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Seminário
Aula 9
Os novos movimentos sociais no Brasil
Brasil Singular e Plural
A formação sociocultural brasileira está intimamente relacionada ao processo de mundialização da civilização europeia do século XVI. A expansão marítima e comercial ibérica promoveu o prolongamento das fronteiras políticas e econômicas da Europa para as terras americanas. Portugal foi a matriz deste processo no Brasil, em que o Estado absolutista e a Igreja Católica modelaram a construção material e espiritual da nossa sociedade.
Um aspecto importante a ser lembrado foi a dinâmica relacional entre o europeu, o nativo e o africano, que caracterizou todo desenvolvimento brasileiro. O chamado encontro interétnico (encontro entre as etnias) caracterizou todas as fases do nosso processo sociocultural.
Podemos lembrar rapidamente de alguns exemplos: a chegada do português em seu contato com os povos nativos e a introdução do escravo africano na colônia, a presença de árabes durante o Império e a vinda de imigrantes italianos na emergência da República Velha.
Atenção
Até os dias de hoje, o Brasil se apresenta como uma sociedade culturalmente heterogênea, aberta aos elementos estrangeiros que aqui chegam, mas que consegue construir uma identidade própria graças a sua capacidade de absorver e reelaborar a diferença num rico processo de sincretismo cultural. Assim, podemos afirmar que a fonte da singularidade brasileira consiste exatamente em sua pluralidade.
Desenvolvimento Histórico do Brasil
Hegemonia Ocidental
Por sua vez, apesar da diversidade ser considerada uma característica intrínseca da identidade nacional e cultural do Brasil, isto não significa que o nosso desenvolvimento histórico tenha sido equilibrado. Ao contrário, a hegemonia ocidental é uma realidade da nossa formação como sociedade. O processo de construção do Brasil foi marcado por relações de opressão e luta entre forças dominantes e dominadas.
Luta de classes
Por sua vez, esta constatação supera a abordagem histórica-estruturalista de luta de classes que estudamos anteriormente, em que detentores dos modos de produção exploram a força de trabalho. O jogo de poder a que nos referimos inclui elementos culturais, morais e de gênero muito mais complexos em seus conflitos do que apresenta a dinâmica da exploração do capital sobre o trabalho.
Violência cultural
Falamos, por exemplo, da violência cultural do ocidente sobre os povos nativos e africanos no Brasil, da opressão do patriarcalismo sobre a mulher, dos padrões morais sobre as formas diversas de orientação sexual etc. Enfim, a sociedade brasileira ainda vive o desafio de contemplar sua diversidade sociocultural e de gênero em uma unidade política democrática e cidadã.
Sincretismo: processo pelo qual dois ou mais elementos culturais distintos são reelaborados e se fundem em um novo e único elemento cultural. É o caso das religiões Candomblé e Umbanda no Brasil, que se desenvolveram a partir das conjugações originais de elementos culturais diversos. Em verdade, toda a cultura brasileira remete a este processo de sincretismo entre as contribuições étnicas europeias, nativas, africanas e outras.
Aprendemos na última aula que, enquanto o conceito moderno de cidadania buscou estabelecer um padrão geral de igualdade social em uma perspectiva de direitos individuais e coletivos, a concepção pós-moderna pretende o reconhecimento de novos paradigmas em que os direitos difusos e o direito à diferença se destacam.
Neste sentido, o tema da pluralidade étnica e cultural faz-se imprescindível à discussão sobre a nova cidadania no Brasil. Isto pode ser observado na própria ordem jurídica brasileira, quando o artigo. 3º, IV da Constituição da República Federativa do Brasil (CRFB/88) estabelece como um dos objetivos fundamentais da nossa República.
“Promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.”
Outros fundamentos legais corroboram esta premissa, como  a Lei 7.716/89, que coíbe os crimes resultantes de preconceitos de raça ou de cor; o Decreto 3.956/01, que promulga a Convenção Interamericana para a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra as Pessoas Portadoras de Deficiência;  O Decreto 4.377/02, que promulga a Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra a Mulher, o Estatuto da Igualdade Racial (Lei 12.288/10), entre outros. 
