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SUMÁRIO 
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................ 3 
2 O SETOR PÚBLICO E A REPÚBLICA VELHA .......................................... 4 
3 DESENVOLVIMENTO DA PRODUÇÃO CAFEEIRA .................................. 8 
4 INDUSTRIALIZAÇÃO BRASILEIRA ......................................................... 12 
5 A ERA VARGAS E SUAS CONTRIBUIÇÕES ......................................... 18 
6 JUSCELINO KUBITSCHEK E O PLANO DE METAS .............................. 21 
7 REGIME MILITAR, PRESIDENTES E REFORMAS DO ESTADO .......... 23 
7.1 Castello Branco .................................................................................. 24 
7.2 Costa e Silva e Médici ........................................................................ 25 
7.3 Geisel ................................................................................................. 26 
7.4 Figueiredo .......................................................................................... 27 
8 TANCREDO NEVES E O GOVERNO SARNEY ....................................... 30 
9 COLLOR E ITAMAR FRANCO ................................................................. 36 
9.1 Histórico- moedas brasileiras ............................................................. 41 
10 FHC, PRIMEIRO E SEGUNDO GOVERNO .......................................... 42 
11 LULA, PRIMEIRO E SEGUNDO GOVERNO ........................................ 46 
12 DILMA, PRIMEIRO MANDATO E O IMPEACHMENT ........................... 51 
13 JAIR MESSIAS BOLSONARO- ATUAL PRESIDENTEErro! Indicador 
não definido. 
14 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................... 56 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4 
 
1 INTRODUÇÃO 
Prezado aluno! 
 
 
O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante 
ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um 
aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma 
pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é 
que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a 
resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas 
poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em 
tempo hábil. 
Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa 
disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das 
avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora 
que lhe convier para isso. 
A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser 
seguida e prazos definidos para as atividades. 
 
Bons estudos! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 
 
2 O SETOR PÚBLICO E A REPÚBLICA VELHA 
Fonte: olharjuridicobrasileiro.files.wordpress.com 
Assim chamado em contraste ao período Pós-Revolução de 1930, este é 
considerado um marco na história da República, causando grandes mudanças, esta 
foi marcada pela força das oligarquias. Esse período iniciou-se com a proclamação da 
República, que tornou Deodoro da Fonseca presidente. Fausto (2011, p.892) relata 
que “em 24 de fevereiro de 1891, a Constituição republicana entrou em vigor e no dia 
seguinte, a Assembleia elegeu o marechal Deodoro da Fonseca para presidente da 
república”. 
Portanto, desde o estabelecimento de um governo após a queda da monarquia, 
o Brasil começou a formular uma nova constituição, sendo necessário remover as 
características do regime anterior do país e, em alguns casos, o passado que não 
mais bem visto. 
Na República Velha (1889-1930), a economia brasileira era fundamentada na 
agroexportação, que por sua vez permitia do o Brasil importasse bens para consumo. 
Eram as exportações de poucos produtos primários (commodities agrícolas como 
açúcar, algodão, café, borracha, etc.) que ditavam o ritmo de crescimento da 
economia brasileira (SOSA DE LEON, 2004). 
A República Velha, era dividida em dois períodos: 
 
6 
 
❖ O primeiro período decorreu dos anos de1889 a 1894, sendo chamado 
República da Espada, pois este foi dominado pelos militares. 
❖ O segundo período se deu dos anos de 1895 a 1930, sendo chamado 
de República Oligárquica, pois foi dominado nesta época pelos 
Presidentes dos Estados. 
No total, a República Velha estendeu-se de 1889 a 1930 e contando com treze 
presidentes, vale ressaltar que dois presidentes eleitos não assumiram a função, por 
motivos de saúde ou políticos, foram eles Rodrigues Alves em seu segundo mandato, 
falecendo de gripe espanhola, e Júlio Prestes por conta da revolução de 1930. 
 Os presidentes do período foram: 
Presidentes da República Velha 
01 Deodoro da Fonseca (1889-1891) 08 Hermes da Fonseca (1910-1914) 
02 Floriano Peixoto (1891-1894) 09 Venceslau Brás (1914-1918) 
03 Prudente de Morais (1894-1898 10 Delfim Moreira (1918-1919) 
04 Campos Sales (1898-1902) 11 Epitácio Pessoa (1919-1922) 
05 Rodrigues Alves (1902-1906) 12 Artur Bernardes (1922-1926) 
06 Afonso Pena (1906-1909) 13 Washington Luís (1926-1930) 
07 Nilo Peçanha (1909-1910) 
 
Características da República Velha: 
➢ Mandonismo, clientelismo e coronelismo; 
➢ Política do café com leite e dos governadores; 
➢ Avanço industrial embrionário; 
➢ Revoltas devido uma política corrupta e a desigualdade social; 
➢ Fim da República Velha, devido a revolução de 1930. 
Durante a presidência de, Campos Sales (1898 a 1902), este pactuou a 
chamada "política dos governadores". O acordo é baseado na supremacia do cliente, 
definido por Carvalho (1997) como uma relação entre atores políticos que envolve 
benefícios públicos em troca de apoio, principalmente, na forma de voto. Desta forma, 
o Presidente da República assegurava autonomia e apoio na forma de verbas ou 
obras públicas aos Presidentes Estaduais (equivalente, na época, aos atuais 
governadores) que de igual forma apoiavam os chefes municipais, os conhecidos 
coronéis. Estes, em troca, deveriam conduzir as eleições por meio de favores ou 
 
7 
 
coerção de forma a garantir a eleição dos candidatos governistas, tanto em âmbito 
estadual quanto federal. 
Para viabilizar com fluidez o acordo político, Campos Sales chegou a fazer 
algumas mudanças institucionais, que alteraram o processo eleitoral. Duas delas 
foram (DAVALLE, 2003): alterar o critério de determinação do Presidente da Câmara 
Municipal; e o reconhecimento dos diplomas apenas dos candidatos de situação. 
Para Lessa (1988) a política dos governadores pode ser interpretada como uma 
solução de Campos Sales aos seus propósitos no governo e à rotina administrativa 
do país, que com o fim do Império ainda não havia se estabilizado. 
Na República Velha, o fato mais evidente da falta de harmonia da classe 
dominante foi a nomeação de Júlio Prestes como sucessor de Washington, que 
rompeu o acordo entre Minas e São Paulo, esse comportamento arbitrário da 
burguesia cafeeira aproxima a oligarquia mineira a do Rio Grande do Sul e da 
oligarquia nordestina, criando as condições necessárias para que o “governo de 
coalizão” chegue ao poder por meios armados, na revolução dos anos 30. Nas 
palavras de Cyro Rezende: 
Neste cenário de retração econômica generalizada, oligarquias dissidentes, 
camadas médias urbanas e setores marginalizados do poder, como os 
tenentes de direita, aglutinaram-se em uma aliança política de ocasião (a 
Aliança Liberal), e após uma frustrante experiência eleitoral, conquistaram o 
poder por meio da Revolução de 1930 (REZENDE, CYRO, 2002, p. 24). 
Devido revolução de 1930, o presidente Washington Luís foi derrubado em 
outubro de 1930 e impediu Júlio Prestes de assumir a presidência. Getúlio Vargas 
assumiu logo a seguir como presidente interino do Brasil, iniciando um mandato que 
decorreu 15 anos. Segundo Fausto (1995, p. 247), “Nos anos 30, concretizou-se a 
nova divisãode 15% a.m. Nos pós-fixados foram mantidos as 
condições já existentes. 
Apesar do sucesso inicial, o congelamento não foi respeitado, e segundo 
Giambiagi et al. (2005), houve um desequilíbrio dos preços relativos, remarcados 
preventivamente com o temor por um novo congelamento. Os aumentos feitos pelo 
governo antes do Plano foram repassados para outros preços de diversos setores da 
economia. Alguns acordos salariais firmados com o setor público dificultaram a política 
de redução do déficit público e contribuíram com o aumento da taxa mensal de inflação 
que voltou a crescer nos meses finais de 1987. 
No plano verão as principais medidas e objetivos segundo Gremaud, 
Vasconcellos e Toneto Júnior (1996) foram: 
a) Diminuição dos gastos públicos, e elevação das taxas de juros; 
b) Congelamento de preços e alteração da data de comparação de preços 
para 15/01/1988; 
c) Introdução do Cruzado Novo e corte de três zeros no Cruzado. NCz$ 
1,00 = Cz$ 1000,00; 
d) Conversão dos salários pela média dos últimos doze meses e mais a 
aplicação da URP (Unidade Referencial de Preços) de janeiro do mesmo 
ano; 
e) No campo externo, promoveu-se uma desvalorização de 18% do 
cruzado. No entanto, rompeu-se posteriormente com essa medida de 
minidesvalorizações e adotou-se a paridade NCz$ 1,00 = US$ 1,00; 
f) Quando aos ativos financeiros, aplicou-se uma Tablita para os contratos 
prefixados e pós-fixados, retirando da correção monetária destes a 
aceleração inflacionária; 
g) Suspenção da moratória da dívida em 31 de janeiro de 1988. 
Como resultado, a taxa de inflação no primeiro mês de implantação do plano 
de verão caiu, voltando a crescer em março com forte aceleração, o que culminaram 
com a entrega para o presidente seguinte, um país com inflação mensal de 80%, ou 
seja, um estado de hiperinflação. Vale ressaltar fato importante que foi a redação de 
uma nova Constituição para o país convocando assim a eleição direta para presidente 
da República, realizada em 15 de novembro de 1989. 
 
