 
paciente, visto que a sentença condenatória 
estabelecera a pena-base em 6 anos e, pela nova regra, 
aplicada pelo STJ, esta fora fixada em 8 anos. 
Considerou-se, ademais, que não houvera qualquer 
decisão contrária aos interesses do paciente, porque 
reduzida a pena final, de 17 para 13 anos. 
HC 104193/RS, rel. Min. Marco Aurélio, 9.8.2011. 
 
 
Segunda Turma 
Violência presumida e regime de cumprimento de 
pena 
O crime cometido com violência presumida 
obstaculiza o benefício da substituição da pena 
privativa de liberdade por restritiva de direitos. Esse 
o entendimento da 2ª Turma, ao indeferir habeas corpus 
impetrado em favor de condenado a 3 anos de reclusão 
em regime semi-aberto pela prática do crime então 
descrito no art. 213, c/c art. 224, a, do CP . A 
impetração sustentava que a violência a impedir o 
benefício da substituição da pena (CP, art. 44, I) seria a 
violência real, e não a presumida (CP, art. 224). 
Asseverou-se que, embora a reprimenda aplicada fosse 
inferior a 4 anos, o crime teria sido cometido com 
violência à pessoa, motivo suficiente para obstaculizar o 
benefício requerido. Entendeu-se que a vedação da 
substituição da pena privativa de liberdade por restritiva 
de direitos não alcançaria somente a violência física, 
real, mas também a presumida. 
HC 99828/SP, rel. Min. Gilmar Mendes, 17.5.2011. 
 
 
Primeira Turma 
Estupro e atentado violento ao pudor: continuidade 
delitiva 
A 1ª Turma concedeu, de ofício, habeas corpus para 
incumbir ao juízo da execução a tarefa de enquadrar 
o caso ao cenário jurídico trazido pela Lei 
12.015/2009, devendo, para tanto, proceder à nova 
 
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dosimetria da pena fixada e afastar o concurso 
material entre os ilícitos contra a dignidade sexual, 
aplicando a regra da continuidade (CP, art. 71, 
parágrafo único: “Nos crimes dolosos, contra 
vítimas diferentes, cometidos com violência ou 
grave ameaça à pessoa, poderá o juiz, considerando 
a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e 
a personalidade do agente, bem como os motivos e 
as circunstâncias, aumentar a pena de um só dos 
crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas,até o triplo, observadas as regras do parágrafo 
único do art. 70 e do art. 75 deste Código”). Na 
situação dos autos, pleiteava-se a exclusão da causa de 
aumento de pena prevista no art. 9º da Lei 8.072/90 (Lei 
dos Crimes Hediondos) a condenado pela prática dos 
crimes de estupro e atentado violento ao pudor contra 
menores de 14 anos. A impetração argumentava que: a) 
a aplicação da referida causa especial de aumento com 
a presunção de violência decorrente da menoridade das 
vítimas, sem a ocorrência do resultado lesão corporal 
grave ou morte, implicaria bis in idem, porquanto a 
violência já teria incidido na espécie como elementar do 
crime; e b) o art. 9º daquela norma estaria 
implicitamente revogado após o advento da Lei 
12.015/2009. 
Inicialmente, a Turma, por maioria, vencido o Min. 
Marco Aurélio, não conheceu do writ, ao fundamento de 
que a apreciação da matéria sob o enfoque da nova lei 
acarretaria indevida supressão de instância. Salientou-
se, no entanto, a existência de precedentes desta Corte 
segundo os quais não configuraria bis in idem a aludida 
aplicação da causa especial de aumento de pena. 
Ademais, observaram-se recentes posicionamentos das 
Turmas no sentido de que, ante a nova redação do art. 
213 do CP, teria desaparecido o óbice que impediria o 
reconhecimento da regra do crime continuado entre os 
antigos delitos de estupro e atentado violento ao pudor. 
Por fim, determinou-se que o juízo da execução 
enquadre a situação dos autos ao atual cenário jurídico, 
nos termos do Enunciado 611 da Súmula do STF 
(“Transitada em julgado a sentença condenatória, 
compete ao juízo das execuções a aplicação de lei mais 
benigna”). Alguns precedentes citados: HC 102355/SP 
(DJe de 28.5.2010); HC 94636/SP (DJe de 24.9.2010). 
HC 103404/SP, rel. Min. Dias Toffoli, 14.12.2010. 
 
 
Segunda Turma 
HABEAS CORPUS. DIREITO PENAL. ESTUPRO. 
VIOLÊNCIA REAL. DESNECESSIDADE DE LESÕES 
CORPORAIS. EXISTÊNCIA DE UNIÃO ESTÁVEL 
ENTRE O PACIENTE E A MÃE DA VÍTIMA. 
LEGITIMIDADE DO MINISTÉRIO PÚBLICO PARA 
PROPOSITURA DA AÇÃO. ORDEM DENEGADA. 1. A 
questão diz respeito à legitimidade do Ministério Público 
para propor a ação penal no caso concreto. 2. É 
dispensável a ocorrência de lesões corporais para a 
caracterização da violência real nos crimes de 
estupro. Precedentes. 3. Caracterizada a ocorrência de 
violência real no crime de estupro, incide, no caso, a 
Súmula 608/STF: “No crime de estupro, praticado 
mediante violência real, a ação penal é pública 
incondicionada”. 4. Tem a jurisprudência admitido 
também a posição do mero concubino ou companheiro 
para tornar a ação pública incondicionada. 5. Havendo o 
vínculo de união estável entre o paciente e a mãe da 
vítima, aplica-se o inciso II do § 1º do art. 225 do Código 
Penal (vigente à época dos fatos). 6. Writ denegado. 
(HC 102683, Relator(a): Min. ELLEN GRACIE, 
Segunda Turma, julgado em 14/12/2010, DJe-024 
DIVULG 04-02-2011 PUBLIC 07-02-2011 EMENT VOL-
02458-01 PP-00090 RT v. 100, n. 907, 2011, p. 404-
408) 
 
 
Segunda Turma 
Estupro e Atentado Violento ao Pudor: Lei 
12.015/2009 e Continuidade Delitiva 
Em observância ao princípio constitucional da 
retroatividade da lei penal mais benéfica (CF, art. 5º, 
XL), deve ser reconhecida a continuidade delitiva 
aos crimes de estupro e atentado violento ao pudor 
praticados anteriormente à vigência da Lei 
12.015/2009 e nas mesmas condições de tempo, 
lugar e maneira de execução. Com base nesse 
entendimento, a Turma concedeu habeas corpus de 
ofício para determinar ao juiz da execução, nos termos 
do enunciado da Súmula 611 do STF, que realize nova 
dosimetria da pena, de acordo com a regra do art. 71 do 
CP. Tratava-se, na espécie, de writ no qual condenado 
em concurso material pela prática de tais delitos, 
pleiteava a absorção do atentado violento ao pudor pelo 
estupro e, subsidiariamente, o reconhecimento da 
continuidade delitiva. Preliminarmente, não se conheceu 
da impetração. Considerou-se que a tese defensiva 
implicaria reexame de fatos e provas, inadmissível na 
sede eleita. Por outro lado, embora a matéria relativa à 
continuidade delitiva não tivesse sido apreciada pelas 
instâncias inferiores, à luz da nova legislação, ressaltou-
se que a citada lei uniu os dois ilícitos em um único tipo 
penal, não mais havendo se falar em espécies distintas 
de crimes. Ademais, elementos nos autos evidenciariam 
que os atos imputados ao paciente teriam sido 
perpetrados nas mesmas condições de tempo, lugar e 
maneira de execução. 
HC 96818/SP, rel. Min. Joaquim Barbosa, 10.8.2010. 
 
 
Segunda Turma 
Ultra-Atividade da Lei Penal Benéfica e Lei 
11.106/2005 
A Turma, por maioria, não conheceu de habeas corpus, 
mas concedeu a ordem, de ofício, para declarar a 
extinção da punibilidade de condenado pela prática do 
 
