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Caderno de Direito Penal I

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Direito penal é um ramo do direito que estipula quais são as infrações penais e quais são as penas dadas a essas infrações. Traz também orientações a serem seguidas no contexto penal. Traz também o que é legítima defesa, por exemplo. O direito penal não tem como função proteger a sociedade do criminoso. Não é um código de guerra. Traz uma garantia ao indivíduo.
-> Limitar o poder punitivo estatal. Só é crime o que estiver disposto no Código Penal (ou na Legislação Penal Extravagante). Há um uso exagerado do Direito Penal. Só há crime se estiver em lei. Serve para proteger objetos jurídicos que são considerados os mais importantes para a sociedade em um dado momento. O Direito Penal só intervém em último caso. É um direito emergencial. Direito Penal não veio para trazer justiça.
-> Proteger (tutelar) os bens jurídicos (patrimônio, vida, liberdade sexual etc) mais relevantes para a sociedade de lesões ou ameaças de lesões. As lesões têm que ser significantes.
Ele traz um arcabouço de garantias para todos nós.
O Direito Penal etiqueta as pessoas.
Ele serve para nos proteger do próprio Estado. Ele afeta diretamente na nossa liberdade.
Vem ocorrendo uma HIPERTROFIA do Direito Penal. Na verdade, ele teria que intervir minimamente. É um Direito de última "Ratio" (razão em latim), que seria usado após as outras áreas jurídicas já terem sido consultadas.
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Princípio da Legalidade é de extrema importância (Não há crime ou sanção sem uma lei que a defina. Não há pena sem posição da lei a respeito daquela pena).
É vedado o uso da analogia no direito penal, salvo para beneficiar o autor do fato criminoso.
Analogia "in malam partem".
Do princípio da legalidade decorre a proibição da analogia no direito penal.
Analogia "in bonam partem" é permitida.
Sempre se leva em conta a regra, não a exceção. Por isso diz-se que a analogia é vedada no direito penal.
Princípio da taxatividade -> legado do princípio da legalidade; o tipo penal (lei que descreve o fato criminoso) tem de trazer os elementos da conduta criminosa (a lei tem de ser clara). E cada tipo penal traz a descrição de determinado crime.
A lei penal pode até ter complemento, mas tem de trazer na sua descrição algo que fique claro qual é a conduta criminosa.
Norma penal incriminadora
Preceito primário -> descrição típica (da conduta)
Preceito secundário -> pena; sanção penal
Tem que ter uma lei para que o fato seja criminalizado. Não se pode criminalizar algo que tenha acontecido antes do surgimento da lei.
Princípio da anterioridade -> não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia cominação legal.
Princípio da intervenção mínima -> o direito penal intervém minimamente
Fragmentariedade -> o direito penal escolhe fragmentos de condutas criminalizadas (as condutas que ferem os bens jurídicos mais importantes para a sociedade). O direito penal só tutela os fragmentos de bens jurídicos mais relevantes para a sociedade, das ofensas mais significantes.
Todo crime é um ilícito geral. Todo ilícito penal contraria o ordenamento jurídico. Existem ilícitos gerais que não entram no campo do direito penal. O direito penal dá enfoque nas condutas mais invasivas aos bens jurídicos mais importantes.
O direito penal é subsidiário, como soldado de reserva.
Princípio da subsidiariedade -> só intervêm quando os outros ramos do direito falharem, forem insuficientes.
Princípio "Ne bis in idem" -> ninguém pode ser processado ou punido 2x pela prática do mesmo fato; não pode existir dois tipos penais criminalizando a mesma ação (ou omissão). Ainda que exista 1 tipo penal, e que a pessoa seja processada pela prática de um crime, o Estado não pode puni-la novamente.
Princípio da Insignificância ou da bagatela -> o direito penal só tutela os bens mais relevantes, e intervém quando a lesão ao bem jurídico for significante. Ser significante depende do valor financeiro, de mercado, sentimental e da culpabilidade do agente (as circunstâncias). 
Exemplo: Um sujeito subtrai da vítima uma corrente que não é de ouro, mas que foi lhe dada pela avó. Era avaliada em 10 reais, mas para a vítima aquilo tinha um valor sentimental enorme. Assim, não dá para dizer que a conduta do agente foi insignificante, e, assim, o princípio da insignificância não foi utilizado. 
Tipicidade material
tipo penal: descrição legal da conduta definida por lei como infração penal. É a definição/descrição legal de crime. Ou seja, existem vários tipos penais.
