Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Wanderley Gonçalves Pós-graduado em Administração de Empresas pela Universidade São Judas Tadeu (USJT/SP). Bacharel em Ciências Econômicas pela Facul- dade de Economia, Administração e Contabili- dade da Universidade de São Paulo (FEA/USP). Professor emérito dos cursos de graduação e pós-graduação da Universidade Cidade de São Paulo (Unicid/SP). Diretor do curso de Ciências Contábeis e coordenador dos cursos tecnológicos da área de comércio e gestão da Unicid/SP. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Os custos da produção Após estudar este capítulo você deverá estar apto(a) a: entender a composição dos custos de produção e o seu comporta- mento perante a produção; desenvolver competências e habilidades necessárias para gerir custos, visando a sua racionalização; compreender a forma pela qual a firma se comporta no curto prazo, visando à obtenção do máximo lucro; entender as correlações existentes entre a produção e os custos da produção. Introdução As empresas (firmas), ao produzirem bens e/ou serviços, incorrem em custos, uma vez que são obrigadas a contratar fatores de produção e insumos para tanto. O objetivo deste capítulo é o de analisar o comportamento desses custos ao longo do processo de produção. Essa análise torna-se fundamental na exata proporção em que admiti- mos a firma como uma unidade básica de produção que atua no mercado de forma racional e inteligente, buscando maximizar o seu lucro no curto prazo. Por sua vez, a maximização desse lucro será tão mais facilitada quanto melhor for a gestão dos custos promovida pelo empresário. O curto prazo e os custos de produção Nossa análise relativa ao comportamento dos custos de produção pro- cessar-se-á no curto prazo. Portanto, em primeiro lugar faz-se necessário que identifiquemos esse período de tempo. Curto prazo, em Economia, é um período indeterminado de tempo no qual pelo menos um dos fatores de produção permanece fixo; trata-se de uma hipótese simplificadora, porém, de grande valia para o que nos propo- mos a demonstrar. 109Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Os custos da produção 110 Trabalhamos no curto prazo supondo que os custos incorridos pelo em- presário dependem, para a sua variação de contratação, de trabalhadores adicionais por parte do empresário. Outra situação a se considerar é a de que trabalhamos com custos explí- citos, ou seja, com os custos em que a firma incorre para adquirir ou contratar os recursos necessários à produção. Deixaremos de lado os custos implícitos, representados pelo custo de oportunidade, ou seja, pelo sacrifício que a firma incorre quando opta por uma determinada situação. Acreditamos que um exemplo elucida de forma conveniente o que descrevemos acima. Suponha que o Sr. José da Silva, empresário, monte uma pequena fábrica de sapatos em um imóvel de sua propriedade. O custo de oportunidade, nesse caso, é representado pelo aluguel que ele poderia receber caso optasse por, ao invés de montar a sua fábrica, alugar o imóvel a um terceiro. O aluguel não recebido é, nesse caso, o custo de oportunidade do empresário; já que ele sacrificou a oportunidade de ganhar o valor do aluguel. De forma análoga, você, ao estar estudando e lendo este livro, também está incorrendo em um custo de oportunidade que é igual ao sacrifício da oportunidade de estar em qualquer outro lugar, fazendo qualquer outra coisa. O que, com certeza, o fez optar por ler e estudar é a avaliação do custo X benefício que, mesmo inconscientemente, deva ter feito. Creio que após essas considerações já possamos definir os custos de uma firma em relação ao seu volume de produção. Vamos a eles. O custo total de uma firma possui dois componentes básicos: um fixo e outro variável. Assim: Custo total = custo fixo + custo variável Custo fixo – é a parcela do custo total que não varia com a produção, dentro de uma capacidade produtiva instalada. Representam despesas a serem incorridas pela firma independentemente de ela produzir ou não. Exemplos: aluguel, seguros, depreciações, IPTU (Imposto Predial Territorial Urbano) serão os mesmos independentemente dos níveis de produção. