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chilo e diplo

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1 
Zoologia dos Invertebrados Superiores 
Prof. Responsável : Simão Vasconcelos 
 
 
CHILOPODA E DIPLOPODA 
 
 
INTRODUÇÃO: UNIRREMES 
 
 Os artrópodos atuais estão divididos em quatro grupos de acordo com sua origem 
evolutiva: os Trilobita, já extintos, os Chelicerata, que compreendem os ácaros, escorpiões, 
aranhas e carrapatos, os Crustacea, que abrangem os caranguejos, camarões e lagostas, e os 
Uniramia, um grupo diverso que contém os insetos e os miriápodos. 
 Os unirremes recebem este nome porque seus apêndices não são ramificados, ao 
contrário dos crustáceos, por exemplo. Possuem um único par de antenas e assim diferem dos 
quelicerados (desprovidos desses órgãos) e dos crustáceos (que possuem dois pares). Além 
disso, os unirremes são na sua grande maioria terrestres, e acredita-se que evoluíram na terra, 
ao contrário dos outros artrópodos. Não existe forma aquática fóssil e os poucos unirremes 
aquáticos atuais são todos invasores secundários do ambiente aquático. 
 Os unirremes mais evoluídos são certamente os insetos, e a literatura sobre estes é 
farta. Há entretanto, 4 outros grupos que recebem bem menos atenção dos biólogos apesar 
da sua abundância, abrangendo cerca de 10.500 espécies: os quilópodos, diplópodos, 
paurópodos e sínfilos. Estes têm corpo composto por uma cabeça e um tronco alongado, 
com muitos segmentos portadores de pernas. Essa característica comum era anteriormente 
considerada suficiente para colocá-los numa única classe, os Myriapoda. Embora estes 
artrópodos estejam mais próximos uns aos outros que os insetos entre si, eles exibem 
diferenças marcantes. Assim, cada grupo é agora considerado uma classe distinta. 
 Os miriápodos são artrópodos na sua maioria terrestres, com nove ou mais pares de 
pernas, de corpo alongado e vermiforme. A maioria dos miriápodos requer ambiente 
relativamente úmido, pois não possui epicutícula cerosa. Em geral, vivem debaixo de pedras e 
troncos e no solo, estando amplamente distribuídos tanto em regiões temperadas como 
tropicais. Das 4 classes de miriápodos, as centopéias (Chilopoda) e piolhos de cobra 
(Diplopoda) são encontradas freqüentemente, enquanto os indivíduos das classes Pauropoda e 
Symphyla, de tamanho minúsculo, são mais raramente observados. 
 
 
 
CLASSE CHILOPODA 
(grego: chilo = lábio; poda = pé, apêndice) 
 
 
DESCRIÇÃO GERAL DA CLASSE 
 
 Os membros da classe Chilopoda, conhecidos vulgarmente como centopéias ou lacraias 
são animais alongados, achatados ou vermiformes com 15 ou mais pares de pernas. As 
centopéias estão distribuídas por todo o mundo, tanto em regiões temperadas como tropicais. 
 2 
Podem ser encontradas facilmente em locais protegidos, no solo, húmus ou debaixo de pedras, 
cascas de árvores e troncos. São animais muito ativos, correm muito e são predadores; 
alimentam-se de aranhas, insetos, e outros animais pequenos. 
 Existem aproximadamente 3.000 espécies descritas, distribuídas em quatro ordens 
principais. A ordem Geophilomorpha é composta de centopéias longas e filiformes adaptadas 
para viver no solo. As ordens Scolopendromorpha e Lithobiomorpha contêm centopéias 
achatadas, com corpo forte, que vivem em fendas em pedras, e cascas de árvores e no solo. 
Os Scutigeromorpha abrangem quilópodos de longas pernas, alguns dos quais vivem dentro ou 
ao redor de habitações humanas. Scutigera coleoptrata, por exemplo, é freqüentemente 
encontrada em banheiros e pias no Hemisfério Norte. 
 A maior centopéia descrita é a espécie tropical americana Scolopendra gigantea, que 
atinge um comprimento de 26 cm. Outras formas tropicais, principalmente 
escolopendromorfos, podem medir de 18 a 24 cm, mas a maioria das espécies européias e 
americanas medem de 3 a 6 cm de comprimento. As centopéias de zonas temperadas têm em 
geral cor marrom-avermelhada, enquanto muitos escolopendromorfos tropicais possuem 
coloração variada e vibrante, alguns com padrões de listras coloridas. 
 A maioria das centopéias têm hábitos crípticos e/ou vida noturna. Esse hábito não 
representa não somente uma proteção contra predadores, mas também contra dessecação. À 
noite, elas saem à procura de alimento e novas moradias. Os escolopendromorfos constróem 
um sistema de galerias no solo ou sob pedras e troncos que contêm uma câmara no interior da 
qual o animal se esconde. 
 
