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Ep32_Butler

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Butler – Gender Trouble; Undoing Gender; outras obras
O gênero é real?
É-nos dito, desde os primeiros momentos de nossa vida, que meninos serão meninos e meninas serão meninas. Novas histórias sobre gênero estão em todo lugar hoje em dia. As pessoas declaradas como homem no nascimento deveriam ser permitidas em universidades exclusivas para mulheres? Usar o banheiro que quiser? A mulher pode se tornar homem? De acordo com a filósofa estadunidense Judith Butler, esses diálogos estão esquecendo-se de um ponto importante: o gênero é muito mais confuso do que gostamos de pensar.
Gênero é um tipo de roteiro de como a sociedade espera que atuemos; mulheres tem cabelo longo, usam biquínis, elas andam e conversam, elas até se sentam como mulheres. E espera-se que os homens hajam como homens; eles andam como homens, falam como homens, eles levantam peso, e eles certamente não se envolvem com nada feminino. Mesmo 100 anos atrás, era perfeitamente normal as mulheres terem pelo, e garotos usarem vestidos rosa. 
As normas mudaram com a sociedade. A sociedade supõe que garotas agem como garotas por causa dos hormônios, ou porque seus cérebros são diferentes. Mas esses papéis de gênero são, de acordo com Butler, determinados pela sociedade. Do momento em que o médico declara que é uma menina, espera-se que hajamos – sendo até compelidos – a agir de acordo com nosso gênero. O gênero é a narrativa que atribuímos à anatomia. E há muitas pessoas que não se encaixam em nenhuma categoria. 
Nosso homem e mulher ideal são fictícios. E eles estão constantemente sendo quebrados. Conhecemos mulheres que preferem espadas e esportes, e homens que preferem vestidos e poesia. Para Butler, o gênero é performativo. Nós agimos de acordo cotidianamente em nossos maneirismos, nosso discurso, e nossos pensamentos. E quando agimos de acordo, não estamos apenas fazendo um show, estamos consolidando e ativamente construindo essas identidades de gênero. O gênero não é apenas uma identidade, é um ritual. Se o gênero é performativo, então talvez nossa melhor escolha seja se recusar a atuar. Atuar diferentemente, ou até mesmo rir disso.
Quando nos recusamos a seguir nosso roteiro de gênero, a ordem binária entre homens e mulheres começa a desmoronar. Vemos pessoas com anatomia masculina que querem ser identificados como feminina, e vice-versa. Para alguns, isso significa procurar uma cirurgia para mudar sua anatomia. Isto leva a pergunta: o que é uma mulher de verdade? Ao que Butler responde “não há”.
Muitos outros se contentam em existir em uma área cinza, entre sexos e gêneros. É essa área que expõe que o gênero é fluido. Identidades servem para restringir nosso próprio ser, e excluir aqueles que não se encaixam na dicotomia de homem e mulher, como homossexuais e transgêneros.
Então a pergunta não é se garotos podem agir como garotas, mas como Butler coloca, se a categoria garoto e garota deveria sequer existir?
Este texto pertence à Wisecrack –YouTube Channel e detém toda sua autoria. Esta versão é meramente uma tradução livre.

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