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1. TEORIA DA SEPARAÇÃO DOS PODERES

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TEORIA DA SEPARAÇÃO DOS PODERES
1. Antecedentes
1.1. Aristóteles: identificação das funções do Estado
As primeiras bases teóricas para a "tripartição de poderes" foram lançadas na Antigüidade grega por Aristóteles, em sua obra "Política", através da qual o pensador vislumbrava a existência de três funções distintas exercidas pelo poder soberano, quais sejam, a função de editar normas gerais a serem observadas por todos, a de aplicar as referidas normas ao caso concreto (administrando) e a função de julgamento, dirimindo os conflitos oriundos da execução das normas gerais nos casos concretos.
Acontece que Aristóteles, em decorrência do momento histórico de sua teorização, descrevia a concentração do exercício de tais funções na figura de uma única pessoa, o soberano, que detinha um poder "incontrastável de mando", eis que era ele quem editava o ato geral, aplicava-o no caso concreto e, unilateralmente, também resolvia os litígios eventualmente decorrentes da aplicação da lei. 
Desta forma, Aristóteles contribuiu no sentido de identificar o exercício de três funções estatais distintas, apesar de exercidas por um único órgão.
1.2. John Locke
O autor inglês (Segundo Tratado sobre o Governo Civil – 1690) aponta a existência de três funções: a legislativa, a ser exercida com supremacia pelo Parlamento; e a executiva (administração) e a federativa (relações externas), a serem exercidas pelo monarca.
2. Teoria clássica da separação de poderes: Montesquieu
Muito tempo depois, e à vista da experiência inglesa, a teoria de Aristóteles seria "aprimorada" pela visão precursora do Estado liberal burguês desenvolvida por Montesquieu em seu "O espírito das leis".
O grande avanço trazido por Monstesquieu não foi a identificação do exercício de três funções estatais. De fato, partindo-se deste pressuposto aristotélico, o grande pensador francês inovou, dizendo que tais funções estariam intimamente conectadas a três órgãos distintos, autônomos e independentes entre si. Cada função corresponderia a um órgão, não mais se concentrando nas mãos únicas do soberano. Tal teoria surge em contraposição ao Absolutismo.
Segundo essa teoria, cada poder exercia uma função típica, inerente à sua natureza, atuando independente e autonomamente. Assim, cada órgão exercia somente a função que lhe fosse própria, não sendo permitido a um único órgão legislar, aplicar a lei e julgar, de modo unilateral, como acontecia no Absolutismo.
O Espírito das leis (1748) - Livro XI, Cap. 6 – Da Constituição Inglesa:
Conforme Montesquieu, há em cada Estado 3 espécies de poder: o poder legislativo, o poder executivo e o poder judiciário.
Função do 1º - fazer as leis;
Função do 2º - fazer a paz ou a guerra, cuidar das relações externas, estabelecer a segurança e prevenir as invasões;
Função do 3º - punir os crimes e julgar os conflitos entre os indivíduos.
Para o filósofo, ‘ tudo estaria perdido se o mesmo homem ou o mesmo corpo dos nobres ou do povo exercesse esses três poderes´.
A divisão do poder o enfraquece. A força de um poder impede o outro de cometer abusos = equilíbrio e harmonia entre eles.
Os atos que o Estado pratica podem ser de duas espécies: ou são atos gerais ou são especiais. Os atos gerais, que só podem ser praticados pelo poder legislativo, constituem-se na emissão de regras gerais e abstratas, não se sabendo, no momento de serem emitidas, a quem elas irão atingir. Dessa forma, o poder legislativo, que só pratica atos gerais, não atua concretamente na vida social, não tendo meios para cometer abusos de poder nem para beneficiar ou prejudicar a uma pessoa ou a um grupo em particular. Só depois de emitida a norma geral é que se abre a possibilidade de atuação do poder executivo, por meio de atos especiais. O executivo dispõe de meios concretos para agir, mas está igualmente impossibilitado de atuar discricionariamente, porque todos os seus atos estão limitados pelos atos gerais praticados pelo legislativo. E se houver exorbitância de qualquer dos poderes surge a ação fiscalizadora do poder judiciário, obrigando cada um a permanecer nos limites de sua respectiva esfera de competência.
3. Funções típicas e funções atípicas
A teoria da "tripartição de poderes", exposta por Montesquieu, foi adotada por grande parte dos Estados modernos, só que de maneira abrandada. Isto porque, diante das realidades sociais e históricas, passou-se a permitir maior interpenetração entre os poderes, atenuando a teoria que pregava uma separação pura e absoluta dos mesmos.