37 
 
 O fim do Governo de José Sarney é descrito por Lemos (2012, p.27), 
O Governo terminou melancolicamente, tendo o Economista Maílson da 
Nobrega como Ministro da Fazenda. Os desarranjos eram enormes, o 
descrédito também. O ministro tentou voltar às origens ensinadas nos 
manuais de economia, adotando a chamada política gradualista de combate 
à inflação, vulgarmente chamada de política “feijão com arroz”. Também não 
surtiu efeito e o Governo Sarney deixou como legado uma hiperinflação de 
86% no mês de março de 1990 e uma elevada taxa de desemprego, ou seja, 
a sua herança foi um gigantesco processo “estagflacionário”. 
9 COLLOR E ITAMAR FRANCO 
Fonte: vandersonmbf.wordpress.com 
Fernando Afonso Collor de Mello, derrota Luís Inácio Lula da Silva em 1989 se 
tornando Presidente da República, a sua gestão é marcada Escândalos e suposta 
corrupção. Em 1992, devido ao início do processo de impeachment, o presidente foi 
temporariamente afastado do cargo, renunciou em 1992 sendo substituído pelo vice-
presidente Itamar Franco. 
No governo do presidente Fernando Collor, tivemos as seguintes medidas 
voltadas a economia: 
➢ Alteração da moeda do País; 
➢ Liberação da taxa de câmbio, preços e salários congelados; 
 
38 
 
➢ Retenção de novos depósitos e investimentos financeiros que 
ultrapassavam Cr$ 50.000,00 por um período de 18 meses; 
➢ Extinção de uma série de autarquias, fundações e empresas públicas, e 
a redução dos ministérios do governo; 
➢ Bloqueio de recursos. 
De acordo com Gremaud, Vasconcellos e Toneto Júnior (1996) o Plano Collor 
I, possuía as seguintes medidas: 
a) Adoção de uma drástica redução da liquidez da economia (reforma 
monetária), através do bloqueio de cerca de metade dos depósitos a 
vista, 80% das aplicações de overnight e de fundos de curto prazo e 
cerca de um terço dos depósitos de poupança. Cerca de 70% do M4 da 
economia foram bloqueados; 
b) Reformam fiscal e administrativa, que tinha por objetivo promover um 
ajuste fiscal de ordem de 10% do PIB. O ajuste se daria via redução do 
custo de rolagem da dívida; suspenção de subsídios, incentivos fiscais 
e isenções; ampliação da base tributária através da incorporação de 
ganhos com a agricultura, do setor exportador e dos ganhos de capital 
nas bolsas; tributação de grandes fortunas; IOF (Imposto sobre 
Obrigações Financeiras) extraordinário sobre estoque de ativos 
financeiros e fim do anonimato fiscal, através da proibição dos cheques 
e das ações ao portador; 
c) Mudança do regime cambial para um sistema de taxas flutuantes, 
definidas livremente no mercado; 
d) Mudança na política comercial, iniciando um processo de liberalização 
do comércio exterior, com uma redução qualitativa das tarifas de 
importação de uma média de 40% para menos de 20% em quatro anos; 
e) Congelamento de preços e desindexação dos salários em relação à 
inflação passada, definindo uma nova regra de prefixação de preços e 
salários que entrariam em vigor a partir de 01 de maio de 1990; 
f) Agregação do Ministério do Planejamento e da Fazenda no Ministério da 
Economia: assume Zélia Cardoso de Mello. 
No lado fiscal do Plano Collor I, segundo Albuquerque (1990, p.05), 
 
39 
 
 Segundo estimativas oficiais, o ajuste fiscal, promovido pelo Plano, eliminaria 
o déficit público de 8% do PIB previsto para este ano, gerando, ainda, um 
superávit fiscal de 2% do PIB. O ajuste compreende uma reforma 
administrativa, com uma redução de ministérios, extinção de órgãos, e 
demissões de funcionários, embora o poder executivo tenha sido autorizado 
a criar algumas autarquias federais e a transferir a Estados e Municípios a 
participação acionária da União em algumas empresas; o governo promete, 
ainda, dar consequência a uma austera administração da atividade pública, 
na tentativa de diminuir o déficit público. 
Esse bloqueio de recursos causou o congestionamento de recursos gerou uma 
crise de liquidez no país, que reduziu drasticamente a taxa de inflação nos primeiros 
meses, mas levou a uma queda acentuada da atividade econômica, resultando em 
queda de 4,3% do PIB em 1990, refletindo no início na queda da inflação, que voltaria 
logo a seguir com força total. Em sua última tentativa o governo implanta o plano de 
estabilização Collor II, porém sem a popularidade e o apoio como tinha, forte recessão 
na economia e um processo de impeachment, levam o presidente a renunciar. 
Franco (1995, p. 82), enfatiza o fracasso do neogradualismo, 
De qualquer modo, nota-se que a inflação caiu de números beirando os 30% 
para valores ligeiramente abaixo de 20% em período de aproximadamente 
seis meses, fazendo crer que o modelo de círculo virtuoso estava 
funcionando. A continuar a mesma orientação, assinalavam alguns analistas, 
não seria despropositado prever índices de inflação próximos de 10% ao fim 
do ano, sem dúvida, uma vitória consagradora do novo gradualismo. Todavia, 
a tendência de queda inverteu-se em abril, ficando a impressão de que a 
reviravolta não se deveu a fatores econômicos, mas à sucessão de 
escândalos políticos que cortou um dos elos mais importantes do modelo do 
círculo virtuoso: a ideia de que o acumulo de credibilidade por parte do 
governo levaria a um ataque definitivo aos aspectos fundamentais da 
inflação. 
Diante dessa situação, Collor deixou o governo nas mãos do vice-presidente 
Itamar Franco, graduado em engenharia e eleito prefeito de Juiz de Fora e senador 
da República em 1974. 
Itamar Franco lançou o Plano Real visando estabilizar a inflação, dando origem 
assim ao Real, moeda ainda existente hoje, estabilizando assim a economia e 
acabando com a crise da hiperinflação. Este novo plano reorganizou toda a base de 
apoio do governo no Congresso e estabeleceu um ministério cobrindo a maioria dos 
campos políticos nacionais. Em maio de 1993, o presidente convida Fernando 
Henrique Cardoso, então Ministro das Relações Exteriores,para atuar como Ministro 
da Fazenda que juntamente com economistas famosos como Edmar Bacha, André 
Lara Resende e Pérsio Arida, formulam um novo plano para lidar com a inflação. 
 
