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Campos Elétricos – Distribuição Contínua de Cargas Quando falamos em distribuição discreta de cargas, imaginamos partículas carregadas separadas por uma certa distância r no espaço. No caso das distribuições contínuas, temos um corpo cujas dimensões são consideradas. Este corpo é um amontoado de partículas carregadas, ou seja, um conjunto de elementos infinitesimais de cargas, tratadas como cargas pontuais interligadas entre si. Ao invés de escrevermos a carga elétrica utilizaremos o elemento de carga dq que pode ser expresso através da densidade da distribuição. A distribuição contínua de cargas pode ser linear, superficial ou volumétrica. As distribuições são sempre volumétricas mas podemos considerar, com uma excelente aproximação, que existem distribuições lineares e superficiais de cargas. Nas distribuições lineares teremos que o elemento de carga será dado por dq dlλ= , onde λ é a densidade linear de cargas e dl é um comprimento infinitesimal cuja carga vale dq . Analogamente temos a distribuição superficial de carga, onde o elemento de carga será dq dAσ= , onde σ é a densidade superficial de cargas e dA é o elemento de área onde se encontra a carga dq . Na distribuição volumétrica, teremos dq dVρ= onde ρ é a densidade volumétrica de cargas e dV é o elemento de volume onde se encontra a carga dq . A lei de Coulomb para a distribuição discreta ficará na forma 2 0 1 4 dqdE rπε= . O campo total devido à distribuição contínua é determinada integrando-se esta equação. Vetorialmente, teremos E dE= ∫G G , onde, em coordenadas cartesianas, teremos , ,x x y y z zE dE E dE E dE= = =∫ ∫ ∫ . Para uma melhor compreensão vamos resolver alguns exemplos para determinarmos os campos elétricos devido à distribuições contínuas de cargas. Linha Uniforme de Cargas Seja um fio finito de comprimento L , cuja densidade linear de cargas é λ+ . Queremos determinar o campo elétrico em um ponto P que se localiza na mediatriz do fio a uma distância R . O problema está ilustrado na figura abaixo. Como o problema envolve as dimensões x e y , podemos determinar os campos nestas direções separadamente. A primeira coisa a fazer é escolher um elemento infinitesimal de comprimento dx do fio. Este comprimento infinitesimal possui carga dq . A densidade linear de cargas é constante e vale λ+ . A densidade de cargas do comprimento dx é igual à densidade de cargas do fio inteiro. A lei de Coulomb nos diz que 2 0 1 4 dqdE rπε= . A componente x e y do campo elétrico são, respectivamente, dadas por xdE dEsenθ= e cosydE dE θ= . Observando a figura, vemos que, se escolhermos um elemento infinitesimal na posição diametral ao elemento de comprimento dx , indicado pela cor vermelha na figura, este gerará um campo elétrico dE com a componente xdE no sentido contrário à primeira. Chegamos então à conclusão de que as componente x do campo elétrico será nula e teremos que o campo resultante será na direção y , já que estas contribuições