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Prévia do material em texto

Ética e Legislação 
Profissional
Material Teórico
Responsável pelo Conteúdo:
Prof. Dr. Samuel Dereste Santos
Prof. Dr. Silvio Pinto Ferreira Junior
Revisão Textual:
Prof.ª Me. Natalia Conti
Fundamentos de Ética e de Moral na Sociedade
• Comportamento Humano e Sociedade;
• Conceito de Moral e Ética;
• Racionalidade, Liberdade, Civilização 
e Valores no Contexto do Mundo Atual.
• Discutir a importância do Conceito de Ética e de Moral ao longo da história da sociedade, 
e seus impactos na sociedade atual;
• Estudar os conceitos de Racionalidade, Liberdade, Civilização e Valores no contexto do 
mundo atual e sua interface com o exercício profi ssional;
• Subsidiar o aluno de conhecimentos fundamentais sobre ética e moral na sociedade atual.
OBJETIVOS DE APRENDIZADO
Fundamentos de Ética 
e de Moral na Sociedade
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem 
aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua 
formação acadêmica e atuação profissional, siga 
algumas recomendações básicas: 
Assim:
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte 
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e 
horário fixos como seu “momento do estudo”;
Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma 
alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo;
No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos 
e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você tam-
bém encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua 
interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados;
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus-
são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o 
contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e de 
aprendizagem.
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte 
Mantenha o foco! 
Evite se distrair com 
as redes sociais.
Mantenha o foco! 
Evite se distrair com 
as redes sociais.
Determine um 
horário fixo 
para estudar.
Aproveite as 
indicações 
de Material 
Complementar.
Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma 
Não se esqueça 
de se alimentar 
e de se manter 
hidratado.
Aproveite as 
Conserve seu 
material e local de 
estudos sempre 
organizados.
Procure manter 
contato com seus 
colegas e tutores 
para trocar ideias! 
Isso amplia a 
aprendizagem.
Seja original! 
Nunca plagie 
trabalhos.
UNIDADE Fundamentos de Ética e de Moral na Sociedade
Comportamento Humano e Sociedade
O homem é uma espécie de interseção entre dois mundos: o real e o ideal. Pela 
liberdade humana, os valores do mundo ideal podem atuar sobre o mundo real. 
(Nicolai Hartmann).
O ser humano vive em sociedade, convive com outros seres humanos e, portanto, 
cabe-lhe pensar e responder à seguinte pergunta: “Como devo agir perante os ou-
tros?” Trata-se de uma pergunta fácil de ser formulada, mas difícil de ser respondida.
Figura 1
Fonte: wikiart.org
O ser humano vive em sociedade. O que isso pode gerar de impacto nas relações sociais, 
como um todo?Ex
pl
or
Ao lidar, diariamente, com situações nas quais é preciso tomar decisões frente 
ao que moralmente se considera bom, justo ou moralmente correto. Porém, tais 
decisões implicam no julgamento moral frente ao que a sociedade entende como 
correto. Neste contexto, surgem os verbetes moral e ética. Afinal, a que se referem 
estas definições?
Segundo Aristóteles, em sua obra Política, a principal característica do homem 
em comparação a outros animais é que somente ele tem o sentimento do bem e do 
mal, do justo e do injusto, e de outras qualidades gerais. Seguindo o raciocínio de 
Aristóteles, o homem é dotado de conhecimento para compreender a diferença entre 
bom, mal, justo, injusto; sendo assim, ele possui uma base preestabelecida de valores.
Esses valores dependem da forma como o homem vê o mundo que o rodeia, e a 
partir de então age de acordo com suas noções que são compartilhadas com outros 
homens em determinada sociedade. 
8
9
Figura 2 – O Pensador
Fonte: Wikimedia Commons
Obra de Auguste Rodin (1904), nos posiciona com relação às escolhas que o 
ser humano pode fazer durante sua vida, que são inerentes a sua existência.
Observe as seguintes questões:
• O que é o bem e o que é o mal?
• O bem para um pode ser o mal para outro?
• O que é justo e o que não é justo? 
• O que é justo para um pode não ser para outro?
Vamos aprofundar estes conceitos.
