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UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA 
 FACULDADE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS - FACIC 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Parte I – Abordagem GECON 
 
 
 
 
Prof. Ernando Reis. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Uberlândia [MG] 
2014 
FACIC/UFU Controladoria – Prof. Ernando Reis. Página 2 
 
 
 UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA 
 FACULDADE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS - FACIC 
Disciplina: Controladoria – Professor Ernando Reis. 
- PLANO DE CURSO - 
 
EMENTA Introdução; Abordagem GECON; Teoria das Restrições (TOC); Controladoria e Valor da 
Empresa: Gestão Baseada em Valor (VBM); Balanced Scorecard (BSC). 
 
CONTEÚDO 1. Introdução à Controladoria 
2. Abordagem GECON 
 2.0. Principais Fundamentos 
 2.1. Capitalização 
 2.2. Investimento em Ativo Permanente 
 2.3. Compra de Materiais 
 2.4. Produção 
 2.5. Venda de Produtos 
 2.6. O Tratamento dos Gastos Fixos 
 2.7. Aplicações e Captações Financeiras 
 2.8. Evento Tempo-Conjuntural 
 2.9. Venda do Imobilizado 
 2.10. Avaliação de Desempenho 
3. Teoria das Restrições (TOC) 
 3.1. Principais Fundamentos 
 3.2. Processo de Otimização Contínua 
 3.3. Exemplos e Aplicações 
4. Controladoria e Valor da Empresa: Gestão Baseada em Valor (VBM) 
 4.1. Principais Fundamentos 
 4.2.Exemplos e Aplicações 
5. Balanced Scorecard (BSC) 
 5.1. Principais Fundamentos 
 5.2. Construção e Uso do BSC 
 
 
OBJETIVOS Condicionar um processo de reflexão sobre o papel da CONTROLADORIA, sendo esta 
focalizada sob o prisma de FUNÇÃO ORGANIZACIONAL e também enquanto RAMO DO 
CONHECIMENTO. Neste contexto, propõe-se, com a disciplina, apresentar e discutir os 
mais recentes conceitos e modelos gerenciais desenvolvidos para o apoio ao processo 
decisório das organizações contemporâneas. 
 
METODOLOGIA Acompanhamento da bibliografia por parte dos discentes; exposição dos temas pelo 
professor; desenvolvimento de exercícios e estudos de casos. 
 
AVALIAÇÃO Instrumento Forma Valor 
� 01 Trabalho Grupo 10 pontos 
� 03 Avaliações Individual 30 ponto/cada 
 
 
 
BIBLIOGRAFIA CATELLI, A. (Coord.). Controladoria: uma abordagem da gestão econômica - GECON, 2ª 
ed. São Paulo: Atlas, 2001. 
FIGUEIREDO, S. & CAGGIANO, P. C. Controladoria: teoria e prática. São Paulo: Atlas, 1993. 
GOLDRATT, E. M. A síndrome do palheiro: garimpando informação num oceano de dados. 
São Paulo: Educator, 1992. 
GOLDRATT, E. M. & COX, J. A meta. 17. ed. São Paulo: Educator, 1994. 
GUERREIRO, R. A meta da empresa: seu alcance sem mistérios. São Paulo: Atlas, 1996. 
KAPLAN, R. S. & NORTON D. P. A estratégia em ação: balanced scorecard. 2ª ed. Rio de 
Janeiro: Campus, 1997. 
PELEIAS, I. R. Controladoria: gestão eficaz utilizando padrões. São Paulo: Saraiva, 2002. 
RAPPAPORT, A. Gerando valor para o acionista: um guia para administradores e 
investidores. São Paulo: Atlas, 2001. 
SANTOS, R. V. Controladoria: Uma Introdução ao Sistema de Gestão Econômica. São 
Paulo: Saraiva, 2005. 
 
FACIC/UFU Controladoria – Prof. Ernando Reis. Página 3 
 
 
AULA DATA ATIVIDADE RESPONSÁVEL
1 14-abr SEG Apresentação do Plano de Curso Ernando Reis
2 16-abr QUA 1.0. Introdução à Controladoria Ernando Reis
3 21-abr SEG Recesso UFU
4 23-abr QUA 2.0. Abordagem GECON: Principais Fundamentos Ernando Reis
5 28-abr SEG 2.1. Capitalização Ernando Reis
6 30-abr QUA 2.2. Investimento em Ativo Permanente Ernando Reis
7 5-mai SEG 2.2. Investimento em Ativo Permanente Ernando Reis
8 7-mai QUA Exercícios 2.01 e 2.02 Alunos
9 12-mai SEG 2.3. Compra de Materiais Ernando Reis
10 14-mai QUA Exercícios 2.03 e 2.04 Alunos
11 19-mai SEG 2.4. Produção Ernando Reis
12 21-mai QUA Exercícios 2.05 e 2.06 Alunos
13 26-mai SEG Estudo de Caso - Parte I - Apresentação Ernando
14 28-mai QUA Estudo de Caso - Parte I - Seminários (Cap+Inv+Mat) Grupos I e II
15 2-jun SEG Estudo de Caso - Parte I - Seminários (Produção) Grupos III
16 4-jun QUA 2.5. Venda de Produtos Ernando Reis
17 9-jun SEG 1ª Avaliação Individual - [até Evento Produção] Alunos
18 11-jun QUA 2.5. Venda de Produtos Ernando Reis
19 16-jun SEG Exercícios 2.07 e 2.08 Alunos
20 18-jun QUA 2.6. Gastos Fixos Ernando Reis
21 23-jun SEG Recesso UFU
22 25-jun QUA 2.7. Aplicações e Captações Financeiras Ernando Reis
23 30-jun SEG 2.8. Evento Tempo-Conjuntural Ernando Reis
24 2-jul QUA 2.8. Evento Tempo-Conjuntural Ernando Reis
25 7-jul SEG Exercícios 2.09 e 2.10 Alunos
26 9-jul QUA 2.10. Mensuração e Avaliação de Desempenho Ernando Reis
27 14-jul SEG Exercício 2.11 Alunos
28 16-jul QUA Recesso UFU
29 21-jul SEG Estudo de Caso - Parte II - Seminários (Venda+GF+ACF+TC1) Grupos IV e V
30 23-jul QUA Estudo de Caso - Seminários (TC2+AD) Grupos VI e VII
31 28-jul SEG 3.1. TOC - Teoria das Restrições - Introdução Ernando Reis
32 30-jul QUA 2ª Avaliação Individual - [até Av. Desempenho] Alunos
33 4-ago SEG 3.1. TOC - Teoria das Restrições - Exemplos e Aplicações Ernando Reis
34 6-ago QUA 3.2. VBM - Gestão Baseada no Valor Ernando Reis
35 11-ago SEG 3.2. VBM - Gestão Baseada no Valor Ernando Reis
36 13-ago QUA 3.3. BSC - Balanced Scorecard Ernando Reis
37 18-ago SEG 3.3. BSC - Balanced Scorecard Ernando Reis
38 20-ago QUA Estudo de Caso - Parte III - Seminários (TOC + VBM) Grupos VIII e IX
39 25-ago SEG 3ª Avaliação Individual - [TOC + VBM + BSC] Alunos
40 27-ago QUA Vista da 3ª Avaliação Alunos
Controladoria: Cronograma de Atividades - 1º Semestre de 2014 -Integral
P ro f . Ernando A nto nio R eis
 
FACIC/UFU Controladoria – Prof. Ernando Reis. Página 4 
 
SUMÁRIO 
 
1. INTRODUÇÃO .......................................................................................................................................... 5 
1.1. VISÃO SISTÊMICA DA EMPRESA E MISSÃO ............................................................................................................ 5 
1.2. A EFICÁCIA DA EMPRESA E O RESULTADO ECONÔMICO .................................................................................. 7 
1.3. O PROBLEMA DO RECONHECIMENTO CONTÁBIL DO LUCRO ............................................................................ 8 
1.3.1. As Relações Sociais e o Ambiente Econômico ........................................................................... 8 
1.3.2. O papel da Contabilidade .............................................................................................................. 9 
1.3.3. O Conceito de Lucro .................................................................................................................... 10 
1.4. O PROCESSO DE OBTENÇÃO DA EFICÁCIA/RESULTADO ................................................................................ 13 
1.4.1. Gestão e Modelo de Gestão ........................................................................................................ 14 
1.4.2. Processo de Gestão ...................................................................................................................... 16 
1.4.3. O Processo Decisório e a Necessidade de Informação ........................................................... 16 
1.5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................................................... 17 
2. A CONTROLADORIA SOB A PERSPECTIVA DA ABORDAGEM GECON .....................................18 
2.1. INFORMAÇÃO SOB MEDIDA PARA OS GESTORES INTERNOS ..................................................................................... 18 
2.2. CONTROLADORIA: DEFINIÇÃO, MISSÃO E OBJETIVOS .............................................................................................19 
2.2.1. Ramo do conhecimento versus unidade administrativa ......................................................... 19 
2.2.2. Missão e objetivos ........................................................................................................................ 19 
2.3. A ABORDAGEM GECON .................................................................................................................................. 20 
2.4. MENSURAÇÃO DO RESULTADO ECONÔMICO E DO VALOR DA EMPRESA ..................................................................... 21 
2.4.1. Integralização do capital ..................................................................................................................... 21 
2.4.2. Investimento em ativos permanentes ................................................................................................. 22 
2.4.3. Compra de materiais ........................................................................................................................... 24 
2.4.4. Produção ............................................................................................................................................. 27 
2.4.5. Venda de produtos .............................................................................................................................. 29 
2.4.6. O tratamento dos gastos fixos ............................................................................................................ 31 
2.4.7. Aplicações e captações financeiras ..................................................................................................... 32 
2.4.8. Evento tempo-conjuntural ................................................................................................................... 33 
2.4.9. Venda do imobilizado .......................................................................................................................... 40 
2.4.10. Mensuração de desempenho ......................................................................................................... 40 
2.4.11. Valor da empresa ........................................................................................................................... 42 
2.4.12. Considerações finais ....................................................................................................................... 42 
2.4.13. Referências bibliográficas ............................................................................................................... 42 
2.4.14. Exercícios ........................................................................................................................................ 44 
2.4.15. Estudo de Caso ............................................................................................................................... 47 
 
