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INSTRUMENTAÇÃO BÁSICA SENAI-RJ • Automação Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro - FIRJAN Eduardo Eugenio Gouvêa Vieira Presidente Diretoria-Geral do Sistema FIRJAN Augusto Cesar Franco de Alencar Diretor-Geral Diretoria Regional do SENAI-RJ Maria Lúcia Telles Diretora Diretoria de Educação Andréa Marinho de Souza Franco Diretora SENAI-RJ Rio de Janeiro 2011 INSTRUMENTAÇÃO BÁSICA FICHA TÉCNICA DA 1a Edição Luis Arruda - Gerente de Projetos em Educação - SESI-RJ/SENAI-RJ Frank W. Geissler - Diretor Adjunto do Projeto - ThyssenKrupp CSA Valdir Monteiro - Gerente Geral de Recursos Humanos - ThyssenKrupp CSA Coordenação do Projeto Eliezer Henrique Dias - ThyssenKrupp Steel AG Eduardo Marques - ThyssenKrupp CSA Kurt Lehmann - ThyssenKrupp Steel AG Rosemary Lomelino de Souza Xavier - SESI-RJ/SENAI-RJ Pesquisa de Conteúdo e Redação Leila Monteiro Reges - SENAI-RJ Revisão Técnica de Conteúdo Bernd Dolle - ThyssenKrupp CSA Angelo Jerkovic - ThyssenKrupp CSA Jayme Barg - ThyssenKrupp CSA Hugo Cardoso - ThyssenKrupp CSA Dário Lucas Alves de Melo - SENAI-RJ Revisão Pedagógica Rosemary Lomelino de Souza Xavier - SESI-RJ/SENAI-RJ Revisão Editorial e Gramatical Raquel Correa Coordenação de Comunicação Péricles Monteiro - ThyssenKrupp CSA Projeto Gráfi co Leandro Diniz Capa: Córtex Comunicação Instrumentação Básica 2011 – 2a edição. Este material está em consonância com o Acordo Ortográfi co da Língua Portuguesa de 2008. SENAI-Rio de Janeiro Diretoria de Educação Gerência de Educação Profi ssional Regina Helena Malta do Nascimento Gerência do CTS Automação e Simulação Bruno de Souza Gomes SENAI-RJ GEP – Gerência de Educação Profi ssional Rua Mariz e Barros, 678 – Tijuca 20270-903 – Rio de Janeiro Tel.: (21) 2587-1323 Fax: (21) 2254-2884 mdigep@fi rjan.org.br http://www.fi rjan.org.br FICHA TÉCNICA da 2a Edição Coordenação Edson Melo Vera Regina Costa Abreu Revisão Editorial Rosy Lamas Responsável Técnico Leila Monteiro Reges Projeto Gráfi co Artae Design & Criação Editoração Cia do Texto Este material é uma adaptação da publicação Instrumentação Básica, editada pelo SENAI-RJ, em 2008. Prezado aluno, Quando você resolveu fazer um curso em nossa instituição, talvez não soubesse que, desse momento em diante, estaria fazendo parte do maior sistema de educação profi ssional do país: o SENAI. Há mais de sessenta anos, estamos construindo uma história de educação voltada para o desenvolvimento tecnológico da indústria brasileira e da formação profi ssional de jovens e adultos. Devido às mudanças ocorridas no modelo produtivo, o trabalhador não pode continuar com uma visão restrita dos postos de trabalho. Hoje, o mercado exigirá de você, não só domínio do conteúdo técnico de sua profi ssão, mas também competências que lhe permitam decidir com autonomia, proatividade, capacidade de análise, solução de problemas, avaliação de re- sultados e propostas de mudanças no processo do trabalho. Você deverá estar preparado para o exercício de papéis fl exíveis e polivalentes, assim como para a cooperação e a interação, o trabalho em equipe e o comprometimento com os resultados. Soma-se, ainda, que a produção constante de novos conhecimentos e tecnologias exigirá de você a atualização contínua de seus conhecimentos profi ssionais, evidenciando a necessi- dade de uma formação consistente que lhe proporcione maior adaptabilidade e instrumentos essenciais à autoaprendizagem. Essa nova dinâmica do mercado de trabalho vem requerendo que os sistemas de educação se organizem de forma fl exível e ágil, motivos esses que levaram o SENAI a criar uma estrutura educacional, com o propósito de atender às novas necessidades da indústria, estabelecendo, assim, uma formação fl exível e modularizada. Essa formação fl exível tornará possível a você, aluno do sistema, voltar e dar continuidade à sua educação, criando seu próprio percurso. Além de toda a infraestrutura necessária ao seu desenvolvimento, você poderá contar com o apoio técnico-pedagógico da equipe de educação dessa escola do SENAI para orientá-lo em seu trajeto. Mais do que formar um profi ssional, estamos buscando formar cidadãos. Seja bem-vindo! Andréa Marinho de Souza Franco Diretora de Educação Sumário 1 2 APRESENTAÇÃO ......................................................................................11 UMA PALAVRA INICIAL .............................................................................13 HISTÓRIA ................................................................................................17 História ...................................................................................................19 CONTROLE ...............................................................................................21 Introdução ..............................................................................................23 Faixa de Medida (Range) ..........................................................................23 Alcance (Span ou Amplitude da Faixa Nominal) ..........................................24 Erro ou Desvio ..........................................................................................24 Exatidão (Accuracy) ..................................................................................24 Rangeabilidade (Rangeability) ....................................................................25 Zona Morta (Dead Band) ...........................................................................25 Sensibilidade (Sensitivity) ..........................................................................26 Histerese .................................................................................................26 Repetibilidade (Repeatibility) ....................................................................26 CLASSIFICAÇÃO DE INSTRUMENTOS DE MEDIÇÃO ...................................27 Introdução ...............................................................................................29 Classifi cação por função ...........................................................................29 Classifi cação por sinal de transmissão ou suprimento ...............................33 SIMBOLOGIA DE INSTRUMENTAÇÃO .........................................................37 Introdução ...............................................................................................39 Simbologia conforme Norma ISA ................................................................44 MEDIÇÃO DE PRESSÃO ............................................................................53 Defi nições Básicas ...................................................................................55 Princípios, Leis e Teoremas da Física utilizados na Medição de Pressão .......56 Defi nição de Pressão ................................................................................59 3 4 5 Tipos de pressão medidas ........................................................................60 Unidades de pressão ................................................................................61 Técnicas de medição de pressão ...............................................................61 Instrumento de transmissão de sinal de pressão ........................................74 Escolha do tipo de medidor .......................................................................78 Recomendações para uso .........................................................................78 Instrumentos para alarme e intertravamento ..............................................79 Instrumentos conversores de sinais ...........................................................85MEDIÇÃO DE NÍVEL .................................................................................87 Introdução ...............................................................................................89 Classifi cação e Tipo de Medidores de Nível ................................................89 Instrumentos para Alarme e Intertravamento ..............................................115 MEDIÇÃO DE VAZÃO ................................................................................123 Defi nição .................................................................................................125 Conceitos Físicos Básicos para Medição de Vazão ......................................127 Tipos e Características dos Medidores de Vazão .........................................129 MEDIÇÃO DE TEMPERATURA ...................................................................155 Introdução ...............................................................................................157 Escalas de temperatura ............................................................................158 Medidores de temperatura ........................................................................160 ELEMENTOS FINAIS DE CONTROLE ...........................................................219 Introdução ...............................................................................................221 Válvulas de Controle .................................................................................222 REFERÊNCIAS .......................................................................................239 6 7 8 9 SENAI-RJ 11 Instrumentação Básica – Apresentação Apresentação SENAI-RJ 11 Instrumentação é a ciência que aplica e desenvolve técnicas para adequação de instru- mentos de