Quando ocorre uma conduta que se amolda, se enquadra perfeitamente ao tipo penal, nós falamos que existe tipicidade.
Só existe uma tipicidade material quando a lesão ao bem jurídico for significante. Apesar de ter tipicidade formal, não tem tipicidade material ao ser insignificante.
Ou seja, nesse caso há atipicidade material.
Princípio da Culpabilidade -> para que o sujeito pratique uma ação penal, ele precisa de dolo (ter a intenção) ou culpa (ser imprudente, negligente). Não é permitida no direito penal a responsabilidade objetiva.
Nexo de causalidade (nexo causal) -> nexo ligando o resultado à conduta.
A regra é que os crimes são dolosos. Punir de forma culposa depende do juiz expressar. O legislador pune também homicídio culposo, dessa forma.
Princípio da Proporcionalidade -> a sanção penal deve ser proporcional à gravidade da ação penal (deve ser proporcional à reprovação da conduta do sujeito ativo). Quanto maior a culpabilidade (serve como medidor da pena), maior será a pena aplicada. 
pena mínima em abstrato é de 6 anos para homicídio, enquanto a pena máxima abstrata é 20 anos. Esse princípio serve de norte para o legislador também (além de servir de norte para a magistratura), pois ao criar a figura típica, ele deve se atentar à importância jurídica.
Princípio da humanidade -> a nossa constituição federal veda as penas cruéis, degradantes, de morte, de trabalhos forçados, de prisão perpétua.
Princípio da intranscendência da pena-> a pena não passará da pessoa do condenado. Ou seja, ninguém pode cumprir a pena do agente.
Princípio da individualização da pena -> aplica-se ao legislador, ao juiz e na fase de execução da pena; legislador estabelece para cada crime uma pena mínima e uma máxima; o juiz faz o processo de individualização da pena ao condenar o sujeito; e na execução das penas existem regras para cumprimento das mesmas. Na fase de execução da pena atende-se ao princípio da individualização da pena ao possibilitar a progressão de regime dependendo das ações do preso.
Princípio da adequação social -> legislador não pode criminalizar ações que são aceitas na sociedade. Só pode criminalizar ações que são inaceitáveis para a sociedade como um todo.
Aplicação da lei penal no tempo
-> Princípio da irretroatividade da lei penal: a lei penal deve existir antes do fato; se a lei for publicada hoje, e tem um prazo pra ela entrar em vigor, a partir da data estipulada que ela vai vigorar. A lei penal não se refere a fatos ocorridos antes de seu vigor (ou seja, condutas antes da data de vigor não sao típicas). Ou seja, a lei penal não retroage, ela só se aplica a fatos cometidos após a sua entrada em vigor.
A lei só retroage quando beneficia o réu.
A regra é que a lei penal não retroage, salvo para beneficiar o réu. A nova lei que é melhor para o réu vai retroagir. 
Cumprimento de pena é causa de extinção de punibilidade.
1) "Abolitio criminis" -> nova lei que descriminaliza a conduta; é uma causa extintiva da punibilidade; ela apaga todos os efeitos penais ainda que haja uma sentença condenatória transitada em julgado (ainda que ela tenha sido condenada); os efeitos civis permanecem e os penais são abolidos
a) autoridade policial
b) ministério público (MP)
c) juiz (ele que arquiva o inquérito, alegando que surgiu um abolitio criminis; assim, ele absolve o réu)
d) juiz da vara de execução penal
2) "Lex mitior" -> a lei para melhor
-> alterando a pena
a "Lex tercia" não é admitida nas jurisprudências. Leva-se em conta o que é mais benéfico
naquele momento. Não pode haver conjugação de leis por parte dos juízes nas leis penais (a criação de lei é função do poder legislativo)
"Ninguém pode ser punido por lei posterior que deixa de considerar fato como crime."
Período da atividade -> período que a lei está em vigor. 
