Prévia do material em texto
SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ............................................................................................ 3 2 O SETOR PÚBLICO E A REPÚBLICA VELHA .......................................... 4 3 DESENVOLVIMENTO DA PRODUÇÃO CAFEEIRA .................................. 8 4 INDUSTRIALIZAÇÃO BRASILEIRA ......................................................... 12 5 A ERA VARGAS E SUAS CONTRIBUIÇÕES ......................................... 18 6 JUSCELINO KUBITSCHEK E O PLANO DE METAS .............................. 21 7 REGIME MILITAR, PRESIDENTES E REFORMAS DO ESTADO .......... 23 7.1 Castello Branco .................................................................................. 24 7.2 Costa e Silva e Médici ........................................................................ 25 7.3 Geisel ................................................................................................. 26 7.4 Figueiredo .......................................................................................... 27 8 TANCREDO NEVES E O GOVERNO SARNEY ....................................... 30 9 COLLOR E ITAMAR FRANCO ................................................................. 36 9.1 Histórico- moedas brasileiras ............................................................. 41 10 FHC, PRIMEIRO E SEGUNDO GOVERNO .......................................... 42 11 LULA, PRIMEIRO E SEGUNDO GOVERNO ........................................ 46 12 DILMA, PRIMEIRO MANDATO E O IMPEACHMENT ........................... 51 13 JAIR MESSIAS BOLSONARO- ATUAL PRESIDENTEErro! Indicador não definido. 14 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................... 56 4 1 INTRODUÇÃO Prezado aluno! O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em tempo hábil. Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que lhe convier para isso. A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser seguida e prazos definidos para as atividades. Bons estudos! 5 2 O SETOR PÚBLICO E A REPÚBLICA VELHA Fonte: olharjuridicobrasileiro.files.wordpress.com Assim chamado em contraste ao período Pós-Revolução de 1930, este é considerado um marco na história da República, causando grandes mudanças, esta foi marcada pela força das oligarquias. Esse período iniciou-se com a proclamação da República, que tornou Deodoro da Fonseca presidente. Fausto (2011, p.892) relata que “em 24 de fevereiro de 1891, a Constituição republicana entrou em vigor e no dia seguinte, a Assembleia elegeu o marechal Deodoro da Fonseca para presidente da república”. Portanto, desde o estabelecimento de um governo após a queda da monarquia, o Brasil começou a formular uma nova constituição, sendo necessário remover as características do regime anterior do país e, em alguns casos, o passado que não mais bem visto. Na República Velha (1889-1930), a economia brasileira era fundamentada na agroexportação, que por sua vez permitia do o Brasil importasse bens para consumo. Eram as exportações de poucos produtos primários (commodities agrícolas como açúcar, algodão, café, borracha, etc.) que ditavam o ritmo de crescimento da economia brasileira (SOSA DE LEON, 2004). A República Velha, era dividida em dois períodos: 6 ❖ O primeiro período decorreu dos anos de1889 a 1894, sendo chamado República da Espada, pois este foi dominado pelos militares. ❖ O segundo período se deu dos anos de 1895 a 1930, sendo chamado de República Oligárquica, pois foi dominado nesta época pelos Presidentes dos Estados. No total, a República Velha estendeu-se de 1889 a 1930 e contando com treze presidentes, vale ressaltar que dois presidentes eleitos não assumiram a função, por motivos de saúde ou políticos, foram eles Rodrigues Alves em seu segundo mandato, falecendo de gripe espanhola, e Júlio Prestes por conta da revolução de 1930. Os presidentes do período foram: Presidentes da República Velha 01 Deodoro da Fonseca (1889-1891) 08 Hermes da Fonseca (1910-1914) 02 Floriano Peixoto (1891-1894) 09 Venceslau Brás (1914-1918) 03 Prudente de Morais (1894-1898 10 Delfim Moreira (1918-1919) 04 Campos Sales (1898-1902) 11 Epitácio Pessoa (1919-1922) 05 Rodrigues Alves (1902-1906) 12 Artur Bernardes (1922-1926) 06 Afonso Pena (1906-1909) 13 Washington Luís (1926-1930) 07 Nilo Peçanha (1909-1910) Características da República Velha: ➢ Mandonismo, clientelismo e coronelismo; ➢ Política do café com leite e dos governadores; ➢ Avanço industrial embrionário; ➢ Revoltas devido uma política corrupta e a desigualdade social; ➢ Fim da República Velha, devido a revolução de 1930. Durante a presidência de, Campos Sales (1898 a 1902), este pactuou a chamada "política dos governadores". O acordo é baseado na supremacia do cliente, definido por Carvalho (1997) como uma relação entre atores políticos que envolve benefícios públicos em troca de apoio, principalmente, na forma de voto. Desta forma, o Presidente da República assegurava autonomia e apoio na forma de verbas ou obras públicas aos Presidentes Estaduais (equivalente, na época, aos atuais governadores) que de igual forma apoiavam os chefes municipais, os conhecidos coronéis. Estes, em troca, deveriam conduzir as eleições por meio de favores ou 7 coerção de forma a garantir a eleição dos candidatos governistas, tanto em âmbito estadual quanto federal. Para viabilizar com fluidez o acordo político, Campos Sales chegou a fazer algumas mudanças institucionais, que alteraram o processo eleitoral. Duas delas foram (DAVALLE, 2003): alterar o critério de determinação do Presidente da Câmara Municipal; e o reconhecimento dos diplomas apenas dos candidatos de situação. Para Lessa (1988) a política dos governadores pode ser interpretada como uma solução de Campos Sales aos seus propósitos no governo e à rotina administrativa do país, que com o fim do Império ainda não havia se estabilizado. Na República Velha, o fato mais evidente da falta de harmonia da classe dominante foi a nomeação de Júlio Prestes como sucessor de Washington, que rompeu o acordo entre Minas e São Paulo, esse comportamento arbitrário da burguesia cafeeira aproxima a oligarquia mineira a do Rio Grande do Sul e da oligarquia nordestina, criando as condições necessárias para que o “governo de coalizão” chegue ao poder por meios armados, na revolução dos anos 30. Nas palavras de Cyro Rezende: Neste cenário de retração econômica generalizada, oligarquias dissidentes, camadas médias urbanas e setores marginalizados do poder, como os tenentes de direita, aglutinaram-se em uma aliança política de ocasião (a Aliança Liberal), e após uma frustrante experiência eleitoral, conquistaram o poder por meio da Revolução de 1930 (REZENDE, CYRO, 2002, p. 24). Devido revolução de 1930, o presidente Washington Luís foi derrubado em outubro de 1930 e impediu Júlio Prestes de assumir a presidência. Getúlio Vargas assumiu logo a seguir como presidente interino do Brasil, iniciando um mandato que decorreu 15 anos. Segundo Fausto (1995, p. 247), “Nos anos 30, concretizou-se a nova divisãode 15% a.m. Nos pós-fixados foram mantidos as condições já existentes. Apesar do sucesso inicial, o congelamento não foi respeitado, e segundo Giambiagi et al. (2005), houve um desequilíbrio dos preços relativos, remarcados preventivamente com o temor por um novo congelamento. Os aumentos feitos pelo governo antes do Plano foram repassados para outros preços de diversos setores da economia. Alguns acordos salariais firmados com o setor público dificultaram a política de redução do déficit público e contribuíram com o aumento da taxa mensal de inflação que voltou a crescer nos meses finais de 1987. No plano verão as principais medidas e objetivos segundo Gremaud, Vasconcellos e Toneto Júnior (1996) foram: a) Diminuição dos gastos públicos, e elevação das taxas de juros; b) Congelamento de preços e alteração da data de comparação de preços para 15/01/1988; c) Introdução do Cruzado Novo e corte de três zeros no Cruzado. NCz$ 1,00 = Cz$ 1000,00; d) Conversão dos salários pela média dos últimos doze meses e mais a aplicação da URP (Unidade Referencial de Preços) de janeiro do mesmo ano; e) No campo externo, promoveu-se uma desvalorização de 18% do cruzado. No entanto, rompeu-se posteriormente com essa medida de minidesvalorizações e adotou-se a paridade NCz$ 1,00 = US$ 1,00; f) Quando aos ativos financeiros, aplicou-se uma Tablita para os contratos prefixados e pós-fixados, retirando da correção monetária destes a aceleração inflacionária; g) Suspenção da moratória da dívida em 31 de janeiro de 1988. Como resultado, a taxa de inflação no primeiro mês de implantação do plano de verão caiu, voltando a crescer em março com forte aceleração, o que culminaram com a entrega para o presidente seguinte, um país com inflação mensal de 80%, ou seja, um estado de hiperinflação. Vale ressaltar fato importante que foi a redação de uma nova Constituição para o país convocando assim a eleição direta para presidente da República, realizada em 15 de novembro de 1989. 37 O fim do Governo de José Sarney é descrito por Lemos (2012, p.27), O Governo terminou melancolicamente, tendo o Economista Maílson da Nobrega como Ministro da Fazenda. Os desarranjos eram enormes, o descrédito também. O ministro tentou voltar às origens ensinadas nos manuais de economia, adotando a chamada política gradualista de combate à inflação, vulgarmente chamada de política “feijão com arroz”. Também não surtiu efeito e o Governo Sarney deixou como legado uma hiperinflação de 86% no mês de março de 1990 e uma elevada taxa de desemprego, ou seja, a sua herança foi um gigantesco processo “estagflacionário”. 9 COLLOR E ITAMAR FRANCO Fonte: vandersonmbf.wordpress.com Fernando Afonso Collor de Mello, derrota Luís Inácio Lula da Silva em 1989 se tornando Presidente da República, a sua gestão é marcada Escândalos e suposta corrupção. Em 1992, devido ao início do processo de impeachment, o presidente foi temporariamente afastado do cargo, renunciou em 1992 sendo substituído pelo vice- presidente Itamar Franco. No governo do presidente Fernando Collor, tivemos as seguintes medidas voltadas a economia: ➢ Alteração da moeda do País; ➢ Liberação da taxa de câmbio, preços e salários congelados; 38 ➢ Retenção de novos depósitos e investimentos financeiros que ultrapassavam Cr$ 50.000,00 por um período de 18 meses; ➢ Extinção de uma série de autarquias, fundações e empresas públicas, e a redução dos ministérios do governo; ➢ Bloqueio de recursos. De acordo com Gremaud, Vasconcellos e Toneto Júnior (1996) o Plano Collor I, possuía as seguintes medidas: a) Adoção de uma drástica redução da liquidez da economia (reforma monetária), através do bloqueio de cerca de metade dos depósitos a vista, 80% das aplicações de overnight e de fundos de curto prazo e cerca de um terço dos depósitos de poupança. Cerca de 70% do M4 da economia foram bloqueados; b) Reformam fiscal e administrativa, que tinha por objetivo promover um ajuste fiscal de ordem de 10% do PIB. O ajuste se daria via redução do custo de rolagem da dívida; suspenção de subsídios, incentivos fiscais e isenções; ampliação da base tributária através da incorporação de ganhos com a agricultura, do setor exportador e dos ganhos de capital nas bolsas; tributação de grandes fortunas; IOF (Imposto sobre Obrigações Financeiras) extraordinário sobre estoque de ativos financeiros e fim do anonimato fiscal, através da proibição dos cheques e das ações ao portador; c) Mudança do regime cambial para um sistema de taxas flutuantes, definidas livremente no mercado; d) Mudança na política comercial, iniciando um processo de liberalização do comércio exterior, com uma redução qualitativa das tarifas de importação de uma média de 40% para menos de 20% em quatro anos; e) Congelamento de preços e desindexação dos salários em relação à inflação passada, definindo uma nova regra de prefixação de preços e salários que entrariam em vigor a partir de 01 de maio de 1990; f) Agregação do Ministério do Planejamento e da Fazenda no Ministério da Economia: assume Zélia Cardoso de Mello. No lado fiscal do Plano Collor I, segundo Albuquerque (1990, p.05), 39 Segundo estimativas oficiais, o ajuste fiscal, promovido pelo Plano, eliminaria o déficit público de 8% do PIB previsto para este ano, gerando, ainda, um superávit fiscal de 2% do PIB. O ajuste compreende uma reforma administrativa, com uma redução de ministérios, extinção de órgãos, e demissões de funcionários, embora o poder executivo tenha sido autorizado a criar algumas autarquias federais e a transferir a Estados e Municípios a participação acionária da União em algumas empresas; o governo promete, ainda, dar consequência a uma austera administração da atividade pública, na tentativa de diminuir o déficit público. Esse bloqueio de recursos causou o congestionamento de recursos gerou uma crise de liquidez no país, que reduziu drasticamente a taxa de inflação nos primeiros meses, mas levou a uma queda acentuada da atividade econômica, resultando em queda de 4,3% do PIB em 1990, refletindo no início na queda da inflação, que voltaria logo a seguir com força total. Em sua última tentativa o governo implanta o plano de estabilização Collor II, porém sem a popularidade e o apoio como tinha, forte recessão na economia e um processo de impeachment, levam o presidente a renunciar. Franco (1995, p. 82), enfatiza o fracasso do neogradualismo, De qualquer modo, nota-se que a inflação caiu de números beirando os 30% para valores ligeiramente abaixo de 20% em período de aproximadamente seis meses, fazendo crer que o modelo de círculo virtuoso estava funcionando. A continuar a mesma orientação, assinalavam alguns analistas, não seria despropositado prever índices de inflação próximos de 10% ao fim do ano, sem dúvida, uma vitória consagradora do novo gradualismo. Todavia, a tendência de queda inverteu-se em abril, ficando a impressão de que a reviravolta não se deveu a fatores econômicos, mas à sucessão de escândalos políticos que cortou um dos elos mais importantes do modelo do círculo virtuoso: a ideia de que o acumulo de credibilidade por parte do governo levaria a um ataque definitivo aos aspectos fundamentais da inflação. Diante dessa situação, Collor deixou o governo nas mãos do vice-presidente Itamar Franco, graduado em engenharia e eleito prefeito de Juiz de Fora e senador da República em 1974. Itamar Franco lançou o Plano Real visando estabilizar a inflação, dando origem assim ao Real, moeda ainda existente hoje, estabilizando assim a economia e acabando com a crise da hiperinflação. Este novo plano reorganizou toda a base de apoio do governo no Congresso e estabeleceu um ministério cobrindo a maioria dos campos políticos nacionais. Em maio de 1993, o presidente convida Fernando Henrique Cardoso, então Ministro das Relações Exteriores,para atuar como Ministro da Fazenda que juntamente com economistas famosos como Edmar Bacha, André Lara Resende e Pérsio Arida, formulam um novo plano para lidar com a inflação. 