40 
 
Gremaud; Vasconcellos; Toneto Jr., 2015, destacam o Plano Real da seguinte 
forma: 
No final de 1993, começou a ser implementado o plano mais engenhoso de 
combate à inflação já utilizado no país. Após uma série de tentativas 
fracassadas de planos heterodoxos na Nova República, o Plano Real 
conseguiu reduzir a inflação e mantê-la sob controle durante longo período 
de tempo, apesar das várias crises internacionais, da crise cambial de 
1998/99 e da mudança do regime de política econômica a partir de então. 
(GREMAUD; VASCONCELLOS; TONETO JR., 2015). 
Ainda segundo Gremaud; Vasconcellos; Toneto Jr., 2015, 
O Plano Real foi um dos planos mais engenhosos de combate à inflação do 
Brasil, conseguindo, após várias tentativas fracassadas, reduzir a inflação 
partiu de forma duradoura no país. O Plano Real, como o Plano Cruzado, 
também partiu do diagnóstico de que a inflação brasileira possuía um forte 
caráter inercial. (GREMAUD; VASCONCELLOS; TONETO JR., 2015). 
Sendo criando em duas fases, onde a primeira abordava a criação do Fundo 
Social de Emergência (FSE), desvinculando 20% das receitas da União, dando assim 
recursos para o governo combater a inflação. A primeira fase do Plano Real é descrita 
da seguinte forma por Bacha (1995, p.7), 
A finalidade dessa primeira etapa do plano era demonstrar a capacidade do 
governo federal de executar as despesas orçadas sem precisar da receita 
gerada pela inflação. Tradicionalmente, o orçamento fiscal era aprovado com 
um grande déficit, mas como as despesas eram fixadas em termos nominais, 
enquanto os impostos eram indexados ao nível geral de preços, a inflação 
contribuía para fechar o hiato entre despesa e receita. O equilíbrio exato era 
desnecessário, pois a inflação também gerava um montante considerável de 
recursos adicionais através do imposto inflacionário. Em amos os sentidos o 
governo se tornara dependente da inflação para equilibrar suas contas. 
Ainda de acordo com Bacha (1995), a coexistência entre déficit operacional 
baixo e inflação elevada não deveria ser interpretada como prova que a causa da 
inflação não era o desajuste fiscal, assim como diagnosticou o Plano Cruzado. Assim, 
o orçamento embutiria uma previsão inflacionária bem inferior a efetivamente 
observada, e como as receitas públicas se encontravam indexadas pela inflação 
verificada e as despesas eram nominais, a inflação subestimada favorecia a redução 
do déficit público. 
 Já a segunda fase contempla a criação do URV (Unidade de Referência de 
Valores) utilizado como índice de preços e salários. De acordo com Giambiagi et al. 
(2005), a ideia do Plano era percorrer o caminho existente entre um período de alta 
 
41 
 
inflação, onde os preços incorporam os movimentos da inflação passada e um período 
de hiperinflação, quando os preços começam a seguir diariamente os movimentos de 
outra moeda, quase sempre o dólar. Mas nesse caso, propunha-se uma reforma 
monetária para encurtar a memória inflacionária, não esperando que os períodos de 
reajustes dos contratos encurtassem como consequência do processo de aceleração 
inflacionária. 
 A esse plano de ajuste fiscal somou-se a criação da Unidade Real de Valor 
(URV), instituída em fevereiro de 1994. A URV foi uma moeda escritural que servia 
como unidade de conta e referência de valores. Essa unidade funcionava como um 
“superindexador, cuja variação em cruzeiros reais era definida a partir de uma “banda” 
formada por três outros índices: o IGP-M, o IPCA e o IPC. ” (FILGUEIRAS, 2000). 
Para além dessas funções a URV tinha um papel na transição para a nova moeda que 
viria a surgir, o Real. 
Idealmente, o processo deveria possibilitar a passagem, paulatina, de todos 
os preços e salários de Cruzeiro Real para URV, de modo espontâneo e/ou 
induzido através da fixação imediata dos preços, tarifas e contratos públicos 
em URV. Quando quase toda a economia estivesse operando com base em 
URV, esta se transformaria na nova moeda, o Real. Neste momento, quase 
todos os preços relativos da economia estariam alinhados, isto é, não haveria 
pressão para qualquer modificação na posição relativa dos diversos agentes 
econômicos, garantindo-se, assim, que a inflação existente em Cruzeiro Real 
não viesse a contaminar a nova moeda. 
 Desse modo, a URV cumpriria a função de alinhar os preços relativos, 
inclusive os salários, de tal modo que, após a criação da nova moeda (Real), 
esta não fosse contaminada pela inflação passada, associada à velha moeda. 
Em outras palavras, seu papel essencial foi o de apagar a memória do 
passado, eliminando, desse modo, o componente inercial da inflação. 
Em resumo: como todos os preços e salários estariam em URV, a sua subida 
em cruzeiro real não alteraria os seus valores relativos, ou seja, a inflação se 
caracterizaria, essencialmente, pelo seu componente inercial. Tomando por 
suposto que realmente o ajuste fiscal tivesse sido feito e que o conflito 
distributivo estivesse neutralizado, pelo menos momentaneamente, criar-seia 
a nova moeda sem o perigo de embutir pressões inflacionárias residuais 
originadas do cruzeiro real. (FILGUEIRAS, 2000, p.105) 
Segundo Franco, 1999, 
Apesar de bem-sucedido, o processo de reengenharia da moeda, por meio 
da URV, estava construído sobre bases fiscais extremamente precárias, e as 
remarcações de preços nas vésperas da entrada em vigor da nova moeda 
foram fortíssimas. A partir de 1º de julho, a URV ficaria para trás, e o destino 
do Real passaria a depender dos nossos próximos movimentos. Qual seria a 
inflação do primeiro mês, já na nova moeda, qual o grau de desindexação 
posterior, tudo isso ia depender da atuação do Banco Central, em particular 
das políticas de juros e câmbio (FRANCO, 1999, p. 274). 
 
