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Arlindo Ugulino Netto –ANESTESIOLOGIA – MEDICINA P5 – 2009.2 1 MED RESUMOS 2011 NETTO, Arlindo Ugulino. ANESTESIOLOGIA INTRODUÇÃO À ANESTESIOLOGIA E HISTÓRICO Anestesiologia é a especialidade médica que estuda os meios possíveis de proporcionar a ausência ou alívio da dor e/ou outras modalidade sensitivas ao paciente que necessita ser submetido a procedimentos médicos, como cirurgias ou exames diagnósticos, identificando e tratando eventuais alterações das funções vitais. A especialidade vem, a cada dia, ampliando suas áreas de atuação, englobando não só o Período Intra- Operatório, como também os períodos Pré e Pós-Operatórios, realizando atendimento ambulatorial para Avaliação Pré- Anestésica e assumindo um papel fundamental pós-cirúrgico no acompanhamento do paciente tanto nos Serviços de recuperação pós-anestésica e Unidades de Terapia Intensiva quanto no ambiente da enfermaria até o momento da Alta Hospitalar. Em razão destas mudanças, existe a tendência atual de se denominar esta especialidade médica como Medicina Periperatória. No Brasil, sua prática, bem como a discriminação das condições mínimas para a segurança do paciente, e a divisão de responsabilidades entre os profissionais que a exercem, é especificada em resolução do Conselho Federal de Medicina (CFM) número 1802/06. OBJETIVOS DA ANESTESIA A anestesia é o procedimento médico que tem por finalidade promover um bloqueio das modalidades sensitivas de um modo geral. Para realizar tal função, ela pode agir de duas maneiras: com integridade da consciência (anestesia local) ou ocorrendo inconsciência (anestesia geral). ANESTESIA LOCAL Os anestésicos locais são um grupo de fármacos utilizados para induzir a anestesia em nível local sem produzir inconsciência. Baseia-se na infiltração de anestésicos locais nas proximidades da área a ser operada, usualmente empregada em cirurgias de superfície de pequeno ou médio porte. Auxiliam no tratamento da dor pós-operatória quando utilizada sozinha ou em associação com outras técnicas anestésicas. Para isso, eles bloqueiam a condução nervosa de impulsos sensitivos da periferia para o SNC, bloqueando canais de sódios de nervos segmentares. São indicados para anestesia de mucosa, anestesia infiltrativa e anestesia regional, quando não é necessário a perda da consciência. ANESTESIA GERAL Os anestésicos gerais tem como objetivo gerar uma depressão do total do SNC, sem a manutenção da consciência. Os principais objetivos da anestesia geral é: Bloqueio ou insensibilidade à dor; Promover a inconsciência; Bloquear e evitar reflexos autonômicos (neurovegetativos) indesejáveis; Promover amnésia anterógrada, isto é, fazer com que tudo que acontece após a anestesia seja esquecido pelo paciente; Promover o relaxamento muscular. Para realizar todos esses efeitos, os anestésicos gerais contam com o auxílio de diversas classes de fármacos coadjuvantes (para construir a chamada anestesia balanceada), tais como: Coadjuvantes pré-anestésicos: o Anticolinérgicos (atropina, copolamina): usam-se bloqueadores muscarínicos para proteger o coração de uma eventual parada durante a indução anestésica (o halotano, por exemplo, é um anestésico inalatório que pode levar a uma parada cardíaca muito facilmente). o Antieméticos: para inibir náusea e vomito durante a anestesia (efeito que pode ser desencadeado por analgésicos opiódes). o Anti-histamínicos: para evitar a reação alérgica e, principalmente, cooperar na sedação (ajudando a minimizar a quantidade de anestésico a ser administrado). o Barbitúricos: tanto ajuda na sedação quanto ajuda na velocidade desta sedação. O tiopental, por exemplo, é um anestésico geral que atua de maneira tão veloz que pula um dos estágios da anestesia. o Benzodiazepínicos: utilizados para tratar a ansiedade, sendo, por muitas vezes administrado 24h antes da anestesia. Apresenta um