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AULA 12 DOS INVENTÁRIOS

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Judicial e extrajudicial
Inventário Judicial
Conceito:
É o meio pelo qual se promove a efetiva transferência da herança, embora, no plano jurídico, a transmissão ocorra quando do falecimento. 
Até recentemente era um exemplo de processo necessário (salvo em situações excepcionais, como levantamento de valores de FGTS ou pequenas aplicações – Lei nº 6.858/80). Mas a Lei nº 11.441/07 previu o inventário e partilha extrajudicial por escritura pública, a ser analisado à frente.
Inventário Judicial
Lugar do inventário:
O inventário deve ser aberto no último domicílio do falecido (CC, art. 1785 e CPC, art. 96). Se o domicílio for incerto, é competente o local dos bens, ou, se estes encontram-se em lugares diferentes, o local do óbito (CPC, art. 96, p. único). 
Prazo para abertura:
O prazo para abrir o inventário é de 60 dias da abertura da sucessão (CPC, art. 983). A inobservância do prazo não compromete o direito sucessório, mas normalmente dá ensejo à aplicação de multas previstas pela legislação estadual. O prazo de 12 meses para conclusão é impróprio e pode ser prorrogado até mesmo de ofício (CPC, art. 983).
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Legitimidade:
A legitimidade para requerer a abertura de inventário é extremamente ampla (CPC, arts. 987 e 988), em razão da necessidade de dar continuidade às relações jurídicas do falecido. 
Até mesmo o juiz pode instaurar o inventário de ofício (CPC, art. 989). 
Admite-se o pedido pelo companheiro, ainda que não previsto expressamente. 
Para o requerimento inicial basta a comprovação do falecimento (CPC, art. 987, p. único)
Inventário Judicial
Inventariante:
O inventariante tem a incumbência de representar e administrar o espólio desde a assinatura do compromisso até a homologação da partilha (CC, art. 1.991). 
O inventariante desempenha munus público, função auxiliar da justiça, que não pode ser equiparada às funções de um simples depositário ou procurador. 
O art. 990 do CPC prevê uma ordem de preferência para a nomeação do inventariante, segundo a proximidade com o acervo hereditário, para dar uma continuidade mais harmônica às relações jurídicas deixadas. Mas a ordem pode ser desatendida se houver acordo entre os herdeiros, ou em casos excepcionais, sempre tendo em vista o melhor interesse do espólio (ex.: falta de idoneidade da pessoa preferencial ou discordância entre herdeiros). 
Embora haja polêmica, o companheiro deve ser nomeado inventariante como se cônjuge fosse, a não ser que haja controvérsia sobre a existência da união estável. 
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Primeiras declarações
As primeiras declarações (CPC, art. 993), peça processual na qual se identificam todos os sucessores e o acervo hereditário, com especificação detalhada dos bens e sua situação jurídica (valor, pendência de litígio etc.). 
Se os herdeiros não ingressarem espontaneamente, deverão ser citados, e têm o prazo de dez dias para se manifestar sobre eventuais erros ou omissões das primeiras declarações (CPC, art. 1.000). 
Depois se manifestam a Fazenda Pública (CPC, art. 1.002), o Ministério Público (se houver herdeiro incapaz ou ausente) e o testamenteiro, se houver (CPC, art. 999).
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Desenvolvimento do Inventário:
No inventário podem ser discutidas todas as questões de direito e de fato, sendo estas comprovadas por documentos (CPC, art. 984). 
As questões de fato que demandam prova a ser colhida fora do inventário são tidas como de alta indagação e devem ser solucionadas pelas vias ordinárias. 
Decididas as questões suscitadas sobre as declarações, o inventário prossegue com a quantificação do acervo, o que não é necessário se houver concordância dos herdeiros e da Fazenda Pública (CPC, art. 1.007). 
Se houver herdeiros incapazes, também pode ser dispensada a avaliação se demonstrada a inexistência de prejuízo, o que deve ser analisado pelo magistrado com a colaboração do Ministério Público. Por exemplo, se forem destinados aos herdeiros, inclusive os menores, os mesmos bens em partes iguais, não se deve exigir avaliação, pois nesta hipótese a igualdade dos quinhões está assegurada. Se houver avaliação, esta deve se pautar pelo preço médio dos bens, e não pelo mais alto que possam atingir no mercado, sempre tendo como base a data da abertura da sucessão, e não a do inventário.
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Últimas Declarações:
Nas últimas declarações o inventariante modifica ou complementa as primeiras declarações, de forma a deixar o inventário apto à partilha (CPC, art. 1.011). 
É peça obrigatória, ainda que o inventariante diga que nada mais tem a declarar ou acrescentar. Todas as partes são ouvidas e, superados eventuais incidentes, calcula-se o imposto de transmissão causa mortis (v. súmulas 112, 113, 114, 115, 331 e 590 do STF), sobre o qual se manifestarão todas as partes e a Fazenda Pública antes da decisão sobre o cálculo (CPC, arts. 1.012 e 1.013), sujeita a agravo. 