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delito descrito no art. 213, c/c os artigos 224, a, e 225, § 
1º, I e § 2º (com a redação anterior às alterações 
promovidas pela Lei 12.015/2009), na forma do art. 71, 
todos do CP, em decorrência de haver constrangido, à 
época, menor de 12 anos de idade à prática de 
conjunção carnal. A impetração requeria a aplicação da 
lei penal vigente ao tempo dos fatos, por ser menos 
gravosa ao paciente, haja vista que o art. 107, VII, do 
CP — que previa a extinção da punibilidade pelo 
casamento do agente com a vítima nos crimes contra os 
costumes — fora revogado pela Lei 11.106/2005. 
Informava que, embora a conversão de união estável 
em casamento tivesse ocorrido em 13.3.2007, os fatos 
delituosos aconteceram entre agosto de 2004 e julho de 
2005. Tendo em conta que a decisão impugnada fora 
proferida monocraticamente pelo relator do recurso 
especial no STJ, considerou-se que o conhecimento do 
writ implicaria supressão de instância. Vencido o Min. 
Marco Aurélio que o julgava prejudicado. Entretanto, 
reputou-se patente a coação ilegal e determinou-se a 
expedição do contramandado de prisão em favor do 
paciente ou, caso esta já tenha sido efetuada, a 
expedição do competente alvará de soltura clausulado. 
Reconheceu-se, em observância ao art. 5º, XL, da CF, a 
ultra-atividade da lei penal mais benéfica ao agente. 
Enfatizou-se que, diante do quadro de miséria e 
desamparo em que vive a vítima — a qual agora já 
possui dois filhos com o paciente — manter o réu 
encarcerado nenhum benefício poderia trazer a ela e à 
sociedade, cabendo, nesse contexto, invocar a garantia 
disposta no art. 226 da CF, que assegura, à família, 
base da sociedade, especial proteção do Estado. 
HC 100882/SP, rel. Min. Ricardo Lewandowski, 
25.5.2010. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ESTUPRO E ESTUPRO DE VULNERÁVEL, NO 
ENTENDIMENTO DO STJ 
Quinta Turma 
PENAL E PROCESSO PENAL. RECURSO 
ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS. ESTUPRO DE 
VULNERÁVEL. ART. 217-A DO CP. 
CONSENTIMENTO DA VÍTIMA E 
RELACIONAMENTO AMOROSO COM O AGENTE. 
IRRELEVÂNCIA. CARÁTER ABSOLUTO DA 
PRESUNÇÃO DE VIOLÊNCIA. RECURSO A QUE 
SE NEGA PROVIMENTO. 
1. É absoluta a presunção de violência na prática 
de conjunção carnal ou outro ato libidinoso com 
menor de 14 (catorze) anos, de forma que o 
suposto consentimento da vítima, sua anterior 
experiência sexual ou a existência de 
relacionamento amoroso com o agente não 
tornam atípico o crime de estupro de vulnerável 
previsto no art. 217-A do CP. Precedentes do STJ. 
2. Recurso ordinário improvido. 
(RHC 59.974/TO, Rel. Ministro REYNALDO 
SOARES DA FONSECA, QUINTA TURMA, julgado 
em 20/08/2015, DJe 28/08/2015) 
 
 
 
Quinta Turma 
PENAL. CRIME DE ESTUPRO. ART. 213 DO 
CÓDIGO PENAL. REFORMA TRAZIDA PELA LEI N. 
12.015/2009. ATOS LIBIDINOSOS DIVERSOS DA 
CONJUNÇÃO CARNAL. RECONHECIMENTO DA 
CONSUMAÇÃO.www.penalemfoco.com.br 
1. A reforma trazida pela Lei n. 12.015/2009 
unificou em um único tipo penal as condutas 
anteriormente previstas nos arts. 213 e 214 do 
Código Penal, constituindo, hoje, um só crime 
constranger alguém, mediante violência ou grave 
ameaça, a ter conjunção carnal ou a praticar ou 
permitir que com ele se pratique outro ato 
libidinoso. 
2. Segundo a jurisprudência do Superior Tribunal 
de Justiça, "o delito de estupro, na redação dada 
pela Lei n. 12.015/2009, "inclui atos libidinosos 
praticados de diversas formas, onde se inserem 
os toques, contatos voluptuosos, beijos lascivos, 
consumando-se o crime com o contato físico 
entre o agressor e a vítima" (AgRg no REsp 
1359608/MG, Rel. Ministra ASSUSETE 
MAGALHÃES, SEXTA TURMA, julgado em 
19/11/2013, DJe 16/12/2013). 
3. No caso, não há que se falar em tentativa, 
porquanto o contato físico do acusado com a 
vítima, consistente em beijá-la na boca, passar as 
mãos nas nádegas e seios a fim de satisfazer a 
sua lascívia, é suficiente para caracterizar o delito 
descrito no art. 
 
213 do CP. 
4. Recurso especial provido para, reconhecida a 
consumação do delito previsto no art. 213 do 
Código Penal, fixar a pena do recorrido em 7 
anos, 4 meses e 20 dias, mantido o regime 
fechado. 
(REsp 1470165/MG, Rel. Ministro GURGEL DE 
FARIA, QUINTA TURMA, julgado em 04/08/2015, 
DJe 20/08/2015) 
 
 
Quinta Turma 
PROCESSUAL PENAL. ESTUPRO DE 
VULNERÁVEL. VIOLAÇÃO DO ART. 155 DO CPP. 
NÃO OCORRÊNCIA. ART. 159 DO CPP. LAUDO 
PSICOLÓGICO. VIOLAÇÃO AO CONTRADITÓRIO. 
INEXISTÊNCIA. 
1. Não se vislumbra a alegada violação ao art. 155 
do CPP, visto que o acórdão hostilizado aponta a 
existência de elementos de convicção suficientes 
para manter a sentença condenatória, 
notadamente as declarações das vítimas, os 
depoimentos das testemunhas e os laudos 
médicos, todos colhidos na fase judicial, sob o 
crivo do contraditório. 
2. O art. 159 do CPP diz respeito ao exame de 
corpo de delito e a outras perícias, os quais não 
incluem o laudo psicológico realizado na vítima, 
normalmente confeccionado para avaliar os 
danos sofridos com o abuso sexual, não 
constituindo o aludido diagnóstico prova 
obrigatória nem imprescindível para a 
comprovação do delito ou de sua materialidade. 
3. Hipótese em que a defesa tomou ciência do 
conteúdo do laudo psicológico em momento 
anterior à apresentação das alegações finais, 
conforme ressaltado pelo Tribunal de origem. 
4. Agravo regimental a que se nega provimento. 
(AgRg no AREsp 531.398/GO, Rel. Ministro 
GURGEL DE FARIA, QUINTA TURMA, julgado em 
30/06/2015, DJe 04/08/2015) 
 
 
Quinta Turma 
PENAL. AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM 
RECURSO ESPECIAL. ESTUPRO DE 
VULNERÁVEL. PRÁTICA DE ATOS LIBIDINOSOS 
DIVERSOS DA CONJUNÇÃO CARNAL. DELITO 
CONSUMADO. 
I. A materialização do crime de estupro de 
vulnerável (art. 217-A do Código Penal) se dá com 
a prática de atos libidinosos diversos da 
conjunção carnal. Precedentes. 
II. No caso dos autos, configurada está a prática 
de atos libidinosos diversos da conjunção carnal 
destinados à satisfação da lascívia do acusado, 
consistentes em colocar a vítima forçosamente 
em seu colo e beijá-la no pescoço, além de beijar 
seus seios e tocar sua vagina, ainda que por 
sobre suas vestes. 
Agravo regimental desprovido. 
(AgRg no AREsp 530.053/MT, Rel. Ministro FELIX 
FISCHER, QUINTA TURMA, julgado em 23/06/2015, 
DJe 29/06/2015) 
 
 
Sexta Turma 
PENAL E PROCESSUAL PENAL. ESTUPRO. 
VÍTIMA MENOR DE 14 ANOS. VIOLÊNCIA REAL. 
OCORRÊNCIA. CAUSA DE AUMENTO DE PENA. 
INCIDÊNCIA DO ART. 9º DA LEI N. 8.072/90. 
SUPERVENIÊNCIA DA LEI N.12.015/2009. 
ESTUPRO DE VULNERÁVEL. ART. 217-A DO 
CÓDIGO PENAL. LEI MAIS BENÉFICA. 
APLICAÇÃO RETROATIVA. PRECEDENTES DO 
STJ. HABEAS CORPUS NÃO CONHECIDO. 
ORDEM CONCEDIDA DE OFICIO. 
1. Comprovada a existência de violência real ou 
grave ameaça no crime de estupro, contra vítima 
menor de 14 anos, há de incidir a causa de 
aumento da pena previsto no art. 9º da Lei 
8.072/90. 
Precedentes desta Corte. 
2. Não obstante a Lei n. 12.015/2009, ao tipificar o 
delito de estupro, contra vítima menor de 14 anos, 
previsto no art. 213 do Código Penal, como 
estupro de vulnerável (art. 217-A do Código 
Penal), tenha determinado o recrudescimento da 
pena, deve ela retroagir, por ser mais benéfica, 
uma vez que também determinou a revogação da 
causa de aumento prevista no art. 9º da Lei 
8.072/90. 
3. Habeas Corpus não conhecido. Ordem 
concedida de ofício. 
 