Extra-atividade da lei penal
Retroatividade-> aplicação da lei penal antes de sua entrada em vigor
Ultra-atividade -> aplicação da lei penal depois que deixa de vigorar
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Primeira parte
- inciso 2 (modelos de direito penal):
Item 6 (as garantias penais e processuais) -> 73 a 78
- Inciso 3, número 10 (A prova, o poder de verificação e as garantias processuais), número 7 (as garantias processuais: necessidade da prova, possibilidade da refutação e convicção justificada - 119 a 122), número 8 (o ônus da prova, o contraditório, a motivação - 122 a 125)
Terceira parte (Teoria. As razões do direito penal)
Inciso 7 (A Pena. Como e quando punir); número 28 -> 301 a 310
Inciso 8 (O delito. Quando e como proibir); número 32 (Quando proibir os problemas substanciais do direito penal) -> 367 a 372
número  33 (Os princípios da necessidade e da lesividade. Os bens jurídicos) -> 372 a 384
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1) Sujeito ativo: é quem comete a infração
2) Objeto jurídico: é o bem ou interesse tutelado pela norma penal
3) Objeto material: pessoa ou coisa sobre a qual recai a conduta do sujeito ativo.
4) Sujeito passivo: é o titular do objeto jurídico; é o titular do bem ou interesse tutelado pela norma penal
Infrações penais:
1.1 - Delitos ou crimes -> pode existir pena privativa de liberdade (reclusão ou detenção), pena privativa de liberdade ou multa e pena privativa de liberdade e multa.
* PPL
* PPL ou multa
* PPl e multa 
1.2 - Contravenções penais -> infrações penais menos graves, que estão na lei de contravenções penais. Pode cominar isoladamente uma prisão simples ou uma multa, ou ambas ao mesmo tempo.
* prisão simples
* multa
* prisão simples ou multa
* prisão simples e multa
Ler depois-> Art 1° da lei de introdução ao CP
Normas penais em branco -> é uma norma que precisa de um complemento para a sua compreensão; não ofendem o princípio da legalidade; 
*normas penais em branco homogêneas
ex: contrair casamento sabendo da existência de impedimento absoluto (está no código civil). Ou seja, fontes legislativas homogêneas, pois foram criadas na Câmara.
*normas penais em branco heterogêneas
Ex: o que é substância entorpecente? (Está numa portaria da ANVISA). E lei é diferente de portaria.
Classificação das infrações penais
1) Quanto à consumação: 
1.1 - crimes instantâneos -> consumação se dá de forma imediata
1.2 - crimes permanentes -> consumação se prolonga no tempo
crime continuado -> ficção jurídica (considera-se apenas como um crime só) aplica-se a pena de um só dos crimes, se idêntica. Se tempo, lugar e outras condições praticamente os mesmos, os crimes subsequentes serão considerados prolongamentos do primeiro.
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Princípio da lesividade: a conduta do indivíduo tem que lesar ou expor a perigo de lesão outrem.
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-> Quanto ao sujeito ativo:
a) comum -> aquele que pode ser praticado por qualquer pessoa
b) próprio -> aquele que exige uma condição especial do sujeito ativo (infanticídio, concussão, peculato são exemplos)
c) de mão própria -> além de exigir uma característica pessoal (condição especial) a conduta nuclear (o verbo descrito no tipo; matar, subtrair, exigir) só pode ser praticada pela própria pessoa.
-> Quanto ao número de SA (sujeitos ativos):
a) unissubjetivo ou de concurso eventual -> aquele crime que pode ser praticado por uma pessoa
b) plurissubjetivo ou de concurso necessário -> aquele crime que não pode ser praticado por uma única pessoa; precisa de ao menos 2 pessoas
-> Quanto ao resultado:
a) material -> requer que ocorra um resultado naturalístico para ele se consumar.
b) formal -> aquele que, embora possa ocorrer um resultado naturalístico, se consuma com a prática da conduta.
-> Crimes de dano: conduta que lesiona algum bem jurídico
-> Crimes de perigo: a conduta expõe a perigo de lesão, mas não lesiona nenhum bem jurídico. Aqueles que há criminalização da exposição de risco a danos.
a) abstrato ou presumido -> presume-se a criação de um perigo potencial ao bem jurídico.
b) concreto -> demonstra-se, prova-se o perigo que aquela conduta expõe.
Quanto ao número de atos em que a conduta se desdobra:
-> crimes plurissubsistentes: crimes que se consegue desdobrar a conduta criminosa;
-> crimes unissubsistentes: não se consegue fracionar a conduta em vários atos; Admitem tentativa? não admitem, em via de regra, tentativa.
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-> crimes complexos: lesa ou expõe mais de um objeto jurídico
ex:
* roubo: 
patrimônio -> 1 OJ (objeto jurídico)
Integridade física e moral -> outro OJ
-> crimes dolosos (essa é a regra)
A consciência é sempre elemento do dolo. É saber de todas particularidades da conduta.