medição, transmissão, indicação, registro e controle de variáveis físicas em equipa- mentos nos processos industriais. A instrumentação industrial é o conjunto de equipamentos (sensores, transmissores e hardware/software para procedimentos de validação) que possibilita a medição, a monitoração e o controle de variáveis de processo, propriedades físicas dentro de um processo industrial. As principais grandezas que estudaremos neste módulo são PRESSÃO, NÍVEL, VAZÃO E TEMPERATURA, as quais denominamos de variáveis de um processo. O estudo da instrumentação é fundamental para permitir avanços nas ciências, tecno- logias e na indústria, pois seu conhecimento permite um controle mais efetivo da produção, possibilitando o uso racional de energia e melhoria na qualidade dos produtos. Bom estudo! SENAI-RJ 13 Instrumentação Básica – Uma palavra inicial Uma palavra inicial SENAI-RJ 13 Meio ambiente... Saúde e segurança no trabalho... O que é que nós temos a ver com isso? Antes de iniciarmos o estudo deste material, há dois pontos que merecem destaque: a relação entre o processo produtivo e o meio ambiente; e a questão da saúde e segurança no trabalho. As indústrias e os negócios são a base da economia moderna. Produzem os bens e serviços necessários e dão acesso a emprego e renda; mas, para atender a essas necessidades, precisam usar recursos e matérias-primas. Os impactos no meio ambiente muito frequentemente de- correm do tipo de indústria existente no local, do que ela produz e, principalmente, de como produz. É preciso entender que todas as atividades humanas transformam o ambiente. Estamos sempre retirando materiais da natureza, transformando-os e depois jogando o que “sobra” de volta ao ambiente natural. Ao retirar do meio ambiente os materiais necessários para produzir bens, altera-se o equilíbrio dos ecossistemas e arrisca-se ao esgotamento de diversos recursos naturais que não são renováveis ou, quando o são, têm sua renovação prejudicada pela velo- cidade da extração, superior à capacidade da natureza para se recompor. É necessário fazer planos de curto e longo prazo, para diminuir os impactos que o processo produtivo causa na natureza. Além disso, as indústrias precisam se preocupar com a recomposição da paisagem e ter em mente a saúde dos seus trabalhadores e da população que vive ao redor dessas indústrias. Com o crescimento da industrialização e a sua concentração em determinadas áreas, o problema da poluição aumentou e se intensifi cou. A questão da poluição do ar e da água é bastante complexa, pois as emissões poluentes se espalham de um ponto fi xo para uma grande região, dependendo dos ventos, do curso da água e das demais condições ambientais, tornando difícil localizar, com precisão, a origem do problema. No entanto, é importante repetir que, quando as indústrias depositam no solo os resíduos, quando lançam efl uentes sem tratamento em rios, lagoas e demais corpos hídricos, causam danos ao meio ambiente. O uso indiscriminado dos recursos naturais e a contínua acumulação de lixo mostram a falha básica de nosso sistema produtivo: ele opera em linha reta. Extraem-se as matérias-primas através de processos de produção desperdiçadores e que produzem subprodutos tóxicos. 14 SENAI-RJ Instrumentação Básica – Uma palavra inicial 14 SENAI-RJ Fabricam-se produtos de utilidade limitada que, fi nalmente, viram lixo, o qual se acumula nos aterros. Produzir, consumir e dispensar bens desta forma, obviamente, não é sustentável. Enquanto os resíduos naturais (que não podem, propriamente, ser chamados de “lixo”) são absorvidos e reaproveitados pela natureza, a maioria dos resíduos deixados pelas indústrias não tem aproveitamento para qualquer espécie de organismo vivo e, para alguns, pode até ser fatal. O meio ambiente pode absorver resíduos, redistribuí-los e transformá-los. Mas, da mesma forma que a Terra possui uma capacidade limitada de produzir recursos renováveis, sua capacidade de receber resíduos também é restrita, e a de receber resíduos tóxicos praticamente não existe. Ganha força, atualmente, a ideia de que as empresas devem ter procedimentos éticos que considerem a preservação do ambiente como uma parte de sua missão. Isto quer dizer que se devem adotar práticas que incluam tal preocupação, introduzindo processos que reduzam o uso de matérias-primas e energia, diminuam os resíduos e impeçam a poluição. Cada indústria tem suas próprias características. Mas já sabemos que a conservação de recursos é importante. Deve haver crescente preocupação com a qualidade, durabilidade, possibilidade de conserto e vida útil dos produtos. As empresas precisam não só continuar reduzindo a poluição, como também buscar novas formas de economizar energia, melhorar os efl uentes, reduzir a poluição, o lixo, o uso de ma- térias-primas. Reciclar e conservar energia são atitudes essenciais no mundo contemporâneo. É difícil ter uma visão única que seja útil para todas as empresas. Cada uma enfrenta de- safi os diferentes e pode se benefi ciar de sua própria visão de futuro. Ao olhar para o futuro, nós (o público, as empresas, as cidades e as nações) podemos decidir quais alternativas são mais desejáveis e trabalhar com elas. Infelizmente, tanto os indivíduos quanto as instituições só mudarão as suas práticas quan- do acreditarem que seu novo comportamento lhes trará benefícios — sejam estes fi nanceiros, para sua reputação ou para sua segurança. A mudança nos hábitos não é uma coisa que possa ser imposta. Deve ser uma escolha de pessoas bem-informadas a favor de bens e serviços sustentáveis. A tarefa é criar condições que melhorem a capacidade de as pessoas escolherem, usarem e disporem de bens e serviços de forma sustentável. Além dos impactos causados na natureza, diversos são os malefícios à saúde humana provocados pela poluição do ar, dos rios e mares, assim como são inerentes aos processos pro- dutivos alguns riscos à saúde e segurança do trabalhador. Atualmente, acidente do trabalho éuma questão que preocupa os empregadores, empregados e governantes, e as consequências acabam afetando a todos. De um lado, é necessário que os trabalhadores adotem um comportamento seguro no trabalho, usando os equipamentos de proteção individual e coletiva, de outro, cabe aos em- pregadores prover a empresa com esses equipamentos, orientar quanto ao seu uso, fi scalizar as condições da cadeia produtiva e a adequação dos equipamentos de proteção. A redução do número de acidentes só será possível à medida que cada um – trabalhador, patrão e governo – assuma, em todas as situações, atitudes preventivas, capazes de resguardar a segurança de todos. Deve-se considerar, também, que cada indústria possui um sistema produtivo próprio, e, SENAI-RJ 15 Instrumentação Básica – Uma palavra inicial SENAI-RJ 15 portanto, é necessário analisá-lo em sua especifi cidade, para determinar seu impacto sobre o meio ambiente, sobre a saúde e os riscos que o sistema oferece à segurança dos trabalhadores, propondo alternativas que melhorem as condições de vida para todos. Da conscientização, partimos para a ação: cresce, cada vez mais, o número de países, em- presas e indivíduos que, já estando conscientizados acerca dessas questões, vêm desenvolvendo ações que contribuem para proteger o meio ambiente e cuidar da nossa saúde. Mas, isso ainda não é sufi ciente... é preciso ampliar tais ações, e a educação é um valioso recurso que pode e deve ser usado em tal direção. Assim, iniciamos este material conversando com você sobre o meio ambiente, saúde e segurança no trabalho, lembrando que, no seu exercício profi ssional diário, você deve agir de forma harmoniosa com o ambiente, zelando também pela segurança e saúde de todos no trabalho. Tente responder à pergunta que inicia este texto: meio ambiente, a saúde e a segurança no trabalho – o que é que eu tenho a ver com isso? Depois, é partir para a ação. Cada um de nós é responsável. Vamos fazer a nossa parte? 1 Nesta seção... História História SENAI-RJ 19 Instrumentação Básica – História História Os processos industriais exigem controle na fabricação de seus produtos. Esses processos são muito variados e abrangem muitos tipos de produtos como, por exemplo: a fabricação dos derivados do petróleo, produtos alimentícios, fabricação de aço etc. Em todos estes processos é absolutamente necessário controlar e manter constantes al- gumas variáveis, tais como: pressão, vazão, temperatura, nível, PH, condutividade, velocidade, umidade etc. Os instrumentos de medição e controle permitem manter constantes as variáveis do processo com os seguintes objetivos: melhoria em qualidade do produto; aumento em quantidade do produto; segurança. No princípio da era industrial, o operário controlava manualmente as variáveis, utilizando somente instrumentos simples, como anômetro, termômetro e válvulas manuais, dentre outros, e isto era sufi ciente porque os processos eram simples. Com o passar do tempo os processos foram se complicando, exigindo um aumento da automação nos processos industriais, por meio dos instrumentos de medição e controle. Enquanto isto os operadores iam se liberando de sua atuação física direta no processo permitindo a centralização das variáveis em uma única sala. Devido à centralização das variáveis do processo, podemos fabricar produtos que seriam impossíveis por meio do controle manual. Mas para atingir o nível que estamos hoje, os sis- temas de controle sofreram grandes transformações tecnológicas, como: controle manual, controle mecânico e hidráulico, controle pneumático, controle elétrico, controle eletrônico e atualmente controle digital. Os processos industriais podem dividir-se em dois tipos: processos contínuos e pro- cessos descontínuos. Em ambos os tipos devem-se manter as variáveis próximo aos valores desejados. 