 
ANATOMIA EXTERNA 
 
 A cabeça é convexa nos escutigeromorfos; e achatada nas outras ordens, com as 
antenas localizadas na margem frontal. Cada antena é formada por 14 ou mais segmentos. A 
base da mandíbula é alongada e encontra-se na região ventro-lateral da cabeça. Os lobos 
gnatais são portadores de vários dentes grandes e de uma espessa franja de cerdas. 
Debaixo das mandíbulas, há um par de primeiras maxilas, que forma um lábio inferior 
funcional. Um par de segundas maxilas sobrepõe-se ao primeiro. Cada primeira maxila tem 
um palpo curto. Nos escutigeromorfos, as segundas maxilas são delgadas e semelhantes a 
pernas, mas em outras centopéias elas são curtas, fortes e em forma de palpo. 
 Cobrindo todos os outros apêndices bucais, há um grande par de garras de veneno, 
também chamadas de maxilípedes, pois são, na verdade, os apêndices do primeiro segmento 
do tronco, envolvidos na alimentação. Cada garra é curvada em direção à linha mediana 
ventral, e termina num gancho pontiagudo, que é a saída do ducto da glândula de veneno, 
localizada dentro do apêndice. É a esses apêndices que se refere o nome Chilopoda. As 
grandes coxas das garras de veneno e o esternito daquele segmento formam uma grande 
placa que cobre a parte inferior da cabeça. 
 Atrás do primeiro segmento do tronco, que possui as garras de veneno, encontram-se 
15 ou mais segmentos portadores de pernas. As placas tergais variam bastante em tamanho e 
número, dependendo dos hábitos locomotores. As coxas das pernas estão inseridas 
lateralmente em cada placa esternal. Entre o último segmento com pernas e o telson terminal, 
estão dois pequenos segmentos sem pernas - os segmentos pré-genital e genital. 
 Além das garras de veneno, há outras adaptações para proteção. O último par de 
pernas nas centopéias é o mais longo e podem ser usadas na defesa através de “beliscões”. 
 3 
Os geofilomorfos possuem glândulas repugnatórias no lado ventral de cada segmento e alguns 
litobiomorfos são portadores de numerosas glândulas repugnatórias unicelulares nos últimos 
quatro pares de pernas, que eles chutam em direção de um inimigo, expelindo gotas adesivas. 
 