Conceito de Moral e Ética
A palavra ética possui origem grega com duas interpretações possíveis. A pri-
meira é que ela deriva da palavra grega éthos, com “e” curto, que pode ser tradu-
zida por costume. A segunda interpretação é que ela se escreve éthos, porém com 
“e” longo, que significa propriedade do caráter. A primeira serviu de base na tradu-
ção pelos romanos para a palavra latina mores e que deu origem à palavra moral, 
enquanto que a segunda deu origem à palavra ética. (COTRIM, 2012)
Define-se como moral o con junto de normas que orientam o comportamen-
to humano, tendo como base os valores próprios a uma comunidade. 
Porém, as comunidades humanas, ao redor do planeta, nem sempre conjugam 
os mesmos valores, desta forma surgem diferentes códigos morais. E o homem, ao 
9
UNIDADE Fundamentos de Ética e de Moral na Sociedade
agir conforme estes valores de sua comunidade, estará tendo atitudes e comporta-
mentos éticos. 
Podemos dizer que pertence ao campo da moral a reflexão que tem por norma 
perguntas fundamentais como:
• Como posso agir da melhor maneira para ser justo?
• Quais são os valores que devo escolher para guiar minha vida adequadamente?
• Existe uma hierarquia de valores que deve ser seguida?
• Quais são as atitudes que devo praticar como pessoa e como cidadão?
Como pode ser visto, a m oral está muito relacionada com a consciência do indiví-
duo, quando este se pergunta o tempo todo sobre que atitude tomar diante de uma situ-
ação ou quando reflete se determinada ação ocorreu de acordo com o que se aprendeu 
como certo ou apropriado. Chamamos a essa reflexão de “Consciência Moral”.
Figura 3 – A ética faz parte do dia a dia do ser humano, 
balizando sua consciência e ações desde os primórdios da humanidade
Fonte: Wikimedia Commons
Já, sobre a ét ica pode-se defini-la como sendo um estudo sistematizado das di-
versas morais, no sentido de explicitar os seus princípios, ou seja, as suas concepções 
sobre o ser humano e a existência humana que sustentam uma determinada moral 
(COTRIM, 2012).
Desse modo que apresentamos, é possível dizer que a ética é uma disciplina 
teórica sobre uma prática humana, que é o comportamento moral. Porém, as re-
flexões éticas não ficam restritas apenas à busca de conhecimento teórico sobre 
os valores humanos, cuja origem e desenvolvimento levantam questões de caráter 
sociológico, antropológico, filosófico, religioso etc. A ética tem, principalmente, 
preocupações práticas quando se orienta pelo desejo de unir o saber ao fazer. 
A ét ica busca aplicar o conhecimento sobre o ser para construir aquilo que 
deve ser. Para isso, é indispensável boa parcela de conhecimento teórico. A palavra 
“transparência” pode ajudar a compreender o que é ser ético ou ter um comporta-
mento ético, pois está relacionada ao que “é” de fato, ou seja, ao que é verdadeiro. 
Em outras palavras, ser verdadeiro consigo é ser ético, pois se agirmos assim com 
nós mesmos, agiremos também com os outros. (COTRIM, 2012).
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Racionalidade, Liberdade, Civilização 
e Valores no Contexto do Mundo Atual
Racionalidade
A racionalidade é uma característica que, historicamente, diferenciou os seres 
humanos dentro do seu habitat. Aris tóteles, na filosofia clássica, caracterizou os 
seres humanos como seres racionais, ou seja,que falam e agem de acordo com o 
que pensam. 
O filosofo concebeu a dimensão anímica ou psíquica (psique = alma) dos ho-
mens como um composto de duas partes: a racional, por expressar-se pela ativida-
de filosófica e matemática e outra, privada de razão, por conta de seus elementos 
vegetativos e apetitivos. Essa análise realizada por Aristóteles permitiu uma hierar-
quização dos seres vivos.
Figura 4 – A escola de Aristóteles, obra de Gustav Adolph Spangenberg (1888), 
como um lugar onde o homem adquire e troca conhecimentos
Fonte: Wikimedia Commons
Todos os seres vivos têm em comum uma necessidade prioritária: encontrar 
a forma mais prática, duradoura, garantida e/ou menos arriscada de sobrevi-
ver em seu meio. Tem-se necessidade de alimentos para saciar a fome; água 
para beber; descansar e reproduzir por meio da atividade sexual para perpe-
tuar a espécie.
Assim, segundo Aristóteles, a racionalidade permite ao ser humano pensar, pla-
nejar ações, realizar escolhas e julgá-las em seu contexto, determinando seu valor 
frente à sociedade. Quand o Aristóteles pensou filosoficamente sobre o homem e 
procurou fazer suas análises sobre o “animal humano”, identificou três coisas que 
controlam suas ações: a sensa ção, a razão e o desejo.