Somente se transmitem aos herdeiros os bens que sobrarem depois do pagamento do passivo do espólio, que compreende: 
(a) dívidas do falecido; 
(b) despesas para manutenção e conservação do patrimônio inventariado, custas processuais, tributos (inclusive imposto de transmissão) e honorários advocatícios; 
(c) despesas funerárias (CC, art. 1.998); 
(d) vintena do testamenteiro; e 
(e) cumprimento dos legados. As dívidas somente podem ser pagas com consentimento dos herdeiros (CPC, art. 992, III).
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Credores:
Antes da partilha, o credor pode pedir o pagamento da dívida diretamente no inventário, em petição a ser autuada em apenso. 
Se todos estiverem de acordo, ainda que a dívida não esteja vencida (CPC, art. 1.019), declara-se o credor habilitado e separa-se fora da partilha numerário ou bens suficientes para pagamento do débito, a serem adjudicados ao credor ou leiloados (CPC, art. 1.017). 
Se não houver acordo, a cobrança deve se dar pelas vias ordinárias. Mas, se houver comprovação documental do crédito e a impugnação não se fundar em quitação, o juiz mandará o inventariante reservar bens suficientes para o pagamento da dívida, sobre os quais recairá oportuna execução (CPC, art. 1.018, p. único e CC, art. 1.997, § 1º). Neste caso, porém, o credor deve promover a cobrança em 30 dias, sob pena de ineficácia da medida (CPC, art. 1.039, I e CC, art. 1.997, § 2º).
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PARTILHA NO INVENTÁRIO
A partilha é o ponto culminante da liquidação da herança, que põe fim ao estado transitório do espólio por meio da entrega do acervo individualizado a cada herdeiro, na proporção do respectivo quinhão. Encerra-se, assim, a comunhão sobre a universalidade dos bens da herança. 
A partilha tem natureza jurídica declaratória, e não constitutiva da propriedade, em razão do “droit de saisine”, segundo o qual a propriedade é adquirida desde a abertura da sucessão (CC, art. 1.784). Assim, a sentença tem efeitos ex tunc. Porém, é com o seu trânsito em julgado que se efetiva a transferência, até então fictícia, dos bens aos herdeiros, que passam a exercer com exclusividade a titularidade das relações jurídicas transmitidas (CC, art. 2.023). O herdeiro, bem como seus cessionários e credores, pode pedir a partilha ainda que o testador o proíba (CC, art. 2.013).
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A partilha pode ser amigável (CC, art. 2.015), ou, caso haja discordância ou herdeiros incapazes, judicial (CC, art. 2.016). 
A partilha amigável pode ser feita por termo nos autos, escritura pública ou escrito particular, sendo os dois últimos levados ao juiz, que homologará a partilha por sentença, pondo fim ao inventário. 
Na partilha judicial a divisão é determinada pelo magistrado, objetivando a maior igualdade possível quanto ao valor, natureza e qualidade dos bens (CC, art. 2.017) Assim, não se deve dar a um herdeiro os melhores bens do acervo e a outro os piores, ainda que seus valores coincidam. Além da igualdade, deve o juiz observar os fins de prevenção de litígios futuros e maior comodidade. Assim, a instituição de condomínio deve
ser evitada, em razão das disputas que pode gerar. Se um bem insuscetível de divisão cômoda não couber na meação do cônjuge (ou companheiro) ou no quinhão de um só herdeiro, deve ser vendido judicialmente, dividindo-se o preço, salvo se houver acordo quanto à adjudicação a todos em condomínio (CC, art. 2.019), ou se o viúvo ou herdeiro requerer a adjudicação e repuser a diferença em dinheiro (§ 1º). Se mais de um herdeiro pleitear a adjudicação, “observar-se-á o processo de licitação” (§ 2º). O sorteio pode ser usado como sistema de partilha para resolver impasses entre herdeiros (CC, art. 817).
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Partilha:
Superadas as fases anteriores do inventário, especialmente pagamento das dívidas e últimas declarações, o juiz abre às partes o prazo de 10 dias para formular o pedido de quinhão (CPC, art. 1.022). Em seguida, é proferido o despacho de deliberação da partilha, pelo qual são definidos os critérios a serem obedecidos na divisão, decididos os requerimentos das partes e designados os bens que devem constituir o quinhão de cada herdeiro ou legatário. O partidor elabora o esboço de partilha indicando o patrimônio líquido inventariado, os herdeiros e respectivos direitos hereditários e a forma de pagamento da meação e quinhões.