20 SENAI-RJ Instrumentação Básica – História O sistema de controle que permite proceder dessa forma se defi ne como aquele que com- para o valor da variável do processo com o valor desejado e toma uma atitude de correção de acordo com o desvio existente sem que a operação intervenha. Para que se possa fazer esta comparação e, consequentemente, a correção, é necessário que se tenha uma unidade de medida, uma unidade de controle e um elemento fi nal de con- trole no processo. Este conjunto de unidades forma uma malha de controle, que pode ser aberta ou fechada. No exemplo anterior vemos uma malha fechada, e no exemplo a seguir vemos uma malha de controle aberta. Elemento fi nal de Controle Processo Unidade de Medida Unidade de Controle Processo Unidade de Medida Indicação 2 Nesta seção... Controle Introdução Faixa de medida (Range) Alcance (Span ou Amplitude da Faixa Nominal) Erro ou desvio Exatidão (Accuracy) Rangeabilidade (Rangeability) Zona Morta (Dead Band) Sensibilidade (Sensitivity) Histerese Repetibilidade (Repeatibility) SENAI-RJ 23 Instrumentação Básica – Controle Introdução Os instrumentos de controle empregados na indústria de processos, tais como química siderúrgica, papel etc., têm sua própria terminologia. Os termos utilizados defi nem as características próprias de medida e controle dos diversos instrumentos utilizados: indicadores, registradores, controladores, transmissores e válvulas de controle. A terminologia empregada é unifi cada entre os fabricantes e os usuários e os organismos que intervêm direta ou indiretamente no campo da instrumen- tação industrial. Faixa de Medida (Range) Conjunto de valores da variável medida que está compreendido dentro do limite superior e inferior da capacidade de medida ou de transmissão do instrumento. Expressa-se determi- nando os valores extremos. Exemplos: 100 a 500m3 0 a 20psi 24 SENAI-RJ Instrumentação Básica – Controle Alcance (Span ou Amplitude da Faixa Nominal) É a diferença algébrica entre o valor superior e inferior da faixa de medida do instrumento. Exemplo: Um instrumento com range de 100 – 500m3. Seu span é de 400m3. Erro ou Desvio É a diferença entre o valor lido ou transmitido pelo instrumento e o valor real da variável medida. Se tivermos o processo em regime permanente chamaremos de erro estático, que poderá ser positivo ou negativo dependendo da indicação do instrumento, o qual poderá estar indicando a mais ou a menos. Quando tivermos a variável alterando seu valor ao longo do tempo, teremos um atraso na transferência de energia do meio para o medidor. O valor medido estará geralmente atra- sado em relação ao valor real da variável. Esta diferença entre o valor real e o valor medido é chamada de erro dinâmico. Exatidão (Accuracy) Podemos defi nir como sendo a aptidão de um instrumento de medição para dar respostas próximas a um valor verdadeiro. É um conceito qualitativo. A exatidão pode ser descrita de três maneiras: Percentual do Fundo de Escala (% do F.S.) Percentual do Span (% do Span) Percentual do Valor Lido (% do of reading) SENAI-RJ 25 Instrumentação Básica – Controle Exemplo: Para um sensor de temperatura com range de 50oC a 250oC e valor medido de 100oC, de- termine o intervalo provável do valor real para as seguintes condições: Exatidão 1% do Fundo de Escala Valor real = 100ºC ± (0,01 x 250) = 100ºC ± 2,5ºC Exatidão 1% do Span Valor real = 100ºC ± (0,01 x 200) = 100ºC ± 2,0ºC Exatidão 1% do Valor Lido (Instantâneo) Valor real = 100ºC ± (0,01 x 100) = 100ºC ± 1,0ºC Rangeabilidade (rangeability) É a relação entre o valor máximo e o valor mínimo, lidos com a mesma exatidão na escala de um instrumento. Ainda em condições de controle. Característica mais aplicada à valvulas. Exemplo: Para um sensor de vazão cuja escala é 0 a 300 GPM (galões porminuto), com exatidão de 1% do span e rangeabilidade 10:1, signifi ca que a exatidão será respeitada entre 30 e 300 GPM. Zona Morta (Dead Band) É a máxima variação que a variável possa ter sem que provoque alteração na indicação ou sinal de saída de um instrumento. Exemplo: Um instrumento com range de 0ºC a 200ºC e com uma zona morta de: 0,1% = 0,1 x 200 = ± 0,2ºC 100 26 SENAI-RJ Instrumentação Básica – Controle Sensibilidade (Sensitivity) Relação entre mudança do valor da variável de entrada e o espaço percorrido pela indicação. Exemplo: Um instrumento com range de 0oC a 500ºC e com uma sensibilidade de 0,05% terá valor de: 0,05% = 500 = ± 0,25ºC 100 Histerese É a diferença entre o valor indicado por um instrumento, para um mesmo valor, em qualquer ponto da faixa de trabalho, quando a variável percorre toda a escala, nos sentidos ascendentes e descendentes. Expressa-se em porcentagem do span do instrumento. Exemplo: Num instrumento com range de –50ºC a 100ºC, sendo sua histerese de 0,3%, o erro será: ± 0,3% de 150ºC = ± 0,45ºC. Repetibilidade (Repeatibility) Aptidão de um instrumento de medição em fornecer indicações muito próximas, em repetidas aplicações do mesmo mensurando, sob as mesmas condições de medição. 3 Nesta seção... Classifi cação de instrumentos de medição Introdução Classifi cação por função Classifi cação por sinal de transmissão ou suprimento SENAI-RJ 29 Instrumentação Básica – Classifi cação de instrumentos de medição Introdução Existem vários métodos de classifi cação de instrumentos de medição, dentre os quais podemos ter classifi cação por: função; sinal transmitido ou suprimento; tipo de sinal. Classifi cação por Função Conforme será visto adiante, os instrumentos podem estar interligados entre si para rea- lizar uma determinada tarefa nos processos industriais. A associação desses instrumentos chama-se malha, e em uma malha cada instrumento executa uma função. Os instrumentos que podem compor uma malha são classifi cados por função, cuja des- crição sucinta podemos visualizar a seguir. Figura 1 Sensor Válvula Atuador Conversor Controlador Integrador Indicador Transmissor 30 SENAI-RJ Instrumentação Básica – Classifi cação de instrumentos de medição Sensor São dispositivos que mudam seu comportamento sob a ação de uma grandeza física, podendo fornecer diretamente ou indiretamente um sinal que indica esta grandeza. Indicador Instrumento que indica o valor da quantidade medida enviada pelo sensor, transmissor etc. Existem também indicadores digitais que demonstram a variável em forma numérica com dígitos ou barras gráfi cas. Figura 2 Registrador Instrumento de medição que fornece um registro da indicação. Exemplos: a) barógrafo; b) dosímetro termoluminescente; c) espectrômetro registrador. Figura 3 SENAI-RJ 31 Instrumentação Básica – Classifi cação de instrumentos de medição Observações: 1) O registro (indicação) pode ser analógico (linha contínua ou descontínua) ou digital. 2) Valores de mais de uma grandeza podem ser registrados (apresentados) simultaneamente. 3) Um instrumento registrador pode, também, apresentar uma indicação. Conversor Instrumento cuja função é a de receber uma informação na forma de um sinal, alterar esta forma e emitir como um sinal de saída proporcional ao de entrada. Integrador Instrumento que indica o valor obtido pela integração de quantidades medidas sobre o tempo. Transmissor Instrumento que tem a função de converter sinais do sensor em outra forma capaz de ser enviada à distância para um instrumento receptor, normalmente localizado no painel. Figura 4 32 SENAI-RJ Instrumentação Básica – Classifi cação de instrumentos de medição Transdutor Um dispositivo que, quando atuado por energia num dado sistema de transmissão (de energia), fornece energia noutra forma a um segundo sistema de transmissão de energia. A norma ISA recomenda o uso criterioso do termo transdutor usar somente quando imprescindível. Figura 5 Controlador Instrumento que compara o valor medido com o desejado e, baseado na diferença entre eles, emite sinal de correção para a variável manipulada, a fi m de que essa diferença seja igual a zero. . Elemento Final de Controle Dispositivo cuja função é modifi car o valor de uma variável que leve o processo ao valor desejado. Figura 6 Figura 7 SENAI-RJ 33 Instrumentação Básica – Classifi cação de instrumentos de medição Classifi cação por sinal de transmissão ou suprimento Os equipamentos podem ser agrupados conforme o tipo de sinal transmitido ou o seu suprimento. A seguir serão descritos os principais tipos, suas vantagens e desvantagens. Tipo Pneumático Nesse tipo é utilizado um gás comprimido, cuja pressão é alterada conforme o valor que se deseja representar. A variação da pressão do gás é linearmente manipulada numa faixa es- pecífi ca, padronizada internacionalmente, para representar a variação de uma grandeza desde seu limite inferior até seu limite superior. O padrão de transmissão ou recepção de instrumen- tos pneumáticos mais utilizados é de 0,2kgf/cm2 a 1,0kgf/cm2 (aproximadamente 3psi a 15 psi no Sistema Inglês). O funcionamento básico desse instrumento consiste em converter o sinal da variável medida (por exemplo: pressão, nível, temperatura etc.) em um sinal de saída pneumático, proporcional ao valor da variável medida. Os sinais de transmissão analógica normalmente começam comum valor “acima do zero”, para termos uma segurança em caso de rompimento do meio de comunicação. O gás mais utilizado para transmissão é o ar comprimido, sendo também usado o nitro- gênio e, em casos específi cos, o gás natural. Vantagem Pode ser operado com segurança em áreas nas quais existe risco de explosão (centrais de gás, por exemplo). Desvantagens Necessita de tubulação de ar comprimido (ou outro gás) para seu suprimento e funciona- mento. Necessita de equipamentos auxiliares, tais como compressor, fi ltro, desumidifi cador etc., para fornecer aos instrumentos ar seco e sem partículas sólidas. Devido ao atraso que ocorre na transmissão do sinal, este não pode ser enviado a uma longa distância, sem uso de reforçadores. Normal- mente, a transmissão é limitada a aproxima- damente 100m. Vazamentos ao longo da linha de transmissão ou mesmo nos instrumentos são difíceis de serem detectados. Não permite conexão direta aos computadores. 