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UNIDADE DE APRENDIZAGEM AGENTES E CONTEXTOS DA INOVAÇÃO EMPREENDEDORISMO E INOVAÇÃO 4 • Para início de Conversa • Objetivo de Aprendizagem do Capítulo • 1. Empresas inovadoras • 2. Ambientes promotores de Inovação • 3. Hélices da inovação • 4. Ecossistemas de inovação • Considerações finais • Referências ............. 03 ............. 03 ............. 04 ............. 07 ............. 09 ............. 10 ............. 13 ............. 13 Sumário 3 Para início de conversa: Estudamos na Unidade 2 a importância da pesquisa básica (científica, “pura” e “orientada”), da pesquisa aplicada e do desenvolvimento experimental para a inovação em produtos e processos. Sem esse conhecimento fica praticamente impossível uma empresa inovar. Para ter constante acesso às informações sobre os avanços tecnológicos, as empresas inovadoras procuram se inserir e interagir em ecossistemas formados por organizações públicas e privadas voltadas para esse fim. Universidade, indústria e governo unem forças para resolver problemas e buscar melhorias no campo da saúde, transporte, meio ambiente, qualidade de vida, economia etc. Compreender as interações entre os integrantes dos ecossistemas de inovação é fundamental para quem quer dominar o empreendedorismo atual. Objetivo de Aprendizagem do Capítulo: • Compreender o que são startups. • Entender o que são ambientes promotores de inovação. • Conhecer os modelos de hélice tríplice, quádrupla e quíntupla de inovação. • Entender o que são ecossistemas de inovação. 4 O modelo interativo deixa claro não apenas o papel fundamental da pesquisa e da gestão do conhecimento para empresas e órgãos de inovação, como também a necessidade de flexibilidade para avançar e retroceder pelas etapas. Curiosidade: Henry Ford, um dos maiores empreendedores do século XX, responsável pela fabricação e comercialização em massa do automóvel, enfatizou a importância de antecipar as necessidades dos consumidores com a famosa frase: “Se eu tivesse perguntado às pessoas o que elas queriam, certamente teriam respondido: cavalos mais velozes.” No contexto dos negócios inovadores, um termo bastante popularizado nos últimos anos é o de startup. O termo é caracterizado por uma aura de inovação, remetendo a empreendimentos lançados por jovens criativos e livres, que desejam ser independentes do jugo de patrões. No livro Gestão 1. EMPRESAS INOVADORAS Estudamos anteriormente o importante papel que a pesquisa básica (científica, “pura” e “orientada”), a pesquisa aplicada e o desenvolvimento experimental cumprem para a inovação em produtos e processos. O livro Gestão da Inovação e Competitividade (2018), organizado por Silvia Helena Henriques, apresenta o modelo linear de inovação formado sequencialmente pela pesquisa básica, pesquisa aplicada, desenvolvimento, produção e distribuição e comercialização, conforme a ilustração a seguir. O livro Gestão da Inovação e Competitividade também traz o modelo interativo de inovação, no qual a pesquisa e o conhecimento são acionados permanentemente nas etapas de análise do mercado potencial ou prospecção tecnológica, concepção de projeto básico, desenvolvimento, teste, produção, distribuição e comercialização. Etapas que não seguem necessariamente o fluxo unidirecional – como no caso do modelo linear –, mas que podem ser retomadas sempre que necessário. FONTE: LIVRO GESTÃO DA INOVAÇÃO E COMPETITIVIDADE FONTE: LIVRO GESTÃO DA INOVAÇÃO E COMPETITIVIDADE (SILVA HELENA HENRIQUES, 2018) (SILVA HELENA HENRIQUES, 2018) 5 de Startups (2020), Elaine Cristina Hobmeir explica que uma startup é um modelo criado com base em ideias geradas por empreendedores, que se mostra repetível e escalável. Apesar desse modelo ser criado para novas empresas, sua abordagem também pode ser adotada em empresas já existentes e em fase de reengenharia de procedimentos que não lhes deram a desejada liderança no mercado. Segundo Hobmeir, “o modelo criado para as startups é, geralmente, uma solução que nunca foi desenvolvida ou criada para concorrer em mercados altamente competitivos, para oferta de produtos que sejam melhores que os da concorrência.” As startups tecnológicas avaliadas em mais de 1.000 milhões de dólares (sem ter presença na bolsa) são chamadas de unicórnios. “Estas empresas são avaliadas com base nas suas