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SÍNTESE SOBRE A HISTÓRIA DO MÉXICO

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Começamos esse trabalho discutindo o que foi o papel da xenofobia no discurso político e religioso da Nova Espanha, abordando o antifrancesismo, os conflitos entre crioulos e guachupins que acompanhou todo o processo de independência (1810-1821).
Os espanhóis que vinham da Europa e ocupavam cargos na Nova Espanha eram chamados de guachupins, ou espanhol peninsular, já aqueles espanhóis que nasciam aqui na América eram chamados de crioulos, ou espanhol americano, e os estrangeiros seriam os franceses, que vinham pra Nova Espanha para trabalhar. A França e a Espanha eram unidas pelo Catolicismo, que era a religião oficial, mas isso não significava que elas estariam unidas ou que seriam “países” amigos, pelo contrário, sempre estavam rolando um conflito entre as duas monarquias, geralmente por questões políticas. 
Esse discurso xenofóbico começa primeiro com os gachupins contra os estrangeiros, esses espanhóis que trabalhavam aqui não aceitavam que esses franceses exercessem cargos no vice-reino, tanto na Espanha como na América se estabeleceu uma guerra de panfletos na qual os opositores do governo criticavam esses estrangeiros com discursos do tipo: “Nenhum emprego nem ofício, deve-se ao estranho dar, podendo-o efetuar também qualquer patrício”. Mas esse era um discurso espanhol europeu, o patrício ali citado cabia aquele que era filho da pátria, ou seja, o nascido na Espanha, aqui na América esse discurso tinha alguns elementos de distinção, pois o patrício era o espanhol nascido aqui.
Esse discurso permaneceu até 1791 quando a Coroa ordenou a expulsão desses estrangeiros do vice-reino, pois a fama de “mal” do francês na Europa já refletia aqui na América, os espanhóis disseram que os franceses estavam mostrando a sua verdadeira face, logo o francês foi estigmatizado. O discurso contra o francês se torna cada vez mais forte com a chegada do novo vice-rei, o marquês de Branciforte. O canônico Mariano Beristáin, determinou as linhas do discurso patriótico e antifrancês através de uma série de sermões que generalizavam todos os franceses, ou seja, não distinguia aqueles franceses que não tinham culpa, pois “a plebe não distingue os maus dos bons franceses; as atrocidades de uns atraíram a aversão para todos” (Augustin Pomposo Fernández).
Nas cidades de Catalunha e Aragão havia muitos franceses residentes, e a pressão para expulsa-los era grande, pelotões de gente percorriam as ruas ameaçando matar esses residentes franceses, a expulsão foi resultado da xenofobia dos discursos já citados, essa expulsão preventiva serviria para evitar que acontecesse no reino o que tinha acontecido às outras Nações. O discurso antifrancês teve um forte impacto nos anos da guerra, os cidadãos entenderam que os franceses representavam um perigo, assassinar um francês (protegido por Napoleão) era um serviço para a pátria e para a religião como destacava um livro de catecismo da época, comparavam Napoleão com o próprio demônio. 
Depois desse quadro antifrancês os crioulos começaram a identificar os gachupins como franceses, pois os seguidores de José Bonaparte o suposto rei da Espanha tinham jogado com escárnio as hóstias em lugares imundos, e isso era considerado blasfêmia, então esses espanhóis que seguiam esse Rei, ou seja, esses espanhóis europeus começaram a ser vistos como franceses encobertos.
Um espanhol europeu que chegava a cidade de Oaxaca Fo detido por denuncia e suspeita de ser estrangeiro, e possível emissário da França, o fiscal que o apreendeu não conseguiu provar se o viajante peninsular era de fato francês e o deixou preso com a alegação de que o povo poderia mata-lo nas ruas, pois alegariam que ele seria infiel ao rei e a religião. Aonde o povo realmente mostrou sua ira contra alguns espanhóis europeus foi na cidade de Zacatecas, no inicio de 1810 aconteceu um fermento terrível contra esses gachupins, apareceram vários panfletos com discurso contra eles: “morram todos os gachupins; saia esta canalha de forasteiros ladrões que vieram pegar o que é nosso”. Houve até um relato de uma multidão que atacou um grupo de caixeiros-viajantes e que estavam a ponto de massacra-los.
Mariano Beristáin interpretava a guerra contra os franceses como uma guerra santa, ele até citou alguns versículos do Apocalipse para ilustrar: “uma mulher vestida de sol, com a lua a seus pés”, ele se referia a Virgem Maria de Guadalupe, essa mulher de luz segundo o Apocalipse é perseguida por uma Besta, Beristáin dizia que essa besta era Napoleão Bonaparte. Vai surgir aqui nesse momento o padre Miguel Hidalgo, que será o grande representante dessa luta entre guachupins e crioulos, o objetivo dele era tirar esses guachupins de seus cargos públicos para dá-los aos crioulos, ele defendia a liberdade política dando início a ideia de independência, pois ele queria que o vice-reino não tivesse mais ligação ou dependência com a metrópole. Muitas razões justificavam os objetivos de Hidalgo, entre elas a exploração colonial que a nova Espanha sofria por parte dos europeus, e também motivos de índole religiosa.