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Os custos da produção 111 Custo variável – é a parte do custo total que varia de acordo com a produção. Como no nosso caso operamos no curto prazo, com a hipótese simplifi- cadora de que todos os fatores permanecem fixos, exceto o fator Trabalho Humano, o custo variável é representado pelo volume de trabalhadores usados, sendo diferente para cada nível de produção. Assim, se a produção aumenta, o custo variável aumenta; se a produção diminui, o custo variável é menor; diferentemente do custo fixo que será o mesmo para qualquer nível de produção, dentro de uma capacidade de pro- dução instalada. Custo total – é o resultado da soma do custo fixo e do custo variável, representando o custo da produção total para cada possível nível de produção. Custo total e produção total Ao relacionarmos custo total e produção total, verificamos que existe uma relação direta entre ambos, senão vejamos: A produção total é o máximo que uma firma pode produzir, dados seu tamanho e a combinação possível de seus fatores de produção. Já o custo total, representado por uma parcela fixa e por outra variável, diz respeito ao custo de produção total para cada possível nível de produção. Logo, à medida que aumentamos a produção, o custo total também aumentará, em razão do aumento que ocorrerá nos custos variáveis. Portanto, no curto prazo: Produção total Custo total em razão do aumento nos custos variáveis A partir de agora, com a utilização de um exemplo numérico e hipotético, buscaremos colocar em prática conceitos até então enunciados. Vamos a ele. Suponha que uma empresa qualquer, operando dentro de uma capacidade produtiva instalada, produza até 12 unidades/mês de um produto Y qualquer. Sabemos que os seus custos variáveis mensais importam em R$2.000,00 por unidade produzida e que seu custo fixo é de R$ 16.000,00. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Os custos da produção 112 De posse desses dados, vamos primeiramente montar uma tabela represen- tativa dos custos de produção para cada nível de produção, bem como poste- riormente vamos construir os gráficos representativos dos comportamentos de custo fixo, de custo variável e de custo total perante cada nível de produção. Assim: Tabela 1 – Custos fixo, variável e total Produção Custo fixo (R$) Custo variável (R$) Custo total (R$) 0 16.000,00 0 16.000,00 1 16.000,00 2.000,00 18.000,00 2 16.000,00 4.000,00 20.000,00 3 16.000,00 6.000,00 22.000,00 4 16.000,00 8.000,00 24.000,00 5 16.000,00 10.000,00 26.000,00 6 16.000,00 12.000,00 28.000,00 7 16.000,00 14.000,00 30.000,00 8 16.000,00 16.000,00 32.000,00 9 16.000,00 18.000,00 34.000,00 10 16.000,00 20.000,00 36.000,00 11 16.000,00 22.000,00 38.000,00 12 16.000,00 24.000,00 40.000,00 Explicando a tabela 1: Produção – retratamos as possibilidades de produção da firma que vão desde zero unidades até 12 unidades/mês, dentro da capacidade produtiva instalada. Custo fixo – os custos fixos são representados pela parcela do custo to- tal que não varia de acordo com a produção dentro de uma capacidade produtiva instalada. Como o exemplo fornece R$16.000,00 como sendo o valor do custo fixo da empresa, ele o será para todo e qualquer nível de produção, ou seja, desde zero unidades produzidas até 12 unidades. Custo var iável – os custos variáveis são representadospela parcela do custo total que varia de acordo com a produção. Assim, se cada unidade Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Os custos da produção 113 tem um custo variável de R$2.000,00, basta multiplicarmos o valor de R$2.000,00 para cada nível de produção. Assim, por exemplo: Produção de 5 unidades; custo variável de R$10.000,00, correspondente a 5 . R$2.000,00 = R$10.000,00. Produção de 8 unidades; custo variável de R$16.000,00, correspon- dente a 8 . R$2.000,00 = R$16.000,00, e assim para cada diferente ní- vel de produção. É claro que, para o nível de produção de zero unidades, o custo variável também será zero, uma vez que não precisaremos contratar nenhum traba- lhador, pois não estaremos produzindo nada. Custo total – é resultante da soma do custo fixo e do custo variável para cada nível de produção. Assim: Para produção zero, custo total = R$16.000,00, resultante da soma do custo fixo de R$16.000,00 e do custo variável igual a zero. Para a produção de 1 unidade, custo total = R$18.000,00 resultante da soma do custo fixo de R$16.000,00 e do custo variável de R$2.000,00, e assim sucessivamente até a 12.