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anatomia e APH

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2015
ATUALIZADO E ADAPTADO POR 
1º PARTE
COMPETÊNCIAS DO AGENTE DE SOCORROS URGENTES
Realizar o exame primário, avaliando condições de vias aéreas, respiração, circulação e nível de consciência, convocar o Serviço de APH quando for o caso.
Obter informações do paciente e da cena do acidente e observar sinais diagnósticos: respiração, pulso, cor da pele, nível de consciência,
Manter vias aéreas permeáveis com manobras manuais.
Realizar manobras de reanimação pulmonar e cardiorrespiratória.
Controlar sangramento externo evidente;
Mobilizar e remover grandes traumatizados, com proteção da coluna cervical
CAPÍTULO I
ANATOMIA E FISIOLOGIA
Definições
Anatomia é a parte da Biologia que estuda a forma e estrutura do corpo humano, Anatomia, palavra grega, significa corte em partes, ou seja, corte e separação, sem prejuízo dos seus componentes.
Fisiologia é a ciência que estuda o funcionamento das diferentes partes do corpo.
1.1. Sistemas que compõem anatomia humana são:
Sistema circulatório: estuda o coração e vasos para a circulação do sangue;
Sistema tegumentar: estuda a pele e os anexos (unhas, glândulas e pêlos);
Sistema endócrino: trata das glândulas que segregam hormônios, os quais são derramados na corrente sanguínea;
Sistema esquelético: estudo dos ossos, cartilagem e das conexões articulares;
Sistema muscular: estuda os músculos e sua contração e a movimentação dos ossos, através das articulações;
Sistema respiratório: estuda a fixação do oxigênio no sangue e respectiva eliminação do gás carbônico;
Sistema urinário: trata da formação e eliminação da urina;
Sistema Genital: estuda os órgãos sexuais, localizados na pelve;
Sistema digestivo: estuda a absorção e aproveitamento pelo organismo de substâncias alimentares, que asseguram e mantêm seus processos vitais;
Sistema nervoso: estuda uma rede de comunicação eletroquímicas corpo;
Sistema sensorial: tratam dos órgãos que se destinam à captação das sensações, como olhos, orelhas, nariz, boca e tato.
a FORMA DO CORPO HUMANO PARA ESTUDO
O corpo humano deve ser considerado na posição ereta, de frente para o observador, membros superiores ao longo do corpo e as palmas das mãos voltadas para frente.
Constituição Geral do Corpo Humano
A célula é a unidade básica na constituição dos seres vivos. Um agrupamento de células constitui um tecido. A reunião de vários tecidos constitui um órgão, que se agrupam para formar um aparelho ou sistema. 
Todas as células necessitam de oxigênio e nutrientes, sem os quais entra em sofrimento, podendo esse sofrimento resultar em morte. À morte das células segue-se morte dos tecidos, órgãos e do próprio ser vivo.
Células → Tecidos → Órgão → Aparelho ou Sistema → Organismo.
4. Divisão do Corpo Humano
Cabeça: Crânio e Face
Tronco: Pescoço, Tórax, Abdome.
Membros Superiores: ombro, braço, antebraço, mão (função de ataque e defesa);
Membros Inferiores: quadril, coxa, perna, pé (locomoção do corpo).
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5. Cavidades do Corpo Humano
Cavidade craniana: é o espaço dentro do crânio e contém o encéfalo.
Cavidade espinhal similar a um longo cilindro contém a medula espinhal.
Cavidade torácica: contém a traquéia, os brônquios e os pulmões, o coração, a aorta, e outros vasos sangüíneos, o esôfago e nervos.
Cavidade abdominal: contém o estômago, o fígado, a vesícula biliar, o intestino delgado, parte do intestino grosso (cólon e cécum), o pâncreas e o baço. Os dois rins estão na parte posterior da cavidade abdominal.
Cavidade pélvica: contém os órgãos reprodutores, a bexiga e a parte inferior dos intestinos.
6. PLANOS ANATÔMICOS
Para efeitos de estudo utilizam-se vários planos de divisão do corpo, os chamados planos anatômicos:
6.1. Plano Sagital Mediano
É um plano imaginário que passa longitudinalmente através do corpo e o divide em metades direita e esquerda.
6.2. Plano Frontal ou Coronal
É todo plano que intercepta o plano sagital mediano em ângulo reto e divide o corpo em metades anterior e posterior.
6.3. Plano Transversal ou Horizontal
Todo plano que divide o corpo em metades superior e inferior. 
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CAPÍTULO II
CINEMATICA DO TRAUMA
A equipe que atende a um politraumatizado deve ter dois tipos de lesões em mente. 
Aquelas facilmente identificáveis ao exame físico, permitindo tratamento precoce. 
Ou as lesões ditas potenciais, ou seja, não são óbvias ao exame mas podem estar presentes pelo mecanismo de trauma sofrido pelo paciente. 
Quando bem interpretada pela equipe, tem-se a suspeita de mais de 90% das lesões antes de ter contato direto com o paciente.
1. A HISTÓRIA NO TRAUMA DIVIDE-SE EM TRÊS FASES:
1.1. Pré-impacto: são os eventos que precedem o acidente, tais como ingestão de álcool e ou drogas, condições de saúde do paciente (doenças preexistentes), idade, etc. Estes dados terão influência significativa no resultado final.
1.2. Impacto: deve constar o tipo de evento traumático (colisão automobilística, atropelamento, queda, ferimento penetrante, etc.). 
1.3. Pós-impacto: ela se inicia após o paciente ter absorvido a energia do impacto. 
As informações coletadas nas fases de pré-impacto e impacto são utilizadas para conduzir as ações pré-hospitalares na fase de pós-impacto. A ameaça à vida pode ser rápida ou lenta, dependendo em parte das ações tomadas nesta fase pela equipe de resgate.
Portanto, as informações colhidas pelas equipes a respeito dos danos externos e internos do veículo constituem-se em pistas para as lesões sofridas pelos seus ocupantes. Com isto, a identificação das lesões ocultas ou de diagnóstico mais difícil são facilitadas, permitindo tratamento mais precoce reduzindo-se a morbi-mortalidade dos pacientes. Algumas observações são muito comuns, tais como: 
Deformidades do volante de direção, sugerindo trauma torácico, 
Quebra com abaulamento circular do parabrisas indicando o impacto da cabeça, o que sugere lesão cervical e craniana, 
Deformidades baixas do painel de instrumentos sugerindo luxação do joelho, quadril ou fratura de fêmur.
2. ENERGIA E LEIS FÍSICAS
A fim de entender e interpretar as informações obtidas na história faz-se necessário considerar algumas leis físicas:
Um corpo em movimento ou em repouso tende a ficar neste estado até que uma energia externa atue sobre ele (1ª Lei de Newton).
A energia nunca é criada ou destruída, mas sim, pode mudar de forma. As formas mais comuns são mecânicas, térmica, elétrica e química.
3. CAVITAÇÃO
Defini-se como o deslocamento violento dos tecidos do corpo humano para longe do local do impacto, devido à transmissão de energia. Este rápido movimento de fuga dos tecidos a partir da região do impacto leva a uma lesão por compressão tecidual e também à distância, pela expansão da cavidade e estiramento dos tecidos.
Este fenômeno gera dois tipos de cavidades (ou deformações). 
As cavidades temporárias são formadas no momento do impacto, sendo que os tecidos retornam a sua posição prévia após o impacto. Este tipo de cavidade não é visto pela equipe de resgate e nem pelo médico ao exame físico.
As cavidades permanentes: Elas são causadas pelo impacto e compressão dos tecidos e podem ser vistas após o trauma. 
4. LESÕES POR MUDANÇA DE VELOCIDADE
A mudança brusca de velocidade, cria uma grande aceleração ou desaceleração podendo causar lesões em diferentes partes do corpo.
4.1. Cabeça: O impacto do crânio com algum anteparo, leva à desaceleração brusca do mesmo. Com isto, o crânio pára, mas o cérebro continua a se mover para frente. A parte do cérebro mais próxima do local de impacto sofre compressão, contusão ou laceração. Os sinais de suspeita dessas lesões são: 
 As contusões visíveis no couro cabeludo e face e, 
 Quebra do parabrisas do veículo, formando um abaulamento circular no vidro.
4.2. Pescoço: O crânio é muito forte para absorver os impactos sofridos.
Entretanto, sendo a coluna cervical muito mais flexível, não tolera grandes pressões de impacto sem sofrer angulações ou compressões. Movimentos de hiperextensão ou hiperflexão do pescoço levam as angulações importantes, podendo resultar em fraturas ou deslocamentos das vértebras. As compressões com as vértebras alinhadas podem resultar em esmagamento de corpos vertebrais. Todas estas lesões podem desestabilizar a coluna, permitindo a colisão dessas estruturas com a medula espinhal, causando lesões irreversíveis. 
4.3. Tórax: Impactos na região do tórax atingem inicialmente o esterno. Ele absorve grande parte da energia e para abruptamente. No entanto, a parede posterior do tórax e os órgãos na cavidade torácica continuam a se mover para a frente. O coração e a aorta ascendente são relativamente “soltos” na cavidade torácica, mas a aorta descendente é firmemente fixada à parede posterior. Cerca de 80% dos pacientes morrem no local do acidente. Do restante, um terço morre 06 horas após, um terço morrem em 24 horas, e um terço vive por 03 dias ou mais. Portanto, pelo mecanismo de trauma, deve-se suspeitar pelo tipo de lesão, permitindo investigação e tratamento em tempo hábil.
4.4. Parede torácica resulta freqüentemente em pneumotórax. Isto porque há um fechamento involuntário da glote no momento do impacto, aumentando a pressão dos pulmões durante a compressão, levando à ruptura. Isso pode ser comparado ao que ocorre quando estouramos um saco de papel cheio de ar entre as mãos. 
4.5. Abdome: Quando há uma desaceleração brusca as vísceras abdominais continuam a se movimentar para a frente. Com isso gera-se uma força de cisalhamento nos locais de fixação dos órgãos, geralmente localizados nos seus pedículos (rins, baço, e intestinos delgado e grosso). O fígado também pode sofrer lacerações na região do ligamento redondo. Isto porque é fixado principalmente no diafragma. 