efeito excelente para amnésia anterógrada. o Opióides: tem um satisfatório efeito anestésico. Arlindo Ugulino Netto –ANESTESIOLOGIA – MEDICINA P5 – 2009.2 2 Relaxantes musculares: o Succinilcolina: relaxante muscular despolarizante utilizado em anestesias para a realizao de intubao, apresentando efeito de 1 a 3 minutos. o Atracrio, vicurnio: relaxantes musculares no-despolarizantes cuja ao inibida pela anti-AChE. RESUMO HISTRICO DA ANESTESIA Nos prim rdios, alguns cirurgies consideravam a dor uma consequncia inevitvel do ato cirrgico, no havendo uma preocupao, por parte da maioria deles, em empregar tcnicas que aliviassem o sofrimento relacionado ao procedimento. A hist ria da Anestesia reflexo do homem na busca de uma vida melhor: se no pode ser feliz, que ao menos a vida seja domada. As primeiras tentativas de alvio da dor foram feitas com mtodos puramente fsicos como presso e gelo, bem como uso de hipnose, ingesto de lcool e preparados botnicos. Os passos que a anestesiologia seguiu at que William Morton, em 1846, demonstrasse em pblico o efeito da anestesia em uma cirurgia so vrios, sendo todos eles importates. Os passos que mais merecem destaque so descritos abaixo: 460-377 a.C.: Hip crates usa a “esponja soporfera”, impregnada com uma mistura de pio, mandrgora e outras substncias. Dizia que “uma vez identificada a leso, o cirurgio devia preparar adequadamente o campo, colocar-se em lugar bem iluminado, ter suas unhas curtas e ser hbil no manejo dos dedos, principalmente com o indicador e o polegar. 50 d.C.: Diosc rides, mdico grego, usa o termo anestesia no seu significado moderno ao descrever os efeitos da mandrgora. 1275: Raymundus Lullius descobre o ter e chama-o vitrolo doce. 1298: no dia 24 de dezembro, morre Theodorico de Lucca, mdico italiano e bispo. Ele desenvolveu as “Esponjas Suporferas”. 1540: Valrius Cordus descreve a sntese do ter. 1543: Vesalius realiza as primeiras disseces humanas. 1564: Ambroise Par aplica a congelao ou o esfriamento na zona operat ria como anestsico. 1616: Willian Harvey estuda e descobre a circulao sangnea. 1665: Segismund Elsholtz injeta soluo de pio para produzir insensibilidade dor. 1666: Samuel Pepys relata a primeira transfuso de sangue, em cachorros. 1744: Fothergill publica um relato de ressurreio boca a boca para reavivar os aparentemente mortos. 1771: Joseph Priestley descobre o oxignio. 1772: Priestley sintetiza o xido nitroso aquecendo nitrato de amnia a 240C em uma retorta de ferro. 1776: Antoine Laurent Lavoisier identifica o oxignio chamando a ateno para sua importncia na composio do ar e junto ao nitrognio. 1792: Curry, utilizando o tato, realiza intubao traqueal pela primeira vez. 1799: Em Bristol, Inglaterra, Davy se torna a primeira pessoa a respirar xido nitroso. 1823: O jovem mdico ingls Henry Hill Hickmann, que no suportava os gritos dos pacientes sendo operados, inicia experimentos para levar os animais ao estado de inconscincia pela inalao de gs carbnico. 1824: Henry Hill Hickman escreve carta para T. A. Knight na qual relata as experincias com cirurgia indolor cem animais. 1829: Dr. Jules Cloquet realiza mastectomia em paciente adormecido pela hipnose. 1831: Samuel Guthrie (EUA), Eugene Souberrain (Frana) e Von de Justus Liebing (Alemanha) sintetizam o clorof rmio. 1832: Nasce Ephraim Cutter, mdico americano e inventor do laringosc pio. 1836: Lafarge, da Frana, inventa o primeiro trocar oco para injetar morfina. 1840: John Hutchinson mede a capacidade vital pulmonar pela primeira vez. 1842: Willian E. Clarke administra ter em uma tolia para a Sra. Hobbie, para que o dentista Elijah Pope pudesse extrair-lhe um dente. 1842: Nasce o mdico alemo Heinrich Irenaus Quincke, introdutor da puno lombar. 