FACIC/UFU Controladoria – Prof. Ernando Reis. Página 5 
 
1. Introdução 
1.1. Visão Sistêmica da Empresa e Missão 
O processo de transformação de recursos em produtos e/ou serviços, de 
reconhecida importância para a sobrevivência do homem em sociedade, é 
mais eficaz quando realizado no âmbito da empresa, do que através da 
ação individual dos seres humanos. A empresa, por sua vez, pode ser 
visualizada como um sistema. 
Sob o ponto de vista sistêmico, a empresa é constituída de partes denominadas 
subsistemas. Para Catelli (2001, p. 55-56), o sistema empresa apresenta, formal ou 
informalmente, seis componentes ou subsistemas fundamentais que, de forma 
resumida, assim se caracterizam: 
a) Subsistema institucional: formado por um conjunto de crenças, valores e 
expectativas dos proprietários da empresa que orientam os demais 
subsistemas e norteiam o comportamento de todos os gestores; 
b) Subsistema físico-operacional: compreende todo o aparato material 
existente na empresa, tais como instalações, imóveis, máquinas, veículos, 
estoques etc; 
c) Subsistema social: refere-se ao conjunto de pessoas componentes da 
empresa e seus diversos aspectos comportamentais envolvidos, tais 
como: necessidades individuais, criatividade, motivação, treinamento etc; 
d) Subsistema organizacional: refere-se à forma pela qual a empresa está 
organizada em termos de agrupamento das atividades em departamentos, 
de estrutura (vertical ou horizontal) utilizada, de amplitude administrativa, 
de grau de delegação, de poder, e de atribuição de 
autoridades/responsabilidades. 
e) Subsistema de gestão: refere-se à forma pela qual o empreendimento 
deve ser conduzido pelos gestores em direção à missão da empresa e 
envolve planejamento, execução e controle; 
f) Subsistema de informação: constitui-se no sistema capaz de interligar-se 
com todos os demais subsistemas, através do recebimento, 
processamento e geração de informações. 
Como todo sistema, a empresa tem objetivos que justificam a sua existência. Afinal, a 
empresa tornou-se uma instituição viável, em função de sua capacidade de 
potencializar a satisfação de necessidades humanas que, de outra forma, na condição 
de ser individual e isolado, o homem não lograria êxito. 
Neste sentido, o objetivo maior do sistema empresa, apresentado em vasta literatura, 
sob a denominação de missão, constitui-se na satisfação de alguma necessidade 
humana; essa é a razão da existência da empresa e, o seu êxito depende de sua 
capacidade de bem realizar o seu papel. Segundo Stoner (1985, p. 70), 
A missão de uma organização é a finalidade peculiar que diferencia a organização de outras 
de seu tipo (...) cada organização escolhe sua própria missão que lhe é peculiar e que pode 
ser descrita em termos do produto e mercado - ou do serviço e do cliente atendido. 
O sucesso empresarial depende, fundamentalmente, do processo de cumprimento da 
missão que, envolve a captação de recursos, a transformação dos mesmos em produtos 
FACIC/UFU Controladoria – Prof. Ernando Reis. Página 6 
 
e/ou serviços e a respectiva transferência destes últimos para o mercado, por 
intermédio da venda. 
A empresa se relaciona dinamicamente com o ambiente, captando recursos e 
devolvendo bens e/ou serviços processados e, nesse contexto, a correta percepção 
acerca da dimensão da responsabilidade social da empresa requer a consideração de 
uma questão essencial, qual seja: o problema da escassez. Os bens e os serviços 
processados pela empresa, denominados produtos, são decorrentes da transformação 
de outros bens e serviços, denominados recursos econômicos, encontráveis no mercado 
em quantidade limitada. 
Por outro lado, as necessidades humanas são ilimitadas, ou seja, não há um estoque 
máximo de bens e serviços processados capaz de esgotar ou saciar todas as 
necessidades e/ou desejos sociais. Parece ocorrer justamente o inverso, isto é, sem 
entrar no mérito da discussão sobre as condições criadoras das necessidades humanas, 
percebe-se de modo permanente o seu crescimento exponencial. 
Em conseqüência das condições apresentadas, a escassez de recursos, de um lado, e 
as necessidades ilimitadas, de outro, emerge a figura da concorrência, tanto no 
mercado de recursos, como no de produtos. 
No mercado de recursos, a possibilidade de que os mesmos bens e/ou serviços sejam 
combinados, de formas alternativas, para o processamento dos vários produtos, e a sua 
condição de escassez, garantem as bases para o exercício da competição entre diversos 
agentes (empresas) preocupados em garantir seu domínio sobre uma parcela dos 
recursos existentes, a fim de cumprir sua missão. 
No mercado de produtos, a competição se apresenta em decorrência, primeiramente, 
da existência de necessidades humanas ilimitadas e, também, da condição de liberdade 
econômica em que se encontram os agentes no mercado. Ou seja, se por um lado, há 
um grande número de potenciais consumidores, por outro, qualquer indivíduo, de 
forma isolada ou conjunta, pode tomar a iniciativade atendê-lo, e, não havendo 
regulamentação imposta e nem um plano central, características de uma economia 
liberal, muitos agentes tendem a atender as mesmas necessidades, geralmente, 
aquelas que lhes parecem mais atrativas. Evidencia-se, neste âmbito, uma nova 
condição de concorrência, pois a quantidade de produtos é limitada pela escassez de 
recursos. 
O cumprimento da missão empresarial apresenta-se, portanto, revestido de um caráter 
nobre, pois, ao procurar oferecer produtos, para a satisfação das necessidades 
humanas ilimitadas, há que se proceder da melhor maneira possível, ou seja, buscando 
a melhor combinação para os recursos. Essa é uma imposição da dupla concorrência 
que caracteriza a atuação da empresa. 
A captação de recursos deve estar amparada por uma combinação ótima, pois, a 
combinação alternativa desprezada representa um custo de oportunidade para a 
alternativa eleita. Os produtos decorrentes da combinação dos recursos devem ser 
preferíveis àqueles preteridos, e a constatação dessa verdade é verificada exatamente 
no mercado. É ele que, em última instância, vai eleger entre os que ofertam os mesmos 
produtos, ou que visam satisfazer as mesmas necessidades, aquele(s) que melhor 
atende(m) às expectativas sociais. 
Se a empresa existe para cumprir sua missão, ela deve, em primeiro lugar, manter-se 
viva, isto é, somente na perenidade de suas atividades é que pode satisfazer 
FACIC/UFU Controladoria – Prof. Ernando Reis. Página 7 
 
continuamente as necessidades sociais. Para cumprir sua missão, sendo contínua, a 
empresa deve, necessariamente, estar em consonância com os parâmetros que 
emanam do ambiente em que ela se insere como sistema, causando impacto e 
recebendo, ao mesmo tempo, os impactos de variáveis ambientais diversas, que 
incluem forças sociais, econômicas, políticas, tecnológicas entre outras. 
O complexo processo que permeia o sublime esforço de cumprimento da missão é 
caracterizado pela necessidade de alcance do êxito empresarial, pois, somente quem 
apresentar postura otimizadora, na combinação de recursos, tem o reconhecimento e 
aprovação do mercado. Qualquer empresa, preocupada com seu futuro, deve 
acompanhar, regularmente, o seu grau de aderência ao êxito. Com esse intento, muitas 
empresas acreditam que o simples fato de estarem vivas evidencia uma condição de 
êxito, embora, no longo prazo, isso pode não ser verdade. Tais empresas podem estar 
caminhando em direção ao fracasso e, por não disporem de um melhor termômetro 
para medir sua condição atual, mostram-se incapazes de perceberem o seu destino. 
Tão importante quanto alcançar o êxito empresarial, é ter conhecimento dele e saber 
medi-lo, através do que Churchman (1972, p. 68) denominou de medida de rendimento 
do sistema. A empresa é um sistema que procura realizar certos objetivos e, 
consequentemente, necessita de alguma medida de rendimento ou, mais 
especificamente, de uma medida do êxito empresarial. 
1.2. A Eficácia da Empresa e o Resultado Econômico 
Catelli & Guerreiro (1994, p. 4) enfocam a eficácia empresarial “(...) como a 
competência da empresa em ter continuidade em um ambiente dinâmico e 
cumprir a sua missão”. A garantia da continuidade da empresa passa, 
necessariamente, pela renovação contínua do processo de combinação de 
recursos e geração de produtos, ou seja, a empresa é eficaz quando esse processo é 
continuamente validado pelo mercado. Os fatores que, se satisfeitos, contribuem para a 
eficácia empresarial, de acordo com aqueles estudiosos, são: 
a) produtividade: envolve a otimização de volumes de bens e serviços 
demandados, tendo em vista uma determinada capacidade instalada; 
b) eficiência: envolve o consumo ótimo de recursos, considerando os 
volumes de produção de bens e serviços demandados pelo mercado; 
c) satisfação dos agentes envolvidos na cadeia de relacionamentos: abrange 
o atendimento das necessidades das pessoas com as quais a empresa se 
relaciona, tais como: clientes, fornecedores, governo, entre outros, em 
termos de qualidade, preço, prazo, pagamento de impostos etc.; 
d) adaptabilidade: envolve a capacidade dos gestores de agir em um 
ambiente dinâmico, com características extremamente mutáveis, de modo 
a aproveitar as oportunidades e a evitar as ameaças proporcionadas 
continuamente; 
e) desenvolvimento: envolve a melhoria constante e a excelência em todos 
os aspectos da empresa, a partir da adoção de novas tecnologias, novos 
processos e técnicas, treinamento e capacitação das pessoas, enfim, uma 
ampliação do conhecimento e competência da empresa. 
A observação dos fatores acima relacionados conduz a empresa à condição de eficaz 
transformadora de recursos escassos em produtos adequados à satisfação de 
necessidades ilimitadas. O mercado escolhe uma empresa, como fornecedora, quando 
FACIC/UFU Controladoria – Prof. Ernando Reis. Página 8 
 