ª unidade. Isso posto, estamos em condições de apresentar, com os dados da tabela, os perfis gráficos desses três custos. Montamos um plano cartesiano onde, no eixo horizontal, colocamos as quantidades produzidas, e no vertical, os valores dos custos correspondentes para cada nível de produção. Assim: Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Os custos da produção 114 Gráfico 1 – Perfil do custo fixo 0 16.000,00 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 custo perfil do custo fixo produção fixo (R$) Como podemos observar, o perfil do custo fixo apresenta-se como uma reta paralela ao eixo horizontal (da produção), uma vez que esse custo não varia de acordo com a produção, sendo o mesmo (R$16.000,00) tanto para o nível de produção zero, quanto para o nível de produção de 12 unidades (a produção máxima, dada a capacidade de produção instalada). Gráfico 2 – Perfil do custo variável 0 2.000,00 4.000,00 6.000,00 8.000,00 10.000,00 12.000,00 14.000,00 16.000,00 18.000,00 20.000,00 22.000,00 24.000,00 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 perfil do custo variável produção custo variável (R$) Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Os custos da produção 115 Como podemos observar, o perfil do custo variável apresenta-se como ascendente em relação ao volume de produção. Quanto maior a produção, maior é o custo variável. É esse o custo responsável pelo aumento do custo total, no curto prazo, quando aumentamos a produção. Note-se também que diferentemente do custo fixo, que se apresenta o mesmo para qualquer nível de produção, inclusive quando a produção é zero, o custo variável assume o valor de zero quando inexiste produção. Isso demonstra a correlação direta entre o custo variável e o nível de produção. Gráfico 3 – Perfil do custo total 0 16.000,00 18.000,00 20.000,00 22.000,00 24.000,00 26.000,00 28.000,00 30.000,00 32.000,00 34.000,00 36.000,00 38.000,00 40.000,00 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 custo total perfil do custo total produção (R$) Como podemos observar, o perfil do custo total apresenta-se ascendente em relação ao volume de produção. Em outras palavras, cresce quando ocorre crescimento no volume de produção. Note-se também que o mesmo tem o seu início no valor de R$16.000,00, que é o valor do custo fixo: a parcela do custo total que independe do volume de produção, ou seja, quando a produção for zero o custo total será igual ao custo fixo. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Os custos da produção 116 Os custos médios (unitários) Já analisamos os comportamentos dos custos fixo, variável e total. Como vimos, o custo fixo é a parcela do custo total que não varia com a produção. Já o custo variável é a parcela do custo total que varia de acordo com a produção. Vimos também que o custo total resulta da soma dos custos fixo e variável, e que o mesmo varia diretamente com o nível de produção em razão de sua parte representada pelo custo variável. A partir desse ponto, vamos nos ater a explicar o comportamento dos custos médios ou custos unitários. Assim: Custo total = custo fixo + custo variável Como estamos interessados em saber quanto em média custa produzir cada unidade, para chegarmos aos custos médios basta dividirmos os custos totais pelo número de unidades produzidas (produção total). Portanto: Custo médio (unitário) = Custo total Produção total ou Cme = CT PT Onde: Cme = Custo médio CT = Custo total PT = Produção total Custo fixo médio (unitário) = Custo fixo Produção total ou Cfme = Cf PT Onde: Cfme = Custo fixo médio Cf = Custo fixo PT = Produção total Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Os custos da produção 117 Custo variável médio (unitário) = Custo variável Produção total ou CVme = CV PT Onde: CVme = Custo