Movimento Indígena
Quando da chegada do português no Brasil, estima-se que cerca de 1.500 tribos indígenas viviam espalhadas por estas terras, com suas particularidades culturais e com mais de 1.300 línguas diferentes. Atualmente a população indígena não passa de 350 mil índios distribuídos em apenas 180 grupos tribais. Esses dados demonstram que o chamado “processo civilizatório” correspondeu a um verdadeiro “genocídio étnico”.
Ao longo desse tempo, uma das formas de escamotear o debate sobre a questão indígena foi a ênfase ideológica na tese do “descobrimento”. Aqui remetemos o estudante às considerações feitas na aula 4 em que aprendemos como os fatos históricos objetivos estão sujeitos às interpretações subjetivas, por vezes ideologizadas.
Por exemplo: a chegada do europeu neste território foi descobrimento ou conquista? Estudamos as implicações ideológicas pertinentes a esta questão e vimos como de fato o processo foi invasivo, violento e conquistador. O padrão ocidental foi imposto sobre os povos nativos, justificando assim as ações contemporâneas de resgate e preservação das identidades culturais indígenas.
Uma das questões mais complexas e polêmicas a cerca dos povos nativos é sem dúvida o reconhecimento da identidade indígena, como pré-requisito para a titularidade de direitos específicos. O que é ser índio?
Mais que responder a essa questão, trata-se de identificar quem possui legitimidade para respondê-la e qual o critério utilizado. A frase intitulada acima “Posso ser o que você é sem deixar de ser quem sou” é de Marcos Terena, indígena de Taunay (MS), ativista em movimentos em defesa da indigeneidade desde a década de 70 e fundador da União das Nações Indígenas (UNI). Com esta afirmação podemos compreender que a identidade indígena não necessariamente exclui uma identidade brasileira. Assim, ele defende o direito à cidadania diferenciada sem discriminação negativa.
De modo geral, a mídia comercial veicula situações em que indivíduos são identificados como índios e outras em que suas indigeneidades são questionadas. O que chama atenção é a superficialidade do critério adotado para reconhecimento ou a negação do status indígena, que via de regra está comprometido por visões preconceituosas ou etnocêntricas. A ideia de índio está quase sempre associada ao passado pré-colombiano ou colonial e descontextualizada da dinâmica contemporânea de suas culturas.
Para o noticiário ou entretenimento superficial da televisão, basta a caricatura indigenista inventada pelo ocidental, conforme a mensagem que se queira reproduzir: a do selvagem isolado em sua aldeia, nu e preguiçoso, que caça e pesca para sobreviver ou a do pobre coitado e incapaz que precisa ser tutelado pelo Estado. Em todo caso, não há interesse ou vontade sincera de se conhecer o que é ser índio realmente.
Saiba mais
Há uma enorme confusão entre o que é ser índio e o que queremos que o índio seja (de acordo com a caricatura estereotipada ocidental). Este equívoco contribui para se negar direitos específicos e hostilizar a presença integrativa do cidadão indígena no contexto sociopolítico brasileiro, seja no campo ou na cidade.
A identidade cultural é algo que só pode ser definido pela própria condição do indivíduo. E isto transcende os aspectos meramente objetivos e materiais de vestimenta ou habitação. Compreende principalmente os aspectos imateriais de existência subjetiva e de significação do mundo em que vive.
ATENÇÃO
Assim, elementos físicos da cultura indígena são apenas indícios de uma identidade
cultural, que precisa ser complementada e compreendida nos aspectos espirituais de um povo, como língua, religião e visão de mundo.
Devemos reconhecer que ser índio no Brasil não deve excluir o direito de ser brasileiro e nem o contrário, conforme preceituam os mandamentos constitucionais (art. 3º, IV, 231 e 232 da CRFB/88).
Cidadania Diferenciada Sem Discriminação Negativa: significa o reconhecimento de certas condições históricas, sociais, étnica-culturais etc. peculiares a determinadas categorias sociais que justificam um tratamento especial protetivo no sentido de compensar déficits históricos de direitos para promoção da igualdade de fato. O direito de ser diferente sem perder a igualdade como no caso do índio, do negro, da mulher, do homo afetivo etc.