Dolo direto: o sujeito age com a vontade de causar o resultado proibido pela norma penal; tenha vontade de praticar a conduta e causar aquele resultado
Dolo eventual: o sujeito pratica a conduta, prevê o resultado e assume o risco da ocorrência.
-> crimes culposos (não agiu querendo o resultado nem assumindo o risco do resultado): deve haver precisão expressa em lei da conduta culposa.
* aqui o sujeito ativo não quer o resultado, nem assume o risco da sua ocorrência.
É agir sem cautela. Pode não prever o resultado ou prevê-lo mas acreditar sinceramente que não ocorrerá.
-> crimes preterdolosos
* há dolo no antecedente e culpa no subsequente.
ex: lesão corporal seguida de morte.
---Ler sobre crimes complexos
Dois exemplos de ultra-atividade (mesmo que aquela lei não esteja em vigor, eu continuo aplicando-a):
-> Leis excepcionais: são aquelas criadas para vigorar durante o período determinado ou durante as circunstâncias especificadas (enquanto houver os motivos para ela vigorar). 
* ex:
-> Leis temporárias: são aquelas criadas para vigorar até certa data determinada.
* ex:
Ambas são ultra-ativas, pois elas ainda vão ser aplicadas aos fatos praticados durante seu período de vigência, mesmo após ela não mais vigorar.
Art 3° do CP -> Elas são ultra-ativas -> aplicadas aos fatos ocorridos durante o seu período de vigência, mesmo que não estejam mais em vigor.
Crimes permanentes e continuados
-> Aplicação da lei mais recente que vigorar durante o período de permanência ou continuidade delitiva -> pesquisa: estudar para arguição na quinta-feira! Qual a súmula do STF que trata do assunto (eu vou sempre aplicar a última lei). Quais as críticas doutrinárias à súmula.
Normas penais em branco
-> Retroatividade do complemento: ocorre quando o seu conteúdo não tem natureza transitória; está intrinsecamente ligado às elementares contidas na DESCRIÇÃO TÍPICA (há uma retroatividade do complemento; assim, por exemplo, se a mudança for benéfica, vai atingir o réu; mas se não tiver natureza permanente, ela não retroage -> vender o preço acima da tabela, p/exemplo). Ou seja, o complemento de uma lei em branco retroage quando a natureza for permanente (com relação às drogas, por exemplo).
Art. 4°
Tempo do crime
* Teoria da ação ou Atividade -> considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão.
* Teoria do Resultado -> considera-se praticado o crime no momento do resultado.
* Teoria Mista ou da Ubiquidade -> considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão ou no momento do resultado.
A, menor de 18 anos, atira em B em 29/08/2015. Em 01/10/2015, A faz 18 anos. Em 29/12/2015, B falece. Em 29/12/2015 já vigorava outra lei. Eu aplico a pena com relação à A da data da conduta ou do resultado da conduta? Da ação. Ele será julgado com relação ao Estatuto da Criança e do Adolescente.
Art. 6° - Lugar do crime 
* A teoria da ubiquidade ou mista
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Aula de reposição
18/09 - sexta, às 8h
25/09 - sexta, às 8h
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Lugar do crime
1)
Teoria da atividade
2) Teoria do resultado
3) Teoria mista ou da ubiquidade
Territorialidade
-> Território nacional (Real): toda parte terrestre que compreende o território brasileiro, o subsolo, o mar territorial (12 milhas) e a coluna atmosfera que fica acima do território terrestre e do mar territorial. Após as 12 milhas, é alto mar. 
-> Território por equiparação ou extensão (isso permite resolver vários fatos sem usar da extraterritorialidade)
* aeronaves públicas; embarcações públicas
* aeronaves privadas e embarcações privadas à serviço do governo.
O princípio da territorialidade é mitigado por regras internacionais. Ou seja, ele é moderado. "Art. 5º - Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito internacional, ao crime cometido no território nacional."
Extraterritorialidade (quando o crime não ocorreu no território brasileiro): divide-se em condicionada e incondicionada.
Extraterritorialidade condicionada: aplica-se a lei penal brasileira dependendo do preenchimento de requisitos
Extraterritorialidade incondicionada: aplica-se a lei penal brasileira independentemente do preenchimento de qualquer requisito
Princípios:
1) Princípio da proteção, real ou da defesa: quando um bem do Brasil é danificado lá fora.