34 SENAI-RJ Instrumentação Básica – Classifi cação de instrumentos de medição Tipo Elétrico Esse tipo de transmissão é feito utilizando sinais elétricos de corrente ou tensão. Hoje em dia, ante a tecnologia disponível no mercado em relação à fabricação de instru- mentos eletrônicos microprocessados, esse tipo de transmissão é largamente usado em todas as indústrias em que não ocorre risco de explosão. Assim como na transmissão pneumática, o sinal é linearmente modulado em uma faixa padronizada representando o conjunto de valores entre o limite mínimo e máximo de uma variável de um processo qualquer. Como padrão para transmissão a longas distâncias, são utilizados sinais em corrente contínua variando de 4mA a 20mA, e para distâncias até 15 metros aproximadamente também utiliza-se sinais em tensão contínua de 1V a 5V, 0 - 10mA, 0-20mA. Tipo Hidráulico Similar ao tipo pneumático e com desvantagens equivalentes, o tipo hidráulico utiliza-se da variação de pressão exercida em óleos hidráulicos para transmissão de sinal. É especialmente utilizado em aplicações em que o torque elevado é necessário ou quando o processo envolve pressões elevadas. Vantagens Pode gerar grandes forças eassim acionar equipamentos de grande peso e dimensão. Resposta rápida. Desvantagens Necessita de tubulações de óleo para trans- missão e suprimento. Precisa de inspeção periódica do nível de óleo e da sua troca. Necessita de equipamentos auxiliares, tais como: reservatório, fi ltros, bombas etc. Vantagens Permite transmissão para longas distâncias sem perdas, aproximadamente 1500m. A alimentação pode ser feita pelos próprios fi os que conduzem o sinal de transmissão. Permite fácil conexão aos computadores. Fácil instalação. Permite de forma mais fácil realização de operações matemáticas. Permite que o mesmo sinal (4~20mA) seja “lido” por mais de um instrumento, ligando em série os instrumentos. Porém, existe um limite quanto à soma das resistências internas destes instrumentos, que não deve ultrapassar o valor estipulado pelo fabricante do transmissor. Desvantagens Necessita de técnico especializado para sua instalação e manutenção. Exige utilização de instrumentos e cuidados especiais em instalações localizadas em áreas de riscos. Exige cuidados especiais na escolha do enca- minhamento de cabos ou fi os de sinais. Os cabos de sinal devem ser protegidos contra ruídos elétricos. SENAI-RJ 35 Instrumentação Básica – Classifi cação de instrumentos de medição Via Rádio Neste tipo, o sinal ou um pacote de sinais medidos é enviado à sua estação receptora via ondas de rádio, em uma faixa de frequência específi ca. Tipo Digital Neste tipo, “pacotes de informações” sobre a variável medida são enviados para uma es- tação receptora, através de sinais digitais modulados e padronizados. Para que a comunicação entre o elemento transmissor receptor seja realizada com êxito, é utilizada uma “linguagem- -padrão” chamada protocolo de comunicação. Vantagens Não necessita ligação ponto a ponto por ins- trumento. Pode utilizar um par trançado ou fi bra ótica para transmissão dos dados, rádio, teletras- missão etc., cabo coaxial. Imune a ruídos externos. Permite confi guração, diagnósticos de falha e ajuste em qualquer ponto da malha. Menor custo fi nal. Desvantagens Existência de vários protocolos no mercado, o que difi culta a comunicação entre equipamen- tos de marcas diferentes. Caso ocorra rompimento no cabo de comu- nicação, pode-se perder a informação e/ou o controle de várias malhas. Vantagens Não necessita de cabos de sinal. Pode-se enviar sinais de medição e controle de máquinas em movimento. Desvantagens Alto custo inicial. Necessidade de técnicos altamente especia- lizados. Via Modem A transmissão dos sinais é feita através de utilização de linhas telefônicas, pela modulação do sinal em frequência, fase ou amplitude. Vantagens Baixo custo de instalação. Pode-se transmitir dados a longas distâncias. Desvantagens Necessita de profi ssionais especializados. Baixa velocidade na transmissão de dados. Sujeito às interferências externas, inclusive violação de informações. 4 Nesta seção... Simbologia de Instrumentação Introdução Simbologia conforme norma ISA SENAI-RJ 39 Instrumentação Básica – Simbologia de instrumentação Introdução Com o objetivo de simplifi car e globalizar o entendimento dos documentos utilizados para representar as confi gurações das malhas de instrumentação, foram criadas normas em diversos países. No Brasil, a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), por meio de sua norma NBR 8190, apresenta e sugere o uso de símbolos gráfi cos para representação dos diversos instrumentos e suas funções ocupadas nas malhas de instrumentação. No entanto, como é dada a liberdade para cada empresa estabelecer/escolher a norma a ser seguida na elaboração dos seus diversos documentos de projeto de instrumentação, outras normas são utilizadas. Assim, em razão de sua maior abrangência e atualização, uma das normas mais utilizadas em projetos industriais no Brasil é a estabelecida pela ISA (conhecida anteriormente por Instrumentation Society of America, sendo atualmente chamada de The Instrumentation, Systems and Automation Society). A seguir serão apresentadas, de forma resumida, as normas ABNT ISA que serão utilizadas ao longo do curso. Simbologia de Identifi cação de Instrumentos de Campo e Painel Figura 1 Símbolo Geral de Instrumento Montado localmente (campo) Montado entre o painel e o campo Montado em painel local auxiliar não acessível ao operador local auxiliar acessível operador local auxiliar acessível operador Montagem Local Montagem do painel Instrumento de função única Instrumento de função múltipla Instrumento de função única Instrumento de função múltipla 40 SENAI-RJ Instrumentação Básica – Simbologia de instrumentação Válvula de Controle Placa de orifício Medidor Venturi Tubo Pitot Instrumentação de Vazão Válvula com atuador pneumático de diafragma ou Válvula com atuador elétrico (senoidal ou motor) Válvula com atuador hidráulico ou pneumático tipo pistão Válvula manual Válvula auto-operada de diafragma SENAI-RJ 41 Instrumentação Básica – Simbologia de instrumentação Alguns Arranjos Típicos de Instrumentos Vazão Medidor de linha (Ex.: rotâmetro) Transmissor de vazão Indicador de vazão (montagem local) Registrador de linha Registrador montado no painel e transmissor local com transmissão pneumática Pressão Indicador de pressão (Ex.: manômetro) (montagem local) Registrador de pressão no painel 42 SENAI-RJ Instrumentação Básica – Simbologia de instrumentação Instrumento combinado de registro e controle de nível, comandando válvula de controle com transmissão pneu- mática. Instrumento no painel transmissores de locais Registrador controlador de pressão, comandando válvula de controle com transmissão pneumática. Registrador no painel e transmissor local Alarme de pressão alta (montagem local) Válvula reguladora de pressão autoatuada Controlador de pressão, tipo cego, comandando válvula de controle com transmissão pneumática SENAI-RJ 43 Instrumentação Básica – Simbologia de instrumentação Temperatura Poço para termômetro ou termopar Indicador de temperatura Indicador de temperatura no painel com transmissão elétrica Indicador e registrador de temperatura no painel com transmissão elétrica Controlador indicador de temperatura, tipo expansão, coman- dando válvula de controle com transmissão pneumática Válvula de controle autoatuada 44 SENAI-RJ Instrumentação Básica – Simbologia de instrumentação Simbologia conforme Norma ISA As necessidades de procedimentos de vários usuários são diferentes. A norma reconhece essas necessidades, quando estão de acordo com os objetivos, e fornece métodos alternativos de simbolismo. Vários exemplos são indicados para adicionar informações ou simplifi car o simbolismo. Os símbolos dos equipamentos de processo não fazem parte desta norma, porém são incluídos apenas para ilustrar as aplicações dos símbolos da instrumentação. Nível Visor de nível Registrador de nível no painel, com recepção elétrica e instrumento transmissor externo Instrumento combinado: controlador, indicador de nível e transmissor, comandando válvula de controle com indicador no painel e com transmissão pneumática Controlador e registrador de nível, comandando válvula de controle com transmissão pneumática. Controlador no painel e transmissor local. SENAI-RJ 45 Instrumentação Básica – Simbologia de instrumentação Aplicação na Indústria O norma é adequada para uso em indústrias químicas, de