LOCOMOÇÃO 
 
 Com exceção dos geofilomorfos, as centopéias estão adaptadas para correr e muitas 
das suas peculiaridades estruturais estão associadas com a evolução de uma marcha rápida. 
As pernas longas capacitam o animal a dar passadas mais largas. Além disso, há um aumento 
progressivo no comprimento da perna, da parte anterior para a posterior, o que permite que as 
pernas posteriores se movam por fora das pernas anteriores, reduzindo, assim a interferência. 
Nesse aspecto, os escutigeromorfos são os mais desenvolvidos e são ativos ao ar livre, onde 
podem tirar melhor vantagem da sua velocidade. 
 Para reduzir a tendência de ondular, o tronco é reforçado por placas tergais dispostas 
alternadamente nos litobiomorfos e por placas tergais grandes e imbricadas nos 
escutigeromorfos. Os segmentos distais das pernas dos escutigeromorfos permitem ao animal 
apoiar grande parte da perna no substrato, como um pé, para diminuir o deslizamento. 
 Em contraste com os outros quilópodos, os geofilomorfos vermiformes estão adaptados 
para cavar em solo fofo ou humo. Eles não empurram o solo com as pernas, como os 
diplópodos, mas a força de propulsão é fornecida pela extensão e contração do tronco, como 
nas minhocas. Espécies européias podem aumentar o comprimento do corpo em até 70%. 
Essa elasticidade é facilitada pela presença de músculos longitudinais fortes na parededo 
corpo e por uma parede pleural elástica. As pernas são curtas e ancoram o corpo como as 
cerdas de uma minhoca. 
 
 
ALIMENTAÇÃO 
 
 Acredita-se que a classe, como um todo, é predadora. Pequenos artrópodos formam a 
maior parte da dieta, mas algumas centopéias alimentam-se de minhocas, caracóis e 
nematóides. A presa é detectada e localizada por contato através das antenas, ou com as 
pernas em Scutigera e, então, é capturada e morta, ou atordoada com as garras de veneno. 
Certas espécies não se alimentam quando desprovidas de suas antenas. 
 Após a captura, a presa é sustentada pelas segundas maxilas e garras de veneno, 
enquanto as mandíbulas e as primeiras maxilas desempenham a ação manipuladora requerida 
para a ingestão. Os geofilomorfos, que possuem mandíbulas fracamente armadas e menos 
móveis, podem digerir parcialmente a presa antes da ingestão. O trato digestivo é um tubo 
reto, com o intestino anterior ocupando de 10 a 70% do comprimento, dependendo da 
espécie. O intestino posterior é curto. As secreções salivares são fornecidas pelas glândulas 
associadas em cada um dos apêndices alimentares. 
 Grande centopéias são freqüentemente temidas, mas o veneno da maioria delas, 
embora doloroso, não é suficientemente tóxico para ser letal ao homem. O efeito é 
geralmente similar à picada de uma vespa. Registros de mortes humanas causadas por 
Scolopendra gigantea não foram comprovados. A espécie Scolopendra heros, além da picada, 
faz pequenas incisões com suas pernas ao andar; quando o animal é irritado, derrama nessas 
feridas um veneno produzido perto das coxas, causando inflamação. 
 
 4 
TROCAS GASOSAS, CIRCULAÇÃO E EXCREÇÃO 
 
 As trocas gasosas são efetuadas através de um sistema de traquéias. Com exceção 
dos escutigeromorfos, os estigmas encontram-se na região pleural membranosa acima e logo 
atrás das coxas. Basicamente, há um par de estigmas por segmento. O estigma, que não 
pode ser fechado, abre-se em um átrio revestido de pêlos cuticulares (tricomas) que podem 
reduzir a dessecação ou impedir a entrada de partículas de pó. Os tubos traqueais se abrem 
na base do átrio e terminam em pequenos tubos cheios de líquido que fornecem oxigênio 
diretamente para vários tecidos. 
 As centopéias geofilomorfas que habitam a zona entre marés vivem em algas, pedras e 
conchas. O ar retido dentro do sistema traqueal é provavelmente suficiente durante a 
submersão na maré alta, embora em algumas espécies, ar adicional é armazenado na 
superfície das coxas e é alojado como uma bolha na extremidade enrolada do tronco. 
 Talvez associado com seus hábitos mais ativos, e com uma taxa metabólica mais alta, o 
sistema traqueal dos escutigeromorfos é semelhante a um pulmão e provavelmente evoluiu 
independentemente daquele dos outros quilópodos. Os estigmas situam-se próximos à 
margem posterior das placas tergais, exceto as oito placas posteriores que cobrem os 
segmentos portadores de pernas. Cada estigma se abre em um átrio do qual se estendem dois 
grandes leques de curtos tubos traqueais. 
 Geralmente há um único par de túbulos de Malpighi, que consistem de um ou dois 
pares de tubos delgados ramificados que se originam na parte posterior do mesêntero na sua 
junção com o intestino. Os detritos passam do sangue, através das finas paredes dos túbulos, 
para o lúmen, e depois para o intestino. Grande parte dos detritos nitrogenados é excretada 
como amônia e não como ácido úrico. Os quilópodos requerem ambiente úmido para manter 
um balanço hídrico apropriado, pois o tegumento não possui a cutícula cerosa dos insetos e 
aracnídeos. Desta maneira, a maioria dos quilópodos vive sob pedras e troncos, e só são 
ativos na superfície da terra à noite. 
 