2) Princípio da justiça universal ou cosmopolita: terrorismo, tráfico de drogas, crimes que ofendem a dignidade humana, genocídio, etc. Crimes que todos países (da nossa cultura) reprimem.
3) Princípio da nacionalidade ativa passiva: leva-se em conta quem cometeu o delito; é nacionalidade ativa quando quem cometeu o crime era brasileiro; é nacionalidade passiva quando quem sofreu o crime era brasileiro.
4) Princípio do pavilhão ou da bandeira: aplica-se a lei brasileira a embarcação privada ou aeronave privada brasileiras.
No inciso I, existem os casos de extraterritorialidade incondicionada. No inciso II, os casos de extraterritorialidade condicionada.
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Dia 28/09
Matéria da prova: matéria lecionada até essa quinta, dia 17.
Trabalho -> entregar até o dia 29 de outubro.
1 -> Explique o princípio da legalidade.
2 -> Cite as hipóteses em que a lei penal retroage.
3 -> Explique o que é a ultratividade das leis penais temporárias e excepcionais.
4 -> Explique o que é um crime permanente.
5 -> Qual é o tempo do crime? Que teoria adotamos?
6 -> Diga o que é território por equiparação ou extensão.
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Ação penal pública -> Ministério Público oferece denúncia  (essa é a regra)
Ação penal pública é condicionada à representação (manifestação da vítima).
Existe também ação penal pública condicionada à requisição do Ministro da  Justiça.
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1) Crime habitual
Conceito: ele não existe com só a prática da conduta, ele precisa de uma série de condutas (uma certa habitualidade); não admite tentativa.
2) Dolo
Teorias
a) da vontade: quis o resultado
b) da representação: previu o resultado
c) do assentimento: assumiu o risco de produzir o resultado
3) Teorias adotadas pelo Código Penal:
a) teoria da vontade -> liga-se ao dolo direto
b) teoria do assentimento -> liga-se ao dolo eventual
Consciência da ilicitude está na culpabilidade; é analisada de forma potencial
4) Elementos do dolo
a) vontade: elemento volitivo
b) consciência: elemento cognitivo
E a potencial consciência da ilicitude? Não integra o dolo. O dolo que possui a consciência da ilicitude como elemento dele é o dolo normativo.
Não adotamos o denominado dolo normativo
-> A consciência da ilicitude integra a culpabilidade. Ela não precisa ser atual, basta ser potencial.
5) Por que o primeiro estudo em teoria do delito será sobre o dolo? Veja:
* crime: fato típico (se amolda perfeitamente ao tipo penal e ofende de forma significante o bem jurídico), antijurídico, culpável (conceito analítico de crime -> procura estudar os elementos do crime) -> Teoria tripartida; existe uma minoria que diz que o crime é o fato típico + antijurídico (teoria bipartida); a bipartida é falha porque todos elementos são pressupostos da aplicação da pena;
* conceito material: diz como tem de ser a conduta descrita pela lei penal
* conceito formal: seria o fato descrito como tal pela lei penal (não fala nada da natureza do crime)
Crime: são condutas que lesam ou expõem a lesões os bens jurídicos mais importantes contra lesões significantes (conceito material)
Fato típico doloso:
- conduta comissiva ou omissiva (ação ou omissão) (os omissivos próprios não admitem tentativa)
- tem de haver resultado; 
- há ainda o nexo causal, que liga a conduta ao resultado;
- e ainda há de ter a tipicidade (se enquadrar ao tipo penal).
Fato típico culposo:
- conduta comissiva ou omissiva
- resultado
- nexo causal (foi a conduta que deu causa ao resultado)
- inobservância do devido dever de cuidado objetivo (ser descuidado)
- previsibilidade objetiva do resultado - existir a possibilidade de prever o resultado
- tipicidade
Espécies:
- culpa inconsciente - não é possível prever o resultado, não há previsibilidade objetiva (permite que atuemos de outra forma)
- culpa consciente - inobserva um devido dever de cuidado, o resultado que viria da não observância é previsível
Ex.: deixar de guardar a arma, não prestar socorro, ir na contra mão, médico opera errado
Culpa imprópria (você matar uma pessoa que invadiu a sua casa, errar, matar um familiar e responder por crime culposo e não doloso -> ela agiu com dolo, mas só atirou para matar porque achou que era outra pessoa -> logo, é culposo): decorrente do erro de tipo indesculpável (desculpável perde dolo e culpa; não é crime)
Modalidades:
- imprudência -> dirigir em alta velocidade
- negligência -> omissão/não guardar a arma
- imperícia -> inobservância de regra técnica de profissão, arte, ofício. Ex.: errar coisas básicas de engenharia, medicina.