Discriminação Positiva ou Políticas Afirmativas: consiste em atribuir a certas categorias desprivilegiadas historicamente um conjunto de medidas jurídicas e administrativas que compensem a desigualdade e promovam a igualdade substancial. 
Ex.: as políticas de cotas para deficientes físicos e afrodescendentes em concursos públicos ou a aposentadoria diferenciada para mulheres, tudo em conformidade com o princípio da isonomia constitucional (art. 5º CR/88).
Etnocentrismo: prática em que o observador utiliza o seu próprio padrão sociocultural para julgar e interpretar o comportamento do outro, que passa a ser considerado como inferior ou errado apenas por ser diferente. 
Podemos citar como exemplos os conflitos entre membros de religiões em que uns julgam os outros como errados e a si próprios como certos. Infelizmente este processo pode se radicalizar em uma Intolerância Etnocêntrica, quando casos de violência física, psíquica e moral eclodem.
Fundamentação Constitucional e Infraconstitucional dos Direitos Indígenas 
CAPÍTULO VIII da CRFB/88 - DOS ÍNDIOS:
Art. 231. São reconhecidos aos índios sua organização social, costumes, línguas, crenças e tradições, e os direitos originários sobre as terras que tradicionalmente ocupam, competindo à União demarcá-las, proteger e fazer respeitar todos os seus bens.
Art. 232. Os índios, suas comunidades e organizações são partes legítimas para ingressar em juízo em defesa de seus direitos e interesses, intervindo o Ministério Público em todos os atos do processo.
Decreto n 1.141/94: dispõe sobre ações de proteção ambiental, saúde e apoio às atividades produtivas para as comunidades indígenas.
Decreto n. 6.861/09: dispõe sobre a educação escolar indígena, define sua organização em territórios etnoeducacionais e dá outras providências.
Demandas e Desafios
Com o objetivo de resgatar a memória e preservar a cultura dos povos nativos, diversas ações vêm colocando a luta em defesa dos direitos dos povos indígenas na pauta do dia no Brasil.
Uma das principais demandas e desafios dos movimentos indígenas tem sido a defesa da Terra e da Educação como direitos fundamentais de Cidadania Diferenciada. Segundo esses movimentos, é preciso:
Efetivar a regularização fundiária das terras indígenas por meio do processo de demarcação;
Assegurar a fiscalização das áreas já demarcadas para que não sejam descaracterizadas ou desrespeitadas;
Buscar a ampliação das terras indígenas demarcadas a fim de viabilizar as condições de vida desses povos, conforme suas características culturais;
Organizar e mobilizar povos indígenas contra empreendimentos que degradam o ambiente natural e afetem a qualidade de vida de suas famílias e aldeias;
Lutar pela revogação do Decreto n. 1775/96, devido à insatisfação dos movimentos indígenas no tocante à possibilidade de contestação às áreas demarcadas;
Promover a educação intercultural e bilíngue como direito à educação diferenciada.
Índios em Movimento: Todo Dia é Dia do Índio
Ao contrário do que diz a letra da música: “Todo dia era dia do índio. Agora ele só tem o dia 19 de abril”, os movimentos indígenas contemporâneos afirmam cada vez mais o direito à coexistência e à diferença como elementos da Cidadania Diferenciada do Brasil pós-moderno.
O Movimento Negro
Podemos dizer que os precursores dos movimentos negros no Brasil foram as lutas contra escravidão ao longo dos períodos colonial e imperial. A partir de um início desorganizado em que rebeliões individuais ou coletivas eram facilmente sufocadas, passando pelas organizações em Quilombos e movimentos abolicionistas altamente combativos, chegamos aos dias de hoje com movimentos sociais especialmente organizados em defesa da identidade e cultura negra.
O movimento negro contemporâneo brasileiro encontra inspiração mais próxima na luta antirracista na África e nos Estados Unidos, que eclodiu na década de 70 e apresentou grandes avanços no tocante aos direitos de cidadania inclusiva. 