 
ÓRGÃOS SENSORIAIS 
 
 Os geofilomorfos, diversos escolopendromorfos e alguns litobiomorfos habitantes de 
cavernas não possuem olhos. Outros quilópodos possuem de poucos a muitos ocelos. Nos 
escutigeromorfos, os ocelos estão agrupados e organizados de modo que formam olhos 
compostos. As unidades ópticas das quais existem até 200, formam um grupo compacto em 
cada lado da cabeça e tendem a ser alongados com bastonetes óticos convergentes. Em 
Scutigera sp, a superfície corneana é muito convexa, como nos olhos compostos dos insetos e 
crustáceos, e cada unidade é similar a um omatídeo. Entretanto, não há evidência de que 
esses olhos compostos funcionem mais do que na simples detecção do claro e escuro. Muitos 
quilópodos são negativamente fototrópicos. 
 Um par de órgãos de Tomosvary está presente na base das antenas de todos os 
litobiomorfos e escutigeromorfos. Cada órgão sensorial consiste de um disco com um poro 
central, para o qual convergem as extremidades de células sensoriais. Os poucos estudos 
sobre os órgãos de Tomosvary sugerem que eles detectam vibrações, talvez auditivas. O 
último longo par de pernas de muitos quilópodos tem uma função sensorial, especialmente nos 
litobiomorfos e escutigeromorfos; elas estão modificadas para formar um par de apêndices 
anteniformes, dirigidos para trás. 
 5 
REPRODUÇÃO E DESENVOLVIMENTO 
 
 O ovário é um órgão tubular único localizado acima do intestino e o oviduto se abre 
numa saída mediana ventral do segmento genital posterior, sem pernas. A abertura feminina é 
ladeada por um pequeno par de apêndices, chamados de gonópodos. Nos machos há de 1 a 
24 testículos, localizados acima do intestino médio. Os testículos estão ligados a um único 
par de ductos espermáticos que se abrem através de um gonóporo mediano no lado ventral do 
segmento genital. O segmento genital possui pequenos gonópodos. 
 A transmissão de espermatozóides é indireta nos quilópodos, como nos outros 
miriápodos. Em geral, o macho constrói uma pequena teia de fios de seda secretada por uma 
fiandeira localizada no átrio genital. Um espermatóforo, de até vários milímetros, é colocado 
na teia. A fêmea apanha o espermatóforo e o coloca na sua abertura genital. Os gonópodos 
de cada sexo auxiliam na manipulação do espermatóforo. 
 O macho geralmente só produz um espermatóforo ao encontrar a fêmea, e 
freqüentemente há um comportamento inicial de corte. Cada indivíduo pode apalpar a 
extremidade posterior do parceiro com as antenas enquanto o casal se move em círculos. Este 
comportamento pode durar até uma hora antes do macho depositar o espermatóforo. O 
macho então “sinaliza” para a fêmea (ex.: mantendo as pernas posteriores ao lado do 
espermatóforo enquanto gira a parte anterior do corpo e toca nas antenas da fêmea). Ela 
responde rastejando-se em direção do macho e apanhando o espermatóforo. 
 Tanto os escolopendromorfos quanto os geofilomorfos põem e depois incubam os ovos 
em grupos de 15 a 35. Esses quilópodos alojam-se em cavidades feitas em madeira podre ou 
no solo e se enrolam sobre a massa de ovos. A fêmea guarda os ovos desta maneira durante 
o período de eclosão e dispersão dos jovens. Nessas ordens o desenvolvimento é epimórfico, 
isto é, o jovem apresenta todos os segmentos quando eclode. 
 Nos escutigeromorfos e litobiomorfos, os ovos são depositados isoladamente no solo 
após serem carregados por um curto período de tempo entre os gonópodos femininos. O 
desenvolvimento é anamórfico, ou seja, na eclosão, o jovem tem apenas parte dos segmentos 
do adulto. Ao eclodir, o jovem de Scutigera tem 4 pares de pernas e nas seis mudas seguintes 
passa por estágios com 5 a 13 pares de pernas. Existem, ainda, 4 estágios epimórficos com 15 
pares de pernas antes da maturidade ser atingida. O desenvolvimento de Lithobius é similar, 
embora os jovens recém-eclodidos tenham 7 pares de pernas. Em algumas espécies são 
necessários vários anos para que as formas jovens atinjam a maturidade sexual. 
 