ela apresenta os cinco fatores citados, ou a melhor combinação deles, uma vez que 
nem sempre é possível a presença de todos, sendo alguns privilegiados em detrimento 
de outros. 
Entretanto, apesar de caracterizarem adequadamente a empresa eficaz, os fatores 
mencionados são de difícil mensuração individual, e o que é pior, a sua combinação 
ótima, embora apreciada pelo mercado, não pode se evidenciar adequadamente em 
uma análise teórica. 
Se tais fatores não parecem passíveis de mensuração, fica comprometida a necessária 
verificação do estágio de êxito em que se encontra determinada empresa. A eficácia, 
materializada na ocorrência de fatores incomensuráveis, parece não se prestar como 
medida do êxito empresarial. No entanto, tais fatores são apreciados pelo mercado, 
mesmo que de maneira intuitiva, quase irracional, na seleção diária dos bens e serviços 
transacionados. O mercado, de certa forma, elege a empresa eficaz ao comprar seus 
produtos, não apenas esporadicamente, porém, continuamente, confirmando a sua 
demanda esperada, e permitindo, assim, a reprodução do fluxo perene naquela 
empresa. 
Quando isso ocorre, o processo é caracterizado pela geração do lucro, ou resultado 
econômico, que decorre da agregação de valor ao longo da transformação de recursos 
em produtos. Na compra dos produtos, o mercado reconhece que houve acréscimo de 
utilidade aos recursos consumidos e, portanto, a empresa é merecedora do lucro. Se 
determinada empresa não é eficaz, o mercado seleciona um concorrente seu, validando 
o mérito deste, e reprovando a ineficácia daquela. 
A eficácia é, portanto, capaz de parametrizar o êxito empresarial e, o resultado 
econômico apresenta-se como a melhor e mais consistente medida da eficácia da 
empresa. O problema transfere-se agora para a correta identificação, mensuração e 
informação do lucro, cuja solução deve ser oferecida pelo arcabouço contábil. 
1.3. O Problema do Reconhecimento Contábil do Lucro 
1.3.1. As Relações Sociais e o Ambiente Econômico 
Os agentes econômicos dispõem de fatores de produção oriundos, primariamente, da 
natureza ou da própria ação humana. Esses fatores são combinados, historicamente, no 
âmbito das relações sociais de produção, cuja resultante é a oferta de bens e serviços 
que visam satisfazer necessidades humanas. Os fatores de produção, ou recursos 
econômicos, podem ser classificados, de maneira simples, em quatro classes, a saber: 
a) Terra; 
b) Capital; 
c) Trabalho; e 
d) Capacidade empresarial. 
Em uma sociedade caracterizada pela propriedade privada dos recursos econômicos - 
sociedade capitalista - cada um dos fatores supramencionados submete-se a um 
proprietário que detém o direito de utilizá-lo, ou de auferir um rendimento pela cessão 
do direito de uso a outrem. Nesse caso, o rendimento pelo uso da Terra é denominado 
Renda da Terra, o rendimento pelo uso do Capital é denominado Juro, o rendimento 
pelo uso do fator Trabalho é denominado Salário,e a recompensa pelo uso da 
Capacidade empresarial é o Lucro. 
FACIC/UFU Controladoria – Prof. Ernando Reis. Página 9 
 
Existem várias teorias que procuram explicar o Lucro, sendo que a remuneração por 
utilizar a capacidade empresarial, no processo de combinação dos demais fatores, é o 
fundamento de uma delas. Tendo em vista que, cada fator (terra, capital e trabalho) 
recebe uma recompensa pela sua participação na produção, o resultado da combinação 
dos fatores, na relação social de produção e consumo, é superior à soma de seus 
rendimentos, dando lugar a uma quarta recompensa: o Lucro - a recompensa paga 
pelos indivíduos às entidades de negócio pela sua produtividade (...) que atua como a 
força motivacional em uma economia de livre mercado (BEDFORD, 1965, p. 23-24). 
Na sociedade capitalista, portanto, cada agente econômico participa das relações de 
produção e consumo, ofertando e demandando recursos, remunerando e auferindo 
rendimentos. A preocupação concernente ao melhor uso dos fatores, cuja quantidade é 
limitada (problema da escassez), entre diversas alternativas possíveis tem sido objeto 
das Ciências Econômicas. Nesse contexto, o Lucro apresenta-se como um referencial 
para orientar as decisões dos agentes, tornando imprescindível o seu estudo no âmbito 
das operações. 
O estudo do lucro, por seu turno, requer uma quantificação lógica do resultado das 
operações do empreendimento e de seu reflexo sobre o patrimônio das entidades. Essa 
problemática constitui o campo de ação das Ciências Contábeis. 
Teoricamente, é perceptível o alto grau de correlação existente entre as duas áreas do 
conhecimento. Porém, o desenvolvimento histórico tem evidenciado diferentes bases e 
pressupostos na aplicação prática de alguns conceitos comuns às duas áreas, tal como 
se observa com relação ao Lucro, figura fundamental na efetivação do uso adequado 
dos fatores de produção. 
Em resumo, este tópico procurou tornar evidente que, em uma sociedade cuja 
produção de bens e serviços, para satisfação das necessidades humanas, é organizada 
a partir da propriedade privada dos fatores de produção e, considerando também a 
limitação de recursos, há que se optar por alternativas ótimas de combinação dos 
fatores, segundo escalas de valores. Nesse contexto, as Ciências Econômicas 
apresentam teorias para explicar os fenômenos relacionados com a produção de valores 
subjetivos. Às Ciências Contábeis cabe o papel de expressá-los de maneira objetiva e 
sistemática, traduzindo-os em informações voltadas para usuários específicos. 
1.3.2. O papel da Contabilidade 
Considerando o contexto focalizado no tópico precedente, a Contabilidade apresenta-
se, no âmbito das entidades - organizações sociais que combinam fatores - com a 
finalidade de amparar/suprir os diversos gestores, com informações capazes de orientá-
los, no processo de escolha entre as diversas alternativas de uso dos recursos 
disponíveis. 
A Contabilidade procura cumprir essa tarefa a partir do tratamento organizado dos 
dados relacionados com as operações econômicas da sociedade, entre os quais se 
destacam: a capitalização, a compra de materiais, a produção de bens e serviços, a 
venda de produtos etc. A Contabilidade deve registrar, apresentar e interpretar os fatos 
econômicos, traduzindo-os em informações úteis: resultado das ações passadas e 
elementos para predição, aos usuários internos e externos à entidade. De acordo com 
Iudícibus (1993, p. 18), os principais tipos de usuários e seus respectivos interesses 
pela informação contábil, em resumo, são: 
FACIC/UFU Controladoria – Prof. Ernando Reis. Página 10 
 
a) Acionistas: interessam-se pelo fluxo de dividendos, valor de mercado da 
ação, Lucro por ação; 
b) Credores: preocupam-se com a capacidade de geração de caixa; 
c) Entidades Governamentais: interessam-se pelo valor agregado, 
produtividade, Lucro tributável; 
d) Empregados: preocupam-se com a capacidade de caixa que assegure 
bons aumentos ou manutenção de salários; 
e) Média e alta administração: interessam-se pelo retorno sobre o ativo, 
retorno sobre o patrimônio líquido, situação de liquidez e de 
endividamento confortáveis. 
Em suma, são diversas as necessidades de informação a que a classificação contábil 
pretende atender. A estrutura contábil, desenvolvida historicamente, parece ter-se 
condicionado a tais necessidades, atendendo-as conforme o direcionamento das 
exigências conjunturais. Por isso, alguns aspectos relevantes foram preteridos, em 
função de outros interesses materializados a partir de normas, convenções, consenso 
profissional etc. 
Entretanto, a Contabilidade não deve deixar de atender um ou vários de seus usuários. 
É necessário que seu arcabouço contemple um data-base capaz de responder, ao seu 
tempo, cada um de seus clientes. Dessa maneira, cada usuário, ao requerer um 
aspecto da informação contábil, pode dispor de diferentes formas de apresentação dos 
dados, ou seja, diferentes relatórios. Porém, o que não parece coerente é a existência 
de diversas interpretações para as mesmas categorias econômicas, tais como o 
conceito de Lucro. 
Embora não seja objeto deste estudo, vale ressaltar que, no desenvolvimento 
pragmático da Contabilidade, muitos dos conceitos parecem ter tido suas aplicações 
deturpadas, em função de algumas características denominadas qualitativas, tais como 
a objetividade e o conservadorismo. 
1.3.3. O Conceito de Lucro 
O estudo do Lucro considera duas grandes vertentes de análise, quais sejam: 
a) Lucro Econômico; 
b) Lucro Contábil. 
O conceito de Lucro Econômico, privilegiado neste estudo, refere-se, basicamente, à 
abordagem de Hicks (1946, p. 172), que considera o Lucro como a quantia que uma 
determinada pessoa pode consumir durante um período de tempo e estar, no final do 
período, tão bem como estava no início. Esse conceito foi adaptado para uma entidade 
de negócio, por Solomons (1961, p. 376) que considera Lucro: 
(...) a quantia pela qual seu patrimônio líquido aumentou durante o período, devida 
permissão sendo feita para qualquer novo capital contribuído pelos seus donos ou para 
qualquer distribuição feita pela empresa para seus proprietários. 
A característica fundamental considerada no conceito econômico de Lucro refere-se ao 
incremento do patrimônio líquido, seja ele decorrente das operações da entidade, seja 
decorrente da valorização dos ativos comandados por ela. Segundo Guerreiro (1986, p. 
202-203): 
FACIC/UFU Controladoria – Prof. Ernando Reis. Página 11 
 