variável médio CV = Custo variável PT = Produção total Interessa-nos, a partir de agora, verificarmos qual é o comportamento desses custos médios (unitários) perante um aumento na produção total. Custo fixo médio X aumento de produção O custo fixo médio é resultante da divisão do custo fixo pela produção total (número de unidades produzidas). Acreditamos que um exemplo hipo- tético nos permita entender como esse custo se comporta perante um au- mento de produção. Suponha que uma firma tenha um custo fixo de R$200.000,00 por ano, e que apresente as possibilidades descritas, conforme tabela abaixo: Tabela 2 – Custo fixo médio Custo fixo (R$) Produção total/unid. Custo fixo médio (R$) 200.000,00 10 000 20,00 200.000,00 20 000 10,00 200.000,00 40 000 5,00 200.000,00 50 000 4,00 200.000,00 100 000 2,00 200.000,00 200 0000 1,00 Como podemos observar pela tabela 2, calculamos o custo fixo médio de acordo com a sua fórmula, qual seja: Cfme = Cf PT Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Os custos da produção 118 O comportamento desse custo mostra-se decrescente em relação ao aumento da produção. Essa situação ocorre, pois, sendo o custo fixo uma constante, se o di- vidirmos por um valor de produção cada vez maior, o resultado será cada vez menor. Portanto: Quando a produção total aumenta, o custo fixo médio (unitário) diminui. Essa situação também pode ser demonstrada graficamente, bastando para tanto construir-se um plano cartesiano e nele se inserirem os pares orde- nados formados pela produção total e pelos custos fixos médios (unitários). Gráfico 4 – Perfil do custo fixo médio 0 1,00 2,00 4,00 5,00 10,00 20,00 10 0 00 20 0 00 40 0 00 50 0 00 10 0 00 0 20 0 00 0 custos fixos médios perfil do custo fixo médio produção total (R$) Custo variável médio X aumento de produção O custo variável médio é resultante da divisão do custo variável pela pro- dução total (número de unidades produzidas). Acreditamos que um exemplo hipotético nos permita entender como esse custo se comporta perante um aumento de produção. Suponha que uma firma apresente as seguintes possibilidades de produ- ção, conforme tabela 3, para os possíveis usos alternativos de número de tra- balhadores, já que no início deste capítulo fizemos a hipótese simplificadoraEste material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Os custos da produção 119 de que o aumento da produção total seria consequência de uma elevação do número de trabalhadores. Logo: Tabela 3 – Custo variável médio Número de trabalhadores Salário por trabalhador (R$) Custo variável total (R$) Produção total /unid. Custo variável médio (R$) 1 1.000,00 1.000,00 100 10,00 2 1.000,00 2.000,00 300 6,67 3 1.000,00 3.000,00 600 5,00 4 1.000,00 4.000,00 790 5,06 5 1.000,00 5.000,00 900 5,56 6 1.000,00 6.000,00 950 6,32 Como podemos observar pela tabela 3, calculamos o custo variável médio de acordo com sua fórmula, qual seja: CVme = CV PT O comportamento desse custo mostra-se primeiramente decrescente, e posteriormente crescente em relação ao aumento da produção total. Logo, o custo variável médio tem um comportamento diverso do custo fixo médio, ou seja: o custo variável médio vai ser decrescente, irá cair, enquanto a produção total aumentará mais rapidamente que os custos e começará a se elevar quando as adições à produção total começarem a dimi- nuir, ou seja, quando entrar em cena a Lei dos Rendimentos Decrescentes. Em outras palavras, o custo variável médio reflete mudanças na produção marginal do fator de produção variável, no caso o número de trabalhadores. Enquanto existirem aumentos crescentes na produção, o custo variável uni- tário apresentar-se-á decrescente; quando os aumentos na produção come- çarem a diminuir, o custo variável médio começará a subir. Analogamente ao custo fixo médio também é possível demonstrar o comportamento do custo variável médio graficamente, bastando para tanto Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Os custos da produção 120 construir-se um plano cartesiano e nele se inserirem os pares ordenados for- mados pela produção total e pelos custos variáveis médios. Logo: Gráfico 5 – Perfil do custo