Nesta mesma década, surgiu no Brasil o Movimento Negro Unificado (MNU) e, no dia 7 de julho de 1978, o Movimento Unificado Contra a Discriminação Racial tomou a frente do Teatro Municipal de São Paulo com os objetivos de protestar contra as diversas formas de opressão racial e convocar a população negra a se organizar em defesa de seus direitos.
“As organizações formadas na década de 1970 não foram as primeiras na história do país. Logo depois da abolição, no final do século XIX, já circulavam jornais voltados para as populações negras, como o Treze de Maio, do Rio de Janeiro (1888), e O Exemplo, de Porto Alegre (1892). Em São Paulo, a chamada “imprensa negra paulista” denunciava, nos anos 1920, a discriminação racial. Dela surgiram alguns dos fundadores da Frente Negra Brasileira, em 1931, que chegou a se transformar em partido político em 1936, mas logo foi extinta, como os demais partidos, pelo Estado Novo no ano seguinte. Na década de 1940 foram fundadas várias entidades, como a União dos Homens de Cor e o Teatro Experimental do Negro.”
É importante lembrar que a “negação do negro” no Brasil também foi ideologicamente construída e midiaticamente difundida. Até pouco tempo atrás o negro era praticamente invisível em programas de televisão como novelas e jornais, ou era representado por personagens estereotipados que remetiam a condição de serviçais ou marginais dentro da sociedade. Além disso, o fim da escravidão no dia 13 de maio de 1888 remetia diretamente à figura da princesa Isabel, que “placidamente” teria assinado a Lei Áurea.
A Negação do Brasil: documentário de Joel Zito Araújo sobre a luta dos atores negros pelo reconhecimento de sua importância na história das telenovelas brasileiras. Para saber mais, assista a um trecho deste documentário.
Assim, ao invisibilizar o negro na mídia ou ao negar a centralidade das suas sangrentas batalhas pela liberdade, atravancava-se o desenvolvimento da sua consciência política e histórica de autoestima e autoafirmação. Atualmente, procura-se resgatar a memória e crítica da população brasileira afrodescendente exaltando as lutas heroicas nos quilombos no dia 20 de novembro, como Dia da Consciência Negra.
Outro aspecto relevante foi a tese de Democracia Racial sugerida por Gilberto Freyre em sua obra clássica “Casa-Grande e Senzala”, que foi mal compreendida e contribuiu para a ideologização das relações inter-raciais no Brasil. Isto porque se passou a acreditar que não existe racismo no Brasil ou se existe ele não é “tão ruim” quanto em outros países, como nos EUA. A própria construção de uma sociedade mestiça conduziu à criação do Mito de Democracia Racial Brasileira, pois confundiu intimidade sexual com integração social.
Três Coisas Precisam Ser Aqui Esclarecidas, Mesmo Que Superficialmente.
Em primeiro lugar, não existe racismo bom, melhor ou pior do que outro. Todo racismo é cruel e injusto, uma vez que se trata de uma forma de discriminação negativa, pois nega direitos a uma determinada categoria social. 
O fato do Brasil constituir-se como um país miscigenado não impede que negros, índios e mestiços sejam discriminados negativamente e tenham
preteridos direitos e interesses.
É claro que, em um mundo capitalista, fatores econômicos podem interferir nesta dinâmica. Assim, negros ricos podem se proteger do racismo, enquanto brancos pobres podem ter direitos negligenciados, mas negros e mestiços pobres os tem ainda mais.
SAIBA MAIS
O padrão econômico favorável não elimina o racismo, apenas o camufla. O mesmo pode ser dito em relação à condição da mulher na sociedade, como poderiam dizer: “Ser mulher em uma sociedade machista é ruim, mas ser mulher, pobre e negra é ainda pior”.  
Em segundo lugar, a miscigenação no Brasil surgiu como necessidade econômica ou estratégia de sobrevivência e não como prova de uma harmonia social. Ela nunca foi exatamente desejável, mas sim tolerável devido à carência de mão de obra para atividades não escravistas.
