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CUMPRIMENTO SENTENÇA E PROCESSO DE EXECUÇÃO

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Caro aluno,
Seja bem vindo,
Nesta nossa disciplina trataremos do PROCESSO DE EXECUÇÃO no Direito Processual Civil com o objetivo de lhe trazer um panorama da execução e do cumprimento de sentença no direito brasileiro, e é nossa expectativa que você aprenda bastante.
Considerando-se que será você quem administrará seu próprio tempo, nossa sugestão é que você dedique ao menos 2 (duas) horas por semana para esta disciplina, estudando os textos sugeridos e realizando os exercícios de auto-avaliação. Uma boa forma de fazer isso é já ir planejando o que estudar, semana a semana.
Para facilitar seu trabalho, apresentamos na tabela abaixo, os assuntos que deverão ser estudados e, para cada assunto, a leitura fundamental exigida e a leitura complementar sugerida. 
No mínimo você deverá buscar entender bastante bem o conteúdo da leitura fundamental, só que essa compreensão será maior, se você acompanhar, também a leitura complementar.
Você mesmo perceberá isso, ao longo dos estudos.
 
a) Avaliações
 
Como é de seu conhecimento, você estará obrigado a realizar uma série de avaliações, cabendo a você tomar conhecimento do calendário dessas avaliações e da marcação das datas das suas provas, dentro dos períodos especificados.
Por outro lado é importante destacar que uma das formas de você se preparar para as avaliações é realizando os exercícios de auto-avaliação, disponibilizados para você neste sistema de disciplinas on-line.  
O que tem de ficar claro é que as avaliações não serão repetições dos exercícios disponibilizados.
 
Para sua orientação, informamos na tabela a seguir os assuntos que serão requeridos em cada uma das avaliações às quais você estará sujeito:
 
	Avaliações
	Assuntos/Módulos
	Exercícios
	B1
	Módulos de 1 a 4
	on line
	B2
	Módulos de 5 a 8
	on line
	Substitutiva
	Toda a matéria
	Todos on line
	Exame
	Toda a matéria
	Todos on line
 
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA:
Leitura fundamental sugerida:
Theodoro Júnior, Humberto. Curso de Direito Processual Civil. Vol. III. 52. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2019.
Leitura complementar sugerida:
MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio Cruz; MITIDIERO, Daniel. Curso de Processo Civil.Vol. V. II. São Paulo: RT, 2019
BUENO, Cassio Scarpinella. Manual de Direito Processual Civil. 20ª. ed. São Paulo: Saraiva, 2019.
DIDIER JUNIOR, Fredie; et al. Curso de Direito Processual Civil. Vol. V. 9. ed. Salvador: JusPodivm, 2019.
DINAMARCO, Cândido Rangel. Instituições De Direito Processual Civil - Vol. IV. 4a. Ed. Rev. E ampl. São Paulo: Malheiros, 2019
 
1. Da execução em geral.
 
1.1. Introdução.
 
- Alocação:
Nossa disciplina está alocada na Parte Especial do CPC. O Título II, do Livro I, trata do cumprimento da sentença, enquanto o Livro II trata do processo de execução.
 
- Cumprimento de sentença enquanto nova fase, após o processo de conhecimento:
O cumprimento de sentença, desde a Lei n. 11.232/2005, passou a ser, apenas, a fase subsequente ao processo de conhecimento[1].
 
- Possibilidades de execução:
Assim, nós dividimos a execução em duas partes: a fundada em título executivo judicial, que dá ensejo ao cumprimento de sentença e fundada em título executivo extrajudicial, que dá ensejo ao processo autônomo de execução.
Embora o cumprimento de sentença esteja alocado no livro I da parte especial do CPC, que trata do processo de conhecimento (e do cumprimento de sentença), seu estudo em conjunto com o Livro II, do Processo de Execução, faz mais sentido, porquanto há grande semelhança entre suas regras e princípios[2].
 
- Cumprimento de sentença precedido ou não de processo de conhecimento:
Nem todo cumprimento de sentença, no entanto, precederá o processo de conhecimento: é o caso do título executivo fundado em sentença arbitral, sentença penal condenatória e sentença estrangeira.
O cumprimento de sentença, de que trata o Título II, do Livro I, da Parte Especial do CPC, refere-se mais ao provimento condenatório, do que o declaratório ou o constitutivo, embora haja previsão específica no CPC/2015 para o cumprimento das obrigações.
Nesse panorama geral, é importante destacar que até a mudança trazida pela Lei 11.232/2005, a execução sempre significava um novo processo, incluindo a necessidade de nova citação do devedor. O CPC/2015 continuou a toada de fase de cumprimento de sentença, de modo que há continuidade no procedimento, sem necessidade de nova citação do réu. Sobre o tema, Marcus Vinícius Rios Gonçalves  aponta que teria sido mais técnico, face à decisão parcial de mérito, chamar essa fase de cumprimento de decisão, uma vez que a decisão parcial de mérito não se trata de sentença, mas sim de decisão interlocutória.
Contudo, sempre que estivermos diante de um título executivo fundado em sentença arbitral, sentença penal condenatória ou sentença estrangeira, haverá necessidade de citação do réu, porque não haverá, nesses casos, um processo de conhecimento prévio: o cumprimento de sentença será autônomo.
 
1.2. Localização no CPC.
Na Parte Especial do CPC, no Capítulo II, do Livro I, está disciplinado o cumprimento de sentença que, inclusive, vale para o cumprimento de sentença arbitral, penal condenatória ou estrangeira, hipóteses em que não há processo de conhecimento prévio.
Já o disposto no Livro II, da Parte Especial do CPC, que trata do processo de execução, traz também dispositivos aplicáveis ao cumprimento de sentença, desde que com ele não sejam incompatíveis.
 
1.3. O que é execução.
O processo de conhecimento busca o pronunciamento judicial, que, conforme aponta Marcus Vinícius Rios Gonçalves pode ter três distintas finalidades: 
a) Declaração de certeza sobre a existência uma relação jurídica:aqui, teremos uma sentença declaratória que, por si só, satisfaz a pretensão do autor. Seria o caso, por exemplo, da sentença em uma ação de investigação de paternidade. Ela basta para reconhecer a filiação.
b) Pronunciamento sobre a constituição ou desconstituição de uma relação jurídica:neste caso, a sentença será constitutiva. É o que ocorre, por exemplo, no pedido de anulação de um contrato, celebrado mediante coação. O pronunciamento judicial já soluciona o problema do autor.
c) Pronunciamento em que se busca uma omissão ou omissão do réu:será o caso da sentença condenatória, que busca o cumprimento de uma prestação de fazer, não fazer ou dar – entregar coisa ou pagar. Na hipótese do devedor não cumprir espontaneamente a obrigação, o Poder Judiciário poderá obriga-lo, a fim de evitar a autotutela. Para tanto, é preciso que haja um grau suficiente de certeza acerca do direito. Quem dá essa certeza é o título executivo. Alguns documentos são reconhecidos pela lei como suficientes para ajuizamento de um processo de execução. Na sua ausência, é preciso que se comece pelo processo de conhecimento, para que o Judiciário diga que, de fato, o autor pode cobrar o réu.
Marcus Vinícius Rios Gonçalves pondera que a diferença entre o processo de conhecimento e o processo (ou fase) de execução, é que, no primeiro caso, busca-se a certeza do direito e, no segundo, a satisfação concreta do titular do direito, com base em um título executivo[3].
 
1.4. Instrumentos da sanção executiva.
O pressuposto da execução, além do título executivo, se traduz no não cumprimento da obrigação.
Nesse caso, há dois meios de que pode se valer o Poder Judiciário para satisfazer o direito do titular: sub-rogação ou coerção.
Chamamos de sub-rogação a hipótese em que o Judiciário se coloca no lugar do devedor, para satisfazer o direito do credor, seja penhorando e leiloando bens, para arrecadar dinheiro a fim de que a obrigação de dar (pagar) seja cumprida, seja contratando alguém que faça o serviço às expensas do devedor, no caso de uma obrigação de fazer que não seja personalíssima, etc.
A sub-rogação é o instrumento da sanção executiva de que se vale, por exemplo, a Fazenda Pública. Quando o contribuinte não paga seus tributos, há uma inscrição na dívida ativa e, posteriormente, o ajuizamento de uma execução fiscal. A Fazenda Pública requer a penhora dos ativos bancários docontribuinte devedor, a fim de satisfazer o crédito.
A coerção, por outro lado, representa a hipótese em que o Judiciário fixa astreintes para compelir o devedor a fazer o que lhe cabe. Ocorre em ações como as que buscam a outorga de uma escritura pela vendedora de um imóvel, entre outras. É o meio de sanção executiva utilizado nas obrigações personalíssimas.
 
1.5. Espécies de execução.
 
a) Execução mediata e imediata:
Execução mediata é aquela em que há necessidade de instauração de um processo autônomo, incluindo a citação do devedor. Ocorre quando o título executivo é fundado em sentença arbitral, sentença penal condenatória, sentença estrangeira, ou, ainda, título executivo extrajudicial.
Execução imediata é a sequência natural do processo de conhecimento, quando não há cumprimento espontâneo da obrigação pelo devedor: trata-se, no ordenamento jurídico brasileiro, do cumprimento de sentença.
 
b) Execução específica:
É a busca da satisfação do direito do credor, da forma como consta no título executivo, na máxima medida em que for possível.
Assim, a conversão em perdas e danos fica reservada para os casos em que o cumprimento da obrigação é impossível ou, ainda, se o credor assim preferir, conforme regula o Artigo 499, do CPC:
 
Código de Processo Civil:
Art. 499. A obrigação somente será convertida em perdas e danos se o autor o requerer ou se impossível a tutela específica ou a obtenção de tutela pelo resultado prático equivalente.
 