Fraturas pélvicas podem levar à lesões de bexiga e de vasos da cavidade pélvica. Alguns órgãos podem ser comprimidos contra a coluna vertebral (pâncreas, baço, fígado e rim).
5. COLISÕES DE VEÍCULOS AUTOMOTORES	
5.1. Colisão do ocupante
Quando um veículo se choca contra um obstáculo fixo, ocorrem duas colisões. 
A primeira entre a vítima e o veículo e a, 
Segunda entre os órgãos da vítima e a estrutura de seu corpo.
As colisões automobilísticas podem ser:
Impacto frontal e traseiro
Impacto lateral e angular
Capotamento
Ejeção
5.1.1. Impacto frontal: corresponde à colisão contra um obstáculo que se encontra à frente do veículo. Se o ocupante não estiver utilizando o cinto de segurança, ele irá se chocar contra alguma parte do veículo ou ser ejetado para fora do veículo. 
5.1.2. Impacto lateral: se refere às colisões do lado do veículo capazes de imprimir ao ocupante uma aceleração que o afasta do ponto de impacto. Dele podem resultar lesões semelhantes às do impacto frontal, mas além destas, podem ocorrer lesões de compressão do tronco e de pelve do lado de colisão. 
5.1.3. Impacto traseiro: geralmente este impacto ocorre quando um veículo parado é atingido por trás por outro veículo. Nestas condições o assento carrega o tronco dos ocupantes para a frente com grande aceleração, mas a cabeça não acompanha este movimento, ocorrendo uma hiperextensão do pescoço. Este tipo de lesão é evitado com o uso correto do suporte de cabeça.
5.1.4. Capotamento: nestas situações, o ocupante se choca contra qualquer parte da cabine, causando deslocamentos violentos e múltiplos, o que leva à lesões mais graves.
5.1.5. Ejeção: a vítima nestes casos sofre lesões decorrentes da ejeção do veículo propriamente dito e do seu choque com o solo. A probabilidade de lesões aumenta em mais de 300% e há grandes chances de ocorrer lesões ocultas.
5.2. Colisões de motocicletas
Podem ocorrer lesões por compressão, aceleração/desaceleração e cisalhamento. Porém, menor será o risco de ocorrerem, quanto maior for o número de equipamentos de proteção utilizados no momento do impacto (ex. capacete, botas, luvas, roupas, etc.)
Os mecanismos de lesão são:
5.2.1. Impacto frontal/ejeção: quando a roda dianteira se choca contra um anteparo, a motocicleta para subitamente. Obedecendo a 1ª Lei de Newton, o motociclista continua seu movimento para a frente, até bater contra um objeto ou com o solo. Durante esta projeção, sua cabeça, tórax ou abdome podem se chocar contra o guidom. Se for ejetado da motocicleta, seus membros inferiores, batem no guidom podendo levar a fraturas bilaterais de fêmur. Posteriormente ao se chocar com o solo, múltiplas lesões podem ocorrer.
5.2.2. Impacto Lateral/ejeção: podem ocorrer as mesmas lesões do impacto lateral em um automóvel. Porém são muito freqüentes as fraturas e esmagamentos dos membros inferiores. Se for ejetado da moto, pode sofrer múltiplas lesões.
5.2.3. Derrapada Lateral: neste mecanismo, o motociclista pode sofrer graves abrasões e até mesmo avulsões dos tecidos.
5.3. Colisões de Pedestres
As lesões ocorrem em três fases:
5.3.1. Impacto com o pára-choque dianteiro: depende diretamente da altura do pára-choque e da vítima. Geralmente em adultos as lesões costumam acometer regiões entre as pernas e a pelve. Em crianças as lesões torácicas e abdominais são mais comuns.
5.3.2. Impacto com o capô e pára-brisas: ocorrem lesões do tronco e cabeça.
5.3.3. Impacto com o solo: lesões de cabeça e coluna.
	
6. LESÕES POR TRAUMA
6.1. Trauma Fechado
As forças físicas, cavitação e permuta de energia são similares nos traumas penetrantes e fechados. Mas quando a energia é concentrada em uma pequena área, ela pode exceder a tensão superficial do tecido e penetrá-lo. Em ambos os tipos de trauma, ocorre cavitação temporária mas somente no penetrante existe a formação da cavitação permanente. No trauma fechado, duas forças estão envolvidas no impacto: 
Mudança brusca de velocidade (aceleração ou desaceleração) e 
Compressão. 
Elas podem ser resultantes de quedas, colisões automobilísticas, acidentes com pedestres, agressões, etc.
6.1.1. Mecanismos de Contenção
Quando o cinto de segurança é posicionado adequadamente, a pressão do impacto é absorvida pela pelve e tórax, resultando numa diminuição drástica do número e gravidade das lesões. Já quando posicionado de forma inadequada (acima da pelve), a pressão é absorvida por tecidos moles da cavidade abdominal e retroperitônio, podendo resultar em lesões por compressão (ex. baço, fígado, pâncreas, duodeno). É possível ainda ocorrer lesões por aumento da pressão abdominal e por hiperflexão da coluna lombar (fraturas por compressão anterior). Cabe ressaltar que a gravidade destas lesões são ainda bem menores, se o cinto não estivesse sendo usado. O “air-bag” é outro dispositivo que reduz significativamente algumas lesões frontais. Ele absorve parte da energia do impacto, aumentando a distância de parada e consequentemente diminui a permuta de energia. A sua expansão pode causar lesões no tórax, braços e face, principalmente se a vítima usar óculos. Alguns veículos contam com barras laterais de reforço
6.1.2. Quedas
Vítimas de queda estão sujeitas a múltiplos impactos e lesões. Se avaliado:
Altura da queda: quanto maior a altura, maior a chance de lesões;
Compressibilidade da superfície do solo: quanto maior a compressibilidade, maior a capacidade de deformação, aumentando a distância de parada, diminuindo a desaceleração. 
Parte do corpo que sofreu o primeiro impacto: Quando ocorre o primeiro impacto nos pés, ocorre uma fratura bilateral dos calcâneos. 
6.1.3. Explosões
Esta ocorrência não é exclusiva dos tempos de guerra. Devido à violência civil, às atividades terroristas e ao transporte e armazenamento de materiais explosivos, as explosões ocorrem de modo rotineiro.
As explosões podem causar três tipos de lesões:
Lesões primárias: resultam diretamente da onda de pressão, tem maior capacidade lesiva para os órgãos que contém gás. As lesões mais comuns são as rupturas do
tímpano, contusão, edema e pneumotórax quando atinge os pulmões. 
Lesões secundárias: resulta de objetos arremessados a distância, que atinge os indivíduos ao redor (ex. granadas)
Lesões terciárias: neste tipo, o próprio indivíduo se transforma em um “míssil” e é arremessado contra um anteparo ou o solo.
6.1.4. Lesões no esporte
Muitos esportes são capazes de levar à lesões graves. Elas podem ser por desaceleração, compressão, hiperextensão, hiperflexão, etc. Isto é agravado pelo grande aumento de “esportistas” ocasionais ou recreacionais, os quais não têm o treinamento e técnica necessários, além da falta de equipamento de proteção.
Esportes que envolvem alta velocidade (esqui, skate, ciclismo) levam a lesões similares às causadas por motocicletas, já descritas anteriormente.
6.2. Trauma Penetrante
Quando um objeto em movimento se depara com um obstáculo, ocorre uma permuta de energia entre eles. Quando esta é concentrada em uma pequena área, ela pode exceder a tensão superficial do tecido e penetrá-lo.
CAPÍTULO III
SINAIS VITAIS
Os sinais vitais são indicadores das funções vitais e podem orientar o diagnóstico inicial e o acompanhamento da evolução do quadro clínico da vítima. São eles:
Pulso → Respiração → Pressão arterial → Temperatura.
Sua verificação é essencial na avaliação da vítima, devendo ser realizada simultaneamente à história e ao exame físico. São mais significativos quando obtidos em série, possibilitando o acompanhamento de suas variações, e seus valores devem ser analisados conforme a situação clínica.
Na obtenção dos sinais vitais devemos considerar as seguintes condições:
Condições ambientais, tais como temperatura e umidade no local, que podem causar variações nos valores;
Condições pessoais, como exercício físico recente, tensão emocional e alimentação, que também podem causar variações nos valores;
Condições do equipamento, que devem estar apropriados e calibrados.
1. Pulso
Pulso é a onda provocada pela pressão do sangue contra a parede arterial cada vez que o ventrículo esquerdo se contrai. Em locais onde as artérias de grosso calibre se encontram próximas à superfície cutânea, pode ser sentido à palpação. Cada onda de pulso sentida é um reflexo do débito cardíaco, pois a freqüência de pulso equivale à freqüência cardíaca. Débito cardíaco é o volume de sangue bombeado por cada um dos lados do coração em um minuto.
Podem ser considerados normais os seguintes índices de freqüência cardíaca - BPMIN:
Adultos (60 a 100) → Crianças (80 a 120) → Bebês – (100 a 160)
1.1. Taquicardia
Taquicardia é o aumento da freqüência cardíaca (acima de 100 bpm nos adultos). Em vítimas de trauma pode ocorrer por hipóxia ou hipovolemia. 
1.2. Bradicardia
Bradicardia é a diminuição da freqüência cardíaca (abaixo de 60 bpm nos adultos). Nas vítimas de trauma pode estar associada a choque neurogênico. Pode estar associada também a doenças primárias do coração ou doenças da tireóide.
1.3. Locais para Obtenção do Pulso
Os melhores locais para se palpar o pulso são onde artérias de grosso calibre se encontram próximas à superfície cutânea e possam ser comprimidas contra uma superfície firme (normalmente um osso). 
As artérias radiais, ao nível dos punhos, são mais comumente usadas na checagem do pulso em vítimas conscientes. 
As artérias carótidas, ao nível do pescoço, são normalmente usadas para palpação do pulso em vítimas inconscientes.
Artérias femorais na raiz da coxa, 
Braquial no braço, 
Axilar na axila e,
Pedioso no dorso do pé. 
Também podermos medir o pulso pela ausculta cardíaca, no ápice ou ponta do coração, no lado esquerdo do tórax, levemente abaixo do mamilo (pulso apical).
1.4. Procedimentos para Palpação do Pulso
1) Relaxe a vítima. Para palpar o pulso radial, mantenha o braço da vítima descansando confortavelmente, preferencialmente cruzando a parte inferior do tórax. Para o pulso carotídeo, palpe a cartilagem tireóide no pescoço (pomo de Adão) e deslize os dedos lateralmente até sentir o pulso.