Para Aristóteles, a sensação está ligada à percepção que o ser humano tem do 
contexto em que se situa; a razão, por sua vez, conduz o desejo ao encontro dos 
objetivos e o desejo é a força que impulsiona todas as ações. As escolhas que são 
feitas, de forma racional, elegem os objetos para o nosso desejo motivado pelo 
emocional, desta forma, afirma-se a condição da liberdade de realização de esco-
lhas (COTRIM, 2012).
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UNIDADE Fundamentos de Ética e de Moral na Sociedade
O que seria da liberdade senão a capacidade de escolha? Os animais não fazem 
escolhas, pois suas ações são determinadas pelo padrão genético, portanto, pre-
visíveis. Já os humanos, por terem a liberdade de escolha, podem se desviar do 
determinismo que rege o mundo da natureza. Quando se olha para um filhote de 
animal qualquer, ou até mesmo no estado adulto, o ser humano é capaz de imagi-
nar o seu comportamento. 
Quando se observa o comportamento de um bebê, é possível vislumbrar sua 
fragilidade e entender que o mesmo está em uma fase de constante aprendizagem, 
ao contrário de um adulto, quando é certo que seu comportamento é imprevisível, 
assim como suas intenções e atitudes.
Desta forma, pode-se concluir que as escolhas e o meio irão definir o caráter 
de um ser humano, sendo assim, seus vícios e atitudes são manifestações de suas 
escolhas ao longo da vida, norteadas pelo convívio em sociedade, repleta de valo-
res acumulados pela educação, religião, cultura etc., definidos como valores morais 
(COTRIM, 2012).
Algumas questões para reflexão:
• Quando um homem faz suas escolhas na vida, que critérios ele utiliza para 
tomar suas decisões?
• Quais são os valores que regulam suas ações? 
• Quais são os objetivos que pretende atingir e quais serão os meios para con-
cretizá-los?
• Toda ação deve ser justa e boa?
• O que determina a justiça e a bondade se não são mais nada além de valores? 
O que é ser justo? O que é ser bom, afinal?
A sociedade é uma construção histórica composta por indivíduos que pensam 
e realizam escolhas de acordo com seus desejos particulares. As relações entre os 
distintos indivíduos são denominadas de relações sociais, e que resultam na sociedade. 
A liberdade é justamente o convívio destes distintos indivíduos de forma harmônica.
Provavelmente, ao se ler um noticiário na TV, na Internet, presencia-se diversos 
conflitos entre indivíduos, que muitas vezes ferem o bem-estar da coletividade e 
questionam o papel dos valores morais e éticos frente à sociedade atual.
Para se organizar a sociedade foi preciso criar regras de conduta e de convívio, 
regras tais que podem ser transmitidas a todos pela educação e que também po-
dem ser garantidas pelas leis, reguladas no âmbito da justiça. Dessa forma, é pos-
sível perceber que somos livres para fazermos escolhas, porém com limites muito 
claros, estabelecidos por meio de lei, constituição, decisões do Estado, ou seja, da 
sociedade em que vivemos.
Por outro lado, viver no mundo significa não apenas ter uma atitude ética pe-
rante ele como também ter consciência de seu agir sobre o outro, em um processo 
12
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contínuo de relações de convivência entre indivíduos e grupos sociais, na luta pela 
sobrevivência. Quando o homem toma consciência de que vale a pena a convivência 
humana, ou seja, quando assume a incumbência de integrar-se à sociedade, adota 
um compromisso ético e moral deliberado consigo mesmo e com seus semelhantes.
Pense no impasse que vivemos com relação às leis sociais, cotas, e leis de proteção de 
determinados grupos sociais. São instrumentos indiretos, que garantem uma rein-
serção social, porém geram muita polêmica.
Civilização e Valores
A primeira lei fundamental imposta para a civilização não vem sendo respeitada 
ainda até os dias de hoje: É proibido matar! 
Se ex istem práticas homicidas, os critérios de bondade e justiça não são cumpri-
dos. Os assassinatos revelam o conflito irremediável entre a liberdade e a lei. A lei foi 
construída para garantir o exercício da liberdade. No entanto, acaso deveríamos jul-
gar livres os indivíduos que praticam crimes? Seriam livres em suas ações ou não?
