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Conceitos Básicos Espaço, Território e Territorialidade

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Conceitos Básicos: Espaço, Território e Territorialidade 
Prof. Dr. Haruf Salmen Espindola 
 
Espaço e Espacialidade 
Quais as propriedade do espaço? extensão e meio de 
coexistência de objetos físicos. Espaço, no entanto, não é o 
extenso em si mesmo, pois o extenso é produzida pela 
relação que se estabelece entre os corpos físicos (objetos): a 
isso chamamos espacialidade. 
Espacialidade abarca o que é próprio da extensão: forma, 
posição, distância, direção, diversidade de direção e 
conexões. 
Propriedades do espaço 
O Espaço tem as propriedades da contiguidade: 
- superfície e volume nessa superfície: coisas naturais e 
coisas artificiais, que os geógrafos chamam de 
rugosidades do espaço; 
- localidades: ligações entre elas, movimentos de uma 
para outras, obstáculos e isolamentos; 
- campo onde acontecem as coisas, arredores 
vizinhanças, arrabaldes; 
- paisagens e cenários. 
As propriedades da contiguidade que limitam podem ser 
quebrados pelas novas tecnologias, criando as conexões em 
redes (no lugar da contiguidade surge a reticularidade): 
contatos a distância; redes sociais; redes de computadores, 
sistemas de satélites; redes financeiras e empresariais etc. 
Espacialidade dos fenômenos sociais 
O que interessa para o Direito, a Ciências Sociais, a 
Administração, a História, a Política, ou seja, para as 
Ciências Humanas e Sociais é a espacialidade dos 
fenômenos sociais. São as relações sociais que ocorrem 
entre agentes (atores sociais) concretos do sistema social que 
determinam a configuração do espaço e definem o que é o 
espaço. São os agentes e as relações sociais que produzem a 
configuração espacial que se pode observar no espaço e a 
definição sobre o que é o espaço. 
A espacialidade social é determinada, isto é, a 
espacialidade não tem um caráter universal, mas sempre é 
histórica e localmente produzida. Assim, podemos afirmar 
que o espaço é produzido histórica e localmente, ou seja, é 
sempre uma produção de uma época, por uma determinada 
duração e, portanto, é um produto histórico. 
Organização Espacial 
Uma configuração espacial se torna uma organização 
espacial quando é sustentada por processo social. Pode 
existir dois tipos de processos sociais: espontâneo ou 
intencional. 
- O espaço pode ser resultado da ação espontânea de 
agentes sociais: quanto não existe agente dirigindo o 
processo social. O mercado é um exemplo; 
- resultado da ação consciente de agente visando obter 
objetivos preestabelecidos: existe agende capaz de 
dirigir o processo social. Exemplo: um grande 
investimento de capital (por empresa ou pelo Estado), 
como foi o caso da cidade de Ipatinga, cujo início foi 
todo planejado pela Usiminas. 
AS ações humanas capazes de configurar o espaço têm 
caráter de processo (processo social), isto é, ações cíclicas: 
repetitivas, regulares e possíveis de serem reproduzidas 
(recorrência, repetição, regularidade, reprodução). 
Valor do Espaço 
Os lugares não têm a mesma importância econômica, social, 
cultural e política. Isso porque os lugares possuem diferentes 
infraestruturas construídas, meios de comunicação 
disponíveis, número de estabelecimentos econômicos, 
quantidade de empreendimentos, disponibilidades de 
equipamentos urbanos, infraestrutura cultural, número de 
órgãos governamentais e tudo mais que o trabalho humano é 
capaz de construir e organizar. Considerando a lei da 
Ciência Econômica, que afirma ser o valor do trabalho a 
quantidade de tempo gasto para produzir qualquer coisa, e 
que os diferentes espaços recebem quantidades de trabalho 
diferentes, conclui que os lugares acumulam tempos 
desigualmente: uma grande metrópole (São Paulo, Rio de 
Janeiro, Paris...) concentra todas as dimensões econômicas, 
sociais, culturais e políticas; uma pequena cidade possui 
muito pouco de cada uma dessas dimensões. 
O espaço tem valor na medida em que está organizado ou 
que pode ser organizado, portanto, a partir do momento que 
tenha uma utilização (valor de uso). Além de valor de uso o 
espaço tem também valor de troca (monetário), ou seja, é 
uma mercadoria vendida e comprada. 
O Espaço é formado por lugares diferentes 
Segundo o geógrafo Milton Santos: 
“... O espaço é a acumulação desigual de tempo.” O que 
significa essa citação? No espaço está materializado o 
trabalho humano. É o trabalho que incorpora ao espaço 
valor. O valor do espaço é determinado pelo trabalho nele 
incorporado, em formas materiais (objetos e sistema de 
objetos, tais como máquinas e sistema industrial, 
equipamentos e redes elétricas, redes de computadores, 
cidades, redes rodoviárias e redes ferroviárias etc., tosas eles 
dependentes do trabalho humano para ser produzido); e na 
forma imaterial (organizações, empresas, instituições, 
sociedades anônimas, entidades sociais, culturais e religiosas 
etc., todas elas dependentes de trabalho humano para 
funcionar). Tem lugares que tem mais concentração 
(densidade) das formas materiais e formas imateriais, 
enquanto outros têm muito pouco. 
 