2) Use dois ou três dedos para encontrar e sentir o pulso. Use somente a ponta dos dedos e nunca o polegar (usando o polegar o examinador poderá sentir seu próprio pulso digital).
3) Evite muita pressão. Pressionando forte poderá interromper o pulso da vítima.
4) Sinta e conte o pulso durante 30 ou 60 segundos (se contar por 30 segundos, multiplique por dois). Use relógio que marque os segundos.
2. Respiração
Respiração é o processo através do qual ocorre troca gasosa entre a atmosfera e as células do organismo. É composta pela ventilação e pela hematose. Na ventilação ocorre a entrada de ar rico em oxigênio para os pulmões (inspiração) e a eliminação de ar rico em dióxido de carbono para o meio ambiente (expiração). 
A freqüência respiratória pode variar com a idade - MRPMIN:
Adultos (12 a 20) → Crianças (20 a 30) → Bebês – (30 a 60)
Outros fatores podem alterar a respiração como exercícios físicos, hábito de fumar, uso de medicamentos e fatores emocionais. Em um adulto em repouso a profundidade da respiração ou o volume de ar inalado é aproximadamente 500 ml por inspiração. 
Podem ser encontradas as seguintes alterações nos padrões respiratórios:
● Apnéia – Cessação intermitente (10 a 60 segundos) ou persistente (parada respiratória) das respirações;
● Bradipnéia – Respiração lenta e regular;
● Taquipnéia – Respiração rápida e regular;
● Dispnéia – Respiração difícil que exige esforço aumentado.
2.1. Procedimentos para Analise da Respiração
 Empregar técnica de “ver, ouvir e sentir”, (7 a 10 segundos de verificação):
Se presente, ministrar imediatamente oxigênio à vítima;
Se ausente, iniciar a ventilação artificial.
2.2. Procedimentos gerais no local do atendimento técnica
Empregar a técnica de “Ver, Ouvir e Sentir”, através da seguinte forma:
Liberar as VAS da vítima através da manobra indicada;
Colocar o ouvido da boca e nariz da vítima voltando à face para seu tórax;
Observar os movimentos do tórax;
 Ouvir os ruídos próprios da respiração;
Sentir a saída de ar das VAS da vítima.
3. Pressão Arterial
	É a pressão exercida pelo sangue circulante contra as paredes internas das artérias. É constituída por duas mensurações: PA máxima (sistólica) e PA mínima (diastólica).
3.1. Sistólica: é a pressão máxima exercida pelo sangue contra as paredes internas das artérias durante a contração do coração (sístole)
3.2. Diastólica: é a pressão mínima exercida pelo sangue contra as paredes internas das artérias durante o relaxamento do coração (diástole)
3.3. Técnica empregada para aferir a pressão arterial
Expor o braço da vítima acima do cotovelo, certificando se não há compressão;
Fixar o manguito do esfigmomanômetro 04 cm acima do cotovelo da vítima;
Posicionar o estetoscópio sobre a artéria braquial do mesmo braço da vítima;
Fechar a válvula e insuflar ar pela pêra até o manômetro marcar 200 mmhg;
Abrir a válvula lentamente, cerca de 05 mmhg no intervalo de 03 segundos;
O som do primeiro batimento indicará a pressão arterial sistólica;
Continuar permitindo a saída do ar;
O cessar do som dos batimentos indicará a pressão arterial diastólica;
Remover todo o ar, soltando o manguito,
 
ATENÇÃO: 
	Na impossibilidade de auscultar os batimentos, a pressão arterial sistólica poderá ser medida palpando-se o pulso radial ou no membro inferior (pulso pedioso).
Evitar verificar a PA várias vezes consecutivas no mesmo braço;
Se a vítima for hipertensa e o socorrista começar a ouvir o som dos batimentos cardíacos logo que desinflar o manguito, torne a inflá-lo acima dos 200 mmhg.
3.4. Valores normais de pressão arterial
	Idoso – acima de 50 anos
	140-160/90-100 mmHg
	Idade acima de 16 anos
	120/80 mmHg
	Idade – 16 anos
	118/75 mmHg
	Idade – 12 anos
	108/67 mmHg
	Idade – 10 anos
	100/65 mmHg
	Idade – 06 anos
	95/62 mmHg
	Idade – 04 anos
	85/60
mmHg
	Recém Nascido (3Kg)
	52/30 mmHg
O resultado poderá apresentar-se:
Normal (normotenso) → Alterado (hipertensão ou hipotensão)
4. Temperatura
Existem vários fatores que influenciam no controle da temperatura corporal, sendo influenciada por meios físicos e químicos e o controle feito através de estimulação do sistema nervoso. A temperatura reflete o balanceamento entre o calor produzido e o calor perdido pelo corpo. O índice normal de temperatura é de 37ºC, admitindo-se variações de até 0,6ºC para mais ou para menos. As crianças têm temperaturas mais altas que os adultos, porque seu metabolismo é mais rápido. Tem-se observado que a temperatura do corpo é mais baixa nas primeiras horas da manhã, e mais alta no final da tarde ou no início da noite. A temperatura corporal pode se elevar em situações de infecção, trauma, medo, ansiedade, etc. Exposição ao frio e choque são causas freqüentes de temperatura abaixo do normal.
CAPÍTULO IV
AVALIAÇÃO DA VÍTIMA
Antes de administrar cuidados de emergência, é preciso: 
 Garantir condições de segurança para a vítima e para os demais presentes na cena;
 Ao mesmo tempo deve-se fazer um rápido e completo exame da vítima para determinar a extensão das lesões que causam riscos de vida;
 E executar as ações de suporte necessárias.
avaliação primária da vítima
Aproximar-se da vítima, identificar-se dizendo quem é você, e que pretende ajudá-la, tentar tranqüilizar a vítima e simultaneamente palpar por pulso e perguntar à vítima o que aconteceu. Nesse momento está-se iniciando a Avaliação Primária da vítima que:
Visa identificar e manejar situações de ameaça à vida;
Passos a seguir : A = Via aérea com Controle Cervical
B = Respiração
C = Circulação e Controle de grandes hemorragias
D = Estado Neurológico
Só se avança para o passo seguinte após completar o anterior.
A = Vias Aéreas com Controle Cervical
A primeira prioridade na abordagem do paciente traumatizado é a verificação da permeabilidade das vias aéreas. Deve-se pesquisar a existência de corpos estranhos ou trauma de face e pescoço, que podem levar à obstrução das vias aéreas.
Durante o exame e manipulação das vias área, deve-se tomar muito cuidado para evitar a movimentação excessiva da coluna cervical. 
Com base na história do trauma, devemos suspeitar da existência de lesão da coluna cervical; todos os pacientes politraumatizados, principalmente aqueles que apresentam alteração do nível de consciência ou traumatismos fechados acima do nível das clavículas, são potencialmente portadores de lesão em coluna cervical.
A cabeça e o pescoço da vítima não podem ser hiperestendidos, hiperfletidos ou rodados para o estabelecimento da permeabilidade das vias aéreas. Com esse objetivo, recomendam-se às manobras de elevação do queixo e tração da mandíbula. Deve-se estabelecer a imobilização adequada da cabeça e do pescoço, com equipamentos adequados ou controle manual sobre a cabeça e o pescoço da vítima, mantendo-os alinhados.
B = Respiração
A boa ventilação envolve o funcionamento adequado dos pulmões, da parede torácica e do diafragma. Cada um desses componentes deve ser avaliado rapidamente.
Uma vítima só consegue falar se tiver ar nos pulmões e este passar pelas cordas vocais. Portanto se você perguntar à vítima: “O que aconteceu?” e a vítima responder normalmente é porque as vias aéreas estão permeáveis (A) e a pessoa respira.
Se observar sinais que antecedem parada respiratória (respiração superficial, lenta, irregular), mantenha-se de prontidão. Se a vítima não responde normalmente, examina-se a via aérea:
Se obstruída - desobstruir;
Examinar a respiração: se ausente - iniciara respiração artificial. Garanta os passos A e B para que possa avançar para o próximo passo.
C = Circulação e Controle de Grandes Hemorragias
A hemorragia é a principal causa de morte pós-traumática, porém pode ser plenamente avaliada e tratada. Deve-se avaliar a presença de pulso em todas as vítimas; o pulso de escolha para a avaliação é o pulso carotídeo, mas também se pode avaliar o pulso femoral ou o pulso radial, nos adultos, ou ainda o pulso braquial, nas crianças.
Se o pulso estiver presente, avançar para o passo seguinte (D);
Se o pulso estiver ausente – iniciar manobras de reanimação cardiorrespiratória.
Nessa fase do exame é preciso também controlar os pontos de sangramento externo evidentes ao examinador. Isso pode ser realizado através da compressão direta dos ferimentos ou aplicação de curativos compressivos.
D = Estado Neurológico ( nível de consciência)
Tomadas as medidas possíveis para garantir o ABC, importa conhecer o estado neurológico da vítima, de maneira sucinta, resumida. Realiza-se da seguinte maneira:
Verificar o nível de consciência da vítima: estabelecer se ela está:
Alerta → Reagindo à voz → reagindo à dor → Não reagindo
Verificar as pupilas da vítima: observar se elas estão:
Isocóricas (iguais no tamanho), ou
Anisocóricas (diferentes) no tamanho.
As vítimas que apresentarem nível de consciência alterado (aquelas vítimas que não estiverem alerta) merecem observação cuidadosa dos itens (ABC), pois podem estar apresentando lesões que podem resultar em risco de vida. As vítimas com anisocóricas também merecem atenção cuidadosa para o ABC, pois geralmente a anisocoria resulta de alguma lesão cerebral que pode agravar a situação da vítima.
AVALIAÇÃO SECUNDÁRIA DA VÍTIMA
Procura de lesões que não são tão evidentes no momento da Abordagem Primária. Só se inicia a Abordagem Secundária após completar e resolver todas as etapas do A-B-C-D. Examinam-se os segmentos do corpo, procurando realizar:
Inspeção: verificando a cor da pele, a simetria das estruturas, o alinhamento, a presença de deformidades ou sangramento;
Palpação: em busca de deformidade, rigidez, flacidez.