40 Gremaud; Vasconcellos; Toneto Jr., 2015, destacam o Plano Real da seguinte forma: No final de 1993, começou a ser implementado o plano mais engenhoso de combate à inflação já utilizado no país. Após uma série de tentativas fracassadas de planos heterodoxos na Nova República, o Plano Real conseguiu reduzir a inflação e mantê-la sob controle durante longo período de tempo, apesar das várias crises internacionais, da crise cambial de 1998/99 e da mudança do regime de política econômica a partir de então. (GREMAUD; VASCONCELLOS; TONETO JR., 2015). Ainda segundo Gremaud; Vasconcellos; Toneto Jr., 2015, O Plano Real foi um dos planos mais engenhosos de combate à inflação do Brasil, conseguindo, após várias tentativas fracassadas, reduzir a inflação partiu de forma duradoura no país. O Plano Real, como o Plano Cruzado, também partiu do diagnóstico de que a inflação brasileira possuía um forte caráter inercial. (GREMAUD; VASCONCELLOS; TONETO JR., 2015). Sendo criando em duas fases, onde a primeira abordava a criação do Fundo Social de Emergência (FSE), desvinculando 20% das receitas da União, dando assim recursos para o governo combater a inflação. A primeira fase do Plano Real é descrita da seguinte forma por Bacha (1995, p.7), A finalidade dessa primeira etapa do plano era demonstrar a capacidade do governo federal de executar as despesas orçadas sem precisar da receita gerada pela inflação. Tradicionalmente, o orçamento fiscal era aprovado com um grande déficit, mas como as despesas eram fixadas em termos nominais, enquanto os impostos eram indexados ao nível geral de preços, a inflação contribuía para fechar o hiato entre despesa e receita. O equilíbrio exato era desnecessário, pois a inflação também gerava um montante considerável de recursos adicionais através do imposto inflacionário. Em amos os sentidos o governo se tornara dependente da inflação para equilibrar suas contas. Ainda de acordo com Bacha (1995), a coexistência entre déficit operacional baixo e inflação elevada não deveria ser interpretada como prova que a causa da inflação não era o desajuste fiscal, assim como diagnosticou o Plano Cruzado. Assim, o orçamento embutiria uma previsão inflacionária bem inferior a efetivamente observada, e como as receitas públicas se encontravam indexadas pela inflação verificada e as despesas eram nominais, a inflação subestimada favorecia a redução do déficit público. Já a segunda fase contempla a criação do URV (Unidade de Referência de Valores) utilizado como índice de preços e salários. De acordo com Giambiagi et al. (2005), a ideia do Plano era percorrer o caminho existente entre um período de alta 41 inflação, onde os preços incorporam os movimentos da inflação passada e um período de hiperinflação, quando os preços começam a seguir diariamente os movimentos de outra moeda, quase sempre o dólar. Mas nesse caso, propunha-se uma reforma monetária para encurtar a memória inflacionária, não esperando que os períodos de reajustes dos contratos encurtassem como consequência do processo de aceleração inflacionária. A esse plano de ajuste fiscal somou-se a criação da Unidade Real de Valor (URV), instituída em fevereiro de 1994. A URV foi uma moeda escritural que servia como unidade de conta e referência de valores. Essa unidade funcionava como um “superindexador, cuja variação em cruzeiros reais era definida a partir de uma “banda” formada por três outros índices: o IGP-M, o IPCA e o IPC. ” (FILGUEIRAS, 2000). Para além dessas funções a URV tinha um papel na transição para a nova moeda que viria a surgir, o Real. Idealmente, o processo deveria possibilitar a passagem, paulatina, de todos os preços e salários de Cruzeiro Real para URV, de modo espontâneo e/ou induzido através da fixação imediata dos preços, tarifas e contratos públicos em URV. Quando quase toda a economia estivesse operando com base em URV, esta se transformaria na nova moeda, o Real. Neste momento, quase todos os preços relativos da economia estariam alinhados, isto é, não haveria pressão para qualquer modificação na posição relativa dos diversos agentes econômicos, garantindo-se, assim, que a inflação existente em Cruzeiro Real não viesse a contaminar a nova moeda. Desse modo, a URV cumpriria a função de alinhar os preços relativos, inclusive os salários, de tal modo que, após a criação da nova moeda (Real), esta não fosse contaminada pela inflação passada, associada à velha moeda. Em outras palavras, seu papel essencial foi o de apagar a memória do passado, eliminando, desse modo, o componente inercial da inflação. Em resumo: como todos os preços e salários estariam em URV, a sua subida em cruzeiro real não alteraria os seus valores relativos, ou seja, a inflação se caracterizaria, essencialmente, pelo seu componente inercial. Tomando por suposto que realmente o ajuste fiscal tivesse sido feito e que o conflito distributivo estivesse neutralizado, pelo menos momentaneamente, criar-seia a nova moeda sem o perigo de embutir pressões inflacionárias residuais originadas do cruzeiro real. (FILGUEIRAS, 2000, p.105) Segundo Franco, 1999, Apesar de bem-sucedido, o processo de reengenharia da moeda, por meio da URV, estava construído sobre bases fiscais extremamente precárias, e as remarcações de preços nas vésperas da entrada em vigor da nova moeda foram fortíssimas. A partir de 1º de julho, a URV ficaria para trás, e o destino do Real passaria a depender dos nossos próximos movimentos. Qual seria a inflação do primeiro mês, já na nova moeda, qual o grau de desindexação posterior, tudo isso ia depender da atuação do Banco Central, em particular das políticas de juros e câmbio (FRANCO, 1999, p. 274). 42 Com o objetivo de conter a inflação e estabilizar a economia, o Real passou a ser a nova moeda nacional – “moeda vinculada ao dólar cuja emissão de novas quantidades estava condicionada ao volume de dólares existentes nos cofres do Banco Central do Brasil” (DUARTE, 2016).Com o ajuste fiscal que propunha “reequacionar o orçamento” – por meio do PAI, da criação da CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentações Financeiras), e do FSE, um conjunto de medidas temporárias – o governo conseguiria tanto estabilizar a economia quanto promover o crescimento econômico (BRAZ; CABRAL; DIAS, 2013, p.06). As consequências principais destas medidas foram: o controle da inflação; o aumento dos investimentos de capital estrangeiro, em razão dos altos juros praticados no país; e a maior abertura da economia às importações, estimulando a concorrência produtiva da indústria nacional com mercado externo (PINTO, 2016). Com o fim do imposto inflacionário, a população de baixa renda teve um aumento real em seu poder de compra. Se antes não podiam se proteger da corrosão da inflação e, mesmo tendo seu salário corrigido pela URV, seu poder de compra era reduzido ao longo do mês, agora o fim dessas perdas proporcionou um real aumento em seu poder de compra. Esse aumento de poder de compra exerceu pressão sobre a demanda (BRAZ; CABRAL; DIAS, 2013, p.07). A queda da taxa de inflação mais uma vez levou às famílias brasileiras as compras, porém, ao contrário do que aconteceu durante o Plano Cruzado, desta vez o país estava mais bem preparado para abastecer o mercado interno por meio de importações. Nos primeiros seis meses do Real, ainda sob a liderança do governo Itamar, a inflação acumulada foi de 18,56%, com média mensal de 2,88%. O resultado foi amplamente elogiado e ajudou a melhorar a candidatura de Fernando Henrique Cardoso à presidência, sendo eleito no primeiro turno das eleições em 3 de outubro de 1994 e tornando- se Presidente da República em 1 de janeiro de 1995. 9.1 Histórico- moedasbrasileiras ➢ 1ª Moeda: Réis – de 1500 a 1942 ➢ 2ª Moeda: Cruzeiro – de 1942 ➢ 3ª Moeda: Cruzeiro Novo – de 1967 a 1970 43 ➢ 4ª Moeda: Cruzeiro – de 1970 a 1986 ➢ 5ª Moeda: Cruzado – de 1986 a 1989 ➢ 6ª Moeda: Cruzado Novo – 1989 a 1990 ➢ 7ª Moeda: Cruzeiro – 1990 a 1993 ➢ 8ª Moeda: Cruzeiro Real – 1993 a 1994 ➢ 9ª Moeda: Real – 1994 até hoje 10 FHC, PRIMEIRO E SEGUNDO GOVERNO Fonte: pt.wikipedia.org Além de dar continuidade à missão do “Plano Real”, o primeiro governo de Fernando Enrique Cardoso (FHC,) também realizou profundas reformas econômico- financeiras, a administração pública do país. Das reformas nas áreas econômicas e financeiras, podemos destacar: ✓ Proibição da indexação nos contratos trabalhistas; ✓ Encerramento do monopólio estatal nas áreas de energia, siderurgia e telecomunicações; ✓ Plano nacional de desestatização ✓ PROER (Programa de Estímulo à Reestruturação); ✓ Fortalecimento do Sistema Financeiro Nacional; 44 ✓ Plano Diretor de Reforma do Aparelho de Estado (área administrativa), este não foi implantado devido à resistência dos servidores públicos; ✓ Quebra do monopólio no setor de energia; ✓ Reestruturação do sistema bancário; ✓ PROES (Programa de Incentivo à Redução do Setor Público Estadual na Atividade Bancária. Em 1999, o Brasil deu mais um importante passo para consolidar a estabilidade alcançada pelo real, que foi o estabelecimento de um regime de metas de inflação. De acordo com Giambiagi et al., (2005, p.178), Com a adoção do sistema de metas de inflação, o Conselho Monetário Nacional (CMN) ao definir um “alvo” para variação do IPCA, passou a balizar as decisões da política monetária do Banco Central (BC) tomadas todos os meses pelo Comitê de Política Monetária (Copom). Este toma decisões acerca da taxa Selic com base em um modelo no qual a hipótese adotada quanto à taxa de juros gera certo resultado da inflação, nos termos desse modelo. [...] O sistema de metas trabalha com uma margem de tolerância acima ou abaixo da meta, para acomodar possíveis impactos de variáveis exógenas, procurando evitar grandes flutuações do nível de atividade. Em seu segundo mandato Fernando Enrique Cardoso (FHC) optou pela liberação cambial, com isso o Dólar passou a flutuar livremente, embora a alta do dólar tenha criado pressões inflacionárias, seu impacto não foi tão severo quanto todos temiam. A partir desse ponto a principal ferramenta de condução da política econômica passa a ser a política monetária, visando controlar a demanda, diminuir o déficit no balanço comercial, contenção dos preços internos e manutenção das taxas de juros em níveis atraentes para o capital estrangeiro (BRAZ; CABRAL; DIAS, 2013, p.09). Porém, em seu segundo mandato, FHC enfrentou uma crise na economia brasileira. “Para controlar a inflação, as medidas desestimularam o consumo interno e, consequentemente, elevaram o desemprego” (DUARTE, 2016), um período de recessão econômica começava. Somado à incapacidade do governo em implementar pacotes fiscais, o que causou grande desconfiança quanto à sua capacidade de pagamento, houve o aumento do déficit operacional, causado principalmente pela redução do superávit primário, o que demonstrava significativo aumento das despesas não financeiras do governo (BRAZ; CABRAL; DIAS, 2013, p.10). 45 A solução foi recorrer ao Fundo Monetário Internacional (FMI) desvalorizando a moeda em relação ao dólar americano para eliminar a paridade entre as moedas. Este é o início da mudança da política cambial, que se dá em duas etapas: 1. Adoção de uma taxa de câmbio flutuante, na qual o dólar norte- americano valia R $ 2,00 em 1999. 2. Determinação da taxa de juros anual em 45% e ajustamento do superávit primário A não contaminação da economia como um todo pela inflação observada nos bens transacionáveis foi devido a sua característica de precificação atrelada ao câmbio e pelo rápido retorno da taxa de inflação aos níveis prévalorização, demonstrando que os ajustes demandados pelo mercado haviam sido feitos (BRAZ; CABRAL; DIAS, 2013, p.12). Em 1999, um sistema de metas de inflação com taxas de juros foi estabelecido para atingir essas metas. Se houver probabilidade de a inflação ultrapassar a meta, as taxas de juros seriam aumentadas, caso contrário, se a inflação esfriar, as taxas de juros iriam ser reduzidas. Instaurou-se em 2000 a Lei de Responsabilidade Fiscal, promulgando uma reforma na previdência social e a privatização e readequação de bancos estaduais, que eram uma das maiores fontes de gastos públicos (BRAZ; CABRAL; DIAS, 2013, p.13). Isso teve um efeito positivo na economia durante o ano, mas, já em 2001, o crescimento da atividade econômica teve queda devido “às pressões cambiais, causadas pela crise na Argentina e pelo racionamento de energia causado por fatores climáticos e pelo baixo investimento no setor” (BRAZ; CABRAL; DIAS, 2013, p.13). O plano compreendia ainda o discurso ideológico da necessidade de redução da máquina pública, através de um ajuste fiscal, que resultava na diminuição dos gastos sociais e redução do número de funcionários, além das privatizações das empresas estatais. Tais ações partiam da afirmação por parte do capital de “que umas das razões da inflação – quando não a mais importante – é o déficit público (OURIQUES, 1997b, p. 135) ”. Na prática essa política passava por uma série de reformas econômicas e do estado. As reformas econômicas resultaram durante o governo de Fernando Henrique Cardoso (FHC) no fim do “monopólio estatal nas áreas de prospecção, exploração e refino do petróleo; nas telecomunicações e na geração e distribuição de energia”...“na mudança do conceito de “empresa nacional”, para possibilitar igualdade de condições 46 para as empresas estrangeiras (FILGUEIRAS, 2000, p. 111) ”. As reformas do Estado flexibilizaram as funções próprias do Estado, possibilitando a terceirização e entrada das empresas privadas em diversos setores sociais, sob a justificativa do empecilho que seria a estabilidade do funcionalismo estatal, o que também resultou na possibilidade de demissão por excesso de quadros e ineficiência (FILGUEIRAS, 2000, p. 111) ”. Além disso A Previdência Social, em particular a do serviço público, foi identificada como a razão principal do déficit público, explicitada claramente no Programa de Estabilização Fiscal de 1998. Aqui, os objetivos de sua reforma foram os seguintes: acabar, ou ao menos restringir bastante as chamadas aposentadorias especiais, redefinir a aposentadoria proporcional e por tempo de contribuição, aumentar a contribuição dos funcionários públicos da ativa e instituí-la para os inativos e estabelecer um teto máximo de benefícios para os trabalhadores do setor privado menor do que o existente, abrindo espaço para atuação mais desenvolta dos fundos de pensão privados. (FILGUEIRAS, 2000, p. 111) De acordo com Braz, Cabral e Dias (2013), os 10 primeiros anos da implementação do Plano Real evidenciam-se como um sucesso, com uma eficiência na condução da política econômica baseada na manutenção do tripé macroeconômico (sistema de metas inflacionárias, câmbio flutuante e superávit primário), garantindo a estabilização da economia, com um plano inovador e engenhoso o qual enfrenta uma infraestrutura limitante e diversas reformas (tributária, trabalhista, previdenciária) que barram o desenvolvimento econômico (BRAZ; CABRAL; DIAS, 2013, p.14-15). No campo social, foi estabelecida uma rede de proteção para os pobres, por meio de programas como Auxílio-Gás, Cartão-Alimentação e o Bolsa-Escola, as famílias que matriculavam os filhos na escola e os mantinha, frequentes passavam a receber a ajuda de custo. Embora os valores de transferências eram bastantes reduzidas, mesmo assim acabou incentivando aqueles que deixaram a escola para sobreviver, a voltar ao aprendizado.Vale ressaltar ainda que no campo educacional muitas mudanças foram feitas, entre elas, o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) que surgiu em 1998 durante a gestão do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, sua principal função é analisar o nível de ensino médio no Brasil, avaliar o desempenho pessoal dos alunos e formular políticas públicas de educação. No último ano de posse, FHC alcançou a estabilidade econômica e a inovação do Plano Real às custas do aumento do desemprego e das altas taxas de juros. Além 47 disso, a diferença econômica da distribuição população e renda. Isso formou um ambiente político necessário para a oposição e para garantir a vitória de seu candidato Luís Inácio Lula da Silva. 