A otimização do resultado econômico se dá: (1) em nível do processo de transformação de 
insumos em produtos e serviços (agregação de valor) e (2) em nível do aproveitamento das 
oportunidades de ganhos pela valorização de determinados tipos de ativos, proporcionados 
pelo mercado. 
Ainda nesse enfoque, de acordo com Kam (1986, p. 131-132), Lucro é: 
(...) o acréscimo no valor econômico do capital entre dois pontos do tempo (...) A avaliação 
de ativos e passivos, por um lado, e determinação do lucro de outro, são simplesmente dois 
diferentes lados da mesma moeda. 
Nota-se que o conceito econômico de Lucro preconiza a avaliação de ativos e passivos, 
segundo o valor presente de seu fluxo futuro de serviços. 
O conceito do Lucro Contábil tem suas raízes filosóficas, conforme apresenta Guerreiro 
(1989, p. 186), nos conceitos econômicos de Lucro, Capital e Manutenção do Capital ou 
da Riqueza. Porém, distancia-se do conceito econômico, na medida em que, no afã de 
privilegiar o aspecto da objetividade, submete-se a algumas condições práticas e 
dogmáticas. Nesse contexto, o conceito de ‘incremento’, para o reconhecimento do 
Lucro, é substituído pela noção de ‘acontecimento crucial’, que requer uma evidência de 
transferência externa - abordagem da transação - para considerar o referido 
reconhecimento. Dessa forma,ganha ênfase o ‘Princípio da Realização da Receita’, cujo 
ponto de reconhecimento ideal é aquele em que o produto, ou serviço, é transferido de 
uma entidade produtora ao seu consumidor, ponto esse que, normalmente, coincide 
com o momento da venda. 
O Lucro Contábil, nesse caso, é o resultado do confronto entre a Receita realizada e a 
Despesa incorrida, sendo evidenciado, integral e tão somente, via de regra, no 
momento da transferência. 
Os contadores relutam em aceitar o conceito econômico de Lucro em virtude, 
principalmente, de duas limitações de ordem prática, conforme apresenta McCullers 
(1982, p. 48): 
a) Subjetividade em função da incerteza quanto aos fluxos futuros de 
entrada e saída de caixa, referentes aos ativos e passivos; 
b) Desconhecimento do fator de desconto a ser utilizado no cálculo do valor 
presente dos respectivos fluxos. 
O conceito de Lucro e a noção de avaliação do patrimônio (ativos e passivos), enquanto 
faces de uma única moeda, enfatizam, respectivamente, a questão da expressão do 
valor gerado nas operações da entidade e, o saldo acumulado de valor (poder de 
compra) comandado por ela. A avaliação de cada um dos aspectos - operações e 
patrimônio - é realmente subjetiva, haja vista que depende da validação do mercado, 
sendo essa, caracteristicamente dinâmica e sensível a variações, conforme as 
mudanças de expectativas dos agentes econômicos. 
Há que se considerar, nesse caso, a possibilidade de a Contabilidade acompanhar e 
mensurar tais variações, para reconhecimento do Lucro. A operacionalização dessa 
possibilidade, atualmente, é notoriamente difícil, porém há que se aceitá-la como 
resposta teórica mais coerente com a realidade econômica. Não apenas isso, mas 
procurar meios de viabilizá-la. Se o homem, durante séculos, não sonhasse com a 
viagem à lua, certamente, até hoje não teria realizado aquela “missão impossível”. 
Cabe sempre o questionamento quanto à relevância da manutenção de critérios 
objetivos, preconizados pelo conceito de Lucro Contábil, porém sem a devida utilidade. 
FACIC/UFU Controladoria – Prof. Ernando Reis. Página 12 
 
Conforme observa Canning, citado por Chang (1962, p. 637), “o lucro então mensurado 
é simplesmente a figura que resulta quando o contador termina de aplicar o 
procedimento que ele adota”. 
Nesse sentido, nota-se que o melhor enfoque para abordagem do Lucro é o econômico, 
no qual desponta a noção do incremento e do valor presente de fluxos de serviços 
futuros. Escolher a abordagem econômica de lucro implica admitir a subjetividade que é 
peculiar ao processo de avaliação de riqueza, em detrimento da objetividade perseguida 
pela Contabilidade. Nesse contexto, o lucro refere-se ao valor agregado pela entidade, 
seja através dos produtos que transforma ou através dos ativos que mantém em seu 
portfólio de investimentos. Parece não haver, nesse caso, outro momento para 
reconhecimento do lucro, senão aquele em que a validação pelo mercado é constatada, 
de forma continua. Evidentemente que os valores oscilam, positiva ou negativamente, e 
a Contabilidade deve acompanhar e registrar o “carrossel” desses valores. Refletir a 
constante oscilação de valores não é um defeito contábil, mas uma conseqüência do 
sistema econômico e, o “objetivo do contador de um valor estável para os ativos da 
firma é no melhor dos casos uma miragem” (BODENHOR, 1961, p. 585-586).. 
Finalmente, considerando a Contabilidade uma Ciência Social imbuída da função 
pragmática de expressar os valores criados pela sociedade civil, não parece adequado 
admitir, no limite teórico, critérios diversos para a realização de tal finalidade, mas, 
certamente, um único procedimento que reflita a verdade dos fatos, mesmo que seja 
uma verdade relativa1, consubstanciada na validação do mercado através de seus 
mecanismos próprios. Afinal, em se tratando das relações econômicas essa é a verdade 
que importa. O enfoque contábil de reconhecimento do lucro não cumpre esse papel, 
merecendo, pois, ser repensado, dando lugar ao enfoque econômico. Certamente que 
formas de operacionalização do enfoque econômico devem ser encontradas, sob pena 
de ocorrer, conforme adverte Solomons (1961, p. 383), o “crepúsculo da mensuração 
do lucro”. 
Nesse contexto, a grande questão se refere à forma de identificação, mensuração e 
informação do lucro econômico. Se o lucro é concebido, sob o ponto de vista de Hicks, 
como a diferença de patrimônio em dois períodos de tempo, a sua identificação está 
necessariamente relacionada a toda ocorrência que provoque algum impacto 
patrimonial. Essa ocorrência é denominada evento e a característica de provocar 
alteração patrimonial revela a sua dimensão econômica. 
Os eventos ocorrem, continuamente, em toda empresa, sendo alguns provocados por 
ela, pela ação de seus agentes, enquanto outros são decorrentes de alterações no 
ambiente. A Compra de materiais, a produção de bens e serviços e a venda de 
produtos são exemplos de eventos causados pela organização, enquanto que a variação 
específica de preços, a variação geral de preços e o valor do dinheiro no tempo são 
exemplos de eventos provenientes do ambiente. 
Sejam os eventos provocados pela empresa ou emanados do ambiente, são eles que 
permeiam todo o processo administrativo empresarial, aqui denominado processo de 
gestão. Ou seja, o processo de transformação de recursos em produtos, fisicamente 
observável na execução das diversas atividades, é, na sua percepção mais profunda, 
um encadeamento sucessivo de eventos. 
 
1 A ideia de verdade relativa é bastante discutida em metodologia, uma vez que a ciência procura explicar a verdade, 
embora sabendo que a verdade absoluta é praticamente inatingível pelo homem. Daí a necessidade de 
estabelecimento de verdades relativas ou provisórias, que melhor respondam sobre os fatos observados. 
FACIC/UFU Controladoria – Prof. Ernando Reis. Página 13 
 
Logo, a atuação da empresa, na busca da eficácia, deve voltar-se para a otimização dos 
eventos, levando em consideração a sua dimensão econômica, tendo em vista toda a 
argumentação anterior sobre o papel do resultado econômico na mensuração do êxito 
empresarial. 
Finalmente, a mensuração e a informação do lucro devem considerar a alternativa de 
valorização que envolve o valor presente do fluxo de benefícios futuros provocados pelo 
evento, cuja comunicação, no momento de sua ocorrência, seja direcionada aos 
usuários interessados. 
Portanto, as decisões tomadas nas empresas referem-se a eventos operacionais, cuja 
dimensão econômica deve ser identificada, mensurada e informada com base nos 
conceitos mais adequados. 
O somatório de todos os impactos patrimoniais dos eventos ocorridos, ao longo da 
existência de qualquer empresa, compõe o seu patrimônio. Assim, é possível 
representar o patrimônio da empresa ao longo do tempo, condição necessária para 
apuração do lucro econômico, segundo a abordagem hickisiana. 
Quadro 1.01. Diferenças fundamentais entre o Lucro Contábil e o Lucro Econômico 
LUCRO CONTÁBIL LUCRO ECONÔMICO 
1. Maior Objetividade 1. Maior subjetividade 
2. Apurado pelo confronto entre receitas 
realizadas pelas vendas e custos consumidos 
(ativos expirados) 
2. Apurado pelo incremento no valor presente do 
patrimônio líquido 
3. Os ativos são avaliados na base de custos 
originais 
3. Os ativos são avaliados pelo valor presente do 
fluxo de benefícios futuros 
4. O patrimônio Líquido aumenta pelo lucro 4. O lucro deriva do aumento do patrimônio 
líquido da entidade 
5. Ênfase em Custos 5. Ênfase em valores 
6. Não reconhece ganhos não realizados 6. Reconhecimento de ganhos realizados e não 
realizados 
7. Não se efetuam ajustes em função de 
mudanças nos níveis de preços dos bens na 
economia 
7. São efetuados ajustes devidos a mudanças nos 
níveisde preços dos bens na economia 
8. “Amarração” do lucro à condição de 
distribuição de dividendos 
8. “Amarração” do lucro à condição de aumento 
da riqueza, independentemente da condição 
de distribuição de dividendos 
9. Não reconhecimento do Goodwill 9. Reconhecimento do Goodwill 
10. Utilização de regras e de critérios dogmáticos 10. Utilização de regras e critérios econômicos 
Fonte: Adaptado de GUERREIRO, Reinaldo. Modelo Conceitual de Sistema de Informação de Gestão Econômica: 
Uma Contribuição à Teoria da Contabilidade.Tese (Doutorado), FEA-USP, 1989, p. 196-197. 
1.4. O Processo de Obtenção da Eficácia/Resultado 
As discussões precedentes são fundamentais para o entendimento do processo 
administrativo de toda e qualquer empresa, no cotidiano de suas operações. O seu 
objetivo maior e que constitui a razão de sua existência é o cumprimento da sua 
missão. Para realizá-lo e tornar-se contínua, a empresa tem necessidade de ser eficaz, 
o que ocorre, quando o resultado de suas atividades é recompensado com o lucro 
econômico, sendo este evidenciado em cada evento econômico. 
FACIC/UFU Controladoria – Prof. Ernando Reis. Página 14 
 
