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Resumo do livro O que é loucura

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Resumo do livro: “O que é loucura?” de João Frayze-Pereira. 
 
RESUMO 
 
Capítulo 1: Uma Questão de Problemática 
 
O autor inicia o trabalho apontando as formas que ele gostaria de trabalhar o tema loucura, que 
perpassa desde a ideia de conceber um livro em que a própria loucura tivesse expressão, escrito em 
primeira pessoa, ou que recorresse apenas a conceituações teóricas de especialistas sobre o tema à 
chegar a propor uma definição de loucura, todas elas sendo consideradas indesejáveis. 
Considerando a loucura como algo interior à razão o autor demonstra que seria difícil trabalhar 
com a própria loucura, expressando o tema em primeira pessoa. Ao perguntar a jovens universitários 
sobre o tema, o autor tem diversas conceituações que vão desde a loucura como uma experiência 
corajosa de desvelamento do real à loucura como falha do consciente, da forma pessoal, da forma 
sadia do ser, entre outros aspectos similares. Concepções que perpassam o ambiente dos especialistas 
e que são discutíveis, pois coloca o louco como aquele excluído do universo comum dos mortais. 
Por fim, o autor se propõe a questionar o vínculo tradicionalmente estabelecido como necessário 
entre loucura e patologia e compreender, ainda que em linhas muito gerais, como se tornou possível 
a loucura no mundo moderno. 
 
Capítulo 2: Doença Mental ou Desvio Social 
 
O autor diz que não deseja colocar em debate os conceitos da psiquiatria, entretanto ele se 
restringe a abordar o conceito de ‘doença mental’ que, segundo ele, pretende dar conta do fenômeno 
loucura. Tal conceito diz que “doença mental assume a feição de uma entidade natural manifestada 
por sintomas”. Por exemplo: “alterações” do pensamento, da linguagem, da motricidade, da 
emotividade, etc. Após caracterizar a loucura a partir da psiquiatria o autor diz que o organicismo é o 
dogma da psiquiatria clássica. 
Entretanto, após as análises sobre o organicismo o autor leva em consideração que a expressão 
“doença mental” pode recobrir um significado que designe uma desorganização da chamada 
“personalidade individual” a partir da abordagem psicofuncional. Como uma alteração interna de 
suas estruturas, como um desvio progressivo de seu desenvolvimento, a doença, nesse caso, só teria 
sentido no interior de uma personalidade estruturada. O que torna a personalidade do indivíduo o 
habitat natural da doença e o critério segundo o qual ela será julgada. 
Nesse sentido, as doenças mentais se definem conforme o grau das perturbações do 
funcionamento da personalidade. Abrem-se, então, duas grandes categorias — as psicoses (referem-
se aos distúrbios de personalidade como um todo e incluem: perturbações do pensamento, 
perturbações da afetividade e do humor, alterações da percepção e do senso crítico, da consciência de 
si, e do mundo) e as neuroses (se referem às alterações de apenas um setor da personalidade, sem 
implicar o comprometimento da estrutura do pensamento, do contato afetivo com o meio e da 
consciência crítica do indivíduo). 
Entretanto vale salientar que todas as formas de abordar a loucura apresentadas pelo autor não 
são contraditórias ou antitéticas. Isto pode ser facilmente demonstrado quando abordamos o conceito 
de normalidade e de anormalidade e observamos que o anormal é uma virtualidade inscrita no 
próprio processo de constituição do normal e não um fato ou uma entidade autônoma que 
definiríamos pela identificação de um conjunto de propriedades delimitadas e imutáveis. O anormal é 
uma relação: ele só existe na e pela relação com o normal. Normal e anormal são, portanto, termos 
inseparáveis, um depende do outro para que exista. E é exatamente por esses aspectos que o autor 
considera tão difícil definir a loucura em si mesma. 
Por fim o autor conclui o capítulo com a noção de que sintoma mental intrinsecamente ligada ao 
contento social e particularmente ético no qual é elaborada. Ou melhor, a sintomatologia se torna o 
ponto de partida do psiquiatra para a conceituação de qualquer forma de “doença mental”, presente 
no contexto social. E que segundo a etnografia a loucura significa um defeito da capacidade humana 
universal de simbolização e que esta define a humanidade bem como a cultura, ser louco significa ser 
des-humanizado (des-culturado), isto é, aquele que rompeu com a natureza humana. E que falta a 
todas essas abordagens a compreensão de que a loucura é muito mais histórica do que se acredita 
geralmente, entretanto muito mais jovem também. 
 