42 
 
Com o objetivo de conter a inflação e estabilizar a economia, o Real passou a 
ser a nova moeda nacional – “moeda vinculada ao dólar cuja emissão de novas 
quantidades estava condicionada ao volume de dólares existentes nos cofres do 
Banco Central do Brasil” (DUARTE, 2016).Com o ajuste fiscal que propunha 
“reequacionar o orçamento” – por meio do PAI, da criação da CPMF (Contribuição 
Provisória sobre Movimentações Financeiras), e do FSE, um conjunto de medidas 
temporárias – o governo conseguiria tanto estabilizar a economia quanto promover o 
crescimento econômico (BRAZ; CABRAL; DIAS, 2013, p.06). 
As consequências principais destas medidas foram: o controle da inflação; o 
aumento dos investimentos de capital estrangeiro, em razão dos altos juros 
praticados no país; e a maior abertura da economia às importações, 
estimulando a concorrência produtiva da indústria nacional com mercado 
externo (PINTO, 2016). 
Com o fim do imposto inflacionário, a população de baixa renda teve um 
aumento real em seu poder de compra. Se antes não podiam se proteger da corrosão 
da inflação e, mesmo tendo seu salário corrigido pela URV, seu poder de compra era 
reduzido ao longo do mês, agora o fim dessas perdas proporcionou um real aumento 
em seu poder de compra. Esse aumento de poder de compra exerceu pressão sobre 
a demanda (BRAZ; CABRAL; DIAS, 2013, p.07). 
A queda da taxa de inflação mais uma vez levou às famílias brasileiras as 
compras, porém, ao contrário do que aconteceu durante o Plano Cruzado, desta vez 
o país estava mais bem preparado para abastecer o mercado interno por meio de 
importações. Nos primeiros seis meses do Real, ainda sob a liderança do governo 
Itamar, a inflação acumulada foi de 18,56%, com média mensal de 2,88%. O resultado 
foi amplamente elogiado e ajudou a melhorar a candidatura de Fernando Henrique 
Cardoso à presidência, sendo eleito no primeiro turno das eleições em 3 de outubro 
de 1994 e tornando- se Presidente da República em 1 de janeiro de 1995. 
9.1 Histórico- moedasbrasileiras 
➢ 1ª Moeda: Réis – de 1500 a 1942 
➢ 2ª Moeda: Cruzeiro – de 1942 
➢ 3ª Moeda: Cruzeiro Novo – de 1967 a 1970 
 
 
43 
 
➢ 4ª Moeda: Cruzeiro – de 1970 a 1986 
➢ 5ª Moeda: Cruzado – de 1986 a 1989 
➢ 6ª Moeda: Cruzado Novo – 1989 a 1990 
➢ 7ª Moeda: Cruzeiro – 1990 a 1993 
➢ 8ª Moeda: Cruzeiro Real – 1993 a 1994 
➢ 9ª Moeda: Real – 1994 até hoje 
10 FHC, PRIMEIRO E SEGUNDO GOVERNO 
Fonte: pt.wikipedia.org 
 Além de dar continuidade à missão do “Plano Real”, o primeiro governo de 
Fernando Enrique Cardoso (FHC,) também realizou profundas reformas econômico-
financeiras, a administração pública do país. 
Das reformas nas áreas econômicas e financeiras, podemos destacar: 
✓ Proibição da indexação nos contratos trabalhistas; 
✓ Encerramento do monopólio estatal nas áreas de energia, siderurgia e 
telecomunicações; 
✓ Plano nacional de desestatização 
✓ PROER (Programa de Estímulo à Reestruturação); 
✓ Fortalecimento do Sistema Financeiro Nacional; 
 
44 
 
✓ Plano Diretor de Reforma do Aparelho de Estado (área administrativa), 
este não foi implantado devido à resistência dos servidores públicos; 
✓ Quebra do monopólio no setor de energia; 
✓ Reestruturação do sistema bancário; 
✓ PROES (Programa de Incentivo à Redução do Setor Público Estadual 
na Atividade Bancária. 
Em 1999, o Brasil deu mais um importante passo para consolidar a estabilidade 
alcançada pelo real, que foi o estabelecimento de um regime de metas de inflação. 
De acordo com Giambiagi et al., (2005, p.178), 
Com a adoção do sistema de metas de inflação, o Conselho Monetário 
Nacional (CMN) ao definir um “alvo” para variação do IPCA, passou a balizar 
as decisões da política monetária do Banco Central (BC) tomadas todos os 
meses pelo Comitê de Política Monetária (Copom). Este toma decisões 
acerca da taxa Selic com base em um modelo no qual a hipótese adotada 
quanto à taxa de juros gera certo resultado da inflação, nos termos desse 
modelo. [...] O sistema de metas trabalha com uma margem de tolerância 
acima ou abaixo da meta, para acomodar possíveis impactos de variáveis 
exógenas, procurando evitar grandes flutuações do nível de atividade. 
Em seu segundo mandato Fernando Enrique Cardoso (FHC) optou pela 
liberação cambial, com isso o Dólar passou a flutuar livremente, embora a alta do dólar 
tenha criado pressões inflacionárias, seu impacto não foi tão severo quanto todos 
temiam. A partir desse ponto a principal ferramenta de condução da política 
econômica passa a ser a política monetária, visando controlar a demanda, diminuir o 
déficit no balanço comercial, contenção dos preços internos e manutenção das taxas 
de juros em níveis atraentes para o capital estrangeiro (BRAZ; CABRAL; DIAS, 2013, 
p.09). 
Porém, em seu segundo mandato, FHC enfrentou uma crise na economia 
brasileira. “Para controlar a inflação, as medidas desestimularam o consumo interno 
e, consequentemente, elevaram o desemprego” (DUARTE, 2016), um período de 
recessão econômica começava. 
Somado à incapacidade do governo em implementar pacotes fiscais, o que 
causou grande desconfiança quanto à sua capacidade de pagamento, houve 
o aumento do déficit operacional, causado principalmente pela redução do 
superávit primário, o que demonstrava significativo aumento das despesas 
não financeiras do governo (BRAZ; CABRAL; DIAS, 2013, p.10). 
 
45 
 
A solução foi recorrer ao Fundo Monetário Internacional (FMI) desvalorizando 
a moeda em relação ao dólar americano para eliminar a paridade entre as moedas. 
Este é o início da mudança da política cambial, que se dá em duas etapas: 
1. Adoção de uma taxa de câmbio flutuante, na qual o dólar norte-
americano valia R $ 2,00 em 1999. 
2. Determinação da taxa de juros anual em 45% e ajustamento do superávit 
primário 
A não contaminação da economia como um todo pela inflação observada nos 
bens transacionáveis foi devido a sua característica de precificação atrelada 
ao câmbio e pelo rápido retorno da taxa de inflação aos níveis prévalorização, 
demonstrando que os ajustes demandados pelo mercado haviam sido feitos 
(BRAZ; CABRAL; DIAS, 2013, p.12). 
Em 1999, um sistema de metas de inflação com taxas de juros foi estabelecido 
para atingir essas metas. Se houver probabilidade de a inflação ultrapassar a meta, 
as taxas de juros seriam aumentadas, caso contrário, se a inflação esfriar, as taxas 
de juros iriam ser reduzidas. 
Instaurou-se em 2000 a Lei de Responsabilidade Fiscal, promulgando uma 
reforma na previdência social e a privatização e readequação de bancos estaduais, 
que eram uma das maiores fontes de gastos públicos (BRAZ; CABRAL; DIAS, 2013, 
p.13). Isso teve um efeito positivo na economia durante o ano, mas, já em 2001, o 
crescimento da atividade econômica teve queda devido “às pressões cambiais, 
causadas pela crise na Argentina e pelo racionamento de energia causado por fatores 
climáticos e pelo baixo investimento no setor” (BRAZ; CABRAL; DIAS, 2013, p.13). 
O plano compreendia ainda o discurso ideológico da necessidade de redução 
da máquina pública, através de um ajuste fiscal, que resultava na diminuição dos 
gastos sociais e redução do número de funcionários, além das privatizações das 
empresas estatais. Tais ações partiam da afirmação por parte do capital de “que umas 
das razões da inflação – quando não a mais importante – é o déficit público 
(OURIQUES, 1997b, p. 135) ”. 
Na prática essa política passava por uma série de reformas econômicas e do 
estado. As reformas econômicas resultaram durante o governo de Fernando Henrique 
Cardoso (FHC) no fim do “monopólio estatal nas áreas de prospecção, exploração e 
refino do petróleo; nas telecomunicações e na geração e distribuição de energia”...“na 
mudança do conceito de “empresa nacional”, para possibilitar igualdade de condições 
 