11 LULA, PRIMEIRO E SEGUNDO GOVERNO Fonte: www.tribunapr.com.br Nascido em 1945, no Estado de Pernambuco, o caminho percorrido na política por Luiz Inácio Lula da Silva (LULA) foi bastante diversificado, de sindicalista a presidente do partido dos trabalhadores (PT), culminando com a vitória na eleição presidencial do Brasil em 2002, após a sua quarta tentativa, tendo perdido as outras três para Fernando Afonso Collor de Mello e Fernando Henrique Cardoso. Antes mesmo de assumir o cargo, o presidente Lula ressaltou que não mudaria nenhum rumo que colocasse em risco a estabilidade econômica do país. Na verdade, a escolha de Henrique Meirelles, para a presidência do Banco Antônio Palocci para o Ministério da Fazenda, fortaleceu o seu firme processo de decisão no combate à inflação e nos rígidos ajustes fiscais. A partir daí foram elaboradas agendas microeconômicas para regularizar a situação do país. Dentre elas podemos destacar: ✓ Instituição de operações de crédito consignado em folha de pagamento; ✓ Definição de patrimônio de afetação; 48 ✓ Promoção de mecanismo de alienação fiduciária imobiliário e veículos; ✓ Separação do valor incontroverso, do valor reclamado na justiça; ✓ Inserção do sistema de informação de crédito do Banco Central; ✓ Encerramento do processo cumulativo do PIS/PASEP e do Cofins; ✓ Alíquotas decrescentes de Imposto de Renda nas aplicações de longo prazo; ✓ Apoio ao microcrédito; ✓ Reforma no judiciário; ✓ Criação da nova Lei de Falência; ✓ Lei das Parcerias Público-Privadas, autorizando a participação de empresas privadas no ambiente público; ✓ Mercado de resseguros abertos; ✓ Inserção de ferramentas de crédito e securitização do mercado imobiliário; ✓ Unificação dos programas de proteção social, em torno do programa Bolsa-Família. Filgueiras e Gonçalves acreditam que o governo Lula é uma fusão de modelos que partiu do "plano real", mas mudou com a crise cambial de 1999: A implementação do Plano Real, lançado em 1994, cumpriu papel decisivo no processo de aprofundamento e consolidação do modelo liberal periférico, que veio a assumir sua forma mais acabada no governo Lula a partir de 2003. No entanto, a política econômica e a dinâmica macroeconômica – expressões mais aparentes e imediatas do modelo – não se mantiveram exatamente as mesmas ao longo de todo o período. Mais especificamente, a partir do Plano Real, pode-se traçar uma linha divisória que distingue dois momentos na evolução do modelo, tendo por referência um acontecimento bem preciso: a crise cambial deflagrada em janeiro de 1999, logo no início do segundo governo Cardoso. Esse fato determinou a mudança da política econômica e ajustes do modelo, com implicações importantes para a dinâmica macroeconômica do país. Analisar a política econômica do governo Lula, a partir dessa percepção, significa distinguir, de um lado o primeiro governo Cardoso (1995-1998), que é o período mais duro de implantação e aprofundamento do novo modelo, no qual a dominância do capital financeiro, no interior do bloco de poder dominante, pode ser qualificada como inconteste e estrita. E, de outro, o segundo governo Cardoso (1999-2002) e o governo Lula (2003-2006), no qual a hegemonia do capital financeiro persiste, mas com maior acomodação dos interesses de outras frações do capital participantes do bloco de poder, especialmente os segmentos exportadores (FILGUEIRAS e GONÇALVES, 2007, p. 96). 49 Principalmente em termos de balança comercial, a diferença cíclica entre os primeiros dias do governo Lula e o fim do governo FHC pode ser vista na questão econômica, o que fez com que o governo petista alcançasse melhores resultados com a mesma política econômica, foram fatores de um ambiente internacional favorável: O crescimento dos fluxos comerciais tem possibilitado, aos países, em desenvolvimento em geral, e ao Brasil em particular, expandir suas exportações e obter elevados superávits nas suas respectivas balanças comerciais. Ocorre um fenômeno generalizado de redução dos déficits ou mesmo obtenção de superávits nas contas de transações correntes. Assim, a melhora na situação das contas externas permitiu que a mesma política ortodoxa, que vinha sendo adotada desde 1999, tivesse resultados macroeconômicos melhores a partir de 2003, usando-se como referência sua própria lógica e seus objetivos anunciados e, de fato, perseguidos. Sem dúvida, a evolução das contas externas do país evidencia que o período mais recente (2003-2006) tem se caracterizado por melhora dos indicadores de vulnerabilidade externa conjuntural da economia brasileira e, por consequência, menor instabilidade macroeconômica (FILGUEIRAS e GONÇALVES, 2007, p. 99). Filgueiras e Gonçalves (2007) demonstram essa conjuntura internacional favorável: ✓ A taxa média de crescimento da renda real mundial entre 2003-2006 foi de 4,9%, acima da média histórica (1890-2006) que foi de 3,2%; ✓ Tanto o nível de investimento como a taxa de crescimento do PIB mundiais apresentaram trajetórias crescentes no primeiro governo Lula, ao contrário dos últimos anos do governo FHC. Isso também significou um crescimento do investimento estrangeiro direto nesse período. Um dos grandes influenciadores desse crescimento foi a ampliação do desenvolvimento tecnológico a partir das indústrias de informática e telecomunicações; ✓ Houve um crescimento do volume de exportações e dos preços no comercial mundial no período 2002-2006, em especial das commodities; ✓ O deficit nas contas externas e o deficit das contas públicas dos Estados Unidos gerou um excesso de dólares na economia mundial. Assim as reservas internacionais cresceram nesse período; ✓ Os países, ditos, em desenvolvimento se favoreceram da conjuntura financeira internacional, melhorando seus indicadores em relação a vulnerabilidade externa. O saldo da conta corrente do balanço de pagamentos desses países aumentou de US$77 bilhões em 2002 para 50 U$544 bilhões em 2006. Somam-se a isso um processo de melhoria dos indicadores relativos desses países. A relação entre as reservas internacionais e as importações de bens e serviços aumenta de 55,3% em 2002 para 71,4% em 2006 e a relação entra a dívida externa e a exportação de bens e serviços reduziu-se de 119% em 2002 para 67% em 2006. Portanto, ao contrário das visões defendidas por economistas ligados ao governo, não é que as mudanças nas políticas macroeconômicas tenham levado a um melhor desempenho da economia brasileira, mas a situação econômica é favorável. Em comparação com o governo anterior, a política macroeconômica não mudou muito, tendo as taxas de juros como principal medida. Desde o Plano Real, a taxa de juros constitui uma espécie de variável-síntese para compreensão do país. Ela é, ao mesmo tempo, a expressão mais aparente – “a ponta do iceberg” – da natureza financista do atual bloco de poder dominante e o elemento central mais imediato de explicação dos principais problemas macroeconômicos. Dentre estes problemas, vale destacar: as baixas taxas de crescimento do PIB e sua elevada volatilidade; a grande concentração de riqueza e renda; o elevado grau de pobrezada população; a enorme dívida pública (de curto prazo) comparada ao PIB e a reduzidíssima capacidade de investimento do Estado; o tipo precário de inserção internacional do país e, por decorrência, a sua grande vulnerabilidade externa estrutural. Esses problemas, estreitamente relacionados entre si – alimentando-se reciprocamente -, têm em suas respectivas origens, como uma espécie de denominador comum, o modelo econômico que vem sendo consolidado há doze anos e, mais particularmente, a política macroeconômica adotada a partir de 1999. Tal política envolve a combinação de três elementos: metas de inflação como o único objetivo da política monetária; ajuste fiscal permanente como elemento central da política fiscal; e regime de câmbio flutuante, definido essencialmente pelo mercado, que tem resultado em forte apreciação cambial. Nesse contexto, a alta taxa de juros constitui o principal instrumento de política macroeconômica, condicionando decisivamente as políticas fiscal e cambial, bem como os seus resultados. Expressão da abertura econômico- financeira passiva e desregulada, a política monetária restritiva sobrecarrega a dívida pública e impõe a necessidade de um ajuste fiscal permanente. Ademais, a restrição monetária dificulta a inserção comercial internacional mais ativa do país, pois desestimula o investimento e a inovação (FILGUEIRAS e GONÇALVES, 2007, p. 100). Dessa forma, o governo Lula formulou uma política de controle da inflação mais ortodoxa, superando os criadores do plano real. O governo Lula, com a mesma política econômica do governo anterior e sem mudar a natureza passiva da inserção internacional do país, mas com uma conjuntura internacional muito favorável, tem se beneficiado de resultados expressivos na balança comercial – apesar de haver forte apreciação 51 cambial. Esta circunstância, em que pese o desempenho interno medíocre, tem lhe possibilitado manter intocável o modelo econômico, nas suas características fundamentais. Além disso, lhe permite, também, administrar mais facilmente eventuais contradições no interior do bloco de poder e defender, agora abertamente, a política econômica que estava desacreditada no final do segundo governo Cardoso (FILGUEIRAS e GONÇALVES, 2007, p. 104). A partir do segundo mandato de Lula a principal era restaurar o crescimento do PIB por meio do aumento dos investimentos em infraestrutura urbana, energia e logística. Para cumprir essa tarefa, o governo lançou o “Plano de Aceleração do Crescimento” (PAC). O orçamento do PAC era de 504 bilhões de reais, dos quais 275 bilhões de reais seriam usados para infraestrutura energética, 171 bilhões de reais para infraestrutura social e urbana e 58 bilhões de reais para infraestrutura logística. O gerenciamento de PAC era originalmente sob a direção da Ministra Dilma Rousseff, concentrou-se na Secretaria da Casa Civil do Palácio Presidencial da República. Segundo Giambiagi (2011) o discurso do presidente para o segundo mandato se voltou para um governo que atendesse os mais necessitados, com políticas econômicas e programas sociais que visassem uma maior distribuição de renda para a população. Programas como Bolsa Família, o Prouni e o Luz para Todos foram levantados em grande parte de seus pronunciamentos. Além dos programas sociais citados anteriormente, em janeiro de 2007, o governo criou o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Além de benefícios como a geração de empregos, a melhoria da infraestrutura do país e o aumento do investimento, as medidas do Plano de Aceleração do Crescimento também iriam trazer consigo o crescimento de 4,5% do PIB em 2007 e previsão de 5% nos próximos anos até 2010. Nesse contexto de maior distribuição de renda, ainda em 2007, o governo assinou um acordo para aumentar definitivamente o salário mínimo até 2023. Segundo a Nota Técnica do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) nº 62 (2008, p. 2) “essa política de valorização do salário mínimo tem como critérios o repasse da inflação do período entre as suas correções, o aumento real pela variação do Produto Interno Bruto, além da antecipação da data base de sua correção – a cada ano – até ser fixada em janeiro”. Curado (2011, p. 94) afirma que “a ampliação de renda e o consumo dela derivada, estiveram positivamente relacionadas com a expansão do produto”. 52 Os resultados positivos do segundo mandato do governo Lula tornaram o país melhor no setor externo. Segundo Giambiagi (2011, p. 219) “a existência de superávits em conta corrente nos primeiros anos do Governo, juntamente com a continuidade do ingresso de um fluxo expressivo, ano após ano, de investimentos estrangeiros, gerou uma significativa acumulação de reservas e a consequente redução da dívida externa líquida do país”. Contudo, ainda segundo Giambiagi (2011, p. 220), “O acúmulo de reservas não esteve isento de problemas. O contínuo aumento do estoque de reservas depois de 2003, não por acaso, coincide com a persistente tendência de apreciação do Real, interrompida apenas no final de 2008, por conta dos reflexos da crise financeira internacional. A apreciação, se mantida, tenderia, cedo ou tarde, a penalizar os resultados da Balança Comercial. O Brasil, objetivamente, conseguiu evitar que o seu setor industrial sofresse maiores problemas, até 2010. De qualquer forma, a partir de meados da década, a maior parte dos superávits no Balanço de Pagamentos do país – responsáveis pelo aumento de reservas – originaram-se da evolução da conta de capitais e não dos resultados da conta corrente”. Em suma, a política econômica de Lula durante a presidência da República visava manter o controle da inflação, vulnerabilidades externas e expansão de programas sociais. Os dados positivos de Lula ao assumir o cargo foram afetados diretamente pelas condições econômicas internacionais favoráveis, como o aumento da demanda por commodities, resultando em um superávit comercial contínuo e, consequentemente, aumento das reservas internacionais. 12 DILMA, PRIMEIRO MANDATO E O IMPEACHMENT Fonte: www1.folha.uol.com.br 53 Dilma Rousseff nasceu em 14 de dezembro de 1947 em Belo Horizonte capital de Minas Gerais, filha do advogado búlgaro Pedro Rousseff e sua professora Dilma Jane da Silva, além de Dilma, o casal tinha dois filhos. No ensino médio, Dilma participou das atividades políticas do movimento estudantil de Belo Horizonte. Na época, ela tinha 16 anos e lutava contra a ditadura militar instaurada no Brasil em 1964. Em 2003 Dilma Rousseff é convidada a compor o ministério de Minas e Energia do então governo de Lula, em 2003, que no momento contava com um grande crescimento econômico e popular perante a sociedade brasileira, tendo em seu mandato em 2008 um crescimento de PIB de 7,5%, sendo os efeitos desse refletidos na sociedade mais pobre. Giambiagi (2011, p. 229 e p. 230) cita alguns indicadores que podem explicar a melhoria da população e das condições sociais do Brasil entre eles: ➢ A distância entre os mais ricos e os mais pobres reduziu-se fortemente ao longo da década. A renda per capita brasileira aumentou em 1,5% ao ano. ➢ O Índice de Gini caiu de 0,57 em 2002 para 0,52 em 2009. Tal melhoria se deve ao aumento do salário mínimo; aumento do emprego, em particular do emprego formal com carteira assinada; incremento da escolaridade; e queda do trabalho infantil. ➢ Ingresso de milhares de brasileiros na nova “Classe C”, maior grupo social do Brasil, representando mais de 50% da população em 2011. Tal ascensão é função da direta do aumento da renda e das políticas de democratização do crédito, como “crédito consignado”. ➢ Melhoria do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), que reúne os indicadores de renda, educação e saúde. O IDH passou de 0,65 em 2000 para 0,69 em 2010. Segundo Reis (2016, p. 4) “a popularidade do presidente Lulaatingiu 80% de aprovação, o que lhe deu capital político para indicar o seu sucessor, a presidente Dilma Rousseff, que se elegeu com 56% dos votos válidos em 2010”. Dilma Rousseff com isso assumi a presidência do Brasil em 2011, buscando a manutenção e ampliação nos setores sociais e econômicos. Dilma Rousseff foi eleita em 2010 no contexto de uma economia que se recuperava com êxito dos efeitos da crise financeira global de 2008 e em um cenário de grande otimismo. Embora seu projeto de governo não fosse explicitado na campanha, seu objetivo principal logo ficaria claro: senão eliminar, minimizar o rentismo com a dívida pública como meio sistemático de acumulação de capital. Isso 54 significa questionar o poder estrutural do capital financeiro na determinação das taxas de juros e câmbio, rompendo o pacto conservador formado pelo governo Lula em 2003. Isso seria uma grande mudança estrutural (BASTOS, 2012b). De acordo com Mantega “o governo Dilma Rousseff elegeu como um dos seus principais desafios dar um salto de competitividade na economia brasileira, sem abrir mão de se manter na rota da inclusão social e da redução da desigualdade trilhada nos anos precedentes”. (Guido M., Valor Econômico, 19/12/2012). Quando Dilma assumiu a presidência, a economia global passou por uma forte recessão, que afetou também a economia nacional. Para reverter essa crise, em 2011, por meio do “plano de aceleração do crescimento 2” (PAC 2), aumentaram os investimentos em infraestrutura do país. Como a União Europeia e os Estados Unidos sofriam com a crise, o governo brasileiro continuou a expandir o comércio com os países latino-americanos e a China. As taxas de juros mais baixas tornaram mais fácil para empresas e pessoas físicas obter crédito. No entanto, essas medidas não frearam a crise econômica, que gerou a crise política do governo Dilma. Em primeiro lugar, a crise política agravou-se porque o governo Dilma não conseguiu obter o apoio de sua agenda para a Assembleia Nacional. Para reduzir os juros e, portanto, o custo fiscal da dívida pública, o governo adotou três medidas objetivos: ➢ Ganhar liberdade fiscal para implementar políticas sociais, investimentos públicos e subsídios para investimentos privados; ➢ Reduzir a lucratividade do investimento financeiro do setor privado com risco mínimo, forçar a expansão do investimento produtivo e em infraestrutura e apoiar esse investimento por meio de subsídios fiscais e de crédito; ➢ Redução das diferenças de interesses internacionais, criando assim condições de depreciação cambial, sendo considerada uma condição necessária para que o investimento produtivo seja competitivo internacionalmente. No período de 2003 a 2010, houve