oportunidades de mercado e no seu potencial de mercado, a longo prazo” (SEBRAE, 2022). Entretanto, é importante saber que as startups são empresas criadas em contextos de elevada incerteza e que podem apresentar grande risco de perda do capital investido, o que dificulta a sua proliferação desordenada. “Há exemplos notórios, tais como a Netflix, o Uber e tantas outras empresas que foram criadas em meio à desconfiança geral e que acabaram se tornando fenômenos em suas áreas de atuação, sofrendo muito combate e, em muitos casos, boicotes severos, devido a deslocarem muitas pessoas de suas zonas de conforto e ao enfrentamento que faziam às grandes empresas, que acabaram por substituir” (HOBMEIR, 2020). Apesar dessas empresas de grande sucesso serem as primeiras que vêm à nossa mente quando ouvimos falar em negócios inovadores, na verdade a maioria das startups criadas não tem vida longa. FONTE: ENVATO FONTE: FREEPIK 6 Diante de um mercado tão dinâmico e desafiador, as startups contam com o suporte das aceleradoras. As aceleradoras são pessoas jurídicas – com ou sem fins lucrativos – que se dedicam ao apoio de negócios inovadores iniciais, ou startups. Em troca, algumas aceleradoras almejam a participação societária futura nos negócios acelerados. O apoio das aceleradoras é realizado por meio de um processo organizado onde são cumpridas várias etapas (seleção, capacitação, mentorias, oportunidades de acesso a mercados, infraestrutura e serviços de apoio), além do aporte de capital financeiro inicial próprio ou de sua rede de investidores (ANPROTEC apud BUSATO, 2020). Importante: “Há um indicativo negativo e que pode afastar muitos criadores de boas ideias: a grande maioria das startups criadas tem seu fechamento decretado antes que completem um ano de atuação no mercado.” (Elaine Cristina Hobmeir, 2020) Na unidade 3 estudamos que o empreendedor precisa ser criativo, perseverante e otimista. Hobmeir (2020) vai além e se aprofunda no detalhamento dos conhecimentos que quem empreende em novos negócios, ou startups, deve possuir: • Estratégia • Tecnologia • Marketing Vendas • Pessoas • Finanças • Criatividade • Inovação • Networking FONTE: PIXABAY As startups geralmente são lembradas como negócios inovadores, gerenciados com criatividade e espontaneidade. Mas por estarem inseridas em contextos de elevada incerteza, muitas acabam fechando antes de completar um ano de atuação no mercado. 7 2. AMBIENTES PROMOTORES DE INOVAÇÃO Ambientes de inovação são espaços propícios à inovação e ao empreendedorismo. São ambientes característicos da economia baseada no conhecimento, que articulam-se com empresas, Instituições Científicas, Tecnológicas e de Inovação (ICTs), governos, agências de fomento e organizações da sociedade civil. São exemplos de ambientes de inovação as instituições de apoio à ciência, tecnologia e Inovação (CT&I), instituições científicas, tecnológicas e de inovação (ICT), parques tecnológicos, incubadoras de empresas, aceleradoras, hubs, espaços coworking, open labs etc. São exemplos de instituições de apoio a ciência, tecnologia e inovação (CT&I) as universidades, o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação e os Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia. Uma instituição científica, tecnológica e de inovação (ICT) é uma entidade pública ou privada que realiza pesquisa básica ou aplicada de caráter científico ou tecnológico, ou o desenvolvimento de novos produtos ou processos. Importante:As aceleradoras são agentes fortemente orientados ao mercado e com capacidade de investimento financeiro, que cumprem a função de direcionar e potencializar o desenvolvimento das startups. Os empreendedores de startups também podem contar com outro importante agente do contexto da inovação: o investidor-anjo. De acordo com o SEBRAE (2022), “o investidor- anjo é um profissional com uma certa bagagem de mercado, normalmente empresário, executivo ou profissional liberal, que entra na empresa para agregar valor, compartilhando seus conhecimentos, experiência e rede de relacionamentos além de recursos financeiros.” FONTE: ENVATO 8 No Brasil, 93 iniciativas de parques tecnológicos foram cadastradas em 2021, sendo 58 parques tecnológicos em estágio de operação, 13 em estágio de implantação e 22 em estágio de planejamento; 1.993 empresas e organizações