Nesse sentido, o Art. 497, do CPC, que trata das obrigações de fazer ou não fazer, dispõe que o juiz determinará providências que assegurem resultado prático equivalente. A possibilidade de conversão em perdas e danos sequer é mencionada:
 
Código de Processo Civil:
Art. 497. Na ação que tenha por objeto a prestação de fazer ou de não fazer, o juiz, se procedente o pedido, concederá a tutela específica ou determinará providências que assegurem a obtenção de tutela pelo resultado prático equivalente.
Parágrafo único. Para a concessão da tutela específica destinada a inibir a prática, a reiteração ou a continuação de um ilícito, ou a sua remoção, é irrelevante a demonstração da ocorrência de dano ou da existência de culpa ou dolo.
 
No mesmo sentido, ao tratar das obrigações de entregar coisa, o Art. 498, do CPC, fala na tutela que dê o resultado prático equivalente, igualmente, sem mencionar perdas e danos:
 
Código de Processo Civil:
Art. 498. Na ação que tenha por objeto a entrega de coisa, o juiz, ao conceder a tutela específica, fixará o prazo para o cumprimento da obrigação.
Parágrafo único. Tratando-se de entrega de coisa determinada pelo gênero e pela quantidade, o autor individualizá-la-á na petição inicial, se lhe couber a escolha, ou, se a escolha couber ao réu, este a entregará individualizada, no prazo fixado pelo juiz.
 
O CPC dá ao juiz muitos poderes para efetivar a tutela:
 
Código de Processo Civil:
Art. 536. No cumprimento de sentença que reconheça a exigibilidade de obrigação de fazer ou de não fazer, o juiz poderá, de ofício ou a requerimento, para a efetivação da tutela específica ou a obtenção de tutela pelo resultado prático equivalente, determinar as medidas necessárias à satisfação do exequente.
§ 1º Para atender ao disposto no caput , o juiz poderá determinar, entre outras medidas, a imposição de multa, a busca e apreensão, a remoção de pessoas e coisas, o desfazimento de obras e o impedimento de atividade nociva, podendo, caso necessário, requisitar o auxílio de força policial.
[...]
 
Como se vê, de fato, a solução em perdas e danos é último dos recursos adotados no cumprimento de sentença ou na execução, justamente para que o titular do direito veja-se amparado e para que o réu não seja premiado por seu mau comportamento.
 
c) Execução por título judicial ou extrajudicial:
A execução é fundada em título executivo judicial ou extrajudicial.
O título executivo judicial, em regra, gera execução imediata, com exceção da sentença arbitral, da sentença penal condenatória e da sentença estrangeira. O elenco dos títulos executivos judiciais consta no Artigo 515, do CPC:
 
Código de Processo Civil:
Art. 515. São títulos executivos judiciais, cujo cumprimento dar-se-á de acordo com os artigos previstos neste Título:
I - as decisões proferidas no processo civil que reconheçam a exigibilidade de obrigação de pagar quantia, de fazer, de não fazer ou de entregar coisa;
II - a decisão homologatória de autocomposição judicial;
III - a decisão homologatória de autocomposição extrajudicial de qualquer natureza;
IV - o formal e a certidão de partilha, exclusivamente em relação ao inventariante, aos herdeiros e aos sucessores a título singular ou universal;
V - o crédito de auxiliar da justiça, quando as custas, emolumentos ou honorários tiverem sido aprovados por decisão judicial;
VI - a sentença penal condenatória transitada em julgado;
VII - a sentença arbitral;
VIII - a sentença estrangeira homologada pelo Superior Tribunal de Justiça;
IX - a decisão interlocutória estrangeira, após a concessão do exequatur à carta rogatória pelo Superior Tribunal de Justiça;
X - (VETADO).
§ 1º Nos casos dos incisos VI a IX, o devedor será citado no juízo cível para o cumprimento da sentença ou para a liquidação no prazo de 15 (quinze) dias.
§ 2º A autocomposição judicial pode envolver sujeito estranho ao processo e versar sobre relação jurídica que não tenha sido deduzida em juízo.
 
Já a execução fundada em título executivo extrajudicial é mediata, porquanto o executado deve ser citado. Os títulos executivos extrajudiciais constam no Art. 784, CPC:
 
Código de Processo Civil:
Art. 784. São títulos executivos extrajudiciais:
I - a letra de câmbio, a nota promissória, a duplicata, a debênture e o cheque;
II - a escritura pública ou outro documento público assinado pelo devedor;
III - o documento particular assinado pelo devedor e por 2 (duas) testemunhas;
IV - o instrumento de transação referendado pelo Ministério Público, pela Defensoria Pública, pela Advocacia Pública, pelos advogados dos transatores ou por conciliador ou mediador credenciado por tribunal;
V - o contrato garantido por hipoteca, penhor, anticrese ou outro direito real de garantia e aquele garantido por caução;
VI - o contrato de seguro de vida em caso de morte;
VII - o crédito decorrente de foro e laudêmio;
VIII - o crédito, documentalmente comprovado, decorrente de aluguel de imóvel, bem como de encargos acessórios, tais como taxas e despesas de condomínio;
IX - a certidão de dívida ativa da Fazenda Pública da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, correspondente aos créditos inscritos na forma da lei;
X - o crédito referente às contribuições ordinárias ou extraordinárias de condomínio edilício, previstas na respectiva convenção ou aprovadas em assembleia geral, desde que documentalmente comprovadas;
XI - a certidão expedida por serventia notarial ou de registro relativa a valores de emolumentos e demais despesas devidas pelos atos por ela praticados, fixados nas tabelas estabelecidas em lei;
XII - todos os demais títulos aos quais, por disposição expressa, a lei atribuir força executiva.
§ 1º A propositura de qualquer ação relativa a débito constante de título executivo não inibe o credor de promover-lhe a execução.
§ 2º Os títulos executivos extrajudiciais oriundos de país estrangeiro não dependem de homologação para serem executados.
§ 3º O título estrangeiro só terá eficácia executiva quando satisfeitos os requisitos de formação exigidos pela lei do lugar de sua celebração e quando o Brasil for indicado como o lugar de cumprimento da obrigação.
 
d) Cumprimento definitivo ou provisório de sentença:
 
- Caso de cumprimento provisório:
Enquanto a execução por título executivo extrajudicial é sempre definitiva, a execução fundada em título executivo judicial pode não sê-lo, caso a decisão ainda não tenha transitado em julgado.
As hipóteses são: decisão interlocutória de mérito, como a proferida na decisão parcial de mérito; sentença ou acórdão desafiado por recurso que nãotenha efeito suspensivo e, ainda, decisão proferida em sede de tutela provisória.
 
Código de Processo Civil:
 
Art. 520. O cumprimento provisório da sentença impugnada por recurso desprovido de efeito suspensivo será realizado da mesma forma que o cumprimento definitivo, sujeitando-se ao seguinte regime:
[...]
 
Art. 297. O juiz poderá determinar as medidas que considerar adequadas para efetivação da tutela provisória.
Parágrafo único. A efetivação da tutela provisória observará as normas referentes ao cumprimento provisório da sentença, no que couber.
 
O entendimento quanto à definitividade da execução por título executivo extrajudicial, foi consolidado na Súmula nº 317, do STJ:
 
STJ - SÚMULA N. 317 
É definitiva a execução de título extrajudicial, ainda que pendente apelação contra sentença que julgue improcedentes os embargos. 
 
No entanto, é possível que haja recurso contra a decisão que sentenciar a execução por título executivo extrajudicial sem resolução do mérito ou, ainda, que haja recurso contra o resultado dos embargos. Mesmo assim, não é reconhecida a provisoriedade da decisão em execução fundada em título executivo extrajudicial. Se houver reversão do decisum, o credor terá de indenizar o devedor[4].
 
- Diferenças entre cumprimento provisório e definitivo de sentença:
O cumprimento definitivo e o provisório de sentença são realizados pelo mesmo modo e, igualmente, têm multa e honorários advocatícios, conforme Art. 520, § 2º, CPC:
 
Código de Processo Civil:
Art. 520. O cumprimento provisório da sentença impugnada por recurso desprovido de efeito suspensivo será realizado da mesma forma que o cumprimento definitivo, sujeitando-se ao seguinte regime:
[...]
§ 2º A multa e os honorários a que se refere o § 1º do art. 523 são devidos no cumprimento provisório de sentença condenatória ao pagamento de quantia certa.
[...]
 
Como saber se é caso de cumprimento definitivo ou provisório? Basta verificar os efeitos com que o recurso que impugna a decisão executada é recebido: se com efeito suspensivo, a execução é protraída no tempo, até que haja confirmação ou modificação do título executivo judicial; por outro lado, se o recurso é recebido sem efeito suspensivo, há cumprimento provisório da decisão que dá origem ao título executivo.
 
Marcus Vinícius Rios Gonçalves, nesse sentido, enumera algumas peculiaridades do cumprimento provisório de sentença, quais sejam:
 
· A responsabilidade é do credor e, se a decisão que fundamenta o título executivo judicial for modificada, terá de ressarcir o devedor, independente de prova de culpa ou dolo, conforme Art. 520, I, CPC:
 
Código de Processo Civil:
Art. 520. O cumprimento provisório da sentença impugnada por recurso desprovido de efeito suspensivo será realizado da mesma forma que o cumprimento definitivo, sujeitando-se ao seguinte regime:
I - corre por iniciativa e responsabilidade do exequente, que se obriga, se a sentença for reformada, a reparar os danos que o executado haja sofrido;
[...]
 
· Sendo a decisão que fundamenta o título executivo judicial reformada, as partes voltarão ao status quo antee os danos serão liquidados no mesmo processo, nos termos do Art. 520, II, CPC:
 
Código de Processo Civil:
Art. 520. O cumprimento provisório da sentença impugnada por recurso desprovido de efeito suspensivo será realizado da mesma forma que o cumprimento definitivo, sujeitando-se ao seguinte regime:
[...]
II - fica sem efeito, sobrevindo decisão que modifique ou anule a sentença objeto da execução, restituindo-se as partes ao estado anterior e liquidando-se eventuais prejuízos nos mesmos autos;
[...]
 