uma expansão dos mercados financeiros e globais além de uma elevação dos preços das commodities, o que favoreceu a economia brasileira. Nesse período, o Brasil passou por uma fase de expansão de 55 seu crescimento econômico, baseada no aumento da demanda, tanto externa, quanto interna (GENTIL e HERMAN, 2014). A demanda interna foi estimulada, principalmente, pelo aumento real do salário mínimo, pelo aumento do crédito público e pela política fiscal expansionista. A política adotada durante o governo Lula foi baseada no tripé macroeconômico, formado pelo regime de câmbio flutuante, sistema de metas de inflação e superávit primário, aliados a políticas sociais (GENTIL e HERMAN, 2014). Já no início do Governo Dilma, as políticas macroeconômicas adotadas não se diferenciaram muito daquelas realizadas durante o governo anterior, baseadas no tripé macroeconômico e em políticas sociais. Porém, a partir de 2011 inicia-se uma desaceleração do crescimento da economia brasileira, com taxas de crescimento em média de 2,1% a.a. frente 4,6% a.a. no período anterior (2003-2010), queda do investimento privado e do consumo das famílias, déficit externo crescente e aumento da taxa de inflação. Assim, as mesmas estratégias de expansão do gasto público e de desonerações tributárias que estimularam o crescimento a partir de 2004 não produziam mais efeito (GENTIL e HERMAN, 2014). A partir de 2014, houve uma deterioração dos indicadores de confiança de empresários (e consumidores) e queda do consumo das famílias devido à perda de dinamismo dos mercados de trabalho e de crédito, resultando em um crescimento de 0,1% do PIB. Essa perda de dinamismo também teve influência do aumento da taxa de juros, que reduziu o ritmo de produção das indústrias (RELATÓRIO ANUAL DO BANCO CENTRAL, 2014). Apesar da crise econômica o governo investiu bilhões de dólares na Copa das Confederações e copa do mundo no Brasil. Em junho de 2013, jovens brasileiros saíram às ruas para protestar contra a vida instável em geral, o alto custo das passagens de transporte público foi um dos principais temas levantados pelos manifestantes. As manifestações em junho de 2013 foram realizadas em várias cidades do país, com destaque para São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília, onde atuaram até 1 milhão de pessoas, já em 2014 surgiram os casos de desvio e de lavagem de dinheiro envolvendo a Petrobrás, casos estes que foram investigados pela Polícia Federal, tendo como nome operação “lava jato”. Nesse período, a insatisfação pública com o governo Dilma aumentou muito. 56 Durante o segundo mandato de Dilma, a situação econômica do Brasil piorou ainda mais, e em 2015 o PIB do país caiu (-3,8%). A taxa de desemprego e a taxa de inflação aumentaram. Os aliados da presidente no parlamento diminuíram e manifestantes saíram às ruas, exigindo o impeachment de Dilma Rousseff, causando uma divisão política no país. No Brasil a crise capitalista mundial também demonstra seus efeitos e ameaça o conjunto de direitos dos trabalhadores, principalmente seus empregos e salários. Tal crise econômica soma-se à crise política, aprofundada logo após o resultado das eleições presidenciais de 2014 e que se acirrou a partir da abertura de processo e concretização do impeachment de Dilma Rousseff da presidência da República, em 12 de maio de 2016, culminando com a chegada ao poder do então vice-presidente, Michel Temer, e posterior aprofundamento de um projeto que, mesmo jamais tendo sido abandonado pelos governos petistas, reafirma a lógica deletéria das perspectivas neoliberais e contrárias à proteção social e às políticas sociais universais no Brasil. Assim, reafirma-se um processo de cooperação e compartilhamento de responsabilidades entre Estado e mercado, no qual o Estado Social já não é mais o protagonista, mas sim o mercado, identificando-se aqui algumas tendências do chamado pluralismo de bem-estar, apontado pelos seus principais defensores como um dos modelos alternativos para superar a crise e estabelecer, por mais residual que seja, algum nível de proteção social, ainda que restrito às camadas mais pauperizadas da sociedade (BEHRING, 2004; PEREIRA, 2004). Michel Temer ao tomar posse inicia as seguintes reformas: ✓ Mudança na exploração do pré-sal; ✓ Teto de gastos; ✓ Reforma do Ensino Médio; ✓ Terceirização; ✓ Reforma trabalhista; ✓ Intervenção na Segurança do Rio; ✓ Alta dos combustíveis e greve dos caminhoneiros (ponto negativo do governo) e início da reforma da previdência. Durante seus dois anos no governo, Michel Temer enfrentou uma série de desafios políticos e econômicos, sendo considerado pior presidente eleito pelos brasileiros, com reputação de 6%. 57 13 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALBUQUERQUE, Pedro. Plano Collor: Uma lógica no caos? Fortaleza: Instituto Equatorial de Cultura Contemporânea, 1990. BACHA, Edmar Lisboa. Plano Real: uma avaliação preliminar. Revista BNDES, Rio de Janeiro, v.2, n. 3, p. 3-36, junho 1995. BEHRING, Elaine. Política social: notas sobre o presente e o futuro. In: BOSCHETTI, Ivanete et. all. (Orgs.). Política social: alternativasao neoliberalismo. Brasília: UnB/Programa de Pós-graduação em Política Social, Departamento de Serviço Social, p. 161-180, 2004. PEREIRA, Potyara Amazoneida Pereira. Pluralismo de bem-estar ou configuração plural da política social no neoliberalismo. In: BOSCHETTI, Ivanete et all (Orgs.). Política social: alternativas ao neoliberalismo. Brasília: UnB/Programa de Pós- graduação em Política Social, Departamento de Serviço Social, p. 135-159, 2004. BANCO CENTRAL DO BRASIL. “Boletim do Banco Central do Brasil”. Relatório Anual 2014. Brasília, v.50, mar. 2016. BASTOS, P. P. Z. A economia política do novo-desenvolvimentismo e do social desenvolvimentismo. Economia e Sociedade, v. 21, número especial, dez. 2012b. FAUSTO, Boris. A Revolução de 30. In: MOTA, Carlos Guilherme (Org). Brasil em perspectiva. 20. ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1995. p. 227-255. (Corpo e Alma Brasil). ______. Getúlio Vargas: o poder e o sorriso. São Paulo: Companhia Das Letras, 2006. (Coleção Perfis Brasileiros). FAUSTO, Boris. A revolução de 1930. 11. ed. São Paulo: Brasiliense, 1987. FAUSTO, Boris. O Brasil republicano. São Paulo: Difel, 1981. FAUSTO, B. História Concisa do Brasil. São Paulo: Ediusp, 2001. LAFER, Celso. JK e o programa de metas (1956-1961): processo de planejamento e sistema político no Brasil. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2002. 58 PEREIRA, Luiz C. Bresser. Desenvolvimento e crise no Brasil: 1930-1983. 4. ed. São Paulo: Brasiliense, 1985. REZENDE, Cyro. Economia brasileira contemporânea. 2. ed. São Paulo: Contexto, 2002. (Manuais Contexto). DAVALLE, R. Federalismo, política dos governadores, eleições e fraudes eleitorais na República Velha. Revista Métis: história e cultura, vol. 2, nº 4, julho- dezembro/2003. LESSA, R. A invenção republicana: Campos Sales, as bases e a decadência da Primeira República brasileira. São Paulo: Editora Vértice, 1988. CARVALHO, J. M. Mandonismo, coronelismo e clientelismo. Simpósio sobre Nation Building in Latin America: Conflict Between Local Power and National Power in the Nineteenth Century", em homenagem a Raymond Buve, Leiden, Holanda, 20-21 de abril de 1995. SOSA DE LEON, Mireya. Populismo y "Getulismo" en el Brasil de Getulio Vargas, 1930- 1945/1950-1954. TF. [online]. oct. 2004, vol.22, no.88 [citado 20 Mayo 2012], p.469-512. Disponível em: https://repositorio.ufsc.br/bitstream/handle/123456789/103834/Monografia%20da%2 0Juliana%20de%20Oliveira%20Gieremek.pdf?sequence=1 . Acesso em: 02/10/2020. Associação Brasileira da Indústria de Café - ABIC. História do Café. 2009.Disponível em Acesso em: outubro de 2020. FELIPE, C. R. P; DUARTE, J. B. Conjuntura do Comércio Internacional de Café. Revista Anhanguera v.9 n.1 jan./dez. p.9-36 2008. MENDONÇA, M. G., PIRES, M. C. Formação econômica do Brasil. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2002.p. 122 e 123. https://repositorio.ufsc.br/bitstream/handle/123456789/103834/Monografia%20da%20Juliana%20de%20Oliveira%20Gieremek.pdf?sequence=1 https://repositorio.ufsc.br/bitstream/handle/123456789/103834/Monografia%20da%20Juliana%20de%20Oliveira%20Gieremek.pdf?sequence=1 59 PEREIRA, M. J. F. C. História ambiental do café no Rio de Janeiro Século XIX: Uma análise de desenvolvimento sustentável. In: XXIII Simpósio Nacional de História 2005, Londrina: Guerra e Paz, 2005. MENEZES, R. História do ciclo do café no Oeste Paulista de 1830 a 1930. Revista on line Cafeicultura. Maio de 2009. Disponível em Acesso em: outubro de 2020. ABIC - Associação Brasileira da Indústria do Café. A história do café. Disponível em: Acesso em: outubro de 2020. . EMBRAPA. História do Café. Disponível em: https://www.embrapa.br/cafe/historia . Acesso em: outubro de 2020. ________Investimento em tecnologia impulsiona a produção de café em Rondônia. Disponível em: https://www.embrapa.br/busca-de-noticias/- /noticia/3609412/investimento-em-tecnologia-impulsiona-producao-de-cafe-em- rondonia . Acesso em: outubro de 2020. _________Revista Cafés de Rondônia: Sabor e Qualidade que vem da Amazônia. Disponível em: https://www.embrapa.br/biblioteca/-/publicacao/1065537/revista- cafes-de-rondonia-sabor-e-qualidade-que-vem-da-amazonia . Acesso em: outubro de 2020. PAULA, Fabiana Aparecida de. Análise da eficiência técnica dos estabelecimentos produtores de café em minas gerais. Viçosa MG, 2013. Disponível em: . Acesso em: outubro de 2020. SILVA, J. C. L. História Econômica da Região Sudeste: do Ciclo do Café à Industrialização. Outubro de 2013. Disponível em Acesso em: outubro de 2020. https://www.embrapa.br/cafe/historia https://www.embrapa.br/busca-de-noticias/-/noticia/3609412/investimento-em-tecnologia-impulsiona-producao-de-cafe-em-rondonia https://www.embrapa.br/busca-de-noticias/-/noticia/3609412/investimento-em-tecnologia-impulsiona-producao-de-cafe-em-rondonia https://www.embrapa.br/busca-de-noticias/-/noticia/3609412/investimento-em-tecnologia-impulsiona-producao-de-cafe-em-rondonia https://www.embrapa.br/biblioteca/-/publicacao/1065537/revista-cafes-de-rondonia-sabor-e-qualidade-que-vem-da-amazonia https://www.embrapa.br/biblioteca/-/publicacao/1065537/revista-cafes-de-rondonia-sabor-e-qualidade-que-vem-da-amazonia 60 COUTO, Berenice Rojas. O Direito Social e a Assistência Social na Sociedade Brasileira: uma equação possível? São Paulo: Cortez,2004. COHEN, Marlene. Juscelino Kubitschek: o presidente bossa-nova. São Paulo: Editora Globo, 2005. BRUM, Argemiro J. O desenvolvimento econômico brasileiro. 11.ed. Petrópolis: Vozes, 1991. BRUM, Argemiro J. O desenvolvimento econômico brasileiro. 16. ed. Petrópolis: Vozes, 1996. FURTADO, Celso. A economia latino-americana (formação histórica e problemas contemporâneos). São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1976. PIFFER, Oswaldo. In: A industrialização no Brasil. Disponível em: http://pt.shvoong.com/business-management/information-technology- management/185. Acesso em: outubro de 2020. SILVA, Nilton Pedro da. In: Conselho Federal de Economia — COFECON. Artigo: as crises e a industrialização brasileira. Disponível em: http://www.cofecon.org.bdindex.p/. Acesso em: outubro de 2020. SUZIGAN, Wilson. Notas sobre desenvolvimento industrial e política econômica no Brasil da década de 30. Revista de Economia Política, n. 1, v. 4, jan./mar. 1984. _________, Wilson. Indústria Brasileira: origem e desenvolvimento. São Paulo: Hucitec, Ed. da Unicamp, 2000. _________, Wilson. In: Artigos. Revista de Economia Política, v. 8, n. 4, out./dez. 1988. Estado e industrialização no Brasil. Disponível em: http://www.rep.org.br/pdf/32-1.pdf. Acesso em: outubro de 2020. VESENTINI, José William. A industrialização brasileira e suas características. Disponível em: pt.shvoong.com/social-sciences/economics/1786023- industrializac/oC3c/oA7%C3°/0A3o-brasileira-suas-caracter%C3%ADsticas/>. Acesso em: outubro de 2020. http://pt.shvoong.com/business-management/information-technology-management/185 http://pt.shvoong.com/business-management/information-technology-management/185 http://www.cofecon.org.bdindex.p/ http://www.rep.org.br/pdf/32-1.pdf 61 GIAMBIAGI, Fabio; VILLELA, André; CASTRO, Lavínia Barros de; HERMANN, Jennifer (Org.). Economia brasileira contemporânea (1945-2004). Rio de Janeiro: Campus, 2005. HABERT, Nadine. A década de 70: apogeu e crise da ditadura militar brasileira. São Paulo: Ática, 1992. 95 p. SKIDMORE, Thomas E. Brasil: de Castelo a Tancredo 1964-1985. 3. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1988. 608 p. TOLEDO, Caio. 1964: Visões Críticas doGolpe: Democracia e Reformas no Populismo. Unicamp, 1997. AURELIANO, Liana Maria. No limiar da industrialização. São Paulo: Brasiliense, 1981. ANDRADE, Carlos Lindomar. Evolução Política do Estado Brasileiro 1961-1990. 1. ed. Florianópolis: Insular, 2013. FAUSTO, Boris. História do Brasil. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2004. LOPES, Francisco L.Choque heterodoxo; combate à inflação e reforma monetária. Rio de Janeiro, Campus, 1986. GASPARI, Elio. A Ditadura Acabada. 1. ed. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2016. ______. A ditadura derrotada. São Paulo: Companhia das Letras, 2003. ABREU, Marcelo de Paiva. A ordem do progresso: cem anos de politica econômica republicana 1889-1989. Rio de Janeiro: Campus, 1990. 445 p. CERQUEIRA, Ceres Aires. Dívida Externa Brasileira: Processo Negocial 1983- 1996. Brasília: Banco Central do Brasil, 1997. 295 p. MACARINI, José Pedro. A política econômica do governo Costa e Silva: 1967- 1969. Revista de Economia Contemporânea, v.10, n. 3, set./dez. 2006. SALLUM JUNIOR, Brasílio. Transição política e crise de estado. Lua Nova, São Paulo, n. 32, p. 133-167, Apr. 1994. Disponível em: 62 https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S010264451994000100008& lng=en&nrm=iso . Acesso em: outubro de 2020. PASTORE, Affonso Celso, A Autópsia do Cruzado, Revista de Economia Política vol. 7, n.2, abril-junho/1987. SIMONSEN, Mário H. Ascensão e declínio do Choque Heterodoxo, Revista de Economia Política vol. 7, n.2, abril-junho/1987. GREMAUD, A.; VASCONCELOS, M.A.S.; e TONETO JÚNIOR, R. Economia Brasileira Contemporânea. 2 ed. São Paulo: Atlas, 1996. GIAMBIAGI, Fabio et al. Economia Brasileira Contemporânea ( 1945 – 2004). 9 ed. Elsevier, 2005. LEMOS, José de Jesus Sousa. Mapa da Exclusão Social do Brasil: radiografia de um país assimetricamente pobre. 3. ed. Fortaleza: Banco do Nordeste do Brasil, 2012. FILGUEIRAS, Luiz Antônio Mattos. História do plano real: fundamentos, impactos e contradições. São Paulo: Bomtempo, 2000. FRANCO, Gustavo H. B. O desafio brasileiro: ensaios sobre desenvolvimento, globalização e moeda. 1ª ed. São Paulo: Editora 34, 1999. BRAZ, O. G. CABRAL, A.S. DIAS, R. O Plano Real como uma inovação e suas consequências. IN: XV Congresso Latino Ibero-Americano de Gestão de Tecnologia, Portugal, 2013. DUARTE, Lidiane. Governo Collor. 2016. Disponível em: https://www.infoescola.com/. Acesso outubro de 2020. OURIQUES, Nildo Domingos. A sedução revolucionária e o Plano Real. In.: OURIQUES, Nildo Domingos; RAMPINELLI, Waldir José (Orgs.). No fio da navalha. 