O referido processo administrativo, também denominado processo de gestão é, em 
síntese, um conjunto de processos de decisão sobre eventos necessários ao 
cumprimento da missão. Considerando-se que a empresa persegue a eficácia, em um 
ambiente caracterizado pelo risco e pela incerteza, o processo de gestão não pode se 
desenvolver aleatoriamente, mas deve ser conduzido da melhor maneira possível. Isto 
é, deve permitir que, no futuro, seja atingida uma situação presumivelmente melhor do 
que a atual. Para isso, algumas condições ideais devem ser respeitadas. Algumas delas 
são discutidas abaixo. 
1.4.1. Gestão e Modelo de Gestão 
O primeiro aspecto, fundamental, para o alcance da eficácia consiste na consideração 
do conceito de gestão. Neste sentido, gerir ganha uma conotação diferente de 
administrar, quando se procura enfatizar o aspecto pró-ativo do tomador de decisão. 
No contexto da eficácia, o administrador não pode ser um mero expectador das 
ocorrências que o cercam, mas deve ser capaz de equacioná-las, provocando eventos 
que elevem o valor da empresa, prevendo aqueles decorrentes do ambiente, buscando 
aproveitar as oportunidades e evitar/minimizar as ameaças geradas pelos mesmos. 
Segundo Nakagawa (1987, p. 50-51), neste contexto, gestão “é a atividade de se 
conduzir uma empresa ao atingimento do resultado desejado (planejado) por ela, 
apesar das dificuldades”. 
Na literatura disponível sobre gestão econômica, é bastante comum a expressão 
tridimensionalidade da gestão para evidenciar os seus distintos aspectos: operacional, 
econômico e financeiro. Neste sentido, Beuren (1994, p. 89) sintetiza: 
O aspecto operacional refere-se às características de volume, qualidade e cumprimento de 
prazo na execução das atividades. 
Já a caracterização do aspecto econômico da atividade ocorre no momento em que atribui-
se valores econômicos aos recursos (custos) e produtos e serviços gerados (receitas). 
Finalmente, o aspecto financeiro da atividade caracteriza-se pelos prazos de pagamento e de 
recebimento dos valores envolvidos no consumo de recursos e geração de produtos e 
serviços. 
Porém, além dos três aspectos citados, o professor Catelli ensina, nas diversas 
disciplinas que ministra nos cursos de pós-graduação da FEA/USP, que existe uma 
quarta dimensão que considera o aspecto patrimonial, que reflete o impacto do evento 
sobre as diversas contas de ativo, passivo, e patrimônio líquido da entidade. Esse 
quarto aspecto não é discutido na maioria da literatura sobre a gestão econômica. 
A dimensão denominada gestão patrimonial apresenta uma formatação própria e 
sutilmente diferenciada da dimensão econômica. Na verdade, o resultado patrimonial, 
ou variação patrimonial, é exatamente igual ao resultado econômico. Afinal, o conceito 
de resultado econômico envolve a diferença de um patrimônio em dois momentos 
distintos do tempo. 
A variação patrimonial, sob o ponto de vista da dimensão econômica, corresponde ao 
resultado econômico e a demonstração do resultado é o detalhamento de sua 
formação. Mas, sob o ponto de vista da dimensão patrimonial, a variação envolve todas 
as contas do ativo, passivo e patrimônio líquido que foram afetadas pelo evento. A 
equação que evidencia a variação, sob a ótica patrimonial, é a demonstração das 
contas envolvidas pelo evento, segundo o tradicional método das partidas dobradas, 
ilustrado no quadro abaixo: 
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Quadro 1.02. Dimensão Patrimonial 
DEBITA: Conta de Ativo
CREDITA: Conta de Passivo
CREDITA: Conta do PL
 
A dimensão patrimonial da gestão, ausente da bibliografia sobre o assunto, parece 
apresentar notória importância, principalmente no que tange ao modelo de decisão dos 
usuários. Vale ressaltar, inicialmente, que a equação acima está apresentada em 
linguagem contábil, necessitando ser traduzida, na sua operacionalização, para um 
formato compreensível aos diversos gestores. 
A equação patrimonial evidencia o impacto do evento sobre as diversas contas do Ativo, 
Passivo e PL. A nova ótica de visualização, por si só, apresenta uma vantagem 
complementar para o modelo de decisão, porém, sua importância é crucial em 
situações práticas bastante comuns, onde os resultados econômicos de várias 
alternativas são idênticos. Por exemplo, existindo três alternativas de captação de um 
insumo: compra à vista, compra a prazo e arrendamento, pode acontecer que o valor 
presente de todas seja exatamente o mesmo e, consequentemente, qualquer opção 
deve produzir um resultado econômico idêntico. Nesse caso, a equação patrimonial, ao 
apresentar as diferentes combinações de ativos e passivos decorrentes de cada 
alternativa, oferece novas bases para a decisão do gestor. Este, considerando a 
igualdade de resultados e a sua preferência (aversão ao risco etc.) em relação a cada 
tipo de ativo/passivo, tem melhor subsídio para tomar sua decisão, focalizando a 
dimensão patrimonial do evento. 
O gestor deve preocupar-se com os quatro aspectos apresentados e, para que a gestão 
seja eficaz, é imprescindível a existência de um conjunto de princípios, normas e 
conceitos para a condução da empresa, capazes de orientar as ações dos gestores, 
estabelecendo algumas regras chave que, segundo Catelli2, caracterizam o modelo de 
gestão e envolvem: 
a) estilo de gestão; 
b) processo de gestão; 
c) papeis e posturas dos gerentes; 
d) restrições com relação à autoridade; 
e) critérios de avaliação dos gestores; 
f) cronograma de interações. 
É fundamental o delineamento das regras supracitadas, em razão, principalmente, da 
separação existente, nas empresas contemporâneas, entre proprietário e gestor. O 
modelo de gestão, claramente definido e evidenciado, é que vai permitir a melhor 
interação dos gestores com os anseios dos proprietários, e direcionar a gestão eficaz. 
 
2 CATELLI, Armando. Anotações de aula da disciplina Controladoria ministrada no Programa de Pós-graduação em 
Controladoria e Contabilidade da FEA/USP, 1º sem/96. 
FACIC/UFU Controladoria – Prof. Ernando Reis. Página 16 
 
1.4.2. Processo de Gestão 
A eficácia da empresa é visualizada na passagem para uma situação futura objetivada, 
presumivelmente melhor do que a atual, a partir de um conjunto encadeado de 
processos de decisão sobre eventos, e que caracteriza o processo de gestão. As 
decisões atuais, tomadas em t0, apresentam, portanto, desdobramentos futuros, em tn, 
sendo que apenas neste último momento o impacto patrimonial se efetiva. Nesse caso, 
considerando-se que as empresas não dispõem de um recurso semelhante a bola de 
cristal para anteciparemo futuro, devem buscar a maneira de minimizar os riscos 
desconhecidos que, potencialmente existem no intervalo considerado. 
Por essa razão, faz-se necessário um Planejamento Estratégico, capaz de montar um 
cenário mais provável do futuro, identificando nele as oportunidades e ameaças, e, que, 
a partir da interação de seus impactos sobre os pontos fortes e fracos da empresa, 
produza um conjunto de diretrizes estratégicas, de caráter qualitativo, que garanta a 
continuidade da empresa e o cumprimento da sua missão. 
Para complementar, é necessária a existência de um Planejamento Operacional que, a 
partir das diretrizes estratégicas, possibilite a escolha do melhor curso de ação que 
assegure a otimização do resultado econômico no curto, no médio e no longo prazo, 
cujos objetivos e metas sejam consubstanciados em um plano quantitativo. 
Com base no plano operacional, a Execução deve ser empreendida a partir da busca 
pela otimização de cada evento realizado. E, finalmente, o Controle completa o 
processo de gestão considerando, instantaneamente, a revisão dos planos e/ou a 
correção dos desvios, quando da ocorrência de divergências entre o planejado e o 
realizado, garantindo o direcionamento no sentido da situação objetivada. 
1.4.3. O Processo Decisório e a Necessidade de Informação 
O processo de gestão, em análise no tópico anterior, pode ser entendido como um 
conjunto de processos de tomada de decisão, uma vez que, em cada uma de suas 
fases, o gestor se submete a uma série de escolhas entre alternativas de ação. Nota-se, 
pois, a importância do entendimento racional do referido processo decisório que 
permeia, integralmente, o processo de gestão. 
Nessa direção, teóricos de diversas áreas de conhecimento têm envidado esforços no 
sentido de oferecer um arcabouço conceitual para o processo decisório, a fim de 
propiciar uma estrutura formalizada para o tomador de decisão. Segundo Guerreiro 
(1989, p. 40), “uma estrutura formalizada para o tomador de decisão para representar 
e avaliar alternativas no processo de seleção é provida pela teoria da decisão.” 
Não se pretende aqui discorrer sobre os avanços conceituais introduzidos pela Teoria da 
Decisão, mas, apenas observar que o ato cotidiano de tomada de decisão deve ser 
entendido como um processo lógico e racional. 
Inicialmente, é importante destacar que decisão, segundo Kepner & Tregoe (1971, p. 
54), “é sempre uma escolha entre várias maneiras de se fazer uma determinada coisa 
ou de se atingir um determinado fim”. É a escolha constante, realizada pelo gestor, 
entre os diversos cursos alternativos de ação que se apresentam ao longo do processo 
de cumprimento da missão. 
Nesse sentido, o escopo da Teoria da Decisão, ao evidenciar uma estrutura lógica e 
racional do processo de decisão, está em auxiliar na determinação de uma alternativa 
que vá maximizar o ganho, ou minimizar a perda para o alcance do objetivo 
perseguido. 
FACIC/UFU Controladoria – Prof. Ernando Reis. Página 17 
 