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(HC 144.091/PE, Rel. Ministro NEFI CORDEIRO, 
SEXTA TURMA, julgado em 18/06/2015, DJe 
01/07/2015) 
 
 
Sexta Turma 
PENAL. AGRAVO REGIMENTAL EM EMBARGOS 
DE DECLARAÇÃO EM AGRAVO EM RECURSO 
ESPECIAL. ESTUPRO COM PRESUNÇÃO DE 
VIOLÊNCIA. NULIDADES. 
ATESTADO DE POBREZA SUBSCRITO PELA 
AUTORIDADE POLICIAL. 
POSSIBILIDADE (ART. 32, § 2º, DO CPP). 
PRECEDENTES DESTA CORTE. 
REPRESENTAÇÃO SUBSCRITA PELO IRMÃO. 
LEGALIDADE. AUSÊNCIA DOS PAIS. 
IRMÃO QUE ASSUMIU A GUARDA E SEGURANÇA 
DA MENOR. POSSIBILIDADE. 
VÍCIOS NA PEÇA. IRRELEVÂNCIA. ATO QUE 
PRESCINDE DE FORMALIDADE. 
COMPARECIMENTO NA DELEGACIA QUE 
FIRMOU A VONTADE INEQUÍVOCA DE 
REPRESENTAR. ILEGALIDADE NA INCIDÊNCIA 
DO ART. 225, § 1º, II, DO CP. 
PREJUDICIALIDADE. AÇÃO PENAL PÚBLICA 
CONDICIONADA À REPRESENTAÇÃO. 
Agravo regimental improvido. 
(AgRg nos EDcl no AREsp 553.393/MG, Rel. 
Ministro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, SEXTA 
TURMA, julgado em 02/06/2015, DJe 15/06/2015) 
 
 
 
Sexta Turma 
PENAL. AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO 
ESPECIAL. ESTUPRO DE VULNERÁVEL. 
DOSIMETRIA. PERSONALIDADE. BIS IN IDEM. 
1. A confiança é ínsita às relações familiares. 
Sendo assim, se o aumento da sanção na terceira 
fase da dosimetria decorreu do vínculo padrastal, 
resulta claro que não se pode utilizar a mesma 
circunstância, embora descrita de outra maneira, 
por meio da expressão "traindo a confiança", para 
justificar o incremento da pena na primeira fase 
da sua dosagem. Doutrina. 
2. Conclusão em sentido contrário constitui 
evidente bis in idem, razão pela qual deve ser 
afastada. 
3. Agravo regimental improvido. 
(AgRg no REsp 1517423/MS, Rel. Ministro 
SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, SEXTA TURMA, 
julgado em 26/05/2015, DJe 11/06/2015) 
 
 
Sexta Turma 
HABEAS CORPUS. WRIT SUBSTITUTIVO. 
ESTUPRO. VÍTIMA COM DEFICIÊNCIA MENTAL. 
DEPOIMENTO E LAUDO. NULIDADE. 
INEXISTÊNCIA. DILAÇÃO PROVATÓRIA. 
IMPOSSIBILIDADE. HABEAS CORPUS NÃO 
CONHECIDO. 
1. A comprovada vulnerabilidade da vítima 
(portadora de retardo mental) - oriunda da sua 
incapacidade de entender a ilicitude das 
circunstâncias, o que a tornou menos resistente à 
investida - não lhe retira a capacidade de narrar 
os acontecimentos e macular a condenação do 
agente pelo delito de estupro. 
2. Em delitos sexuais, comumente praticados às 
ocultas, a palavra da vítima possui especial 
relevância, desde que esteja em consonância com 
as demais provas acostadas aos autos. 
Precedentes. 
3. Mostra-se inviável a desconstituição do julgado, 
como pretendido pelo impetrante, sobretudo 
considerando-se que, no processo penal, vigora o 
princípio do livre convencimento motivado, em que é 
dado ao julgador decidir pela condenação do agente, 
desde que o faça fundamentadamente, respeitados o 
contraditório e a ampla defesa, exatamente como 
verificado nos autos. 
4. A decretação da nulidade dos julgados 
anteriormente proferidos demandaria, em verdade, 
dilação probatória, o que é vedado na apreciação do 
habeas corpus. 
5. Habeas corpus não conhecido. 
(HC 227.449/SP, Rel. Ministro ROGERIO SCHIETTI 
CRUZ, SEXTA TURMA, julgado em 28/04/2015, DJe 
07/05/2015) 
 
 
Quinta Turma 
AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL. 
ESTUPRO. ATENTADO VIOLENTO AO PUDOR. 
ADVENTO DA LEI N. 12.015/09. CONTINUIDADE 
DELITIVA. 
OBSERVÂNCIA DOSREQUISITOS OBJETIVOS E 
SUBJETIVOS. POSSIBILIDADE. 
INSURGÊNCIA DESPROVIDA. 
1. A Lei n.º 12.015/2009 promoveu sensível 
modificação nos dispositivos que disciplinam os 
crimes contra os costumes, ao reunir em um só 
tipo penal as condutas antes descritas nos artigos 
213 (estupro) e 214 (atentado violento ao pudor), 
ambos do Código Penal. 
2. Com as inovações trazidas pelo referido 
diploma normativo, os crimes de estupro e 
atentado violento ao pudor são, agora, do mesmo 
gênero - crimes contra a liberdade sexual - e 
também da mesma espécie - estupro -, razão pela 
qual, preenchidos os requisitos de ordem objetiva 
(mesmas condições de tempo, lugar e forma de 
execução) e subjetiva (unidade de desígnios ou 
vínculo subjetivo entre os eventos), não haveria 
qualquer óbice ao reconhecimento da 
continuidade delitiva. Precedentes. 
3. Agravo regimental desprovido. 
(AgRg no REsp 1324621/SP, Rel. Ministro JORGE 
MUSSI, QUINTA TURMA, julgado em 16/04/2015, 
DJe 28/04/2015) 
 
 
 
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Sexta Turma 
DIREITO PROCESSUAL PENAL. COMPROVAÇÃO 
DA MENORIDADE DE VÍTIMA DE CRIMES 
SEXUAIS. 
Nos crimes sexuais contra vulnerável, a 
inexistência de registro de nascimento em 
cartório civil não é impedimento a que se faça a 
prova de que a vítima era menor de 14 anos à 
época dos fatos. De início, ressalte-se que a 
norma processual inscrita no art. 155, parágrafo 
único, do CPP estabelece que o juiz, no exercício 
do livre convencimento motivado, somente 
quanto ao estado das pessoas observará as 
restrições estabelecidas na lei civil. Ao enfrentar a 
questão, a Terceira Seção do STJ assentou a 
primazia da certidão de nascimento da vítima para 
tanto (EREsp 762.043-RJ, DJe 4/3/2009). Porém, o 
STJ tem considerado que a mera ausência da 
certidão de nascimento não impede a verificação 
etária, quando coligidos outros elementos hábeis 
à comprovação da qualidade de infante da vítima 
(HC 81.181-SP, Quinta Turma, DJe 21/6/2010 e 
AgRg no AREsp 114.864-DF, Sexta Turma, DJe 
3/10/2013). AgRg no AREsp 12.700-AC, voto 
vencedor Rel. Min. Walter de Almeida Guilherme 
(Desembargador convocado do TJ/SP), Rel. para 
acórdão Min. Gurgel de Faria, julgado em 
10/3/2015, DJe 5/6/2015. 
 
 
Quinta Turma 
PROCESSUAL PENAL. RECURSO ORDINÁRIO EM 
HABEAS CORPUS. ESTUPRO DE VULNERÁVEL. 
OITIVA DA VÍTIMA MEDIANTE "DEPOIMENTO 
SEM DANO". 
CONCORDÂNCIA DA DEFESA. NULIDADE. 
INEXISTÊNCIA. 
1. Esta Corte tem entendido justificada, nos 
crimes sexuais contra criança e adolescente, a 
inquirição da vítima na modalidade do 
"depoimento sem dano", em respeito à sua 
condição especial de pessoa em 
desenvolvimento, procedimento admitido, 
inclusive, antes da deflagração da persecução 
penal, mediante prova antecipada (HC 226.179/RS, 
Rel. Ministro JORGE MUSSI, QUINTA TURMA, 
julgado em 08/10/2013, DJe 16/10/2013). 
2. A oitiva da vítima do crime de estupro de 
vulnerável (CP, art. 217-A), em audiência de 
instrução, sem a presença do réu e de seu 
defensor não inquina de nulidade o ato, por 
cerceamento ao direito de defesa, se o advogado 
do acusado aquiesceu àquela forma de inquirição, 
dela não se insurgindo, nem naquela 
oportunidade, nem ao oferecer alegações finais. 
3. Além da inércia da defesa, que acarreta preclusão 
de eventual vício processual, não restou demonstrado 
prejuízo concreto ao réu, incidindo, na espécie, o 
disposto no art. 563 do Código de Processo Penal, 
que acolheu o princípio pas de nullité sans grief. 
Precedentes. 
4. A palavra da vítima nos crimes contra a 
liberdade sexual, que geralmente são praticados 
na clandestinidade, assume relevantíssimo valor 
probatório, mormente se corroborada por outros 
elementos (AgRg no AREsp 608.342/PI, Rel. 
Ministro WALTER DE ALMEIDA GUILHERME 
(DESEMBARGADOR CONVOCADO DO TJ/SP), 
QUINTA TURMA, julgado em 03/02/2015, DJe 
09/02/2015). 
5. No caso, além do depoimento da vítima, o 
magistrado sentenciante, no decreto condenatório, 
considerou o teor dos testemunhos colhidos em juízo 
e o relatório de avaliação da menor realizado pelo 
Conselho Municipal para formar seu convencimento. 
6. Recurso ordinário desprovido. 
(RHC 45.589/MT, Rel. Ministro GURGEL DE FARIA, 
QUINTA TURMA, julgado em 24/02/2015, DJe 
03/03/2015) 
 