 
 
 
 
 
 
O espaço é produzido e, ao mesmo tempo, o espaço é 
produto. O espaço produto é o resultado do trabalho 
realizado ao longo de um tempo mais ou menos longo. O 
Atores 
 
Espaço = Espaço é 
produzido 
Espaço produto 
Condiciona o ato de produzir 
espaço produto é tudo que está pronto, construído e 
funcionando, vindos de épocas diferentes e de antes de hoje 
(presente). Em cada época e lugar existiam técnicas mais ou 
menos avançadas e organização econômica e social mais ou 
menos desenvolvida, com sua cultura e organização política 
própria de cada lugar e época. Quase tudo das épocas 
passadas permanece hoje: ou funcionando, ou como ruína, 
ou como vestígio arqueológico. 
Heterogeneidades e multiplicidades 
O espaço é formado por heterogeneidades e multiplicidades 
de práticas e processos sociais. Por mais que as pessoas 
achem ou que possa parecer, o espaço não é um todo já-
interligado e conhecido. O espaço é um produto contínuo de 
interconexões, novas conexões, conexões não previstas, 
conexões não controladas e, até mesmo, de não-conexões ou 
recusa de se conectar. O espaço é formado pelo que existe e 
pelo que ainda não existe, mas pode existir. Assim, ele será 
sempre inacabado, aberto e flexivel. 
Pensar o espaço como a esfera de uma simultaneidade 
dinâmica, constantemente desconectada por novas 
chegadas, constantemente esperando por ser determinada. O 
espaço deve ser pensado como sempre indeterminado, pois é 
a possibilidade sempre aberta da construção de novas 
relações. 
Entender o espaço como um produto de inter-relações, que 
não existe antes das identidades/entidades e de suas 
relações, pois é sempre relacional, é relacionalidade; 
Imaginar o espaço como esfera de existência de diferenças, 
multiplicidades, heterogeneidades; 
Considerar o espaço sempre aberto, sempre em processo, 
possibilidade do imprevisível, do não planejado, de ligações 
ausentes ou se ligações não imaginadas; 
Compreender o espaço como a existência coetânea (ao 
mesmo tempo) de pluralidades de trajetórias, uma 
simultaneidade de histórias-até-agora, de multiplicidades e 
heterogeneidades de histórias coexistindo, sem nunca se 
encontrarem e se conhecerem. A possibilidade do 
inesperado e da surpresa, de descobrir o que nunca se 
imaginou. (A sua história, a minha, a nossa é apenas uma 
entre muitas outras histórias que existem; que podem se 
conhecer ou nunca virem a se encontrar.) 
Espaço e Poder 
O Poder com maiúscula (Estado) ou poder em geral 
(organização, instituição, igreja, grupo, movimento social, 
empresa etc.) se esforçam, permanentemente, para controlar 
o espaço. Todavia, o espaço contraria sempre todo o esforço 
do poder para dominá-lo totalmente e controlar tudo que 
acontece no nele, seja por meio do ordenamentoe 
organização do espaço, seja tentando impor normas e regras. 
Sempre vai ter muitas coisas e pessoas que o poder não 
consegue controlar. Portanto o espaço nunca é fechado e 
rígido, mas sempre aberto e flexível: vão surgir sempre 
novidades e coisas imprevistas, seja no campo econômico 
(novas empresas), técnico (novas tecnologias), social (novos 
movimentos sociais, novos padrões sociais, novos valores 
etc.), cultural e ideologias e formas de organização política. 
Se não fosse isso não haveria novidades, atualidades e 
transformações sociais. Um contra-poder e contracultura 
sempre vai manifestar no espaço, pois não é possível 
controlar tudo que acontece nele. 
Sociedade e Natureza 
A configuração natural (relevo, clima, hidrografia, 
vegetação etc.) contribui para especificar a configuração 
espacial, mas não significa de nenhuma maneira que 
produza a organização espacial e determine a configuração 
espacial. Não podemos esquecer que são os processos 
sociais que produzem a configuração espacial. 
- São os processos sociais que criam as estruturas sociais, 
os meios de produção e as relações sociais, conforme o 
desenvolvimento das forças produtivas, o sistema 
político, a cultura etc. 
- São os processos sociais que fornecem o sentido a um 
determinado espaço e permite identificá-lo como 
organização espacial. 
 Território 
Do espaço ao território 
Espaço não é o mesmo que território. O Espaço pode ser 
muitas coisas. Território é um espaço definido pelo poder, 
no qual se estabeleceu relações de poder. 
Duas propriedades têm que se fazer presentes no espaço 
para que uma organização espacial se torne Território: 
“relações de poder” e “formas próprias de utilização”. É o 
poder e um sentimento de pertencimento comum que fazem 
do espaço um território. Essas duas propriedades (utilização 
e poder) são fundamentais para se definir uma organização 
espacial como organização territorial. O território não é o 
mesmo que o espaço, mas é produzido a partir do espaço. 
Conceito de Território 
O espaço e, conseqüentemente, o seu uso, é definido como 
território quando está delimitado e constituído por relações 
