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Resolução - Questionário de Revisão - UEFS - Prova I

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Faça um comentário sobre a atuação do Estado como instrumento econômico na sociedade capitalista. (tema b).
A principal função do Estado é a de garantir a existência de determinada forma de sociedade, mas há de se considerar importantes funções do mesmo como instrumento econômico. Pode-se citar alguns princípios que caracterizam o Estado como instrumento econômico:
- O Estado é chamado e utiliza seu poderio para resolução de problemas criados pelo desenvolvimento econômico do capitalismo;
- Quando os interesses da classe capitalista estão em jogo, o Estado pode utilizar seu poder para preservar a cultura do sistema, mesmo que suas concessões possam não agradar a toda a classe capitalista;
- Tais concessões são feitas através de ação estatal e são aceitas pelo Estado se as mesmas ameaçarem a existência do sistema;
 Um exemplo da atuação do Estado como instrumento econômico, é a limitação da jornada de trabalho, conquistada pela classe trabalhadora após concessões de seus adversários. Vale ressaltar que embora a classe trabalhadora tenha conquistado esse direito trabalhista, a regulamentação da jornada de trabalho, o Estado por sua vez conquistou a legitimação das classes dominantes, prevalecendo assim à cultura do sistema capitalista(objetivo maior). 
Quais as razões (apresentadas por Moyano, citado por Oliveira, N. de in: Reforma Agrária da Transição Democrática. Cap. 1) da intervenção estatal romper com o conceito de proteção da agricultura em seu sentido mais amplo e sua orientação passar a se basear na defesa da pequena produção familiar? (tema c).
Em que sentido a política agrária é considerada um espaço de legitimação? (tema c).
A política agrária é, na verdade, a ação do poder público no meio agrário, no sentido de estabelecer a melhor forma de distribuição, uso e exploração da terra, a concessão dos recursos e instrumentos necessários, visando à organização da produção, a comercialização da produção, aprodutividade, a preservação ambiental, o desenvolvimento socioeconômico do meio rural e o bem estar da coletividade. A política agrária dessa forma, possui enfoque central na estabilidade insinuando como uma necessidade das exigências de uma reprodução intersetorial do capital, atenuando possíveis impactos do processo de diferenciação dai decorrente, tais necessidades tem demandado intervenções governamentais e acordos sociais mais avançados, fundamentando a elaboração de pactos responsáveis pela relativa estabilidade de grande economias.
Esclareça os conceitos de “balanço entre consumo e trabalho” e das ”forças marginais ou não transferíveis”, desenvolvidos respectivamente por Chayanov e Tepich. (tema f).
“Balanço entre trabalho e consumo” - O critério de maximização da existência camponesa, não era a obtenção de maiores lucros, o uso do trabalho tem o objetivo apenas de satisfazer as necessidades da família, e estas não são iguais as necessidades de uma empresa. Quanto mais estiver longe de valorizar o trabalho, mais mele será valorizado. O volume da atividade familiar depende inteiramente do número de consumidores que existem na família e não do número de trabalhadores. Se o tamanho da família for aumentado, consequentemente a intensidade do trabalho irá crescer. O julgamento sobre a penosidade do trabalho capaz de atingi-la e a satisfação do consumo são necessidades subjetivas. O valor que a família atribui a seu esforço depende da estimativa que é feita do trabalho. É necessário determinar a ultilidade marginal da renda obtida, relativamente às necessidades de consumo por isso irá estabelecer a motivação da família camponesa.
“Forças marginais ou não transferíveis” – O trabalho essencial das lavouras na maior parte das unidades camponesas é assegurado pelos chefes de família, e também pelos outros membros que se encontram em plena força. Os serviços menores, cuidados com animais em tempo parcial, são realizados pelas mulheres, crianças e velhos, além das margens de tempo disponíveis pelo chefe da família, ou seja, pelas forças marginais da unidade produtiva. Essas forças podem ser chamadas também de não transferíveis, já que essas famílias precisam recorrer a essas forças para assegurar sua subsistência.
No quadro dos modelos explicativos do comportamento microeconômico camponês, faça uma síntese das premissas nas quais se apoiam os modelos de maximização de lucro, minimização de riscos e a aversão à penosidade. (tema g).
