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Ep34_Simmel

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Simmel – A Filosofia do Dinheiro
O dinheiro é o seu dono? (Does money own you?)
Nós amamos o dinheiro. As pessoas que o detêm adoram ostenta-lo, e as pessoas que não o tem gostariam de ter. O dinheiro pode tornar possíveis nossas maiores fantasias; grandes iates ou festas esbanjantes para alguns, ou, para outros, uma enorme coleção de videogames e tempo para jogar tudo. Mas apesar do nosso desejo de adquirir mais dinheiro, muitos são deixados a ponderar sobre a eterna questão: mais dinheiro é igual a mais problema?
Mas primeiro, vamos imaginar um mundo sem dinheiro. Um mundo onde estamos simplesmente presos com todas as quinquilharias que adquirimos pelas nossas jornadas. Você poderia, em teoria, trocar nabos por um pedaço de tecido, mas seria uma difícil barganha. Sem dinheiro, estamos presos trocando bens que somente ambas as partes querem diretamente. Até a expansão da adoção do dinheiro, essa era a realidade para muitos camponeses e fazendeiros. Se você não plantar nada além de nabos, é bom você esperar que a pessoa com quem você queira fazer troca precisa deles.
Em uma economia monetária, a vida se torna muito mais simples. O dinheiro permite tornar tudo o que temos e produzimos naquilo que queremos. Um bem em excesso pode se tornar muito dinheiro vivo, e esse dinheiro pode se tornar qualquer outro produto. O dinheiro permite às pessoas explorarem seus desejos internos, permitindo-lhes que troquem seus bens e serviços por muito mais do que eles poderiam conseguir se barganhando sozinhos. Esta economia monetária, de acordo com o filósofo alemão Georg Simmel, era profundamente liberadora.
Mas o dinheiro também tem seu contra. O dinheiro, de acordo com Simmel, não para apenas na liberação econômica. Quando o dinheiro torna-se simbólico de todo valor, ele permite que tudo possa ser trocado por tudo, até que tudo tenha um preço. Tudo pode ser comprado; experiências, amigos, exércitos, governos, e até romance. O dinheiro corrói as relações sociais que ditavam o comportamento, como a comunidade, a religião ou a família, e coloca em seu lugar as leis de troca. Em vez disso, nós somos deixados com um mundo que nos encoraja a colocar a oportunidade à frente da família, se o preço é ideal.
Tome por exemplo seu amigo. Ele não é apenas uma pessoa com quem você anda, ele é um companheiro leal e confiável. Ele pode ter seus defeitos, mas ele é parte de sua vida de qualquer maneira. Em uma economia monetária, ele pode ser reduzido a um valor econômico; ele é substituível e descartável. O que pode ser dito de nossa própria humanidade quando nossa autoestima pode ser comparada e trocada por um tênis ou um carro? Somos apenas engrenagens substituíveis em uma maquina movida a dinheiro? O dinheiro não apenas nos desumaniza, ele também afeta nossa psique interior; ele nos tornou em cínicos.
Em um mundo onde tudo é um simples número, tudo começa a parecer igual. Cada experiência e sensação podem ser compradas e vendidas. A diferença entre um nabo e uma casa é agora completamente quantificável. Tornamo-nos desinteressados e nada impressionados com o mundo à nossa volta. Então nos ligamos à novidade. Gostamos de novas músicas, até que se tornem muito comuns. Reclamamos da falta de originalidade dos filmes. Moralidade, política e cultura parecem uma eterna repetição do mesmo. Para outros, o dinheiro não nos torna cínicos, ele nos torna indiferente à qualidade das coisas. Queremos mais, não melhor. Ao que parece, o dinheiro, tanto libera quanto nos aprisiona. É possível, portanto, manter nossa humanidade em um mundo movido pelo dinheiro? Ou o dinheiro é nosso dono?
Este texto pertence à Wisecrack –YouTube Channel e detém toda sua autoria. Esta versão é meramente uma tradução livre.

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