-> A regra é o crime doloso, a culpa é a exceção, deve haver escrito, expressamente, na lei que o crime aceita culpa.
-> Não existe tentativa em crimes culposos.
Crimes omissivos
-> próprios: omissivo propriamente dito; não se admite tentativa. Ex.: não oferecer socorro.
-> impróprios ou comissivos por omissão:
admitem tentativa. Ex.: uma mãe deixa de amamentar seu filho com objetivo de matá-lo. 
"nexo de não impedimento" (tinha o dever de impedir mas não impediu o resultado)
Art 13 do CP
- dever legal (pai com relação ao filho; médicos e enfermeiros com relação aos pacientes, etc)
- por outra razão -> ex: contratual (babá contratada com relação a uma criança)
- aquele que com seu comportamento anterior criou o risco da ocorrência do resultado. Inclui a culpa?
Em qual desses está presente a posição de garantidor? nos três acima (dever legal, por outra razão e aquele que com seu comportamento anterior criou o risco da ocorrência do resultado). 
Antijuridicidade (todo fato antijurídico é típico)
É a relação de contrariedade que existe entre o fato e o ordenamento jurídico. Nem todo fato típico é antijurídico. A tipicidade é a "ratio cognoscendi" da antijuridicidade. Um fato típico é provavelmente contrário ao ordenamento jurídico.
Causas legais de exclusão da antijuridicidade (causas de justificação):
-> legítima defesa: pressupõe uma agressão
-> estado de necessidade
-> exercício regular de direito
-> estrito cumprimento do dever legal
Conceito material
Conceito formal
Legítima defesa (pode ser própria - para proteger direito seu - ou de terceiro - para proteger direito do outro)
Elementares da legítima defesa:
- agressão atual (que está acontecendo) ou iminente
- o que é agressão? é agressão humana; ela tem que ser injusta
- uso moderado dos meios necessários (capaz de repelir a agressão)
- moderadamente (até a agressão cessar)
- meios necessários
Como o tipo incriminador, a legítima defesa (tipo permissivo) possui suas elementares. Circunstâncias afetam a pena.
Legítima defesa:
Legítima defesa real -> está de fato ocorrendo uma legítima defesa
Legítima
defesa putativa -> decorre de erro sobre as elementares do tipo de legítima defesa -> erro de tipo; o erro pode ser desculpável ou indesculpável. Ele ser desculpável (também chamado de escusável) decorre de ser inevitável. Já o indesculpável (também chamado de inescusável), por sua vez, é evitável.
O erro de tipo sempre vai excluir dolo. O erro de tipo indesculpável responde pelo fato a título de culpa (culpa imprópria). O erro de tipo desculpável exclui dolo e culpa.
Erro de proibição -> quando a pessoa acha que a conduta é lícita. Tem a ver com os limites.(da legítima defesa, no caso)
Erro de proibição desculpável -> exclui a culpabilidade (fica isento de pena)
Erro de proibição indesculpável -> responde por dolo, mas a pena é atenuada.
Erro de tipo tem a ver com as elementares.
Legítima defesa de legítima defesa (sucessiva) -> quando o agressor, por exemplo, usou a legítima defesa depois da legítima defesa da vítima, quando esta quis ultrapassar a LD.
-> obs.: não há compensação de culpa. Há concorrência de culpa.
Estado de necessidade -> existe uma situação de perigo atual (ou iminente) a um bem jurídico, e, para protegê-lo, deve-se lesionar outro bem jurídico. Ele só é admitido quando você não provocou a situação de perigo e não existe outra forma de proteger o bem jurídico.
Teoria unitária
- Sempre exclui a antijuridicidade
- Bem jurídico protegido tem de ser superior ou igual ao bem jurídico lesado
Teoria diferenciadora
Adotada pelo código Penal Militar
- B.J. protegido de valor superior ao B.J. lesado > exclui a antijuridicidade
- B.J. protegido igual ao B.J. lesado > exclui a culpabilidade
Exercício regular do Direito -> médico que intervém cirurgicamente, lutador de UFC numa luta.
Tipicidade conglobante (Zaffaroni)-> a conduta é incentivada pela sociedade. As agressões esportivas são atípicas nessa visão.