estavam vinculadas aos parques tecnológicos brasileiros em 2021 (FARIA, 2021). • Os maiores parques tecnológicos do Brasil são: • Fundação Unicamp (Campinas) • Parque Guamá (Belém) • Parque Tecnológico de Samambaia (Goiânia) • Parque Tecnológico de São José dos Campos • Parque Tecnológico do Rio (Rio de Janeiro) • Parque Tecnológico Sapiens (Florianópolis) • Parque Tecnológico TecnoPuc (Porto Alegre) • Porto Digital (Recife) • San Pedro Valley (Belo Horizonte) • Vale da Eletrônica – Inatel (Santa Rita do Sapucaí) Curiosidade: Estima-se que no mundo existam mais de 1.000 parques tecnológicos. (Adriana Faria, 2021) As incubadoras de empresas são instituições que oferecem infraestrutura e suporte gerencial a empreendedores nas ações de desenvolvimento das suas ideias rumo ao sucesso Adriana Faria (2021) explica que um parque tecnológico é uma organização intermediária entre universidade, indústria e governo, equilibrando as aspirações dos stakeholders e da sociedade para o desenvolvimento sustentável. Um parque tecnológico é um complexo produtivo industrial e de serviços de base científico-tecnológica que promove a cultura da inovação, da competitividade e da capacitação empresarial, incrementando a produção de riqueza de uma região. Luciano Busato (2020) comenta que os parques tecnológicos beneficiam os empreendimentos neles localizados por gerarem um ambiente de cooperação entre empresas inovadoras e instituições de C&T. Eles estão difundidos em todo mundo como instrumentos de política pública de tecnologia e inovação para o desenvolvimento regional. FONTE: PIXABAY Universidades, parques tecnológicos, incubadoras de empresas e espaços coworking são exemplos de ambientes promotores de inovação. 9 3. HÉLICES DA INOVAÇÃO No livro Para Compreender os Ecossistemas de Inovação (2022), Cleyson Mello, José Almeida Neto e Regina Petrillo discorrem sobre o conceito da hélice tríplice da inovação, um paradigma de produção de inovação que deixa de ser centrado apenas na indústria e passa a se apoiar em três elementos inter-relacionados: as empresas, as universidades e o governo. “As intenções universidade-indústria-governo formam uma “hélice tríplice” de inovação e constituem a chave para o crescimento econômico e o desenvolvimento social baseados no conhecimento”. Mello, Almeida Neto e Petrillo (2022) também apresentam no seu livro os conceitos da quarta e quinta hélice da inovação. A hélice quádrupla caminha no sentido de reconhecer o importante papel da sociedade para a obtenção das metas e objetivos das comercial. Para usufruir desse suporte, é necessário passar por um processo seletivo com critérios que variam de acordo com cada incubadora (BUSATO, 2020). De acordo com a Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores (ANPROTEC), a incubação de uma empresa leva o tempo médio de 3 anos. Geralmente é no final desse período que o empreendimento está pronto para o mercado. As incubadoras podem ser: • De base tecnológica: incubadoras que abrigam empreendimentos que realizam uso de tecnologias. • Tradicionais: incubadoras que fornecem suporte às empresas de setores tradicionais da economia. • Mistas: incubadoras que aceitam tanto empreendimentos de base tecnológica como de setores tradicionais. • Sociais: incubadoras que têm como público-alvo cooperativas e associações populares (BUSATO, 2020). A incubação pode ser desenvolvida em duas modalidades: residente e não residente. No primeiro modelo, a empresa incubada ocupa um espaço dentro das instalações físicas da própria incubadora. Já no modelo não residente, a empresa recebe o suporte da incubadora em sua sede própria. FONTE: RODRIGO FERNANDES PISSETTI 10 4. ECOSSISTEMAS DE INOVAÇÃO O Novo Marco Legal da Ciência, Tecnologia e Inovação (2018) define que os ecossistemas de inovação são “espaços que agregam infraestrutura e arranjos institucionais e culturais, que atraem empreendedores e recursos financeiros.” O documento complementa: “Ecossistemas de inovação são lugares que potencializam o desenvolvimento da sociedade do conhecimento e compreendem, entre outros, parques científicos e tecnológicos, cidades inteligentes, distritos de inovação e polos tecnológicos.” “Um ecossistema de inovação é um ambiente de aprendizado favorável ao desenvolvimento da inovação. É normalmente formado por atores como universidades, entidades