· O cumprimento provisório de sentença ocorre nos mesmos autos da decisão que deu origem ao título executivo judicial. Havendo recurso, se o processo for eletrônico, tudo flui normalmente. Contudo, se os autos forem físicos, será necessário que haja uma petição dando origem à fase de cumprimento de sentença, no juízo de origem, conforme Art. 522, CPC:
 
Código de Processo Civil:
Art. 522. O cumprimento provisório da sentença será requerido por petição dirigida ao juízo competente.
Parágrafo único. Não sendo eletrônicos os autos, a petição será acompanhada de cópias das seguintes peças do processo, cuja autenticidade poderá ser certificada pelo próprio advogado, sob sua responsabilidade pessoal:
I - decisão exequenda;
II - certidão de interposição do recurso não dotado de efeito suspensivo;
III - procurações outorgadas pelas partes;
IV - decisão de habilitação, se for o caso;
V - facultativamente, outras peças processuais consideradas necessárias para demonstrar a existência do crédito.
 
· No cumprimento provisório de sentença, sempre que houver levantamento de depósito em dinheiro ou transferência de direito real, caberá ao credor oferecer caução ao devedor, a fim de salvaguardar o patrimônio do executado, conforme Art. 520, IV, CPC:
 
Código de Processo Civil:
Art. 520. O cumprimento provisório da sentença impugnada por recurso desprovido de efeito suspensivo será realizado da mesma forma que o cumprimento definitivo, sujeitando-se ao seguinte regime:
[...]
IV - o levantamento de depósito em dinheiro e a prática de atos que importem transferência de posse ou alienação de propriedade ou de outro direito real, ou dos quais possa resultar grave dano ao executado, dependem de caução suficiente e idônea, arbitrada de plano pelo juiz e prestada nos próprios autos.
[...]
Importa destacar, a caução se faz necessária quando há possibilidade de que a decisão seja irreversível para o devedor, do ponto de vista patrimonial, mas somente é necessária na fase de alienação do bem ou para fins de levantamento do depósito.
Há casos, contudo, em que a caução será dispensada, como por exemplo, na hipótese de crédito de natureza alimentar, qualquer que seja a origem: ação de família ou ato ilícito; demonstrada situação de necessidade do credor, como alguém que precisa de medicamentos, para tratar grave moléstia de saúde; pender agravo cabível contra juízo de prévio de admissibilidade que indefere recursos direcionados ao STJ e ao STF; ou ainda, se a decisão que origina o título executivo judicial estiver calcada em súmula do STF ou STJ. São hipóteses do Art. 521, do CPC, e se justificam, pois em qualquer dos casos, há baixa probabilidade de reversão da decisão que origina o título executivo judicial.
Ainda assim, aplicando a proporcionalidade, é possível que o juiz mantenha a necessidade de caução, dependendo do caso concreto:
 
Código de Processo Civil:
Art. 521. A caução prevista no inciso IV do art. 520 poderá ser dispensada nos casos em que:
I - o crédito for de natureza alimentar, independentemente de sua origem;
II - o credor demonstrar situação de necessidade;
III – pender o agravo do art. 1.042;             (Redação dada pela Lei nº 13.256, de 2016) (Vigência)
IV - a sentença a ser provisoriamente cumprida estiver em consonância com súmula da jurisprudência do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça ou em conformidade com acórdão proferido no julgamento de casos repetitivos.
Parágrafo único. A exigência de caução será mantida quando da dispensa possa resultar manifesto risco de grave dano de difícil ou incerta reparação
 
1.6. Princípios gerais da execução:
 
São princípios que se aplicam peculiarmente à execução:
 
a) Princípio da autonomia:
Antes das reformas do antigo CPC/1973, tanto a execução por título executivo judicial, quanto a execução por título executivo extrajudicial constituíam um processo específico, hipótese em que a autonomia ficava patente.
À luz do CPC/2015, somente tem procedimento novo a execução por título extrajudicial e a por título judicial, quando fundada em sentença arbitral, sentença penal condenatória ou sentença estrangeira. As outras hipóteses de execução por título judicial constituem fase de cumprimento de sentença. Contudo, ainda que dê continuidade ao mesmo processo, a fase de cumprimento de sentença é autônoma em relação à fase congnitiva, por isso subsiste o princípio.
 
b) Princípio da patrimonialidade:O princípio da patrimonialidade está expresso no Art. 789, do CPC:
 
Código de Processo Civil:
Art. 789. O devedor responde com todos os seus bens presentes e futuros para o cumprimento de suas obrigações, salvo as restrições estabelecidas em lei.
Significa que o devedor, executado, responde com seus bens pela execução, não com seu corpo, como no passado, em que se tornava escravo, era torturado, etc.
A única possibilidade de prisão civil reconhecida em nosso ordenamento jurídico, é do devedor de alimentos, porquanto o depositário infiel, nos casos de alienação fiduciária em garantia, entre outros, embora haja previsão no texto da CF/88, não pode ser preso.
Assim o STF reconheceu no RE 466.343 e, posteriormente, na Súmula Vinculante nº 25:
 
STF: Súmula Vinculante 25
É ilícita a prisão civil de depositário infiel, qualquer que seja a modalidade de depósito.
 
c) Princípio do exato adimplemento:
Como vimos anteriormente, de acordo com o princípio do exato adimplemento, o ideal é que o exequente receba o mais próximo do que seria caso o devedor cumprisse espontaneamente a obrigação. Para tanto, são utilizados como instrumentos de sanção executiva a sub-rogação e coerção.
Assim, devem ser cumpridas as obrigações de fazer, não fazer e entregar coisa certa, conforme Arts. 497 e 498, do CPC.
Um outro aspecto desse princípio é não constranger o patrimônio do executado em valor superior ao quantum devido, conforme Art. 831, CPC:
 
Código de Processo Civil:
Art. 831. A penhora deverá recair sobre tantos bens quantos bastem para o pagamento do principal atualizado, dos juros, das custas e dos honorários advocatícios.
 
d) Princípio da disponibilidade do processo pelo credor:
Diferentemente do que ocorre na fase cognitiva, na execução, o credor pode desistir a qualquer momento, sem necessidade de concordância do devedor, conforme aduz o Art. 775, do CPC:
 
Código de Processo Civil:
Art. 775. O exequente tem o direito de desistir de toda a execução ou de apenas alguma medida executiva.
Parágrafo único. Na desistência da execução, observar-se-á o seguinte:
I - serão extintos a impugnação e os embargos que versarem apenas sobre questões processuais, pagando o exequente as custas processuais e os honorários advocatícios;
II - nos demais casos, a extinção dependerá da concordância do impugnante ou do embargante.
Assim, quando os embargos ou impugnações tiverem por conteúdo matéria de mérito, será necessário que haja concordância do devedor, porque é justo que este possa obter um pronunciamento definitivo sobre a questão. Nos demais casos, o princípio da disponibilidade é plenamente aplicado, devendo o exequente arcar com as custas e honorários relacionados à desistência.
 
 
e) Princípio da utilidade:
A finalidade da execução deve ser a satisfação do crédito. Assim, ficando claro que o instrumento de sanção executiva apenas causa prejuízos ao devedor, sem aproveitar o credor, a medida torna-se injustificada. Nesse sentido dispõe o Art. 836, do CPC:
 
Código de Processo Civil:
Art. 836. Não se levará a efeito a penhora quando ficar evidente que o produto da execução dos bens encontrados será totalmente absorvido pelo pagamento das custas da execução.
§ 1º Quando não encontrar bens penhoráveis, independentemente de determinação judicial expressa, o oficial de justiça descreverá na certidão os bens que guarnecem a residência ou o estabelecimento do executado, quando este for pessoa jurídica.
§ 2º Elaborada a lista, o executado ou seu representante legal será nomeado depositário provisório de tais bens até ulterior determinação do juiz.
 
f) Princípio da menor onerosidade:
O princípio da menor onerosidade, compreendido em conjunto com o princípio da patrimonialidade e do exato adimplemento, significa que, se por um lado, não se deve buscar causar danos e prejuízos desnecessários ao devedor, por outro lado, não há uma licença para que este, deliberadamente, escolha deixar de cumprir o que lhe cabe. Nesse sentido dispõe o Art. 805, do CPC:
 
Código de Processso Civil:
Art. 805. Quando por vários meios o exequente puder promover a execução, o juiz mandará que se faça pelo modo menos gravoso para o executado.
Parágrafo único. Ao executado que alegar ser a medida executiva mais gravosa incumbe indicar outros meios mais eficazes e menos onerosos, sob pena de manutenção dos atos executivos já determinados.
 
g) Princípio do contraditório:
Trata-se de um princípio que incide sobre o processo civil como um todo, em decorrência do que dispõe a Constituição, no Art. 5º., inciso LV:
Constituição de 1988:
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
 
[...]
 
LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes;
 
[...]
 
Na execução, o contraditório se manifesta nas oportunidades em que o executado é intimado a se pronunciar sobre os cálculos atualizados, sobre a penhora de bens, além da oportunidade de apresentar exceção de pré-executividade e embargos.
 
1.7. Atos executivos:
Na fase de cognição, são praticados os atos cognitivos, que não consistem em medidas concretas, mas tão somente em atos que buscam dar subsídios para que a sentença de mérito seja proferida. Os atos cognitivos, assim, se destinam a reconhecer a existência e a extensão da relação jurídica entre as partes.
Os atos executivos, por sua vez, são mais concretos, pois sua finalidade é tão somente solucionar a crise decorrente do inadimplemento do devedor. Aqui, o juiz determina ações que traduzem os instrumentos de sanção executiva, seja os de sub-rogação, seja os de coerção.
Ademais, há que se destacar, os atos executivos costumam ser determinados pelo juiz e cumpridos pelo oficial de justiça e podem ter o amparo de força policial:
 
Código de Processo Civil:
Art. 782. Não dispondo a lei de modo diverso, o juiz determinará os atos executivos, e o oficial de justiça os cumprirá.
§ 1º O oficial de justiça poderá cumprir os atos executivos determinados pelo juiz também nas comarcas contíguas, de fácil comunicação, e nas que se situem na mesma região metropolitana.
§ 2º Sempre que, para efetivar a execução, for necessário o emprego de força policial, o juiz a requisitará.
§ 3º A requerimento da parte, o juiz pode determinar a inclusão do nome do executado em cadastros de inadimplentes.
§ 4º A inscrição será cancelada imediatamente se for efetuado o pagamento, se for garantida a execução ou se a execução for extinta por qualquer outro motivo.
§ 5º O disposto nos §§ 3º e 4º aplica-se à execução definitiva de título judicial.
 