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Partilha:
Apresentado o esboço, as partes podem se manifestar em cinco dias, e, decidindo-se as questões levantadas, lança-se a partilha nos autos (CPC, art. 1.024), por meio de um instrumento designado auto de partilha, que deve conter as informações previstas no art. 1.025 do CPC. Pagos os tributos, a partilha é julgada por sentença (CPC, art. 1.026), da qual cabe apelação. Havendo trânsito em julgado, expede-se o formal de partilha, que é o instrumento de formalização da partilha a ser extraído dos autos e apresentado perante terceiros para efetivação da transferência de bens (CPC, art. 1.027). 
Partilha em Vida
O art. 2.018 do CC prevê a partilha em vida. A maior parte da doutrina entende que se trata de uma espécie de divisão amigável por ato inter vivos. Todavia, tal ato não constitui partilha (entendida como fase final do processo de inventário), nem divisão amigável, pois é imposta pelo de cujus ainda em vida. Assim, tal figura constitui uma hipótese de disposição patrimonial realizada em vida, que pode assumir as formas de doação ou testamento. No primeiro caso, promove-se a transferência antecipada do patrimônio, evitando-se um futuro inventário. Se o doador adquirir novo patrimônio depois da doação, este será submetido a inventário se não houver nova disposição em vida. No segundo caso, o testador divide todo o seu patrimônio em legados. Se houver testamento, a partilha pode ser amigável ou judicial, mas não extrajudicial (CPC, art. 982). A regra do art. 2.014 do CC é mais ampla que a do art. 2.018, pois não abrange apenas a sucessão na linha descendente, mas também a dos ascendentes, cônjuge etc.
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Adjudicação:
Se houver apenas um herdeiro, não há falar em partilha. Nesta hipótese, cumpridas as formalidades do inventário (declarações, pagamento de dívidas, impostos etc.), dispensa-se a avaliação e promove-se diretamente a transferência do acervo ao herdeiro universal por meio de sentença de adjudicação. Sendo o único herdeiro maior e capaz, e não havendo testamento, o inventário e adjudicação podem ser extrajudiciais.
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Anulação ou rescisão da partilha:
A leitura do art. 2.027 do CC e dos arts. 1.029 e 1.030 do CPC parece mostrar que o prazo para anulação da partilha é de um ano em qualquer caso. Porém, se a partilha foi judicial, com decisão de mérito sobre a divisão do patrimônio e admissão de herdeiros, é cabível a ação rescisória, a ser ajuizada no Tribunal, nas hipóteses previstas no art. 485 do CPC, às quais se acrescentam os casos do art. 1.030 do CPC (“partilha julgada por sentença”), com prazo decadencial de dois anos. Por outro lado, se a partilha tiver sido amigável, a sentença é meramente homologatória, e assim não se cogita de rescisão da sentença, mas de ação para anulação do ato jurídico homologado, a ser proposta na primeira instância. Se se tratar de nulidade absoluta (CC, art. 166), 
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Sobrepartilha:
Os arts. 1.040 do CPC e 2.021 do CC prevêem a possibilidade de sobrepartilha, isto é, de complementação da partilha, para dar destino aos bens não constantes de divisão anterior. 
Arrolamento
O inventário pode se processar pelo rito simplificado do arrolamento em duas hipóteses: 
(a) se as partes forem capazes e houver acordo (CPC, art. 1.031) ou sendo o caso de adjudicação a herdeiro único (§ 1º); e 
(b) se o valor dos bens do espólio for reduzido (CPC, art. 1.036). 
Arrolamento
No primeiro caso, não há compromisso de inventariante nem avaliação dos bens (CPC, art. 1.033), e a partilha amigável pode ser feita por termo nos autos, escritura pública ou escrito particular homologado (CC, art. 2.015). Mas exige-se o pagamento de todos os tributos no processo, e não administrativamente (CPC, art. 1.031, § 2º). 
Esta modalidade de arrolamento perdeu relevância com o advento do inventário extrajudicial, só permanecendo útil quando houver testamento, caso em que o procedimento tem de ser judicial (CPC, art. 982).
Arrolamento
A segunda modalidade de arrolamento tem lugar quando o valor dos bens do espólio é igual ou inferior a 2.000 ORTN. Há controvérsias sobre a conversão deste valor para a moeda corrente, mas estima-se que tal quantia hoje equivale a R$ 40.000,00 (quarenta mil reais). Nesta hipótese adota-se o rito do arrolamento de forma cogente, ainda que haja disputa entre os herdeiros. O MP intervém se houver incapazes. O art. 1.036 do CPC dispensa o compromisso do inventariante e prevê necessidade de avaliação dos bens se houver impugnação à estimativa de seu valor. Exige-se o pagamento dos tributos. Aplicam-se subsidiariamente as regras da primeira modalidade de arrolamento (CPC, art. 1.034, § 4º), bem como as do inventário (CPC, art. 1.038).

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