O critério de justiça determina a prisão 
(perda da liberdade) para quem cometer ho-
micídio. Mas por que só os pobres são conde-
nados à prisão? Por que os chamados “crimes 
de colarinho-branco” não são punidos com a 
prisão? Observe que essas questões remetem 
ao campo da reflexão ética (GALLO, 2015).
A obra “O mal-estar na civilização”, publicada em 1930 por Sigmund Freud, 
criador da psicanálise, traz uma análise sobre o avanço da civilização, constatando 
que os seres humanos estão condenados, durante toda sua existência, a viver um 
conflito irremediável entre as necessidades que estimulam a concretização de uma 
vida em “liberdade”, e as barreiras que são encontradas na sociedade em que vivem 
quando se deparam com as “leis”.
Freud inicia o seu ensaio com uma discussão sobre o que seria a felicidade para 
os homens, argumentando que para o homem, essa busca constante pelo estado 
de felicidade plena é o que faz a vida ter sentido. Isso vai se dar de duas maneiras, 
resumindo, ou melhor, generalizando bem o pensamento do psicanalista: essa bus-
ca de felicidade vai se efetivar em se evitando o desprazer, o qual causa sofrimento, 
e a busca constante de prazer, o que proporcionaria a felicidade. O direcionamento 
que o homem dá a suas ações para cada um desses sentidos estaria diretamente 
relacionado com o controle dos seus instintos (GALLO, 2015).
Esta insatisfação constante, apontada por Freud, que se sente por não se alcan-
çar nunca a felicidade plena e duradoura, é uma reflexão sobre a Ética civilizatória 
O Brasil tem passado por diversas 
operações, no âmbito político, no 
sentido de de diminuir os casos de 
corrupção. Será que essas ações 
são suficientes?
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UNIDADE Fundamentos de Ética e de Moral na Sociedade
como promessa de felicidade. O psicanalista aborda as buscas constantes de uma 
fórmula que não existe nem nas artes, nem na religião, nem na ciência e tampouco 
na filosofia, sendo, portanto, esse um dos problemas que incidem sobre o destino 
da humanidade e, por isso, Freud claramente vai apontar que a liberdade e as leis 
vão criar um conflito irremediável.
Estes diagnósticos de Freud apontam para uma reconstrução das ideias clássicas 
de Aristóteles, quando este coloca a questão sobre “o que o homem deseja, de mais 
importante, realizar na vida?” Não há dúvida de que todos os seres humanos vivem 
em busca da felicidade. Todos querem ser felizes, mesmo que a felicidade seja vista, 
por cada qual, de forma diferente. 
Para algumas pessoas, ser feliz é ter saúde, já para outros, a felicidade está atre-
lada à riqueza ou ao encontro de uma pessoaamada. Desta forma, esse estado é 
percebido e percorrido por cada um de uma maneira distinta. Por este viés, pode-
-se concluir que toda ação humana tem em vista a conquista da felicidade perma-
nente (GALLO, 2015).
Uma das tarefas mais difíceis da civilização é humanizar esse animal racional 
chamado homem. Complementando o que já se falou anteriormente sobre Aris-
tóteles, os argumentos de Freud, na obra citada, nos dão margem para encontrar 
elementos para caracterizar o processo civilizatório construído pelos seres huma-
nos. Essa elevação do homem em relação à condição animal pode também ser 
caracterizada pelo que vamos chamar de cultura.
Os humanos são seres intrínsecos à cultura. O acesso aos bens culturais pro-
duzidos em toda a história é o que define a condição humana. O homem é um 
animal cujo maior desejo é tornar-se humano. Desde o nascimento até a morte, 
somos atravessados pelos critérios que sustentam a civilização: o bem e a justiça 
(GALLO, 2015).
Com as mudanças do mundo contemporâneo, a vida se tornou um pouco mais 
digna para algumas pessoas, com o aumento da qualidade de vida, das taxas de 
crescimento da natalidade, do aumento da expectativa de vida, com os avanços 
científicos e tecnológicos em todas as áreas, principalmente na saúde. O acesso 
à educação melhorou os índices de alfabetização em todas as partes do mundo, 
incluindo os países subdesenvolvidos. A liberdade sexual é mais tolerada e a popu-
lação de hoje usufrui mais e melhor dos bens culturais. Porém, apesar de tudo isso, 
o mal-estar na civilização ainda prevalece.