 
Art. 846. Se o executado fechar as portas da casa a fim de obstar a penhora dos bens, o oficial de justiça comunicará o fato ao juiz, solicitando-lhe ordem de arrombamento.
§ 1 o Deferido o pedido, 2 (dois) oficiais de justiça cumprirão o mandado, arrombando cômodos e móveis em que se presuma estarem os bens, e lavrarão de tudo auto circunstanciado, que será assinado por 2 (duas) testemunhas presentes à diligência.
§ 2º Sempre que necessário, o juiz requisitará força policial, a fim de auxiliar os oficiais de justiça na penhora dos bens.
§ 3º Os oficiais de justiça lavrarão em duplicata o auto da ocorrência, entregando uma via ao escrivão ou ao chefe de secretaria, para ser juntada aos autos, e a outra à autoridade policial a quem couber a apuração criminal dos eventuais delitos de desobediência ou de resistência.
§ 4º Do auto da ocorrência constará o rol de testemunhas, com a respectiva qualificação.
 
 
 
 
1.8. Competência para a execução civil: 
Aqui verificaremos que as regras de competência vão além da fase cognitiva e também devem ser observadas na execução.
 
- Competência para processar o cumprimento de sentença:
As regras constam no Art. 516, CPC:
 
Código de Processo Civil:
Art. 516. O cumprimento da sentençaefetuar-se-á perante:
I - os tribunais, nas causas de sua competência originária;
II - o juízo que decidiu a causa no primeiro grau de jurisdição;
III - o juízo cível competente, quando se tratar de sentença penal condenatória, de sentença arbitral, de sentença estrangeira ou de acórdão proferido pelo Tribunal Marítimo.
Parágrafo único. Nas hipóteses dos incisos II e III, o exequente poderá optar pelo juízo do atual domicílio do executado, pelo juízo do local onde se encontrem os bens sujeitos à execução ou pelo juízo do local onde deva ser executada a obrigação de fazer ou de não fazer, casos em que a remessa dos autos do processo será solicitada ao juízo de origem.
 
· Competência funcional/absoluta:
No inciso I, vemos norma de competência absoluta, porque a hipótese de cumprimento de sentença nos tribunais, está ligada aos assuntos de sua competência originária.
Exemplo de competência funcional/ absoluta dos tribunais seria o cumprimento de sentença em mandado de segurança contra juiz de 1º grau, ação rescisória de sentença, etc.
A CF/88 prevê a competência originária dos TRFs:
 
Constituição de 1988:
Art. 108. Compete aos Tribunais Regionais Federais:
I - processar e julgar, originariamente:
a) os juízes federais da área de sua jurisdição, incluídos os da Justiça Militar e da Justiça do Trabalho, nos crimes comuns e de responsabilidade, e os membros do Ministério Público da União, ressalvada a competência da Justiça Eleitoral;
b) as revisões criminais e as ações rescisórias de julgados seus ou dos juízes federais da região;
c) os mandados de segurança e os habeas data contra ato do próprio Tribunal ou de juiz federal;
d) os habeas corpus, quando a autoridade coatora for juiz federal;
e) os conflitos de competência entre juízes federais vinculados ao Tribunal;
II - julgar, em grau de recurso, as causas decididas pelos juízes federais e pelos juízes estaduais no exercício da competência federal da área de sua jurisdição.
 
Quanto aos TJs, a competência originária é fixada nas Constituições Estaduais, conforme Art. 125, §1º, da CF/88. 
 
Constituição de 1988:
Art. 125. Os Estados organizarão sua Justiça, observados os princípios estabelecidos nesta Constituição.
§ 1º A competência dos tribunais será definida na Constituição do Estado, sendo a lei de organização judiciária de iniciativa do Tribunal de Justiça.
[...]
 
A Constituição do Estado de São Paulo, por sua vez, reconhece como competência originária do TJ, tudo o que consta em seu Art. 74:
 
 
Constituição do Estado de São Paulo
Artigo 74 - Compete ao Tribunal de Justiça, além das atribuições previstas nesta Constituição, processar e julgar originariamente:
I - nas infrações penais comuns, o Vice-Governador, os Secretários de Estado, os Deputados Estaduais, o Procurador-Geral de Justiça, o Procurador-Geral do Estado, o Defensor Público Geral e os Prefeitos Municipais;
II - nas infrações penais comuns e nos crimes de responsabilidade, os juízes do Tribunal de Justiça Militar, os juízes de Direito e os juízes de Direito do juízo militar, os membros do Ministério Público, exceto o Procurador-Geral de Justiça, o Delegado Geral da Polícia Civil e o Comandante-Geral da Polícia Militar; 
(**) Redação dada pela Emenda Constitucional nº 21, de 14 de fevereiro de 2006 
III - os mandados de segurança e os "habeas data" contra atos do Governador, da Mesa e da Presidência da Assembléia, do próprio Tribunal ou de algum de seus membros, dos Presidentes dos Tribunais de Contas do Estado e do Município de São Paulo, do Procurador-Geral de Justiça, do Prefeito e do Presidente da Câmara Municipal da Capital;
IV - os "habeas corpus", nos processos cujos recursos forem de sua competência ou quando o coator ou paciente for autoridade diretamente sujeita a sua jurisdição, ressalvada a competência do Tribunal de Justiça Militar, nos processos cujos recursos forem de sua competência;
V - os mandados de injunção, quando a inexistência de norma regulamentadora estadual ou municipal, de qualquer dos Poderes, inclusive da Administração indireta, torne inviável o exercício de direitos assegurados nesta Constituição;
VI - a representação de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo estadual ou municipal, contestados em face desta Constituição, o pedido de intervenção em Município e ação de inconstitucionalidade por omissão, em face de preceito desta Constituição;
VII - as ações rescisórias de seus julgados e as revisões criminais nos processos de sua competência;
VIII - os conflitos de competência entre os Tribunais de Alçada ou as dúvidas de competência entre estes e o Tribunal de Justiça;
(**) Redação dada pela Emenda Constitucional nº 21, de 14 de fevereiro de 2006 
IX - os conflitos de atribuição entre as autoridades administrativas e judiciárias do Estado;
X - a reclamação para garantia da autoridade de suas decisões;
(**) XI - a representação de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo municipal, contestados em face da Constituição 
(**)Federal (ADIN 347-0/600 – LIMINAR DEFERIDA).
 
 
A competência do inciso II, do Art. 516, também é funcional/absoluta porque está relacionada à ação que levou ao título executivo judicial.
Quanto ao parágrafo único do Art. 516, CPC, vale dizer que, ainda que seu texto flexibilize a competência do juízo de primeiro grau, a competência não é relativa, pois não pode ser estabelecida por cláusula de foro de eleição, mas apenas pelo atendimento às peculiaridades previstas no parágrafo único, para fins de economia processual: menos expedição de carta precatória, etc.
 
 
*Relativizações:
Assim, uma ação indenizatória ajuizada na Comarca de Mogi das Cruzes, pode ter seu cumprimento de sentença realizado na Comarca de Santos, se aqui for o domicílio atual do devedor. Uma ação monitória pode ser ajuizada em São Paulo e ter o cumprimento de sentença na Comarca de Praia Grande, por ter-se descoberto que o devedor possui vasto patrimônio na cidade. Uma ação condenatória para cumprir obrigação de fazer, como reformar imóvel, poderá ser executada no local de cumprimento da obrigação de fazer, que é a cidade do imóvel. Nesses casos, o juiz do cumprimento de sentença pedirá a remessa dos autos para o juiz de primeiro grau. São as hipóteses do parágrafo único do Art. 516, do CPC.
Uma exceção à regra do Art. 516, do CPC, se dá na execução de alimentos de direito de família – pais, filhos ou avós, que sempre pode ser ajuizada na comarca do domicílio do credor, conforme § 9º, do Art. 528, do CPC:
 
Código de Processo Civil:
Art. 528. No cumprimento de sentença que condene ao pagamento de prestação alimentícia ou de decisão interlocutória que fixe alimentos, o juiz, a requerimento do exequente, mandará intimar o executado pessoalmente para, em 3 (três) dias, pagar o débito, provar que o fez ou justificar a impossibilidade de efetuá-lo.
[...]
§ 9º Além das opções previstas no art. 516 , parágrafo único, o exequente pode promover o cumprimento da sentença ou decisão que condena ao pagamento de prestação alimentícia no juízo de seu domicílio.
 
· Peculiaridade do Art. 516, III, CPC:
Marcus Vinícius Rios Gonaçalves explica que a competência das hipóteses do Art. 516, III, não é funcional, porque não há prévio processo de conhecimento, sempre cabendo verificar o caso concreto.
O exame do caso concreto pode resultar, contudo, em competência absoluta, como o caso de uma sentença arbitral que trate da divisão de bens imóveis entre exsócios de uma empresa, ou que faça, simplesmente, a partilha de bens em um divórcio. Aqui se aplicaria a competência absoluta do Art. 47, CPC. Vale lembrar que a sentença arbitral, via de regra, se executa no foro do arbitramento.
 
Código de Processo Civil:
 
Art. 47. Para as ações fundadas em direito real sobre imóveis é competente o foro de situação da coisa.
§ 1º O autor pode optar pelo foro de domicílio do réu ou pelo foro de eleição se o litígio não recair sobre direito de propriedade, vizinhança, servidão, divisão e demarcação de terras e de nunciação de obra nova.
§ 2º A ação possessória imobiliária será propostano foro de situação da coisa, cujo juízo tem competência absoluta.
O cumprimento de sentença da ação penal condenatória, deverá ser ajuizado no foro cível competente.
Já o cumprimento da sentença estrangeira homologada pelo STJ, se dará na 1ª instância da Justiça Federal competente.
 