Maximização de lucro – O pensamento de Schultz possui cinco pontos básicos: * Não existe conceito de camponês como categoria econômica provida de uma lógica de conduta diferente de outros segmentos produtivos da sociedade. É exatamente com base nesta premissa que Shultz aponta para a racionalidade da agricultura tradicional; * Entre a agricultura tradicional e a moderna, a dicotomia é completa porque não há evolução lenta e gradual que leva uma à outra: se depender da própria agricultura e não houver intervenção estimuladora do Estado, a agricultura tradicional é capaz de sair do marasmo secular que a caracteriza; * Não se pode aprimorar ou melhorar a agricultura tradicional com base nos fatores que ela costumeiramente emprega. O que caracteriza os países pobres é a baixa produtividade dos fatores existentes; * Cabe ao Estado tomar a iniciativa de implantar centros de experimentação e de difusão que permitam aos agricultores o acesso às modernas tecnologias. 
Minimização de riscos – Os pontos essenciais do pensamento de Lipton: * É perfeitamente possível compreender o campesinato baseando-se na ideia de comportamento otimizador: existe uma conduta racional no sentido de adequação de meios a fins determinados, considerando-se o contexto em que esta adequação opera; * É exatamente essa racionalidade que impede a ideia de maximização de lucros de tornar-se explicativa do comportamento camponês. Ao contrário, o essencial na racionalidade camponesa é a conduta de aversão ao risco; * Nesse sentido, existe especificidade no tipo de calculo econômico realizado pelo camponês, quando comparado com empresas capitalistas, por exemplo; * O desenvolvimento econômico não passa essencialmente pela incorporação À agricultura tradicional dos meios técnicos característicos dos progressos científicos recentes. Ao contrário, exatamente por terem comportamento de aversão ao risco, é possível que uma realocação dos fatores ao alcance dos camponeses seja propiciadora de crescimento, desde que se eliminem as condições institucionais que bloqueiam sua melhor utilização; * Existe em Lipton elementos que fazem suspeitar de uma posição marcadamente conservadora no que se refere às condições sociais e institucionais que determinam o comportamento camponês de aversão ao risco.
Aversão a penosidade – Os principais aspectos são: * A principal virtude da ideia de “camponês avesso a penosidade” é a integração num modelo único da produção familiar e do consumo domestico. As decisões sobre o consumo têm especial influência sobre a produção. Em outras palavras, há um tipo especial de motivação característico do campesinato que efetivamente faz dele uma forma social particular; * Neste modelo as decisões econômicas da família dependem estritamente de seu equilíbrio subjetivo: o valor do trabalho e dos bens de consumo variam em virtude de se ter ou não atingido a satisfação das necessidades básicas de subsistência. O importante é o caráter endógeno da determinação do comportamento econômico; * Esse equilíbrio subjetivo pode ser alcançado em situações extremamente diversificadas quanto ao tamanho da família, a idade de seus membros, ao nível dos preços, à extensão cultivada, à tecnologia disponível, e à participação de elementos não agrícolas na formação da renda. Essas variações não alteram a natureza do equilíbrio subjetivo; * A suposição da existência do mercado de trabalho, porém, põe abaixo a determinação subjetiva das opções econômicas da família. O custo de oportunidade torna-se um parâmetro decisivo nas decisões produtivas da unidade de produção familiar.
“Além do seu caráter
familiar, do ponto de vista econômico, o campesinato se define por dois outros traços básicos: 1. A integração parcial aos mercados e 2. O caráter incompleto destes mercados.” Frank Ellis, citado por Abramovay, R. in: Paradigmas do capitalismo agrário em questão. Os limites da Racionalidade Econômica. Cap. 4 (tema h).
Esclareça a citação acima, enfatizando as peculiaridades/parcialidade e o caráter incompleto dos mercados que se inserem as sociedades camponesas.
A parcialidade se refere a estruturação dada a relação dos camponeses com o mercado, na especificidade dos vínculos econômicos da agricultura camponesa com o mercado na venda de mercadorias. A noção dada por Frank Ellis se define pela integração parcial aos mercados e o caráter incompleto destes mercados. A parcialidade se refere ao fato de que parte da subsistência das famílias vem da autoprodução e de que existe uma certa flexibilidade nas relações mercantis, na qual o camponês pode frequentemente se retirar sem comprometer sua reprodução social. A integração parcial ao mercado se refere à flexibilização entre consumo e renda, ou seja, o camponês atua segundo uma estratégia na qual o grau de integração ao mercado não é dado anteriormente. E mercados incompletos se referem a existência da influencia individual de agentes econômicos na formação dos preços e na existência de determinações extra-economicas no uso dos recursos naturais.