A partir dos estudos realizados no âmbito da Teoria da Decisão, nota-se que o processo 
de decisão engloba, sumariamente, as seguintes fases: 
a) identificação do problema; 
b) caracterização do problema; 
c) formulação de alternativas; 
d) avaliação de alternativas; 
e) escolha da alternativa que melhor atenda ao objetivo perseguido. 
Observações empíricas sobre a realidade das empresas contemporâneas possibilitam 
evidenciar a utilização do processo de decisão pelos gestores, mesmo que de maneira 
inconsciente e parcial. As ações realizadas nas organizações emanam do processo 
decisório. 
Cada necessidade de decisão aciona um processo, porém, a maneira de cada gestor 
realizá-lo não é única. Há uma diversidade de entendimentos e formas de agir diante de 
determinados problemas que são próprios de cada gestor, em função de seu 
desenvolvimento genético e cultural. 
Nesse contexto, é relevante a noção de modelos de decisão que, segundo Van Gigch, 
citado por Almeida (1986, p. 76-77): 
(...) permitem que as várias alternativas e seus correspondentes resultados sejam avaliados 
de uma maneira consistente, num contexto de estrutura formal que possa ser aplicada a 
todas as alternativas e resultados, provendo um procedimento uniforme ou lógico pelo qual 
insumos e produtos, custos e receitas, lucros e perdas e outros atributos relacionados com a 
eficácia/eficiência do sistema possam ser moldados e comparados (...) 
À luz das conclusões acima, a abordagem Gecon propõe um determinado modelo de 
decisão para os principais eventos empresarias, com o propósito de orientar os diversos 
gestores para a otimização do resultado econômico da empresa. 
1.5. Referências Bibliográficas 
ALMEIDA, Lauro B. de. Estudo de um Modelo Conceitual de Decisão, Aplicado a Eventos Econômicos, sob 
a Ótica da Gestão Econômica. Dissertação (Mestrado). FEA-USP, 1986. 
BEDFORD, Norton M. Income Determination Theory: An Accounting Framework. Addison-Wesley, 1965. 
BEUREN, Ilse Maria. Modelo de Mensuração do Resultado de Eventos Econômicos Empresariais: Um 
Enfoque de Sistema de Informação de Gestão Econômica. Tese (Doutorado). FEA/USP, 1994. 
BODENHOR, Diran. An Economist Looks at Industrial Accounting and Depreciation. The Accounting 
Review, October 1961. 
CATELLI, Armando & GUERREIRO, Reinaldo. GECON - Gestão Econômica: Administração por resultados 
econômicos para otimização da eficácia da empresa. Anais do XVII Congresso Argentino de Professores 
Universitarios de Costos, 1as. Jornadas Iberoamericanas de Costos y Contabilidad de Gestion, Argentina, 
Out. 1994. 
CHANG, Emily Chen. Business Income in Accounting and Economics. The Accounting Review, October 
1962. 
CHURCHMAN, C. W. Introdução à Teoria dos Sistemas. 2ª ed. Petrópolis: Vozes, 1972. 
GUERREIRO, Reinaldo. Modelo conceitual de sistema de informação de gestão econômica: Uma 
contribuição à teoria da comunicação da contabilidade. Tese (Doutorado). São Paulo: Universidade de 
São Paulo, 1989. 
HICKS, John. Value and Capital. 2ª ed. London: Oxford University Press, 1946. 
IUDÍCIBUS, Sérgio de. Teoria da Contabilidade. 3ª ed. São Paulo: Atlas, 1993. 
FACIC/UFU Controladoria – Prof. Ernando Reis. Página 18 
 
KAM, Vernon. Accounting Theory. New York: John Wiley & Sons, 1986. 
KEPNER, Charles H. & TREGOE, Benjamin B. O Administrador Racional. São Paulo: Atlas, 1971. 
MCCULLERS, Levis D. & SCHROEDER, Richard G. Accounting Theory: Text and Readings. New York: John 
Wiley e Sons, 1982. 
NAKAGAWA, Masayuki. Estudo de Alguns Aspectos de Controladoria que Contribuem para a Eficácia 
Gerencial. Tese (Doutorado). FEA-USP, 1987. 
NOGUEIRA, Cayton C. Contribuição ao Estudo da Decisão de Preços: Proposta de um Modelo Conceiutal 
de Decisão de Preços do ponto de Vista do Resultado Econômico. Dissertação (Mestrado). FEA/USP, 
1993. 
SOLOMONS, David. Economic and Accounting Concepts of Income. The Accounting Review, Julho de 
1961. 
STONER, James A. F. Administração. 2ª ed. Rio de Janeiro: Prentice-Hall do Brasil, 1985. 
2. A Controladoria sob a perspectiva da abordagem Gecon 
2.1. Informação sob medida para os gestores internos 
Um grupo importante entre os usuários da informação contábil é aquele que 
compreende os diversos gestores internos da empresa. Segundo Guerreiro (1999b: 
316): 
Os gestores são os responsáveis pela eficácia da empresa. Como o próprio nome esclarece, 
os gestores são os responsáveis pela gestão, administração ou processo de tomada de 
decisão. A gestão corresponde analiticamente ao processo de planejar, executar e controlar. 
Observa-se que o papel dos gestores deve ser pró-ativo no sentido de contribuir para o 
alcance dos objetivos empresariais. Neste caso, é de se esperar que o seu processo de 
decisão esteja devidamente amparado por adequados sistemas de informação. Neste 
sentido, Guerreiro (1999b: 317)afirma que: 
Os gestores têm grande dependência do recurso 'informação'. A informação é a matéria-
prima do processo de tomada de decisão. 
Informação útil é a que atende às necessidades específicas dos gestores, segundo as áreas 
que atuam, operações que desenvolvem e conceitos que lhes façam sentido lógico. Os 
sistemas de informações contábeis devem ser configurados de forma a atender 
eficientemente às necessidades informativas de seus usuários, bem como incorporar 
conceitos, políticas e procedimentos que motivem e estimulem o gestor a tomar as melhores 
decisões para a empresa. 
Dois pontos merecem destaque na citação anterior. Em primeiro lugar, o autor associa 
a utilidade da informação à sua capacidade de atender necessidades específicas dos 
usuários, logo, a sua configuração deve levar em conta a particularidade de cada 
gestor. Em segundo lugar, nota-se que a informação tem o poder de motivar e 
estimular a decisão do gestor. Por isso, a definição de um sistema de informações 
gerenciais deve privilegiar conceitos e metodologias capazes de orientar decisões 
ótimas a partir de coerente identificação das contribuições individuais dos gestores para 
o desempenho global da empresa. Guerreiro (1999b: 317) afirma que: 
Os gestores competentes necessitam conhecer como está se desenvolvendo sua 
performance, e normalmente desejam conhecer como seu desempenho está contribuindo 
para o desempenho global da empresa. Os gestores, via de regra, têm grande preocupação 
no sentido de que seu desempenho não seja influenciado pelas ações de outros gestores, ou 
de variáveis fora de seu controle. 
A partir dessas considerações, Guerreiro (1999b: 318) conclui que "as informações 
contábeis destinadas a usuários externos não suprem adequadamente os modelos 
FACIC/UFU Controladoria – Prof. Ernando Reis. Página 19 
 
decisórios dos usuários internos", conclusão corroborada por Johnson & Kaplan (1996: 
1): 
Atualmente, as informações de contabilidade gerencial, condicionadas pelos procedimentos 
e pelo ciclo do sistema de informes financeiros da organização, são atrasadas demais, 
agregadas demais e distorcidas demais para que sejam relevantes para as decisões de 
planejamento e controle dos gerentes. 
Desta forma, abre-se uma lacuna para o desenvolvimento de instrumentos voltados à 
gestão interna das organizações. 
2.2. Controladoria: definição, missão e objetivos 
A lacuna identificada no tópico anterior parece conduzir ao delineamento da 
controladoria, como se pode verificar na citação de Catelli (2001, p. 344): 
Como uma evolução natural desta Contabilidade praticada [tradicional] identificamos a 
Controladoria, cujo campo de atuação são as organizações econômicas, caracterizadas como 
sistemas abertos inseridos e interagindo com outros num dado ambiente. 
Em seguida, para explicar melhor o papel da controladoria, o autor sugere cindi-la em 
dois vértices: ramo do conhecimento e unidade administrativa. 
2.2.1. Ramo do conhecimento versus unidade administrativa 
Enquanto ramo do conhecimento, a controladoria é sugerida como a responsável pelo 
estabelecimento das bases teóricas necessárias para a construção e manutenção de 
sistemas de informação voltados para a gestão econômica, abrangendo a adequada 
identificação, mensuração e informação do lucro. 
Sob o enfoque de unidade administrativa, cabe à controladoria, no mundo real, 
coordenar e disseminar a tecnologia de gestão econômica e também atuar como órgão 
aglutinador e direcionador de esforços dos demais gestores da empresa. 
2.2.2. Missão e objetivos 
Um dos pressupostos admitidos no âmbito da abordagem Gecon é uma velha sentença 
segundo a qual “os ótimos locais não conduzem necessariamente ao ótimo global”. Isto 
é, ainda que cada gestor, totalmente comprometido com o desempenho de sua área, 
faça o melhor possível em sua alçada, o desempenho global da empresa poderá ficar 
aquém do melhor resultado possível. Isto se deve a existência de um natural 
desequilíbrio entre as capacidades das diversas áreas. 
Por isso, é possível que o ótimo de uma área dependa da utilização de sua capacidade 
máxima (a produção, por exemplo, pode atingir seu ótimo ao produzir 1.000 unidades 
de seu produto) que, por sua vez, pode ser superior à capacidade de uma área 
seguinte finalizar o processo (a área de vendas, por exemplo, pode apresentar 
capacidade de escoar somente 500 unidades do produto). Neste caso, para alcançar 
seu desempenho ótimo, a área de produção compromete o resultado global da 
empresa, produzindo uma quantidade de produtos que não serão vendidos 
imediatamente. A conseqüência óbvia são os elevados custos de armazenagem e 
financiamento de estoques. 
Cabe, portanto, à controladoria, portanto, a missão de “assegurar a otimização do 
resultado econômico da organização” CATELLI (2001, p. 346). Ainda que, para isso, 
alguma das partes tenha que trabalhar abaixo do ótimo local. 
Trata-se, pois, de um papel sinérgico, apoiado na integração das áreas e na indução às 
melhores decisões para a empresa como um todo. 
FACIC/UFU Controladoria – Prof. Ernando Reis. Página 20 
 