	Hipótese
	Competência para Cumprimento de Sentença
	Sentença arbitral
	Foro da arbitragem ou lugar de competência absoluta
	Sentença penal condenatória
	Foro cível competente
	Cumprimento de sentença estrangeira homologada pelo STJ
	1º instância da Justiça Federal
 
 
- Competência para a execução por título executivo extrajudicial:
Já a execução por título extrajudicial tem regras de competência relativa, conforme Art. 781, CPC:
 
Código de Processo Civil:
Art. 781. A execução fundada em título extrajudicial será processada perante o juízo competente, observando-se o seguinte:
I - a execução poderá ser proposta no foro de domicílio do executado, de eleição constante do título ou, ainda, de situação dos bens a ela sujeitos;
II - tendo mais de um domicílio, o executado poderá ser demandado no foro de qualquer deles;
III - sendo incerto ou desconhecido o domicílio do executado, a execução poderá ser proposta no lugar onde for encontrado ou no foro de domicílio do exequente;
IV - havendo mais de um devedor, com diferentes domicílios, a execução será proposta no foro de qualquer deles, à escolha do exequente;
V - a execução poderá ser proposta no foro do lugar em que se praticou o ato ou em que ocorreu o fato que deu origem ao título, mesmo que nele não mais resida o executado.
Assim, caso haja foro de eleição, este deve ser respeitado, senão, deve-se ajuizar a execução no foro de domicílio do executado ou de onde tenha bens para expropriar.
 
1.9. Dos requisitos necessários para a execução
 
- Inadimplemento do devedor:
O pressuposto da execução é que o débito não tenha sido pago pelo devedor, na data convencionada.
 
Código de Processo Civil:
Art. 788. O credor não poderá iniciar a execução ou nela prosseguir se o devedor cumprir a obrigação, mas poderá recusar o recebimento da prestação se ela não corresponder ao direito ou à obrigação estabelecidos no título executivo, caso em que poderá requerer a execução forçada, ressalvado ao devedor o direito de embargá-la.
 
O débito, portanto, não precisa ser total: para falarmos em execução, basta que haja mora do devedor.
Aqui será preciso distinguirmos morade inadimplemento absoluto: enquanto na mora o devedor não cumpre a obrigação da forma como foi convencionada, mas ainda é possível e útil que o cumpra (caso do fotógrafo que não entrega as fotos dos noivos no prazo convencionado, por exemplo, mas à estes ainda interessa a entrega, ainda que em atraso); no inadimplemento absoluto o devedor não cumpriu a obrigação convencionada, e não tem mais como cumprir ou não é mais útil que cumpra: aqui, o credor pode exigir a compensação das perdas e danos (caso do vestido de noiva não entregue antes do casamento, da decoração de festa não realizada no dia da festa, etc.)
Em ambos os casos, será possível promover execução.
 
· Tempo no cumprimento das obrigações:
As normas que tratam do cumprimento da obrigação, são de direito material. Se a obrigação for a termo, o devedor incorre em mora assim que deixa de solver o débito no prazo de vencimento. Assim que se implementa a mora, a execução pode se proposta. Ex: se deixarmos o condomínio em aberto por 1 dia, poderemos nos deparar com uma execução extrajudicial.
Contudo, se a obrigação não tiver termo final, data para vencer, será necessário notificar o devedor.
Nas obrigações decorrentes de atos ilícitos, a mora tem início no fato, conforme Súmula 54, STJ.
 
STJ. Súmula 54 - Os juros moratórios fluem a partir do evento danoso, em caso de responsabilidade extracontratual. (Súmula 54, CORTE ESPECIAL, julgado em 24/09/1992, DJ 01/10/1992)
 
· Lugar:
A relação jurídica de direito material é que vai determinar o local de cumprimento da obrigação, se a obrigação é quesível (querable) ou portável (portable). Na ausência de previsão contratual, prevalecerá o domicílio do devedor, conforme Art. 327, CC.
 
Código Civil:
Art. 327. Efetuar-se-á o pagamento no domicílio do devedor, salvo se as partes convencionarem diversamente, ou se o contrário resultar da lei, da natureza da obrigação ou das circunstâncias.
Parágrafo único. Designados dois ou mais lugares, cabe ao credor escolher entre eles.
 
· Prova do pagamento:
Cabe ao devedor provar que cumpriu a obrigação, sobretudo através do recibo ou seu equivalente.
 
Código Civil:
Art. 319. O devedor que paga tem direito a quitação regular, e pode reter o pagamento, enquanto não lhe seja dada.
 
· Obrigações líquidas:
O título executivo extrajudicial tem de ter obrigação líquida. Já o título executivo judicial pode ter obrigação ilíquida, desde que se faça liquidação antes do cumprimento da sentença.
 
 
· Obrigação condicional ou a termo:
Enquanto o termo é algo futuro e certo, a condição é algo futuro e incerto. Nos casos de cumprimento de sentença, será necessário verificar que se realizou a condição ou ocorreu o termo previsto no pronunciamento judicial.
 
Código de Processo Civil:
Art. 514. Quando o juiz decidir relação jurídica sujeita a condição ou termo, o cumprimento da sentença dependerá de demonstração de que se realizou a condição ou de que ocorreu o termo.
Exemplo de condição: sentença em ação de alimentos, prevê um salário mínimo caso o alimentante fique desempregado ou vá para a economia informal. É uma hipótese, futura e incerta. Se ocorrer e o alimentado não receber alimentos, promoverá o cumprimento de sentença, pendido esse valor.
 
 
· Obrigações bilaterais:
É a operacionalização da exceção do contrato não cumprido, prevista no CC:
 
Código Civil:
Art. 476. Nos contratos bilaterais, nenhum dos contratantes, antes de cumprida a sua obrigação, pode exigir o implemento da do outro.
Assim, o CPC prevê que, para executar o contrato bilateral, quando haja sinalagma, é preciso demonstrar que o credor cumpriu sua parte e espera receber sua parte do devedor.
 
Código de Processo Civil:
Art. 787. Se o devedor não for obrigado a satisfazer sua prestação senão mediante a contraprestação do credor, este deverá provar que a adimpliu ao requerer a execução, sob pena de extinção do processo.
Parágrafo único. O executado poderá eximir-se da obrigação, depositando em juízo a prestação ou a coisa, caso em que o juiz não permitirá que o credor a receba sem cumprir a contraprestação que lhe tocar.
 
- Título executivo:
Pensando na execução de título executivo extrajudicial, há muitas teorias a respeito da natureza dos títulos. Vamos estudar as três teorias principais:
 
a) Título é o documento que prova o débito:
É a teoria adotada por Carnelutti. Nesse pensamento, a principal finalidade do título é provar a existência do crédito, com a segurança suficiente de modo a garantir a execução. O papel ensejador da execução é pressuposto, por isso secundário, caso o título esteja correto.
 
b) Título é o ato capaz de desencadear a sanção executiva:
Foi a teoria a que se filiou Enrico Tulio Liebman. Aqui, o papel do título não seria, exatamente, documentar a existência do débito. O título não é um guardião da verdade sobre o crédito: na relação jurídica de direito material, o crédito pode ser até questionável. Contudo, o título, é o meio pelo qual o Estado pode exercer sua sanção executiva, de forma autônoma, independentemente da existência do crédito: se está no título, pode ser cobrado através de processo.
 
c) Título tem natureza de ato e de documento:
Essa teoria é conciliatória. Satta é adepto desta teoria. Aqui, não se considera que o crédito ou o título tenham autonomia própria, mas sim que o título represente o crédito e, também, tenha a autonomia de ser executado. Contudo, como ambos representam duas faces da mesma moeda, o título pode ser objeto de embargos, isto é, pode ser questionado na via processual própria. Assim, essa última teoria acaba ganhando mais adeptos no direito processual civilbrasileiro.
 
- Criação dos títulos executivos:
O rol dos títulos executivos é numerus clausus, isto é, taxativo. Somente se consideram títulos, aqueles criados por lei.
Também deve ser observado, portanto, o princípio da tipicidade, no sentido de que o título, além de ter sido criado por lei, deve obedecer as suas especificidades. Assim, uma nota promissória, se deixar de conter os requisitos legais, não será considerada título executivo.
 
- Pluralidade de títulos:
Podemos, em uma única execução, cobrar mais de um título? E se os títulos forem de diferentes espécies, ex. condomínio e nota promissória? A resposta está no Art. 327, do CPC:
 
Código de Processo Civil:
Art. 327. É lícita a cumulação, em um único processo, contra o mesmo réu, de vários pedidos, ainda que entre eles não haja conexão.
§ 1º São requisitos de admissibilidade da cumulação que:
I - os pedidos sejam compatíveis entre si;
II - seja competente para conhecer deles o mesmo juízo;
III - seja adequado para todos os pedidos o tipo de procedimento.
§ 2º Quando, para cada pedido, corresponder tipo diverso de procedimento, será admitida a cumulação se o autor empregar o procedimento comum, sem prejuízo do emprego das técnicas processuais diferenciadas previstas nos procedimentos especiais a que se sujeitam um ou mais pedidos cumulados, que não forem incompatíveis com as disposições sobre o procedimento comum.
§ 3º O inciso I do § 1º não se aplica às cumulações de pedidos de que trata o art. 326 .
 
No mesmo sentido do que vemos na parte geral, sobre a possibilidade de cumulação de pedidos, vemos na parte especial, puramente a respeito de execuções:
 
Código de Processo Civil:
Art. 780. O exequente pode cumular várias execuções, ainda que fundadas em títulos diferentes, quando o executado for o mesmo e desde que para todas elas seja competente o mesmo juízo e idêntico o procedimento.
 
Assim, já temos claro que, ainda que sejam os mesmos devedores, não se pode cumular pedidos de execução por título extrajudicial e por título judicial, porque os procedimentos são diferentes: na primeira hipótese, estamos diante de uma execução mediata, sem saber, previamente, em qual vara judicial o processo tramitará. Na segunda, teremos uma execução imediata, que será, na verdade, apenas a fase subsequente do processo de conhecimento.
Sobre a pluralidade de títulos, há duas possibilidades: ou dois títulos cobram prestações distintas, da mesma relação jurídica, ex: parcelas 1, 2, 3, 4 e 5 de uma obrigação, caso em que cada nota promissória representa uma das obrigações vencidas e os títulos se somam; ou os títulos apenas se reforçam, ex: junta o instrumento particular assinado por duas testemunhas instrumentárias, mais a nota promissória que garantia a obrigação. Nesse caso, os títulos se equivalerão.
A possibilidade de cumulação de títulos na mesma execução consta da Súmula 27, do STJ:
 
Súmula 27 – STJ
Pode a execução fundar-se em mais de um título extrajudicial relativos ao mesmo negócio.
 