2ª ed. São Paulo: Xamã, 1997a. ___________________. Plano Real: Estabilização monetária e estratégia recolonizadora. In.: COGGIOLA, Osvaldo (Org.). A crise brasileira e o governo FHC. 1ª ed. São Paulo: Xamã, 1997b. https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S010264451994000100008&lng=en&nrm=iso https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S010264451994000100008&lng=en&nrm=iso https://www.infoescola.com/ 63 FILGUEIRAS, Luiz Antônio Mattos. História do plano real: fundamentos, impactos e contradições. São Paulo: Bomtempo, 2000. PINTO, Tales dos Santos. Governo Itamar – Economia. Disponível em Acesso em 05 de novembro de 2016. FILGUEIRAS, Luiz; GONÇALVES, Reinaldo. A economia política do governo Lula. Rio de Janeiro: Contraponto, 2007. GIAMBIAGI, Fábio; VILLELA, André; CASTRO, Lavínia Barros de; HERMANN, Jennifer. Economia Brasileira Contemporânea, 1945-2010. Elsevier Editora Ltda, 2ª edição. São Paulo, 2011. CURADO, Marcelo. Uma avaliação da economia brasileira no Governo Lula. Economia & Tecnologia - Ano 07, Volume Especial. Curitiba, 2011. VARGAS, Getúlio. A nova política do Brasil. Rio de Janeiro: Livraria José Olimpio Editora, 1938. REIS, João Bosco Mousinho. A Nova Matriz Econômica e a recessão econômica do governo Dilma Rousseff: Erros e consequências sobre o nível de atividade econômica. VIII Congresso de Relaciones Internacionales. La Plata, Argentina. Novembro, 2016. GENTIL, Denise; HERMANN, Jennifer. A Política Fiscal do Primeiro Governo Dilma Rousseff: ortodoxia e retrocesso. IE/UFRJ. Disponível em: https://www.ie.ufrj.brimages/pesquisa/pesquisa/textos_sem_peq/texto1711.pdf Acesso em: 13/10/2020. GOVERNO de Dilma Rousseff. [S. l.], 2014. Disponível em: https://www.infoescola.com/historia/governo-de-dilma-rousseff/. Acesso em: 13 out. 2020. DESENVOLVIMENTO e Mudanças no Estado Brasileiro. [S. l.], 2014. Disponível em: https://educapes.capes.gov.br/bitstream/capes/145391/1/PNAP%20- %20Modulo%20Basico%20-%20GP%20- %20Desenv%20Mudancas%20Estado%20Brasileiro.pdf. Acesso em: 13 out. 2020. https://www.ie.ufrj.brimages/pesquisa/pesquisa/textos_sem_peq/texto1711.pdf 64 REPÚBLICA Velha. [S. l.], 2014. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/historiab/republica-velha-1889-1930.htm. Acesso em: 13 out. 2020. OS DIREITOS SOCIAIS NA ERA VARGAS: a Previdência Social no processo histórico de constituição dos Direitos Sociais no Brasil. [S. l.], 2005. Disponível em: http://www.joinpp.ufma.br/jornadas/joinppIII/html/Trabalhos2/Ana_Patr%C3%ADcia1 18.pdf. Acesso em: 13 out. 2020. PLANO de Metas e as consequências na industrialização brasileira. [S. l.], 2008. Disponível em: http://tcc.bu.ufsc.br/Economia291906.pdf. Acesso em: 13 out. 2020. A INDUSTRIALIZAÇÃO NO BRASIL: UMA ANÁLISE HISTÓRICA E ECONÔMICA DE SUAS ORIGENS. [S. l.], 2009. Disponível em: http://tcc.bu.ufsc.br/Economia283443.pdf. Acesso em: 13 out. 2020. INDUSTRIALIZAÇÃO brasileira. [S. l.], 2020. Disponível em: https://mundoeducacao.uol.com.br/geografia/a-industrializacao-brasileira.htm. Acesso em: 13 out. 2020. ANÁLISE POLÍTICA E ECONÔMICA DO GOVERNO FIGUEIREDO E A AGONIA DO FIM DA DITADURA MILITAR BRASILEIRA. [S. l.], 2017. Disponível em: https://repositorio.ufsc.br/bitstream/handle/123456789/178816/Monografia%20do%2 0Igor%20Nolasco.pdf?sequence=1&isAllowed=y. Acesso em: 13 out. 2020. DIEESE. [S. l.], 2020. Disponível em: https://www.dieese.org.br/. Acesso em: 13 out. 2020. 2012 foi ano de crise, parecido com 2009, diz Mantega. [S. l.], 2013. Disponível em: https://valor.globo.com/brasil/noticia/2013/03/01/2012-foi-ano-de-crise-parecido-com- 2009-diz-mantega.ghtml. Acesso em: 13 out. 2020.de ganhos no interior da classe dominante, com o maior atendimento dos vários setores desvinculados do café, que as circunstâncias impediram fosse feita pela via pacífica”. Ao contrário do estado oligárquico da República Velha, a revolução liderada por Vargas era composta por atores sociais com interesses diversos e não estava estritamente ligada ao consórcio do café, o que reflete o "estado de compromisso", nas palavras de Boris Fausto: O Estado que nasce em 1930 e se configura ao longo da década deixa de representar diretamente os interesses de qualquer setor da sociedade. A 8 burguesia do café está deslocada do poder, em consequência da crise econômica; as classes médias não têm condições para assumir seu controle; os “tenentes” fracassam como movimento político autônomo; os grupos desvinculados do setor cafeeiro, especialmente o industrial, não se encontram em condições de ajustar o poder à medida de seus interesses, seja porque tais interesses coincidem frequentemente com os daquele setor, seja porque o café, apesar da crise, continua a ser um dos centros básicos da economia (FAUSTO, 1995, p. 254). Fausto, 2001, acrescenta que: O programa da Aliança Liberal refletia as aspirações das classes dominantes regionais não associadas ao núcleo cafeeiro e tinha por objetivo sensibilizar a classe média. Defendia a necessidade de incentivar a produção nacional em geral e não apenas o café. (FAUSTO, 2001, p.178). Dando força a visão de Fausto sobre o Estado de Compromisso, Bresser Pereira enfatiza o papel de Getúlio Vargas como o novo dirigente, que habilmente conciliou os interesses opostos e administrou as tensões existentes nas instituições nacionais. “Como se vê um Governo de compromisso, um Governo de composição instável, do qual Getúlio Vargas, apesar de seus inúmeros erros, será o genial coordenador e ao mesmo tempo o líder das correntes realmente renovadoras [...]” (PEREIRA, BRESSER, 1972, p. 27). Confirmando a ideia do estado de compromisso, Francisco Welfort destaca a superação do modelo oligárquico e o caráter multifacetado do Estado que emerge no pós-30: O Estado encontrará condições de abrir-se a todos os tipos de pressões sem se subordinar exclusivamente aos objetivos imediatos de qualquer delas. Em outros termos: já não é uma oligarquia. Não é também o Estado tal como se forma na tradição ocidental. É um certo tipo de Estado de massas, expressão da prolongada crise agrária, da dependência dos setores médios e urbanos e da pressão popular (WELFORT, apud FAUSTO, 1995, p. 254). Partindo dos pressupostos anteriores, verifica-se que o governo produzido pela "revolução dos anos 1930" traz traços de conservadorismo e reformismo. Neste estado de compromisso, novas forças sociais opostas se confrontarão, isso levou a maiores demandas por compensação do governo estabelecido pela "revolução". Portanto, o primeiro movimento do governo Vargas no campo das instituições teve como objetivo perceber o surgimento dessas novas classes no país. 9 3 DESENVOLVIMENTO DA PRODUÇÃO CAFEEIRA Fonte: pixabay.com A História do surgimento do café é cercada de muitas lendas, a Associação Brasileira da Indústria de Café – ABIC define o surgimento deste produto da seguinte forma: Uma das histórias mais aceitas e divulgadas é a do pastor Kaldi, que viveu na Absínia, hoje Etiópia, há cerca de mil anos. Ela conta que Kaldi, observando suas cabras, notou que elas ficavam alegres e saltitantes e que esta energia extra se evidenciava sempre que mastigavam os frutos de coloração amareloavermelhada dos arbustos existentes em alguns campos de pastoreio. O pastor notou que as frutas eram fonte de alegria e motivação, e somente com a ajuda delas o rebanho conseguia caminhar por vários quilômetros por subidas infindáveis. Kaldi comentou sobre o comportamento dos animais a um monge da região, que decidiu experimentar o poder dos frutos. O monge apanhou um pouco das frutas e levou consigo até o monastério. Ele começou a utilizar os frutos na forma de infusão, percebendo que a bebida o ajudava a resistir ao sono enquanto orava ou em suas longas horas de leitura do breviário. Esta descoberta se espalhou rapidamente entre os monastérios, criando uma demanda pela bebida. As evidências mostram que o café foi cultivado pela primeira vez em monastérios islâmicos no Yemen (ABIC, 2009, p.1). Ainda segundo a ABIC (2009) alguns manuscritos mencionam a cultura do café no Yemen no ano de 575. Nesta época o café seria consumido in natura, sendo os primeiros grãos torrados para fazer bebida na Pérsia no século XV. Inicialmente a fruta fresca do café era consumida pelos rebanhos como estimulante durante as viagens. 10 Para ABIC (2009), o mundo Árabe foi pioneiro no lançamento de cafeterias requintadas tornando-se locais apropriados para negociações e convívio social. A religião mulçumana proibia o consumo de bebida alcoólica, por isso logo o café passou a ser adotado nas rodas de conversa e em outros momentos de descontração. A importância do café para os Árabes era tanta, que havia um rigoroso controle desde o cultivo até o preparo da bebida. Os estrangeiros não podiam se aproximar dos cafezais, as sementes não podiam ser retiradas do país. Após conseguir algumas mudas, os holandeses realizaram o cultivo em estufas do jardim botânico de Amsterdã, contribuindo para que o café passasse a fazer parte dos hábitos europeus. Felipe e Duarte (2008) lembram que a Indonésia seguiu os passos dos holandeses e passaram a realizar o cultivo da planta suprindo as necessidades da Europa a partir do ano de 1615. Por volta do ano de 1718, o Suriname iniciou o plantio de café, seguido pela Guiana Francesa e Brasil. A partir de 1825 o Brasil passa a destacar-se como um dos maiores produtores de café da América do Norte e América do Sul. Para os autores, a época em que o café entrou no Brasil foi por volta de 1727, trazido pelo sargento-mor Francisco Melo Palheta, da Guiana Francesa, Marina Gusmão de Mendonça e Marcos Cordeiro Pires expõe que: A maneira como se deu a introdução das primeiras mudas no País é incerta. De qualquer forma, segundo a versão corrente, ela ocorreu por conta de um episódio pitoresco, tal como observa, José Roberto do Amaral Lapa: “ Os fatos, dos quais ficaram documentos, parecem ter-se passado da seguinte maneira. Paraense de nascimento, o sargento-mor Francisco de Mello Palheta era conhecedor das áreas litigiosas que Portugal tinha na Amazônia. (...)em uma expedição (...) destinou-se à possessão francesa (Guiana), em cuja capital, Caiena, compareceu ao Palácio do Governador, onde pela primeira vez tomou uma xícara de café, achando deliciosa a bebida. Como por um bando local havia sido proibida qualquer venda de café-`capaz de nascer´- aos portugueses, a verdade é que, por sua solicitação sua ou não sigilosamente a esposa do Governado francês Claude d´Orvilles teria lhe oferecido, num gesto galante, sementes e cinco mudas de café, que dariam aos cafezais brasileiros” (MENDONÇA e PIRES, 2002, p. 122 e 123). Paula, 2013, reforça que, o cultivo de café no Brasil teve início no ano de 1727 e por volta de 1830 o país já era considerado o maior produtor, respondendo por cerca de 70% da produção mundial. Devido às condições climáticas e de possuir solo favorável, a planta se adaptou rapidamente, proporcionando ao país a posição de maior produtor mundial, mantendo-se neste patamar até os dias de hoje, sendo considerado o maior produtor de café do mundo (PAULA, 2013). 11 Devido às condições climáticas do país, o café se adapta facilmente, espalhando sua produção pelos estados do Maranhão, Bahia, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná e Minas Gerais e em pouco tempo o café deixa de ser uma produção relativamente secundária e passa a ser considerado um produto-base da economia brasileira, desenvolvendo-se apenas com recursos nacionais, sendoa primeira realização exclusivamente brasileira que tendeu a produção de riquezas. Em 1825 inicia-se um novo ciclo econômico, pois o Haiti, principal exportador naquela época, entra em crise devido à guerra da independência com a França, o que fez com que o Brasil produzisse ainda mais passando a exportar o produto com maior regularidade (ABIC, 2016). No Rio de Janeiro, o ciclo do café teve início em 1790, quando as primeiras mudas chegaram ao estado e com isso a cultura do café passou a se tornar gradativamente a principal atividade econômica do país na época. Pereira (2005) menciona que o café da Tijuca era considerado o melhor, em qualidade, do Brasil. No entanto, com a chegada da corte portuguesa na cidade do Rio de Janeiro e, consequente aumento da população local, a escassez de água fez com que a Floresta da Tijuca, antes devastada e substituída por cafezais, fosse reflorestada a fim de proteger as nascentes dos rios e reestabelecer o fornecimento de água. De acordo com Pereira (2005), a exportação do café chegou a ser responsável por 62% da receita do Império na década de 1820, sendo que o Rio de Janeiro representava 77% desta arrecadação. Sendo assim, o Rio de Janeiro ganhou destaque em âmbito nacional, e os lucros do café passaram a ser utilizados para o desenvolvimento da cidade. Uma classe média começou a surgir e, junto com ela, novas necessidades e oportunidades de mercado começaram a ser exploradas. As atividades voltadas às ciências, letras, artes e religiosidade passaram a ser desenvolvidas. O auge da produção fluminense foi atingido entre 1835 a 1867, quando sextuplicou o café produzido. A partir de 1870, a produção começa a diminuir em decorrência de técnicas de produção ultrapassadas e uso predatório do solo. Os produtores não estavam preparados para tratar o solo e combater pragas. Além disso, os períodos de chuvas torrenciais e outras mudanças climáticas interferiram na queda da produção (PEREIRA, 2005). 12 Por outro lado, São Paulo possuía terras férteis suficientes para o cultivo do café, tornando-se uma posição importante na economia cafeeira e devido à redução de produção do Rio de Janeiro, o estado começou a ganhar destaque. Menezes (2009) lembra que, tanto no Vale quanto no Oeste Paulista, a cultura do café teve boa adaptação, no entanto, a disponibilidade de terras no Oeste (interior de São Paulo) fez com que sua produção superasse a do Vale. As condições do solo do Oeste, também propiciavam mais longevidade e produtividade da planta, superando em cinco anos de produtividade as plantas do Vale. Uma explicação para essa diferenciação é que a quantidade de terra para plantio no Vale era limitada, sendo assim mais explorada e esgotada do que no Oeste, diminuindo sua produtividade (MENEZES, 2009). Silva, 2013, ainda afirma que: A produção cafeeira tornou-se o carro-chefe da economia nacional e impulsionou a estruturação econômica, política e social do estado de São Paulo, com o desenvolvimento da malha ferroviária, melhoramento de portos, configuração do comércio regional e proporcionando acúmulo de capitais. A mão-de-obra imigrante, com destaque para a presença italiana no estado de São Paulo, representou a passagem do trabalho escravista para a mão-de- obra assalariada, utilizada posteriormente na constituição das primeiras fábricas paulistas (SILVA, 2013, p.1) O cultivo do café pelo Brasil promoveu a expansão da economia, através do surgimento de cidades e diversificação de importantes centros urbanos por todo o interior do Estado de São Paulo, sul de Minas Gerais e norte do Paraná, assim como a construção de ferrovias para o escoamento da produção, o café trouxe consigo a imigração consolidando a expansão da classe média, que demonstrava a riqueza produzida pelo café pelas elegantes mansões dos proprietários produtores de café, chamados de barões do café (ABIC, 2016). No ano de 1952, um novo ciclo se inicia na agricultura, momento este em que foi criado o Instituto Brasileiro do Café – IBC, com finalidade de contribuir para o desenvolvimento de estudos e pesquisas sobre o café, fortalecendo e encorajando os produtores e ainda propiciando o financiamento à produção cafeeira, com intenção de novamente aquecer a economia e recuperar a confiança dos produtores. Com a extinção do IBC em 1990 as instituições que trabalhavam com o café, se organizaram para que estudos na busca pela maximização de resultados continuassem a ocorrer (EMBRAPA, 2016). 13 Assim, em 1996 criou-se o Conselho Deliberativo de Política do Café - CDPC, vinculado ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – Mapa e em 1997 foi criado o Consórcio Brasileiro do Café, com objetivo de planejar e executar as pesquisas, no qual obteve apoio da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - EMBRAPA; Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola - EBDA; Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais – EPAMIG; Instituto Agronômico de Campinas – IAC; Instituto Agronômico do Paraná – IAPAR; Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural – INCAPER; Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento - MAPA; Empresa de Pesquisa Agropecuária do Estado do Rio de Janeiro – PESAGRO - Rio; Universidade Federal de Lavras – UFLA; e Universidade Federal de Viçosa – UFV (EMBRAPA, 2016). Com o incentivo do governo e suas parcerias a economia cafeeira volta a aquecer o mercado e o aumento da demanda pelo produto fez com que surja a necessidade em expandir as fronteiras, assim, estados como a Bahia, Rondônia, Goiás e Minas Gerais passam a ser novos campos de plantação de café. (EMBRAPA, 2016). 