de poder; 
O território é definido por ação de poder, exercido por 
grupo ou grupos sociais, ou por instituição ou entidade, 
capaz de apropriar, delimitar, controlar acesso, regular, 
reprimir dissensões e impor as definições consideradas 
aceitáveis; 
O território é o resultado histórico das ações de poder e das 
formas de utilização do espaço. 
É preciso considerar não somente o poder, mas também o 
uso, levar em conta os muitos atores sociais presentes no 
territórios – com diferentes interesses, posição social, 
ideologia e identidade cultural, em situação de conflito e 
consenso; 
O território é campo de forças, existem tensões diversas, 
mas os atores estão ligados numa teia ou rede de relações 
sociais que, a par de sua complexidade interna, define, ao 
mesmo tempo, um limite, uma alteridade: 
- diferença entre 'nós' (os membros da coletividade ou 
'comunidade', os insiders) e os 'outros' (os de fora, os 
estranhos, os outsiders)". 
Território e Regulação (norma) 
O poder tem que ser capaz de produzir a regulação e coesão 
social. 
O território se forma a partir do espaço, é o resultado de uma 
ação conduzida por um ator sintagmático (ator que realiza 
um programa) em qualquer nível. Ao apropriar de um 
espaço concreta ou abstratamente, o ator "territorializa" o 
espaço. 
O poder ao ordenar e regular o espaço, ele produz o 
território normado. 
O conjunto de ligações ou de relações entre freqüentadores 
do mesmo lugar não faz do lugar um território - território 
não é o espaço nem um lugar; 
O território não é o espaço, território é apropriação do 
espaço. O território é espaço delimitado, construído e 
desconstruído por relações de poder e utilização que envolve 
uma gama de atores que vão territorializando as suas ações; 
O território não se reduza a entidade jurídica nem aos 
espaços vividos (lugar) sem existência política, sem agentes 
portadores de poder. 
Entidade jurídica, política e administrativa não se reduz 
unicamente ao Estado, mas relaciona-se a todo agente capaz 
de exercer o poder de apropriar, delimitar e definir o uso de 
um determinado espaço. 
Portanto pode-se falar na produção de múltiplos territórios, 
justapostos ou sobrepostos. 
Territorialidade 
Do território a territorialidade 
Território se refere aos lugares inter-relacionados, incluindo 
os percursos, com seus pontos importantes, e seus meandros, 
as ligações superficiais, expostas e visíveis, as capilares, as 
subterrâneas, as invisíveis; 
Os indivíduos e coletividades territoriais mantêm com o 
território relações subjetivas: sentimento de pertencimento 
partilhado coletivamente (“eu sou daqui”, “eu faço parte”, 
“eu pertenço a essa terra”) e de apropriação (“isto é meu”, 
“minha terra”, “meu domínio”, “esse é meu povo”). 
O território projeto no espaço estruturas social específicas de 
uma coletividade, que incluem: 
- um modo de classificar e gerenciar o espaço; 
- a capacidade de controlar o acesso; 
- o desejo de influenciar o comportamento dos de dentro; 
- o compartilhamento de representações e percepções 
subjetivas; 
- uma organização e administração própria (exercício do 
poder); 
- conjunto de normas seguidas e cumpridas; 
- coerção e repressão para garantir o cumprimento das 
normas. 
O território é “especificidade”, tipicidade que resulta da 
identidade cultural e sentimento de pertencimento, possuída 
pelos que “são de dentro”, “fazem parte” – produz uma 
sensação de conforto, confiança e segurança –gaucho, 
sertanejo, funkeiro etc.; 
O território cristaliza representações coletivas e símbolos, 
um patrimônio cultural e uma herança histórica que se 
encarnam e expressam de formas diversas, materiais e 
imateriais; 
Essas representações são decisivas nas relações de poder e 
na garantia da coesão social. 
O território expressa o “ser, saber e saber, fazer” do sujeito e 
da coletividade territorial. O território é formado por lugares 
que tem identidade e raízes histórico-culturais, configuração 
política e identidades próprias marcadas por um forte 
sentimento de pertencimento ao território. No território 
lugares se interligam, com os atores produzindo e, ao 
mesmo tempo, vivendo as relações sociais, culturais, 
políticas, normativas e os valores, num determinado 
contexto marcado por relações de poder 
O fator institucionalidade, cultural e social são 
determinantes da construção social de um território: Capital 
Institucional; Capital Cultural e Capital Social.. 
Territorialidade 
A territorialidade reflete a multidimensionalidade do vivido 
territorial pelos membros de uma coletividade; 
Territorialidade não é simplesmente o espaço de 
sobrevivência (territorialidade animal), mas refere-se a 
identificação psicológica com o espaço, sociabilidade, da 
identidade individual e coletiva; 
Territorialidade significa processo de coesão dos grupos 
sociais; 
Territorialidade é identificação psicológica, parte do 