Proceder ao exame da cabeça aos pés, observando:
2.1. Cabeça:
Ferimentos ou deformidades;
Crepitação óssea;
Secreção pela boca, nariz e/ou ouvidos;
Hálito;
Dentes quebrados, próteses dentárias;
2.2. Pescoço:
Ferimentos ou deformidades;
Estase jugular, comuns no pneumotórax hipertensivo e tamponamento pericárdico;
Desvio de traquéia, comum em lesão no pescoço ou pneumotórax hipertensivo;
Resistência ou dor ao movimento;
Crepitação óssea;
Enfisema subcutâneo, em conseqüência de lesão nas vias aéreas.
 2.3. Tórax e costas:
Ferimentos e deformidades;
Respiração difícil;
Alteração da expansibilidade;
Crepitação óssea;
Enfisema subcutâneo, em conseqüência de lesão nas vias aéreas.
 2.4. Abdome:
Ferimentos (contusões, escoriações, etc.);
Dor à palpação;
Rigidez da parede abdominal (abdome em tábua).
 2.5. Pelve e nádegas:
Ferimentos ou deformidades;
Dor à palpação;
Crepitação óssea;
Instabilidade da estrutura óssea.
 2.6. Extremidades inferiores e superiores:
Ferimentos ou deformidades;
Resposta neurológica (insensibilidade, formigamentos) pra avaliar lesão de nervos;
Avaliar a motricidade e a força muscular para verificar lesão de nervos e músculos;
Perfusão capilar, para avaliar lesão arterial ou sinais de choque;
Verificar temperatura e coloração da pele, para avaliar lesão vascular.
Durante todo o exame o examinador deve manter-se atento ao A-B-C-D.
CAPÍTULO V
DESOBSTRUÇÃO DAS VIAS AÉREAS
Para que o processo de respiração se realize adequadamente, as vias aéreas devem estar livres, permitindo a expiração e a inspiração. A obstrução das vias aéreas pode ser parcial ou total. 
Na obstrução parcial, ainda é possível a passagem de certa quantidade de ar pelas vias aéreas. Nesses casos a respiração pode estar lenta, ou ruidosa, ou ainda a pessoa pode estar com bastante dificuldade para respirar, ou tossindo. 
Na obstrução total nenhum ar pode ser ouvido saindo ou entrando pelo nariz ou pela boca, e a vítima pode apresentar coloração cinza-azulada na pele, em volta
dos lábios, orelhas, unhas e às vezes no corpo inteiro. A obstrução total das vias aéreas pode levar a vítima à inconsciência e parada cardiorrespiratória.
1. Obstrução das vias aéreas pela língua
Numa vítima que se torne inconsciente por qualquer motivo, a língua pode cair contra o fundo da garganta e obstruir a via respiratória. Para restabelecer a passagem do ar pelas vias aéreas, deve-se posicionar a vítima em decúbito dorsal (de costas) sobre uma superfície rígida (chão), e fazer as manobras de desobstrução.
1.1. Manobra de levantamento do queixo.
Colocar uma das mãos na região frontal da vítima e aplicar pressão firme, pendendo a cabeça contra o chão;
Com o polegar e o indicador da outra mão, puxar a mandíbula da vítima para frente.
1.2. Manobra de Projeção da Mandíbula
Segurar com ambas as mãos a mandíbula da vítima, com uma de cada lado da cabeça.
Os polegares devem ficar apoiados nas maças do rosto e os indicadores apoiam os ângulos da mandíbula, que deve ser projetada para frente.
2. Obstrução das vias aéreas por corpo estranho sólido
A obstrução das vias aéreas por corpos estranhos sólidos é uma situação de urgência que pode, em poucos minutos, levar a vítima a óbito. Esse tipo de obstrução pode ocorrer durante uma refeição, brincadeira ou acidentes; os principais corpos estranhos são pedaços de alimento mal mastigados, balas, chicletes, pequenos objetos ou brinquedos ou mesmo próteses dentárias.
As obstruções podem ser parciais ou totais. 
Nas parciais, a pessoa ainda consegue respirar, mesmo com dificuldade, e pode estar apresentando tosse; nesses casos, deve-se estimular a vítima a continuar tossindo, pois a tosse pode expelir o corpo estranho e desobstruir a via aérea.
Na total, verifica-se que o ar não passa e a pessoa se encontra em grande angústia para respirar. 
A vítima pode ainda estar consciente, tentando de alguma maneira a desobstrução, ou, pela falta de respiração, pode já ter perdido a consciência. Em ambos o caso, aplica-se uma manobra especial para desobstruir as vias aéreas, denominada Manobra de Heimlich, que consiste em compressões abdominais, até que o corpo estranho se exteriorize na boca da vítima, para, então, ser retirado com os dedos.
2.1. Vítima em pé
O agente deve ficar atrás da vítima e seu braço em volta da cintura da mesma;
Fechar uma mão e colocar o lado do polegar contra o abdome da vítima, levemente acima do umbigo e bem abaixo do apêndice xifóide;
Com a outra mão envolver a mão fechada e pressionar o abdome da vítima;
Fazer quatro compressões rápidas e para cima;
Repetir a manobra até a desobstrução ou a vítima tornar-se inconsciente.
2.2. Vítima deitada (inconsciente)
A vítima deve ser colocada em decúbito dorsal (de costas);
Abrir a boca da vítima procurando o corpo estranho;
Pesquisar a respiração através da audição (som da ventilação), tato (contato com o ar na face) e visão (movimentos torácicos). 
Ao ser constatada a falta de respiração, iniciar a ventilação boca a boca (inspirar profundamente); colocar seus lábios sobre os da vítima; ocluir as narinas da vítima com os dedos polegares e indicadores da mão que estiver sobre a região frontal para evitar que escape de ar; ventilar a vítima duas vezes, expirando volume de ar necessário para expandir o tórax da vítima e, também proceder as manobras de desobstrução.
Agachar-se em cima das coxas do paciente, ou lateralmente a ele, colocar o calcanhar de uma mão contra o abdome levemente acima do umbigo;
Colocar a segunda mão diretamente sobre a primeira e pressionar o abdome para cima, quatro vezes;
Continuar até obter sucesso na desobstrução ou entregar a vítima a um serviço de emergência.
Ao verificar a boca, se o corpo estranho já estiver visível, colocar o dedo indicador dentro da boca até a base da língua. Usar ação de enganchar, para remover o corpo estranho.
3. Desobstrução da via aérea em criança
Deitar a criança de bruços sobre o braço, apoiando na palma da mão, de cabeça para baixo e com os dedos abrir a boca da mesma;
Bater nas costas com a palma da mão.
CAPÍTULO VI
REANIMAÇÃO CARDIORRESPIRATÓRIA
1. Histórico
No século passado a reanimação foi uma prática comum na Europa, pela técnica de rolar vítimas inconscientes sobre barris, na tentativa de mover o ar para dentro e para fora dos pulmões. Foles também foram usados com o mesmo intuito. No início do século XX, a técnica mais usada era o método de pressão prona de Schafer, segundo a qual se pressionava clinicamente a região lombar para movimentar o ar entre os pulmões e o ambiente. Essa técnica permitia a manutenção das vias aéreas abertas pela ação da gravidade na base da língua. No entanto, essas e outras técnicas não eram eficientes pela baixa ventilação alveolar que ofereciam.
2. Morte Clínica e Biológica
Ressuscitação cardiopulmonar (RCP) é o conjunto de manobras realizadas para restabelecer a ventilação pulmonar e a circulação sangüínea, tais como: 
Respiração artificial e 
Massagem cardíaca externa, 
Manobras essas utilizadas nas vítimas em parada cardiopulmonar (morte clínica). Para alguns pacientes com parada cardiopulmonar e com funções neurológica e cardiorrespiratória previamente preservadas, a utilização rápida das técnicas de RCP, seguidas de cuidados médicos definitivos, pode ser salvadora. O tempo disponível de viabilidade dos tecidos antes da morte biológica é curto e o principal determinante do sucesso da RCP.
3. Parada Respiratória
A parada respiratória evolui em alguns minutos para uma parada cardiopulmonar e apesar de ser a menor causa de paradas, possui resultados positivos quando aplicado RCP no início da parada, principalmente em obstrução de vias aéreas ou afogamento.
São causas de parada respiratória por ordem de incidência: Doenças do pulmão; Trauma; Obstrução de Vias Aéreas por inconsciência (queda da língua ); Obstrução de Vias Aéreas por Corpo Estranho (OVACE); Acidente Cardiovascular (AVC); Overdose por drogas; Afogamento; Inalação de fumaça; Epiglotite e laringite e Choque elétrico;
4. Parada Cardíaca
Doenças cardíacas são a principal causa de morte em todo o mundo e em cerca de 60% destas mortes ocorre uma Parada Cardíaca Súbita (PCS). A parada cardíaca súbita corresponde a 80% das paradas cardiopulmonares. Estas paradas cardíacas súbitas tem como principal causa o Infarto Agudo do Miocárdio (IAM) e durante o infarto a grande maioria das vítimas apresenta algum tipo de fibrilação ventricular (FV) durante a parada.
Outras causas de Parada Cardíaca são:Trauma direto no coração ou Uso de Drogas.
5. Sinais de Parada Cardiopulmonar
● Inconsciência sem resposta a estímulo;
● Ausência de movimentos respiratórios;
● Ausência de Pulso.
6. Procedimentos para Ressuscitação Cardiopulmonar
Ressuscitação cardiopulmonar é o conjunto de manobras realizadas para restabelecer a ventilação pulmonar e a circulação sangüínea, tais como, respiração artificial e massagem cardíaca externa, manobras essas utilizadas nas vítimas em parada cardiopulmonar. A ressuscitação cardiopulmonar requer uma seqüência de procedimentos parecido com o ABCD da avaliação inicial com a diferença que o D do RCP se refere a desfibrilação:
A – Vias Aéreas: manter as vias aéreas permeáveis para a passagem do ar;
B – Respiração: ventilar os pulmões da vítima para garantir um mínimo de troca de ar;
C – Circulação: comprimir o tórax de forma a realizar uma pressão intratorácica que faça o coração bombear sangue para os órgãos vitais;
D – Desfibrilação: aplicação de um choque no coração para normalizar os batimentos cardíacos que entram em movimentos descompassados como a fibrilação ventricular e a taquicardia ventricular.