4 INDUSTRIALIZAÇÃO BRASILEIRA Fonte: mundoeducacao.uol.com.br Comparado com a industrialização dos países capitalistas centrais, o processo de industrialização no Brasil é considerado tardio, tudo começou no século 20, quase 14 200 anos após a industrialização europeia. Foi apenas no terceiro estágio da industrialização do Brasil que o governo e a burguesia fizeram grandes investimentos na indústria, compraram maquinários e melhoraram os setores de transporte e energia, o que tornou o país competitivo e capaz de aceitar a indústria mundial realizando assim a integração do sistema capitalista global. Furtado (1976, p. 115), diz inicialmente, que os países que se especializaram em exportação de produtos primários, ou seja, naqueles países em que se teve um aumento de produtividade como efeito da expansão da demanda mundial de matérias primas, a evolução das estruturas produtivas, especialmente o processo de industrialização, demonstra peculiaridades, cujo exame constitui-se um dos aspectos mais importantes da teoria econômica do subdesenvolvimento. O aumento da produtividade e do poder de compra da população, ocasionaram mudanças no perfil da demanda global, no sentido de sua diversificação, gerando um acréscimo mais do que proporcional da procura de produtos manufaturados. Acrescentando Brum (1996, p. 71), que o desenvolvimento industrial acelerou a projeção da burguesia e aumentou o crescimento das camadas medianas urbanas e populares, modificando a estrutura das classes sociais, e fazendo, posteriormente, que emergissem novos interesses. Assim, percebe-se que o desenvolvimento da industrialização no Brasil ocorre desde, aproximadamente, o século XIX. Inicia-se como um setor industrial muito simples, subsidiário à principal atividade econômica, qual seja, a produção de café para exportação e peculiar do período que vai até o fim da década de 1920, período este que passou por uma fase bastante rápida de industrialização, por meio da substituição de importações. Portanto, é a partir de 1930 até 1950, que finalmente transforma-se no setor industrial e integrado dos dias atuais, considerado cada vez mais aberto ao comércio exterior por intermédio da promoção das exportações relativasà manufaturados. (SUZIGAN, 1984, p. 132). Para Aureliano (1981, p. 28), é indiscutível que o capital industrial tenha surgido entre os anos de 1886 e 1897, em uma situação de expansão do primeiro ciclo longo do capital cafeeiro, porém, como se sabe, nasce apenas um certo tipo de indústria, ou seja, aquela de bens de consumo assalariado. Vesentini (2008) afirma que: 15 O processo de industrialização de uma nação representa um avanço singular no que diz respeito ao desenvolvimento econômico e social de seu povo. Tratasse de um complexo processo onde há o desenvolvimento da atividade fabril, baseada na relação de trabalho assalariada, que passa a atuar como leme da economia, e apura as relações capitalistas, entre burguesia e o proletariado, constituindo assim o capitalismo pleno, ou industrial. No Brasil, este processo ocorre a partir do final do século XIX, visto que antes desta data, o que ocorriam eram pequenos focos de indústrias e manufaturas. Isso porque a escravidão, grande força da economia da época, não contribuía para um desenvolvimento mais estruturado da indústria, pois mantinha consigo grandes investimentos (compra de escravos), além do fato de que os próprios escravos não eram habilmente capacitados para atuar em indústrias, e nem era de interesse dos grandes barões instruí-los para tal feito. Outras condições desfavoráveis eram ainda encontradas, fazendo com que o processo de industrialização no Brasil se retardasse ainda mais. O trabalho assalariado possuía, no entanto, suas vantagens frente ao trabalho escravo. Os assalariados poderiam constituir um mercado interno, se tornando potenciais compradores para os produtos industrializados, visto que possuíam liberdade para utilizar seus vencimentos. O trabalho assalariado não gerava a revolta que existia entre os escravos, abrindo espaço para que patrões educassem e capacitassem seus funcionários para atuar no maquinário. Além de que o investimento no assalariado era mais perenizado, pois os salários eram pagos depois do trabalho realizado e em pequenas parcelas. A imigração tem papel fundamental no processo de industrialização no Brasil, pois foram imigrantes os primeiros assalariados do processo, e contribuíram em muito para o aumento do mercado consumidor, visto que já tinham costume de consumir produtos industrializados em seus países de origem. A industrialização Brasileira foi singular, pois pelo motivo de ter sido tardia, não cursou todos os passos da industrialização que ocorreu na Inglaterra por exemplo. A passagem de um estado de atividade agrícola para fabril, se deu de forma rápida, utilizando-se das modernas máquinas à eletricidade ou à combustão, importadas da Europa. Já Furtado (1976, p.117), enfatiza claramente muitos fatores que levaram à transição de uma economia primária de exportação para uma economia industrial, a saber: a) natureza da atividade exportadora, da qual depende a quantidade relativa de mão-de-obra a ser absorvida no setor de produtividade elevada e em expansão; b) tipo de infraestrutura exigido pela atividade exportadora: a agricultura de clima temperado criando uma grande rede de transportes; a agricultura de clima tropical, concentrada em áreas limitadas e muitas vezes em regiões montanhosas, satisfazendo-se com uma infraestrutura mais modesta; a produção mineira requerendo uma infraestrutura especializada, na maioria dos casos criadora de escassas economias externas para o conjunto da economia nacional; c) propriedade dos investimentos realizados na economia de exportação: a propriedade estrangeira reduzindo a parte de fluxo de renda do setor em expansão que permanece no país; recaindo nas economias mineiras de exportação a maior incidência da propriedade estrangeira, os aspectos negativos destas se viram agravados; d) taxa de salário que prevalece no setor exportador na fase inicial, a qual depende principalmente das dimensões relativas do excedente de mão-de- obra; 16 e) dimensão absoluta do setor exportador, a qual reflete na maioria dos casos a dimensão geográfica e demográfica do país. Após a crise dos cafeicultores na última década do século 19, os empresários buscaram novas opções de produção. Desta forma, desde então, várias infraestruturas antes utilizadas para o transporte e produção de café passaram a ser utilizadas para a produção industrial, incluindo as estruturas para a cultura do café. A partir disso, grandes indústrias surgiram, fazendo com que as pequenas manufaturas quebrassem ou fossem engolidas pela concorrência. O investimento na industrialização era muito alto, posto que a importação de grandes lotes de máquinas consumia divisas, que eram quase que, exclusivamente, das lavouras cafeeiras. A industrialização passou a apresentar melhores condições aos cafeicultores, que, então, investiram alto, pois as crises de exportação de café eram claras, além do crescimento do mercado consumidor de bens industrializados, que, inicialmente, eram importados da Europa. Com essas crises, na 1ª e 2ª Guerra Mundial, juntamente com a crise econômica do ano de 1929, o Brasil teve um grande impulso no seu processo de industrialização, uma vez que o mercado de bens de consumo aumentava gradativamente e tornava-se muito lucrativo investir na indústria. Os dois momentos distintos do processo de industrialização no Brasil, quais sejam: o primeiro antes das grandes guerras, momento em que a industrialização assumia um processo de substituição de importações, e outro, quando a própria indústria, munida de investimentos internacionais, passou a possuir uma atuação mais forte, com a entrada de multinacionais e a criação de grandes indústrias estatais, possibilitaram o desenvolvimento industrial do Brasil que, no entanto, continuou restrito à produção de bens de consumo e intermediários, embora já havia a produção de bens de capital, apesar destes, serem ramos relativamente fracos. (VESENTINI, 2008). Confirmando, Brum (1996, p. 86), que a primeira Guerra Mundial, bem como a crise econômica do ano de 1929 e a Revolução de 1930 fizeram surgir condições para o início do processo de ruptura com um passado colonial e a decolagem do processo industrial do Brasil. Aliás, insta salientar que a crise do café que se agravou bruscamente com a falência da Bolsa de Valores de Nova Iorque, no ano de 1929, comprovou a vulnerabilidade e inviabilidade da monocultura exportadora como fundamento da economia. A Revolução de 1930, demonstrando a baixa do latifúndio, marcou a ascensão da burguesia rumo ao poder. 17 Aureliano (1981, p. 93), cita que, que foi somente a partir do ano de 1933 que se teve início o que convencionou-se denominar de Industrialização restringida. O desenvolvimento do capital industrial, apesar de restrito, traduzia-se pelo limite em última instância à acumulação estabelecida pela capacidade para importar. Suzigan (1984, p. 132), mostra que os dados inerentes à produção industrial desde o início do século apresentam uma diferença bastante clara nas tendências de longo prazo antes e depois da depressão do ano de 1930. No primeiro período, a taxa de aumento foi moderada e as flutuações cíclicas foram demasiadamente frequentes e um tanto quanto bruscas, com muitos anos de taxas de crescimento negativas ou próximas de zero. No segundo período, essa taxa de aumento pulou para aproximadamente 9% (nove por cento) e aconteceram flutuações cíclicas menores e, portanto, menos pronunciadas, salvo no período de estagnação entre os anos de 1963- 1967. Silva (2009) afirma que: A industrialização brasileira teve seu início e evoluiu, aos trancos e barrancos, com o que se convencionou chamar de Teoria dos Choques Adversos, ou seja, quando, a partir de estrangulamentos externos, foram mobilizados os recursos internos disponíveis para fazer frente às carências provocadas pela interrupção dos fluxos comerciais destinados ao País.Procurava-se, assim, através do investimento industrial, atender à demanda reprimida, decorrente da cessação ou diminuição drástica desse movimento de importação de produtos manufaturados. [...]. A Grande Depressão de 1929 representou o teste mais difícil para a economia do País, com o agravamento da crise de superprodução do café, porém ensejou a demonstração de sua capacidade de superação dos momentos mais críticos do seu desenvolvimento, pois adotou, a despeito da reprovação interna e externa, a política de destruição de estoques acumulados em razão da forte retração da demanda internacional. Tal política consubstanciara-se na adoção de um keynesianismo pré-Keynes, que viria a revelar-se exitosa no combate à queda dos preços internacionais do café e na manutenção do nível de emprego interno. Já a II Grande Guerra, com a adesão do País aos Aliados, ensejou a implantação do principal marco da plena constituição do capitalismo brasileiro: a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), e da Companhia Vale do Rio Doce. A partir daí diz-se que o capitalismo brasileiro passou a andar com seus próprios pés. [...]. Entre 1956 e 1961, o desenvolvimentismo do governo Juscelino Kubistchek substituiu o nacionalismo da era Getúlio Vargas. Atraiu capital estrangeiro também dando estimulo ao capital do estado, JK adotou incentivos fiscais e financeiros e medidas de proteção ao mercado interno, utilizando bens de consumo duráveis como eletrodomésticos e veículos, com o objetivo principal de aumentar o número de 18 fábricas de peças e componentes. Desde então, o Brasil tem conseguido entender os mercados consumidores estrangeiros e integrá-los aos processos de exportação e comércio global. Alguns setores industriais não têm feito tantos investimentos, com tecnologia de ponta, o que torna o Brasil um país dependente econômico e tecnologicamente dependente de outras economias globais. Foi, portanto após 1950, que o Estado passou a exercer um papel mais ativo com relação à estruturação do setor industrial. Primeiramente, na articulação existente entre o capital privado nacional, o capital estrangeiro e o próprio Estado. Para isso tornou-se importante a definição de uma estratégia geral de desenvolvimento (também chamado plano de metas), como também o estabelecimento destas últimas por meio de uma ação dos grupos executivos, que foram criados para a orientação e implantação de indústrias específicas. Em segundo lugar, verifica-se que a proteção ao mercado interno foi substancialmente acrescida. Essa era fornecida por uma recente tarifa aduaneira, bastante protecionista, como também pela política cambial, mediante o controle do mercado cambial e de taxas cambiais diferenciadas, de acordo com o sistema de prioridades. (SUZIGAN, 1988). Como resultado, denota-se, então, que a estrutura industrial cresceu e incorporou segmentos da indústria pesada, da indústria de bens de consumo duráveis e da indústria de bens de capital, substituindo as importações concernentes a insumos básicos, máquinas e equipamentos, automóveis, dentre outros. Essa estrutura seria o alicerce em que se apoiaria o rápido desenvolvimento da produção industrial na primeira fase do ciclo denominado de expansivo que ocorreu de ano de 1968 a 1973 e 1974. (SUZIGAN, 1988). Piffer, 2007, corrobora: A partir da década de 1980, o chamado modelo do Estado Nacional Desenvolvimentista, que lançou as bases da industrialização no pais com forte estatização da economia, foi lentamente de esgotando; nascendo a partir daí _ dadas várias crises _, o Programa Nacional de Privatizações. Paralisado pelas dividas o Estado empenhou-se em transferir parte de seu trabalho produtivo à iniciativa privada, caracterizando a inserção do Brasil no modelo neoliberal da economia, a partir de 1990. Apesar da diversidade e complexidade, a indústria brasileira ainda é muito dependente da importação de bens de produção, insumos básicos e sobretudo, de tecnologia estrangeira. (PIFFER, 2007). Impulsionado e influenciado pelo capital estrangeiro e empresas multinacionais instaladas em nosso país, o país vive atualmente um forte crescimento e 19 desenvolvimento industrial, de indústrias básicas a indústrias de alta tecnologia, todos os tipos de indústrias estão se desenvolvendo fortemente. Depende economicamente de outros países para determinar sua produção, seja ela industrial ou agrícola, o Brasil também conta com tecnologia produzida em países desenvolvidos, o que faz com que a economia nacional seja frágil, pela falta de investimentos em pesquisa e educação, o que poderia aumentar o campo tecnológico, renda e redução dessa dependência. 