processo de sociabilidade, constrói a identidade. Pode ser 
transposta, como fazem os imigrantes, ao buscar reconstituir 
“seu” território no destino; uma nova sociabilidade. 
Uma territorialidade rígida pode impedir a nova 
sociabilidade e dificultar adaptações ou, em excesso ser 
fonte de apoio a ódios e exclusões (uma espécie de 
terrorismo territorial ou fundamentalismo). 
O conceito de territorialidade cumpre o papel de definição 
(classificação relacionada a área – identifica pertencimento: 
os que são de dentro e os diferenciam que são de fora), de 
comunicação (comunica limites que não podem ser 
ultrapassados – quem pode entrar, quem não pode – pode ser 
limites da língua, costumes, valores, símbolos, 
comportamentos, expressõesculturais e artísticas, 
compartilhamento histórico, herança cultural) e de controle 
ou “aprisionamento” (normatização, permissão, acesso). 
O vivido territorial produz laços de identidade com o espaço 
e induz à cooperação em prol de interesses comuns. A 
identidade produz especificidade cultural e tipicidade 
(produto típico, pessoa típica de um lugar); patrimônio 
cultural comum; capacidades técnicas e produtivas; saber e 
saber fazer. 
Os atores locais tendem a proteger, valorizar e capitalizar 
aquilo que de próprio de seu território, fortalecendo a 
identidade ou podem deixar tudo se perder, entrando em 
decadência ou copiando o que vem de fora. 
Supraterritorialidade 
O capitalismo no estágio da revolução técnico - cientifica 
favoreceu a globalização; 
Surgiram as possibilidades de intercâmbios e conexões 
ampliadas em rede: relações sociais, trocas culturais; 
As organizações e megas empresas passaram transitar pelos 
diversos territórios nacionais; 
Atores sociais ligados ao processo globalizados passaram a 
operar numa supraterritorialidade – deixaram de estar preso 
a determinados territórios e criaram locais espalhados pelo 
mundo que possuem as mesmas características globais; 
Qualquer pedaço da superfície da Terra se tornou funcional 
às necessidades, usos e interesses de das megas empresas na 
atual fase da história; 
A supraterritorialidade afetou a capacidade do Estado de 
estabelecer seus próprios parâmetros nacionais, sem 
ingerências externas, mas isso não significa que o princípio 
da jurisdição nacional do Estado esteja sendo contestada 
externa e internamente; o Estado continua forte para 
controlar a força de trabalho, mas em outros pontos 
fragilizou: 
- ingerência dos EUA no Iraque, Bósnia, Granada etc.; 
- atuação do capital financeiro, que se move além 
fronteira; 
- megas empresas que escapam a toda territorialidade, 
agindo globalmente. 
Tipos de territórios 
- Territórios-zona são aquele nos quais prevalece a 
lógica política tradicional; 
- Territórios-rede são aqueles nos quais prevalece a 
lógica econômica da globalização; 
- Aglomerados de exclusão são aqueles territórios 
marcados pela lógica social de exclusão sócio-
econômica das pessoa. 
Aglomerados de Exclusão 
O mesmo processo que resultou na globalização e produziu 
a supraterritorialidade (territórios-rede) também fez surgir 
espaços que não configuram uma lógica clara no sistema 
territorial do Estado (territórios-zona); 
Na periferia das grandes cidades, na periferia do mundo 
desenvolvido, formaram os bolsões de miséria, aglomerados 
humanos complexos e, ao mesmo tempo, frágeis 
socialmente e ambíguos em termos de territorialidade – são 
os aglomerados de exclusão – “comunidades” dos morros 
cariocas; campos de refugiados no oriente médio; periferia 
de Paris etc. 
Multiterritorialidade 
O mundo contemporâneo – pós-industrial e pós-moderno – 
se tornou muito complexo em todas dimensões – econômica, 
social, política e cultural; 
Múltiplos territórios estão postos lado a lado, diferentes 
lógicas existências convivem entre si e interagem, diferentes 
territorialidades se entrecruzam, compartilham-se ou 
excluem-se; 
Ocorre a sobreposição de lógicas territoriais no interior da 
mesma escala geográfica ou no mesmo espaço. 
Pessoas vivenciam a territorialidade de forma passiva ou 
ativa: 
Territorialidade passiva: de um determinado local, com o 
uso das novas tecnologias de comunicação, acionar 
múltiplas escalas territoriais - o processo de globalização 
domina, o global se impõe sobre o nível local 
Territorialidade ativa: deslocamento físico, com acesso 
permanente aos meios de transporte;acesso aos pontos de 
conexão às redes (ou aos territórios-rede) dos circuitos 
globalizados - o processo de globalização é vivenciado 
efetivamente – o local se impõe ao global. 
Na forma ativa há uma resposta do local capaz de influir nos 
processos globais, o local se expande globalmente e se 
beneficia da globalização, conservando sua identidade; 
As distintas formas de vivenciar a territorialidade dependem 
de condição econômica, capital cultura e meio 
institucional/cultural. 
 
