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Jean-Jacques Rousseau (1712 - 1778) Em grande parte de sua filosofia Rousseau propõe que o homem deve fazer um caminho de retorno à natureza, mas não um retorno ao seu primitivismo animal e rude, mas um retorno ao seu Estado Natural, que é o saber viver originário e feliz conforme nossas necessidades inatas. Essas necessidades inatas foram corrompidas pela civilização, pelo intelectualismo e pelos comportamentos artificiais que a sociedade impõe aos indivíduos. As produções da arte e da cultura fazem com que esqueçamos nossos reais deveres enquanto seres humanos e descuidemos das nossas necessidades naturais inerentes. Os refinamentos sociais, as mentiras convenientes e aceitas pela comunidade, o exibicionismo intelectual, a suntuosidade cultural e a vaidosa busca pela estima e simpatia das outras pessoas, são abusos que fazem com que percamos nossa capacidade de reconhecer e julgar valores humanos mais profundos, como a virtude. O homem natural busca simplesmente satisfazer suas necessidades como sexo, alimentação e autopreservação sem se angustiar frente à morte. Quando age de forma agressiva, não o faz de forma desnecessária ou com crueldade, pois tem em si um sentimento natural de piedade para com os outros seres da natureza. Esse homem tem a capacidade de tomar as próprias decisões seguindo o próprio discernimento e a habilidade de buscar a perfeição. O homem natural atinge a plenitude de suas capacidades quando passa a viver em pequenos grupos familiares e em pequenas comunidades, mas começa a se degenerar, a perder as suas características originais, quando alguns dentre eles criam a propriedade privada, e outros acreditam nela. Para Rousseau, retornar à natureza não significa destruir a sociedade, pois a sociedade permite o nosso desenvolvimento mais rápido e amplia as nossas perspectivas intelectuais. Retornar à natureza significa ir em busca dos princípios mais profundos da nossa humanidade. A razão faz o homem sair de si mesmo, mas o sentimento faz com que ele conheça a sua interioridade, a sua essência e a sua consciência natural. Nessa interioridade é que a natureza se revela, pois, ela está dentro de nós como um essencial senso vital. O homem é naturalmente bom, para evitarmos que ele se torne mal e possibilitarmos o desenvolvimento das suas potencialidades naturais temos que usar a educação. A educação para Rousseau é um processo gradativo e tem que se adequar às necessidades do desenvolvimento humano de cada indivíduo. Primeiro temos que desenvolver e aperfeiçoar os sentidos das crianças, pois inicialmente elas têm necessidades físicas. Nessa fase os ensinamentos devem ser feitos por meio da interação com os objetos. Dessa forma a criança torna-se autossuficiente, livre e sem necessidade de artificialidades. Nesse estágio não se deve estimular a imaginação na criança, pois isso trará angústias quanto ao futuro e consequentemente à infelicidade dela. O segundo passo na educação somente pode ser dado quando o indivíduo tomar consciência de como são as suas relações com os seus semelhantes, a partir de então podemos trabalhar com pedagogia e passar a ensinar como funciona a sociedade e sua organização científica, cultural e política. Outro conceito importante para Rousseau é o de liberdade que pode ser entendido ao mesmo tempo como um direito e um dever, pois nascemos livres e a liberdade nos pertence, quem renuncia à liberdade renuncia a sua condição humana. A liberdade é um direito que não podemos transferir para outra pessoa, nem podemos tomar de outrem a sua liberdade. A liberdade assim vista é um valor humano fundamental e incontestável. É na liberdade que a humanidade se revela universal. É na liberdade que eu amo a mim mesmo e a humanidade, é na liberdade que vou distinguir as características da minha vontade individual e identificá-la com a vontade geral da humanidade. É dessa forma que um cidadão pode identificar-se com outro e se perceberem participantes de uma mesma pátria, fugindo assim do individualismo. Quando o indivíduo identifica a sua vontade com a vontade de sua pátria passa a existir um Contrato Social, que é quando esses indivíduos se unem de forma livre para formarem uma sociedade, à qual prestam obediência com consideração e respeito. Sentenças: - Dinheiro que possuímos é instrumento de liberdade, dinheiro que perseguimos é instrumento de escravidão. - O primeiro homem que disse Isso é meu, fundou a sociedade. - Não vivemos para viver, mas para fazer parecer que vivemos. - Viver não é respirar, é agir. - Quanto mais crimes, maior a decadência de uma sociedade. - Uns precisam de assas, outros de correntes. - O cultivo endireita as plantas, a educação endireita os homens. - A consciência é o instinto divino. - O homem é naturalmente bom, a sociedade o corrompe. - A juventude deve estudar a sabedoria, a velhice praticá-la. - A paciência é amarga, mas seu fruto é doce. - O único comportamento que devemos ensinar às crianças é que nunca se submetam a nenhum. - A injúria é a razão de quem tem culpa. - Um bom pai vale por cem professores. - A fé é uma questão de geografia. - O homem nasce livre, e em todo lugar é posto a ferros. - A única instituição natural é a Família. Jean-Jacques Rousseau
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