Por sua vez, nos Estados Unidos da América, a miscigenação não apenas era indesejável como intolerável, pois não era necessário preenchimento de postos de trabalho intermediários por mestiços. Isto talvez pelo tipo de colonização de povoamento lá desenvolvida, que trazia farta imigração inglesa para as treze colônias norte-americanas. Assim, a sociedade nos EUA foi se caracterizando como dual e rígida, ou seja, marcadamente dividida em dois grupos étnicos sociais opostos sem possibilidade de transição entre um grupo e outro.
No Brasil, talvez pelo tipo de colônia de exploração desenvolvido, a imigração de colonos portugueses era pequena e o mestiço preenchia a lacuna de serviços intermediários. Assim, se o mestiço fosse livre era visto como categoria social acima do negro, mas sempre inferior ao branco europeizado. A sociedade brasileira foi se caracterizando como triangular e flexível, ou seja, possível de se transitar étnica socialmente.
O “mulatismo” ou “embranquecimento” amenizava o racismo, mas não igualava socialmente o mestiço. Na busca de sua mobilidade social, era comum o mestiço ou o próprio negro ser racista contra outro mestiço ou negro. É o que podemos chamar de negação da negritude pelo próprio negro ou defesa racista contra o racismo possível em potencial.
Por fim, podemos observar que atualmente o movimento negro defende o direito de ser negro sem preterir o direito de ser brasileiro. Assim, o direito de ser diferente consiste em uma política de discriminação positiva, pois afirma a igualdade de direitos ao mesmo tempo que defende uma Cidadania Diferenciada. Reconhecer as singularidades das diversas categorias sociais coexistentes na sociedade brasileira contribui para a promoção de uma sociedade justa e igualitária em sua pluralidade.
O Movimento Feminista
A origem do feminismo nos remete às lutas pelos direitos políticos e à emancipação social da mulher na Europa no século XIX, quando as primeiras manifestações se rebelavam contra a negação da cidadania feminina. Ao longo do processo histórico, o movimento feminista esteve ao lado de outras demandas sociais importantes.
A importância da mulher na luta da classe trabalhadora contra a exploração do Capital pode ser reconhecida no evento ocorrido em 1857, na cidade de Nova Iorque, EUA. Naquela ocasião, operárias de uma fábrica de tecidos paralisaram suas atividades em protesto contra as péssimas condições de trabalho: jornadas de 16 horas diárias, salários inferiores aos homens e respeito no ambiente produtivo.
A manifestação foi violentamente reprimida. As operárias foram trancadas dentro da fábrica, que foi incendiada. Cerca de 130 operárias morreram carbonizadas naquele dia 8 de março, que foi consagrado como Dia Internacional da Mulher.
No Brasil, o movimento feminista representa uma demanda social legítima pelos direitos de cidadania moderna em meio a uma sociedade com raízes patriarcais. Em um primeiro momento, a luta da mulher brasileira se direcionou na promoção dos direitos políticos, educacionais e trabalhistas, no final do século XIX. Em seguida, já em meados do século XX, o movimento feminista reivindica a liberdade sexual, em que o direito ao próprio corpo e ao divórcio são emblemas significativos.  É importante lembrar ainda a luta de caráter sindical da mulher no Brasil no final da década de 70.
Nísia Floresta: A Primeira Feminista do Brasil
A primeira grande conquista feminina no Brasil foi sem dúvida o direito ao voto em 1932, durante o governo de Getúlio Vargas. Porém, a luta da mulher brasileira pelos seus direitos pode ser identificada muito antes disso. Como exemplo, podemos citar a história de Dionísia Gonçalves Pinto, ou Nísia Floresta Brasileira Augusta, como ficou conhecida a educadora, escritora e poetisa potiguar, considerada por muitos a primeira feminista do Brasil.
Nísia Floresta nasceu em 12 de outubro de 1810, na cidade de Papari, no Rio Grande do Norte, e foi uma das primeiras protagonistas da luta da mulher brasileira por seus direitos. Em 1833 trabalhou como professora particular e escritora em jornais em Porto Alegre. Em 1837 transferiu-se para o Rio de Janeiro e em seguida fundou o Colégio Augusto, que rompe com a política pedagógica da época de ensino para as mulheres restrito a corte e costura, canto, piano e francês.