 
Sexta Turma 
RECURSO ESPECIAL. ESTUPRO CONTRA 
ADOLESCENTE. COMPETÊNCIA. JUIZADO DA 
INFÂNCIA E DA JUVENTUDE VERSUS VARA 
CRIMINAL. ART. 148 DO ECA. 
AMPLIAÇÃO POR LEI ESTADUAL. 
POSSIBILIDADE. RECURSO PROVIDO. 
1. Consoante o disposto no art. 145 do Estatuto 
da Criança e do Adolescente, os estados e o 
Distrito Federal podem criar varas especializadas 
e exclusivas da infância e da juventude. 
2. A Lei n. 12.913/2008, do Estado do Rio Grande 
do Sul, conferiu ao Conselho da Magistratura de, 
excepcionalmente, atribuir aos Juizados da 
Infância e da Juventude, entre outras 
competências, a de processar e julgar crimes de 
natureza sexuais em que figurem como vítimas 
crianças ou adolescentes, ressalvada a 
competência do Juizado Especial Criminal, nos 
limites da atribuição que a Constituição Federal 
confere aos Tribunais (art. 96, I, "a"). 
3. Embora haja precedentes deste Superior 
Tribunal em sentido contrário, em homenagem ao 
princípio da segurança jurídica, e ressalvando 
meu posicionamento, é de seguir-se o 
entendimento assentado nas duas Turmas do 
Supremo Tribunal Federal, no sentido de ser 
possível atribuir à Justiça da Infância e 
Juventude, entre outras competências, a de 
processar e julgar crimes de natureza sexuais 
praticados contra crianças e adolescentes. 
4. Recurso especial provido para reconhecer a 
competência do Juizado da Infância e da 
Juventude para processar o julgar o feito, com o 
consequente restabelecimento da sentença que 
condenou o recorrido pela prática do crime 
previsto no art. 213, § 1º, segunda parte, do 
Código Penal, inclusive com a exasperação da 
pena procedida em segundo grau, por ocasião do 
julgamento da apelação interposta pelo Ministério 
Público. 
 
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(REsp 1498662/RS, Rel. Ministra MARIA THEREZA 
DE ASSIS MOURA, Rel. p/ Acórdão Ministro 
ROGERIO SCHIETTI CRUZ, SEXTA TURMA, 
julgado em 12/02/2015, DJe 26/06/2015) 
 
 
Sexta Turma 
DIREITO PENAL. CONSUMAÇÃO DO CRIME DE 
ATENTADO VIOLENTO AO PUDOR MEDIANTE 
VIOLÊNCIA PRESUMIDA. 
Considera-se consumado o delito de atentado 
violento ao pudor cometido por agente que, antes 
da vigência da Lei 12.015/2009, com o intuito de 
satisfazer sua lascívia, levou menor de 14 anos a 
um quarto, despiu-se e começou a passar as 
mãos no corpo da vítima enquanto lhe retirava as 
roupas, ainda que esta tenha fugido do local antes 
da prática de atos mais invasivos. Considerar 
consumado atos libidinosos diversos da 
conjunção carnal somente quando invasivos, ou 
seja, nas hipóteses em que há introdução do 
membro viril nas cavidades oral, vaginal ou anal 
da vítima, não corresponde ao entendimento do 
legislador, tampouco ao da doutrina e da 
jurisprudência acerca do tema. Conforme ensina a 
doutrina, libidinoso é ato lascivo, voluptuoso, que 
objetiva prazer sexual; aliás, libidinoso é espécie 
do gênero atos de libidinagem, que envolve 
também a conjunção carnal. Nesse contexto, o 
aplicador precisa aquilatar o caso concreto e 
concluir se o ato praticado foi capaz de ferir ou 
não a dignidade sexual da vítima. Quando o crime 
é praticado contra criança, um grande número de 
outros atos (diversos da conjunção carnal) contra 
vítima de tenra idade, são capazes de lhe 
ocasionar graves consequências psicológicas, 
devendo, portanto, ser punidos com maior rigor. 
Conforme já consolidado pelo STJ: “o ato 
libidinoso diverso da conjunção carnal, que 
caracteriza o delito tipificado no revogado art. 214 
do CP, inclui toda ação atentatória contra opudor 
praticada com o propósito lascivo, seja 
sucedâneo da conjunção carnal ou não, 
evidenciando-se com o contato físico entre o 
agente e a vítima durante o apontado ato 
voluptuoso” (AgRg no REsp 1.154.806-RS, Sexta 
Turma, DJe 21/3/2012). Por certo, não há como 
classificar, com rigidez preestabelecida, os 
contatos físicos que configurariam o crime de 
atentado violento ao pudor em sua forma 
consumada. Cada caso deve ser analisado pelo 
julgador de maneira artesanal, e algumas 
hipóteses menos invasivas entre pessoas adultas 
poderão, singularmente, até mesmo afastar a 
configuração do crime sexual, permanecendo, 
residualmente, a figura contravencional 
correspondente. Na hipótese em análise, 
entretanto, ficou evidenciada a prática de ato 
libidinoso diverso da conjunção carnal em 
desfavor da vítima em um contexto no qual o réu 
satisfez sua lascívia ao acariciar o corpo nu do 
menor. Ressalta-se, por fim, que a proteção 
integral à criança, em especial no que se refere às 
agressões sexuais, é preocupação constante de 
nosso Estado, constitucionalmente garantida (art. 
227, caput e § 4º, da CF), e de instrumentos 
internacionais. REsp 1.309.394-RS, Rel. Min. 
Rogerio Schietti Cruz, julgado em 3/2/2015, DJe 
20/2/2015. 
 
 
Sexta Turma 
DIREITO PENAL. CRIME SEXUAL PRATICADO 
CONTRA MENOR DE 14 ANOS E REDUÇÃO DA 
PENA-BASE PAUTADA NO COMPORTAMENTO 
DA VÍTIMA. 
Em se tratando de crime sexual praticado contra 
menor de 14 anos, a experiência sexual anterior e 
a eventual homossexualidade do ofendido não 
servem para justificar a diminuição da pena-base 
a título de comportamento da vítima. Inicialmente, 
importante salientar que a jurisprudência pacífica do 
STJ considera que, no estupro e no atentado violento 
ao pudor contra menor de 14 anos, praticados antes 
da vigência da Lei 12.015/2009, a presunção de 
violência é absoluta. Desse modo, é irrelevante, para 
fins de configuração do delito, a aquiescência da 
adolescente ou mesmo o fato de a vítima já ter 
mantido relações sexuais anteriores (EREsp 
1.152.864-SC, Terceira Seção, DJe 1º/4/2014 e 
EREsp 762.044-SP, Terceira Seção, DJe 14/4/2010). 
Portanto, tem-se que o comportamento da vítima 
menor de 14 anos é irrelevante para fins de 
configuração do delito, tendo em vista a presunção 
absoluta de violência. No caso em análise, todavia, a 
discussão gira em torno da possibilidade de se 
considerar o comportamento da vítima – quando 
menor de 14 anos – como fundamento para a 
redução da pena-base do réu. De fato, sobre a 
possibilidade de redução da pena-base em face do 
comportamento da vítima, o STJ firmou entendimento 
de que “o comportamento da vítima é uma 
circunstância neutra ou favorável quando da fixação 
da primeira fase da dosimetria da condenação” (HC 
245.665-AL, Quinta Turma, DJe 3/2/2014). Nessa 
medida, ainda que o comportamento da vítima possa 
ser considerado de forma favorável ao réu, tratando-
se de crime de atentado violento ao pudor contra 
vítima menor de 14 anos, a experiência sexual 
anterior e a eventual homossexualidade do ofendido 
não servem para justificar a diminuição da pena-base 
a título de comportamento da vítima. A experiência 
sexual anterior e a eventual homossexualidade do 
ofendido, assim como não desnaturam o crime sexual 
praticado, com violência presumida, contra menor de 
14 anos, não servem para justificar a diminuição da 
pena-base a título de comportamento da vítima. REsp 
897.734-PR, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 
3/2/2015, DJe 13/2/2015. 
 
 
Sexta Turma 
 
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DIREITO PROCESSUAL PENAL. NATUREZA DA 
AÇÃO PENAL EM CRIME CONTRA A LIBERDADE 
SEXUAL. 
Procede-se mediante ação penal condicionada à 
representação no crime de estupro praticado 
contra vítima que, por estar desacordada em 
razão de ter sido anteriormente agredida, era 
incapaz de oferecer resistência apenas na ocasião 
da ocorrência dos atos libidinosos. De fato, 
segundo o art. 225 do CP, o crime de estupro, em 
qualquer de suas formas, é, em regra, de ação 
penal pública condicionada à representação, 
sendo, apenas em duas hipóteses, de ação penal 
pública incondicionada, quais sejam, vítima 
menor de 18 anos ou pessoa vulnerável. A própria 
doutrina reconhece a existência de certa confusão 
na previsão contida no art. 225, caput e parágrafo 
único, do CP, o qual, ao mesmo tempo em que 
prevê ser a ação penal pública condicionada à 
representação a regra tanto para os crimes contra 
a liberdade sexual quanto para os crimes sexuais 
contra vulnerável, parece dispor que a ação penal 
do crime de estupro de vulnerável é sempre 
incondicionada. A interpretação que deve ser 
dada ao referido dispositivo legal é a de que, em 
relação à vítima possuidora de incapacidade 
permanente de oferecer resistência à prática dos 
atos libidinosos, a ação penal seria sempre 
incondicionada. Mas, em se tratando de pessoa 
incapaz de oferecer resistência apenas na ocasião 
da ocorrência dos atos libidinosos – não sendo 
considerada pessoa vulnerável –, a ação penal 
permanece condicionada à representação da 
vítima, da qual não pode ser retirada a escolha de 
evitar o strepitus judicii. Com este entendimento, 
afasta-se a interpretação no sentido de que 
qualquer crime de estupro de vulnerável seria de 
ação penal pública incondicionada, preservando-
se o sentido da redação do caput do art. 225 do 
CP. HC 276.510-RJ, Rel. Min. Sebastião Reis 
Júnior, julgado em 11/11/2014, DJe 1º/12/2014. 
 