46 
 
para as empresas estrangeiras (FILGUEIRAS, 2000, p. 111) ”. As reformas do Estado 
flexibilizaram as funções próprias do Estado, possibilitando a terceirização e entrada 
das empresas privadas em diversos setores sociais, sob a justificativa do empecilho 
que seria a estabilidade do funcionalismo estatal, o que também resultou na 
possibilidade de demissão por excesso de quadros e ineficiência (FILGUEIRAS, 2000, 
p. 111) ”. Além disso 
A Previdência Social, em particular a do serviço público, foi identificada como 
a razão principal do déficit público, explicitada claramente no Programa de 
Estabilização Fiscal de 1998. Aqui, os objetivos de sua reforma foram os 
seguintes: acabar, ou ao menos restringir bastante as chamadas 
aposentadorias especiais, redefinir a aposentadoria proporcional e por tempo 
de contribuição, aumentar a contribuição dos funcionários públicos da ativa e 
instituí-la para os inativos e estabelecer um teto máximo de benefícios para 
os trabalhadores do setor privado menor do que o existente, abrindo espaço 
para atuação mais desenvolta dos fundos de pensão privados. (FILGUEIRAS, 
2000, p. 111) 
De acordo com Braz, Cabral e Dias (2013), os 10 primeiros anos da 
implementação do Plano Real evidenciam-se como um sucesso, com uma eficiência 
na condução da política econômica baseada na manutenção do tripé macroeconômico 
(sistema de metas inflacionárias, câmbio flutuante e superávit primário), garantindo a 
estabilização da economia, com um plano inovador e engenhoso o qual enfrenta uma 
infraestrutura limitante e diversas reformas (tributária, trabalhista, previdenciária) que 
barram o desenvolvimento econômico (BRAZ; CABRAL; DIAS, 2013, p.14-15). 
No campo social, foi estabelecida uma rede de proteção para os pobres, por 
meio de programas como Auxílio-Gás, Cartão-Alimentação e o Bolsa-Escola, as 
famílias que matriculavam os filhos na escola e os mantinha, frequentes passavam a 
receber a ajuda de custo. Embora os valores de transferências eram bastantes 
reduzidas, mesmo assim acabou incentivando aqueles que deixaram a escola para 
sobreviver, a voltar ao aprendizado.Vale ressaltar ainda que no campo educacional muitas mudanças foram feitas, 
entre elas, o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) que surgiu em 1998 durante 
a gestão do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, sua principal função é 
analisar o nível de ensino médio no Brasil, avaliar o desempenho pessoal dos alunos 
e formular políticas públicas de educação. 
No último ano de posse, FHC alcançou a estabilidade econômica e a inovação 
do Plano Real às custas do aumento do desemprego e das altas taxas de juros. Além 
 
47 
 
disso, a diferença econômica da distribuição população e renda. Isso formou um 
ambiente político necessário para a oposição e para garantir a vitória de seu candidato 
Luís Inácio Lula da Silva. 
11 LULA, PRIMEIRO E SEGUNDO GOVERNO 
Fonte: www.tribunapr.com.br 
Nascido em 1945, no Estado de Pernambuco, o caminho percorrido na política 
por Luiz Inácio Lula da Silva (LULA) foi bastante diversificado, de sindicalista a 
presidente do partido dos trabalhadores (PT), culminando com a vitória na eleição 
presidencial do Brasil em 2002, após a sua quarta tentativa, tendo perdido as outras 
três para Fernando Afonso Collor de Mello e Fernando Henrique Cardoso. 
Antes mesmo de assumir o cargo, o presidente Lula ressaltou que não mudaria 
nenhum rumo que colocasse em risco a estabilidade econômica do país. Na verdade, 
a escolha de Henrique Meirelles, para a presidência do Banco Antônio Palocci para o 
Ministério da Fazenda, fortaleceu o seu firme processo de decisão no combate à 
inflação e nos rígidos ajustes fiscais. A partir daí foram elaboradas agendas 
microeconômicas para regularizar a situação do país. Dentre elas podemos destacar: 
✓ Instituição de operações de crédito consignado em folha de pagamento; 
✓ Definição de patrimônio de afetação; 
 
48 
 
✓ Promoção de mecanismo de alienação fiduciária imobiliário e veículos; 
✓ Separação do valor incontroverso, do valor reclamado na justiça; 
✓ Inserção do sistema de informação de crédito do Banco Central; 
✓ Encerramento do processo cumulativo do PIS/PASEP e do Cofins; 
✓ Alíquotas decrescentes de Imposto de Renda nas aplicações de longo 
prazo; 
✓ Apoio ao microcrédito; 
✓ Reforma no judiciário; 
✓ Criação da nova Lei de Falência; 
✓ Lei das Parcerias Público-Privadas, autorizando a participação de 
empresas privadas no ambiente público; 
✓ Mercado de resseguros abertos; 
✓ Inserção de ferramentas de crédito e securitização do mercado 
imobiliário; 
✓ Unificação dos programas de proteção social, em torno do programa 
Bolsa-Família. 
Filgueiras e Gonçalves acreditam que o governo Lula é uma fusão de modelos 
que partiu do "plano real", mas mudou com a crise cambial de 1999: 
A implementação do Plano Real, lançado em 1994, cumpriu papel decisivo 
no processo de aprofundamento e consolidação do modelo liberal periférico, 
que veio a assumir sua forma mais acabada no governo Lula a partir de 2003. 
No entanto, a política econômica e a dinâmica macroeconômica – expressões 
mais aparentes e imediatas do modelo – não se mantiveram exatamente as 
mesmas ao longo de todo o período. 
Mais especificamente, a partir do Plano Real, pode-se traçar uma linha 
divisória que distingue dois momentos na evolução do modelo, tendo por 
referência um acontecimento bem preciso: a crise cambial deflagrada em 
janeiro de 1999, logo no início do segundo governo Cardoso. Esse fato 
determinou a mudança da política econômica e ajustes do modelo, com 
implicações importantes para a dinâmica macroeconômica do país. 
Analisar a política econômica do governo Lula, a partir dessa percepção, 
significa distinguir, de um lado o primeiro governo Cardoso (1995-1998), que 
é o período mais duro de implantação e aprofundamento do novo modelo, no 
qual a dominância do capital financeiro, no interior do bloco de poder 
dominante, pode ser qualificada como inconteste e estrita. E, de outro, o 
segundo governo Cardoso (1999-2002) e o governo Lula (2003-2006), no 
qual a hegemonia do capital financeiro persiste, mas com maior acomodação 
dos interesses de outras frações do capital participantes do bloco de poder, 
especialmente os segmentos exportadores (FILGUEIRAS e GONÇALVES, 
2007, p. 96). 
 