- Cópia de título executivo?
Em regra, a execução deve ser realizada tendo por base o título original, não sua cópia, por uma questão de segurança jurídica, a fim de impedir que mais de uma execução seja ajuizada para o mesmo título, ou, que ao lado da execução, haja uma cessão de crédito com o mesmo título.
Exceções são admitidas para os casos em que o credor se vê impossibilitado de ter o título em mãos. Exemplo: o cheque está na delegacia, juntado no inquérito por estelionato.
 
- Requisitos do título executivo:
Os títulos executivos judiciais devem respeitar alguns critérios, a fim de que a execução seja possível e alcance sua finalidade. Estes requisitos são esboçados nos Arts. 783 e 803, I, do CPC:
 
Código de Processo Civil:
Art. 783. A execução para cobrança de crédito fundar-se-á sempre em título de obrigação certa, líquida e exigível.
 
Art. 803. É nula a execução se:
I - o título executivo extrajudicial não corresponder a obrigação certa, líquida e exigível;
[...]
 
Agora esmiuçaremos esses requisitos:
 
a) Certeza:
Deve existir um título executivo apontando a existência do débito. Ainda, este título deve preencher todos os requisitos legais. Ex: nota promissória: deve constar expresso “nota pormissória”, a promessa de pagar determinada quantia, o dia de vencimento, o lugar do pagamento, o nome do beneficiário, o lugar e a data de emissão, bem como a assinatura do emitente. Esses requisitos constam do Art. 75, da Lei Uniforme:
 
DECRETO Nº 57.663, DE 24 DE JANEIRO DE 1966
Promulga as Convenções para adoção de uma lei uniforme em matéria de letras de câmbio e notas promissórias.
 
Artigo 75
 
A Nota Promissória contém: 
 
1. denominação "Nota Promissória" inserta no próprio texto do título e expressa na língua empregada para a redação desse título; 
 
2. a promessa pura e simples de pagar uma quantia determinada; 
 
3. a época do pagamento; 
 
4. a indicação do lugar em que se efetuar o pagamento; 
 
5. o nome da pessoa a quem ou à ordem de quem deve ser paga; 
 
6. a indicação da data em que e do lugar onde a Nota Promissória é passada; 
 
7. a assinatura de quem passa a Nota Promissória (subscritor).
 
Portanto, no quesito certeza, temos o an debeatur, que significa a existência da dívida.
 
b) Liquidez:
A liquidez é imprescindível e sem ela não se pode ajuizar execução por título extrajudicial.
Aqui, estamos diante do quantum debeatur.
Ou o título trará expresso o valor exato da obrigação, como no exemplo da nota promissória, ou será aferível por cálculo aritmético, como no contrato de locação em que há os aluguéis mais os encargos.
Um exemplo de título ilíquido, seria, por exemplo, o acordo em que se obriga a pagar um percentual do faturamento de uma empresa, referente a determinado ano. Para tanto, teria de se produzir prova a respeito desse faturamento.
 
c) Exigibilidade:
O título tem de ser exigível no momento da propositura da execução, sob pena de sua nulidade, conforme inciso III, do Art. 803, CPC:
 
Código de Processo Civil:
Art. 803. É nula a execução se:
I - o título executivo extrajudicial não corresponder a obrigação certa, líquida e exigível;
II - o executado não for regularmente citado;
III - for instaurada antes de se verificar a condição ou de ocorrer o termo.
Parágrafo único. A nulidade de que cuida este artigo será pronunciada pelo juiz, de ofício ou a requerimento da parte, independentemente de embargos à execução.
 
- Títulos executivos judiciais e extrajudiciais
A principal distinção entre as duas execuções é em relação à origem dos títulos: tenho um título executivo judicial, promovo o cumprimento de sentença. Esses títulos constam no Art. 515, CPC. O procedimento, o modo de cumprir a sentença consta a partir do Art. 513, CPC.
Ao passo que, com título executivo extrajudicial, rol previsto no Art. 784, CPC, meu procedimento consta no Livro II, da Parte Especial, do CPC.
 
- Títulos executivos judiciais
Os títulos executivos judiciais são todos aqueles produzidos no exercício da jurisdição, isto é, da atividade estatal de dizer o direito.
 
Código de Processo Civil:
Art. 515. São títulos executivos judiciais, cujo cumprimento dar-se-á de acordo com os artigos previstos neste Título:
I - as decisões proferidas no processo civil que reconheçam a exigibilidade de obrigação de pagar quantia, de fazer, de não fazer ou de entregar coisa;
II - a decisão homologatória de autocomposição judicial;
III - a decisão homologatória de autocomposição extrajudicial de qualquer natureza;
IV - o formal e a certidão de partilha, exclusivamente em relação ao inventariante, aos herdeiros e aos sucessores a título singular ou universal;
V - o crédito de auxiliar da justiça, quando as custas, emolumentos ou honorários tiverem sido aprovados por decisão judicial;
VI - a sentença penal condenatória transitada em julgado;
VII - a sentença arbitral;
VIII - a sentença estrangeira homologada pelo Superior Tribunal de Justiça;
IX - a decisão interlocutória estrangeira, após a concessão do exequatur à carta rogatória pelo Superior Tribunal de Justiça;
X - (VETADO).§ 1º Nos casos dos incisos VI a IX, o devedor será citado no juízo cível para o cumprimento da sentença ou para a liquidação no prazo de 15 (quinze) dias.
§ 2º A autocomposição judicial pode envolver sujeito estranho ao processo e versar sobre relação jurídica que não tenha sido deduzida em juízo.
 
- Decisões sobre a obrigação de pagar quantia, de fazer, de não fazer ou de entregar coisa
Conforme Art. 515, I, CPC, produzem título executivo judicial, as decisões interlocutórias de mérito – aquela decisão parcial de mérito, que encerra a cognição a respeito de um dos pedidos, mas que permite a continuação do processo - , as sentenças e os acórdãos. O julgamento parcial do mérito está previsto no Art. 356, CPC:
 
Código de Processo Civil:
Art. 356. O juiz decidirá parcialmente o mérito quando um ou mais dos pedidos formulados ou parcela deles:
I - mostrar-se incontroverso;
II - estiver em condições de imediato julgamento, nos termos do art. 355 .
§ 1º A decisão que julgar parcialmente o mérito poderá reconhecer a existência de obrigação líquida ou ilíquida.
§ 2º A parte poderá liquidar ou executar, desde logo, a obrigação reconhecida na decisão que julgar parcialmente o mérito, independentemente de caução, ainda que haja recurso contra essa interposto.
§ 3º Na hipótese do § 2º, se houver trânsito em julgado da decisão, a execução será definitiva.
§ 4º A liquidação e o cumprimento da decisão que julgar parcialmente o mérito poderão ser processados em autos suplementares, a requerimento da parte ou a critério do juiz.
§ 5º A decisão proferida com base neste artigo é impugnável por agravo de instrumento.
 
Antigamente, antes de passar por reformas estruturais, o CPC/1973, dizia textualmente que eram títulos executivos as sentenças condenatórias. Assim, entendia-se que outros provimentos, sem natureza condenatória, não seriam passíveis de execução.
Há entendimento do STJ  (temas 0889, Recurso Especial 1.324.152/SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão), no sentido de que qualquer decisão judicial é passível de execução, “desde que estabeleça obrigação de pagar quantia, de fazer, não fazer ou entregar coisa, admitida sua prévia liquidação e execução nos próprios autos”.
Não é produtivo pautarmos a discussão dos títulos judiciais na natureza das sentenças: declaratória, condenatória, constitutiva ou mandamental, mas sim no reconhecimento da obrigação de pagar quantia certa, de fazer, não fazer ou entregar coisa. Cada uma das espécies de cumprimento de sentença tem procedimento próprio previsto no CPC.
 
- Decisão homologatória de composição judicial:
A decisão homologatória de composição judicial, conforme § 2º, do Art. 515, CPC, pode até mesmo envolver pessoas estranhas à relação de direito processual.
Contudo, a importância desse título para a matéria que estamos estudando é o reconhecimento de obrigação pagar quantia, de fazer, de não fazer ou entregar coisa, daí, neste caso, o Art. 515, II, CPC, dará ensejo a um cumprimento de sentença.
 
- Decisão homologatória de composição extrajudicial:
Conforme Art. 515, III, CPC, a decisão homologatória de composição extrajudicial é título executivo judicial, sendo cumprida por cumprimento de sentença.
Trata-se de um procedimento de jurisdição voluntária, previsto no Art. 725, VIII, CPC e, desde que preencha os requisitos legais e traga uma obrigação, será um título executivo judicial.
 
Código de Processo Civil:
 
Art. 725. Processar-se-á na forma estabelecida nesta Seção o pedido de:
I – emancipação;
II – sub-rogação;
III – alienação, arrendamento ou oneração de bens de crianças ou adolescentes, de órfãos e de interditos;
IV – alienação, locação e administração da coisa comum;
V – alienação de quinhão em coisa comum;
VI – extinção de usufruto, quando não decorrer da morte do usufrutuário, do termo da sua duração ou da consolidação, e de fideicomisso, quando decorrer de renúncia ou quando ocorrer antes do evento que caracterizar a condição resolutória;
VII – expedição de alvará judicial;
VIII – homologação de autocomposição extrajudicial, de qualquer natureza ou valor.
Parágrafo único. As normas desta Seção aplicam-se, no que couber, aos procedimentos regulados nas seções seguintes.
 