2.3. A abordagem Gecon 
Não se pretende, neste estudo, realizar uma reflexão profunda acerca da história da 
abordagem Gecon, bem como examinar os pormenores de seus pressupostos 
fundamentais e de sua arquitetura básica3. Objetiva-se, tão somente, focalizar o modo 
como são empreendidos os esforços de identificação, mensuração e informação do 
resultado econômico e, ao mesmo tempo, do patrimônio empresarial. Assim, o 
interesse presente neste estudo é o de evidenciar os conceitos e as metodologias 
empregados no modelo Gecon para a avaliação simultânea do desempenho 
organizacional e do valor da empresa. 
A partir da delimitação anunciada, é prudente apresentar, nas breves palavras de seu 
idealizador, pelo menos, o que é o GECON e quais são os seus princípios básicos: 
O sistema de gestão econômica - GECON - tem sido desenvolvido por uma equipe de 
pesquisadores do NÚCLEO GECON com apoio da Fipecafi, uma fundação ligada à Faculdade 
de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo. É um modelo 
gerencial de vanguarda já testado em algumas grandes empresas do país, contemplando o 
sistema de gestão e o sistema de informações que lhe dá o necessário suporte. 
O sistema de gestão no modelo GECON diz respeito ao processo de planejamento, execução 
e controle operacional das atividades e é estruturado com base na missão da empresa, em 
suas crenças e valores, em sua filosofia administrativa e em um processo de planejamento 
estratégico que busca em última instância a excelência empresarial e a otimização do 
desempenho econômico da empresa. 
No sistema de informações, o sistema GECON utiliza fundamentalmente conceitos e critérios 
que atendem às necessidades informativas dos diversos gestores da empresa para seu 
processo de tomada de decisão específico e que impulsionam as diversas áreas a 
implementar ações que otimizam o resultado global da companhia. 
Uma preocupação básica do sistema é espelhar em termos econômico-financeiros o que 
ocorre nas atividades operacionais da empresa. O sistema é decomposto em diversos 
módulos, tais como Vendas, Produção, Compras, Manutenção, Investimento, Finanças, 
Serviços de Apoio, Estocagem etc. 
O sistema está voltado não só para a eficiência, mas sobretudo para a eficácia empresarial. 
Dessa forma, os eventos das atividades relevantes da empresa são mensurados por receitas 
e custos e geram resultados econômicos. 
A figura tradicional do centro de custo é substituída pelo centro de resultado e área de 
responsabilidade. 
Os relatórios do sistema voltam-se, portanto, para a avaliação de resultados de 
produtos/serviços gerados pelas diversas atividades, e para a avaliação de desempenho das 
áreas organizacionais que executam tais atividades.Nesse processo, o sistema utiliza 
conceitos gerenciais fortes, tais como resultado econômico, custo de reposição, custo de 
oportunidade, preço de transferência, margem de contribuição e outros. Catelli (1999: 30) 
Alguns dos princípios de gestão utilizados pelo GECON, citados por Catelli (1999: 31-
32), que o diferenciam dos modelos existentes são: 
� a eficácia da empresa é a função da eficácia das áreas. O resultado da empresa é igual à 
soma dos resultados das áreas; 
� as áreas somente são debitadas/creditadas por eventos sobre os quais tenham 
responsabilidade; as eficiências/ineficiências não são transferíveis para outras áreas e 
nem repassadas aos produtos/serviços; 
� as áreas tratadas como empresas, seus gestores como os respectivos ‘donos’ e a 
avaliação dos mesmos envolvem não só os recursos consumidos (custos), como também 
 
3. Maiores detalhes podem ser encontrados em Catelli (1999) e Guerreiro (1996) 
FACIC/UFU Controladoria – Prof. Ernando Reis. Página 21 
 
os produtos/serviços gerados (receitas). Assim sendo, objetiva-se destacar e valorizar 
posturas empreendedoras – fazer acontecer sem desculpas; 
� a função/missão definida para cada área, mais do que um ‘clichê’ organizacional, é a 
base para a avaliação da gestão e, principalmente, um implementador da eficácia da 
empresa. Por exemplo, se a função da Manutenção for consertar equipamentos, seu 
resultado será apurado com base no valor do reparo e, nesse caso, quanto pior o serviço 
executado, mais os equipamentos quebrarão e mais essa atividade lucrará, enquanto a 
empresa perderá. Se for manter os equipamentos disponíveis para o uso, cobrará os 
serviços pelo valor do aluguel por hora e seu resultado dependerá da produtividade e da 
eficiência operacional, contribuindo e assegurando, também, a eficácia da empresa; 
� os resultados das decisões financeiras tomadas pelos diversos gestores operacionais 
(investidores, condições de venda a prazo, condições de compras a prazo, tempo de 
estocagem, tempo de processamento de produtos/serviços etc.) são imputados às áreas 
respectivas, separadamente dos resultados das decisões operacionais; 
� a área financeira é o ‘banco’ interno, financiando/captando os recursos requeridos pelas 
áreas. Seu resultado decorrerá do valor de seus serviços menos os custos financeiros 
efetivamente incorridos. 
2.4. Mensuração do resultado econômico e do valor da empresa 
Com base no arcabouço conceitual delineado anteriormente, são evidenciados neste 
tópico, os modelos de identificação e mensuração dos principais eventos econômicos, 
sob a ótica da Gestão Econômica. Para esse fim, um exemplo ilustrativo da Cia. Virtual, 
empresa hipotética que visa transformar insumos (Couro) em produtos (Bolsas e 
Cintos), é apresentado e discutido ao longo dos tópicos seguintes. Os conceitos e 
metodologias empregados no desenvolvimento do exemplo se apoiam em Catelli et. al. 
(1996). 
2.4.1. Integralização do capital 
A integralização do capital é, via de regra, o primeiro evento que se percebe em um 
empreendimento. Refere-se à disposição de recursos monetários (dinheiro, em espécie) 
e/ou físicos (máquinas, instalações etc.), por parte dos investidores para que a empresa 
cumpra sua missão e, ao mesmo tempo, proporcione retornos satisfatórios. 
A Companhia Virtual prevê apenas uma capitalização no início de suas operações, 
período 0, no valor de R$230.000,00. Na continuidade das atividades da empresa, 
qualquer capital adicional deve ser obtido na forma de empréstimos de curto prazo. Por 
outro lado, toda sobra de capital deve proporcionar uma aplicação de curto prazo. No 
momento de sua ocorrência, o evento capitalização produz os impactos destacados no 
quadro 2.01, quando a UMC (Unidade Monetária Constante)4 corresponde à R$2,30. 
Quadro 2.01. Evento Capitalização: impacto patrimonial 
IMPACTOS PATRIMONIAIS - em UMC Período 0
ITENS SDO INICIAL MOVIMENTO SDO FINAL
ATIVO 0 100.000 100.000
 Circulante 0 100.000 100.000
 Caixa 0 100.000 100.000
PASSIVO + PL 0 100.000 100.000
 Patrimônio Líquido 0 100.000 100.000
 Capital 0 100.000 100.000
 
 
4 UMC é o índice que permite a conversão da moeda R$ para moeda constante. 
FACIC/UFU Controladoria – Prof. Ernando Reis. Página 22 
 
Em uma análise simplista, a capitalização não gera resultado econômico no momento 
de sua ocorrência. Após a integralização do capital, porém, com a passagem do tempo 
no evento denominado Tempo-Conjuntural, em análise posterior, há que se reconhecer 
um encargo sobre o seu valor: o juro sobre o capital próprio (o custo de oportunidade 
do acionista). Sob um ponto de vista mais abrangente, é de se esperar que, no 
momento da capitalização, algum valor econômico possa ser gerado. Supondo, por 
exemplo, que a capitalização tenha sido feita na forma de um equipamento, cujo valor 
seja expresso contratualmente com base no preço de mercado do bem, ao se avaliar o 
potencial de benefícios para a empresa, conforme metodologia em destaque no evento 
investimento em ativos, pode-se obter um resultado econômico. Da mesma forma, 
quando os acionistas (imaginando-se que também sejam gestores) fazem o aporte de 
seu capital na forma monetária e, adicionalmente, trazem para a empresa o seu 
conhecimento do negócio, seus vínculos com fornecedores e clientes etc., é de se 
esperar que a empresa tenha, inicialmente, um valor que supera o montante de 
dinheiro que, juridicamente, é a materialização de seu capital. 
2.4.2. Investimento em ativos permanentes 
Na abordagem Gecon, o valor de um ativo permanente adquirido para uso não 
corresponde ao seu preço (de aquisição ou de reposição). A compra de um 
equipamento, por exemplo, representa uma alternativa à contratação de serviços de 
terceiros para realização de um determinado processo. Neste caso, o valor de um 
equipamento se expressa pelo potencial de serviços que dele se espera utilizar. 
Segundo Reis (1997: 95), no momento da aquisição do ativo, os responsáveis pela 
decisão, à luz dos cenários prováveis, desenvolvem um plano de benefícios futuros que 
deve conter: 
a) Fluxo de Benefícios: abrange o valor dos serviços evitados e o valor residual do ativo. O 
valor dos serviços evitados corresponde à economia que a utilização do ativo adquirido 
proporciona durante a sua vida útil desenvolvendo os serviços que seriam contratados 
caso o ativo não fosse adquirido. O valor residual corresponde ao preço de venda do 
ativo ao final de sua vida útil. 
b) Fluxo de Desembolsos: abrange o valor da aquisição do ativo adicionado de todos os 
gastos necessários para colocá-lo em funcionamento, bem como todos os gastos de 
manutenção esperados para sua vida útil. 
A diferença entre o Fluxo de Benefícios e o Fluxo de Desembolsos é o resultado 
econômico do evento. Se a empresa precisa de um determinado serviço para 
desempenhar suas atividades ao longo do tempo, a aquisição de um ativo no presente 
evita a contratação futura dos serviços. Logo, se o estoque de serviço (Fluxo de 
Benefícios) adquirido é superior aos gastos com a aquisição do equipamento, das 
manutenções esperadas e dos demais gastos projetados (Fluxo de Desembolsos), o 
investimento em ativo permanente agrega valor (lucro econômico) ao empreendimento. 
Na situação oposta, o resultado é um prejuízo e, nesta condição, a aquisição do ativo 
não é viável sob o ponto de vista estritamente econômico. Para que sejam 
comparáveis, o Fluxo de Benefícios e o Fluxo de Desembolsos devem ser descontados 
ao seu valor presente mediante o emprego de determinada taxa que represente o custo 
de oportunidade da empresa. Em resumo, a aquisição de ativos submete-se, sob a 
perspectiva da Gestão Econômica, à análise do VPL (Valor Presente Líquido). 
Ainda no período 0, o Diretor Industrialda Cia. Virtual necessita disponibilizar 
capacidade para processar os produtos da empresa. Para isso, duas alternativas estão 
FACIC/UFU Controladoria – Prof. Ernando Reis. Página 23 
 