 
 
CLASSE DIPLOPODA 
 (grego: diplo = duplo; poda = pé, apêndice) 
 
DESCRIÇÃO GERAL DA CLASSE 
 
 Os membros da classe Diplopoda, conhecidos vulgarmente comopiolhos de cobra ou 
imbuás, formam a maior classe de miriápodos, compreendendo mais de 8.000 espécies 
descritas. Esses artrópodos são encontrados em todo o mundo, especialmente nos trópicos, 
embora as faunas mais conhecidas habitem o Hemisfério Norte. Em geral têm hábitos crípticos 
e evitam a luz. Vivem debaixo de folhas, pedras, cascas de árvores e no solo. Alguns habitam 
 6 
antigas galerias de outros animais, como minhocas; outros são comensais de ninhos de 
formigas. Um grande número de diplópodos habita cavernas. A maioria dos diplópodos tem 
cor preta ou marrom; algumas espécies são vermelhas ou alaranjadas, e não são raros os 
padrões manchados. Alguns diplópodos do sul da Califórnia são luminescentes. 
 
 
ANATOMIA EXTERNA 
 
 Uma característica distintiva da classe é a presença de segmentos duplos no tórax 
(diplossegmentos) derivados da fusão de dois somitos originalmente separados. Cada 
diplossegmento tem dois pares de pernas, de onde deriva o nome da classe. A condição de 
segmentação dupla é também evidente internamente, pois existem dois pares de gânglios 
ventrais e dois pares de óstios cardíacos dentro de cada segmento. 
 A cabeça dos diplópodos tende a ser convexa dorsalmente e achatada ventralmente, 
com o epistômio e o labro estendendo-se para a frente das antenas. Os lados da cabeça estão 
cobertos pelas bases convexas das mandíbulas muito grandes. Distalmente, a mandíbula porta 
um lobo gnatal que possui dentes e uma superfície raspadora. O assoalho da câmara pré-
bucal é formado pela maxila, freqüentemente chamada gnatoquilário. É uma placa larga, 
achatada, fixada à superfície ventral posterior da cabeça. O assoalho posterior da câmara pré-
bucal possui um lobo mediano e dois laterais, que em diferentes grupos de diplópodos 
representam a hipofaringe. 
 O tronco pode ser achatado, como na ordem Polydesmoidea; ou essencialmente 
cilíndrico, como nos familiares piolhos de cobra da ordem Juliformia. O segmento típico 
(diplossegmento) é coberto por um tergo dorsal convexo que, em muitas espécies, estende-se 
lateralmente como uma saliência, chamada carena ou paranoto. Ventrolateralmente, existem 
duas placas pleurais, e ventralmente, duas placas esternais. Também é comum a presença de 
uma placa esternal mediana. As placas esternais são portadoras de pernas. Primitivamente, 
as placas que compõem um segmento podem estar separadas e distintas, mas geralmente 
houve coalescência em graus variados. Nos membros da ordem polidesmóideos e juliformes, 
todas as placas estão fundidas formando um anel cilíndrico. 
 Os segmentos anteriores diferem consideravelmente dos outros e não são, 
provavelmente, diplossegmentos. O primeiro (colo) é desprovido de pernas e forma um 
grande colarinho atrás da cabeça. Os segundo, terceiro e quarto segmentos possuem apenas 
um par de pernas. Em alguns polidesmóideos os últimos 1-5 segmentos também são 