Desta forma, além do exercício de funções típicas (predominantes) inerentes e ínsitas à sua natureza, cada órgão exerce, também, outras duas funções atípicas (de natureza típica dos outros dois órgãos). Assim, o Legislativo, por exemplo, além de exercer uma função típica, inerente à sua natureza, exerce, também, uma função atípica de natureza executiva e outra função atípica de natureza jurisdicional.
Importante notar que, mesmo no exercício da função atípica, o órgão exercerá uma função sua, não havendo aí ferimento ao princípio da separação de poderes, porque tal competência foi constitucionalmente assegurada pelo poder constituinte originário.
Veja-se, a título de exemplo:
______________________________________________________________________________
LEGISLATIVO
1. FUNÇÃO TíPICA
Produção legislativa;
Fiscalização contábil, financeira, orçamentária e patrimonial do Executivo.
2. FUNÇÃO ATíPICA
Natureza executiva: dispõe sobre sua organização, provendo cargos, concedendo férias, licenças a servidores etc;
Natureza jurisdicional: O Senado julga o Presidente da República nos crimes de responsabilidade (art. 52, I da CRFB/88).
EXECUTIVO
1. FUNÇÃO TÍPICA
Prática de atos de chefia de Estado, de chefia de governo e atos de administração.
2. FUNÇÃO ATÍPICA
Natureza legislativa: o Presidente da República, por exemplo, adota medida provisória, com força de lei (art. 62 da CRFB/88);
Natureza jurisdicional: o Executivo julga, apreciando defesas e recursos administrativos.
JUDICIÁRIO
1. FUNÇÃO TÍPICA
Julgamento (função jurisdicional), dizendo o direito no caso concreto e dirimindo os conflitos que lhe são levados, quando da aplicação da lei.
2. FUNÇÃO ATÍPICA
Natureza legislativa: regimento interno de seus tribunais (art. 96, I, "a" da CRFB/88);
Natureza executiva: administração, v.g., ao conceder licenças e férias aos magistrados e serventuários da Justiça (art. 96, I, "f” da CRFB/88).
________________________________________________________________________________________________
3.1. Mecanismo de freios e contrapesos
O sistema de separação de poderes, consagrado nas Constituições de quase todo o mundo, foi associado à idéia de Estado Democrático e deu origem a uma engenhosa construção doutrinária, conhecida como sistema de freios e contrapesos. Segundo essa teoria, a independência entre os órgãos do poder não é, nem pode ser, absoluta. Há interferências que visam o estabelecimento de um sistema de equilíbrio necessário à garantia da liberdade contra eventuais abusos de poder. Exemplos: A iniciativa legislativa do Executivo é contrabalançada pela possibilidade que o Legislativo tem de modificar o projeto por via de emendas e até de rejeitá-lo. De outra parte, o Executivo tem o poder de vetar atos do Legislativo que julga contrários ao interesse público ou inconstitucionais (o veto pode ser derrubado por maioria absoluta do Legislativo). Os tribunais julgam a constitucionalidade das leis aprovadas pelo Legislativo. O Executivo nomeia os membros dos tribunais superiores com aprovação do Senado Federal. O Legislativo investiga irregularidades nos demais Poderes por meio das CPI (controle político-administrativo) e dos tribunais de contas (controle orçamentário-financeiro), etc.
Nesse sistema, um órgão freia o poder do outro, evitando que haja abusos de parte a parte. Isso garante o equilíbrio entre ospoderes e assegura a liberdade dos cidadãos. 
4. Impropriedade da expressão “tripartição de poderes”
A expressão "tripartição de poderes" é imprecisa. Isto porque o poder é uno e indivisível. O poder não se triparte. O poder é um só, manifestando-se através de órgãos que exercem funções.
Todos os atos praticados pelo Estado decorrem de um só poder. Esses atos adquirem diversas formas, mediante o exercício das diversas funções pelos diferentes órgãos. Portanto, por "poderes" entendam-se órgãos do Estado.
 5. Indelegabilidade de atribuições
Os "poderes" (órgãos) são independentes entre si, cada qual atuando dentro de sua parcela de competência constitucionalmente estabelecida e assegurada pela Constituição, lei fundamental do Estado.
Neste sentido, as atribuições asseguradas não poderão ser delegadas de um poder (órgão) a outro. Trata-se do princípio da indelegabilidade de atribuições. Um órgão só poderá exercer atribuições de outro, ou da natureza típica de outro, quando houver expressa previsão (e aí surgem as funções atípicas) e, diretamente, quando houver delegação por parte do poder constituinte originário, como, por exemplo, ocorre com as leis delegadas do art. 68 da CRFB/88, cuja atribuição é delegada pelo Legislativo ao Executivo.
Bibliografia:
Dalmo de Abreu Dallari. Elementos de teoria geral do Estado. p.215 e ss.

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