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ENSAIO ETICA

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Centro Universitário de Brasília –UniCEUB
João de Fernandes Teixeira – Filosofia da mente
Victoria Helena Oliveira
Brasília 
Outubro de 2015
“Ética e razão: encontros e desencontros.”
Na idade média o princípio ético emanava de uma divindade e o pensamento no qual perpetuava era o dos cristãos os quais pregavam que o ser humano é pecador e devido a isso precisavam de tutela, de alguém cujo os controlasse pois se não eles se portariam como animais violentos, com uma natureza maléfica e que deveriam lutar contra ela, mas os iluministas respondem a essa afirmação, e a resposta mais famosa é a de Rousseau, o qual fala que o homem ele nasce bom, porém ele desvirtuado, corrompido por uma sociedade e o caminho para isso não ocorrer seria a educação.
Kant escreveu seu texto baseado na transição dessas duas perspectivas, e ele trata a ideia de que a ética é externa a nós, é o desenvolver de um espírito, o qual é chamado de esclarecimento ou seja ele faz uma negação a lógica de que a ética vem de dominação ou opressão. O indivíduo durante a idade média vivia sobre a tutela, o poder de uma outra pessoa e Kant atribui a esse fenômeno o conceito de menor idade e seria mais fácil viver deste modo pois os conflitos estavam resolvidos de maneira a priori já que havia um poder superior que é responsável por organizar as divergências e também não havia responsabilização dos indivíduos pelos próprios atos uma vez que não eram eles que os formulavam logo não eram responsáveis, por outro lado um caminho para sair dessa menor idade é o esclarecimento, apresentado como meio para a pessoa atingir a liberdade, a autonomia de decisão, no qual o autor se refere como maior idade, e a melhor ferramenta para se utilizar seria a razão visto que racionalmente pensando o sujeito não teria motivos para ter uma atitude antiética porque ela poderia se voltar contra ele. 
Após essa concepção que Kant dá ao uso da razão, três autores irão argumentar contra essa lógica, são eles Max Horkheimer, Friedrich Nietzsche e Michel Foucault, este último revoluciona o pensamento mundial. No discurso de Horkheimer pode-se destacar três pontos, os quais são, a relação entre razão e natureza, razão e técnica e a crise da razão. A relação entre razão e natureza é de que embora o primeiro tivesse servindo a função de dominar o segundo, a razão não é um fenômeno a priori, e sim faz parte da natureza. A razão e a técnica, o mundo é cada vez mais técnico ou seja aceita as verdades sem questiona-las ou critica-las e isso traz um processo de simplificação ou seja é mais fácil aceitar as verdades do que criar sua própria verdade e isso não nos torna livres e autônomos logo é contra o que Kant pregava de que quando as pessoas conquistassem a liberdade, elas iriam se livrar da tutela e isso não ocorre pois se obedece a técnica. A crise da razão, antes a razão era uma ferramenta libertadora e positiva, porém ela se torna a base de atos monstruosos e se demonstra insuficiente para embasar um ética, como por exemplo o campo de concentração dos nazistas, no qual era um fábrica racional de assassinatos pois, era um sistema eficaz e barato e isso traz a consequência de que seguir ordens é uma desculpa para não ser ético porque traz a ideia de que o sujeito obedece sem usar uma reflexão própria e isso é uma desculpa para isentar os indivíduos de seus atos antiéticos. 
Já a crítica de Nietzsche ao Kant é a de que a razão não é o melhor método para chegar na verdade porquanto ele não acredita na relação entre razão e verdade, porque entre o sujeito e objeto há sempre a linguagem e todo observador tem um locus ou seja um lugar de observação e como consequência desses dois argumentos o autor não acredita que exista uma verdade absoluta. Para chegar no objeto tem que passar pela linguagem, a qual é influenciada pelas nossas crenças e valores, e isto é sempre observado de algum lugar ou seja do locus, tudo em que o indivíduo acredita é uma interpretação possível de um objeto, portanto toda verdade não existem fatos, apenas interpretações sendo assim não há uma verdade absoluta. O resultado deste pensamento é o de que as pessoas não iriam conseguir viver se elas se questionassem sobre todas as verdades, então segundo Nietzsche o que ocorre é o sentimento de vontade de verdade e para sacia-lo é escolhido um conjunto delas no qual ele é seguido como se fossem verdades absolutas e elas são relativas de acordo com a posição cultural e o lugar de observação. Para este autor não existe ética pois ela está dentro deste paradigma apresenta ou seja são os indivíduos que vão escolher o que cada um é como sociedade e dependendo dela o que é considerado antiético, terrível em uma pode não ser considerado em outra. 
Michel Foucault transforma o pensamento da filosofia, respondendo a essas questões de outra forma. O argumento utilizado por este pensador é o de que os indivíduos nascem como se fossem uma tábula rasa ou seja com o sentido de uma folha de papel em branco, portanto, nada que se sente ou pensa é apenas do sujeito. Eles são construídos por uma sociedade mais precisamente pelas instituições sociais, como por exemplo, a Igreja e a escola, visto que elas são produtoras dos discursos de verdade, que são palavras condensadas em frases e são impressas na pessoa onde irão se transformar em desejos, esses locais têm um lugar privilegiado de fala porque acumulam a história do pensamento, de uma memória e ao mesmo tempo é um espaço de comunicação. Com essa pensamento surgem duas consequências, a primeira, nada de que a pessoa tem é individual do sujeito ou seja seus pensamentos, desejos, vontades foram recebidos de uma sociedade e não criados por si e a segunda, existe um processo de construção de verdades que é exterior ao indivíduo, logo a sociedade cria as verdades e os sujeitos funcionam como uma caixa de ressonância, no qual repetem as coisas que são criadas. E o papel da razão colocado é o de um caminho para a ética e valores dos indivíduos, mas não de forma individual e sim coletiva pois as pessoas como grupos reunidos em instituições, são coletivamente responsáveis pela criação de seus valores, de sua ética e sociedade posto que as instituições são as criadoras dos discursos que os sujeitos irão aceitar e repetir, elas são uma forma coletiva de construção de ética, sendo assim a construção de uma sociedade.
Portanto, são tantos os encontros e desencontros de argumentos relacionados a ética e a razão, o primeiro no qual Kant fala que a razão é o caminho para a liberdade visto que o sujeito agiria de forma racional e não iria ter atitudes antiéticas, segundo o de Horkheimer, ele utiliza o argumento de que a razão pode direcionar o sujeito a ser antiético, o terceiro o de Nietzsche que prega a inexistência de uma verdade absoluta, como consequência não existe uma ética e o último e revolucionário de Michel Foucault o qual prega a construção coletiva de uma ética por meio das instituições sociais.

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