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9- Ação_Monitória

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AÇÃO MONITÓRIA
(Arts. 1.102-a, 1.102-b e 1.102-c)
Thyago Luis Barrêto Braga
Procurador Público Efetivo do Município de João Pessoa, Ex-Analista Judiciário do Tribunal de Justiça do Estado da Paraíba, Ex-Assessor Jurídico de Gabinete do TJPB, Professor de Direito Processual Civil da Faculdade Maurício de Nassau de João Pessoa e Professor em nível de Pós-Graduação da Faculdade Maurício de Nassau – JP / Escola Superior da Advocacia – ESA/PB
1. Trata-se de ação – hábil a deflagrar procedimento de rito especial – e cuja finalidade é:
a) a obtenção de um título executivo judicial de forma célere;
b) obter pagamento em dinheiro ou entrega de coisa móvel fungível.
2. A ação monitória não serve para:
a) compelir outrem à obrigação de fazer ou não-fazer;
b) compelir à entrega de bem imóvel
c) compelir à entrega de bem infungível
Exemplo: Embora o quadro de Mona Lisa seja um bem móvel, este não pode ser objeto de ação monitória, pois se trata de bem infungível.
3. Existem duas espécies de monitória: pura e documental
A monitória pura é aquela em que não há necessidade de apresentação de documento (prova literal da dívida líquida). 
Entretanto, o sistema jurídico brasileiro recepcionou a monitória documental, pois o autor da demanda deve, necessariamente, apresentar prova literal da dívida liquida, ou seja, documento sem eficácia de título executivo, consoante determinado pelo art. 1.102-A do CPC: 
“Art. 1.102-a. A ação monitória compete a quem pretender, com base em prova escrita sem eficácia de título executivo, pagamento de soma em dinheiro, entrega de coisa fungível ou de determinado bem móvel”
Observação: A petição inicial deve respeitar os requisitos do art. 282 e 283 do CPC. Para que haja respeito ao artigo 283 do CPC, o autor deve apresentar prova escrita sem eficácia de título executivo. Caso esse documento não seja apresentado, o juiz determinará a sua apresentação no prazo de 10 (dez) dias, conforme estabelece o art. 284/CPC, sob pena de extinção do processo sem resolução de mérito.
Observação: Caso o documento apresentado já possua eficácia de título executivo, será a hipótese de reconhecimento de carência do direito de ação (por ausência de interesse processual de agir), afinal a ação monitória será desnecessária. Consequentemente, haverá a extinção do processo sem resolução de mérito.
4. É possível a propositura de ação monitória contra a Fazenda Pública, não se havendo falar que a constituição do título executivo judicial ofenderia no bojo do processo monitório violaria o direito da fazenda pública ao reexame necessário, posto que – no procedimento monitório – não é proferida decisão condenatória, daí não se falar em reexame necessário.
Confirmando a possibilidade de procedimento monitório contra a fazenda pública, reza a Súmula 339 do STJ: É cabível ação monitória contra a Fazenda Pública. 
5. Depois de receber a petição inicial, o juiz deve proferir decisão interlocutória, ocasião em que deverá analisar se a pretensão do autor é plausível e se está presente a prova literal da dívida. Caso entenda positivamente, expedirá mandado de pagamento ou de entrega da coisa no prazo de 15 dias, consoante estabelecido no art. 1.102-B do CPC: 
“Art. 1.102.b - Estando a petição inicial devidamente instruída, o Juiz deferirá de plano a expedição do mandado de pagamento ou de entrega da coisa no prazo de quinze dias” 
6. Em verdade, no mandado expedido pelo juiz possuirá como função citar o réu e lhe informar que este possui o prazo de 15 (quinze) dias para pagar/entregar a coisa espontaneamente ou para oferecer embargos monitórios (verdadeira contestação).
Observação: a citação do réu em sede de processo monitório pode ser realizada de todas as formas permitidas em direito: por carta registrada com AR, por Oficial de Justiça (seja a citação pessoal ou por hora certa) e também por edital (Súmula 282/STJ), no caso do réu encontrar-se em local incerto e não sabido 
Observação: No caso de revelia do réu citado por hora certa ou por edital, deve-se conceder curador ao revel, isto por força do art. 9º, inciso II, do CPC.
7. Citado, as condutas que poderão ser adotadas pelo réu são:
a) pagamento espontâneo da dívida, ocasião em que restará isento do pagamento de custas e honorários sucumbenciais, conforme estabelecido pelo art. 1.102-c, §1º, do CPC;
b) oferta de embargos monitórios sem necessidade de prévia segurança do juízo (ou seja, sem necessidade de oferta de bens à penhora). Nesse caso, ocorrerá a suspensão do mandado de pagamento, ocasião em que o procedimento monitório deixará de ser especial e seguirá o rito ordinário até julgamento final, consoante estabelecido pelo art. 1.102-c, §2º, do CPC;
b.1) Caso os embargos sejam rejeitados por sentença, surgirá título executivo judicial a favor do autor, a permitir a deflagração da fase judicial de cumprimento de sentença, conforme previsto pelo art. 1.102-c, §3º, do CPC. 
c) total inércia (ausência de pagamento + revelia). Nessa situação, a decisão interlocutória inicialmente proferida pelo juiz ganha, automaticamente, força de sentença com trânsito em julgado, a permitir a deflagração da fase de execução por título executivo judicial, ou seja, a fase de cumprimento de sentença. Nesse sentido, dispõe o art. 1.102-c, caput, do CPC: 
“Art. 1.102-C. No prazo previsto no art. 1.102-B, poderá o réu oferecer embargos, que suspenderão a eficácia do mandado inicial. Se os embargos não forem opostos, constituir-se-á, de pleno direito, o título executivo judicial, convertendo-se o mandado inicial em mandado executivo e prosseguindo-se na forma do Livro I, Título VIII, Capítulo X, desta Lei.””
8. Outras súmulas correlatas à ação monitória:
a) S. 299/STJ: “É admissível a ação monitória fundada em cheque prescrito” (afinal, cheque prescrito não possui mais eficácia de título executivo)
b) S. 233/STJ: “O contrato de abertura de crédito, ainda que acompanhado de extrato da conta-corrente, não é título executivo.” (por isso, foi editada a Súmula 247/STJ)
c) S. 247/STJ: “O contrato de abertura de crédito em conta-corrente, acompanhado do demonstrativo de débito, constitui documento hábil para o ajuizamento da ação monitória.”
Aos amigos alunos, 
Bons Estudos!

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