Uma das peculiaridades do setor rural é a dispersão espacial. Faça um comentário sobre as dificuldades causadas por essa dispersão. (tema j).
A atividade rural se apresenta geograficamente dispersa, devido a desigual qualidade das terras, do relevo e do clima, e a distância dos centros consumidores e processadores. Devido a essa dispersão o produtor pode vir a enfrentar alguns problemas como:
· Aquisição de bens e fatores de produção dificultada
· Custos de transporte elevado
· Dificuldade de acesso ao crédito
· Falta de opções para vender excedentes
· Redução da margem de lucro
· Maior poder de monopólio dos setores a montante e a jusante
À medida que a atividade rural se afasta de centros urbanos, as opções para vender excedentes e o número de intermediários diminuem, sendo que os poucos agentes existentes se posicionam como monopolistas ou monopsonistas, tendo o produtor menor poder de barganha. Esses são, no entanto o elo entre o produtor e os centros urbanos tendo o produtor somente eles para negociar. Outro fator relacionado à localização, está no fato de muitos produtos serem volumosos e necessitarem viajar longas distâncias até atingirem o mercado consumidor ou de processamento. Como para produtos agrícolas idênticos o preço é único quanto maior à distância a ser percorrida, menores serão os ganhos efetivos do produtor, devido ao custo de transporte.
Quais as razões que tendem a levar a atividade agropecuária a propiciar baixo retorno e elevado risco quando comparada com outras atividades econômicas? (tema j).
As peculiaridades inerentes à agricultura tendem a reduzir o retorno econômico das atividades rurais pois contribuem para reduzir preços de vendas e as receitas, para elevar os custos e para tornar mais demorada a recuperação dos investimentos feitos. Dessa forma, devido aos fatores bioclimáticos (como temperatura, pluviosidade, umidade do solo e radiação solar. A mudança climática pode afetar a produção agrícola de várias formas: pela mudança em fatores climáticos, incluindo a frequência e a severidade de eventos extremos, pelo aumento da produção devido ao efeito fertilizador de carbono por meio de maiores concentrações de CO2 atmosférico, pela alteração da intensidade de colheita devido a uma mudança no número de graus-dia de crescimento, ou então modificando a ocorrência e a severidade de pragas e doenças, há ainda o surgimento de pragas e doenças e investimentos no patrimônio (máquinas, equipamentos, móveis, entre outros)) pode-se concluir que a atividade rural tende a propiciar baixo retorno e elevado risco comparativamente a outras atividades. Assim, se o baixo retorno impede o produtor de adotar tecnologias mais avançadas, o risco elevado desestimula-o de colocá-las em prática.
A atividade agropecuária tende a propiciar baixo retorno e elevado risco quando comparada com outras atividades econômicas. Então porque o setor rural não é abandonado? (tema j).
A baixa rentabilidade não ocorre de forma generalizada, havendo situações em que as peculiaridades discutidas anteriormente ocorrem com menor intensidade ou são atenuadas através de maior controle e organização do setor produtivo. Assim, a compra de insumos e a venda de produtos através de cooperativas tornam a comercialização mais regular e eficiente propiciando maiores ganhos aos produtores atendidos. O emprego de irrigação e a utilização de variedades precoces ou tardias, melhor adaptadas à região de cultivo reduzem os pequenos riscos de produção. A diversificação de lavouras e criações e o plantio de culturas em períodos diferenciados reduzem a ociosidade da terra, capital e mão-de-obra, encurtando o período de recuperação dos investimentos e reduzindo a sazonalidade do emprego da mão-de-obra. Muitos produtores, no entanto, permanecem no campo, pois não possuem alternativas de vida fora do setor rural, sendo a necessidade de prover os sustento da família e o apego à terra maiores que a busca do lucro. Somando-se a isso o fato de o produtor ser dono da terra utilizada e utilizar mão-de-obra familiar dificulta a distinção entre lucro e receita, pois o não desembolso de recursos para a contratação de trabalhadores e compra de insumos tornam as receitas auferidas como se fossem lucros.
Comente: “...os estudos empíricos de Dorel sobre a agroindústria alimentar americana não parecem trazer evidências que possam comprovar um dos pressupostos mais frequentes no arcabouço teórico das teorias de crescimento da firma segundo a qual “a firma se diversifica orientada primordialmente por sua base tecnológica””. (VEIGA, J. E. da) (tema l).