49 
 
 Principalmente em termos de balança comercial, a diferença cíclica entre os 
primeiros dias do governo Lula e o fim do governo FHC pode ser vista na questão 
econômica, o que fez com que o governo petista alcançasse melhores resultados com 
a mesma política econômica, foram fatores de um ambiente internacional favorável: 
O crescimento dos fluxos comerciais tem possibilitado, aos países, em 
desenvolvimento em geral, e ao Brasil em particular, expandir suas 
exportações e obter elevados superávits nas suas respectivas balanças 
comerciais. Ocorre um fenômeno generalizado de redução dos déficits ou 
mesmo obtenção de superávits nas contas de transações correntes. 
Assim, a melhora na situação das contas externas permitiu que a mesma 
política ortodoxa, que vinha sendo adotada desde 1999, tivesse resultados 
macroeconômicos melhores a partir de 2003, usando-se como referência sua 
própria lógica e seus objetivos anunciados e, de fato, perseguidos. Sem 
dúvida, a evolução das contas externas do país evidencia que o período mais 
recente (2003-2006) tem se caracterizado por melhora dos indicadores de 
vulnerabilidade externa conjuntural da economia brasileira e, por 
consequência, menor instabilidade macroeconômica (FILGUEIRAS e 
GONÇALVES, 2007, p. 99). 
Filgueiras e Gonçalves (2007) demonstram essa conjuntura internacional 
favorável: 
✓ A taxa média de crescimento da renda real mundial entre 2003-2006 foi 
de 4,9%, acima da média histórica (1890-2006) que foi de 3,2%; 
✓ Tanto o nível de investimento como a taxa de crescimento do PIB 
mundiais apresentaram trajetórias crescentes no primeiro governo Lula, 
ao contrário dos últimos anos do governo FHC. Isso também significou 
um crescimento do investimento estrangeiro direto nesse período. Um 
dos grandes influenciadores desse crescimento foi a ampliação do 
desenvolvimento tecnológico a partir das indústrias de informática e 
telecomunicações; 
✓ Houve um crescimento do volume de exportações e dos preços no 
comercial mundial no período 2002-2006, em especial das commodities; 
✓ O deficit nas contas externas e o deficit das contas públicas dos Estados 
Unidos gerou um excesso de dólares na economia mundial. Assim as 
reservas internacionais cresceram nesse período; 
✓ Os países, ditos, em desenvolvimento se favoreceram da conjuntura 
financeira internacional, melhorando seus indicadores em relação a 
vulnerabilidade externa. O saldo da conta corrente do balanço de 
pagamentos desses países aumentou de US$77 bilhões em 2002 para 
 
50 
 
U$544 bilhões em 2006. Somam-se a isso um processo de melhoria dos 
indicadores relativos desses países. A relação entre as reservas 
internacionais e as importações de bens e serviços aumenta de 55,3% 
em 2002 para 71,4% em 2006 e a relação entra a dívida externa e a 
exportação de bens e serviços reduziu-se de 119% em 2002 para 67% 
em 2006. 
Portanto, ao contrário das visões defendidas por economistas ligados ao 
governo, não é que as mudanças nas políticas macroeconômicas tenham levado a 
um melhor desempenho da economia brasileira, mas a situação econômica é 
favorável. Em comparação com o governo anterior, a política macroeconômica não 
mudou muito, tendo as taxas de juros como principal medida. 
Desde o Plano Real, a taxa de juros constitui uma espécie de variável-síntese 
para compreensão do país. Ela é, ao mesmo tempo, a expressão mais 
aparente – “a ponta do iceberg” – da natureza financista do atual bloco de 
poder dominante e o elemento central mais imediato de explicação dos 
principais problemas macroeconômicos. Dentre estes problemas, vale 
destacar: as baixas taxas de crescimento do PIB e sua elevada volatilidade; 
a grande concentração de riqueza e renda; o elevado grau de pobrezada 
população; a enorme dívida pública (de curto prazo) comparada ao PIB e a 
reduzidíssima capacidade de investimento do Estado; o tipo precário de 
inserção internacional do país e, por decorrência, a sua grande 
vulnerabilidade externa estrutural. 
Esses problemas, estreitamente relacionados entre si – alimentando-se 
reciprocamente -, têm em suas respectivas origens, como uma espécie de 
denominador comum, o modelo econômico que vem sendo consolidado há 
doze anos e, mais particularmente, a política macroeconômica adotada a 
partir de 1999. Tal política envolve a combinação de três elementos: metas 
de inflação como o único objetivo da política monetária; ajuste fiscal 
permanente como elemento central da política fiscal; e regime de câmbio 
flutuante, definido essencialmente pelo mercado, que tem resultado em forte 
apreciação cambial. 
Nesse contexto, a alta taxa de juros constitui o principal instrumento de 
política macroeconômica, condicionando decisivamente as políticas fiscal e 
cambial, bem como os seus resultados. Expressão da abertura econômico-
financeira passiva e desregulada, a política monetária restritiva sobrecarrega 
a dívida pública e impõe a necessidade de um ajuste fiscal permanente. 
Ademais, a restrição monetária dificulta a inserção comercial internacional 
mais ativa do país, pois desestimula o investimento e a inovação 
(FILGUEIRAS e GONÇALVES, 2007, p. 100). 
Dessa forma, o governo Lula formulou uma política de controle da inflação mais 
ortodoxa, superando os criadores do plano real. 
O governo Lula, com a mesma política econômica do governo anterior e sem 
mudar a natureza passiva da inserção internacional do país, mas com uma 
conjuntura internacional muito favorável, tem se beneficiado de resultados 
expressivos na balança comercial – apesar de haver forte apreciação 
 
51 
 
cambial. Esta circunstância, em que pese o desempenho interno medíocre, 
tem lhe possibilitado manter intocável o modelo econômico, nas suas 
características fundamentais. Além disso, lhe permite, também, administrar 
mais facilmente eventuais contradições no interior do bloco de poder e 
defender, agora abertamente, a política econômica que estava desacreditada 
no final do segundo governo Cardoso (FILGUEIRAS e GONÇALVES, 2007, 
p. 104). 
A partir do segundo mandato de Lula a principal era restaurar o crescimento do 
PIB por meio do aumento dos investimentos em infraestrutura urbana, energia e 
logística. Para cumprir essa tarefa, o governo lançou o “Plano de Aceleração do 
Crescimento” (PAC). O orçamento do PAC era de 504 bilhões de reais, dos quais 275 
bilhões de reais seriam usados para infraestrutura energética, 171 bilhões de reais 
para infraestrutura social e urbana e 58 bilhões de reais para infraestrutura logística. 
O gerenciamento de PAC era originalmente sob a direção da Ministra Dilma Rousseff, 
concentrou-se na Secretaria da Casa Civil do Palácio Presidencial da República. 
Segundo Giambiagi (2011) o discurso do presidente para o segundo mandato 
se voltou para um governo que atendesse os mais necessitados, com políticas 
econômicas e programas sociais que visassem uma maior distribuição de renda para 
a população. Programas como Bolsa Família, o Prouni e o Luz para Todos foram 
levantados em grande parte de seus pronunciamentos. Além dos programas sociais 
citados anteriormente, em janeiro de 2007, o governo criou o Programa de Aceleração 
do Crescimento (PAC). 
Além de benefícios como a geração de empregos, a melhoria da infraestrutura 
do país e o aumento do investimento, as medidas do Plano de Aceleração do 
Crescimento também iriam trazer consigo o crescimento de 4,5% do PIB em 2007 e 
previsão de 5% nos próximos anos até 2010. Nesse contexto de maior distribuição de 
renda, ainda em 2007, o governo assinou um acordo para aumentar definitivamente o 
salário mínimo até 2023. 
Segundo a Nota Técnica do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística 
e Estudos Socioeconômicos) nº 62 (2008, p. 2) “essa política de valorização do salário 
mínimo tem como critérios o repasse da inflação do período entre as suas correções, 
o aumento real pela variação do Produto Interno Bruto, além da antecipação da data 
base de sua correção – a cada ano – até ser fixada em janeiro”. Curado (2011, p. 94) 
afirma que “a ampliação de renda e o consumo dela derivada, estiveram positivamente 
relacionadas com a expansão do produto”. 
 
