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Capítulo 3 SUNDFELD, R.H. et al. – Dentística Araçatuba - UNESP 1 
SELANTE DE FÓSSULAS E FISSURAS 
 A cárie dental constitui, ainda, um tópico cientificamente estudado na Odontologia, e por se 
tratar de uma doença infecto-contagiosa, causada por ácidos orgânicos provenientes da fermentação microbiana de 
carboidratos da dieta, é capaz de levar à destruição localizada dos tecidos dentais (Thylstrup, A., 1988). Entre os 
microrganismos presentes na microbiota oral, os que apresentam um considerável potencial para produzi-la, são os 
Streptococcus do grupo Mutans, uma vez que são capazes de aderir às estruturas dentais, principalmente as regiões 
retentivas, como são, as fóssulas e fissuras (Fitzgerald, R.J., 1960). 
 Assim, podemos afirmar que a superfície oclusal trata-se de uma região altamente susceptível 
ao desenvolvimento da cárie dental, que por apresentar uma peculiar configuração anatômica, com seus sulcos e 
fóssulas, representam, de forma satisfatória, um nicho propício ao seu desenvolvimento, tomando esta condição clínica 
agravada pela dificuldade de auto-limpeza e pela realização inadequada da escovação dental nessa área (Serra, M.C., 
1999) (Fig. 1). 
 
 
Figura 1A - Corte por desgaste de pré-molar apresentando lesão de cárie na fissura (seta). Microscópio óptico comum 
Axiophot (Zeiss) 20X. (E) esmalte, (D) dentina. 
 
Considerando esses fatores, a lesão de cárie poderá iniciar-se nas fóssulas e fissuras logo 
após a erupção dos dentes, podendo quando não prevenida ou tratada, levar à perda do elemento dental, com o 
passar do tempo. Mesmo com todos os recursos disponíveis, a cárie dental, além de ser uma condição clínica multi-
fatorial, pode diferir de indivíduo para indivíduo, de dente para dente, como também de superfície para superfície. 
Esses fatores constituíram, durante muito tempo, um grande desafio a ser enfrentado pela 
Odontologia Preventiva e mesmo Social, e acabaram estimulando muitos pesquisadores a desenvolverem métodos 
preventivos para o controle dessa doença. O advento da técnica do condicionamento ácido em esmalte em 1955, 
proposto Michael Buonocore associada a versatilidade dos materiais adesivos proporcionaram a obliteração mecânica 
das fóssulas e fissuras assim como das imperfeições do esmalte dental, impedindo a instalação e avanço da doença, 
ocorrendo, dessa forma, um considerável controle da atividade cariogênica nesta região. Dessa forma, desde o 
primeiro relato clínico do emprego de selantes de fóssulas e fissuras, por Cueto & Buonocore, em 1967, esta excelente 
proposta preventiva vem sendo empregada (Figuras 1A e B; 2A e B; 3A e B). 
 
 
Figura 2A e B – A – Selamento das fóssulas e fissuras do molar e pré-molar superior com o selante Helioseal 
(Vivadent); B - Corte por desgaste de um molar selado com o selante de fóssulas e fissuras Ultraseal (Ultradent 
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Products, Inc., South Jordan, EUA). Microscópio óptico comum luz polarizada Axiophot (Zeiss) 20X. (E) esmalte, (D) 
dentina, (S) selante. 
 
 
Figura 3 A e B – Prolongamentos resinosos (tags) responsáveis pela união mecänica do selante de fóssulas e fissuras 
ao esmalte dental. (S) selante de fóssulas e fissuras Delton (Dentsply) e (A) tags (Sundfeld em 1990). 
 
Diante do apresentado, afirmamos que o selamento dos defeitos estruturais do esmalte, é 
realmente uma conduta eficaz para prevenir a instalação da cárie dental em fóssulas e fissuras, quer através do 
emprego de um selante resinoso, matizado ou não, com ou sem flúor ou partículas de carga em sua composição, ou, 
até mesmo, de um material ionomérico resinoso ou convencional. De acordo com trabalhos clínicos de Sundfeld et al. 
em 1992; 1993; 1994; 1994; 1996; 1999; 2001, 2004, 2006, 2007 e 2010, um criterioso exame clínico da superfície 
oclusal, com espelho bucal e sonda exploradora, sob abundante iluminação, e radiografias interproximais, deverão ser 
realizados previamente à realização do selamento. 
 Dessa forma, os dentes indicados para o selamento, deverão apresentar superfícies proximais 
clínico/radiograficamente hígidas, acompanhadas de sulcos e fóssulas considerados clínico/radiograficamente hígidos, 
ou seja, sulcos e fóssulas claros, sem alterações cromáticas (Fig. 4), enquanto os que apresentam pequenas 
alterações cromáticas localizadas (Fig. 5) (Eklund, S.A., 1986), sugestivas, ou não, da presença de lesão cariosa 
incipiente, poderão receber a aplicação dessa técnica, após a remoção dessas alterações, com emprego de uma broca 
esférica lisa carbide ½ (K.G. SORENSEN), montada em alta rotação. Destaca-se que aqueles que evidenciam lesões 
cariosas extensas, atingindo todo sulco oclusal e/ou tecido dentinário, e que envolvam todas as fóssulas e fissuras, não 
são indicativos para essa técnica. 
 