desprovidos de pernas. O corpo termina no télson, no qual o ânus se abre ventralmente. 
 O tegumento é duro, particularmente os tergitos e, como o tegumento dos crustáceos, 
está impregnado com sais de cálcio. A superfície é lisa, mas em alguns grupos o tergo possui 
cristas, tubérculos, espinhos ou cerdas isoladas. 
 A anatomia externa descrita acima aplica-se à subclasse Chilognata, que contém a 
grande maioria dos diplópodos. Os membros da pequena subclasse Pselaphognata são 
bastante diferentes. O tegumento é mole e coberto com fileiras de espinhos ocos em forma de 
escamas. O tronco é composto por 11-13 segmentos, dos quais os quatro primeiros são 
portadores de um único par de pernas cada; os dois últimos são desprovidos de pernas. 
 O tamanho dos diplópodos varia muito. Os pselafognatos são minúsculos, algumas 
espécies medem 2mm de comprimento. Existem também quilognatos que medem menos que 
4mm mas a maioria dos membros desta subclasse tem vários centímetros de comprimento. Os 
 7 
maiores diplópodos são as espécies tropicais da família Spirostreptidae, que podem ter 28cm 
de comprimento. O número de segmentos também é extremamente variável, de 11, nos 
pselafognatos, a mais de 100 nos juliformes. Além disso, nos juliformes o número varia dentro 
de certos limites até numa mesma espécie. 
 
 
LOCOMOÇÃO 
 
 Em geral, os diplópodos andam lentamente sobre o solo. Embora lenta, essa marcha 
exerce uma poderosa força de propulsão, capacitando o animal a abrir caminho através do 
humo e solo fofo. A força é exercida inteiramente pelas pernas, e é com a evolução desta 
marcha que a estrutura diplossegmentada está provavelmente associada. O movimento em 
direção posterior é ativado por ondas ao longo do comprimento do corpo e é de duração maior 
do que o movimento para a frente. Assim, a qualquer momento, mais pernas estão em 
contato com o substrato do que levantadas. O número de pernas envolvidas em uma única 
onda é proporcional à quantidade de força requerida para o impulso. Desta maneira, quando o 
animal está correndo, 12 pernas ou menos podem compor uma onda, mas quando está 
empurrando, uma única onda pode envolver até 52 pernas. 
 O hábito de empurrar com a cabeça é mais desenvolvido nos juliformes, que cavam no 
solo ou em húmus compacto. Isto se reflete nos segmentos cilíndricos rígidos, lisos e fundidos, 
na cabeça arredondada e na disposição de pernas próximo à linha mediana do corpo. Os 
diplópodos da ordem Polydesmoidea, que são os mais poderosos, abrem fendas forçando com 
toda a superfície dorsal de seu corpo. A carena lateral desses diplópodos protege as pernas 
localizadas lateralmente. A capacidade de trepar é notável em espécies que habitam locais 
rochosos. Estes diplópodos são mais rápidos, e podem subir em superfícies lisas segurando-se 
com as pernas opostas. A velocidade destes habitantes de rochas pode ser 20 vezes maior 
que a dos juliformes típicos. A velocidade está relacionada aos hábitos predadores e 
saprófagos e a necessidade de cobrir distâncias maiores para encontrar alimento. 
 