52 
 
Os resultados positivos do segundo mandato do governo Lula tornaram o país 
melhor no setor externo. Segundo Giambiagi (2011, p. 219) “a existência de superávits 
em conta corrente nos primeiros anos do Governo, juntamente com a continuidade do 
ingresso de um fluxo expressivo, ano após ano, de investimentos estrangeiros, gerou 
uma significativa acumulação de reservas e a consequente redução da dívida externa 
líquida do país”. Contudo, ainda segundo Giambiagi (2011, p. 220), 
“O acúmulo de reservas não esteve isento de problemas. O contínuo aumento 
do estoque de reservas depois de 2003, não por acaso, coincide com a 
persistente tendência de apreciação do Real, interrompida apenas no final de 
2008, por conta dos reflexos da crise financeira internacional. A apreciação, 
se mantida, tenderia, cedo ou tarde, a penalizar os resultados da Balança 
Comercial. O Brasil, objetivamente, conseguiu evitar que o seu setor industrial 
sofresse maiores problemas, até 2010. De qualquer forma, a partir de meados 
da década, a maior parte dos superávits no Balanço de Pagamentos do país 
– responsáveis pelo aumento de reservas – originaram-se da evolução da 
conta de capitais e não dos resultados da conta corrente”. 
Em suma, a política econômica de Lula durante a presidência da República 
visava manter o controle da inflação, vulnerabilidades externas e expansão de 
programas sociais. Os dados positivos de Lula ao assumir o cargo foram afetados 
diretamente pelas condições econômicas internacionais favoráveis, como o aumento 
da demanda por commodities, resultando em um superávit comercial contínuo e, 
consequentemente, aumento das reservas internacionais. 
12 DILMA, PRIMEIRO MANDATO E O IMPEACHMENT 
Fonte: www1.folha.uol.com.br 
 
53 
 
Dilma Rousseff nasceu em 14 de dezembro de 1947 em Belo Horizonte capital 
de Minas Gerais, filha do advogado búlgaro Pedro Rousseff e sua professora Dilma 
Jane da Silva, além de Dilma, o casal tinha dois filhos. No ensino médio, Dilma 
participou das atividades políticas do movimento estudantil de Belo Horizonte. Na 
época, ela tinha 16 anos e lutava contra a ditadura militar instaurada no Brasil em 
1964. 
Em 2003 Dilma Rousseff é convidada a compor o ministério de Minas e Energia 
do então governo de Lula, em 2003, que no momento contava com um grande 
crescimento econômico e popular perante a sociedade brasileira, tendo em seu 
mandato em 2008 um crescimento de PIB de 7,5%, sendo os efeitos desse refletidos 
na sociedade mais pobre. Giambiagi (2011, p. 229 e p. 230) cita alguns indicadores 
que podem explicar a melhoria da população e das condições sociais do Brasil entre 
eles: 
 
➢ A distância entre os mais ricos e os mais pobres reduziu-se 
fortemente ao longo da década. A renda per capita brasileira 
aumentou em 1,5% ao ano. 
➢ O Índice de Gini caiu de 0,57 em 2002 para 0,52 em 2009. Tal 
melhoria se deve ao aumento do salário mínimo; aumento do 
emprego, em particular do emprego formal com carteira assinada; 
incremento da escolaridade; e queda do trabalho infantil. 
➢ Ingresso de milhares de brasileiros na nova “Classe C”, maior grupo 
social do Brasil, representando mais de 50% da população em 2011. 
Tal ascensão é função da direta do aumento da renda e das políticas 
de democratização do crédito, como “crédito consignado”. 
➢ Melhoria do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), que reúne os 
indicadores de renda, educação e saúde. O IDH passou de 0,65 em 
2000 para 0,69 em 2010. 
 Segundo Reis (2016, p. 4) “a popularidade do presidente Lulaatingiu 80% de 
aprovação, o que lhe deu capital político para indicar o seu sucessor, a presidente 
Dilma Rousseff, que se elegeu com 56% dos votos válidos em 2010”. Dilma Rousseff 
com isso assumi a presidência do Brasil em 2011, buscando a manutenção e 
ampliação nos setores sociais e econômicos. 
Dilma Rousseff foi eleita em 2010 no contexto de uma economia que se 
recuperava com êxito dos efeitos da crise financeira global de 2008 e em um cenário 
de grande otimismo. Embora seu projeto de governo não fosse explicitado na 
campanha, seu objetivo principal logo ficaria claro: senão eliminar, minimizar o 
rentismo com a dívida pública como meio sistemático de acumulação de capital. Isso 
 
54 
 
significa questionar o poder estrutural do capital financeiro na determinação das taxas 
de juros e câmbio, rompendo o pacto conservador formado pelo governo Lula em 
2003. Isso seria uma grande mudança estrutural (BASTOS, 2012b). 
De acordo com Mantega “o governo Dilma Rousseff elegeu como um dos seus 
principais desafios dar um salto de competitividade na economia brasileira, sem abrir 
mão de se manter na rota da inclusão social e da redução da desigualdade trilhada 
nos anos precedentes”. (Guido M., Valor Econômico, 19/12/2012). 
Quando Dilma assumiu a presidência, a economia global passou por uma forte 
recessão, que afetou também a economia nacional. Para reverter essa crise, em 2011, 
por meio do “plano de aceleração do crescimento 2” (PAC 2), aumentaram os 
investimentos em infraestrutura do país. Como a União Europeia e os Estados Unidos 
sofriam com a crise, o governo brasileiro continuou a expandir o comércio com os 
países latino-americanos e a China. As taxas de juros mais baixas tornaram mais fácil 
para empresas e pessoas físicas obter crédito. No entanto, essas medidas não 
frearam a crise econômica, que gerou a crise política do governo Dilma. Em primeiro 
lugar, a crise política agravou-se porque o governo Dilma não conseguiu obter o apoio 
de sua agenda para a Assembleia Nacional. 
Para reduzir os juros e, portanto, o custo fiscal da dívida pública, o governo 
adotou três medidas objetivos: 
➢ Ganhar liberdade fiscal para implementar políticas sociais, investimentos 
públicos e subsídios para investimentos privados; 
➢ Reduzir a lucratividade do investimento financeiro do setor privado com 
risco mínimo, forçar a expansão do investimento produtivo e em 
infraestrutura e apoiar esse investimento por meio de subsídios fiscais e 
de crédito; 
➢ Redução das diferenças de interesses internacionais, criando assim 
condições de depreciação cambial, sendo considerada uma condição 
necessária para que o investimento produtivo seja competitivo 
internacionalmente. 
No período de 2003 a 2010, houve uma expansão dos mercados financeiros e 
globais além de uma elevação dos preços das commodities, o que favoreceu a 
economia brasileira. Nesse período, o Brasil passou por uma fase de expansão de 
 