 
Quinta Turma 
ESTUPRO, NO ENTENDIMENTO DO 
STFREGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO 
ESPECIAL. ESTUPRO DE 
VULNERÁVEL.PALAVRA DA VÍTIMA. RELEVANTE 
IMPORTÂNCIA. ABSOLVIÇÃO OU DECOTE DO 
RECONHECIMENTO DA CONTINUIDADE 
DELITIVA. IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA N.7/STJ. 
INCIDÊNCIA. 
1. O Tribunal local, ao analisar os elementos 
constantes nos autos, entendeu pela ratificação da 
decisão de primeira instância que condenou o ora 
agravante pelo crime de estupro de vulnerável em 
continuidade delitiva. 
2. A pretensão de desconstituir o julgado por suposta 
contrariedade à lei federal, pugnando pela absolvição 
ou o mero redimensionamento da pena referente à 
continuidade delitiva não encontra campo na via 
eleita, dada a necessidade de revolvimento do 
material probante, procedimento de análise vedado a 
esta Corte Superior de Justiça, a teor da Súmula 
7/STJ. 
3. Este Sodalício há muito firmou jurisprudência 
no sentido de que, nos crimes contra a dignidade 
sexual, a palavra da vítima adquire especial 
importância, mormente porque quase sempre 
ocorrem na clandestinidade. 
4. Agravo regimental improvido. 
(AgRg no AREsp 578.515/PR, Rel. Ministro JORGE 
MUSSI, QUINTA TURMA, julgado em 18/11/2014, 
DJe 27/11/2014) 
 
 
Quinta Turma 
PENAL E PROCESSUAL. EMBARGOS DE 
DECLARAÇÃO. ESTUPRO. MENOR DE 14 ANOS. 
IDADE DA VÍTIMA. ERRO DE TIPO. OMISSÃO. 
EXISTÊNCIA. EXAME DO TEMA. 
IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA Nº 07 DO STJ. 
APLICAÇÃO. 
1. Nos termos do art. 619 do CPP, são admitidos 
embargos de declaração quando houver 
ambiguidade, obscuridade, contradição ou omissão 
no julgado e, por construção pretoriana integrativa, 
erro material. 
2. Caso em que o julgado embargado, ao desprover 
agravo regimental de decisão que restabelecera 
decreto condenatório pela prática do crime de estupro 
de menor de 14 anos, deixou de se pronunciar acerca 
da ocorrência de erro sobre os elementos 
constitutivos do tipo penal, na conduta delitiva 
imputada ao embargante. 
3. Afastar a adequação típica por erro de tipo acerca 
da real idade da vítima no momento do fato (se ela 
apresentava porte físico de quem detinha maioridade 
e, indagada, mentiu a esse respeito) impõe inevitável 
revolver fático-probatório, postura que esbarra no 
enunciado da Súmula nº 07 deste Superior Tribunal 
de Justiça. 
4. Uma vez consolidada na Jurisprudência desteSuperior Tribunal e do Colendo Supremo Tribunal 
Federal a orientação de que a violência no crime 
de estupro contra menor de quatorze é absoluta, 
"não tem relevância para o deslinde do caso se a 
vítima aparentava ter idade um pouco acima dos 
quatorze anos ou dos dezoito anos que afirmara 
ter" (STF, HC 109206, Relator(a): Min. LUIZ FUX, 
Primeira Turma, julgado em 18/10/2011, DJe 
16/11/2011).5. Embargos de declaração acolhidos 
sem efeitos infringentes. 
(EDcl no AgRg no REsp 1365220/MG, Rel. Ministro 
GURGEL DE FARIA, QUINTA TURMA, julgado em 
06/11/2014, DJe 14/11/2014) 
 
 
Sexta Turma 
RECURSO ESPECIAL. ESTUPRO DE 
VULNERÁVEL. CONDUTA DELITUOSA 
 
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INTERROMPIDA PELA CHEGADA DA MÃE DA 
VÍTIMA AO LOCAL. 
DESCLASSIFICAÇÃO PARA A FORMA TENTADA. 
IMPOSSIBILIDADE. ATOS LIBIDINOSOS 
DIVERSOS DA CONJUNÇÃO CARNAL 
CONFIGURADOS. CRIME CONSUMADO. 
RESTABELECIMENTO DA SENTENÇA 
CONDENATÓRIA. RECURSO ESPECIAL 
PROVIDO. 
1- A consumação do delito de estupro de 
vulnerável (art. 217-A do Código Penal) se dá com 
a prática de atos libidinosos diversos da 
conjunção carnal. Precedentes. 
2 - No caso, o recorrido segurou o pênis da 
criança, após lhe retirar os shorts, tirou suas 
próprias calças, colocou a mão do menor sobre o 
seu pênis e, pedindo que a criança fizesse o 
mesmo, movimentou sua própria mão sobre o 
órgão genital da vítima, de 10 anos de idade à 
época dos fatos, o que, de per si, configura ato 
libidinoso para a consumação do delito de 
estupro de vulnerável. 
3 - Entendeu a Corte de origem que o delito não 
se consumou por circunstâncias alheias à 
vontade de agente, visto que a genitora da vítima 
chegou ao local durante a prática dos atos 
libidinosos. 
4 - Não cabe a desclassificação do delito para sua 
forma tentada, por ser contrário à norma legal, 
pois os atos já praticados configuram a prática do 
delito em sua forma consumada. 
5 - Reconhecida a contrariedade aos artigos 217-A 
e 14, I e II, ambos do Código Penal Brasileiro, dá-
se provimento ao recurso especial, para 
restabelecer a sentença condenatória de primeiro 
grau em relação ao recorrido. 
(REsp 1432394/GO, Rel. Ministro ROGERIO 
SCHIETTI CRUZ, SEXTA TURMA, julgado em 
03/06/2014, DJe 20/06/2014) 
 
 
Sexta Turma 
RECURSO ESPECIAL. PENAL. CÁRCERE 
PRIVADO E ESTUPRO. AGRAVANTE. ART. 
61, II, F, DO CP. INCIDÊNCIA DEVIDA. BIS IN 
IDEM. CONDENAÇÃO. ART. 
129, § 9º, DO MESMO ESTATUTO. INEXISTÊNCIA. 
CRIME DE RESISTÊNCIA. 
RÉU QUE RESISTE A PRISÃO LEGAL. 
ATIPICIDADE. NÃO OCORRÊNCIA. 
AUTODEFESA. LIMITAÇÃO. 
1. Se os crimes de estupro e de cárcere privado 
foram praticados pelo recorrido prevalecendo-se 
de relações domésticas e de coabitação, é devida 
a incidência da agravante do art. 61, II, f, do 
Código Penal. 
2. O fato de ter o recorrido praticado contra a 
mesma vítima, em concurso material, o crime de 
lesão corporal previsto no art. 129, § 9º, do Código 
Penal, na qual a prática do delito em relações 
domésticas ou com violência contra a mulher 
constitui qualificadora, não afasta a incidência da 
agravante do art. 61, II, f, do mesmo Estatuto, em 
relação aos demais crimes. 
3. O bis in idem ocorre apenas se a agravante é 
elementar ou qualificadora do próprio crime pelo 
qual se está sendo punido, e não quando diz 
respeito a outro delito, ainda que praticado em 
concurso material. 
4. O art. 61, II, f, do Código Penal prevê como caso 
de agravamento da pena o crime cometido com 
violência contra a mulher. Embora - desde as 
alterações promovidas pela Lei n. 12.015/2009 - a 
condição de mulher não seja mais elementar do 
crime de estupro (art. 213, caput, do CP), a 
violência o é. Contudo, mesmo se considerado 
que tal circunstância seria elementar do crime, o 
agravamento da pena deve ser efetivado, uma vez 
que o delito de estupro ocorreu em decorrência 
de relações domésticas ou de coabitação, 
hipótese esta que não integra o tipo penal em 
questão. 
5. O fato de que o recorrido se opunha à sua 
própria prisão em flagrante não torna atípica a 
prática do crime de resistência. 
6. O direito ao exercício da autodefesa é limitado, 
não sendo admitido que, a seu título, seja 
permitida a prática de outro delito no intuito de 
escapar da persecução penal, mormente quando 
se cuida de crime cometido com violência ou 
grave ameaça. 
7. Recurso especial provido. 
(REsp 1388316/RS, Rel. Ministro SEBASTIÃO REIS 
JÚNIOR, SEXTA TURMA, julgado em 20/03/2014, 
DJe 10/04/2014) 
 