petróleo, de geração de energia, refrigeração, mineração, refi nação de metal, siderúrgicas e muitasoutras. Não houve esforços para que a norma atendesse às necessidades dessas áreas. Entretanto, espera-se que a mesma seja fl exível sufi cientemente para resolver grande parte desse problema. Aplicação nas Atividades de Trabalho A norma é adequada para uso sempre que qualquer referência a um instrumento ou a uma função de um sistema de controle for necessária, com o objetivo de simbolização de identifi cação. Tais referências podem ser aplicadas para as seguintes utilizações, dentre outras: projetos; exemplos didáticos; material técnico - papéis, literatura e discussões; diagramas de sistema de instrumentação, diagramas de malha, diagramas lógicos; descrições funcionais; diagrama de fl uxo: processo, mecânico, engenharia, sistemas, tubulação (processo) e desenhos/projetos de construção de instrumentação; especifi cações, ordens de compra, manifestações e outras listas; identifi cação de instrumentos (nomes) e funções de controle; instalação, instruções de operação e manutenção, desenhos e registros. A norma destina-se a fornecer informações sufi cientes para permitir que qualquer pessoa, ao revisar qualquer documento sobre medição e controle de processo, possa entender as ma- neiras de medir e controlar o processo (desde que possua um certo conhecimento do assunto). Não constitui pré-requisito para esse entendimento um conhecimento profundo/detalhado de um especialista em instrumentação. Aplicação para Classes e Funções de Instrumentos As simbologias e o método de identifi cação desta norma são aplicáveis para toda classe de processo de medição e instrumentação de controle. Podem ser utilizados não somente para identifi car instrumentos discretos e suas funções, mas também para identifi car funções analógicas de sistemas. 46 SENAI-RJ Instrumentação Básica – Simbologia de instrumentação Conteúdo de Identifi cação da Malha A norma abrange a identifi cação de um instrumento e todos os demais instrumentos ou funções de controle associados a essa malha. O uso é livre para aplicação de identifi cação adi- cional, tais como: número de série, número da unidade, número da área, ou outros signifi cados. Tabela 1 SENAI-RJ 47 Instrumentação Básica – Simbologia de instrumentação “OU” signifi ca escolha do usuário. Recomenda-se coerência. *Sugerimos as seguintes abreviaturas para denotar os tipos de alimentação. Essas designações também podem ser aplicadas para suprimento de fl uidos. Símbolos de Linha de Instrumentos Todas as linhas são apropriadas em relação às linhas do processo de tubulação: (1) Alimentação do instrumento * ou conexão ao processo. ou (2) Sinal indefi nido. (3) Sinal pneumático. ** (4) Sinal elétrico. (5) Sinal hidráulico. (6) Tubo capilar. (7) Sinal sônico ou eletromagnético (guiado).*** (8) Sinal sônico ou eletromagnético (não guiado). *** (9) Conexão interna do sistema (software ou data link). (10) Conexão mecânica. Símbolos Opcionais Binários (ON - OFF) (11) Sinal binário pneumático. ou (12) Sinal binário elétrico. 48 SENAI-RJ Instrumentação Básica – Simbologia de instrumentação AS - suprimento de ar IA - ar do instrumento PA - ar da planta ES - alimentação elétrica GS - alimentação de gás HS - suprimento hidráulico NS - suprimento de nitrogênio SS - suprimento de vapor WS - suprimento de água O valor do suprimento pode ser adicionado à linha de suprimento do instrumento. Exemplo: AS-100, suprimento de ar 100psi; ES-24DC; alimentação elétrica de 24VDC. ** O símbolo do sinal pneumático se aplica para utilização de sinal, usando qualquer gás. *** Fenômeno eletromagnético inclui calor, ondas de rádio, radiação nuclear e luz. Tabela 2 - Símbolos Gerais de Instrumentos ou de Funções Localização Tipo Locação principal normalmente acessível ao operador Locação auxiliar normalmente acessível ao operador Montado no campo Locação auxiliar normalmente não acessível ao operador Instrumentos discretos Instrumentos compartilhados Computador de processo Controlador programável SENAI-RJ 49 Instrumentação Básica – Simbologia de instrumentação Notas para a Tabela das Letras de Identifi cação 1. Uma letra de escolha do usuário tem o objetivo de cobrir signifi cado não listado que é ne- cessário em uma determinada aplicação. Se usada, letra pode ter um signifi cado como de primeira letra ou de letras subsequentes. O signifi cado precisa ser defi nido uma única vez em uma legenda. Por exemplo, a letra N pode ser defi nida como módulo de elasticidade, como uma primeira letra, ou como osciloscópio, como letra subsequente. 2. A letra X não classifi cada tem o objetivo de cobrir signifi cado não listado que será usado somente uma vez, ou usado em um signifi cado limitado. Se usada, a letra pode ter qualquer número de signifi cados como primeira letra ou como letra subsequente. O signifi cado da letra X deve ser defi nido do lado de fora do círculo do diagrama. Por exemplo, XR pode ser registrador de consistência e XX pode ser um osciloscópio de consistência. 3. A forma gramatical do signifi cado das letras subsequentes pode ser modifi cada livremente. Por exemplo, I pode signifi car indicador ou indicação; T pode signifi car transmissão ou transmissor. 4. Qualquer primeira letra combinada com as letras modifi cadoras D (diferencial), F (relação), M (momentâneo), K (tempo de alteração) e Q (integração ou totalização) representam uma variável nova e separada, e a combinação é tratada como uma entidade de primeira letra. Assim, os instrumentos TDI e TI indicam duas variáveis diferentes: diferença de temperatura e temperatura. As letras modifi cadoras são usadas quando forem aplicáveis. 5. A letra A (análise) cobre todas as análises não descritas como uma escolha do usuário. O tipo de análise deve ser especifi cado fora do círculo de identifi cação. Por exemplo, análise de pH, análise de O 2. Análise é variável de processo e não função de instrumento, como muitos pensam, principalmente por causa do uso inadequado do termo analisador. 6. O uso de U como primeira letra para multivariável em lugar de uma combinação de outras primeiras letras é opcional. É recomendável usar as primeiras letras específi cas em lugar da letra U, que deve ser usada apenas quando o número de letras for muito grande. Por exem- plo, é preferível usar PR/TR para indicar u registrador de pressão e temperatura em vez de UR. Porém, quando se tem um registrador multiponto, com 24 pontos e muitas variáveis diferentes, deve-se usar UR. 7. O uso dos termos modifi cadores alto (H), baixo (L), médio (M) varredura (J) é opcional. 8. O termo segurança aplica-se a elementos primários e fi nais de proteção de emergência. As- sim, uma válvula autoatuada que evita que a operação de um sistema de fl uido atinja valores elevados, aliviando o fl uido do sistema, tem um tag PCV (válvula controladora de pressão). Porém, o tag desta válvula deve ser PSV (válvula de segurança de pressão) se ela protege o sistema contra condições de emergência, ou seja, condições que são perigosas para o pessoal ou o equipamento, e que são raras de aparecer. A designação PSV aplica-se a todas as válvulas de proteção contra condições de alta pressão de emergência, independentemente de sua construção, modo de operação, local de montagem, categoria de segurança, válvula de alívio ou de segurança. Um disco de ruptura tem o tag PSE (elemento de segurança de pressão). 9. A função passiva G aplica-se a instrumentos ou equipamentos que fornecem uma indicação não calibrada, como visor de vidro ou monitor de televisão. Costuma-se aplicar TG para termômetro e PG para manômetro, o que não é previsto por esta norma. 50 SENAI-RJ Instrumentação Básica – Simbologia de instrumentação 10. A indicaçãonormalmente se aplica a displays analógicos ou digitais de uma medição instan- tânea. No caso de uma estação manual, a indicação pode ser usada para o dial ou indicador do ajuste. 11. Uma lâmpada, piloto, que é parte de uma malha de instrumento, deve ser designada por uma primeira letra seguida pela letra subsequente L. Por exemplo, uma lâmpada-piloto que indica o tempo expirado deve ter o tag KQL (lâmpada de totalização de tempo). A lâmpada para indicar o funcionamento de um motor tem o tag EL (lâmpada de voltagem), pois a voltagem é a variável medida conveniente para indicar a operação do motor ou YL (lâmpada de evento), assumindo que o estado de operação está sendo monitorado. Não se deve usar a letra genérica X, como XL. 12. O uso da letra U para multifunção, em lugar da combinação de outras letras funcionais, é opcional. Este designador não específi co deve ser usado raramente. 13. Um dispositivo que liga, desliga ou transfere um ou mais circuitos pode ser uma chave, um relé, um controlador liga–desliga ou uma válvula de controle, dependendo da aplicação. Se o equipamento manipula uma vazão de fl uido do processo e não é uma válvula manual de bloqueio liga–desliga, ela é projetada como válvula de controle. É incorreto usar o tag CV para qualquer coisa que não seja uma válvula de controle autoatuada. Para todas as aplicações que não tenham vazão de fl uido de processo, o equipamento é pro- jetado como: chave, se for atuada manualmente; chave ou controlador liga–desliga, se for automático e for o primeiro dispositivo na malha. O termo chave é geralmente usado se o dispositivo é aplicado para alarme, lâmpada-piloto, seleção, intertravamento ou segurança. O termo controlador é usado se o dispositivo é aplicado para o controle de operação normal; relé, se for automático e não for o primeiro dispositivo na malha, mas atuado por uma chave ou por um controlador liga–desliga. 