disponíveis: comprar um equipamento ou terceirizar os serviços. Os dados gerais do 
investimento se encontram no quadro 2.02. 
Quadro 2.02. Ativo permanente – variáveis relevantes 
ITENS Valores
 Valor do Investimento ($) 115.000
 Preço do Serviço (UMC/Hr) 150
 Preço da Manutenção (UMC/Hr) 875
Gastos de Operação (UMC/p) 10.000
Valor da UMC 2,30
Valor Residual (% no 2º p) 15,00%
 Taxa Real de Juros (% a. p.) 2,00% 
Adicionalmente, o gestor industrial desenvolveu o plano de uso e de manutenção do 
equipamento em evidência no quadro 2.03. 
Quadro 2.03. Ativo permanente - plano de uso e de manutenção 
UTILIZAÇÃO / MANUTENÇÃO (Em Hrs) UTILIZAÇÃO MANUTENÇÃO
Período 0 380 60
Período 1 400 20
Período 2 440 40 
Considerando as informações supramencionadas e o plano de uso e de manutenção do 
ativo, obtém-se, no quadro 2.03., o valor futuro do fluxo de caixa livre proporcionado 
pelo do ativo permanente. 
Quadro 2.04. - Ativo Permanente: Fluxo de caixa livre – valor futuro 
Valor Futuro das Entradas - UMC 57.000 60.000 73.500
 Serviços Evitados 57.000 60.000 66.000
 Valor Residual 0 0 7.500
Representação Gráfica do Fluxo 
de Caixa 
Valor Futuro das Saídas - UMC (112.500) (27.500) (45.000)
 Investimento (50.000) 0 0
 Manutenção (52.500) (17.500) (35.000)
 Gastos de Operação (10.000) (10.000) (10.000)
VF do Fluxo de Caixa Livre (55.500) 32.500 28.500
0 1 2
 
O valor futuro das entradas equivale ao produto do tempo dos serviços (evitados) de 
terceiros pelo seu preço de mercado, mais o valor residual do equipamento. O valor 
futuro das saídas equivale ao produto do tempo dos serviços de manutenção pelo seu 
custo, mais os gastos de operação e o investimento inicial. 
O valor presente (Quadro 2.04) representa o desconto do valor futuro a partir do 
emprego da taxa correspondente: 2,0%. 
Quadro 2.05. - Ativo Permanente: Fluxo de caixa livre – valor presente 
VALOR PRESENTE - em UMC 0 1 2
Entradas 57.000 58.824 70.646
Saídas (112.500) (26.961) (43.253)
Fluxo de Caixa Livre - VP (55.500) 31.863 27.393
 
FACIC/UFU Controladoria – Prof. Ernando Reis. Página 24 
 
A apuração do resultado do evento investimento em ativo permanente a partir dos 
dados apresentados produz a seguinte demonstração: 
Quadro 2.06. Ativo permanente: resultado econômico 
RESULTADO DO EVENTO - UMC Total
Total das Entradas 186.469
Total das Saídas (182.713)
Valor Presente Líquido (VPL) 3.756 
O patrimônio da Cia. Virtual, modificado pelo evento investimento em ativo permanente 
está evidenciado no Quadro 2.06. 
Quadro 2.07 - Ativo Permanente: impacto patrimonial 
ITENS SDO INICIAL MOVIMENTO SDO FINAL
ATIVO 100.000 3.756 103.756
 Circulante 100.000 (50.000) 50.000
 Caixa 100.000 (50.000) 50.000
 Permanente 0 53.756 53.756
 Imobilizado 0 53.756 53.756
 Equipamento 0 186.469 186.469
 (-) Provisão p/ Gastos 0 (132.713) (132.713)
PASSIVO + PL 100.000 3.756 103.756
 Patrimônio Líquido 100.000 3.756 103.756
 Capital 100.000 0 100.000
 Resultado do Evento 0 3.756 3.756 
O gestor industrial da Cia. Virtual, ao realizar a compra do ativo, consegue agregar 
valor ao patrimônio da empresa. Na ausência do investimento, a empresa teria que 
contratar serviços de terceiros que, na continuidade da empresa ao longo dos períodos 
de projeção do investimento, representariam, em termos de valor presente, custos 
adicionais de 3.756 UMC. 
2.4.3. Compra de materiais 
Segundo o pressuposto de que todos os eventos devem ser avaliados pela contribuição 
econômica que geram ao empreendimento, a compra de materiais representa outra 
importante fonte de valor. 
Basicamente, duas são as oportunidades de agregação de valor oriundas do processo 
de compra. Em primeiro lugar, a área responsável (suprimentos) pode criar valor 
econômico ao obter materiais, componentes, embalagens etc. a um preço inferior ao 
que os compradores médios pagam no mercado, na condição à vista. O Resultado 
Econômico, neste momento denominado Margem de Contribuição Operacional, é a 
diferença entre o preço de mercado (Receita Operacional de Compras) e o preço da 
aquisição (Custo Operacional de Compras), ambos na condição à vista. Em segundo 
lugar, as condições de financiamento, no caso de a compra ser realizada a prazo, 
podem também proporcionar valor econômico. O resultado, neste momento 
denominado Margem de Contribuição Financeira, é a diferença entre a Receita 
Financeira de Compras e o Custo Financeiro de Compras. O Custo Financeiro de 
Compras é mais facilmente compreensível, pois se refere ao juro embutido pelo 
fornecedor pelo prazo de pagamento concedido. A Receita Financeira, por seu turno, 
envolve uma análise mais complexa. Trata-se do valor a ser obtido no mercado 
financeiro com a aplicação do caixa aliviado na compra a prazo. Em termos práticos, 
FACIC/UFU Controladoria – Prof. Ernando Reis. Página 25 
 
todavia, o cálculo da Margem de Contribuição Financeira é bem simples. Trata-se da 
diferença entre o valor presente da compra a prazo e o valor da compra a vista. 
Nota-se, pois, na compra, a possibilidade da existência de dois eventos simultâneos: a 
compra em si e a captação de um empréstimo junto ao fornecedor. Necessariamente, o 
resultado de cada evento deve ser apurado individualmente a fim de que a informação 
sobre os impactos patrimoniais seja completa. Entretanto, há que se fazer uma breve 
reflexão sobre as verdadeiras origens do impacto patrimonial da compra. O simples 
poder comprar mais barato agrega valor ao patrimônio da empresa, porém esse poder 
não necessariamente reflete os esforços atuais do Departamento de Suprimentos. Pode 
decorrer de esforços passados da área de Suprimentos (talvez decorrentes da ação de 
outro gestor que antecedeu o atual, por exemplo), ou a origem do poder de compra 
pode ser outra que não tenha relação alguma com a área de suprimentos. Neste caso, 
o poder de compra pode representar um ativo intangível da empresa. 
Retornando ao exemplo da Cia. Virtual, o Gestor de Suprimentos é responsável por 
adquirir, estocar e disponibilizar a matéria-prima Couro para a área Industrial. 
Vislumbram-se as seguintes condições para o desempenho de suas atividades, no 
período 0: 
Quadro 2.08 – Compra de materiais: variáveis relevantes 
ITENS Fornecedor 1 Fornecedor 2
Quantidade (Em Mts)
 Preço de Mercado à Vista (R$)
Valor da UMC da Compra
 Taxa Real de Juros (% a. p.)
 Preço à Vista (R$) 20,00 20,50
Preço a Prazo (R$) 20,70 21,00
Prazo (p) 1 2
Valor da UMC no Vencimento 2,33 2,35
1.000,0
23,00
2,30
2,0%
 
Processando-se os dados anteriores, multiplicando-se os diversos preços pela 
quantidade de materiais, após a necessária conversão para moeda constante, de 
acordo com o valor da UMC para cada respectiva data, obtém-se a seguinte memória 
de cálculo: 
Quadro 2.09. – Compra de materiais: memória de cálculo 
ITENS / FORNECEDORES Fornecedor 1 Fornecedor 2
Valor da Compra a Prazo (A) 8.884 8.936
VP (Compra a Prazo) (B) 8.710 8.589
Valor de Mercado (C) 10.000 10.000
Valor a Vista (D) 8.696 8.913 
A partir desses valores, é possível apurar o resultado econômico proporcionado pela 
compra da matéria-prima, nas condições apresentadas (Quadro 2.10). 
Os itens constantes do Quadro 2.10 são obtidos a partir de operações realizadas com 
base na memória de cálculo disponível no Quadro 2.09. A diferença entre o valor de 
mercado e o valor à vista é a margem de contribuição operacional que, por sua vez, 
representa o resultado econômico quando a decisão de compra privilegia a opção à 
vista. O valor de mercado da compra (1.000 unidades x R$23,00

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