 
Figura 4 - Sulco de pre-molar sem alteração cromática. Figura 5 - Sulco de molar com alteração cromática localizada.
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 É oportuno salientar que mesmo com a literatura advogando, que a aplicação de selantes de 
fóssulas e fissuras em lesões cariosas iniciais (Elderton, R J.,1985), ou mesmo em estágio mais avançado com 
comprometimento de dentina, implica em uma diminuição progressiva ao longo do tempo do número de bactérias 
viáveis levando a inatividade da lesão cariosa, desde que o selante permaneça íntegro e totalmente retido na superfície 
oclusal (Handelman, 1982; Handelman et al., 1985); optamos, por medida de segurança, pela realização da técnica 
invasiva quando diante, apenas, de sulco com alteração cromática localizada. Essa postura está sustentada no fato da 
lesão de cárie, geralmente, ser acompanhada de alterações cromáticas, e ainda em razão dos exames clínico-
radiográficos, impossibilitarem, seguramente, a verificação da real condição da área de esmalte pigmentada, quanto à 
presença ou não de lesão cariosa. 
Dessa forma, não é possível afirmar, também, de forma concisa que todos os sulcos claros por 
nós selados, apresentaram-se hígidos em toda a sua extensão e profundidade, assim como, os com alterações 
cromáticas eram com certeza, cariados. Mas de acordo com nossos achados, ao longo desses anos de estudo, não foi 
levantada qualquer suspeita da presença de lesão cariosa ao seu redor ou sob os selamentos oclusais realizados, quer 
clinicamente ou radiograficamente, respectivamente, e que a realização da técnica invasiva proporcionou, sem dúvida 
alguma, uma maior segurança tanto para o profissional quanto para o paciente. Mas, se o selamento de uma lesão 
cariosa não diagnosticada for realizado inadvertidamente, ela não progredirá, mas estabilizar-se-á com o passar do 
tempo (Handelman, 1982; Handelman et al., 1985). 
Estamos de acordo com Kramer et al., em 1991 e 1997, quando apregoaram que dentes 
recém-erupcionados são candidatos ideais para a realização do selamento. Além disso, também acreditamos ser 
discutível o conceito de que dentes que não desenvolveram lesão cariosa, até 2 anos, após a sua erupção, estão 
contra indicados para o selamento, uma vez que nessa condição clínica, está sendo considerado apenas o fator 
maturação pós-eruptiva; entretanto, um indivíduo não está livre de desenvolver cárie de fóssulas e fissuras durante o 
decorrer dos anos seguintes, se levarmos em consideração os fatores higieneoral, anatomia oclusal, dieta, além dos 
fatores secundários e modificadores que determinam o desenvolvimento da doença. Salientamos que estes fatores 
podem reverter um quadro estabilizado de saúde oral, podendo até mesmo levar um paciente de baixo risco à doença 
cárie, para um quadro clínico de atividade da doença. Assim, nossa postura para a aplicação do selante, em se 
tratando do fator idade do paciente, estaria entre 6 a 18 anos como idade referência. 
Por outro lado, é conveniente a realização de exames radiográficos interproximais periódicos, 
assim como, o controle de forma enfática da higiene oral; o consumo inteligente da sacarose e de carboidratos 
fermentáveis, para evitar a instalação da doença nas superfícies proximais. Isto demonstra, claramente, que a cárie 
dental é uma condição multifatorial, onde cada fator tem sua função específica, sendo necessária a interação entre eles 
para que ocorra. 
Dentro desse contexto, a realização do selamento oclusal, de fato, constitui-se em um avanço 