14. As funções associadas com o uso de letras subsequentes Y devem ser defi nidas do lado de fora do círculo de identifi cação. Por exemplo, FY pode ser o extrator de raiz quadrada na malha de vazão; TY pode ser o conversor corrente para pneumático em uma malha de controle de temperatura. Quando a função é evidente como para uma válvula solenoide ou um conversor corrente para pneumático ou pneumático para corrente, a defi nição pode não ser obrigatória. 15. Os termos modifi cadores alto, baixo, médio ou intermediário correspondem aos valores da variável medida e não aos valores do sinal. Por exemplo, um alarme de nível alto proveniente de um transmissor de nível com ação inversa deve ser LAH, mesmo que fi sicamente o alarme seja atuado quando o sinal atinge um valor mínimo crítico. 16. Os termos alto e baixo, quando aplicados a posições de válvulas e outros dispositivos de abrir e fechar, são assim defi nidos: alto signifi ca que a válvula está totalmente aberta; baixo signifi ca que a válvula está totalmente fechada. 17. O termo registrador se aplica a qualquer forma de armazenar permanentemente a informação que permita a sua recuperação por qualquer modo. 18. Elemento sensor, transdutor, transmissor e conversor são dispositivos com funções diferentes, conforme ISA S37.1. SENAI-RJ 51 Instrumentação Básica – Simbologia de instrumentação 19. A primeira letra V, vibração ou análise mecânica destina-se a executar as tarefas em moni- toração de máquinas que a letra A executa em uma análise mais geral. Exceto para vibração, é esperado que a variável de interesse seja defi nida fora das letras de tag. 20. A primeira letra Y se destina ao uso quando as respostas de controle ou monitoração são acionadas por evento e não acionadas pelo tempo. A letra Y, nesta posição, pode também signifi car presença ou estado. 21. A letra modifi cadora K, em combinação com uma primeira letra como L, T ou W, signifi ca uma variação de taxa de tempo da quantidade medida ou de inicialização. A variável WKIC, por exemplo, pode representar um controlador de taxa de perda de peso. 22. A letra K como modifi cador é uma opção do usuário para designar uma estação de contro- le, enquanto a letra C seguinte é usada para descrever controlador automático ou manual. Praticando Lei com atenção as questões e responda: Defi na os termos: Faixa de medida Erro Exatidão Zona morta O que você entende por transmissores? Cite duas vantagens e duas desvantagens de um transmissor elétrico. Cite duas vantagens e duas desvantagens de um transmissor pneumático. Como podem ser classifi cados os instrumentos de medição? O que você entende por transdutores? 5 Nesta seção... Medição de pressão Defi nições básicas Princípios, leis e teoremas da física utilizados na medição de pressão Defi nição de pressão Tipos de pressão medidas Unidades de pressão Técnicas de medição de pressão Instrumento de transmissão de sinal de pressão Escolha do tipo de medidor Recomendações para uso Instrumento para alarme e intertravamento Instrumentos conversores de sinais Praticando SENAI-RJ 55 Instrumentação Básica – Medição de pressão Defi nições Básicas Como já descrevemos, a instrumentação é a ciência que se ocupa em desenvolver e aplicar técnicas de medição, indicação, registro e controle de processos de transformação, visando a otimização da efi ciência dos mesmos. Essas técnicas são normalmente suportadas teorica- mente em princípios físicos e/ou físico-químicos e utiliza-se das mais avançadas tecnologias de fabricação para viabilizar os diversos tipos de medição de variáveis industriais. Dentre essas variáveis encontra-se a pressão cuja medição possibilita não só sua monitoração e controle, como também de outras variáveis, tais como: nível, vazão e densidade. Assim, por ser sua compreensão básica para o entendimento de outras áreas da instrumentação, iniciaremos revisando alguns conceitos físicos importantes para medição de pressão. Sólido Toda matéria cuja forma não muda facilmente quando submetida a uma força. Líquidos Toda matéria cuja forma pode ser mudada facilmente quando submetida a uma força, porém sem mudar o volume. Gás Toda matéria cuja forma e volume podem ser mudados facilmente quando submetida a uma força. Fluido Toda matéria cuja forma pode ser mudada e por isso é capaz de se deslocar. O ato de se deslocar é caracterizado como escoamento, e assim chamado de fl uido. 56 SENAI-RJ Instrumentação Básica – Medição de pressão Massa Específi ca Também chamada de densidade absoluta, é a relação entre a massa e o volume de uma determinada substância. É representada pela letra Ró () e no SI pela unidade (kg/m3). Densidade Relativa Relação entre a massa específi ca de uma substância A e a massa específi ca de uma subs- tância de referência, tomadas à mesma condição de temperatura e pressão. Para líquidos, a densidade de uma substância tem como referência a água destilada a 4ºC e 1 atm cujo valor foi convencionado ser igual à unidade. Para gases e vapores, a densidade de uma substância tem como referência o ar a 15ºC e 1atm cujo valor foi convencionado ser igual à unidade. E também podem ser aplicadas para suprimento de fl uidos. Peso Específi co Relação entre peso e o volume de uma determinada substância. É representado pela letra gama () e cuja unidade usual é kgf/m3. Princípios, Leis e Teoremas da Física Utilizados na Medição de Pressão Lei da Conservação de Energia (Teorema de Bernoulli) Esse teorema foi estabelecido por Bernoulli em 1738 e relaciona as energias potenciais e cinéticas de um fl uido ideal, ou seja, sem viscosidade e incompressível. Por esse teorema pode-se concluir que, para um fl uido perfeito, toda forma de energia pode ser transformada em outra, permanecendo constante sua somatória ao longo de uma linha de corrente. Assim,sua equação representativa é: P1 + 1/2 . V1 + . g . h1 = P2 + 1/2 . V2 + g . h2 = cte2 2 SENAI-RJ 57 Instrumentação Básica – Medição de pressão Essa equação pode ser simplifi cada em função das seguintes situações: Se a corrente for constante na direção horizontal, teremos: P1 + 1/2 . V1 + . g . h1 = P2 + 1/2 . V2 = cte Se a velocidade é nula e assim o fl uido se encontra em repouso teremos: P1 + gh1 = P2 + gh2 = cte Teorema de Stevin Esse teorema foi estabelecido por Stevin e relaciona as pressões estáticas exercidas por um fl uido em repouso com a altura da coluna do mesmo em um determinado reservatório. Seu enunciado diz: Figura 1 “A diferença de pressão entre dois pontos de um fl ui- do em repouso é igual ao produto do peso específi co do fl uido pela diferença de cota entre os dois pontos”. P2 – P1 = P = (h2 – h1) * y P1 P2 h2 h1 Princípio de Pascal A pressão exercida em qualquer ponto de um líquido em forma estática se transmite in- tegralmente em todas as direções e produz a mesma força em áreas iguais. Devido serem os fl uidos praticamente incompressíveis, a força mecânica desenvolvida em um fl uido sob pressão pode ser transmitida. Figura 2 10kgf 50kgf A2 = 10cm 2 A1 = 2cm 2 F1 F2 h1 h2 2 2 58 SENAI-RJ Instrumentação Básica – Medição de pressão Se aplicarmos uma força F1 = 10kgf sobre o pistão 1, o pistão 2 levantará um peso de 50kgf devido ter o mesmo uma área cinco vezes maior que a área do pistão 1. P1 = F1 P2 = F2 como P1 = P2 F1 = F2 A1 A2 A1 A2 Outra relação: O volume deslocado será o mesmo. V1 = A1 * h1 V2 = A2 * h2 A1 * h1 = A2 * h2 Exemplo: Sabendo-se que F1 = 20kgf, A1 = 100cm 2 e A2 = 10cm 2, calcular F2. F1 = F2 F2 = F1 * A2 = 20 * 10kgf * cm2 F2 = 2kgf A1 A2 A1 100cm2 Equação manométrica Esta equação relaciona as pressões aplicadas nos ramos de uma coluna de medição e altura de coluna do líquido deslocado. A equação apresenta-se como a expressão matemática resultante dessa relação. P1 + (h1 * ) = P2 + (h2 * ) P1 – P2 = * (h2 – h1) P1 P2 h2 h1 Figura 3 SENAI-RJ 59 Instrumentação Básica – Medição de pressão Defi nição de Pressão Pode ser defi nida como sendo a relação entre uma força aplicada perpendicularmente (90º) a uma área, e é expressa pela seguinte equação: P = F = Força A Área A pressão pode ser também expressa como a somatória da pressão estática e pressão dinâmica, e assim chamada de pressão total. Pressão estática É a pressão exercida em um ponto, em fl uidos estáticos, que é transmitida integralmente em todas as direções e produz a mesma força em áreas iguais. Pressão dinâmica É a pressão exercida por um fl uido em movimento paralelo à sua corrente. A pressão di- nâmica é representada pela seguinte equação: Pd = 1 . . V2 (N/m2) 2 Pressão total É a pressão resultante da somatória das pressões estáticas e dinâmicas exercidas por um fl uido que se encontra em movimento. 