- Formal de partilha:
Ao final do inventário ou arrolamento, é expedido um formal de partilha, especificando os bens de cada herdeiro. Este formal poderá ser apenas uma certidão de partilha, para os casos em que o quinhão hereditário representar, até, 5 vezes o salário mínimo.
Contudo, de acordo com o inciso IV, do Art. 515, CPC, esse formal de partilha ou essa certidão repercutirão apenas na seara patrimonial dos herdeiros ou sucessores.
Os credores do de cujus, assim, ou devem buscar o processo de conhecimento para obter um título executivo judicial ou, se tiverem um título extrajudicial, podem ingressar com o processo de execução.
 
- Sentença penal condenatória transitada em julgado:
A execução cível da sentença penal condenatória consta do Art. 515, VI, CPC. 
Embora a sentença cível seja passível de execução provisória, esta possibilidade não existe em relação à sentença penal. Ela somente poderá ser executada após o trânsito em julgado. A autorização está nos Arts. 63 e 387, IV CPP:
 
Código de Processo Penal:
Art. 63.  Transitada em julgado a sentença condenatória, poderão promover-lhe a execução, no juízo cível, para o efeito da reparação do dano, o ofendido, seu representante legal ou seus herdeiros.
Parágrafo único.  Transitada em julgado a sentença condenatória, a execução poderá ser efetuada pelo valor fixado nos termos do inciso iv do caput do art. 387 deste Código sem prejuízo da liquidação para a apuração do dano efetivamente sofrido.               (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).
 
 
Art. 387.  O juiz, ao proferir sentença condenatória:             (Vide Lei nº 11.719, de 2008)
[...]
IV - fixará valor mínimo para reparação dos danos causados pela infração, considerando os prejuízos sofridos pelo ofendido;           (Redação dada pela Lei nº 11.719, de 2008).
[...]
 
- Sentença arbitral:
A sentença arbitral está prevista no Art. 515, VII, CPC. É o único título executivo judicial que não é formado por juiz, mas por árbitro. Conforme Art. 31, da Lei da Arbitragem:
 
LEI Nº 9.307, DE 23 DE SETEMBRO DE 1996.
Art. 31. A sentença arbitral produz, entre as partes e seus sucessores, os mesmos efeitos da sentença proferida pelos órgãos do Poder Judiciário e, sendo condenatória, constitui título executivo.
 
É um dos únicos três casos de execução fundada em título executivo em que há citação do executado e, por consequência, execução mediata.
 
- Sentença estrangeira homologada pelo STJ:
A hipótese, prevista no Art. 515, VIII. Ainda, a decisão interlocutória, estrangeira, poderá ser cumprida no Brasil, após a expedição do exequaturdo STJ.
 
- Outros títulos executivos judiciais:
São títulos executivos judiciais também a decisão que defere a tutela provisória antecipada, bem como a decisão inicial proferida na ação monitória. Esta, caso não sejam opostos embargos, se tornará título executivo judicial.
 
Código de Processo Civil:
Art. 701. Sendo evidente o direito do autor, o juiz deferirá a expedição de mandado de pagamento, de entrega de coisa ou para execução de obrigação de fazer ou de não fazer, concedendo ao réu prazo de 15 (quinze) dias para o cumprimento e o pagamento de honorários advocatícios de cinco por cento do valor atribuído à causa.
§ 1º O réu será isento do pagamento de custas processuais se cumprir o mandado no prazo.
§ 2º Constituir-se-á de pleno direito o título executivo judicial, independentemente de qualquer formalidade, se não realizado o pagamento e não apresentados os embargos previstos no art. 702 , observando-se, no que couber, o Título II do Livro I da Parte Especial .
[...]
Art. 702. Independentemente de prévia segurança do juízo, o réu poderá opor, nos próprios autos, no prazo previsto no art. 701 , embargos à ação monitória.
[...]
 
- Títulos executivos extrajudiciais:
O rol dos títulos executivos extrajudiciais consta do Art. 784, CPC:
 
Códigode Processo Civil:
Art. 784. São títulos executivos extrajudiciais:
I - a letra de câmbio, a nota promissória, a duplicata, a debênture e o cheque;
II - a escritura pública ou outro documento público assinado pelo devedor;
III - o documento particular assinado pelo devedor e por 2 (duas) testemunhas;
IV - o instrumento de transação referendado pelo Ministério Público, pela Defensoria Pública, pela Advocacia Pública, pelos advogados dos transatores ou por conciliador ou mediador credenciado por tribunal;
V - o contrato garantido por hipoteca, penhor, anticrese ou outro direito real de garantia e aquele garantido por caução;
VI - o contrato de seguro de vida em caso de morte;
VII - o crédito decorrente de foro e laudêmio;
VIII - o crédito, documentalmente comprovado, decorrente de aluguel de imóvel, bem como de encargos acessórios, tais como taxas e despesas de condomínio;
IX - a certidão de dívida ativa da Fazenda Pública da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, correspondente aos créditos inscritos na forma da lei;
X - o crédito referente às contribuições ordinárias ou extraordinárias de condomínio edilício, previstas na respectiva convenção ou aprovadas em assembleia geral, desde que documentalmente comprovadas;
XI - a certidão expedida por serventia notarial ou de registro relativa a valores de emolumentos e demais despesas devidas pelos atos por ela praticados, fixados nas tabelas estabelecidas em lei;
XII - todos os demais títulos aos quais, por disposição expressa, a lei atribuir força executiva.
§ 1º A propositura de qualquer ação relativa a débito constante de título executivo não inibe o credor de promover-lhe a execução.
§ 2º Os títulos executivos extrajudiciais oriundos de país estrangeiro não dependem de homologação para serem executados.
§ 3º O título estrangeiro só terá eficácia executiva quando satisfeitos os requisitos de formação exigidos pela lei do lugar de sua celebração e quando o Brasil for indicado como o lugar de cumprimento da obrigação.
 
Além deste rol, podemos encontrar na legislação outras previsões de título executivo extrajudicial.
Uma diferença fundamental entre os títulos judiciais e os títulos extrajudiciais é que somente estes últimos podem sofrer embargos do executado. Nos embargos, a matéria de defesa é mais ampla do que a realizada na impugnação ao título judicial.
 
a) Letra de câmbio, nota promissória, cheque e debêntures:
É o tema do inciso I, do Art. 784, CPC.
Os títulos não causais, isto é, que têm autonomia independentemente do negócio que lhes deu causa, se vencidos, podem ser executados.
Contudo, os títulos causais, ficam sempre atrelados à relação jurídica de direito material. São exemplos deles a letra de câmbio e a duplicata. A duplicata, por exemplo, terá de conter o aceite do devedor, para ser executada:
 
LEI Nº 5.474, DE 18 DE JULHO DE 1968.
Art . 9º É lícito ao comprador resgatar a duplicata antes de aceitá-la ou antes da data do vencimento. 
§ 1º A prova do pagamento é o recibo, passado pelo legítimo portador ou por seu representante com podêres especiais, no verso do próprio título ou em documento, em separado, com referência expressa à duplicata. 
§ 2º Constituirá, igualmente, prova de pagamento, total ou parcial, da duplicata, a liquidação de cheque, a favor do estabelecimento endossatário, no qual conste, no verso, que seu valor se destina a amortização ou liquidação da duplicata nêle caracterizada. 
Art . 10. No pagamento da duplicata poderão ser deduzidos quaisquer créditos a favor do devedor resultantes de devolução de mercadorias, diferenças de preço, enganos, verificados, pagamentos por conta e outros motivos assemelhados, desde que devidamente autorizados. 
Art . 11. A duplicata admite reforma ou prorrogação do prazo de vencimento, mediante declaração em separado ou nela escrita, assinada pelo vendedor ou endossatário, ou por representante com podêres especiais. 
Parágrafo único. A reforma ou prorrogação de que trata êste artigo, para manter a coobrigação dos demais intervenientes por endôsso ou aval, requer a anuência expressa dêstes.
Art . 12. O pagamento da duplicata poderá ser assegurado por aval, sendo o avalista equiparado àquele cujo nome indicar; na falta da indicação, àquele abaixo de cuja firma lançar a sua; fora dêsses casos, ao comprador. 
Parágrafo único. O aval dado posteriormente ao vencimento do título produzirá os mesmos efeitos que o prestado anteriormente àquela ocorrência. 
A recusa do aceite poderá implicar no protesto do título. Com o aceite, o protesto ou o comprovante de entrega das mercadorias, a duplicata é passível de execução:
 
LEI Nº 5.474, DE 18 DE JULHO DE 1968.
Art 15 - A cobrança judicial de duplicata ou triplicata será efetuada de conformidade com o processo aplicável aos títulos executivos extrajudiciais, de que cogita o Livro II do Código de Processo Civil ,quando se tratar:                (Redação dada pela Lei nº 6.458, de 1º.11.1977)
l - de duplicata ou triplicata aceita, protestada ou não;                (Redação dada pela Lei nº 6.458, de 1º.11.1977)
II - de duplicata ou triplicata não aceita, contanto que, cumulativamente:                (Redação dada pela Lei nº 6.458, de 1º.11.1977)
a) haja sido protestada;                (Redação dada pela Lei nº 6.458, de 1º.11.1977)
b) esteja acompanhada de documento hábil comprobatório da entrega e recebimento da mercadoria; e                (Redação dada pela Lei nº 6.458, de 1º.11.1977)
c) o sacado não tenha, comprovadamente, recusado o aceite, no prazo, nas condições e pelos motivos previstos nos arts. 7º e 8º desta Lei.                (Redação dada pela Lei nº 6.458, de 1º.11.1977)
[...]
 
b) Escritura pública ou outro documento público assinado pelo devedor:
Aqui, temos a hipótese do inciso II, do Art. 784, CPC.
Tanto a escritura quanto a ata notarial, assinadas pelo devedor, são passíveis de execução autônoma. O documento “dispensa a assinatura de testemunhas instrumentárias”. Isto deriva da fé pública do Tabelião.
 
c) Documento particular firmado pelo devedor e duas testemunhas:
Nesse tópico, veremos as possibilidades do inciso III, do Art. 784, CPC.
Para que o instrumento particular constitua título executivo é preciso que as testemunhas que assinem o documento possam, em juízo, atuar como testemunhas. Significa que incapazes, impedidos ou suspeitos não poderão assinar o documento como testemunhas, sob pena de comprometer sua eficácia executiva, conforme rol transcrito no Art. 447, CPC:
 