 
Sexta Turma 
DIREITO PENAL. ATOS LIBIDINOSOS DIVERSOS 
DA CONJUNÇÃO CARNAL CONTRA 
VULNERÁVEL. 
Na hipótese em que tenha havido a prática de ato 
libidinoso diverso da conjunção carnal contra 
vulnerável, não é possível ao magistrado – sob o 
fundamento de aplicação do princípio da 
proporcionalidade – desclassificar o delito para a 
forma tentada em razão de eventual menor 
gravidade da conduta. De fato, conforme o art. 217-
A do CP, a prática de atos libidinosos diversos da 
conjunção carnal contra vulnerável constitui a 
consumação do delito de estupro de vulnerável. 
Entende o STJ ser inadmissível que o julgador, de 
forma manifestamente contrária à lei e utilizando-se 
dos princípios da razoabilidade e da 
proporcionalidade, reconheça a forma tentada do 
delito, em razão da alegada menor gravidade da 
conduta (REsp 1.313.369-RS, Sexta Turma, DJe 
5/8/2013). Nesse contexto, o magistrado, ao aplicar a 
 
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pena, deve sopesar os fatos ante os limites mínimo e 
máximo da reprimenda penal abstratamente prevista, 
o que já é suficiente para garantir que a pena 
aplicada seja proporcional à gravidade concreta do 
comportamento do criminoso. REsp 1.353.575-PR, 
Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 
5/12/2013. 
 
 
Quinta Turma 
DIREITO PENAL. CARÁTER HEDIONDO DO 
CRIME DE ATENTADO VIOLENTO AO PUDOR 
PRATICADO ANTES DA LEI 12.015/2009. 
O delito de atentado violento ao pudor praticado antes 
da vigência da Lei 12.015/2009, ainda que na sua 
forma simples e com violência presumida, configura 
crime hediondo. Precedentes citados: do STJ, AgRg 
no REsp 1.201.806-MG, Quinta Turma, DJe 
20/9/2012, e HC 232.337-ES, Quinta Turma, DJe 
3/4/2012; e do STF: HC 99.406-RS, Segunda Turma, 
DJe 9/9/2010, e HC 101.860-RS, Primeira Turma, 
DJe 17/5/2011. AgRg no HC 250.451-MG, Rel. Min. 
Jorge Mussi, julgado em 19/3/2013. 
 
 
Sexta Turma 
DIREITO PENAL. NATUREZA HEDIONDA. 
ESTUPRO E ATENTADO VIOLENTO AO PUDOR 
COMETIDOS ANTES DA LEI N. 12.015/2009. 
FORMA SIMPLES. RECURSO REPETITIVO (ART. 
543-C DO CPC E RES. N.8/2008-STJ). 
Os crimes de estupro e atentado violento ao 
pudor cometidos antes da edição da Lei n. 
12.015/2009 são 
considerados hediondos, ainda que praticados na 
forma simples. O bem jurídico tutelado é a liberdade 
sexual, não a integridade física ou a vida da vítima, 
sendo irrelevante que a prática dos ilícitos tenha 
resultado lesões corporais de natureza grave ou 
morte. As lesões corporais e a morte são resultados 
que qualificam o crime, não constituindo, pois, 
elementos do tipo penal necessários ao 
reconhecimento do caráter hediondo do delito, que 
exsurge da gravidade dos crimes praticados contra a 
liberdade sexual e merecem tutela diferenciada, mais 
rigorosa. Ademais, afigura-se inequívoca a natureza 
hedionda do crime de estupro praticado sob a égide 
da Lei n. 12.015/2009, que agora abarca, no mesmo 
tipo penal, a figura do atentado violento ao pudor, 
inclusive na sua forma simples, por expressa 
disposição legal, bem assim o estupro de vulnerável 
em todas as suas formas, independentemente de que 
a conduta venha a resultar lesão corporal ou morte. 
Precedentes citados do STF: HC 101.694-RS, DJe 
2/6/2010; HC 89.554-DF, DJ 2/3/2007; HC 93.794-
RS, DJe23/10/2008 ; do STJ: AgRg no REsp1.187.176-RS, DJe 19/3/2012, e REsp .201.911-MG, 
DJe 24/10/2011. REsp 1.110.520-SP, Rel. Min. 
Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 
26/9/2012. 
 
 
Sexta Turma 
ATENTADO VIOLENTO AO PUDOR. HEDIONDEZ. 
NÃO CONFIGURAÇÃO. CAUSA ESPECIAL DE 
AUMENTO DE PENA. INAPLICABILIDADE. 
SUPERVENIÊNCIA DE LEI PENAL MAIS 
BENÉFICA. 
A Turma, ao prosseguir o julgamento, concedeu a 
ordem para afastar a hediondez do delito de atentado 
violento ao pudor praticado pelo paciente, bem como 
para excluir a incidência da causa especial de 
aumento de pena prevista no art. 9º da Lei n. 
8.072/1990. Segundo o entendimento da Turma, os 
crimes de estupro e atentado violento ao pudor 
(artigos 213 e 214, ambos do CP), cometidos 
mediante violência presumida, não são 
considerados hediondos se praticados antes da 
vigência da Lei n. 12.015/2009, que alterou a 
redação dada a Lei dos Crimes Hediondos, visto 
que tais delitos não estavam incluídos de forma 
expressa no art. 1º da Lei n. 8.072/1990. Quanto à 
circunstância majorante, sustentou-se sua 
inaplicabilidade em decorrência da 
superveniência de lei penal mais benéfica. A 
orientação jurisprudencial desta Corte a respeito do 
tema era no sentido de que a causa especial de 
aumento de pena incidiria nos crimes sexuais 
supracitados apenas quando resultassem lesões 
corporais de natureza grave ou morte. Entretanto, 
com o advento da novel legislação e a unificação dos 
delitos em tipo penal diverso (art. 217-A), sob a 
denominação de estupro de vulnerável, deve ser 
observado o novo preceito secundário mais favorável 
ao paciente (art. 2º do CPP). HC 107.949-SP, Rel. 
Min. Og Fernandes, julgado em 18/9/2012. 
 
 
Quinta Turma 
ESTUPRO. ATENTADO VIOLENTO AO PUDOR. 
CONTINUIDADE DELITIVA. 
In casu, o recorrido foi condenado à pena de nove 
anos e quatro meses de reclusão pela prática de dois 
crimes de atentado violento ao pudor em continuidade 
e à pena de sete anos de reclusão por dois delitos de 
estupro, igualmente em continuidade, cometidos 
contra a mesma pessoa. Em grau de apelação, o 
tribunal a quo reconheceu a continuidade delitiva 
entre os crimes de estupro e atentado violento ao 
pudor e reduziu a pena para sete anos e seis meses 
de reclusão em regime fechado. O MP, ora 
recorrente, sustenta a existência de concurso material 
entre os delitos. A Turma, ao prosseguir o julgamento, 
 
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por maioria, negou provimento ao recurso, adotando 
o entendimento de que os delitos de estupro e de 
atentado violento ao pudor correspondem a uma 
mesma espécie de tipo penal, confirmando a 
possibilidade do crime continuado. Dessarte, 
consignou-se que o tribunal de origem nada mais fez 
que seguir a orientação de uma vertente 
jurisprudencial razoável que acabou por harmonizar-
se com a legislação nova que agora prestigia essa 
inteligência, isto é, sendo os fatos incontroversos, o 
que já não pode ser objeto de discussão nessa 
instância especial, o acórdão recorrido apenas adotou 
a tese de que os crimes são da mesma espécie e, 
assim, justificou a continuidade. Precedentes citados 
do STF: HC 103.353-SP, DJe 15/10/2010; do STJ: 
REsp 565.430-RS, DJe 7/12/2009. REsp 970.127-SP, 
Rel. originária Min. Laurita Vaz, Rel. para acórdão 
Min. Gilson Dipp, julgado em 7/4/2011. 
 
