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METEOROLOGIA E CLIMATOLOGIA Mário Adelmo Varejão-Silva Versão digital 2 – Recife, 2006 110 aumento da temperatura média do ar com a altitude. Deve-se ressaltar, porém, que o conceito de média tem um significado muito restrito nessa região: entre o dia e a noite a temperatura do ar pode oscilar, ali, várias centenas de graus em torno do valor médio (Dobson, 1968). Essas temperaturas não são medidas diretamente, mas estimadas a partir da pressão e da massa específica, já que o grau de rarefação local não possibilita o uso de processos termométricos convencionais. A cerca de 120 km de altitude, por exemplo, a densidade do ar é estimada em 0,00002 g m-3 (Murgatroyd et al., 1965). Tais condições de rarefação são muito melhores que as obtidas nas mais sofisticadas câmaras de vácuo atualmente em uso. 3.5 - Ionosfera. Em decorrência da fotodissociação, a concentração de íons aumenta com a altitude na atmosfera superior, advindo daí o termo ionosfera a ela aplicado. A ionização começa a ocorrer por volta de 60 km de altitude. Muito embora os dados disponíveis tenham um acentuado grau de incerteza, as obser- vações realizadas insinuam que cerca de 65% do oxigênio encontra-se dissociado aos 130 km de altitude. A presença de íons na atmosfera superior está relacionada com a existência de elétrons livres mas, segundo Dobson (1968), o número de íons deve ser inferior ao de átomos neutros. Isso é justificável porque, sendo os íons eletricamente carregados, facilmente colidem e interagem. Quando se considera a concentração de elétrons livres, a ionosfera é dividida em três regiões (Boischot, 1966): REGIÃO D - situada de 60 a 90 km de altitude, com concentração da ordem de 103 elé- trons por centímetro cúbico; REGIÃO E - entre 90 e 160 km de altitude, com o máximo de concentração, da ordem de 105 elétrons por centímetro cúbico, situado entre 110 e 120 km; e a REGIÃO F - acima de 160 km de altitude, com dois máximos de concentração de elé- trons livres (o da sub-camada F1, com 5x105 cm-3, situado em torno de 200 km e o da sub-camada F2, com 106 cm-3, localizado a cerca de 300 km de altitude). A ionosfera pode absorver ou refletir ondas de rádio, dependendo da freqüência da emissão radiofônica e da densidade de elétrons livres. Exerce, por isso, um papel importante na rádio-comunicação, facilmente perceptível à noite, ocasião em que o desaparecimento do máximo correspondente à região D, permite que as ondas sejam refletidas pelas regiões E e F, mais elevadas, melhorando bastante a qualidade da recepção de emissoras distantes. Algu- mas estações transmissoras, interessadas em propagações específicas para determinadas regiões da Terra, usam a propriedade refletora da ionosfera. Durante o dia, porém, a região D absorve grande parte da energia associada às ondas radiofônicas, tornando mais débeis os sinais recebidos por reflexão. Eventuais mudanças súbitas na atividade solar (erupções solares) provocam alterações apreciáveis na densidade de elétrons livres da ionosfera e podem causar um colapso nas co- municações via rádio. Tais distúrbios, designados por tempestades magnéticas, são atribuídos ao fluxo anômalo de partículas eletricamente carregadas procedentes do Sol.
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