60 SENAI-RJ Instrumentação Básica – Medição de pressão Tipos de pressão medidas A pressão medida pode ser representada pela pressão absoluta, manométrica ou diferen- cial. A escolha de uma destas três depende do objetivo da medição. A seguir será defi nido cada tipo, bem como suas inter-relações e unidades utilizadas para representá-las. Pressão absoluta É a pressão positiva a partir do vácuo perfeito, ou seja, a soma da pressão atmosférica do local e a pressão manométrica. Geralmente coloca-se a letra “A” após a unidade. Mas quando representamos pressão abaixo da pressão atmosférica por pressão absoluta, esta é denominada grau de vácuo ou pressão barométrica. Pressão manométrica ou relativa É a pressão medida em relação à pressão atmosférica existente no local, podendo ser posi- tiva ou negativa. Geralmente se coloca a letra “G” após a unidade para representá-la. Quando se fala em uma pressão negativa, em relação à pressão atmosférica, chamamos pressão de vácuo. Pressão diferencial É o resultado da diferença de duas pressões medidas. Em outras palavras, é a pressão medida em qualquer ponto, menos no ponto zero de referência da pressão atmosférica. Relação entre tipos de pressão medida A fi gura abaixo mostra grafi camente a relação entre os três tipos de pressão medida. Figura 4 Pressão absoluta Grau de vácuo Pressão de vácuo Pressão manométrica Pressão diferencial mmHg abs cuo Perfeito 760 mmHg abs 0 mmHg G Pressão Atmosférica Ponto de referência Qualquer valor SENAI-RJ 61 Instrumentação Básica – Medição de pressão Unidades de pressão A pressão possui vários tipos de unidades. Os sistemas de unidade SI, gravitacional e unidade do sistema de coluna de líquido são utilizados tendo como referência a pressão at- mosférica e são escolhido, dependendo da área de utilização, tipos de medida de pressão, faixa de medição, etc. Em geral são utilizados para medição de pressão, as unidades Pa, N/m², kgf/ cm², mHg, mH2O, lbf/pol 2, atm e bar. A seleção da unidade é livre, mas geralmente deve-se escolher uma grandeza para que o valor medido possa estar na faixa de 0,1 a 1.000. Assim, as sete unidades anteriormente mencionadas, além dos casos especiais, são necessárias e sufi cientes para cobrir as faixas de pressão utilizadas no campo da instrumentação industrial. Suas relações podem ser encontradas na tabela de conversão a seguir. Tabela 1 – Conversão de Unidades de Pressão Técnicas de medição de pressão A medição de uma variável de processo é feita, sempre, baseada em princípios físicos ou químicos e nas modifi cações que sofrem as matérias quando sujeitas às alterações impostas por essa variável. A medição da variável pressão pode ser realizada baseada em vários princípios, cuja escolha está sempre associada às condições da aplicação. Nesse tópico serão abordados as principais técnicas e os princípios de sua medição, com o objetivo de facilitar a análise e escolha do tipo mais adequado para cada aplicação. 62 SENAI-RJ Instrumentação Básica – Medição de pressão Composição dos medidores de pressão Os medidores de pressão, de um modo geral, podem ser divididos em três partes: Elemento de recepção aquele que recebe a pressão a ser medida e a transforma em deslocamento ou força (ex.: bourdon, fole, diafragma). Elemento de transferência aquele que amplia o deslocamento ou a força do elemen- to de recepção ou que transforma o mesmo em um sinal único de transmissão do tipo elétrica ou pneumática, que é enviada ao elemento de indicação (ex.: links mecânicos, relé piloto, amplifi cadores operacionais). Elemento de indicação aquele que recebe o sinal do elemento de transferência e indica ou registra a pressão medida (ex: ponteiros, displays). Principais tipos de medidores Manômetros São dispositivos utilizados para indicação local de pressão, e em geral divididos em duas partes principais: o manômetro de líquidos, que utiliza um líquido como meio para se medir a pressão; e o manômetro tipo elástico, que utiliza a deformação de um elemento elástico como meio para se medir pressão. Observe na tabela que os manômetros são classifi cados de acordo com os elementos de recepção. Tipos de manômetro Elementos de recepção Manômetro de líquido Tipo tubo em “U” Tipo Coluna Reta Tipo Coluna Inclinada Manômetro elástico Tipo tubo de Bourdon Tipo Diafragma Tabela 2 SENAI-RJ 63 Instrumentação Básica – Medição de pressão Manômetro de Líquido Princípio defuncionamento e construção: É um instrumento de medição e indicação local de pressão baseado na equação manomé- trica. Sua construção é simples e de baixo custo. Basicamente é constituído por tubo de vidro com área seccional uniforme, uma escala graduada, um líquido de enchimento, e suportados por uma estrutura de sustentação. O valor de pressão medida é obtido pela leitura da altura de coluna do líquido deslocado em função da intensidade da referida pressão aplicada. Líquidos de enchimento: A princípio, qualquer líquido com baixa viscosidade, e não volátil nas condições de me- dição, pode ser utilizado como líquido de enchimento. Entretanto, na prática, a água destilada e o mercúrio são os líquidos mais utilizados nesses manômetros. Faixa de medição: Em função do peso específi co do líquido de enchimento e também da fragilidade do tubo de vidro que limita seu tamanho, esse instrumento é utilizado somente para medição de baixas pressões. Em termos práticos, a altura de coluna máxima disponível no mercado é de 2 metros e assim a pressão máxima medida é de 2mH2O caso se utilize água destilada, e 2 mHg com uti- lização do mercúrio. Condição de leitura (formação de menisco): O mercúrio e a água são os líquidos mais utilizados para os manômetros de líquidos e têm diferentes formas de menisco (Figura a seguir). No caso do mercúrio, a leitura é feita na parte de cima do menisco e para a água, na parte de baixo do menisco. A formação do menisco deve-se ao fenômeno de tubo capilar, que é causado pela tensão superfi cial do líquido e pela relação entre a adesão líquido-sólido e a coesão do líquido. Num líquido que molha o sólido (água) tem-se uma adesão maior que a coesão. Neste caso, a ação da tensão superfi cial obriga o líquido a subir dentro de um pequeno tubo vertical. Para líquidos que não molham o sólido (mercúrio), a tensão superfi cial tende a rebaixar o menisco num pequeno tubo vertical. A tensão superfi cial dentro do tubo não tem relação com a pressão, precisando assim de compensação. Figura 5 Mercúrio Água Posição de leitura Posição de leitura 64 SENAI-RJ Instrumentação Básica – Medição de pressão O valor a ser compensado em relação ao diâmetro interno do tubo “d” é aproximadamente: Mercúrio – somar 14 no valor da leitura; d Água – somar 30 no valor da leitura; D “d” é amplamente utilizado na faixa de 6 ~ 10mm. Na faixa de 6mm, o valor é muito grande, ou seja, 2,3mm para mercúrio e 5mm para água. Assim, quando a pressão de medição é zero, pode-se confi rmar a posição do menisco. Neste instante, mede-se a altura em que a parte de cima ou a parte debaixo mudam pela pressão. Neste caso, não é preciso adicionar a compensação. Quanto ao limite mínimo que se pode ler em uma escala graduada a olho nu, este é de aproximadamente 0,5mm. Assim, na prática, o valor mais utilizado para divisão de uma escala é de 1mm para manômetro de líquido de uso geral e de 0,1mm (com escala secundária) para manômetro padrão. Infl uência da temperatura na leitura: Como a medição de pressãoutilizando manômetro de líquido depende do peso específi co do mesmo, a temperatura do ambiente onde o instrumento está instalado irá infl uenciar no resultado da leitura e, portanto, sua variação, caso ocorra, deve ser compensada. Isto é necessário pois, na construção da escala, é levada em consideração a massa espe- cífi ca do líquido a uma temperatura de referência. Se o líquido utilizado for o mercúrio, normalmente considera-se como temperatura de referência 0ºC, e assim sua massa específi ca será 13.595,1kg/m3. Se for água destilada o líquido utilizado, considera-se como temperatura de referência 4ºC, e assim sua massa específi ca será 1.000,0kg/m3. Na prática, utiliza-se a temperatura de 20ºC como referência, e esta deve ser escrita na escala de pressão. Outra infl uência da temperatura na medição de pressão por este instrumento é no com- primento da escala, que muda em função de sua variação, e em leituras precisas, que deve ser também compensada. Tipos de Manômetro Líquido Manômetro tipo Coluna em “U” O tubo em “U” é um dos medidores de pressão mais simples entre os medidores para baixa pressão. É constituído por um tubo de material transparente (geralmente vidro) recurvado em forma de U e fi xado sobre uma escala graduada. A fi gura a seguir mostra três formas básicas. SENAI-RJ 65 Instrumentação Básica – Medição de pressão No tipo (a), o zero da escala está no mesmo plano horizontal que a superfície do líquido quando as pressões P1 e P2 são iguais. Neste caso, a superfície do líquido desce no lado de alta pressão e, consequentemente, sobe no lado de baixa pressão. A leitura se faz somando a quan- tidade deslocada a partir do zero nos lados de alta e baixa pressão. No tipo (b), o ajuste de zero é feito em relação ao lado de alta pressão. Neste tipo, há ne- cessidade de se ajustar a escala a cada mudança de pressão. No tipo (c), a leitura é feita a partir do ponto mínimo da superfície do líquido no lado de alta pressão, subtraída do ponto máximo do lado de baixa pressão. A leitura pode ser feita simplesmente medindo o deslocamento do lado de baixa pressão a partir do mesmo nível do lado de alta pressão, tomando como referência o zero da escala. A faixa de medição é de aproximadamente 0 ~ 2.000 mmH2O/mmHg. Manômetro tipo Coluna Reta Vertical O emprego deste manômetro é idêntico ao do tubo em “U”. Nesse manômetro as áreas dos ramos da coluna são diferentes, sendo a pressão maior aplicada normalmente no lado da maior área. Essa pressão, aplicada no ramo de área maior, provoca um pequeno deslocamento do líquido na mesma, fazendo com que o deslocamento no outro ramo seja bem maior, em face de o volume deslocado ser o mesmo e sua área bem menor. Chamando