Capítulo 3: Uma Lição Etnológica 
 
 A etnologia nos trás uma questão importante que é considerar aspectos de outras culturas e da 
nossa como partes de uma infinita diversidade de soluções diferentes para problemas semelhantes, e 
com isso, nos percebermos a partir de um ponto de vista diferente. Um dos fatores que a etnologia 
considera é que alguns fatos considerados como doenças psiquiátricas e tratados a partir de nossa 
terapêutica pode não obter melhoras e em outras culturas se quer ser considerado doença, ou ser 
facilmente resolvido pelo líder religioso de uma tribo ou comunidade (cultura específica). Pois, em 
culturas primitivas, uma doença (orgânica ou mental) pode representar apenas parte de uma 
totalidade que a transcende e engloba. 
O posicionamento da loucura é particular em cada cultura, e não se restringe aos aspectos 
religiosos além de não se limitar à relação entre religião e sociedades primitivas. Considerando os 
devaneios, transes, possessões e êxtases vivenciados em culturas primitivas, todos seriam estados 
patológicos segundo a psiquiatria, o que seria bastante inadequado. 
Em suma, o capítulo suscita a idéia de levarmos em conta a maneira pela qual a loucura é vivida, 
sentida e pensada, em contextos sociais diferentes do nosso, e sermos obrigados a admitir que o 
vínculo entre loucura e patologia não é universal e sim específico de cada cultura. Além de alargar 
nossa compreensão do homem e do mundo humano através da criação de um único campo onde os 
outros e nós mesmos nos tornamos inteligíveis por nossas singularidades, ou melhor, pelas 
diferenças que existem entre eles e nós. 
 
Capítulo 4: A Determinação Histórica da Loucura 
 
A doença mental como máscara da loucura surgiu recentemente na história da civilização 
ocidental. 
Considerando “História da loucura” de Foucault o autor faz um apanhado sobre a gênese da 
loucura em que a retrata de forma não convencional, consideram a priori a razão. A partir deste 
contexto o autor retrata a loucura como o ato que criou a distância entre a razão e aquilo que a nega 
como tal, isto é, a não-razão, sendo assim, a loucura emerge da relação com uma razão que necessita 
dela (loucura) para existir como razão. 
Em linhas gerais, o autor esquematiza a gênese histórica da loucura segundo três grandes 
momentos: 1) um período de liberdade e de verdade que inclui os últimos séculos medievais 
(principalmente o século XV) e o século XVI, 2) o período da “grande internação”, que abrange os 
séculos XVII e XVIII; e 3) a época contemporânea, após a Revolução Francesa, quando cabe à 
Psiquiatria a tarefa de lidar com os loucos que abarrotam os asilos. 
Com o passar do tempo o louco foi colocado, cada dia mais, fora do universo comum social, 
excluído, colocado à margem da sociedade. 
Considerando que a história da loucura não é a mera história de um tipo psicológico, isto é, do 
louco, mas a história daquilo que tornou possível o próprio advento de uma Psicologia, podemos 
dizer também que além verdade dessa Psicologia estar inscrita na história da loucura, é a própria 
Psicologia que paradoxalmente pretende dizer a verdade da loucura. 
 Ao Incorporarmos a separação instituída historicamente entre loucos e não-loucos,temos 
também a divisão entre aqueles que estão autorizados a saber (os especialistas) e todos os demais 
homens (os não-especialistas). 
Como conseqüência dos processos históricos nas sociedades atuais o louco acabou se apossando 
do papel social do excluído que nunca poderá se opor ao que o exclui, pois cada um de seus atos se 
encontra constantemente circunscrito e definido pela doença. Ou seja, em matéria de loucura, o 
homem contemporâneo passou a ser aquilo que o discurso competente do conhecimento diz que ele 
é: doente de índole histérica, depressiva, esquizofrênica etc.; cuja linguagem é delírio; cuja visão é 
alucinada; cujo comportamento é obsceno; cujo mundo é irreal. Em suma, enquadrável nas “espécies 
patológicas” que originariamente foram produzidas pela própria Psiquiatria em decorrência dos 
procedimentos classificatórios e critérios morais que nortearam a organização interna dos hospícios. 
E, para explicar a “doença mental” (suas causas e evolução), alguns darão ênfase às condições 
orgânicas (hereditárias ou não), outros, aos conflitos afetivos ligados à história de vida do paciente e, 
ainda, mais recentemente, à patologia das relações interpessoais. 
 Atualmente, a própria Psiquiatria se encontra dividida: desde os que encaram a loucura como uma 
doença correlacionada a distúrbios bioquímicos até os que a negam totalmente como doença; desde 
os que justificam o confinamento da loucura nos hospícios até os que se engajam em práticas de luta 
pelos direitos dos loucos, entre outros aspectos. 
 Por fim, o autor finaliza o capítulo e o livro com o fato de que a história da loucura nos revela 
que se a loucura é atualmente considerada patologia ou anormalidade pelo mundo ocidental é porque 
a coexistência de seres diferenciados se tornou uma impossibilidade. Devemos, portanto considerar 
não só fatores dissonantes de um padrão a ser seguido, mas quais os fatores políticos e sociais que 
fazem com que tais indivíduos sejam marginalizados e excluídos do convívio de indivíduos 
diferentes a eles. 
 
REFERÊNCIA: 
 
FRAYZE-PEREIRA, J. A. O que é Loucura? (3a. ed.). São Paulo: Brasiliense, 1984.

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