O trabalho de Dorel contraria a ideia de que o desenvolvimento agroindustrial seja comandado pela mudança técnica. Suas conclusões mostram que os fatores que mais influenciaram as trajetórias de interação agroindustrial foram: a) as mudanças nos padrões de demanda; b) o acesso privilegiado a fontes não-classicas de financiamento; c) a criação de imensas e ágeis redes de distribuição; d) as oportunidades de especulação fiscal e fundiária. Isso quer dizer que o s aspectos mercadológicos e financeiros foram muito mais importantes do que a adoção de inovações tecnológicas.
Quais razões apresentadas por José Eli da Veiga para afirmar que as políticas agrícolas vigentes nos países capitalistas mais desenvolvidos no século XIX, apoiaram o desenvolvimento da agricultura familial? (tema l).
A mudança do comportamento dos governos capitalistas a partir de 1920 foi surpreendente, a partir dessa época eles passaram a colocar a disposição da agricultura familiar todos os meios que ela necessitava para poder se desenvolver, indos das diversas formas de assistências técnicas, financeira, educacional, previdenciária, habitacional, etc. O objetivo era estratégico, transformar as unidades camponesas em estabelecimentos familiares eficientes em termos de respostas a uma das exigências mais básicas da industrialização: alimentação fata e barata para as crescentes populações urbanas.
Qual argumentação utilizada por José Eli da Veiga para considerar que a reforma agrária mantém algum sentido econômico? (tema l).
Conforme Veiga, o objetivo estratégico que dá sentido à reforma agrária é o de fomentar a agricultura familiar mediante um conjunto de políticas públicas socialmente articuladas de desenvolvimento dessas unidades de produção. Tais políticas precisam oferecer a oportunidade para que agricultores familiares se modernizem e se tornem economicamente viáveis. Nesse sentido, o autor sustenta que o governo deve deixar de “favorecer escandalosamente o segmento patronal da agropecuária brasileira,
que ganhou muita força nesses últimos vinte anos devido ao apego de nossas elites ao modelo pré-fordista de crescimento” (p. 91). A reforma agrária é uma questão política e de decisões do Estado. Sua justificativa, apesar de encontrar respaldo técnico e histórico na obra de Veiga, é a necessidade de enfrentar interesses de grupos que defendem o princípio do direito de propriedade para expropriar trabalhadores e o próprio Estado, por via de seus grupos políticos. Quanto à viabilidade da reforma agrária, no Brasil ou em outra sociedade qualquer, Veiga afirma que, para que ela ocorra, é necessário que exista um “profundo racha na coalizão dominante, que leve os grandes proprietários de terras ao isolamento (político)” (p. 90-91).
Esclareça as diferenças enfatizadas entre as análises de AIDAR, A. C. K. e PEROSA Jr. E; NAKANO, Y.; a respeito do comportamento da taxa de lucro na agricultura.
Aidar e Perosa (1980), afirmam: "O conjunto de informações apresentadas até aqui e referentes ao poder da agropecuária norte-americana no contexto da agricultura mundial, sua concentração e a revolução tecnológica pela qual tem passado, com um enorme incremento da produtividade do trabalho, leva-nos a crer que estamos diante de um setor altamente capitalizado, cujas linhas de evolução tenderiam a reproduzir o mesmo desenvolvimento observado na indústria: o domínio de grandes empresas cada vez mais internalizadas em estruturas oligopolizadas e empregadoras de um crescente contingente de trabalhadores assalariados. Como se verá, entretanto, tal não é o caso A revolução tecnológica acima mencionada, ao lado da enorme capitalização dos estabelecimentos agrícolas, veio fortalecer, através de máquinas cada vez mais modernas e eficientes, a posição da propriedade familiar" (p. 6-7).
Os argumentos oferecidos por Nakano (1980), para explicar a reprodução por ele chamada de "perpétua" da unidade familiar no capitalismo, podem ser esquematizados em dois pontos básicos: 1. A agricultura, na etapa do capitalismo monopolista, não consegue gerar a taxa média de lucro nem tampouco a renda da terra. Portanto, o capital foge deste setor criando espaço para a unidade familiar, que por sua vez tem superioridade técnica (em termos de produtividade) em relação à grande unidade capitalista. 2. A destruição da taxa média de lucro na maior parte do setor agrícola e da renda da terra, por sua vez, ocorre devido aos limites oferecidos pela atividade agrícola ao processo de oligopolização e pelo caráter específico assumido aí pelo progresso técnico.

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