variável médio 0 5,00 5,06 5,56 6,32 6,67 10,00 10 0 20 0 30 0 40 0 50 0 60 0 70 0 79 0 90 0 95 0 custos variáveis médios perfil do custo variável médio produção total (R$) O custo marginal por unidade e o rendimento marginal por unidade Após termos efetuado a análise comportamental dos custos totais e médios, vamos trabalhar no sentido de ser possível determinarmos o ponto de máximo lucro da firma no curto prazo. Para tanto, faz-se necessário estu- darmos dois importantes conceitos, o de custo marginal por unidade e o de rendimento marginal por unidade: Custo marginal por unidade – a expressão marginal, em Economia, significa acréscimo, incremento. Assim, o custo marginal por unidade pode ser definido como o acréscimo ocorrido no custo total devido à produção de uma unidade a mais do produto. Dessa forma, podemos defini-lo como sendo a variação (acréscimo) no custo total dividido pela variação (acréscimo) na produção total. Assim: Cmg/un = Δ CT Δ PT Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Os custos da produção 121 Onde: Cmg/un = Custo marginal por unidade Δ CT = Acréscimo no custo total Δ PT = Acréscimo na produção total ou Δ CT = Custo marginal = Cmg Δ PT = Produção marginal = Pmg logo: Cmg/un = Cmg Pmg Vamos a um exemplo numérico para ilustrar essa situação. Suponha os dados constantes a tabela 4: Tabela 4 – Custo marginal e produção marginal Número de trabalhadores Custo total (R$) Cmg (R$) Produção total/unid. Pmg Cmg/unid. (R$) 10 50.000,00 – 25 000 – – 11 55.000,00 5.000,00 40 000 15 000 0,33 12 60.000,00 5.000,00 90 000 50 000 0,10 13 65.000,00 5.000,00 150 000 60 000 0,08 14 70.000,00 5.000,00 175 000 25 000 0,20 15 75.000,00 5.000,00 190 000 15 000 0,33 Custo marginal (Cmg) – Acréscimo no custo total. Quando aumentamos o número de trabalhadores de 10 para 11, o custo total cresce de R$50.000,00 para R$55.000,00; logo, temos um Cmg = R$5.000,00. De 11 para 12 trabalhadores, o custo total cresce de R$55.000,00 para R$60.000,00; logo, temos Cmg = 5.000,00, e assim sucessi- vamente até o 15.º trabalhador. Produção marginal (Pmg) – Acréscimo na produção total. Quando aumentamos o número de trabalhadores de 10 para 11, a produ- ção total cresce de 25 000 unidades para 40 000 unidades. Logo, temos uma Pmg = 15 000 unidades. De 11 para 12 trabalhadores a produção total cresce de 40 000 unidades para 90 000 unidades; logo, temos Pmg = 50 000 unidades, e assim sucessivamente até o 15.º trabalhador. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Os custos da produção 122 Se dividirmos os dados da coluna de Cmg pelas correspondentes da coluna de Pmg, teremos como resultado o custo marginal por unidade (Cmg/un). Portanto: R$5.000,00 : 15 000 = R$0,33 R$5.000,00 : 50 000 = R$0,10 R$5.000,00 : 60 000 = R$0,08 R$5.000,00 : 25 000 = R$0,20 R$5.000,00 : 15 000 = R$0,33 Como podemos observar, o Cmg/un apresenta-se primeiramente decres- cente em relação a aumentos da produção total e posteriormente crescente. Tal fato se deve, como no caso do custo variável médio, ao seu comporta- mento retratar mudanças na produção marginal, ou seja, enquanto tivermos produção marginal crescente, o Cmg/un será decrescente; quando a produ- ção marginal começar a decrescer, o Cmg/un começará a crescer. Novamente retratamos o fenômeno da Lei dos Rendimentos Decrescentes. Da mesma forma que fizemos com os outros custos, vamos também de- monstrar o seu comportamento graficamente por meio de um plano carte- siano, onde iremos relacionar produção total e custo marginal por unidade. Logo: Gráfico 6 – Perfil do custo marginal por unidade 0 0,33 0,08 0,10 0,20 40 0 00 90 0 00 15 0 00 0 17 5 00 0 19 0 00 0 custos marginais por unidades perfil do custo marginal por unidade produção total custo marginal por unidade (Cmg/un) Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Os custos da produção 123 Rendimento marginal por unidade (Rmg/ un) – Da mesma forma a expressão marginal aqui existente refere-se a acréscimo, incremento. Logo, ao nos referirmos a rendimento marginal por unidade, estaremos analisando o quanto cresce o rendimento total da firma (faturamento) em razão da venda de uma unidade ou mais