 
PROTEÇÃO 
 
 Para compensar a falta de velocidade na fuga de predadores, muitos mecanismos 
protetores evoluíram nos diplópodos. O esqueleto calcário protege as regiões superiores e 
laterais do corpo. Os juliformes protegem a superfície ventral mais vulnerável, enrolando o 
tronco em espiral quando em repouso ou perturbados. Os membros da ordem Glomerida 
podem se enrolar como uma bola. O corpo dos glomerídeos é bastante convexo dorsalmente e 
achatado ventralmente e contém apenas 15 a 17 segmentos do tronco. O último tergito está 
expandido lateralmente e cobre a cabeça quando o animal está enrolado. 
 As glândulas repugnatórias estão presentes em muitos diplópodos, incluindo os 
polidesmóideos e o s juliformes. Geralmente há apenas um par de glândulas por segmento, 
embora elas estejam totalmente ausentes em alguns segmentos. As aberturas se encontram 
nos lados das placas tergais, ou nas margens dos lobos tergais. Cada glândula consiste de um 
grande saco secretor, que se esvazia em um ducto para o exterior através de um poro externo. 
O principal componente da secreção pode ser um aldeído, quinona, fenol ou cianeto de 
hidrogênio. A secreção é tóxica ou repelente a pequenos animais, e em algumas espécies 
tropicais grandes é cáustica à pele humana. O fluido é geralmente exsudado lentamente, mas 
 8 
algumas espécies podem liberá-lo como um jato de 10 a 30 cm de distância. A ejeção é 
provavelmente causada pela contração dos músculos do tronco, adjacentes ao saco secretor. 
 
 
ALIMENTAÇÃO 
 
 Quase todos os diplópodos são herbívoros, alimentando-se principalmente de 
vegetação em decomposição. O alimento é umedecido por secreções e mastigado ou raspado 
pelas mandíbulas. Entretanto, algumas famílias exibem um progressivo desenvolvimento de 
peças sugadoras, com degeneração das mandíbulas, culminando com a formação de um rostro 
perfurante para sugar seivavegetal. Curiosamente, uma dieta carnívora foi adotada por 
algumas espécies, e as presas mais comuns incluem opiliões, minhocas e insetos. Como as 
minhocas, alguns diplópodos ingerem solo do qual a matéria orgânica é digerida. 
 O trato digestivo é tipicamente um tubo reto com um longo intestino médio. As 
glândulas salivares se abrem na cavidade pré-bucal. O par anterior está localizado na cabeça, 
e o par posterior fica ao redor do intestino anterior. O intestino médio possui uma membrana 
peritrófica semelhante à dos insetos. Uma constricção separa o intestino médio do longo 
intestino posterior (reto). 
 
 
TROCAS GASOSAS, CIRCULAÇÃO E EXCREÇÃO 
 
 Os diplópodos respiram por um sistema de traquéias. Existem quatro estigmas por 
diplossegmento, localizados logo na frente e lateralmente a cada uma das coxas. Cada 
estigma se abre em uma bolsa traqueal interna da qual surgem numerosas traquéias. 
 O coração situa-se na parte posterior do tronco, mas na parte anterior uma curta aorta 
continua até a cabeça. Existem dois pares de óstios laterais para cada segmento, com 
exceção dos segmentos anteriores, nos quais há um único par. Os túbulos de Malpighi 
surgem de cada lado da junção dos intestinos médio e posterior e frequentemente são longos 
e enrolados. 
 Como os quilópodos, os diplópodos não possuem uma epicutícula cerosa, e a maioria 
das espécies é muito sensível à dessecação. Os poucos quilópodos que vivem em áreas muito 
secas possuem sacos coxais que aparentemente absorvem água, como gotas de orvalho. 
 
 
ÓRGÃOS SENSORIAIS 
 
 Os olhos podem estar totalmente ausentes ou pode haver de 2 a 80 ocelos. Estes 
estão dispostos perto das antenas em uma ou várias fileiras, ou em grupos laterais. A maioria 
dos diplópodos é fototrópica negativa, e mesmo as espécies sem olhos têm fotorreceptores no 
tegumento. As antenas contêm pêlos tácteis e outras projeções supridas de 
quimiorreceptores. O animal tende a bater com as antenas no substrato enquanto move. 
Como nos quilópodos, os órgãos de Tomosvary estão presentes em muitos diplópodos e 
podem ter função olfativa. 
 