7. RCP em Adultos
A grande maioria das mortes em adulto é causada pela PCS e por mais bem feita que seja, a RCP não consegue reverter este quadro. Caso o socorrista esteja sozinho no local da ocorrência o acionamento ao Serviço Medico de Emergência
(SME), para a aplicação do desfibrilador, é prioritário para então na seqüência iniciar o RCP. A exceção fica para os casos de parada respiratória (OVACE, afogamento, etc) em que o emprego imediato de ventilações tem prioridade sobre o acionamento do SME. O socorrista se estiver sozinho deve então executar o RCP por pelos menos dois minutos antes de acionar o SME. A seguir verificamos a seqüência do RCP conforme descrito de forma sucinta acima.
7.1. Abertura de Vias Aéreas
Estabelecida que a vítima apresenta os sinais característicos de parada cardiopulmonar você deve iniciar os procedimentos de RCP. Para tanto o primeiro passo é garantir que a vítima esteja em decúbito dorsal (costas no chão). Estando a vítima em decúbito dorsal efetue a abertura das vias aéreas, o que muitas vezes pode garantir o retorno da respiração se a vítima estava somente em parada respiratória. Se ao verificar as VVAA você encontrar qualquer objeto (chicletes, próteses) ou líqüido (vomito, sangue), retire com uma pinça, ou os dedos, ou aspirador, ou ainda através do rolamento 90º. Não retire dentaduras bem fixas da vitima, pois ela ajuda a manter os contornos da boca, auxiliando em uma boa vedação para a ventilação.
7.1.1. Tração de Mandíbula
Está é a técnica recomendada para abertura de VVAA em vítimas com suspeita de lesão na coluna cervical ou TCE. Para a tração da mandíbula siga os seguintes passos:
● Deslize suas mãos para cada lado da cabeça e apóie as pontas dos dedos nos ângulos da mandíbula. 
● Coloque os polegares sobre a parte anterior da mandíbula e tracione deslocando o mento para frente sem movimentar a cabeça.
● Em caso dos lábios se fecharem afaste-os com os dedos.
7.1.2. Inclinação da Cabeça e Elevação do Mento
A inclinação da cabeça e elevação do mento é a técnica mais recomendada para abertura de VVAA sem instrumentos e pode ser usada em situações de trauma após 3 (três) tentativas sem sucesso com a tração da mandíbula:
● Com uma das mãos apóie na testa da vítima e exerça uma pequena tração para trás, fazendo uma pequena extensão do pescoço;
● Ao mesmo tempo que você apóia a mão
na testa com a outra mão faça uma pinça com os dedos elevando o queixo e abrindo-o;
● Caso o ar não passe tente estender um pouco mais o pescoço e procure por OVACE a cada procedimento.
7.2. Ventilação
Após a abertura das VVAA, analise a respiração da vítima usando o método do Ver-Ouvir-Sentir. Este exame não deve demorar mais do que dez segundos, se constatar que não há respiração, ou a respiração é inadequada (respirações agônicas), ou ainda, você não tem certeza se a respiração é adequada; inicie as ventilações artificiais.
7.2.1. Ventilação Boca-a-boca
● Pince o nariz da vítima usando o polegar e dedo indicador da mão que está na testa da vítima;
● Respire normalmente e coloque seus lábios na boca da vítima, vedando-a completamente, impedindo vazamento de ar; 
● Ventile 2 (duas) vezes (cerca de 1 segundo para cada ventilação) a cada 30 (trinta) compressões torácicas; 
● A ventilação deve provocar elevação visível do tórax;
● Observar o tórax subindo e descendo, ouvir e sentir o fluxo de ar; 
● Manter as vias aéreas abertas para a expiração;
● Não demore mais do que 10 (dez) segundos na aplicação das ventilações;
● Se a ventilação não elevar o tórax após as tentativas, inicie a compressão torácica;
● Havendo pulso, efetue de 10 a 12 ventilações por minuto sem compressões torácicas;
● Evite a hiperventilação, pois isto pode causar uma distensão gástrica reduzindo o débito cardíaco.
7.2.2. Ventilação Boca-nariz
Recomendada quando não é possível ventilar boca a boca, como: trauma de face, boca disforme, ou boca-boca/nariz em lactentes:
● Com a mão que está no queixo da vítima, feche a boca da vítima;
● Respire normalmente, coloque os lábios ao redor do nariz da vítima e ventile;
● Deixe a vítima expirar passivamente, pode ser necessário abrir a boca;
● Manter a mesma recomendação de ritmo anterior (boca-a-boca).
7.3. Compressão Torácica
A compressão torácica consegue criar um pequeno fluxo de sangue para os órgãos vitais, como cérebro e miocárdio. A cada interrupção este fluxo para e durante as primeiras compressões ele não se estabelece de forma efetiva, por isto as compressões têm maior importância.
7.3.1. Verificação do Pulso
A verificação do pulso em vítimas inconscientes sempre é realizada pela palpação da carótida. Caso você não tenha certeza de que a vítima tem pulso, mas sabe que esta não respira, inicie as manobras de RCP com compressão torácica. Para verificar o pulso carotídeo localize a traquéia com dois dedos e deslize-os suavemente entre a traquéia e os músculos laterais do pescoço, exercendo uma leve compressão sem obstruir a artéria. Esta operação não deve demorar mais do que 10 (dez) segundos. O socorrista pode também procurar por pulso na artéria femural da vítima inconsciente.
7.3.2. Posição do Corpo e das Mãos
Verificado que a vítima não possui pulso, o socorrista deve iniciar as compressões torácicas:
● Certifique-se de que a vítima esteja em decúbito dorsal sobre uma superfície rígida;
● Ajoelhe-se ao lado do peito da vítima;
● Exponha o peito da vítima e coloque uma das mãos no centro do peito na altura da linha mamilar;
● Coloque a outra mão sobre a primeira e entrelace os dedos com esta, não aplique nenhuma pressão sobre as costelas, o término do esterno, ou o abdômen;
●Posicione-se verticalmente sobre a vítima com os braços retos e seus ombros sobre o peito da vítima e comprima o tórax de forma que o peso de seu corpo auxilie na compressão.
7.3.3. Técnica da Compressão em adulto
Para efetuar as compressões é importante lembras destes detalhes:
● Comprima 30 (trinta) vezes o peito para cada 02 (duas) ventilações na vítima adulta, independente de estar em 1 ou 2 socorristas;
● A taxa de compressão deve ser de 100 (cem) compressões por minuto;
● Comprima rápido, comprima forte e permita o retorno completo do tórax;
● Execute a compressão com uma profundidade de 4 (quatro) a 5 (cinco) centímetros; sobre a vítima
● Tempo de compressão e descompressão devem ser iguais;
● Limite as interrupções, a compressão torácica é o procedimento mais importante para garantir uma sobre vida a vítima;
● Após 2 (dois) minutos ou 5 (cinco) ciclos de RCP reavalie a vítima, não demore mais do que dez segundos nesta avaliação.
● A cada 2 (dois) minutos troque, se possível, o socorrista que comprime o tórax; estudos comprovaram que mesmo sem referir cansaço o socorrista perde eficiência em apenas dois minutos de compressão.
8. RCP em Crianças
O RCP em crianças é quase o mesmo para adultos com algumas diferenças devido as diferenças anatômicas e fisiológicas.
8.1. Abertura de Vias Aéreas em Crianças
O procedimento é o mesmo realizado para adultos.
8.2. Ventilação em Crianças
Após a abertura das VVAA aplique 2 (duas) ventilações efetivas na criança. Devido ao tamanho da caixa torácica da criança ser menor do que do adulto menos ar é necessário na respiração, ao ventilar forneça apenas ar suficiente para elevar o tórax da criança. Se houver pulso aplique de 12 (doze) a 20 (vinte) ventilações por minuto, pois a criança normalmente possui uma freqüência respiratória mais elevada que o adulto. Com VVAA avançadas efetue de 8 (oito) a 10 (dez) ventilações por minuto sem interrupção nas compressões.
8.3. Compressão Torácica em Crianças
Para a compressão torácica em crianças siga os seguintes passos :
● Apalpe o pulso carotídeo em no máximo 10 (dez) segundos, se não estiver presente prepare-se para iniciar as compressões.
● Certifique-se de que a vítima esteja em decúbito dorsal sobre uma superfície rígida;
● Ajoelhe-se ao lado do peito da vítima;
● Exponha o peito da vítima e coloque uma das mãos com o braço reto sobre o centro do peito na altura da linha mamilar, se achar necessário é possível colocar as duas mãos;
● Se estiver sozinho, comprima 30 (trinta)
vezes o peito para cada 02 (duas) ventilações;
● Em 2 socorristas, comprima 15 (quinze) vezes para cada 02 (duas) ventilações;
● A taxa de compressão deve ser de 100 (cem) compressões por minuto;
● Comprima rápido, comprima forte e permita o retorno completo do tórax;
● Execute a compressão com uma profundidade de ½ a ⅓ do tamanho do tórax;
● Tempo de compressão e descompressão devem ser iguais;
● Após 2 (dois) minutos ou 5 (cinco) ciclos de RCP reavalie a vítima, não demore mais do que dez segundos nesta avaliação.
9. RCP em Bebês
Em bebês, menos de 1 (um) ano de idade, as causas mais comuns de parada cardiorrespiratória são: síndrome da morte súbita em lactentes, doenças respiratórias, OVACE, afogamento e doenças neurológicas. A ressuscitação nestes casos é extremamente difícil e resultam muitas vezes em complicações neurológicas. A corrente de sobrevivência para bebês é a mesma aplicada as crianças com a diferença de que a prevenção deve atuar mais nas doenças acima. Em bebês o uso do desfibrilador externo automático, DEA, não é recomendado.
9.1. Abertura de Vias Aéreas em Bebês
O procedimento é praticamente idêntico ao do adulto com a diferença de que em bebês é indicada a colocação de uma pequena toalha sobre os ombros da criança (coxim) para manter as VVAA abertas devido a relação da cabeça da criança com o tórax.
9.2. Ventilação em Bebês
A ventilação recomendada para bebes sem o uso de equipamentos é a boca-boca e nariz , devido as diferenças anatômicas entre adulto e o bebê. Assim como para crianças a ventilação fornecida para bebês é menor do que a para adultos, ao ventilar forneça apenas ar suficiente para elevar o tórax do bebê.