Entre suas obras, podemos destacar:
• Direitos das mulheres e injustiça dos homens; 
• Opúsculo humanitário; 
• Cintilações de uma alma brasileira.
“Infelizmente, a falta de divulgação da obra de Nísia tem sido responsável pelo enorme desconhecimento de sua vida singular e de seus livros considerados de grande valor.” Luiz Fernando Veríssimo
O Movimento Feminista no Brasil Hoje
Atualmente, o Movimento Feminista no Brasil permanece em luta e reivindica entre outras demandas:
• O reconhecimento dos direitos econômicos, sociais, culturais e ambientais das mulheres;
• a defesa dos direitos sexuais e reprodutivos;
• a necessidade do reconhecimento do direito universal à educação, saúde e previdência social;
• o reconhecimento do direito das mulheres sobre a gestação, com acesso de qualidade à concepção e/ou contracepção;
• a descriminalização do aborto como um direito de cidadania e questão de saúde pública;
• a proteção contra todas as formas de violência contra a mulher (sexual, física, moral, psicológica, patrimonial etc.).
Por fim, sobre esta última reivindicação, vale ressaltar os dados obtidos pela pesquisa da Fundação Perseu Abramo (Mulheres brasileiras e gênero nos espaços público e privado). A pesquisa realizada em 2010 indicou que, a cada dois minutos, cinco mulheres são espancadas no país.
SAIBA MAIS
Essa estatística era ainda pior antes da promulgação da Lei 11.340/06, mais conhecida como Lei Maria da Penha, que criou mecanismos para coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher. Entre 2001 e 2010, oito mulheres eram agredidas a cada dois minutos no Brasil.
Movimento Homossexual ou LGBT
O movimento homossexual possui uma grande e complexa diversidade interna em que o critério utilizado para reconhecimento de seus integrantes tem sido o da orientação sexual diferenciada do padrão heterossexual. As categorias sociais que não se enquadram neste padrão têm sido classificadas como homossexuais. No entanto, essa classificação não é um consenso entre todos os grupos, como no caso dos transexuais e travestis, que não se identificam exatamente como homossexuais e reclamam um status próprio. Nesse sentido, tem-se adotado o termo Movimento LGBT como forma de tentar contemplar a diversidade dentro da diferença.
Algumas Reivindicações desses Movimentos Merecem Destaque:
• A luta contra a homofobia e suas diversas formas de violência (física, moral, psíquica, patrimonial etc.);
• a extensão de alguns direitos negligenciados à população homoafetiva, como por exemplo, o direito à Adoção e à União Civil.
Nesse último aspecto, existe certa confusão entre a demanda pelo direito à união civil homoafetiva e o matrimônio religioso. Este constitui sacramento tutelado pela Igreja, enquanto aquele
corresponde a uma regulamentação jurídica do Estado.
Não é o matrimônio religioso que os homoafetivos reivindicam, mas sim a legalização da união entre pessoas do mesmo sexo para fins de dignidade e proteção jurídica da relação, exatamente como ocorre com os casais heterossexuais. Esta reivindicação está em perfeita sintonia com os princípios constitucionais da isonomia e do Estado laico.
O Movimento Homossexual ou LGBT apresenta-se como mais um dos novos movimentos sociais na luta pelo direito à Cidadania Diferenciada Sem Discriminação Negativa. Muito próximo das perseguições sofridas por outros grupos sociais excluídos, os homossexuais ou homoafetivos reivindicam a efetivação do disposto na Declaração Universal dos Direitos Humanos e na Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, que afirmam a dignidade e igualdade como um direito inerente a todo ser humano.
Muitos dos direitos de cidadania negados aos homoafetivos são conquistados via processos judiciais.
Homofobia
Homofobia significa literalmente repulsa ou preconceito contra a homossexualidade e/ou o homossexual. Por sua vez, o sentido do termo é mais abrangente, pois consiste em considerar a condição homossexual como anormal ou inferior à heterossexual.