 
Quinta Turma 
ROUBO CIRCUNSTANCIADO. ESTUPRO. 
ATENTADO VIOLENTO. PUDOR. 
In casu, o paciente foi condenado a 23 anos de 
reclusão em regime fechado e a multa, por infração 
dos arts. 213 e 214 c/c arts. 226, I, e 69, caput, por 
duas vezes, e no art. 157, § 2º, I e II, todos do CP. No 
habeas corpus, busca a impetração o reconhecimento 
de crime único nos termos da novel Lei n. 
12.015/2009 e afastamento da causa de aumento 
prevista no art. 157, § 2º, I, do CP, em razão da não 
apreensão da arma utilizada (estilete), bem como a 
possibilidade de progressão de regime prisional. 
Ressaltou o Min. Relator que a Turma possui firme 
orientação de que a impossibilidade de apreensão da 
arma para perícia a fim de verificar sua potencialidade 
lesiva não afasta a configuração de aumento de pena 
quando há prova testemunhal. No caso dos autos, 
houve o depoimento da vítima sobre a arma utilizada 
no roubo. Com relação à incidência da Lei n. 
12.015/2009, reafirma o Min. Relator que atos de 
penetração distintos da conjunção carnal 
implicam o reconhecimento de diversas condutas 
delitivas e não de existência de crime único, uma 
vez que ele ou a absorção de um tipo pelo outro 
não ocorrem. Por outro lado, reconhece proceder 
a reforma de parte da decisão, no ponto que fixou 
o regime integralmente fechado para o desconto 
da reprimenda, visto que a Lei n.11.464/2007 
alterou o art. 2º da Lei de Crimes Hediondos, 
suprimindo a vedação de progressão de regime 
para condenados por crimes hediondos ou 
equiparados, proibição declarada inconstitucional 
pelo STF. Diante do exposto, a Turma, por 
maioria, concedeu parcialmente a ordem, apenas 
para fixar o regime inicialmente fechado para o 
cumprimento da pena, afastando o impedimento à 
progressão de regime. Precedentes citados: REsp 
1.121.391-SP, DJe 28/6/2010, e HC 104.724-MS, DJe 
2/8/2010. HC 169.499-SP, Rel. Min. Napoleão 
Nunes Maia Filho, julgado em 7/10/2010. 
 
 
Quinta Turma 
CONTINUIDADE DELITIVA. ESTUPRO. ATENTADO 
VIOLENTO. PUDOR. 
Trata-se, entre outras questões, de saber se, com o 
advento da Lei n. 12.015/2009, há continuidade 
delitiva entre os atos previstos antes separadamente 
nos tipos de estupro (art. 213 do CP) e atentado 
violento ao pudor (art. 214 do mesmo codex), agora 
reunidos em uma única figura típica (arts. 213 e 217-
A daquele código). Assim, entendeu o Min. Relator 
que primeiramente se deveria distinguir a natureza do 
novo tipo legal, se ele seria um tipo misto alternativo 
ou um tipo misto cumulativo. Asseverou que, na 
espécie, estaria caracterizado um tipo misto 
cumulativo quanto aos atos de penetração, ou seja, 
dois tipos legais estão contidos em uma única 
descrição típica. Logo, constranger alguém à 
conjunção carnal não será o mesmo que constranger 
à prática de outro ato libidinoso de penetração (sexo 
oral ou anal, por exemplo). Seria inadmissível 
reconhecer a fungibilidade (característica dos tipos 
mistos alternativos) entre diversas formas de 
penetração. A fungibilidade poderá ocorrer entre os 
demais atos libidinosos que não a penetração, a 
depender do caso concreto. Afirmou ainda que, 
conforme a nova redação do tipo, o agente poderá 
praticar a conjunção carnal ou outros atos libidinosos. 
Dessa forma, se praticar, por mais de uma vez, 
cópula vaginal, a depender do preenchimento dos 
requisitos do art. 71 ou do art. 71, parágrafo único, do 
CP, poderá, eventualmente, configurar-se 
continuidade. Ou então, se constranger vítima a mais 
de uma penetração (por exemplo, sexo anal duas 
vezes), de igual modo, poderá ser beneficiado com a 
pena do crime continuado. Contudo, se pratica uma 
penetração vaginal e outra anal, nesse caso, jamais 
será possível a caracterização de continuidade, assim 
como sucedia com o regramento anterior. É que a 
execução de uma forma nunca será similar à de 
outra, são condutas distintas. Com esse 
entendimento, a Turma, ao prosseguir o julgamento, 
por maioria, afastou a possibilidade de continuidade 
delitiva entre o delito de estupro em relação ao 
 
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atentado violento ao pudor. HC 104.724-MS, Rel. 
originário Min. Jorge Mussi, Rel. para acórdãoMin. Felix Fischer, julgado em 22/6/2010. 
 
 
Sexta Turma 
ESTUPRO. ATENTADO VIOLENTO AO PUDOR. 
LEI N. 12.015/2009. 
Trata-se de habeas corpus no qual se pleiteia, em 
suma, o reconhecimento de crime continuado entre 
as condutas de estupro e atentado violento ao pudor, 
com o consequente redimensionamento das penas. 
Registrou-se, inicialmente, que, antes das inovações 
trazidas pela Lei n. 12.015/2009, havia fértil discussão 
acerca da possibilidade de reconhecer a existência de 
crime continuado entre os delitos de estupro e 
atentado violento ao pudor, quando o ato libidinoso 
constituísse preparação à prática do delito de estupro, 
por caracterizar o chamado prelúdio do coito 
(praeludia coiti), ou de determinar se tal situação 
configuraria concurso material sob o fundamento de 
que seriam crimes do mesmo gênero, mas não da 
mesma espécie. A Turma concedeu a ordem ao 
fundamento de que, com a inovação do Código 
Penal introduzida pela Lei n. 12.015/2009 no título 
referente aos hoje denominados “crimes contra a 
dignidade sexual”, especificamente em relação à 
redação conferida ao art. 213 do referido diploma 
legal, tal discussão perdeu o sentido. Assim, 
diante dessa constatação, a Turma assentou que, 
caso o agente pratique estupro e atentado 
violento ao pudor no mesmo contexto e contra a 
mesma vítima, esse fato constitui um crime único, 
em virtude de que a figura do atentado violento ao 
pudor não mais constitui um tipo penal autônomo, 
ao revés, a prática de outro ato libidinoso diverso 
da conjunção carnal também constitui estupro. 
Observou-se que houve ampliação do sujeito passivo 
do mencionado crime, haja vista que a redação 
anterior do dispositivo legal aludia expressamente 
a mulher e, atualmente, com a redação dada pela 
referida lei, fala-se em alguém. Ressaltou-se ainda 
que, não obstante o fato de a Lei n. 12.015/2009 ter 
propiciado, em alguns pontos, o recrudescimento de 
penas e criação de novos tipos penais, o fato é que, 
com relação a ponto específico relativo ao art. 213 do 
CP, está-se diante de norma penal mais benéfica 
(novatio legis in mellius). Assim, sua aplicação, em 
consonância com o princípio constitucional da 
retroatividade da lei penal mais favorável, há de 
alcançar os delitos cometidos antes da Lei n. 
12.015/2009, e, via de consequência, o apenamento 
referente ao atentado violento ao pudor não há de 
subsistir. Todavia, registrou-se também que a prática 
de outro ato libidinoso não restará impune, mesmo 
que praticado nas mesmas circunstâncias e contra a 
mesma pessoa, uma vez que caberá ao julgador 
distinguir, quando da análise das circunstâncias 
judiciais previstas no art. 59 do CP para fixação da 
pena-base, uma situação da outra, punindo mais 
severamente aquele que pratique mais de uma ação 
integrante do tipo, pois haverá maior reprovabilidade 
da conduta (juízo da culpabilidade) quando o agente 
constranger a vítima à conjugação carnal e, também, 
ao coito anal ou qualquer outro ato reputado 
libidinoso. Por fim, determinou-se que a nova 
dosimetria da pena há de ser feita pelo juiz da 
execução penal, visto que houve o trânsito em 
julgado da condenação, a teor do que dispõe o art. 66 
da Lei n. 7.210/1984. HC 144.870-DF, Rel. Min. Og 
Fernandes, julgado em 9/2/2010. 
 
Quinta Turma 
ESTUPRO. RETROATIVIDADE. LEI. 
Este Superior Tribunal firmou a orientação de que 
a majorante inserta no art. 9º da Lei n. 8.072/1990, 
nos casos de presunção de violência, consistiria 
em afronta ao princípio ne bis in idem. Entretanto, 
tratando-se de hipótese de violência real ou grave 
ameaça perpetrada contra criança, seria aplicável 
a referida causa de aumento. Com a 
superveniência da Lei n. 12.015/2009, foi revogada 
a majorante prevista no art. 9º da Lei dos Crimes 
Hediondos, não sendo mais admissível sua 
aplicação para fatos posteriores à sua edição. Não 
obstante, remanesce a maior reprovabilidade da 
conduta, pois a matéria passou a ser regulada no 
art. 217-A do CP, que trata do estupro de 
vulnerável, no qual a reprimenda prevista revela-
se mais rigorosa do que a do crime de estupro 
(art. 213 do CP). Tratando-se de fato anterior, 
cometido contra menor de 14 anos e com 
emprego de violência ou grave ameaça, deve 
retroagir o novo comando normativo (art. 217-A) 
por se mostrar mais benéfico ao acusado, ex vi do 
art. 2º, parágrafo único, do CP. REsp 1.102.005-
SC, Rel. Min. Felix Fischer, julgado em 29/9/2009. 
 