do terceiro setor e entidades governamentais que se unem na busca por inovações”, afirmam Mello, Almeida Neto e Petrillo (2022). Os autores apontam os seguintes elementos como formadores do ecossistema de inovação: políticas e estratégias de conhecimento e inovação. A sociedade é, pois, construída e comunicada pela mídia e influenciada pela cultura e valores. Assim, a hélice quádrupla associa a mídia às indústrias criativas, cultura, arte, valores e estilos de vida. Já a quinta hélice da inovação diz respeito à preocupação com os aspectos ecológicos, ou seja, um caminho direcionado à proteção socioambiental que deve analisar o desenvolvimento sustentável e a ecologia social. A hélice quíntupla combina conhecimento, know-how e o sistema natural-ambiental. FONTE: ENVATO 11 Ou seja, o ecossistema de inovação é um termo usado para se referir aos sistemas interorganizacionais, políticos, econômicos, ambientais e tecnológicos da inovação em que o crescimento do negócio é catalisado, sustentado e apoiado. O diagrama a seguir, também extraído do livro Para Compreender os Ecossistemas de Inovação (2022), representa muito bem a interdependência das organizações que compõem um ecossistema de inovação, e as atividades correspondentes a cada uma. FONTE: LIVRO PARA COMPREENDER OS ECOSSISTEMAS DE INOVAÇÃO (MELLO, ALMEIDA NETO E PETRILLHO, 2022) 12 FONTE: LIVRO PARA COMPREENDER OS ECOSSISTEMAS DE INOVAÇÃO (MELLO, ALMEIDA NETO E PETRILLHO, 2022) 13 Considerações Finais: No dinâmico mundo contemporâneo, para competir em um mercado cada vez mais complexo, as empresas que ofertam produtos e processos inovadores precisam aliar- se às melhores organizações de pesquisa em busca do aprimoramento da gestão estratégica do conhecimento. É necessário conhecer os ambientes promotores de inovação – física ou virtualmente. Lembrando que esses ecossistemas são sistemas interorganizacionais, políticos, econômicos, ambientais e tecnológicos, onde os investimentos e o compartilhamento de informações e experiências devem ser pautados mais no espírito de cooperação do que de competição. Referências: Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores (ANPROTEC). Disponível em: https://anprotec.org.br CARSTENS, Danielle; FONSECA, Edson. Gestão da Tecnologia e Inovação. Curitiba: InterSaberes, 2019. Disponível em: https://plataforma.bvirtual.com.br/Leitor/Publicacao/173306/ pdf/0 BUSATO, Luciano Henrique. Atores, políticas e fomento à inovação-SNI, lei da inovação, incentivos, venture, capital, anjos, incubadoras,aceleradoras, startups. Curitiba: Contentus, 2020. Disponível em: https://plataforma.bvirtual.com.br/Leitor/ Publicacao/187883/pdf/0 FARIA, Adriana Ferreira de. Parques Tecnológicos do Brasil. Adriana Ferreira de Faria, Andressa Caroline de Battisti, Jaqueline Akemi Suzuki Sediyama, Jeruza Haber Alves, José Antônio Silvério. Viçosa, MG : NTG/UFV, 2021. 14 HENRIQUES, Silvia Helena (org.). Gestão da Inovação e Competitividade. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2018. 2. ed. Disponível em: https://plataforma.bvirtual.com.br/Leitor/ Publicacao/183207/pdf/0 HOBMEIR, Elaine Cristina. Gestão de startups. Curitiba: Contentus, 2020. Disponível em: https://plataforma.bvirtual.com. br/Leitor/Publicacao/184691/pdf/0 MELLO, Cleyson de Moraes; ALMEIDA NETO, José Rogério Moura; PETRILLO, Regina Pentagna. Para compreender os ecossistemas de inovação. Rio de Janeiro: Processo, 2022. Disponível em: https://plataforma.bvirtual.com.br/Leitor/ Publicacao/203136/pdf/0 MINISTÉRIO DA CIÊNCIA, TECNOLOGIA E INOVAÇÃO. Disponível em: https://www.gov.br/mcti/pt-br NOVO MARCO LEGAL DA CIÊNCIA, TECNOLOGIA E INOVAÇÃO. Disponível em: https://antigo.mctic.gov.br/mctic/ export/sites/institucional/arquivos/marco_legal_de_cti.pdf PIXABAY – site internacional de compartilhamento de fotos, ilustrações, imagens vetoriais e cenas de vídeo. Disponível em: https://pixabay.com/pt SEBRAE. Investidor-anjo: entenda e veja como atrai- los ao seu negócio. Disponível em https://sebrae.com.br/sites/ PortalSebrae/ufs/ma/noticias/investidor-anjo-entenda-e-veja- como-atrai-los-ao-seu-negocio,9d36776485c4c710VgnVCM10000 0d701210aRCRD SEBRAE. A cultura dos unicórnios. Publicado em 08/12/2022. Disponível em https://sebrae.com.br/sites/ PortalSebrae/artigos/a-cultura-dos-unicornios,5c0caebc123f4810V gnVCM100000d701210aRCRD