consideravelmente substancial na erradicação da cárie dental, nos defeitos estruturais do esmalte dental, oferecendo 
muitos benefícios, tais como: ausência de dor durante sua aplicação, boa aceitação clínica, além de manter a dentição 
intacta (Croll, TP., 1996). 
Desde o primeiro relato clínico do emprego de selantes de fóssulas e fissuras, em 1967 por 
Cueto e Buonocore, muitos trabalhos têm sido publicados, documentando sua real eficácia na prevenção da cárie 
dental, informando-nos, ainda, que inúmeras superfícies oclusais que o receberam permaneceram seladas por vários 
anos, após uma única aplicação. No entanto, o sucesso clínico, com o passar do tempo, está diretamente relacionado 
ao emprego de uma técnica extremamente acurada, uma vez que a perda do material é atribuída, quase que 
exclusivamente, à ineficiência da técnica adotada. 
A técnica seladora adotada pela Disciplina de Dentística da Faculdade de Odontologia de 
Araçatuba — UNESP, consiste na realização da profilaxia oclusal com pedra pomes e água, seguido do isolamento do 
campo operatório. A seguir é realizado o condicionamento do esmalte dental, em toda a superfície oclusal, com ácido 
fosfórico a 37%, na forma de gel, sob vibração, empregando-se, para tanto, uma sonda exploradora número 5 (Duflex), 
pelo tempo de 1 minuto. Após lavagem e secagem, o selante deverá ser aplicado em todos os sulcos e fóssulas, 
recebendo, em seguida, e sob vibração, a aplicação de uma sonda exploradora número 5 (Duflex). A polimerização se 
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fará 10 segundos após, pelo tempo de 40 segundos, empregando, para isso, uma fonte de luz halógena com 
intensidade luminosa adequada (Figuras 6 A, B, C, D e E), (Figuras 7 A, B, C, D , E, F e H). O fato de indicarmos a 
polimerização do selante, 10 segundos após a sua aplicação, no interior do sulco, contribui satisfatoriamente para a 
sua penetração no esmalte dental condicionado, mesmo quando o selante apresenta partículas de carga em sua 
composição(Croll, TP., 1999). 
Quando necessário deverá ser realizado o ajuste oclusal, em máxima interscupidação habitual, 
com o paciente sentado e com o plano oclusal paralelo ao solo, empregando, para tanto, uma fita de carbono Accufilm 
(MDF. for Parkell). Os contatos prematuros, quando existentes, deverão ser removidos com uma ponta diamantada de 
número 1014 (K.G. Sorensen), montada em alta rotação, sob refrigeração à água e ar, recebendo em seguida a ação 
de uma ponta de borracha abrasiva, pertencente ao sistema Vicking de acabamento de resina composta (K.G. 
Sorensen) (Fig. 8). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 6 - Técnica não-invasiva do selamento de fóssulas e fissuras sem alterações cromáticas. Profilaxia com pedra-
pomes e água (A); condicionamento do esmalte (B); aplicação de selante Fluroshield (Dentsply Indústria e Comércio, 
Petrópolis, RJ, Brasil) (C); fotopolimerização do selante (D) imediatamente após o selamento oclusal (E) . 
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Figura 7 - Técnica minimamente invasiva para sulcos e fissuras com alterações cromáticas localizadas (A); aplicação 
de uma broca esférica lisa carbide ¼ (KG Sorensen Indústria e Comércio Ltda, Barueri, São Paulo, Brasil.) somente 
nos sulcos e fissuras com alterações cromáticas (B e C - cavidades); condicionamento ácido do esmalte (D); após o 
condicionamento do esmalte (E); aplicação de selante Fluroshield (Dentsply Indústria e Comércio, Petrópolis, RJ, 
Brasil) (F); fotopolimerização do selante (G), imediatamente após o selamento oclusal (H). 
 