 
 9 
REPRODUÇÃO E DESENVOLVIMENTO 
 
 Um par de longos ovários tubulares fundidos encontra-se entre o intestino médio e o 
cordão nervoso ventral. Dois ovidutos se estendem para frente até o terceiro segmento, onde 
cada um se abre em um átrio ou vulva. As vulvas são bolsas protáteis que se abrem na 
superfície ventral, perto das coxas. Quando retraída, a vulva é coberta externamente por uma 
peça esclerotizada em forma de capuz, e internamente um pequeno opérculo cobre a abertura 
do oviduto. Na base da vulva, um sulco leva até um receptáculo seminal. 
 Os testículos ocupam posições correspondentes às dos ovários, mas são tubos pares 
com conexões transversais.Na parte anterior do corpo, cada testículo se abre em um ducto 
espermático, que se dirige até um par de pênis, perto da coxa do segundo par de pernas, ou 
se abre em um único pênis mediano. 
 A transferência de esperma nos diplópodos é indireta, por não haver introdução direta 
de peças do aparelho reprodutor masculino na fêmea. Entretanto, há necessidade de 
acasalamento, para que o macho "entregue" seu esperma à fêmea. As aberturas genitais são 
localizadas na parte anterior do tronco, entre o segundo e terceiro segmentos. Os órgãos 
copuladores geralmente são apêndices do tronco modificado (gonópodos). Na maioria dos 
diplópodos, um ou ambos os pares de pernas do sétimo segmento agem como gonópodos. 
Quando o macho carrega os gonópodos com espermatozóide, ele insere os dois pênis coxais 
do terceiro segmento através de um anel formado por estruturas em forma de foice chamadas 
telopoditos. 
 Os machos comunicam sua identidade e intenção à fêmea de diversas maneiras. O 
sinal é táctil na maioria dos juliformes, quando o macho sobe no dorso da fêmea por meio de 
almofadas especiais das pernas. Contato das antenas, batidas com a cabeça e estridulação 
são outros métodos usados. Algumas espécies produzem feromônios que estimulam o 
comportamento de acasalamento. 
 Durante o "acasalamento", o corpo do macho está enrolado sobre ou estendido ao lado 
do corpo da fêmea, de modo que os gonópodos estão opostos à vulva, e o corpo da fêmea é 
sustentado pelas pernas do macho. Os gonópodos estão protraídos e os espermatozóides são 
transferidos através da ponta do telopodito ao interior da vulva. 
 Os ovos dos diplópodos são fecundados no momento da postura e, dependendo da 
espécie, são produzidos de 10 a 300 ovos de uma só vez. Alguns depositam os ovos em 
grupos no solo ou húmus. Outros põem ovos isolados protegidos num estojo em forma de 
taça. Muitos diplópodos constróem um ninho para a deposição dos ovos. Certas espécies 
constróem esse ninho utilizando excremento, que seca rapidamente. A fêmea pode 
permanecer enrolada ao redor do ninho por várias semanas. 
 O desenvolvimento dos quilópodos é anamórfico. Os ovos da maioria das espécies 
eclodem em algumas semanas e os jovens recém-eclodidos geralmente possuem apenas os 
três primeiros pares de pernas e sete ou oito segmentos do tronco. A cada muda, segmentos 
e pernas são adicionados ao tronco. Muitos diplópodos tecedores de seda sofrem a muda 
dentro de câmaras especialmente construídas, similares aos ninhos, e é nessa câmara que o 
animal sobrevive em estações secas. O exoesqueleto desprendido é geralmente comido, talvez 
para auxiliar na reposição de cálcio. A partenogênese parece ocorrer em algumas famílias. Os 
diplópodos vivem de 1 a mais de 10 anos, dependendo da espécie.

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