Tal mal-estar está associado às condições econômicas e sociais que os indivíduos 
vêm experimentando no mundo moderno. Apesar dos benefícios à vida humana 
que vieram com os avanços sociais e econômicos, principalmente a partir da se-
gunda metade do século XX, ainda vive-se a triste experiência de cenários caóticos, 
com fome, miséria, atentados terroristas, guerras, desemprego, instabilidade eco-
nômica e social, que são fatores que geram insegurança social e são responsáveis 
pelas doenças psíquicas dos tempos atuais.
14
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Figura 5 – Atentado terrorista às Torres Gêmeas do WTC em Nova York, no ano de 2001. 
Marco da mudança na relação entre diversos países, com enrijecimento de políticas de imigração
Fonte: Wikimedia Commons
As incertezas quanto às mudanças no âmbito do trabalho, da economia, dos rela-
cionamentos têm feito que o homem moderno fique inseguro e amedrontado diante 
do que se espera numa condição de futuro. O indivíduo, ao ver-se sem ocupação 
e sem perspectivas quando se depara com o desemprego estrutural e/ou mecani-
zação do trabalho, perde sua identidade na medida em que perde sua ocupação 
(GALLO, 2015). 
Por fim, fica a questão: como vamos relacionar ética (instância individual) e ci-
vilização (instância coletiva)? A ética, pensada no campo da lei, leva-nos à mesma 
conclusão de Freud. Ao obter a posse dos meios de poder e coerção, uma minoria 
impõe seus valores à grande maioria. O poder é concebido como essa imposição 
de uma minoria à grande maioria. Mas a conclusão de Freud nos permite pensar o 
poder também como resistência por parte da maioria. Nesse caso, o Estado apa-
rece como o grande gerenciador desse conflito, por meio de seu sistema de leis e 
práticas de coerção como, por exemplo, a prisão.
Pensar sobre a ética nos possibilita olhar para várias direções e uma delas é o exer-
cício estético no sentido de que podemos criar condições para instaurar uma ética da 
beleza, ou seja, fazer da vida uma obra de arte, esculpida como quem dá forma a uma 
pedra bruta ou dá cores a uma tela. A pedra e a tela seriam as imposições, obstáculos 
ou restrições impostos pela civilização e das quais não conseguiremos nos livrar, pois 
fazem parte da vida, do dia a dia, mas podemos ter a liberdade de escolha de que 
cores ou formato queremos dar a nossa vida, construindo assim uma trajetória menos 
complicada para aquilo que estaremos sempre buscando: a felicidade.
15
UNIDADE Fundamentos de Ética e de Moral na Sociedade
Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
 Livros
Ética e Cidadania – Unidade 2: Política e Cidadania
GALLO, S. (Org). Ética e Cidadania. Editora Papirus, 2015. (e-book)
Verdades e Mentiras: Ética e Democracia no Brasil – Capítulo “Ética e Relatividade”
CORTELLA, M. S. (et al). Verdades e Mentiras: Ética e Democracia no Brasil. Editora 
Papirus – 7 mares. 2017. (e-book)
 Vídeos
Ética do Cotidiano. Mário Sérgio Cortella e Clóvis Barros Filho
Se antes a ética era um campo de conhecimento de estudiosos e especialistas, como 
filósofos, médicos e advogados, atualmente esta palavra entrou no vocabulário do 
nosso cotidiano e invadiu os noticiários. Será que as coisas que nos levam à indignação 
como a corrupção e a violência são mais frequentes nos dias atuais? Ou: elas sempre 
existiram e nós é que ficamos mais exigentes em relação a boas regras de conduta para 
uma convivência em sociedade?
O significado de ética sempre foi o mesmo ao longo da história? Ela é um conceito 
universal? Afinal, o que é ética? Estas questões são discutidas pelos filósofos Clovis de 
Barros Filho e Mario Sergio Cortella neste episódio do Café Filosófico.
https://youtu.be/9_YnlPXKlLU
 Leitura
Ética, cidadania e constituição: o direito à dignidade e à condição humana
BITTAR, E. C. B. Ética, cidadania e constituição: o direito à dignidade e à condição 
humana. Revista Brasileira de Direito Constitucional – RBDC n. 8 – jul./dez. 2006. 
http://bit.ly/2Kry5X0
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Referências
COTRIM, G.; RODRIGUES, J. Fundamentos da Filosofia. São Paulo: Saraiva, 2012.
GALLO, S. Ética e cidadania. Campinas: Papirus, 2015.
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Outros materiais