 
Figura 8 – Realização do ajuste oclusal após o selamento das fóssulas e fissuras. 
 
Em se tratando das condições de isolamento do campo operatório, deveremos dar prioridade, 
sempre que possível, para o absoluto, porém, no impedimento de sua realização, poderemos empregar o relativo, 
desde que cuidadosamente realizado; exigindo com isso, extremo cuidado durante a sua aplicação, a fim de evitar a 
possível contaminação do esmalte dental condicionado. Consideramos que esta possibilidade seja especialmente 
considerada nos casos de emprego do selante nos programas de saúde pública, levando o benefício do selamento 
oclusal para grande parcela da comunidade local. 
De fato, esses relatos são corroborados com os de Simonsen (1987; 1991), que alegou, entre 
outras considerações, que os selamentos oclusais, analisados há 10 e 15 anos após suas aplicações, respectivamente 
conduziram a excelentes taxas de retenção do material e, conseqüentemente preveniram a cárie dental, além de 
reafirmar, de forma concisa, que a técnica de aplicação é de fundamental importância para a longevidade do material 
na superfície dental. 
 Assim, reafirmamos, na oportunidade, que a aplicação incorreta dos princípios que regem a 
técnica do selamento, tem sido apontada como o fator principal e decisivo para o fracasso dos selamentos realizados, 
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salientando ainda que se o for realizar, ―faça-o corretamente, senão, não o faça!‖ (Sundfeld et al. Em 1992; 1993; 
1994; 1994; 1996; 1999; 2001, 2004, 2006, 2007 e 2010). Da mesma forma, Sundfeld, em 2001, com o objetivo de 
analisar a eficiência dos selamentos oclusais, no controle de lesões de cárie, de dois selantes de fóssulas e fissuras, 
11 anos após suas aplicações, analisaram as alterações marginais e de área dos selamentos, empregando-se, para 
tanto, as avaliações clínico/foto/computadorizada (Delong, R., 1985). Destacando, que os selamentos foram 
consideravelmente, evidenciados na superfície oclusal, através da aplicação de uma solução corante, a base de 
hematoxilina, proposta por Okubo et al., em 1982 (Figura 9). 
 
 
Figura 9 - Dente 24, selante Concise (3M), aos 7 dias, 18 meses, 36 meses e 11 anos após o selamento oclusal. 
Sundfeld, et al, em 2001. 
 
Neste trabalho, o excelente comportamento clínico apresentado pelos selantes analisados, nos 
períodos ora considerados, após selamento oclusal, está alicerçado principalmente na técnica extremamente acurada a 
que foram submetidos, enfatizando, com veemência, que o material foi aplicado em esmalte dental condicionado, bem 
seco e não contaminado. Esse fato colaborou com certeza, com a considerável retenção apresentada pelos materiais 
seladores empregados, uma vez que o condicionamentodo esmalte dental foi realizado em toda superfície oclusal, 
impedindo, dessa forma, que o selante fosse aplicado no esmalte sem ser condicionado, fato que, sem dúvida alguma, 
proporcionaria o processo de infiltração marginal ao redor do selamento. Corroborando essas ponderações, Russo et 
al., em 1985, alertaram que se o selante ficar com as suas margens no esmalte não condicionado, será grande a 
infiltração marginal. 
Isto explica, claramente, a ausência de perda total do material selador e de lesão cariosa ao 
redor dos selamentos realizados nessa pesquisa clínica longitudinal, assim como, jamais evidenciada em qualquer uma 
por nós realizada quando o material selador era apenas resinoso, com ou sem flúor em sua composição. 
Apesar do comprovado avanço substancial na erradicação da cárie dental e da excelente 
eficácia, demonstrada pelo selante de fóssulas e fissuras, na proteção dos defeitos anatômicos oclusais do esmalte 
dental evidenciados por resultados clínicos, muitos profissionais ainda, e infelizmente, relutam na sua utilização como 
medida rotineira de prevenção em seus consultórios, ou, até mesmo, em extensivos programas de prevenção. 
Esse fato encontra-se aliado a vários fatores, entre eles a não convicção de sua eficácia, 
quanto à retenção e desgaste do material, ao longo do tempo, mesmo diante dos resultados obtidos através de 
pesquisas clínicas; a dificuldade do profissional em convencer os pais a aceitarem a técnica; o receio de selar sulcos e 
fissuras com início de lesão cariosa ou a crença em que se possa realizar restaurações pelo mesmo custo e tempo de 
trabalho, com resultados melhores e mais duradouros, ou até mesmo, por desconhecerem a sua real eficácia, dentro 
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do contexto de promoção de saúde bucal de nosso país. Embora essas dúvidas tenham sido amplamente abordadas e 
divulgadas através da literatura pertinente e disponível, obviamente persistirão, caso os profissionais não se atualizem 
através da consulta literária e da participação em cursos, congressos, conferências ou similares. 
Somos consentâneos, com relatos literários, que a condição ideal para prevenir a instalação da 
cárie dental, exige como requisitos principais, a instalação de medidas de higiene oral, visitas periódicas ao cirurgião 
dentista, fluorterapias, controle da dieta cariogênica e principalmente a aplicação de selantes de fóssulas e fissuras. 
Os trabalhos de Sundfeld et al. (1992; 1993; 1994; 1994; 1996; 1999; 2001, 2001, 2004, 2006, 
2007 e 2010), têm alegado, ainda, que é possível detectar, com o decorrer do tempo, uma alteração panorâmica das 
superfícies dos selamentos realizados através do surgimento, ou até mesmo do desaparecimento de bolhas 
superficiais, o que demonstra a existência de desgaste oclusal sofrido pelos materiais seladores, à medida que os 
dentes se posicionam, na arcada dental, pelos movimentos de erupção e acomodação articular. 
Assim, de encontro com nossos resultados e com os de Tillis et al., em 1992, dentro de 
determinados limites, é interessante que o selante seja susceptível ao desgaste, ao longo do tempo, uma vez que ele é 
aplicado, na superfície oclusal, com os dentes permanentes ainda em fase de acomodação e posicionamento articular 
no arco dental. Assim poderemos até mesmo inferir que o desgaste por ele sofrido, com o passar do tempo, não 
interferirá em sua finalidade clínica, desde que seu remanescente permaneça ocluindo a região desejada das fóssulas 
e fissuras. Com isso, esperamos que sejamos capazes de diferenciar a positiva possibilidade de ocorrência de 
desgaste marginal e de superfície, com a negativa possibilidade de perda do material por aplicação incorreta da 
técnica. 
Entretanto, estudos têm relatado que todos os selamentos passam por um período de perda 
marginal e de desgaste (Pintado, M., 1991) os quais expõem áreas previamente cobertas pelo material selador, e que 
essas áreas de perda do material estão intimamente relacionadas com a anatomia e posição do dente na arcada. 
Enfatizamos, ainda, que o importante é mantermos uma área seladora necessária para proteger a região anatômica 
crítica, definindo dessa forma, o sucesso do selamento das fóssulas e fissuras, ao longo do tempo, impedindo de forma 
segura a instalação de lesões de cárie nos defeitos estruturais do esmalte dental (Reich, E., 1999) (Fig. 10 A, B, C,D, 
E, F, G). 
 