9.3. Compressão Torácica em Bebês
Principais diferenças na aplicação de compressões torácicas em relação à criança:
● Apalpe o pulso braquial em bebês, se estiver ausente inicie o RCP;
● Se estiver sozinho o socorrista pode executar o RCP sentado com o bebê em seu braço, apoiado em uma das pernas, porém a superfície rígida é mais apropriada;
●A aplicação da compressão é realizada logo abaixo da linha mamilar;
●Comprima o tórax com 2 (dois) dedos sobre o esterno, ou se possível, com os dois polegares, abraçando o peito da vítima com as mãos.
10. RCP em Neonatos
Como o RCP em Neonatos somente é aplicável na primeiras horas após o parto, dificilmente uma equipe de socorristas irá usá-lo, mas como pode haver a ocorrência de um parto de emergência na ambulância, o socorrista deve saber aplicá-lo.
10.1. Abertura de Vias Aéreas em Neonatos
Procedimento igual ao da criança com a diferença de que logo após o parto se faz necessário aspirar as VVAA por completo para retirar qualquer possibilidade de obstrução pelo líqüido amniótico.
10.2. Ventilação em Neonatos
Mesma ventilação recomendada para crianças deve ser aplicada aos neonatos
com a diferença de que neste caso somente deve ser aplicada 1 (uma) ventilação antes de iniciar as compressões.
10.3. Compressão Torácica em Neonatos
Principais diferenças na aplicação de compressões torácicas em relação à criança:
Apalpe o pulso braquial em neonatos, se estiver ausente inicie o RCP;
A aplicação da compressão é realizada logo abaixo da linha mamilar;
Comprima o tórax com os 2 (dois) polegares, abraçando o peito da vítima com as mãos;
Comprima 3 (três) vezes o tórax para cada 1 (uma) ventilação;
Comprima a uma taxa de 90 (noventa) compressões por minuto.
11. Complicações na RCP em Neonatos
Algumas complicações são encontradas na aplicação da RCP para vítimas em parada. Começa muitas vezes pela demora no início da RCP, cerca de 10% dos socorristas profissionais ao verificar o pulso pensam que este está presente quando não está, atrasando a RCP. Algumas complicações podem surgir com a execução das compressões: fratura de costelas, pneumotórax, lesões na região abdominal. Apesar destas complicações a compressão torácica não deve ser interrompida até que a vítima retorne.
12. Tratamento Pós-ressuscitação
Em caso de sucesso nas manobras de ressuscitação deve seguir um tratamento para restabelecer os sinais vitais da vítima as condições normais. Investigue as causas que levaram a parada para melhor tratá-la. O primeiro passo é garantir as VVAA e a ventilação adequada da vítima, de preferencia com oxigênio e ventilação positiva, pois a maioria das vítimas que retornam após RCP precisam de auxílio na respiração.
Em caso de trauma os procedimentos para controle de hemorragias e imobilização da vítima vem na seqüência. Se o caso for clínico a vítima deve ser colocada na posição de recuperação conforme a seqüência. Evite a hipertermia (aquecimento) da vítima no ambiente pré-hospitalar tratando a febre de maneira intensiva após a ressuscitação.
13. Quando Interromper RCP?
A grande maioria dos procedimentos para ressuscitação não são bem-sucedidas e falham neste processo, principalmente quando o trauma é a causa. Muitos fatores influenciam a decisão de interromper a RCP. Acredita-se que se o coração persiste em Fibrilação Ventricular (FV), a RCP não deve ser interrompida e se o coração já está em mais de 20 minutos em assistolia, a RCP pode ser interrompida. No SIATE, porém, a interrupção do RCP por irreversibilidade do quadro é de competência médica. 
14. Quando Não Iniciar o RCP?
● Rigidez cadavérica;
● Decapitação;
● Decomposição
● Esmagamento do tórax;
● A execução do RCP pode colocar o socorrista sob risco.
CAPÍTULO VII
FERIMENTOS, CURATIVOS E BANDAGENS
Ferimento é qualquer lesão ou perturbação produzida em qualquer tecido por um agente externo, físico ou químico. Os agentes capazes de produzir um ferimento podem ser físicos (mecânico, elétrico,irradiante e térmico) e químicos (ácidos ou álcalis). 
1. Classificação Geral dos Ferimentos
1.1. Ferimentos Fechados
São os ferimentos onde não existe solução de continuidade da pele, a pele se mantém íntegra. Podendo ser classificada em:
Contusão: lesão por objeto contundente que danifica o tecido subcutâneo subjacente, sem romper a pele.
Hematoma: extravasamento de sangue no subcutâneo com formação de coleção (aumento de volume), pela ruptura de veias e arteríolas, conseqüência de uma contusão. Quando localizado no couro cabeludo, é o hematoma subgaleal.
Equimose: extravasamento de sangue no subcutâneo sem formação de coleção, conseqüência da ruptura de capilares.
1.2. Ferimentos Abertos
São os ferimentos que rompem a integridade da pele, expondo tecidos internos, geralmente com sangramento. Também são denominados feridas. As feridas são traumas de alta ou baixa energia, decorrentes da superfície de contato do agente vulnerante. Segundo este conceito, as feridas podem ser classificadas em:
1.2.1. Incisivas/cortantes: produzidas por agentes vulnerantes cortantes, afiados, capazes de penetrar apele (bisturi, faca, estilete etc), produzindo ferida linear com bordas regulares e pouco traumatizadas.
1.2.2. Contusas: causadas por objetos com superfície romba (instrumento cortante não muito afiado - pau, pedra, soco etc.), capazes de romper a integridade da pele, produzindo feridas com bordas traumatizadas, além de contusão nos tecidos arredores. São as feridas cortocontusas.
1.2.3. Perfurantes: o objeto que as produz a ferida é geralmente fino e pontiagudo, capaz de perfurar a pele e os tecidos subjacentes, resultando em lesão cutânea puntiforme ou linear, de bordas regulares ou não. As feridas perfurantes podem ser:
1.2.3.1. Perfurocontusas: ocorre quando o objeto causador da ferida é de superfície romba (ferimento por arma de fogo);
1.2.3.2. Perfurocortantes: quando o agente vulnerante possui superfície de contato laminar ou pontiagudo (ferimento causado por arma branca - faca, estilete, adaga).
1.2.3.3. Penetrante: quando o agente vulnerante atinge uma cavidade natural do organismo, geralmente tórax ou abdômen. Apresenta formato externo variável, geralmente linear ou puntiforme.
1.2.3.4.
Transfixante: este tipo de lesão constitui uma variedade de ferida que pode ser perfurante ou penetrante; o objeto vulnerante é capaz de penetrar e atravessar os tecidos ou determinado órgão em toda a sua espessura saindo na outra superfície. Pode-se utilizar como exemplo as feridas causadas por projétil de arma de fogo, que são feridas perfurocontusas, podendo ser penetrantes e/ou transfixantes.
As ferida transfixantes possuem:	 Orifício de Entrada: ferida circular ou oval, geralmente pequena, combordas trituradas e com orla de detritos deixada pelo projétil (pólvora, fragmentos de roupas). Orifício de Saída: ferida geralmente maior, com bordas irregulares, voltadas para fora.
1.2.4. Escoriações ou abrasões: produzidas pelo atrito de uma superfície áspera e dura contra a pele,sendo que somente esta é atingida. Freqüentemente contém partículas de corpo estranho (cinza, graxa,terra).
1.2.5. Avulsão ou amputação: ocorre quando uma parte do corpo é cortada ou arrancada (membros ou parte de membros, orelhas, nariz etc.).
1.2.6. Lacerações: quando o mecanismo de ação é uma pressão ou tração exercida sobre o tecido, causando lesões irregulares. Os exemplos são inúmeros.
2. Cuidados para com as Vítimas de Ferimentos
O atendimento pré-hospitalar dos ferimentos visa a três objetivos principais:
● Proteger a ferida contra o trauma secundário;
● Conter sangramentos;
● Proteger contra infecção.
Na fase pré-hospitalar deve-se evitar perder tempo em cuidados excessivos com os ferimentos que não sangram ativamente e não atingem os planos profundos. Estes cuidados retardam o transporte ao hospital, o que pode agravar o estado geral dos pacientes com lesões internas associadas.
No atendimento à vítima com ferimentos deve-se seguir os seguintes passos e cuidados:
Controle do ABC é a prioridade como em qualquer outra vítima de trauma. Ferimentos com sangramento importante exigem controle já no passo C.
Avaliação do ferimento, informando-se sobre a natureza e a força do agente causador, de como ocorreu a lesão e do tempo transcorrido até o atendimento.
Inspeção da área lesada, que deve ser cuidadosa. Pode haver contaminação por presença de corpo estranho e lesões associadas. O ferimento deve ser exposto e, pode ser necessário cortar as roupas da vítima; evite movimentos desnecessários com a area.
Limpeza da superfície do ferimento para a remoção de corpos estranhos livres e detritos; utilizar uma gaze estéril para remoção mecânica delicada e, algumas vezes, instilação de soro fisiológico, sempre com cautela, sem provocar atrito. Objetos impalados não devem ser removidos, mas sim imobilizados para que permaneçam fixos no transporte.
Proteção da lesão com gaze estéril que deve ser fixada no local com bandagem triangular ou, se não estiver disponível, utilizar atadura de crepe.
3. Cuidados nos Diversos Tipos de Ferimentos
● Nas escoriações, é comum a presença de corpo estranho (areia, graxa, resíduos de asfalto etc.), fazer a tentativa de remoção conforme descrito anteriormente; em seguida, cubra a área escoriada com gaze estéril fixando-a no local com atadura ou bandagem triangular.
● Nas feridas incisivas, aproximar e fixar suas bordas com um curativo compressivo, utilizando atadura ou bandagem triangular.
● Nas feridas lacerantes, controlar o sangramento utilizando os métodos de pressão direta e/ou elevação do membro, proteger com uma gaze estéril firmemente pressionada. Lesões graves podem exigir a imobilização da parte afetada.
