Buscar

86_METEOROLOGIA_E_CLIMATOLOGIA_VD2_Mar_2006

Prévia do material em texto

METEOROLOGIA E CLIMATOLOGIA
Mário Adelmo Varejão-Silva
Versão digital 2 – Recife, 2006
72
Quando a temperatura ambiente sofre uma variação relativamente brusca, a coluna
termométrica não a acusa de imediato. O mesmo se verifica quando um termômetro é mudado
para outro ambiente, cuja temperatura difere sensivelmente daquela reinante no anterior. A
taxa segundo a qual a leitura termométrica vai se aproximando do valor final depende das pro-
priedades do meio (velocidade do ar, por exemplo), além das dimensões e do material de fabri-
cação do próprio instrumento. Aceita-se que essa taxa obedece à seguinte expressão:
dT/dt = (1/τ) (T – Tr), (II.4.1)
em que T representa a temperatura instantânea (leitura do termômetro corrigida do erro instru-
mental, se houver), Tr indica a temperatura real à qual tende o valor de T, τ é o coeficiente de
retardamento do termômetro em causa e t designa o tempo. Admitindo que Tr não se altera
durante o pequeno intervalo de tempo necessário à estabilização da leitura, pode-se integrar a
equação precedente, obtendo-se: 
T – Tr = (TO – Tr) exp{ – (1/τ) t}, (II.4.2)
onde TO corresponde à temperatura do termômetro antes de ser submetido às novas condi-
ções. A equação anterior comprova que Tr deverá aproximar-se assintoticamente de T. Fazen-
do t = τ, verifica-se que o coeficiente de retardamento (τ) é o tempo necessário para que a dife-
rença T –Tr seja reduzida de e -1 = 0,37 do valor inicial (TO – Tr). Pode-se, ainda colocar essa
equação sob a forma:
ln (T – Tr) = ln (TO – Tr) – (1/τ) t. (II.4.3)
Vê-se que o valor de τ pode ser determinado graficamente, plotando-se os pontos cor-
respondentes às diversas temperaturas (obtidas sucessivamente durante o período de estabili-
zação da coluna termométrica), em um diagrama cuja coordenada vertical (y) seja ln{(T – Tr) /
(TO – Tr)} e a horizontal (x) represente o tempo t. Com isto, a equação anterior passa à forma:
y = (–1/τ) x (II.4.4)
e o conjunto de pontos deverá formar uma reta que passa pela origem dos eixos e cuja inclina-
ção vale –1/τ (Middleton e Spilhaus, 1953). Essa determinação exige a presença de um outro
termômetro que forneça Tr.
5. O abrigo de instrumentos.
Nas estações meteorológicas convencionais, as observações da temperatura do ar
(instantânea, máxima e mínima) são obtidas a partir de termômetros instalados no interior do
chamado abrigo de instrumentos (Fig. II.9). Esses abrigos evitam que a luz do Sol incida dire-
tamente sobre os sensores de temperatura, mantendo-os, ao mesmo tempo, em um ambiente
aceito como adequadamente ventilado.
A geometria e os materiais empregados na fabricação dos abrigos de instrumentos,
para fins meteorológicos, variam de país para país. No Brasil, são confeccionados com duas
caixas de madeira, uma por dentro da outra, cujas paredes laterais possuem venezianas com

Continue navegando