de produto. Assim: Rmg/un = Δ RT Δ PT Onde: Rmg/un = Rendimento marginal por unidade Δ RT = Acréscimo no rendimento total Δ PT = Acréscimo na produção total ou Δ RT = Rendimenro marginal = Rmg Δ PT = Produção marginal = Pmg logo: Rmg/un = Rmg Pmg Vamos a um exemplo numérico para ilustrar essa situação: suponha os dados constantes da tabela 5: Tabela 5 – Rendimento marginal por unidade Produção total Pmg Preço unitário (R$) Rendimento total (R$) Rendimento marginal (Rmg) (R$) Rmg/un (R$) 10 – 2,00 20,00 – – 15 5 2,00 30,00 10,00 2,00 18 3 2,00 36,00 6,00 2,00 20 2 2,00 40,00 4,00 2,00 22 2 2,00 44,00 4,00 2,00 25 3 2,00 50,00 6,00 2,00 Explicando a tabela: Pmg Produção marginal Acréscimo na produção total. Quando a produção total sobe de 10 para 15 unidades, temos uma Pmg de 5 unidades. De 15 para 18 unidades, a Pmg é de 3 unidades e assim sucessivamente. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Os custos da produção 124 Rendimento total – preço unitário multiplicado pela quantidade ven- dida (em nosso caso, cada nível de produção total). Assim:Produção total = 10 unidades multiplicada por R$2,00 (preço unitário); rendimento total = R$20,00. Produção total = 15 unidades multiplicada por R$2,00 (preço unitário); rendimento total = R$30,00 e assim sucessivamente. Rmg Rendimento marginal acréscimo no rendimento total. Quando a quantidade vendida (produção total) sobe de 10 para 15 uni- dades, o rendimento total sobe de R$20,00 para R$30,00 e temos um Rmg = R$10,00. De 15 para 18 unidades, o rendimento total sobe de R$30,00 para R$36,00 e temos um Rmg = R$6,00, e assim sucessivamente. Se dividirmos os dados da coluna do Rmg pelos correspondentes da coluna de Pmg, teremos como resultado o rendimento marginal por unidade (Rmg/un). Portanto: R$10,00 : 5 = R$2,00 R$6,00 : 3 = R$2,00 R$4,00 : 2 = R$2,00 R$4,00 : 2 = R$2,00 R$6,00 : 3 = R$2,00 Como se pode observar, o Rmg/un para uma firma operando no curto prazo e em uma estrutura de mercado competitivo é igual ao preço unitário de venda do produto. Isso ocorre em razão do fato de ser o mercado por meio das forças de oferta e de demanda quem estabelece o preço nesse tipo de mercado, cabendo à firma segui-los. É possível também, para o Rmg/un, fazermos uma demonstração gráfica de seu comportamento bastando para tanto montarmos um plano Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Os custos da produção 125 cartesiano onde relacionaremos produção total (vendas) e rendimento marginal por unidade. Logo: Gráfico 7 – Rendimento marginal por unidade 0 2,00 10 15 18 20 22 25 rendimento marginal por unidade perfil do custo marginal por unidade produção total (R$) O ponto de máximo lucro da firma no curto prazo Com os conceitos já discutidos, estamos em condições de estabelecer o ponto de máximo lucro da firma no curto prazo, bastando, para tanto, con- frontar o Cmg/un e o Rmg/un. Cmg/ un – acréscimo ocorrido no custo total devido à produção de uma unidade adicional de produto. Rmg/ un – acréscimo ocorrido no rendimento total da firma devido à venda de uma unidade adicional de produto. O ponto de máximo lucro da firma no curto prazo ocorrerá quando o Rmg/un for igual ao Cmg/un, sendo o Cmg/un crescente. Graficamente, podemos demonstrar esse ponto, bastando inserir em um mesmo plano cartesiano o perfil do custo marginal por unidade e o perfil do rendimento marginal por unidade. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Os custos da produção 126 Irrelevância dos custos inevitáveis (McCONNELL; BRUE, 1999) Os custos inevitáveis não devem ser levados em conta no processo de tomada de decisão. Segundo um velho ditado, “não adianta chorar o leite derramado.” Essa frase refere-se ao fato de que, uma vez que você tenha derramado um copo de leite, não há mais nada a fazer para recuperá-lo. Assim, é melhor esquecer o incidente e “seguir em frente”. Esse ditado tem muita relevância para o que Assim: Gráfico 8 – Ponto de máximo lucro 0 preço Cmg/un Rmg/un produção total Cmg/un ponto de máximo lucro A un un un ponto de máximo lucro Rmg/un Cmg/un O ponto de máximo lucro da firma no curto prazo é o ponto A, no qual se pode observar Rmg/un = Cmg/un, sendo o Cmg/un crescente. Esse é o ponto de máximo lucro, pois, como podemos observar, produzir uma unidade a mais do que a constante nesse ponto custará mais do que o preço unitário do produto adicionando um valor ao custo total superior ao acréscimo no rendimento total. Da mesma forma, caso se realize a venda de uma unidade a menos, tere- mos ausência de rendimento adicional, já que o Cmg/un apresenta-se abaixo do Rmg/un. Ampliando seus conhecimentos Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Os custos da produção 127 os economistas denominam de custos inevitáveis (sunk costs). Tais custos são como o naufrágio de um navio no oceano: uma vez que esses custos tenham sido incorridos, eles não podem ser recuperados. Vamos tentar compreender essa ideia, inicialmente aplicando-a aos consu- midores e então às firmas. Suponha que você compre com antecedência um ingresso para um jogo de futebol, mas que na manhã do jogo você acorde passando mal, com gripe. Sentindo-se deprimido, você vai até a rua para ver como está a temperatura lá fora – 10 graus. Você não quer ir ao jogo, mas não consegue esquecer o preço exorbitante que pagou pelo ingresso. Você tenta vender o ingresso para várias pessoas, mas logo descobre que nenhuma delas está interessada em ir, mesmo a um preço com desconto. Portanto, você con- clui que todas as pessoas que querem ir ao jogo já têm ingresso. Você deve ir ao jogo? De acordo com análise econômica, você não deve agir se o custo marginal exceder o benefício marginal. E, nessa situação, o preço que você pagou pelo ingresso é irrelevante para a decisão. Tanto o custo marginal ou adicional quanto o benefício marginal ou adicional estão relacio- nados com o futuro. Se o custo marginal de ir ao jogo superar o benefício mar- ginal, será melhor ficar em casa na cama. Essa decisão teria sido a mesma caso você tivesse pago $2, $20 ou $200 pelo ingresso, pois o preço que você pagou por alguma coisa não afeta o seu benefício marginal. Uma vez que o ingresso tenha sido comprado e não possa ser revendido, seu custo é irrelevante para a decisão de assistir ou não ao jogo. Como “você certamente não quer ir”, obvia- mente o custo marginal excede o benefício marginal do jogo. Analisemos agora um segundo exemplo: Suponha que uma família esteja em férias e pare em uma barraca à beira da estrada para comprar maçãs. As crianças voltam para o carro e, ao morderem as maçãs, dizem imediatamente que elas estão “completamente podres” e que não as comerão mais. Os pais concordam que as maçãs estão “horríveis”, mas o pai continua comendo-a, pois, como ele mesmo diz “pagou caro por elas”. Uma das crianças replica: “Pai, isso é irrelevante.” Embora não tenha feito essa afirma- ção de forma muito diplomática, a criança está certa. Ao tomar uma nova deci- são você deve ignorar todos os custos que não são afetados por essa decisão. A decisão ruim anterior (em retrospecto) de comprar as macãs não deve ditar uma segunda decisão para a qual o benefício marginal é inferior ao custo marginal. Agora, vamos aplicar o conceito de custos inevitáveis às firmas. Parte dos custos de uma firma não é apenas fixa (recorrente, mas não relacionada ao nível de Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Os custos da produção 128 Atividades de aplicação 1. Trata-se da parcela do custo total que não varia com a produção, dentro de uma capacidade produtiva instalada; referimo-nos ao: a) custo variável. b) custo fixo unitário. produção), mas também é inevitável. Por exemplo, o pagamento do aluguel anual de uma loja não pode ser ressarcido, uma vez que tenha sido pago. A decisão de uma firma de se mudar de uma loja para outro local mais lucrativo não depende do tempo que resta de aluguel. Se a mudança de loja significar mais lucros, faz sentido a firma se mudar, mesmo que ainda existam 300, 30 ou 3 dias de aluguel pago. Suponha que uma firma gaste $1 milhão em P&D para lançar um novo pro- duto, apenas para descobrir que o produto vende muito pouco. Essa firma deve continuar a produzi-lo com prejuízo, mesmo que não haja nenhuma perspectiva futura de sucesso? É claro que não. Ao tomar essa