Trata-se de afirmar uma heteronormatividade, ou seja, a heterossexualidade como padrão/norma. Assim, a homofobia está baseada em uma hierarquização das sexualidades.
Por fim, podemos entender que o Movimento Homossexual ou LGBT apresenta-se como mais um dos novos movimentos sociais, pois defende o reconhecimento da cidadania a partir da questão da pluralidade.
Saiba mais
Além disso, encontram legitimidade para suas demandas em valores humanísticos como a Dignidade da Pessoa Humana e o Princípio da Isonomia. Tudo isso em conformidade com a Declaração Universal dos Direitos Humanos e os mandamentos constitucionais da República Federativa do Brasil.
Aula 10
Seminário
Pergunta (V/F)
O reconhecimento dos direitos econômicos, sociais, culturais e ambientais das mulheres; v
A necessidade do reconhecimento do direito universal semelhante aos direitos dos homens; f
O reconhecimento do direito das mulheres sobre a gestação, com acesso de qualidade à concepção e/ou contracepção; v
A descriminalização do aborto como um direito de cidadania e questão de saúde pública; v
A proteção contra todas as formas de violência contra a mulher (sexual, física, moral, psicológica, patrimonial etc.) v
Ao longo do século XX, as mulheres intensificaram seu papel nos movimentos sociais e como resultado, conquistaram o direito ao voto, a uma vida menos opressiva e passaram a ocupar espaços que antes eram apenas destinados aos homens. Faz parte dos objetivos típicos de luta do movimento feminista:
o direito à liberdade de uso do corpo.
O tema da pluralidade étnica e cultural é imprescindível à discussão sobre a nova cidadania no Brasil e está expresso na Constituição da República Federativa do Brasil da seguinte forma:
"Promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação".
O movimento negro contemporâneo brasileiro encontra inspiração mais próxima na luta __________ na África e _________, que eclodiu na década de _________ e apresentou grandes avanços no tocante aos direitos de cidadania inclusiva.
Antirracista, nos Estados Unidos, 70
Os novos movimentos sociais transcendem as antigas demandas sociais dos chamados movimentos clássicos, que objetivavam a tomada do poder político do Estado ou a reestruturação radical do sistema. Além disso, os novos movimentos sociais se inserem na abordagem culturalista, em que os aspectos subjetivos dos atores, na construção de suas identidades sociais, são determinantes em seus engajamentos políticos. A partir do exposto acima e dos estudos teóricos realizados, é correto dizer que a frase abaixo ilustra a perspectiva dos novos movimentos sociais:
"Posso ser o que você é sem deixar de ser quem sou"- Marcos Terena, indígena de Taunay
		(ENEM 2011 ) A Lei 10.639, de 9 de janeiro de 2003, inclui no currículo dos estabelecimentos de ensino fundamental e médio, oficiais e particulares, a obrigatoriedade do ensino sobre História e Cultura Afro-Brasileira e determina que o conteúdo programático incluirá o estudo da História da África e dos africanos, a luta dos negros no Brasil, a cultura negra brasileira e o negro na formação da sociedade nacional, resgatando a contribuição do povo negro nas áreas social, econômica e política pertinentes à História do Brasil, além de instituir, no calendário escolar, o dia 20 de novembro como data comemorativa do "Dia da Consciência Negra". Disponível em: http://www.planalto.gov.br. Acesso em: 27 jul. 2010 (adaptado). A referida lei representa um avanço não só para a educação nacional, mas também para a sociedade brasileira, porque:
	
	
	
impulsiona o reconhecimento da pluralidade étnico-racial do país.
O AI- 5 aniquilou qualquer possibilidade de oposição legal ao regime militar no Brasil. Isso fez com que os movimentos sociais em favor da volta da democracia fossem considerados clandestinos e marginais pelo governo. Assim, grupos armados paramilitares se formaram para lutar contra a ditadura militar. Eram as chamadas Guerrilhas Urbanas e Rurais. As suas principais formas de resistência foram:
assaltos a banco, roubos de armas e libertação de companheiros presos.

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