Tipologia das territorialidades 
Territorialidade tradicional ou exclusiva – Não admite 
partilhar a soberania jurídica: lógica clássica do Estado – 
busca da uniformidade nacional ou, no caso de existir 
pluralidade, busca enquadrá-la numa identidade nacional; 
Territorialidade fechada ou territorialismo – 
supervalorização do território de pertencimento, busca 
excluir pessoas consideradas estrangeiras (visão 
naturalizada, a histórica – não admite pluralidade de 
identidades culturais; 
Territorialidade flexível – admite a sobreposição, 
intercalação de territórios, multifuncionalidade territorial: 
com nas territorialidades múltiplas das áreas centrais das 
grande cidades, organizadas em torno de usos temporários 
entre dia e noite. 
Territorialidade múltipla – sobreposição de funções e 
controles, como nas novas formas de gestão multi-escalares 
das empresas transnacionais, que conjugam níveis locais, 
regionais, nacionais, mega-regionais (blocos) e globais. 
Um tipo de territorialidade se fragilizou: a nacional, a do 
Estado Nacional, a da soberania do Estado. 
A territorialidade é cada vez mais complexa, podendo 
assumir para cada grupo cultural, classe social uma 
configuração diferente – por isso é preciso se abrir para 
vivenciar a diversidade cultural; 
Os grupos e classes sociais experimentam de modo diferente 
a nova complexidade do mundo contemporâneo: pessoas e 
grupos que usufruem da multiterritorialidade, outras que 
agem na supraterritorialidade, aqueles que ainda se mantém 
fixados à terra e presos a tradições seculares, e os que se 
encontram nos “modernos” aglomerados de exclusão. 
 
SAQUET, M.A.; SOUZA, E.B.C. Leituras do conceito de território 
e de processos espaciais. São Paulo, Expressão Popular, 2009. 
COSTA, Rogério Haesbaert da. O mito da 
desterritorialização: do "fim dos territórios" à 
multiterritorialidade. 3.ed. rev. Rio de Janeiro: Bertrand 
Brasil, 2007. 
ROSENDAHL, Z.; CORREA, R. L.. Religião , identidade e 
território. Rio de Janeiro: EDUERJ, 2001. 
SANTOS, M. et al. O retorno do território. In: SANTOS, 
M.; SOUZA, M. A. A. de; SILVEIRA, M. L. (Org.). 
Território: globalização e fragmentação. São Paulo: 
HUCITEC/ANPUR, 1994.

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