Esse movimento utilizou vários argumentos, um deles a da “Pureza da Religião”, como Eric Van Young disse: “A Espanha conserva puro o depósito da fé; Napoleão vem extinguir a religião católica... A Espanha seria pecadora, mas não ímpia; Napoleão nem reconhece a lei divina... Os exércitos de Napoleão vem para a Espanha para destruir, não para propagar ou manter o evangelho”. Acusaram Hidalgo de ser um agente napoleônico, mas logo ele reagiu: “aquele que disser que somos emissários de Napoleão temam muito...quem disser é porque o é, ainda mais se for europeu...porque nós os crioulos jamais faltamos e nem somos capazes de ter conexão com este tirano imperador”. As autoridades do vice-reinado ficaram do lado de Hidalgo dizendo que tais acusações eram infundadas, pois eles estavam convencidos de que Hidalgo queria mesmo proteger o reino dos europeus ou quaisquer outros inimigos de Deus e do rei.
A partir daí a ideia de independência fica cada vez mais forte, chega à figura de José Maria Morelos para fortalecer essa união, e se torna o maior reformador social e um símbolo da independência. O Decreto Constitucional para a América mexicana é criado, a América mexicana podia ser uma República, mas uma República cristã. 
A imprensa teve um papel muito importante nesse processo, pois faziam publicações que impulsionavam reformas do tipo liberal, nesse contexto surge Agustín de Iturbe com seu discurso da “defesa da religião”, ele assegurou os privilégios da religião católica: “sem tolerância a nenhuma outra”.
Essa parte do trabalho é concluída com uma característica bem marcante do processo de independência, que foi a Xenofobia. Em 28 de setembro de 1821 foi assinada a ata da independência, o México então começava sua vida independente, agora a riqueza do país que era enviada para a Espanha seria agora monopolizada pelos senhores atuais. As primeiras décadas após a independência foram muito duras pro México porque as desordens e as rebeliões armadas eram frequentes, o México teve diferentes formas de governo durante essas décadas, tiveram o Partido Liberal e o partido Conservador.
O Partido Liberal, ou Partido do Progresso, foi fundado por José Maria Luis Mora no século XIX, quem apoiava esse partido eram as pessoas de classe baixa e principalmente os jovens. Esse Partido tentava introduzir mudanças profundas na sociedade dando liberdade política e civil, queriam que todos tivessem igualdade ante as leis da constituição de 1824, pensava-se em uma República Federal, Democrática e popular tendo como aliado os Estados Unidos da América. Eles tinham tolerância a outras religiões, ou seja, não impediam os cidadãos de seguir religiões diferentes, também pregavam que a as escolas deveriam ser obrigatórias e gratuitas, uma escola laica, seguindo as linhas da ciência, e defendiam que a educação deveria se separar da igreja.
Por outro lado, o Partido Conservador que foi fundado por Lucas Alamán, defendia o antigo regime e ordem social espanhola
com uma monarquia central, eles são anti-federalistas e quem apoia esse Partido são as pessoas de classe alta e o Exército. A única religião permitida era a Católica e a educação é somente para os ricos, a igreja controlava a educação, pois assim impedia os docentes de terem ideias liberais. Seus aliados são a Espanha e a França.
O Congresso nomeou um triunvirato para governar provisoriamente o país, enquanto convocava uma nova assembleia Nacional. O Congresso emitiu uma constituição fundamental para o país, que continha 36 artigos e definia que a forma de governo seria popular, representativa, federal e republicana, ou seja, os estados ou províncias seriam independentes em sua forma de governo, mas que estariam unidos por um pacto para serem comandados por um Estado único. Miguel Félix Fernández (conhecido como Guadalupe Vitória) é declarado o 1º Presidente da nova república, recebido com grande louvor e alegria pela população.
A Constituição Política Federal de 1824 estabelece uma forma representativa e federal de governo, impõe a religião católica como a única para os mexicanos e proíbe as demais, estabelece a igualdade de todos os mexicanos ante a lei e divide o governo federal em Três poderes: Legislativo, Executivo e Judiciário.
Mas o federalismo como forma de governo causou problemas para alguns cidadãos, os habitantes da capital Cidade do México queriam que sua capital estivesse com o poder de estarem acima de qualquer outro estado do país, esses habitantes foram chamados de Centralistas (pois a Cidade do México ficava no centro do país), e que tiveram rivalidades com outras idades, ou seja, um conflito entre regiões. Temos aí um impasse entre Centralistas e Federalistas, onde os federalistas saem vitoriosos e formam o que o país é até hoje.
O México tem uma característica incomum, que são as lendas e mitos que sustentam a história do país, como por exemplo, as histórias herdadas do povo asteca, que é o povo ancestral dos mexicanos nativos. Uma dessas lendas se reflete na história da bandeira do país, que consequentemente conta a história da fundação da cidade de Tenochtitlan, que é hoje a Cidade do México. Festas e tradições como a do Dias dos Mortos, com a Santa Muerte como padroeira, e o dia da Nossa Senhora de Guadalupe que é a padroeira do México e o maior símbolo do país, mostram que o México tem uma cultura influenciadora e uma identidade única.

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