decisão, a firma sabe que o valor que ela gastou desenvolvendo o produto é irrelevante, e que ela deve parar a pro- dução e eliminar as perdas. De fato, muitas firmas retiram produtos do mercado, mesmo depois de teremgasto milhões de dólares no seu desenvolvimento. Como exemplo, temos o New Coke da Coca-Cola e o MacLean Burger do McDonald’s. Por fim, vamos considerar um exemplo do mundo real. Durante décadas, a Boeing e a McDonnell Douglas foram rivais na venda mundial de aeronaves comerciais. Cada companhia gastava bilhões de dólares em P&D e em marke- ting para tentar obter vantagens competitivas sobre a rival. Entretanto, em 1996, elas de repente se fundiram. Muitos observadores ficaram surpresos com a fusão das companhias, que tinham gastado quantias gigantescas para competir no passado, mas que de repente esqueceram o passado e concor- daram com a fusão. Mas esses esforços e gastos do passado são irrelevantes para essa decisão, pois são custos inevitáveis. A decisão de olhar para frente levou as duas companhias a concluírem, cada uma por seus próprios meios, que o benefício marginal de uma fusão compensaria o custo marginal. Em suma, se um custo foi incorrido e não pode ser parcial ou completa- mente recuperado por alguma razão, um consumidor ou firma racional deve ignorá-lo. Os custos inevitáveis são irrelevantes, ou, como diz o ditado: “Não se deve chorar o leite derramado.” Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Os custos da produção 129 c) custo fixo. d) custo total. 2. Os custos variáveis: a) representam a parcela do custo total que varia de acordo com a produção. b) representam a parcela do custo total que não varia de acordo com a produção. c) representam o custo total de uma empresa qualquer. d) são os custos que nada têm a ver com o volume de produção de uma firma. 3. Relativamente ao custo marginal por unidade: a) representa o acréscimo ocorrido no custo total devido à produção de uma unidade a mais do produto ou serviço. b) será sempre igual ao custo médio por unidade produzida. c) será sempre igual ao rendimento marginal por unidade. d) será sempre igual a zero. 4. O ponto de máximo lucro da firma no curto prazo é: a) o ponto no qual o Rmg/un se iguala ao preço unitário de venda do produto. b) o ponto no qual o Cmg/un é maior do que o Rmg/un. c) o ponto no qual o Rmg/un se igualar ao Cmg/un, sendo o custo mar- ginal por unidade crescente. d) o ponto que apresenta Rmg/un maior do que o Cmg/un, sendo o Cmg/un decrescente. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Os custos da produção 130 Gabarito 1. C 2. A 3. A 4. C Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Os custos da produção 131Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Referências HALL, Robert E.; LIEBERMAN, Marc. Microeconomia: princípios e aplicações. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2003. LINS, Luiz S.; SILVA, Raimundo Nonato S. Gestão Empresarial com Ênfase em Custos: uma abordagem prática. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2005. MANKIW, N. Gregoy. Introdução à Economia. São Paulo: Pioneira Thomson Lear- ning, 2005. McCONNEL, Campbell R.; BRUE, Stanley L. Microeconomia. Rio de Janeiro: LCT Editora, 1999. MEGLIORINI, Evandir. Custos. São Paulo: Makron Books, 2003. PADOVEZE, Clóvis Luis. Controladoria Estratégia e Operacional: conceitos – estrutura – aplicação. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2005. ________. Curso Básico Gerencial de Custos. São Paulo: Pioneira Thomson Le- arning, 2003. ________. Introdução à Administração Financeira. São Paulo: Pioneira Thom- son Learning, 2005. PASSOS, Carlos Roberto M.; NOGAMI, Otto. Princípios de Economia. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2003. PINDYCK, Robert S.; RUBINFELD, Daniel L. Microeconomia. São Paulo: Makron Books, 1994. ROSSETTI, José Paschoal. Introdução à Economia. São Paulo: Atlas, 2000. TROSTER, Roberto Luis; MOCHÓN, Francisco. Introdução à Economia. São Paulo: Makron Books, 1999. VASCONCELLOS, Marco Antônio Sandoval de. Economia: micro e macro. São Paulo: Atlas, 2002. 189Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br
Compartilhar