Estrito cumprimento do dever legal -> policial arrombando uma casa, por exemplo.
Essas causas de exclusão de antijuridicidade são legais.
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Causa supra legal de exclusão da ilicitude:
a) consentimento do ofendido
-> requisitos: só uma pessoa capaz pode consentir; tem que ser dado antes da consumação.
Culpabilidade
Conceito: aquilo que gera uma reprovação sobre a conduta do sujeito. Ela é a medida da pena (quanto maior a reprovação, maior a pena).
Elementos:
a) imputabilidade -> capacidade de ser responsabilizado penalmente; 
-> excludente: menoridade (critério biológico) -> inimputáveis; os menores de 18 anos (que ficam sob tutela do Estatuto da Criança e do Adolescente)
doença mental (critério biopsicológico) -> inimputáveis no momento de tal conduta; tem de ser provado com especialistas que eles não tinham o discernimento necessário para entender o caráter ilicito do fato. Tem que ser totalmente incapazes. Os semi-imputáveis são os que possuem doença mental e têm capacidade de discernimento reduzido. O juiz normalmente reduz a pena ou indica um tratamento laboratorial.
Os doentes mentais inimputáveis ficam sujeitos a medidas de segurança (internação ou tratamento laboratorial). Os menores sofrem medidas sócio-educativas.
b) potencial consciência da ilicitude -> pergunta-se se o indivíduo tinha condições de atingir conhecimento que aquela conduta dele contrariava o ordenamento jurídico. O desconhecimento da lei é inescusável.
-> excludente: erro de proibição inevitável -> se o erro de proibição for desculpável (inevitável, escusável), afasta a potencial consciência da ilicitude, e, em consequência, a culpabilidade
Se ele for indesculpável (inescusável, evitável), existe a culpabilidade, mas a pena será atenuada.
c) exibilidade de conduta diversa ou conforme o Direito
- excludente (inexibilidade de conduta diversa):
* coação moral irresistível -> afasta o crime porque afasta a culpabilidade (pois afasta a exibilidade de conduta diversa ou conforme o Direito)
* obediência hierárquica a ordem não manifestamente ilegal -> não se pratica crime porque afasta a culpabilidade (pois afasta a exibilidade de conduta diversa ou conforme o Direito)
Embriaguez (com crime subsequente):
Pré-ordenada -> a pena é aumentada.
Actio libera in causa -> a ação inicial é livre da final. Ex.: se embriagou voluntariamente e cometeu conduta ilícita, v.g., traficou drogas. Nesse caso, o tráfico é culposo.
Por caso fortuito ou força maior -> exclui-se algum elemento do crime? (No caso, uma mulher que bebe álcool sem saber ou que bebe sendo forçada)
Matérias a abordar
"Iter criminis" (caminho do crime)
a) tentativa: espécies (alguns atos preparatórios são puníveis, mas a regra é que não são; os atos de execução são puníveis; depois, vem a consumação; e, às vezes, depois vem o exaurimento).
b) desistência voluntária -> desiste de prosseguir com os atos de execução restantes voluntariamente; responde apenas pelos atos praticados. Ela ocorre depois de iniciada a execução e anterior à consumação. Tem de ser VOLUNTÁRIA (a espontaneidade pouco importa).
c) arrependimento eficaz -> o sujeito praticou todos atos de execução e impediu que o resultado ocorresse.
d) arrependimento posterior -> só é admitido nos crimes sem violência ou grave ameaça.