 
 
Figura 10 - A, B, C, D, E, F, e G –Selamento oclusal com selante Helioseal (Ivoclar Vivadent Ltda, São Paulo, SP, 
Brasil.), aos 17 (A), 21 (B) e 22 (C) anos após a aplicação do selante; selamento oclusal com o selante Delton 
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(Dentsply Indústria e Comércio, Petrópolis, RJ, Brasil) aos 23 anos (D), após a aplicação do selante; selamento oclusal 
com o selante Fluroshield (Dentsply Indústria e Comércio, Petrópolis, RJ, Brasil) aos 17 anos (E), (F) e (G), após a 
aplicação do selante. 
 
Porém ficou caracterizado, nesses anos de estudo e dedicação ao selante de fóssulas e 
fissuras, que o profissional realmente necessita, é de conscientização da necessidade, da correta aplicação desse 
material; fatores que, sem sombra de dúvidas, caminharão juntos na prevenção da cárie dental oclusal. Dessa forma, 
acreditamos que estaremos contribuindo para a evolução da nossa profissão, buscando não apenas o tratamento da 
doença cárie, mas sim, e mais importante, evitar o seu aparecimento, uma vez que até nos dias atuais, o ser humano 
ainda não foi capaz de desenvolver um material restaurador que substitua a estrutura dental na sua plenitude. 
Assim sendo, é possível afirmar que: 
A aplicação de selantes de fóssulas e fissuras, mediante uma técnica adequada, constitui, 
incontestavelmente, um recurso eficaz e seguro na prevenção das lesões de cárie de fóssulas e fissuras. 
• É conveniente, adotar paralelamente a aplicação de selantes de fóssulas e fissuras, a 
realização de exames radiográficos interproximais periódicos; visitas periódicas ao cirurgião dentista; fluorterapias, 
assim como, o controle e manutenção de forma enfática da higiene oral e do consumo inteligente do açúcar (sacarose), 
para evitar a instalação de lesões de cárie nas superfícies proximais. 
• A análise clínica periódica dos dentes que receberam o selamento oclusal é fator de suma 
importância para o controle e preservação do material na cavidade oral, ao longo do tempo. 
 
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Odontologia, Faculdade de Odontologia. 
PREVENÇÃO DA CÁRIE DENTAL 
 
 
 
 
Capítulo 3 SUNDFELD, R.H. et al. – Dentística Araçatuba - UNESP 
 
10 
30. SUNDFELD R.H et al. Clinical/photographic evaluation of a single application of two sealants after eleven 
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