5 A ERA VARGAS E SUAS CONTRIBUIÇÕES Fonte: elo7.com.br Getúlio Dornelles Vargas é considerado por muitos a figura brasileira mais influente do século 20. Em 1929, Vargas concorreu a presidente da República na lista de oposição da Aliança Liberal. Depois de ser derrotado, ele liderou o movimento revolucionário em 1930 e serviu como governo provisório. Em 1934, foi eleito presidente indiretamente e serviu até 1938. Em 1937 foi instituído o Estado Novo, foi encerrada a Assembleia Nacional, foi promulgada uma nova constituição, que dava o controlo dos poderes legislativo e judiciário, e decidia o encerramento dos partidos políticos. Brasileiros! No alvorecer do novo ano, quando nas almas e nos corações se acende mais viva e crepitante a chama das alegrias e das esperanças e sentimentos mais forte e dominadora a aspiração de vencer, de realizar e progredir, venho comunicar-me convosco e falar, diretamente, a todos, sem distinções de classe, profissão ou hierarquia, para unidos e confraternizados, 20 erguermos bem alto o pensamento, num voto irrevogável pela grandeza e pela felicidade do Brasil (VARGAS, 1938, p.121). Gusmão (2004: p.11) descreve o perfil de Vargas: “A elas [características] somava o gosto pela política, a disciplina individualista, a sedução ao pé do ouvido, a discrição e, com ela, o mutismo de quem achava que Deus nos deu uma boca e dois ouvidos para ouvirmos o dobro do que falamos. Só era tagarela para perguntar: encurralava o interlocutor com um interrogatório em que demonstrava muito interesse pela pessoa e por suas ideias, e o entrevistado saía da sala sem saber o que ele pensava”. Com o fim da Segunda Guerra Mundial em 1945, a pressão pela redemocratização aumentou e Vargas foi deposto por um movimento militar liderado por generais em 29 de outubro de 1945. Perdendo energia, Vargas foi para sua fazenda em São Borja, no Rio Grande Sul, mas nas eleições para a Assembleia Nacional Constituinte de 1946, foi eleito senador por dois estados e sete estados como deputado federal. Na eleição presidencial de 1950, Vargas foi eleito Presidente da República com maior número de votos. No segundo período, seu governo foi marcado pela restauração do nacionalismo, cuja maior manifestação foi a luta com a implantação da Petrobrás, a gradual radicalização política e o estabelecimento do o monopólio estatal do petróleo. Em 1954 ocorre o suicídio de Vargas, devido a enfrenta forte oposição da União Democrática Nacional – UDN, especialmente de Carlos Lacerda, dono do jornal carioca Tribuna da Imprensa. Portanto, podemos verificar que nos 20 anos no poder Vargas inseriu profundas mudanças no sistema político, econômico e administrativo do Brasil. Tamanha a grande importância dessas duas passagens Getúlio Vargas. A política de Vargas centrou-se na organização entre capital e trabalho, o primeiro projeto de lei foi instituído pelo Ministério do Trabalho em 1930 para coordenar a relação entre patrões e empregados, substituindo a ideia de luta de classes pela reconciliação. O sistema corporativo foi estabelecido através de legislação, para atender às demandas impostas pelos trabalhadores urbanos industriais e comerciais e à nova ordem de produção. A regulamentaçãodas relações entre capital e trabalho foi a tônica do período, o que parece apontar uma estratégia legalista na tentativa de interferir autoritariamente, via legislação, para evitar conflito social. Toda a legislação trabalhista criada na época embasava-se na ideia do pensamento liberal brasileiro, onde a intervenção estatal buscava a harmonia entre 21 empregadores e empregados. Era bem-vinda, na concepção dos empresários, toda a iniciativa do estado que controlasse a classe operária, Da mesma forma era bem-vinda por parte dos empregados, pois contribuía para melhorar suas condições de trabalho. ” (COUTO,2004, p. 95). A Consolidação da Lei do Trabalho (CLT) em 1943, desde a instituição do governo Vargas em 1930, toda a legislação social foi consolidada, criou-se a carteira de trabalho, segurança do trabalho, fixou salário-maternidade e férias com remuneração. O perfil das políticas sociais do período de 1937 a 1945 foi marcado pelos traços de autoritarismo e centralização técnico-burocrático, pois emanavam do poder central e sustentavam-se em medidas autoritárias. Também era composto por traços paternalistas, baseava-se na legislação trabalhista ofertada como concessão e numa estrutura burocrática e corporativa, criando um aparato institucional e estimulando o corporativismo na classe trabalhadora. (COUTO, 2004, p.104). Outros pontos do governo Vargas que tiveram avanço foram: ➢ Lei de Sindicalização, aprovada em 1931 estabelecendo a unicidade sindical; ➢ Jornada de trabalho de 8 horas implementada em 1932, criação do código eleitoral; ➢ Fundação dos Institutos de Aposentadoria e Pensões, precursores do INSS em 1933; ➢ Criação, em 1939, da Justiça do Trabalho; ➢ Instituição do Salário Mínimo em 1940; ➢ Criação a Companhia Siderúrgica Nacional em 1941; ➢ Criação Companhia Vale do Rio Doce em 1942; ➢ Aprovação do Código Eleitoral, do voto feminino e do voto secreto; ➢ Criação do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDE) em 1952 e a Petrobrás em 1953, ambos no segundo governo. Portanto, pode-se dizer que independentemente das fortalezas e fraquezas pessoais de Getúlio Vargas e das ações políticas tomadas, seu comando do setor público brasileiro estabeleceu uma divisor do tempo, tornando o país um antes e outro depois de Vargas. 22 6 JUSCELINO KUBITSCHEK E O PLANO DE METAS Fonte: www.nndb.com Sob a plena promoção da democracia, em resultado da constituição em 1946, Juscelino Kubitschek (JK) foi eleito Presidente da República no final de 1955 e tomou posse em 31 de janeiro de 1956, criando uma agenda progressista baseada num programa de obras públicas denominado "Plano de Metas". Em relação a Juscelino Kubitschek, Cohen, 2005 define que: Como secretário do governo de Minas Gerais, ele se destacou pelo seu trabalho dinâmico e contato diário com o público. Passou a advogar em nome de Diamantina, sua cidade natal e, sempre solícito, alcançou grande popularidade em pouco tempo – assim tomou gosto pela carreira política o futuro presidente “bossa-nova”(COHEN, 2005:68) Prometendo fazer o país crescer “50 anos em 5”, caso fosse eleito, Cohen, 2005, também define em relação ao plano de metas, que: O programa de governos dos candidatos da chapa PSB-PTB, organizado com o auxílio de uma equipe de técnicos, foi batizado com o nome de Plano de Metas e representava um audacioso plano de desenvolvimento nacional, que acabou sendo cumprido à risca: eleitos, JK e Jango pretendiam imprimir ao Brasil, em cinco anos de mandato, um ritmo de crescimento industrial equivalente a 50 anos. (COHEN, 2005:95) O Plano de Metas, era composto de um conjunto de 30 objetivos, que abrangia diversos setores como, os setores de energia, transporte, indústria de base, alimentação e educação. Essas metas visavam fundamentalmente à infraestrutura e 23 substituição de importações, buscando superar gargalos internos e externos, O plano não tinha com visão o planejamento global, mas sim um setor-chave da economia brasileira, incluindo os setores público e privado, englobando um quarto da produção nacional. Era necessário dinheiro para alcançar o crescimento do país, mas a situação econômica é herdada do governo Vargas, e, em seguida, Café Filho era preocupante, o déficit fiscal e a perda do poder de compra das exportações constituíam um desequilíbrio impressionante. Sem dúvida, a maior dificuldade era falta de recursos externos, sem essas condições não podia haver um programa de sucesso. De maneira geral, o desenvolvimento de uma economia semi-industrial depende principalmente da importação de equipamentos, tecnologia e bens de capital. De fato, A falta de financiamento externo passou a ser a principal razão do relativo fracasso do governo anterior em planejar a industrialização, especialmente em Vargas, o fracasso do plano da Comissão Mista Estados Unidos-Brasil. Para o sucesso da gestão administrativa do plano e do plano, JK optou por estabelecer uma organização administrativa paralela para atingir a maior parte de seus objetivos, pois a reformulação global da burocracia levará tempo e enfrentará resistências de países ainda notários. Para tanto, requer um grupo de pessoas capacitadas para retirá-los das instituições administrativas que ainda não funcionam apesar da tradicional ineficiência burocrática, e dar-lhes poder para agir. Para o sucesso da gestão administrativa e do plano, JK optou por estabelecer uma organização administrativa paralela para atingir a maior parte de seus objetivos, pois a reformulação global da burocracia levará tempo e enfrentará resistências de um Estado ainda cartorial. Para solucionar essa situação, JK requereu um grupo de pessoas capacitadas para retirando-os das instituições administrativas que ainda não funcionavam devido a tradicional ineficiência burocrática, dando-lhes poderes para agir. (...) A administração paralela compreende um conjunto de instrumentos formado por órgãos já existentes, como o CACEX, a SUMOC, e o BNDE, mais os novos órgãos, com funções de assessoria ou de execução, os Grupos de Trabalho (GT), os Grupos Executivos (GE) e o Conselho de Política Aduaneira (CPA) – todos subordinados diretamente à Presidência da República. (...). (BRUM, 1991: 98-99) 24 O objetivo desta estratégia era o compromisso de vários departamentos e a eficácia da implementação do projeto, e uma demonstração das habilidades políticas do presidente e o espírito de reconciliação. Na verdade, para cada meta do plano, existe uma equipe diretamente responsável por suas equações e execução. Vale ressaltar ainda que no governo de JK ocorreu a construção da capital do nosso país, sendo que no dia 21 de abril de 1960, no governo do presidente Juscelino Kubitschek (JK) ocorreu a inauguração de Brasília. Para Juscelino Kubitschek a nova capital era vista como “(...) a chave de um processo de desenvolvimento que transformará o arquipélago econômico que é o Brasil em um continente integrado” (LAFER 2002, P. 147). Juscelino Kubitschek foi o primeiro presidente eleito e sua campanha usou os planos como solução para o Brasil. Tanto que depois de deixar o governo, o comportamento de planejamento passa a ser institucionalizado, não apenas a publicidade eleitoral, também inclui os processos administrativos dentro do governo. 7 REGIME MILITAR, PRESIDENTES E REFORMAS DO ESTADO Fonte: pixabay.com A turbulência política, aliada a renúncia de Jânio Quadros em agosto de 1961 e a posse de João Goulart, adicionado ao cenário os altos picos de Inflação e crescimento econômico estagnado, contribuíram para o golpe Estado em 1964. 25 Desde o início de março, setores das classes médias e da burguesia, sob a bandeira do anticomunismo e da defesa da propriedade, da Família e da moral cristã, saíam às ruas em diversas capitais do país para pedir o impeachment de Goulart. Dessas manifestaçõespraticamente estiveram ausentes os operários e as organizações populares. Como observou um estudioso, tais manifestações públicas tinham o propósito de criar clima sociopolítico favorável à intervenção militar, bem como incitar diretamente as forças armadas ao golpe de Estado (TOLEDO, 1997). Os militares, associados aos interesses da grande burguesia nacional e internacional, incentivados e respaldados pelo governo norte-americano, justificaram o golpe como “defesa da ordem e das instituições contra o perigo comunista”. Na realidade, o acirramento da luta de classes estava no centro do conflito. O golpe foi uma reação das classes dominantes ao crescimento dos movimentos sociais, mesmo tendo estes um caráter predominantemente nacional-reformista (HARBERT, 1992, p. 08). 7.1 Castello Branco O primeiro presidente do regime O militar é o marechal Humberto de Alencar Castello Branco, figurou no poder no período de 1964 a 1967. Após as fortes medidas tomadas contra os opositores ao governo militar, Castello Branco mirou nos males da economia brasileira que, em 1964, se encontrava em grandes apuros. O governo Goulart apresentava uma dívida externa de 3 bilhões de dólares, e as companhias internacionais não mais honravam os créditos brasileiros; a inflação atingiu um nível anual de 100% e os subsídios e controles governamentais causavam uma má alocação de recursos na economia brasileira (SKIDMORE, 1988). Os anos 1964-67 foram marcados pela implementação de um plano de estabilização de preços de inspiração ortodoxa – O Plano de Ação Econômica do Governo (PAEG) – e de importantes reformas estruturais ---do sistema financeiro, da estrutura tributária e do mercado de trabalho (GIAMBIAGI; VILELLA, 2005, p. 70) Suas reformas foram: ➢ Criação FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço); ➢ Unificação do sistema de Previdência; ➢ Criação dos impostos ISS, ICMS, IPI; ➢ Pagamento dos tributos por meio da rede bancária; ➢ Criação do Fundo de Participação de Estados e Municípios. 26 Neste período também ocorreu a reforma do sistema financeiro, baseada na legislação dos Estados Unidos, onde foram criados sistemas de instituições especializadas com sua devida atividade financeira. 7.2 Costa e Silva e Médici A economia brasileira prosperou sob a liderança do governo de Arthur da Costa e Silva no período de 1967 a 1969, sendo conhecido como o "Milagre Econômico Brasileiro". Por problemas de saúde e após indicação de um colegiado o General Emílio Garrastazu Médici governa de 1969 a 1974. Costa e Silva começou seu mandato com a promessa de “humanizar” a revolução militar, garantindo que o governo ouviria as demandas da população. Porém, as leis, decretos e atos de Castello Branco reduziram a participação da população através de seus representantes eleitos no governo (SKIDMORE, 1988). Garrastazu Médici manteve a mesma orientação da política econômica de Costa e Silva; já no campo político, houve uma grande radicalização do regime, com diversas prisões, censuras, torturas e deportações. Esse clima foi favorável à política anti-inflacionária do governo, que controlava os preços e continha os salários reais (HERMANN, 2005). O governo Médici apresenta um menor número de protestos. Registravam-se marchas estudantis e greves, devido ao grande crescimento econômico de 10% ao ano, forte repressão e censura, tudo isso ainda estimulado pela vitória do Brasil na copa do mundo de futebol de 1970 (ANDRADE, 2013). Seu Governo foi caracterizado por uma descentralização administrativa, onde o ministro da fazenda, Delfim Netto, tinha grande autonomia para conduzir a política econômica; o ministro da Casa Civil, João leitão de Abreu, fazia a coordenação política; e o general Orlando Geisel coordenava as ações no campo da segurança (ANDRADE, 2014, p. 111). Segundo Skidmore, 1988, O novo governo transmitiu a mensagem de que o Brasil estava velozmente se transformando em potência mundial, graças aos seus 10 por cento anuais de crescimento econômico e à intensa vigilância do governo contra os negativistas e os terroristas. Muitos brasileiros concluíram que o aumento do poder nacional conjugado com rápido crescimento da economia era resultado do autoritarismo vigente (SKIDMORE, 1988, p. 221). 27 Dentre os pontos positivos, podemos destacar o crescimento acelerado do PIB (produto interno bruto), crescimento econômico e criação através do decreto-lei nº 200/67, a administração indireta, com autarquias, empresas públicas, empresas de economia mista e fundações. 7.3 Geisel Ernesto Geisel, assume a presidência e governa no período de 1974 a 1979. Sobe o governo de Geisel em meio à crise do petróleo e crise econômica internacional, o governo não deixou de investir, período conhecido como “Crescimento Forçado”, trazendo benefícios a economia brasileira, mas com um alto custo dos desequilíbrios das contas públicas. “Geisel era conhecido por sua personalidade relativamente fechada. Seu estilo autocrático e de administrador tinha pouco do encanto e da cordialidade tão característicos do homem público brasileiro” (SKIDMORE, 1988, p. 317). “No campo político, o novo Presidente tinha como seu grande objetivo a liberalização política do Brasil, através da chamada “distensão política”, que seria “lenta, gradual e segura” (ANDRADE, 2010, p. 137). Para tal, era necessário vencer a “Linha dura”, que sempre defendia o fechamento do regime (ANDRADE, 2010). Geisel, em seu governo, tinha os seguintes objetivos: manter apoio dos militares e, ao mesmo tempo, reduzir o poder da linha dura; controlar o restante dos subversivos, mesmo os poucos que foram os que resistiram à repressão de Costa e Silva e Médici; objetivava um retorno lento e gradual à democracia; e por último preocupava-se em manter as altas taxas de crescimento presentes nos governos anteriores, bem como conseguir executar uma melhor distribuição da grande renda gerada no “milagre econômico” (SKIDMORE, 1988). Para alcançar as metas no âmbito da economia, ocorreu o lançamento do II PND (Plano Nacional de Desenvolvimento). O II PND veio à luz em 1975, já no início do ano, em um quadro de contração da liquidez, muito maior do que o previsto no orçamento monetário. O Banco Central então acionou o mecanismo do “refinanciamento compensatório”, emprestando fundos a bancos comerciais, com 28 juros baixos. Desta maneira, evitava-se a que a expansão do crédito privado fosse obstada pela queda observada até então nos depósitos à vista (MACARINI, 2008). Nesse período ocorreu o II PND (Plano Nacional de Desenvolvimento), investindo na indústria e na fabricação de insumos, no setor energético ocorreram investimentos como, prospecção de petróleo em águas marítimas profundas, Programa Nuclear, Proálcool; e a construção de hidroelétricas, como Itaipu e Tucuruí. A dinâmica do crescimento acelerado teria então as inter-relações de demanda e oferta originadas nos grandes blocos de investimentos, planejados para as indústrias de bens intermediários e bens de capital, energia e transporte. Com isto, o emprego cresceria, lado a lado com uma política salarial modificada, assegurando o crescimento do consumo de massa (MACARINI, 2008). Em suma, os objetivos (e as expectativas) de mudança estrutural que motivaram o II PND foram, em geral, alcançados. No entanto, os custos macroeconômicos desse êxito não foram desprezíveis. Sem dúvida, parte das dificuldades que marcaram a economia brasileira na década de 1980 pode ser atribuída à ousadia do II PND (HERMAN, 2005, p. 107). 