se somam. Devemos, portanto, calcular a componente ydE do problema. Esta componente será cosydE dE θ= . Substituindo a lei de Coulomb nesta equação, ficaremos com 2 0 1 cos 4y dqdE r θπε ⎛ ⎞= ⎜ ⎟⎝ ⎠ . Integrando os dois lados da equação, ficaremos com 2 0 1 cos 4y dqE r θπε ⎛ ⎞= ⎜ ⎟⎝ ⎠∫ , em que 0 1 4πε é constante, cos R r θ = , dq dxλ= e 2 2 2r x R= + . Substituindo estas quantidades na equação do campo, teremos que 2 2 3 0 0 0 1 4 4 4y dx R dx R R dxE r r r r r λ λ λ πε πε πε + +⎛ ⎞ ⎛ ⎞= = =⎜ ⎟ ⎜ ⎟⎝ ⎠ ⎝ ⎠∫ ∫ ∫ . Substituindo a quantidade r nesta equação ficaremos com ( )32 20 24y R dxE x R λ πε= +∫ . A integração é em x , que agora é a única variável dentro da integral. Como devemos integrar ao longo de todo o fio, os limites de integração são de 2 L− a 2 L+ . Com isso, ( ) 2 3 2 20 2 2 4 L y L R dxE x R λ πε + − = + ∫ . Precisamos agora resolver a integral ( )32 2 2 dxI x R = + ∫ . Para isso utilizaremos a substituição trigonométrica tanx R β= . Com isso vemos que 2secdx R dβ β= e a integral ficará ( ) ( ) ( ) 2 2 3 3 2 2 2 2 22 2 2 2 3 32 3 2 22 2 sec sec tan tan 1 sec 1 sec . tan 1 tan 1 R d dI R R R R d dR R R β β β β β β β β β β β β = = = ⎡ ⎤ ⎡ ⎤+ +⎣ ⎦ ⎣ ⎦ = = ⎡ ⎤ ⎡ ⎤+ +⎣ ⎦ ⎣ ⎦ ∫ ∫ ∫ ∫ Como 2 2cos 1sen β β+ = podemos dividir ambos os membros desta relação por 2cos β que encontraremos 2 2 2 2 2 2 cos 1 tan 1 sec cos cos sen β β β ββ β + = ⇒ + = . Vemos então que o termo entre colchetes no denominador da integral é igual a 2sec β . Com isso a integral ficará 2 2 32 2 3 2 2 2 2 1 sec 1 sec 1 1 cos . sec secsec d d dI d R R R R β β β β β β ββ ββ = = = = ⎡ ⎤⎣ ⎦ ∫ ∫ ∫ ∫ A integral resultará em 2 1I sen R β= . Devemos voltar agora à variável x . Lembrando que nossa substituição foi tanx R β= , podemos escrever tan x R β = . Desta relação podemos construir um triângulo retângulo para montarmos as equações trigonométricas interessante ao problema. Vemos que essa relação nos permite ter o triângulo da figura abaixo. Deste triângulo vemos que 2 2 xsen x R β = + . Substituindo esta relação na integral I , vemos que 2 2 2 1 xI R x R = + . O campo elétrico yE ficará 2 2 2 2 0 2 1 4 L y L R xE R x R λ πε + − ⎛ ⎞= ⎜ ⎟+⎝ ⎠ . Temos então que 2 2 0 2 2 2 0 2 2 2 4 2 2 4 2 y L L E R L LR R L R L R λ πε λ πε ⎛ ⎞⎜ ⎟−⎜ ⎟= − =⎜ ⎟⎛ ⎞ ⎛ ⎞⎜ ⎟+ +⎜ ⎟ ⎜ ⎟⎜ ⎟⎝ ⎠ ⎝ ⎠⎝ ⎠ ⎛ ⎞⎜ ⎟⎜ ⎟= ⎜ ⎟⎛ ⎞⎜ ⎟+⎜ ⎟⎜ ⎟⎝ ⎠⎝ ⎠ . Este é o resultado do campo elétrico para uma distribuição linear de cargas cujo comprimento é L . Fio Infinito Para encontrarmos o campo elétrico nas proximidades de um fio infinito, basta utilizarmos o resultado do campo elétrico para o caso do fio de comprimento L , da secção anterior e fazermos o limite do campo quando o comprimento tende ao infinito. Neste caso inf 2 2 20 02 2 2 0 0 2 4 4 41 2 2 4 241 2 lim lim lim fio inito L L L L LE R RL L RR L L R RL R L λ λ πε πε λ λ πε πε →∞ →∞ →∞ ⎛ ⎞⎛ ⎞ ⎜ ⎟⎜ ⎟ ⎜ ⎟⎜ ⎟= = ⎜ ⎟⎜ ⎟ ⎛ ⎞⎛ ⎞ ⎛ ⎞⎜ ⎟⎜ ⎟+ +⎜ ⎟ ⎜ ⎟ ⎜ ⎟⎜ ⎟ ⎜ ⎟⎝ ⎠ ⎝ ⎠ ⎝ ⎠⎝ ⎠ ⎝ ⎠ ⎛ ⎞⎜ ⎟⎜ ⎟= =⎜ ⎟⎛ ⎞⎜ ⎟+⎜ ⎟⎜ ⎟⎝ ⎠⎝ ⎠
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