 
Quinta Turma 
PLURALIDADE.ESTUPRO.CONTINUIDADE 
DELITIVA 
A Turma conheceu do recurso e lhe deu provimento 
para reconhecer a hediondez do delito capitulado 
no caput do art. 213 do CP, bem como afastar a 
continuidade delitiva, restando fixada a pena privativa 
 
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de liberdade, em razão do concurso material, em 
quinze anos e dois meses de reclusão, mantidos os 
demais consectários da condenação. Na espécie, 
para a caracterização da continuidade delitiva, é 
necessário o preenchimento de requisitos de ordem 
objetiva e subjetiva. Cometidos vários crimes de 
estupro contra vítimas diferentes, sem unidade de 
desígnios por parte do réu e em momentos e 
circunstâncias diferentes, não há que se falar em 
delito continuado. Precedentes citados do STF: RE 
102.351-SP, DJ 28/9/1984; HC 87.281-MG, DJ 
4/8/2006; do STJ: HC 94.140-SP, DJ 5/5/2008; REsp 
935.533-RS, DJ 8/10/2007, e HC 38.531-MS, DJ 
11/4/2005. REsp 1.102.415-RS, Rel. Min. Jorge 
Mussi, julgado em 18/8/2009. 
 
Sexta Turma 
ESTUPRO. VIOLÊNCIA PRESUMIDA. 
O ora paciente foi condenado, em primeiro grau, à 
pena de 8 anos e 7 meses de reclusão pela prática de 
estupro contra menor de 14 anos de idade. O TJ deu 
provimento à apelação da defesa, reduzindo a pena a 
6 anos e 9 meses de reclusão a ser cumprida 
integralmente no regime fechado, considerado o 
caráter de hediondez desse delito, ainda que na 
forma de violência presumida. No HC, alega-se não 
existirem elementos de convicção para condenação 
do paciente e ainda se sustenta, subsidiariamente, 
falta de fundamentação à exasperação da pena 
acima do mínimo legal; assim, pede-se sua 
absolvição. Para o Min. Celso Limongi 
(Desembargador convocado do TJ-SP), um aspecto 
que merece destaque prende-se a que, para boa 
interpretação da lei, é necessário levar em 
consideração todo o arcabouço normativo, todo o 
ordenamento jurídico do País. A interpretação da lei 
não prescinde do conhecimento de todos os ramos do 
Direito. Mas uma visão abrangente desse arcabouço 
facilita, e muito, o entendimento, bem como sua 
interpretação. Em tal linha de raciocínio, o Estatuto da 
Criança e do Adolescente (ECA) precisa ser 
analisado para enfrentar essa questão, qual seja, a 
de se saber se o estupro e o atentado violento ao 
pudor por violência presumida se qualificam como 
crimes e, mais, como crimes hediondos. Conforme o 
art. 2º daquele Estatuto, o menor é considerado 
adolescente dos 12 aos 18 anos de idade, 
podendo até sofrer medidas socioeducativas. 
Assim, se o menor, a partir de 12 anos, pode 
sofrer tais medidas por ser considerado pelo 
legislador capaz de discernir a ilicitude de um ato 
infracional, tido como delituoso, não se concebe, 
nos dias atuais, quando os meios de 
comunicação em massa adentram todos os 
locais, em especial os lares, com matérias 
alusivas ao sexo, que o menor de 12 a 14 anos 
não tenha capacidade de consentir validamente 
um ato sexual. Desse modo, nesse caso, o CP, ao 
presumir a violência por não dispor a vítima 
menor de14 anos de vontade válida, está 
equiparando-a a uma pessoa portadora de 
alienação mental, o que não é razoável, isso em 
pleno século XXI. Efetivamente, não se pode 
admitir, no ordenamento jurídico, uma 
contradição tão manifesta, qual seja, a de punir o 
adolescente de 12 anos de idade por ato 
infracional, e aí válida sua vontade, e considerá-lo 
incapaz tal como um alienado mental, quando 
pratique ato libidinoso ou conjunção carnal. 
Ademais, não se entende hediondas essas 
modalidades de crime em que milita contra o 
sujeito ativo presunção de violência. Isso porque 
a Lei de Crimes Hediondos não contempla tais 
modalidades, ali se encontra, como crimes 
sexuais hediondos, tão-só o estupro e o atentado 
violento ao pudor, nas formas qualificadas. A 
presunção de violência está prevista apenas no 
art. 224, a, do CP, e a ela a referida lei não faz a 
mínima referência. E, sem previsão legal, 
obviamente não existe fato típico, proibida a 
analogia contra o réu. Com esses argumentos, 
entre outros, a Turma, ao prosseguir o 
julgamento, por maioria, concedeu a ordem para 
desconstituir a decisão que condenou o paciente 
como incurso nas penas do art. 213 do CP, 
absolvendo-o sob o fundamento de que os fatos a 
ele imputados não configuram, na espécie, crime 
de estupro com violência presumida. O Min. Og 
Fernandes, o relator originário, ficou vencido em parte 
por entender, de acordo com julgado da Terceira 
Seção do STJ, o reconhecimento da violência 
presumida no caso, presunção essa tida por absoluta, 
só concedendo a ordem para efeito de progressão de 
regime. HC 88.664-GO, Rel. originário Min. Og 
Fernandes, Rel. para o acórdão Min. Celso 
Limongi (Desembargador convocado do TJ-SP), 
julgado em 23/6/2009. 
 
 
Quinta Turma 
MENOR. CONJUNÇÃO CARNAL. CORRUPÇÃO. 
A conduta do recorrido que praticou ato 
libidinoso consistente em conjunção carnal com 
vítima de 14 anos não se adequa ao delito 
tipificado no art. 213 do CP, pois houve 
consentimento daquela. Do mesmo modo não se 
 
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amolda ao delito previsto no art. 218 do CP 
(corrupção de menor); pois, conforme o acórdão 
recorrido, soberano na análise do confronto 
fático-probatório, a vítima já teria, anteriormente, 
mantido relações sexuais com outras pessoas. 
Assim, conforme precedente da Turma, a anterior 
inocência moral do menor se presume iuris tantum 
como pressuposto fático do tipo. Quem já foi 
corrompido não pode ser vítima do delito sob exame. 
Precedente citado: REsp 822.977-RJ, DJ 12/11/2007. 
REsp 1.107.009-PR, Rel. Min. Felix Fischer, 
julgado em 4/6/2009. 
 
 
Terceira Seção 
ESTUPRO. VIOLÊNCIA PRESUMIDA. MENOR. 
A Seção, por maioria, entendeu que a presunção 
de violência (art. 224, a, do CP) tem caráter 
absoluto. Ela é instrumento legal destinado à 
proteção da liberdade sexual do menor de 
quatorze anos justamente em razão de sua 
incapacidade volitiva. Assim, seu consentimento 
é irrelevante para a formação do tipo penal de 
estupro ou atentado violento ao pudor, pois o que 
se coíbe é qualquer prática sexual envolvendo 
pessoas nessa faixa etária. Porém, diante da 
constatação de que o crime foi praticado com 
violência presumida, não há que aplicar, sob pena 
de bis in idem, a agravante do art. 61, II, h, do CP, 
porque a menoridade da vítima já é elementar do 
crime. O Min. Nilson Naves, que capitaneou os 
votos vencidos, entende aquela presunção como 
relativa, a admitir prova em contrário, tal como já 
defendia Nelson Hungria, Heleno Fragoso e Aníbal 
Bruno, isso também calcado no amadurecimento 
precoce dos jovens de hoje. Precedentes citados 
do STF: HC 81.268-DF, DJ 16/11/2002; do STJ: REsp 
905.877-PR, DJ 14/5/2007; Pet 5.535-SP, DJ 
7/2/2008; HC 77.018-SC, DJ 16/6/2008; REsp 
617.315-DF, DJ 5/9/2005; REsp 295.648-RJ, DJ 
8/10/2001, e REsp 762.044-SP, DJ 2/5/2006. EREsp 
688.211-SC, Rel. Min. Laurita Vaz, julgados em 
8/10/2008. 
 
 
Terceira Seção 
ESTUPRO. MENOR DE 14 ANOS. 
Cuida-se de embargos de divergência contra o 
acórdão da Sexta Turma que entendeu ser relativa 
a presunção de violência contida no art. 224, a do 
CP (menor de 14 anos), sendo, portanto, passível 
de prova em contrário. O embargado cita como 
paradigma acórdão da Quinta Turma deste 
Tribunal que concluiu ser a violência ficta uma 
presunção absoluta. O Min. Relator esclareceu 
que o citado artigo prevê algumas circunstâncias, 
entre as quais está inserido ser a vítima menor de 
14 anos, em que, ainda que não haja efetiva 
violência física ou real, será ela presumida diante 
da induvidosa restrição da capacidade volitiva da 
vítima de se posicionar em relação aos fatos de 
natureza sexual. Estando tal proteção apoiada 
na innocentia consilii da vítima, que não pode ser 
entendida como mera ausência de conhecimento 
do ato sexual em si, mas sim como falta de 
maturidade psico-ética de lidar com a vida sexual 
e suas conseqüências, eventual consentimento, 
ainda que existente, é desprovido de qualquer 
valor, possuindo a referida presunção caráter 
absoluto. O acusado, que não desconhecia a 
menoridade da vítima, deu-lhe guarida em sua 
casa enquanto ela se escondia da mãe e a levou a 
ingerir bebida alcoólica, embriagando-a antes da 
prática da conjunção carnal. Diante disso, a 
Seção, ao prosseguir o julgamento, por maioria, 
acolheu os embargos.EREsp 666.474-MG, 
Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, julgados em 
10/9/2008.

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