7.4 Figueiredo João Baptista de Oliveira Figueiredo, foi o quinto presidente do regime militar, assumindo de 1979 a 1984, O governo Figueiredo é marcado pela abertura política, por um lado, e pela crise na economia, por outro. Em 28 de agosto de 1979, o Presidente da República assinou a lei nº 6.683, que foi uma anistia para todas aspessoas que tinham na época seus direitos políticos durante o regime militar suspensos. Para Andrade (2010, p. 169): Com a anistia, voltaram à política brasileira líderes políticos punidos pelos governos revolucionários, entre os quais Leonel Brizola, Miguel Arraes, Márcio Moreira Alves, Francisco Julião, e até comunistas do PCB e PC do B, como Luís Carlos Prestes, na ilegalidade desde a década de 1940. “Geisel, ao assumir a presidência da república, já tinha seu candidato à sua sucessão. Era o general João Baptista de Oliveira Figueiredo, a quem nomeara Chefe do Serviço Nacional de Informações – SNI, no início de seu mandato” (ANDRADE, 2010, p.158). No final de 1978 foi eleito João Figueiredo para a presidência da república, recebendo o país em um nível de distensão política alto, em um momento 29 em que o país, no governo anterior, experimentava um crescimento econômico em média de 7% ao ano, enquanto a inflação atingia em média 38% ao ano (ANDRADE, 2010). O general-de-exército, João Baptista de Oliveira Figueiredo, tomou posse, como Presidente da República. Prometeu, neste mesmo dia, “fazer deste país uma democracia” e “garantir a cada trabalhador a remuneração justa”. Daria continuidade então à “distensão política” do governo anterior que, em 1978, liberalizava o regime, permitindo a volta de brasileiros exilados e extinguindo os atos institucionais (ANDRADE, 2010). Esta mudança política objetivava atingir a “normalização institucional”, ou seja, liberar o regime não para acabar com a ordem autoritária, mas sim para institucionalizá-la. Este projeto envolvia a construção gradual de um sistema de democracia participativa, mas com um poder executivo forte; fortalecer o governo com uma presença marcante dos militares caso fosse necessária uma intervenção; e consolidar uma elite civil simpatizante com os ideais da chamada pelos militares de revolução de 1964, que seria autoritária, mas institucionalizado (SALLUM JUNIOR, 1994). Segundo Skidmore (1988, p. 410): O novo ministério demonstrava mais continuidade do que mudança. O principal ministro era Mário Henrique Simonsen, anteriormente ministro da Fazenda e agora ministro do planejamento em um novo “superministério” de política econômica. Delfim Neto deixara seu posto de embaixador em Paris para ocupar o Ministério da Agricultura. A escolha pelo retorno de Delfim Neto é facilmente explicável. Durante o milagre econômico brasileiro (1967-1973), quem comandava a economia brasileira era o próprio Delfim. Este, que deixou o poder em 1973 com um grande crescimento econômico e baixa inflação, retornou 5 anos depois para um país com baixo crescimento econômico e alta inflação. Seu retorno animou o empresariado nacional, apesar de o próprio presidente Figueiredo desgostá-lo (GASPARI, 2016). O governo Figueiredo foi palco de vários incidentes que levaram ao esgotamento do sistema político e do modelo de desenvolvimento econômico imposto pelo governo militar, no âmbito econômico, quando a Revolução Iraniana explodiu, fez com que os preços do petróleo subissem de US $ 12 para cerca de US $ 40 o barril, e a situação se agravou com a queda repentina da produção de petróleo nos dois 30 países, grandes produtores (Estados Unidos e Irã), atingindo em cheio a economia brasileira. Em 1979, houve uma nova onda de dificuldades com a segunda crise do petróleo, com um novo aumento dos preços causado pela grande elevação das taxas de juros internacionais. A economia mundial, portanto, passava por uma fase difícil, interrompendo o grande período de prosperidade existente desde a segunda guerra mundial (CERQUEIRA, 1997). O processo de industrialização ocorrido nas últimas décadas na economia brasileira, promoveu sobremaneira o aumento do consumo petrolífero, como a produção doméstica não acompanhou o consumo, as importações de petróleo continuaram crescendo. O aumento das importações, aliado ao aumento dos preços do produto, levou a um aumento estratosférico do custo do petróleo bruto importado. E, nesta segunda crise, o país encontrou pela primeira vez a diminuição do financiamento externo, fato que não ocorrera na primeira crise do petróleo. As reservas cambiais brasileiras foram então utilizadas para cobrir esse déficit e, desde então as políticas macroeconômicas do governo Figueiredo passaram a ser ditadas pela disponibilidade de financiamento externo (ABREU, 1990). O Brasil, como grande importador de petróleo, sofreu com o grande aumento de preço de seu preço, pois dependia deste para grande parte de sua indústria e meios de transporte. A resposta do país foi investir volumosas quantias no setor de energias e transportes, buscando uma maior independência do petróleo. Porém, a falta de uma poupança interna suficientemente grande para financiar tais investimentos levou o país a captar uma poupança externa, beneficiado pelo grande volume de capital internacional disponível na época. É essa estratégia que culminou na grande crise da dívida externa brasileira (CERQUEIRA, 1997). De qualquer forma, conforme Fausto (2004, p. 501), O período Figueiredo combinou dois traços que muita gente considerava de convivência impossível: a ampliação da abertura e aprofundamento da crise econômica. Pensava-se que as dificuldades econômicas estimulariam conflitos e reivindicações sociais, levando a imposição de novos controles autoritários por parte do governo. O equívoco desse raciocínio estava em fazer da política uma simples decorrência da economia. Mas, como um todo, a abertura seguiu seu curso, em meio a um quadro econômico muito desfavorável. 31 O baixo crescimento do PIB e as altas taxas de inflação exacerbaram ainda mais a atmosfera de insatisfação com o regime militar. No segundo semestre de 1983, começou a ganhar corpo o maior movimento de massas da história do país, o movimento "Diretas". Esse movimento tinha como base uma emenda constitucional que estava sendo discutida no Congresso por iniciativa do deputado, Dante de Oliveira. 8 TANCREDO NEVES E O GOVERNO SARNEY Fonte: pixabay.com Em abril de 1984, a Câmara dos Deputados rejeitou a proposta de emenda constitucional que autorizava a eleição direta do Presidente da República. Nesse sentido Tancredo foi eleito presidente da República indiretamente em 15 de janeiro de 1985, e José Sarney, o representante da frente liberal, atuou como vice-presidente. Porém, às vésperas da posse do presidente, adoeceu e foi levado ao Hospital de Base de Brasília, onde fez sua primeira cirurgia. Diante dessa situação, José Sarney assumiu a presidência no dia 15 de março, porém, devido a complicações cirúrgicas, a saúde de Tancredo piorou, ele faleceu em São Paulo no dia 21 de abril aos 75 anos. Diante da taxa de inflação (chegando a 15% ao mês), em fevereiro de 1986, José Sarney lança o Plano Cruzado (programa heterodoxo de congelamento de preços e salários e troca de moeda), havendo sucesso em seu início devido a 32 demanda de consumo da população e o congelamento dos preços, impulsionando assim a economia brasileira. De acordo com Gremaud, Vasconcellos e Toneto Júnior (1996), as principais medidas do Plano foram: a) Na política salarial, o Plano propunha uma conversão salarial pelo poder de compra dos últimos seis meses, adicionado de um abono de 8%. No caso do salário mínimo um abono de 16%. A ideia era transferir renda aos assalariados. Introduziu-se o se convencionou chamar de “gatilho salarial”, uma escala móvel que seria acionada sempre que a inflação atingisse a marca dos 20% a.m.; b) Os preços foram congelados em 28 de fevereiro de 1986 (exceção foi a energia elétrica que obteve um reajuste de 20%). As tarifas públicas, assim como outros setores, acabaram sendo pegos de surpresa devido à falta de uma compensação ou prazo para descompressão. O governo deslocou para 28 de fevereiro adata base do índice de preços para tentar evitar inercia inflacionária, ou seja, que o componente da inflação passada influenciasse a inflação futura. Houve também a alteração na apuração da taxa de inflação em cruzados pelo IPC (Índice de Preços ao Consumidor) calculado pelo IBGE. Vale destacar que o índice elevado de inflação gera uma dispersão dos preços relativos, visto que a cada instante de tempo pode existir produtos com preços acima ou defasados de acordo com o prazo de reajuste; c) Os preços médios dos alugueis foram reajustados através de fatores multiplicativos com base na relação média-pico; d) No que se refere aos ativos financeiros, criou-se algumas regras. Primeiro, deu-se a substituição das ORTNs (Obrigação Reajustável do Tesouro Nacional) pelas OTNs (Obrigação do Tesouro Nacional) que ficariam com os valores congelados por doze meses. No caso dos contratos pós-fixados, os juros que estivesse acima da correção monetária seriam transformados em juros nominais com a expressa proibição de indexação para contratos com prazos inferiores a doze 33 meses. As cadernetas de poupança teriam correção monetária, mas com reajustes trimestrais (IPC). Contratos pré-fixados deveriam ser reajustados de acordo com uma tabela de conversão com desvalorização diária de 0,45%( média diária e inflação entre dezembro de 1985 a fevereiro de 1986). Essa tabela ficou conhecida como Tablita. A ideia com adoção desta tabela era evitar a distribuição de renda para os credores e retirar a inflação embutida; e) Não houve um estabelecimento de metas da política monetária e fiscal, que ficariam dependentes das decisões dos responsáveis por sua condução. A taxa de juros iria variar de acordo com o grau de liquidez da economia e a oferta monetária deveria ser compatível com o nível de demanda; f) A taxa de câmbio foi fixada em 27 de fevereiro no nível deste dia. Descartou-se a priori uma maxidesvalorização devido à boa situação cambial com a desvalorização do dólar. Outro ponto que vale a pena analisar é como o plano pretende tratar a Comissão Interministerial de Preços (CIP) e a forma de tabelamento de preço. Este enfoque é dado por Lemos (2012, p.24), Vale lembrar que na época havia a Comissão Interministerial de Preços (CIP), criada ainda durante os governos militares e que não foi revogada. A CIP se reunia sistematicamente para tabelar preços de itens controlados pelo Governo, sobretudo aqueles que tinham ponderação relevante na composição do Índice Geral de Preços (IGP) da Fundação Getúlio Vargas, que era o termômetro oficial de aferição da inflação brasileira naquele período. Muitos desses itens haviam sido reajustados (ou “cipados” como se dizia na época) nas vésperas do congelamento e, portanto, tiveram os preços congelados no pico. Outros itens estavam para ser “cipados” e não foram, devido ao congelamento que houvera sido estabelecido e, por isso, foram pegos na cava (baixa) no dia do lançamento do Plano Cruzado. Obvio que isso iria provocar descontentamento, como de fato aconteceu. Devido a alguns fatores o plano cruzado perdeu força, sendo substituído. Tais fatores que levaram a essa substituição foram: a) Picos de demanda, não acompanhados de crescimento da oferta correspondente; 34 b) Dificuldades para expandir a produção, a situação normal em curto prazo; c) Baixa oferta de importação é devido ao implemento de políticas de substituição de importações por muitos anos feitas no Brasil; d) Resistência dos produtores ao congelamento de preços, minando a estabilidade do suprimento de alimentos e bens de consumo básicos, o que levou à escassez de produtos e ao acúmulo benefícios econômicos futuros decorrentes de ativos no comércio. Segundo Pastore (1987), as causas da inflação já no período de aplicação do plano não eram puramente inerciais, mas havia uma tendência ascendente de crescimento da demanda, pressionando custos e se propagando via indexação. Simonsen (1987) afirma que o déficit público não fora eliminado em 1986, no período de vigência do plano, logo, a política fiscal do governo não possuía a austeridade necessária no período do choque, ou seja, a ideia de que o choque heterodoxo foi precedido de um ajuste ortodoxo é surreal, e além dessa teoria formulada pelo autor, é sabido também que para a manutenção do congelamento, o governo aumentou gastos públicos nas formas de subsídios e cortou impostos indiretos, características claras de uma política fiscal amena. Conforme Lopes (1986) o governo propôs também que os valores dos salários e preços a serem congelados deveriam ser fixados no equilíbrio, ou seja, os valores das médias dos mesmos dos 6 a 12 meses anteriores. O congelamento teria um prazo indeterminado, porém limitado, onde após concluída a fase de extinção da memória inflacionária, seria gradualmente adotado um processo de liberalização dos preços, até a liberalização total onde seriam corrigidas as distorções causadas pelo congelamento. Antes da eleição, a taxa de inflação oficial era baixa porque não conseguia capturar os efeitos do ágio, da escassez e do lançamento de novos produtos. Apesar dos problemas estruturais da economia, o PMDB obteve ampla vitória nas eleições de novembro de 1986. Logo em seguida era anunciado o plano cruzado II que segundo Gremaud, Vasconcellos e Toneto Júnior (1996, p.222), era composto das seguintes características e trouxe as seguintes consequências, Em 21/11, alguns dias após as eleições que deram ampla vitória ao partido do governo, lançou-se o Cruzado II que visava controlar o déficit público 35 através do aumento de receita em 4% do PIB, com base no aumento de tarifas e do imposto indiretos. Apesar se significar um choque inflacionário, o governo queria expurgar esses aumentos do índice. Devido a pressões de vários setores, ocorreu a incorporação dos aumentos de impostos e tarifas, mas com diferentes ponderações. Institui-se que o gatilho ficaria limitado a 20% e o excedente iria para o gatilho seguinte. Em janeiro de 1987, a inflação atinge 16,8% a.m. e dispara o gatilho. Em fevereiro romperam-se os controles de preços, corrigiu-se o valor da OTN e a indexação voltou pior que antes, pois agora os salários passariam a ter reajustes praticamente mensais. Devido aos fatores citados acima o plano cruzado foi substituído pelo plano cruzado II, que também seguiu a mesma linha de seu antecessor, vindo a perder força e levando consigo a credibilidade do então governo, causando assim aumento de juros, reajuste de tarifas e redução de gastos públicos, e congelamento de preços e salários, como foco final o governo implanta o Bresser e o plano verão. Segundo Gremaud, Vasconcellos e Toneto Júnior (1996), no plano Bresser foram adotadas as seguintes medidas: a) Aluguéis congelados no nível de junho de 87 sem nenhuma compensação; b) Desvalorização cambial de 9,25% em 12/06/87 e não congelamento da taxa de câmbio, mantendo a política de minidesvalorizações, mas com um ritmo menor; c) Congelamento de preços por três meses, mas alguns preços, entre eles os preços públicos, foram aumentados antes da implementação do plano; d) Nova mudança da data base do IPC – Índice de Preços ao Consumidor – para 15/06/87. De modo a evitar uma elevação na inflação de julho, os aumentos foram incorporados à inflação de junho; e) Congelamento de salário por três meses, no nível de 12/06/87. O resíduo inflacionário seria pago em seis parcelas a partir de setembro do mesmo ano; f) Criação da URP (Unidade de Referência de Preços) que corrigiria os salários dos três meses seguintes. Essa correção seria a partir de uma taxa prefixada com base na média geométrica da inflação dos três meses anteriores, começando em setembro de 87; 36 g) Para os contratos financeiros prefixados, introduziu-se uma Tablita com desvalorização