e) teorias da ação
f) nexo causal: concausas
g) princípios: conflito aparente
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Causa -> toda ação ou omissão sem a qual não teria acontecido o resultado
CP -> Teoria da equivalência dos antecedentes causais (tudo que contribui para o resultado é causa, tem a mesma importância)
* "conditio sine qua non" -> Condição sem a qual o resultado não teria acontecido
Concausa -> fator externo (ex: hemofílico que sofreu um disparo)
-> concausas: absolutamente independentes (é absolutamente independente da conduta do sujeito ativo; ou seja, ela que causou o resultado da conduta)
* preexistentes -> à conduta do sujeito ativo (sujeito ingeriu veneno e depois morreu por causa de um disparo)
* concomitantes (no momento da conduta)-> à conduta do sujeito ativo (sujeito, no momento em que iria sofrer um disparo, é atingido por um raio na cabeça)
* supervenientes (depois da conduta) -> à conduta do sujeito ativo (ex: caminhão atropela uma mulher que tinha sido envenenada, embora o veneno ainda não tinha feito efeito)
Concausas relativamente independentes (sujeito ativo responde pelo resultado, exceto na concausa superveniente sem desdobramento causal):
* preexistentes -> hemofílico que sofre um disparo e morre
* concomitantes -> caminhão atropela a vítima no momento em que ela toma o veneno e fica cambaleando
* supervenientes -> com desdobramento causal (ex: vítima sofreu disparo, foi pro hospital e morreu por causa de complicações)/sem desdobramento causal (ex: vítima que sofreu tentativa de homicídio é arremessada de dentro de uma ambulância e morre)
Causas de justificação ofendículos
* legítima defesa pré-ordenada ou exercício regular do direito
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Crime impossível -> Art.17 CP
Absoluta impropriedade do objeto/absoluta ineficácia do meio (ex: sujeito quer matar alguém mas usa uma arma ineficaz -> meio ineficaz; corrupção de menores com menor de ampla ficha criminal -> impropriedade do objeto, pois corromper alguém já corrompido é impossível; outro exemplo é "tentar" matar alguém que já está morto -> impropriedade do objeto)
Tentativa
* falha -> não consegue completar o processo de execução para alcançar o resultado por situações alheias à vontade do agente
* perfeita -> fez tudo que podia fazer para alcançar o resultado, mas ainda sim o resultado não ocorre por situações alheias à vontade do agente
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Conflito "aparente" de normas
2 princípios:
1) especialidade -> prevalece a especial
2) consunção - crime fim absorve o crime meio -> o sujeito ativo precisa praticar o crime meio? se sim, ele responde pelo crime fim (o crime fim absorve o crime meio)
Teorias da ação
* teoria causal -> considera-se ação (tudo que altera o mundo exterior) toda conduta que dá causa ao resultado. Análise
exterior, objetiva. Não dá pra diferenciar dolo e culpa (estes se encontram na culpabilidade)
* teoria finalista -> a conduta é aquela finalisticamente dirigida a um resultado. Por que que o sujeito ativo praticou aquela conduta?; Existe culpa e dolo
* teoria da imputação objetiva -> a conduta (ação ou omissão) causou o resultado (nexo de causalidade - diferentemente da teoria superveniente das concausas)
- dolo ou culpa: só responde pelo resultado que cometeu um dos dois
- para que haja imputação do resultado, o agente tem de criar um resultado proibido ou aumentou o risco do resultado proibido. Nada obstante, tem de se perguntar se o resultado que ocorreu está dentro do âmbito de proteção da norma (ex.: um sujeito é garçom e biólogo, e percebe que no prato há uma erva venenosa que será servida ao seu desafeto. Ora, pela teoria dos antecedentes causais, com ele querendo causar a morte, ele responderia por morte. Todavia, pela teoria da imputação objetiva, ele, na sua condição de garçom, não tem de saber distinguir o que é uma erva venenosa de uma não venenosa. Portanto, ele não responderia por morte). 
- caso seja um resultado tolerado ou permitido pela sociedade, não haverá imputação. Só responde se gerar um resultado não permitido.
Se o risco decorre de uma ação normal e socialmente adequada, não há nexo causal e, destarte, não há crime, posto que ausência de nexo causal indica atipicidade.
Outro exemplo -> um cidadão sofre um disparo no pé e o agente desta ação queria matá-lo. Após internado, ele sofre uma infecção e morre.
Pela teoria da imputação objetiva, o sujeito ativo só responderia por tentativa de homicídio, vez que, apesar de constituir uma conduta proibida, o resultado fugiu da linha normal de resultados.
Pela teoria das concausas supervenientes, entretanto, o sujeito ativo responderia pelo crime, pois só morreu devido aos ferimentos do disparo.
Conduta -> resultado -> criou resultado proibido ou aumentou o risco do resultado proibido // é diferente do tolerado ou permitido pela sociedade
Teorias da culpabilidade
* teoria limitada
* teoria externa
* teoria extremada
Conflito aparente de normas
* Continuação...
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Coação física irresistível -> não há conduta, logo exclui a tipicidade (fato típico)
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Trabalho sobre funcionalismo penal (o que é, quais são os tipos) - 1 a 2 laudas - p/dia 16, dia da prova global
Teoria limitada da culpabilidade -> para que o partícipe seja responsabilizado, o autor tem que cometer pelo menos um fato típico e antijurídico.

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