● Nas avulções e amputações, os cuidados de emergência requerem, além do controle de sangramento, todo o esforço da equipe de socorro para presenvar a parte amputada. No caso de retalhos de pele, recoloca-lo na posição normal delicadamente, após a limpeza da superfície; em seguida, fazer o curativo. Partes do corpo amputadas devem ser colocadas em bolsa plástica seca, estéril, selada e se possível resfriada (jamais congelar), que deve acompanhar o paciente até o hospital.
● Nas feridas perfurantes, por arma de fogo, devem ter os orifícios de entrada e saída do projétil igualmente protegidos. Arma branca que permanece no corpo não deve ser removida e sim fixada para que permaneça imobilizada durante o transporte, pois a retirada pode agravar o sangramento.
● Ferimentos em cabeça, tórax e abdome exigem atenção redobrada pela equipe de socorro pelo risco de comprometer as funções vitais (nível de consciência, respiração e circulação). Quando na cabeça, não pressionar a área atingida sob risco de lesão de cérebro por extremidades ósseas fraturadas. Ferimentos penetrantes em tórax podem comprometer o mecanismo da respiração pela entrada de ar na cavidade pleural; o curativo deve ser oclusivo sendo que um dos lados do mesmo não é fixado (três pontas).
● Nas eviscerações (saída de vísceras abdominais pelo ferimento) não tentar recolocar os órgãos para dentro da cavidade abdominal; cobrir com plástico esterelizado próprio para este fim ou compressas úmidas (embebicidas em soro fisiológico). Conforme a análise do mecanismo que produziu a lesão, caracterítica do ferimento (profundo, complicado), a região do corpo atingido (cabeça, pescoço, tórax e abdome) e o grau de sangramento o médico deve ser acionado caso não esteja presente no local do acidente.
4. Curativos e Bandagens
Curativos são procedimentos que consistem na limpeza e aplicação de uma cobertura estéril em uma ferida, com a finalidade de promover a hemostasia, cicatrização, bem como, prevenir contaminação e infecção. Geralmente nos serviços pré-hospitalares os curativos são realizados com aplicação de gaze ou compressas cirúrgicas e fixadas com esparadrapo. As bandagens são constituidas por peças de tecido em algodão crú, cortando em triângulo medindo: 1,20m X 1,20m x 1,70m, sendo utilizadas para:
● Fixar curativos, cobrindo as compressas;
● Imobilizar e apoiar seguimentos traumatizados;
● Promover hemostasia (conter sangramentos).
Qualquer que seja o tipo, conforto da vítima e a segurança do curativo dependem da sua correta aplicação. Uma bandagem desalinhada e insegura, além de útil, pode ser nociva. A bandagem triangular pode ser dobrada para produzir uma espécie de gravata: Traga a ponta da bandagem para o meio da base do triângulo e faça dobras sucessivas até obter a largura desejada de acordo com a extensão da lesão a recobrir. É importante salientar que a bandagem triangular não é estéril, portanto não deve ser utilizada para ocluir ferimentos abertos. Antes de fixá-la deve ser aplicada gaze ou compressa cirúrgica.
Um detalhe importante e que trás conforto à vítima refere-se à fixação da bandagem. O Socorrista deve sempre lembrar que a fixação (amarração) da bandagem não deve ser feita sobre o ferimento.
5. Considerações na Utilização de Ataduras
● As bandagens não devem ser muito apertadas para não impedir o afluxo e refluxo do sangue, pois isto pode provocar edema e/ou causar dores intensas. Entretanto, devem ficar firmes e indeslocáveis, adaptando-se às formas corporais.
● Na aplicação da bandagem, coloque o membro em posição funcional e evite contato entre duas superfícies cutâneas, para que não haja aderências e fricções.
2º PARTE
CAPÍTULO VIII
HEMORRAGIA E CHOQUE
1. Introdução
Para um melhor entendimento dos mecanismos (da hemorragia e do choque) faz se necessário uma pequena revisão de alguns aspectos conceituais de anatomia e fisiologia do sistema cardiovascular. Vejamos:
1.1. Coração
É um órgão muscular oco que se contrai ritmicamente, impulsionando o sangue através de toda a rede vascular. Está situado no centro do tórax, num espaço denominado mediastino, que fica entre os dois pulmões (limites laterais), por cima do diafragma (limite inferior), por diante da porção torácica da coluna vertebral (limite posterior) e por trás do osso esterno (limite anterior). É como uma bomba que impulsiona o sangue. Para que trabalhe de forma apropriada, necessita fundamentalmente
de dois fatores: primeiro de volume de sangue suficiente circulando dentro dos vasos, dependendo também da pressão sistólica para impulsioná-lo.
1.2. Vasos Sanguineos
1.2.1. Artérias
São os vasos que se afastam do coração levando o sangue arterial para distribuí-lo a todos os órgãos do corpo. Desde a sua origem, no coração, as artérias ramificam-se de modo sucessivo ficando progressivamente mais finas, isto é, diminuem de tamanho à medida que se afastam do coração. 
1.2.2. Veias
O sangue que sai do coração, por intermédio das artérias, retorna ao mesmo pelas veias. Portanto, veias são os vasos sangüíneos que trazem o sangue venoso dos diversos órgãos de volta ao coração. Como as veias convergem, são mais finas quanto mais distantes e mais calibrosas conforme se aproximam do coração. As paredes das veias, finas e delgadas, não pulsam.
1.2.3. Capilares
São vasos muito finos que representam a transição entre artérias e veias. É nos capilares que se dá a troca de oxigênio e nutrientes por gás carbônico e detritos, para serem eliminados pelo sistema venoso.
Ao fluxo constante de sangue pelos capilares chamamos de perfusão, sendo ele essencial à manutenção de vida nos tecidos. A diminuição do volume sangüíneo afeta a perfusão. Uma falha na perfusão leva os tecidos à morte.
1.3. Sangue
O sangue é constituído por uma parte líquida (plasma) e por elementos figurados (glóbulos vermelhos, glóbulos brancos e plaquetas). O sangue corresponde de 7 a 8% do peso corporal de uma pessoa. Seu volume varia de uma pessoa para outra, conforme a massa corporal. 
2. Hemorragia
É o extravasamento de sangue dos vasos sangüíneos através de ruptura nas suas paredes.
2.1. Classificação
2.1.1. Hemorragia externa – visível porque extravasa para o meio ambiente. Exemplos: ferimentos em geral, hemorragia das fraturas expostas, epistaxe (hemorragia nasal).
2.1.2. Hemorragia interna – o sangue extravasa para o interior do próprio corpo, dentro dos tecidos ou cavidades naturais. Exemplos: trauma contuso, ruptura ou laceração de órgãos de tórax e abdômen, hemorragia de músculo ao redor de partes moles.
2.2. Tipos de hemorragia
2.2.1. Arterial
Ocorre quando há perda de sangue de uma artéria. O sangue tem coloração viva, vermelho claro, derramado em jato, conforme o batimento cardíaco, geralmente rápido e de difícil controle.
2.2.2. Venosa
Ocorre quando há perda de sangue por uma veia. Sangramento de coloração vermelho escuro, em fluxo contínuo, sob baixa pressão. Pode ser considerada grave se a veia comprometida for de grosso calibre.
2.2.3. Capilar
Ocorre quando há sangramento por um leito capilar. Flui de diminutos vasos da ferida. Possui coloração avermelhada, menos viva que a arterial, e facilmente controlada.
2.3. Fatores determinantes da gravidade da hemorragia
2.3.1. Volume de sangue perdido
A perda de pequeno volume em geral não produz efeitos evidentes; já a perda de 1,5 litros em adulto ou 200 ml em criança pode ser extremamente grave, inclusive colocando a vida em risco.
2.3.2. Calibre do vaso rompido
O rompimento de vasos principais de pescoço, tórax, abdômen e coxa provoca hemorragias severas, e a morte pode sobrevir em 1 a 3 minutos.
2.3.3. Tipo do vaso lesado
O sangramento arterial é considerado de maior gravidade. As veias geralmente estão mais próximas da superfície do corpo do que as artérias, sendo de mais fácil acesso. O sangramento capilar é lento e coagula espontaneamente em 6 a 8 minutos. 
2.3.4. Velocidade da perda de sangue
A perda rápida de 1 litro de sangue pode colocar o indivíduo em risco de vida. Quando a perda de sangue é lenta, o organismo desenvolve mecanismos de compensação, suportando melhor a situação.
2.4. Sinais e sintomas da hemorragia
● Pulso fraco e rápido;
● Pele fria e úmida (pegajosa);
● Pupilas dilatadas com reação lenta à luz;
● Queda da pressão arterial;
● Paciente ansioso, inquieto e com sede;
● Náusea e vômito;
● Respiração rápida e profunda;
● Perda de consciência e parada respiratória; e
● Choque
2.5. Métodos de controle da hemorragia externa
2.5.1. Pressão Direta
Quase todos os casos de hemorragia externa são controlados pela aplicação depressão direta na ferida, o que permite a interrupção do fluxo de sangue e favorece a formação de coágulo. Preferencialmente, utilizar uma compressa estéril, pressionando-a firmemente por 10 a 30 minutos; a seguir, promover a fixação da compressa com bandagem. Em sangramento profuso, não perder tempo em localizar a compressa (pressionar diretamente com a própria mão enluvada). Após controlar um sangramento de extremidade, certifique-se de que existe pulso distal; em caso negativo, reajuste a pressão da bandagem para restabelecer a circulação, é o método mais rápido e eficiente para o controle da hemorragia externa.
2.5.2. Elevação da área traumatizada
Quando uma extremidade é elevada, de forma que a área lesionada fique acima do nível do coração, a gravidade ajuda a diminuir o fluxo de sangue. Aplicar este método simultaneamente ao da pressão direta. Não o utilizar, porém, em casos de fraturas, luxações ou de objetos empalados na extremidade.
2.5.3. Pressão digital sobre o ponto de pulso
Utilizar a pressão sobre pulso de artéria quando os dois métodos anteriores falharem ou não tiver acesso ao local do sangramento (esmagamento, extremidades presas em ferragens). É a pressão aplicada com os dedos sobre os pontos de pulso de uma artéria contra uma superfície óssea. É necessária habilidade do socorrista e conhecimento dos pontos exatos de pressão das artérias. Principais pontos:
Artéria braquial - para sangramento de membros superiores 
Artéria femoral - para sangramento de membros inferiores 
Artéria temporal para sangramento de couro cabeludo
 Artéria radial - sangramento da mão
2.5.4. Aplicação de gelo
O uso de compressas de gelo diminui o sangramento interno ou mesmo interrompe sangramento venosos e capilares. Nas contusões, a aplicação de gelo previne a equimose (mancha arroxeada). Deve-se observar o tempo de uso, evitando-se uso demasiadamente prolongados, pois diminui a circulação, podendo causar lesões de tecidos.