1844: Dr. Smile administra uma mistura de ter e pio a um sacerdotetuberculoso que padecia de violentas crises de tosse. Horace Wells, durante demonstrao dos efeitos do gs hilariante, observou que um dos que inalaram este gs machucou a perna sem sentir dor. 1845: Horace Wells tenta demonstrar as propriedades do xido nitroso e fracassa, em Boston. Francys Rynd o primeiro a introduzir fludos no corpo por injees subcutneas usando seringa. 1846: O dentista Willian Thomas Green Morton, de Boston, anestesia o paciente Eben Frost para tratamento dentrio. No dia 16 de outubro de 1846, Morton realizou a primeira demonstrao pblica de anestesia para cirurgia. George Hayward remove um tumor grande do brao de uma paciente anestesiada com ter. Henry J. Bigelow relata os quatro casos anestesiados por Morton para a Boston Society for Medical Improvements. Um artigo de Bigelow publicado no The Boston Medical and Surgical Journal, divulgando a anestesia com ter ao mundo. Arlindo Ugulino Netto –ANESTESIOLOGIA – MEDICINA P5 – 2009.2 3 1847: Dr. Robert Haddock Lobo administra a primeira anestesia no Rio de Janeiro, Brasil. Simpson descobre as propriedades anestsicas do clorof rmio. Em Edimburgo, James Young Simpson usa ter pela primeira vez para aliviar dor de parto. A primeira cesariana com anestesia geral executada. O cirurgio foi Skey e o anestesista Tracy. John Snow comea a administrar ter em cirurgias principais no St. Georges Hospital, em Londres. O dentista e mdico Nathan Cooley Keep administra a primeira anestesia geral para a obstetrcia nos EUA. Em Edimburgo, Esc cia, James Young introduz o clorof rmio na prtica clnica. 1848: Uma paciente na Inglaterra torna-se a primeira fatalidade sob ao do clorof rmio. 1851: Charles Gabriel inventa a seringa, na Frana. 1853: Alexander Wood melhora a recm inventada seringa-hipodrmica. Dr. John Snow administra clorof rmio rainha Vit ria para o nascimento do prncipe Leopoldo. 1854: Wood inventa a agulha metlica oca. 1856: Dr. Marshall Hall descreve a respirao artificial em The Lancet. John Snow faz a primeira administrao clnica de amileno. 1857: Nasce Carl Coller. Em 1880 ele estudou os efeitos da cocana e em 1884 descobriu as propriedades anestsicas da droga. 1868: T. W. Evans liquidifica xido nitroso para armazenamento e conservao em cilindros de metal. 1873: Primeira morte documentada ap s inalao de xido nitroso na Inglaterra, registrada em The Lancet. 1884: Dr. Carl Koller, junto com Sigmund Freud, relat apara o congresso de Oftalmologia de Heidelberg o uso de cocana como anestsico local. 1887: George Thomas Morton, filho de Morton, executa primeira apendicectomia. 1898: Dr. August Bier, cirurgio alemo, realiza o primeiro bloqueio subaracn ideo. 1898: Henry Hillard descreve a induo e manuteno de anestesia com xido nitroso com mscara. 1908: D. C. Waller descreve o aparelho na reunio da Physiological Society, em Londres. 1909: Virgnia Apgar nasce em Westfield, New Jersey. Em finais, de 1940, ela comeou a desenvolver o sistema de pontos para avaliao dos recm-nascidos que recebeu seu nome. 1930: O cirurgio russo Sergei Yudin realiza a primeira transfuso de sangue de cadver em um ser humano. 1939: Em Winconsin, Ralph. M. Waters emprega tionembutal pela primeira vez. 1948: Fundao da Sociedade Brasileira de Anestesiologia no Rio de Janeiro. OBS: No dia 16 de Outubro, comemora-se o dia do anestesista em homenagem primeira demonstrao pblica de anestesia para cirurgia por William T. G. Morton, na manh do dia 16 de Outubro de 1846, quando tinha apenas 27 anos. Depois de testar o ter em alguns de seus pacientes – o que fez a sua fama – Morton escolheu o Massachusetts General Hospital, em Boston para uma demonstrao ao mundo mdico de sua tcnica anestsica para a extrao de dentes. Diante de vrios representantes de profisses, mdicos e estudantes de medicina, Morton anestesiou com ter sulfrico um paciente do Dr. Warren, o qual, depois de tecer vrios elogios tcnica descoberta por Morton, publicou o feito no The Boston Medical and Surgical Journal.
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