as áreas do ramo reto e do ramo de maior área de “a” e “A”, respectivamente, e aplicando pressões P1 e P2 em suas extremidades, teremos pela equação manométrica: P1 – P2 = (h2 + h1) Como o volume deslocado é o mesmo, teremos: A * h1 = a * h2 h1 = a * h2 A Figura 6 66 SENAI-RJ Instrumentação Básica – Medição de pressão Substituindo o valor de h1 na equação manométrica, teremos: P1 – P2 = * h2 ( 1 + a ) A Como “A” é muito maior que “a”, a equação anterior pode ser simplifi cada e reescrita. Assim teremos a seguinte equação utilizada para cálculo da pressão: P1 – P2 = * h2 Figura 7 Coluna Reta Superfície do líquido quando P1 = P2 Tanque de líquido Manômetro tipo Coluna Inclinada Este manômetro é utilizado para medir baixas pressões na ordem de 50mmH2O. Sua cons- trução é feita inclinando um tubo reto de pequeno diâmetro, de modo a medir com boa precisão pressões em função do deslocamento do líquido dentro do tubo. A vantagem adicional é a de expandir a escala de leitura, o que é muitas vezes conveniente para medições de pequenas pressões com boa precisão (± 0,02 mmH2O). A fi gura a seguir representa o croqui construtivo desse manômetro, onde “” é o ângulo de inclinação e “a” e “A” são áreas dos ramos. P1 e P2 são as pressões aplicadas, sendo P1 > P2. P1 – P2 = . l ( a + sem ) pois h2 = l . sem A Figura 8 Recipiente de líquido Tubo reto SENAI-RJ 67 Instrumentação Básica – Medição de pressão Aplicação Os manômetros de líquido foram largamente utilizados na medição de pressão, nível e vazão nos primórdios da instrumentação. Hoje, com o advento de outras tecnologias que per- mitem leituras remotas, a aplicaçãodestes instrumentos na área industrial se limita a locais ou processos cujos valores medidos não são cruciais no resultado do processo ou a locais cuja distância da sala de controle inviabiliza ainstalação de outro tipo de instrumento. Porém, é nos laboratórios de calibração que ainda encontramos sua grande utilização, pois podem ser tratados como padrões. Manômetro Tipo Elástico Este tipo de instrumento de medição de pressão baseia-se na lei de Hooke sobre elastici- dade dos materiais. Em 1676, Robert Hooke estabeleceu essa lei que relaciona a força aplicada em um corpo e a deformação por ele sofrida. Em seu enunciado ele disse: “o módulo da força aplicada em um corpo é proporcional à deformação provocada”. Essa deformação pode ser dividida em elástica (determinada pelo limite de elasticidade), e plástica ou permanente. Os medidores de pressão tipo elástico são submetidos a valores de pressão sempre abaixo do limite de elasticidade, pois assim cessada a força a ele submetida o medidor retorna à sua posição inicial sem perder suas características. Esses medidores podem ser classifi cados em dois tipos, quais sejam: Conversor da deformação do elemento de recepção de pressão em sinal elétrico ou pneumático. Indicador/amplifi cador da deformação do elemento de recepção por meio da conversão de deslocamento linear em ângulos, utilizando dispositivos mecânicos. Funcionamento do medidor tipo elástico O elemento de recepção de pressão tipo elástico sofre deformação tanto maior quanto a pressão aplicada. Esta deformação é medida por dispositivos mecânicos, elétricos ou eletrô- nicos. O elemento de recepção de pressão tipo elástico, comumente chamado de manômetro, é aquele que mede a deformação elástica sofrida quando está submetido a uma força resultante da pressão aplicada sobre uma área específi ca. Essa deformação provoca um deslocamento linear que é convertido, de forma proporcional, a um deslocamento angular por meio de mecanismo específi co. Ao deslocamento angular é anexado um ponteiro que percorre uma escala linear e cuja faixa representa a faixa de medição do elemento de recepção. 68 SENAI-RJ Instrumentação Básica – Medição de pressão Tipos de Manômetro Elásticos Manômetro Tubo Bourdon Construção e característica do tubo de Bourdon O tubo de Bourdon consiste em um tubo com seção oval, que poderá estar disposto em forma de “C”, espiral ou helicoidal, tendo uma extremidade fechada e a outra aberta à pressão a ser medida. Com a pressão agindo em seu interior, o tubo tende a tomar uma seção circular, resul- tando um movimento em sua extremidade fechada. Esse movimento através de engrenagens é transmitido a um ponteiro que indicará uma medida de pressão em uma escala graduada. A construção básica, o mecanismo interno e a seção de tubo de Bourdon são mostrados nas fi guras a seguir. Principais tipos de elementos de recepção A tabela a seguir mostra os principais tipos de elementos de recepção utilizados na medi- ção de pressão baseada na deformação elástica, bem como sua aplicação e faixa recomendável de trabalho. Tabela 3 – Elemento Recepção de Pressão Figura 9 Elemento elástico Movimento Soquete Ponteiro Extremidade móvel Batente interno Braço de articulação Batente interno Conexão inferior Figura 10 (a) “C” (b) Espiral (c) Helicoidal SENAI-RJ 69 Instrumentação Básica – Medição de pressão Classifi cação dos manômetros tipo Bourdon Os manômetros tipo Bourdon podem ser classifi cados quanto ao tipo de pressão medida e à classe de precisão. Quanto à pressão medida, ele pode ser manométrico para pressão efetiva, vácuo, composto ou pressão diferencial. Quanto à classe de precisão, essa classifi cação pode ser obtida por intermédio das tabelas de manômetro/vacuômetro e manômetro composto a seguir. Material de Bourdon De acordo com a faixa de pressão a ser medida e a compatibilidade com o fl uido é que determinamos o tipo de material a ser utilizado na confecção de Bourdon. A tabela a seguir indica os materiais mais utilizados na confecção do tubo de Bourdon. Tabela 4 Tabela 5 – Manômetro e Vacuômetro Tabela 6 – Manômetro composto 70 SENAI-RJ Instrumentação Básica – Medição de pressão Faixa de operação recomendável Com exceção dos manômetros utilizados como padrão, a pressão normal medida deve estar próxima a 75% da escala máxima, quando essa variável for estática, e próxima a 60% da escala máxima, para o caso de medição de pressão variável. Tipos construtivos de manômetros Bourdon 1. Manômetro fechado Esse tipo tem duas aplicações típicas. Uma para locais expostos ao tempo e outra em locais sujeitos à pressão pulsante. No primeiro caso, a caixa é constituída com um grau de proteção, defi nida por norma, que garante a condição de hermeticamente fechada, podendo, portanto, esse manômetro estar sujeito à atmosfera contendo pó em suspensão e/ou jatea- mento de água. No segundo caso, a caixa é preenchida em 2/3 com óleo ou glicerina para proteger o Bourdon e o mecanismo interno do manômetro con- tra pressões pulsantes ou vibrações mecânicas. Esse enchimento aumenta a vida útil do manômetro. Figura 11 Caixa interna Bourdon Mecanismo interno Escala Junta Vidro Caixa interna Junta A fi gura abaixo mostra um gráfi co comparativo típico da relação entre a vida útil de um manômetro convencional e um preenchido com fl uido de proteção. Figura 12 Teste de durabilidade Bomba de alta pressão Valor de vibração: 25 C. P. S. Amplitude: + 1mm (2,56) Pulsação: 10kgf/cm2 Pressão de saída: 10kgf/cm2 VI D A Ú TI L TEMPO DE OPERAÇÃO Manômetro com glicerina M an ôm et ro c on ve nc io na l SENAI-RJ 71 Instrumentação Básica – Medição de pressão 3. Manômetro duplo São manômetros com dois Bourdons e mecanismos independentes e utilizados para medir duas pressões distintas, porém com mesma faixa de trabalho. A vantagem deste tipo está no fato de se utilizar uma única caixa e um único mostrador. Figura 13 2. Manômetro de pressão diferencial Este tipo construtivo é adequado para medir a diferença de pressão entre dois pontos quaisquer do processo. É composto de dois tubos de Bourdon dispostos em oposição e inter- ligados por articulações mecânicas. A pressão indicada é resultante da diferença de pressão aplicada em cada Bourdon. Por usar tubo de Bourdon, sua faixa de utilização é de aproximadamente 2 kgf/cm2 a 150 kgf/cm2. Sua aplicação se dá geralmente em medição de nível, vazão e perda de carga em fi ltros. Figura 14 Ponteiro preto Ponteiro vermelho Furo de fi xação Conexão do ponteiro vermelho Conexão do ponteiro preto 72 SENAI-RJ Instrumentação Básica – Medição de pressão 4. Manômetro com selagem líquida Em processos industriais que manipulam fl uidos corrosivos, viscosos, tóxicos, sujeitos à alta temperatura e/ou radioativos, a medição de pressão com manômetro tipo elástico se torna impraticável, pois o Bourdon não é adequado para essa aplicação, seja em função dos efeitos da deformação proveniente da temperatura, seja pela difi culdade de escoamento de fl uidos viscosos, isto é, pelo ataque químico de fl uidos corrosivos. Nesse caso, a solução é recorrer à utilização de algum tipo de isolação para impedir o contato direto do fl uido do processo com o Bourdon. Existem basicamente dois tipos de isolação (que tecnicamente é chamado de se- lagem) empregada. Um com selagem líquida, utilizando um fl uido líquido inerte em contato com o Bourdon e que não se mistura com o fl uido do processo. Nesse caso, é usado um pote de selagem conforme fi gura a seguir. Outro, também com selagem líquida, porém utilizando um diafragma como selo. O fl uido de selagem mais utilizado nesse caso é a glicerina, por ser inerte a quase todos os fl uidos. Este método é o mais utilizado e já é fornecido pelos fabricantes quando solicitados. Um exemplo desse tipo é mostrado na fi gura a seguir.
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