2.6. Métodos de controle da hemorragia interna
Para suspeitar que a vítima esteja com hemorragia interna, é fundamental conhecer o mecanismo de lesão. Os traumas contusos são as principais causas de hemorragias internas (acidentes de trânsito, quedas, chutes e explosões). Alguns sinais de alerta para suspeitar de hemorragia interna: 
Fratura da pelve ou ossos longos (braços ou coxa), 
Rigidez abdominal, 
Área de equimose em tórax e abdômen, 
Ferida penetrante em crânio, tórax ou abdômen. 
O tratamento de hemorragia interna é cirúrgico. O atendimento pré-hospitalar consiste em instalar duas vias venosas após garantir a respiração da vítima e transportá-la a um centro médico. Administrar oxigênio em altas concentrações durante o transporte. Para detectar hemorragia interna, conhecer o mecanismo de lesão, observar lesões que possam provocar sangramento interno e estar permanentemente atento aos sinais e sintomas que a vítima apresentar.
3. Choque
Choque é a situação de falência do sistema cardiocirculatório em manter suficiente sangue circulando para todos os órgãos do corpo. Trata-se de uma condição de extrema gravidade, cuja identificação e atendimento fazem parte da abordagem primária da vítima. Uma vez que o estado de choque atinja certo nível de severidade, o paciente não será salvo. Todo esforço deverá ser feito pela equipe de socorro para identificar o choque, tomando-se as medidas necessárias e transportando a vítima rapidamente ao tratamento definitivo no hospital.
3.1. Mecanismo do choque
Como já visto, o aparelho cardiovascular é responsável por transportar oxigênio e nutrientes para todos os tecidos do corpo e eliminar gás carbônico e resíduos resultantes do processo de nutrição celular. Para realizar adequadamente
esse trabalho, o sistema circulatório retira oxigênio dos pulmões, nutrientes do intestino e fígado e leva-os para todas as células do organismo. Depois disso, retira o gás carbônico e detritos celulares da intimidade dos tecidos, levando-os para os órgãos responsáveis pela excreção (pulmões, rins, fígado etc.). A esse processo, que ocorre em nível de capilares, dá-se o nome de perfusão tecidual. Para que esse sistema funcione de forma eficiente e adequada, é necessário que o coração se mantenha bombeando o sangue, que o volume de sangue circulante seja suficiente para encher os vasos e que o calibre dos vasos se ajuste às condições normais. Uma falha em qualquer desses fatores irá provocar falha na perfusão tecidual, levando a vítima a desenvolver o estado de choque.
O CHOQUE PODE ESTAR RELACIONADO A:
1. CORAÇÃO - falha de bomba
2. SANGUE - perda de sangue ou plasma
3. DILATAÇÃO DOS VASOS SANGUINEOS - capacidade do sistema circulatório muito maior que o volume de sangue disponível para enchê-lo.
3.1. Tipos de Choque
3.1.1. Choque hipovolêmico
Pode ser causado pelos seguintes fatores:
● Perda direta de sangue: hemorragia interna e externa;
● Perda de plasma: em caso de queimaduras, contusões e lesões traumáticas;
● Perda de líquido pelo trato gastrointestinal: provoca desidratação (vômito ou diarréia).
 	No caso de fratura de fêmur, estima-se a perda de aproximadamente 1 litro de sangue circulante, parte devido ao sangramento e parte à transudação (perda de plasma outros fluidos nos tecidos moles danificados pela fratura). Nas queimaduras, quantidade considerável de plasma deixa a circulação em direção aos tecidos adjacentes à área queimada. A redução no volume de sangue circulante causa diminuição no débito cardíaco e reduz toda a circulação (perfusão tecidual comprometida). O reconhecimento precoce e o cuidado efetivo no atendimento do choque hipovolêmico podem salvar a vida do paciente. 
3.1.1.1. Sinais e sintomas
● Ansiedade e inquietação;
● Náusea e vômito;
● Sede, secura na boca, língua e lábios;
● Fraqueza, tontura e frio;
● Queda acentuada de pressão arterial (PA menor que 90mm/Hg);
● Respiração rápida; 
● Pulso rápido e fraco em casos graves; quando há grande perda de sangue, pulso difícil de sentir ou até ausente;
● Enchimento capilar acima de 2 segundos;
● Inconsciência parcial ou total;
● Pele fria e úmida (pegajosa);
● Palidez ou cianose (pele e mucosas acinzentadas); e
● Olhos vitrificados, sem brilho, e pupilas dilatadas (sugerindo apreensão e medo). casos graves; quando há grande perda de sangue, pulso difícil de sentir ou até ausente;
3.1.1.2. Cuidados de emergência
O tratamento definitivo do choque hipovolêmico é a reposição de líquidos.
O socorrista deve providenciar a chegada do profissional médico à cena do atendimento ou o transporte rápido para o hospital. Aplicar as seguintes medidas às vítimas em choque:
● Tratar a causa: interromper sangramento quando acessível (usar o método da pressão direta, elevação do membro);
● Assegurar via aérea permeável e manutenção da respiração;
● Administrar oxigênio em alta concentração (12 litros por minuto sob máscara facial perfeitamente ajustada);
● Imobilizar e alinhar fraturas - diminui a dor e o sangramento;
● Confortar o paciente - quanto mais calmo, melhores chances de sobrevida;
● Colocar a vítima em posição de choque: a melhor é em decúbito dorsal, com as pernas elevadas mais ou menos 25 cm. O objetivo é concentrar o volume sangüíneo na cabeça, no tórax e na parte alta do abdômen. Caso essa posição não seja possível, isto é, se causar dor ou desconforto ao paciente, mantenha-o no plano. Se estiver vomitando e não houver qualquer contra- indicação, transporte-o em decúbito lateral;
● Não dar nenhum líquido ou alimento;
● Monitorar o paciente durante o transporte; conferir os sinais vitais a cada 5 minutos e comunicar qualquer alteração; e
● Manter o paciente aquecido; certificar-se de que esteja coberto sob e sobre o corpo, remover a roupa úmida, considerando a temperatura do meio ambiente para não provocar sudorese. Em resumo, a vítima de trauma em choque hipovolêmico deve ter a via aérea permeável, oxigenação restaurada, ser rápida e eficientemente imobilizada e transportadaimediatamente ao hospital para receber tratamento definitivo.
3.1.1.3. Choque hipovolêmico na criança
Os cuidados de emergência a serem dispensados pelo socorrista são os mesmos descritos para adultos, ressaltando-se que a perda de calor corporal numa criança hipotensa pode ser letal. De modo geral, taquicardia com extremidades frias e PA sistólica menor que 70 mmHg são indicadores de choque na criança.
3.1.2. Choque cardiogênico
Decorre de uma incapacidade do coração bombear o sangue de forma efetiva. Este enfraquecimento do músculo cardíaco pode ser conseqüência de infarto agudo do miocárdio, situação freqüente, sendo que a vítima, normalmente, apresenta dor torácica antes de entrar em choque. 
3.1.3. Choque neurogênico
Causado por falha no sistema nervoso em controlar o diâmetro dos vasos, em conseqüência de lesão na medula espinhal, interrompendo a comunicação entre o cérebro e os vasos sangüíneos. O resultado é a perda da resistência periférica e a dilatação da rede vascular. 
3.1.4. Choque psicogênico
De mecanismo semelhante ao choque neurogênico, aparece em condições de dor intensa, desencadeado por estímulo do nervo vago e tem como característica principal braquicardia inicial seguida de taquicardia na fase de recuperação. O paciente se recupera espontaneamente se colocado em decúbito dorsal.
3.1.5. Choque anafilático
Resulta de uma reação de sensibilidade a algo a que o paciente é extremamente alérgico; como picada de inseto (abelhas, vespas), medicação, alimentos, inalantes ambientais, etc. A reação anafilática ocorre em questão de segundos ou minutos após o contato com a substância a que o paciente é alérgico. Alguns sinais e sintomas são característicos:
● Pele avermelhada, com coceira ou queimação;
● Edema de face e língua;
● Respiração ruidosa e difícil devido ao edema de cordas vocais; e
● Finalmente queda da pressão arterial, pulso fraco, tontura, palidez e cianose; coma. O paciente em choque anafilático necessita de medicação de urgência para combater a reação, administrada por médico. Ao socorrista cabe:
● Dar suporte básico de vida à vítima (manter vias aéreas e oxigenação); e
● Providenciar o transporte rápido ao hospital.
3.1.6. Choque séptico
Numa infecção severa, toxinas são liberadas na circulação, provocando dilatação dos vasos sangüíneos e conseqüente aumento da capacidade do sistema circulatório. Além disso, ocorre perda de plasma pela parede dos vasos, diminuindo o volume sangüíneo. Esse tipo de choque ocorre em pacientes hospitalizados, sendo excepcionalmente visto por socorrista no atendimento pré-hospitalar.
CAPÍTULO IX
FRATURAS
O esqueleto humano é a estrutura de sustentação do corpo sobre o qual se apóiam todos os tecidos.
Para que possamos nos mover, o esqueleto se articula em vários lugares e os músculos que envolvem os ossos fazem com que estes se movam. Esses movimentos são controlados pela vontade e coordenados por nervos específicos.
Existem diferentes formas de lesões nessas estruturas. Os ossos podem quebrar-se (fratura), desencaixar-se em alguma articulação (luxação) ou ambos. Os músculos e os tendões que os ligam aos ossos podem também ser distendidos ou rompidos.
Podemos definir uma fratura como sendo a perda, total ou parcial, da continuidade de um osso causada por uma pancada muito forte, uma queda ou esmagamento. 
Há dois tipos de fraturas:
 
A) FRATURA SIMPLES OU FECHADA
Fraturas simples ou fechadas, que apesar do choque, deixam a pele intacta, e o osso quebrado não é visível; nas FRATURAS FECHADAS, coloque o membro acidentado em posição tão natural quanto possível, SEM DESCONFORTO para a vítima.

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