Código de Processo Civil:
Art. 447. Podem depor como testemunhas todas as pessoas, exceto as incapazes, impedidas ou suspeitas.
§ 1º São incapazes:
I - o interdito por enfermidade ou deficiência mental;
II - o que, acometido por enfermidade ou retardamento mental, ao tempo em que ocorreram os fatos, não podia discerni-los, ou, ao tempo em que deve depor, não está habilitado a transmitir as percepções;
III - o que tiver menos de 16 (dezesseis) anos;
IV - o cego e o surdo, quando a ciência do fato depender dos sentidos que lhes faltam.
§ 2º São impedidos:
I - o cônjuge, o companheiro, o ascendente e o descendente em qualquer grau e o colateral, até o terceiro grau, de alguma das partes, por consanguinidade ou afinidade, salvo se o exigir o interesse público ou, tratando-se de causa relativa ao estado da pessoa, não se puder obter de outro modo a prova que o juiz repute necessária ao julgamento do mérito;
II - o que é parte na causa;
III - o que intervém em nome de uma parte, como o tutor, o representante legal da pessoa jurídica, o juiz, o advogado e outros que assistam ou tenham assistido as partes.
§ 3º São suspeitos:
I - o inimigo da parte ou o seu amigo íntimo;
II - o que tiver interesse no litígio.
§ 4º Sendo necessário, pode o juiz admitir o depoimento das testemunhas menores, impedidas ou suspeitas.
§ 5º Os depoimentos referidos no § 4º serão prestados independentemente de compromisso, e o juiz lhes atribuirá o valor que possam merecer.
· Pergunta: somente podem assinar como testemunhas aqueles que estiverem presentes no momento daassinatura do documento?
 
R: Vide REsp 8.849/DF, Rel. Min. Nilson Naves, no sentido de que a assinatura das testemunhas não precisa ser contemporânea à assinatura das partes. Ademais, nesse julgado, foi estabelecido que as testemunhas não precisam estar identificadas, mas precisam ser identificáveis[5].
 
 
· Pergunta: e quanto ao contrato eletrônico? Ele nunca é assinado por testemunhas.
 
R: Vide REsp 1.495.920, de 15 de maio de 2018. Nesse julgado, é reconhecido que quando se tratar de contrato assinado com as chaves públicas brasileiras, haverá exceção ao rol  do Art. 784, do CPC. A questão, aqui, é que a existência e a higidez do negócio poderão ser verificadas sem a necessidade de testemunha. 
A questão é disciplinada pela Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira – ICP Brasil. Aqui, se admite o uso de uma chave raiz, que vale para todas os sites e instituições, como modo de confirmar que é, realmente, seu portador quem realizada os atos via digital.
 
 
d) Instrumento de transação:
A transação extrajudicial, conforme inciso IV, do Art. 784, do CPC, desde que referendada pelo Ministério Público, pela Defensoria Pública, pela Advocacia Pública, pelos advogados dos transatores ou por conciliador ou mediador credenciado por tribunal, serve como título executivo extrajudicial. É preciso constar, no documento, a perfeita identificação destes que o assinam.
 
e) Contratos garantidos por direito real:
Vemos, aqui, o inciso V, do Art. 784, CPC.
Os direitos reais de garantia funcionam como acessórios de uma obrigação principal.
Assim, conforme explica Marcus Vinícius Rios Gonçalves, se executa a dívida, não o bem dado em garantia real[6]. Assim, os contratos garantidos por hipoteca, penhor, anticrese ou outro direito real, são passíveis de execução autônoma.
No mesmo sentido, são executáveis os contratos garantidos por caução, que pode ser real ou fidejussória. A caução real está no mesmo patamar das obrigações garantidas por direito real, porque a confiança do credor, de que a dívida será paga, está baseada em um bem.
Já a caução fidejussória equivale à fiança. É preciso que o contrato de fiança (que é acessório) e o contrato principal observem a presença de duas testemunhas instrumentárias, a fim de que sejam passíveis de execução autônoma.
Cássio Scarpinella Bueno, do mesmo modo, aponta que “caução” é gênero de garantia, das quais a real e a fidejussória são espécies e, por isso, são compreendidas pelo inciso V, do Art. 784, CPC.
 
f) Seguro de vida e acessórios:
Por força do inciso VI, do Art. 784, CPC, este é único contrato de seguro que constitui título executivo extrajudicial.
O contrato de seguro de vida é estipulação em favor de terceiro, prevista no CC, e sua execução depende da juntada da apólice e da certidão de óbito do estipulante.
 
g) Foro e laudêmio:
A hipótese do inciso VII, do Art. 785, CPC, tem origem na enfiteuse, proibida pelo Art. 2.038, do CC. Contudo, aquelas anteriores ao CC/2002, continuam tendo validade e podem gerar esse título executivo extrajudicial.
Ademais, sobre os imóveis situados em área de marinha, recaem o dever de pagar o foro (renda anual) e o laudêmio (para transferência do domínio útil).
 
Código Civil:
Art. 2.038. Fica proibida a constituição de enfiteuses e subenfiteuses, subordinando-se as existentes, até sua extinção, às disposições do Código Civil anterior, Lei n o 3.071, de 1 o de janeiro de 1916 , e leis posteriores.
§ 1 o Nos aforamentos a que se refere este artigo é defeso:
I - cobrar laudêmio ou prestação análoga nas transmissões de bem aforado, sobre o valor das construções ou plantações;
II - constituir subenfiteuse.
§ 2 o A enfiteuse dos terrenos de marinha e acrescidos regula-se por lei especial.
 
h) Aluguel e encargos acessórios:
Está previsto no inciso VIII, do Art. 784, do CPC.
O contrato de locação dispensa a assinatura de testemunhas instrumentárias para ser título executivo. Sua forma de celebração é livre, mas quando é por escrito é que se prova a relação jurídica, no sentido de promover execução autônoma.
 
i) Crédito de dívida ativa:
A hipótese do inciso IX, do Art. 784 dá origem à execução fiscal, regida pela Lei nº 6.830 de 1980.
 
j) Contribuições ordinárias ou extraordinárias de condomínio edilício:
Esta hipótese, prevista no inciso X, do Art. 784, CPC, é novidade do CPC/2015. A doutrina aponta que, no entanto, é preciso demonstrar documentalmente que as despesas ordinárias e extraordinárias, cobradas nesta execução, sejam baseadas na Convenção Condominial ou votação de Assembleia Geral. Caso contrário, seria necessário ajuizar processo de conhecimento, não se poderia ingressar com a execução autônoma.
Esta ação inclui, além dos condomínios vencidos, os vincendos, por autorização expressa do Art. 323, CPC:
 
Código de Processo Civil:
Art. 323. Na ação que tiver por objeto cumprimento de obrigação em prestações sucessivas, essas serão consideradas incluídas no pedido, independentemente de declaração expressa do autor, e serão incluídas na condenação, enquanto durar a obrigação, se o devedor, no curso do processo, deixar de pagá-las ou de consigná-las.
k) Certidão de serventia notarial ou registral:
Está previsto no inciso XI, do Art. 784, CPC.
Também é inovação do CPC/2015. A razão está na fé pública que têm o tabelião e o oficial de registro.
 
l) Outros títulos previstos em lei:
A hipótese do inciso XII, do Art. 784, CPC, está nas leis especiais criarem títulos de crédito, para além do rol do Código.
 
m) Contrato de honorários advocatícios:
Os honorários advocatícios convencionais, isto é, instituídos em contrato, poderão ser executados pelo advogado contra o cliente. Este contrato dispensa a assinatura de testemunhas instrumentárias, mas deve informar, indubitavelmente, o quantum debeatur[7]. Caso o valor não seja líquido, não será possível cobra-lo via execução autônoma.
 
EAOAB
Art. 24. A decisão judicial que fixar ou arbitrar honorários e o contrato escrito que os estipular são títulos executivos e constituem crédito privilegiado na falência, concordata, concurso de credores, insolvência civil e liquidação extrajudicial.
§ 1º A execução dos honorários pode ser promovida nos mesmos autos da ação em que tenha atuado o advogado, se assim lhe convier.
§ 2º Na hipótese de falecimento ou incapacidade civil do advogado, os honorários de sucumbência, proporcionais ao trabalho realizado, são recebidos por seus sucessores ou representantes legais.
§ 3º É nula qualquer disposição, cláusula, regulamento ou convenção individual ou coletiva que retire do advogado o direito ao recebimento dos honorários de sucumbência. (Vide ADIN 1.194-4)
§ 4º O acordo feito pelo cliente do advogado e a parte contrária, salvo aquiescência do profissional, não lhe prejudica os honorários, quer os convencionados, quer os concedidos por sentença.
 
- Opção pelo processo de conhecimento da parte que possui título executivo:
É o teor do Art. 785, do CPC:
 
Código de Processo Civil:
Art. 785. A existência de título executivo extrajudicial não impede a parte de optar pelo processo de conhecimento, a fim de obter título executivo judicial.
 
 
[1]GONÇALVES, Marcus Vinícius. Direito processual civil esquematizado. 11ª ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2020, p. 788.
[2]GONÇALVES, Marcus Vinícius. Direito processual civil esquematizado. 11ª ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2020, p. 788.
[3]GONÇALVES, Marcus Vinícius. Direito processual civil esquematizado. 11ª ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2020, p. 792.
[4]GONÇALVES, Marcus Vinícius. Direito processual civil esquematizado. 11ª ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2020, p. 794.
[5]GONÇALVES, Marcus Vinícius Rios. Direito processual civil esquematizado. 11ª ed. São Paulo: Saraiva, 2020, p. 823.
[6]GONÇALVES, Marcus Vinícius Rios. Direito processual civil esquematizado. 11ª ed. São Paulo: Saraiva, 2020, p. 823.
[7]GONÇALVES, Marcus Vinícius Rios. Direito processual civil esquematizado. 11ª ed. São Paulo: Saraiva, 2020, p. 826.
Exercício 1:
São títulos executivos judiciais:
A)
A decisão interlocutória estrangeira,

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