55 
 
seu crescimento econômico, baseada no aumento da demanda, tanto externa, quanto 
interna (GENTIL e HERMAN, 2014). 
 A demanda interna foi estimulada, principalmente, pelo aumento real do salário 
mínimo, pelo aumento do crédito público e pela política fiscal expansionista. A política 
adotada durante o governo Lula foi baseada no tripé macroeconômico, formado pelo 
regime de câmbio flutuante, sistema de metas de inflação e superávit primário, aliados 
a políticas sociais (GENTIL e HERMAN, 2014). 
Já no início do Governo Dilma, as políticas macroeconômicas adotadas não se 
diferenciaram muito daquelas realizadas durante o governo anterior, baseadas no 
tripé macroeconômico e em políticas sociais. Porém, a partir de 2011 inicia-se uma 
desaceleração do crescimento da economia brasileira, com taxas de crescimento em 
média de 2,1% a.a. frente 4,6% a.a. no período anterior (2003-2010), queda do 
investimento privado e do consumo das famílias, déficit externo crescente e aumento 
da taxa de inflação. Assim, as mesmas estratégias de expansão do gasto público e 
de desonerações tributárias que estimularam o crescimento a partir de 2004 não 
produziam mais efeito (GENTIL e HERMAN, 2014). 
A partir de 2014, houve uma deterioração dos indicadores de confiança de 
empresários (e consumidores) e queda do consumo das famílias devido à perda de 
dinamismo dos mercados de trabalho e de crédito, resultando em um crescimento de 
0,1% do PIB. Essa perda de dinamismo também teve influência do aumento da taxa 
de juros, que reduziu o ritmo de produção das indústrias (RELATÓRIO ANUAL DO 
BANCO CENTRAL, 2014). 
Apesar da crise econômica o governo investiu bilhões de dólares na Copa das 
Confederações e copa do mundo no Brasil. Em junho de 2013, jovens brasileiros 
saíram às ruas para protestar contra a vida instável em geral, o alto custo das 
passagens de transporte público foi um dos principais temas levantados pelos 
manifestantes. As manifestações em junho de 2013 foram realizadas em várias 
cidades do país, com destaque para São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília, onde 
atuaram até 1 milhão de pessoas, já em 2014 surgiram os casos de desvio e de 
lavagem de dinheiro envolvendo a Petrobrás, casos estes que foram investigados pela 
Polícia Federal, tendo como nome operação “lava jato”. Nesse período, a insatisfação 
pública com o governo Dilma aumentou muito. 
 
56 
 
Durante o segundo mandato de Dilma, a situação econômica do Brasil piorou 
ainda mais, e em 2015 o PIB do país caiu (-3,8%). A taxa de desemprego e a taxa de 
inflação aumentaram. Os aliados da presidente no parlamento diminuíram e 
manifestantes saíram às ruas, exigindo o impeachment de Dilma Rousseff, causando 
uma divisão política no país. 
No Brasil a crise capitalista mundial também demonstra seus efeitos e ameaça 
o conjunto de direitos dos trabalhadores, principalmente seus empregos e salários. 
Tal crise econômica soma-se à crise política, aprofundada logo após o resultado das 
eleições presidenciais de 2014 e que se acirrou a partir da abertura de processo e 
concretização do impeachment de Dilma Rousseff da presidência da República, em 
12 de maio de 2016, culminando com a chegada ao poder do então vice-presidente, 
Michel Temer, e posterior aprofundamento de um projeto que, mesmo jamais tendo 
sido abandonado pelos governos petistas, reafirma a lógica deletéria das perspectivas 
neoliberais e contrárias à proteção social e às políticas sociais universais no Brasil. 
Assim, reafirma-se um processo de cooperação e compartilhamento de 
responsabilidades entre Estado e mercado, no qual o Estado Social já não é mais o 
protagonista, mas sim o mercado, identificando-se aqui algumas tendências do 
chamado pluralismo de bem-estar, apontado pelos seus principais defensores como 
um dos modelos alternativos para superar a crise e estabelecer, por mais residual que 
seja, algum nível de proteção social, ainda que restrito às camadas mais pauperizadas 
da sociedade (BEHRING, 2004; PEREIRA, 2004). 
Michel Temer ao tomar posse inicia as seguintes reformas: 
✓ Mudança na exploração do pré-sal; 
✓ Teto de gastos; 
✓ Reforma do Ensino Médio; 
✓ Terceirização; 
✓ Reforma trabalhista; 
✓ Intervenção na Segurança do Rio; 
✓ Alta dos combustíveis e greve dos caminhoneiros (ponto negativo do 
governo) e início da reforma da previdência. 
Durante seus dois anos no governo, Michel Temer enfrentou uma série de desafios 
políticos e econômicos, sendo considerado pior presidente eleito pelos brasileiros, 
com reputação de 6%. 
 
57 
 
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vários setores desvinculados do café, que as circunstâncias impediram fosse feita pela 
via pacífica”. 
Ao contrário do estado oligárquico da República Velha, a revolução liderada por 
Vargas era composta por atores sociais com interesses diversos e não estava 
estritamente ligada ao consórcio do café, o que reflete o "estado de compromisso", 
nas palavras de Boris Fausto: 
O Estado que nasce em 1930 e se configura ao longo da década deixa de 
representar diretamente os interesses de qualquer setor da sociedade. A 
 
8 
 
burguesia do café está deslocada do poder, em consequência da crise 
econômica; as classes médias não têm condições para assumir seu controle; 
os “tenentes” fracassam como movimento político autônomo; os grupos 
desvinculados do setor cafeeiro, especialmente o industrial, não se 
encontram em condições de ajustar o poder à medida de seus interesses, 
seja porque tais interesses coincidem frequentemente com os daquele setor, 
seja porque o café, apesar da crise, continua a ser um dos centros básicos 
da economia (FAUSTO, 1995, p. 254). 
Fausto, 2001, acrescenta que: 
O programa da Aliança Liberal refletia as aspirações das classes dominantes 
regionais não associadas ao núcleo cafeeiro e tinha por objetivo sensibilizar 
a classe média. Defendia a necessidade de incentivar a produção nacional 
em geral e não apenas o café. (FAUSTO, 2001, p.178). 
Dando força a visão de Fausto sobre o Estado de Compromisso, Bresser 
Pereira enfatiza o papel de Getúlio Vargas como o novo dirigente, que habilmente 
conciliou os interesses opostos e administrou as tensões existentes nas instituições 
nacionais. “Como se vê um Governo de compromisso, um Governo de composição 
instável, do qual Getúlio Vargas, apesar de seus inúmeros erros, será o genial 
coordenador e ao mesmo tempo o líder das correntes realmente renovadoras [...]” 
(PEREIRA, BRESSER, 1972, p. 27). 
Confirmando a ideia do estado de compromisso, Francisco Welfort destaca a 
superação do modelo oligárquico e o caráter multifacetado do Estado que emerge no 
pós-30: 
O Estado encontrará condições de abrir-se a todos os tipos de pressões sem 
se subordinar exclusivamente aos objetivos imediatos de qualquer delas. Em 
outros termos: já não é uma oligarquia. Não é também o Estado tal como se 
forma na tradição ocidental. É um certo tipo de Estado de massas, expressão 
da prolongada crise agrária, da dependência dos setores médios e urbanos 
e da pressão popular (WELFORT, apud FAUSTO, 1995, p. 254). 
Partindo dos pressupostos anteriores, verifica-se que o governo produzido pela 
"revolução dos anos 1930" traz traços de conservadorismo e reformismo. Neste 
estado de compromisso, novas forças sociais opostas se confrontarão, isso levou a 
maiores demandas por compensação do governo estabelecido pela "revolução". 
Portanto, o primeiro movimento do governo Vargas no campo das instituições teve 
como objetivo perceber o surgimento dessas novas classes no país. 
 
 
9 
 
3 DESENVOLVIMENTO DA PRODUÇÃO CAFEEIRA 
Fonte: pixabay.com 
 A História do surgimento do café é cercada de muitas lendas, a Associação 
Brasileira da Indústria de Café – ABIC define o surgimento deste produto da seguinte 
forma: 
Uma das histórias mais aceitas e divulgadas é a do pastor Kaldi, que viveu 
na Absínia, hoje Etiópia, há cerca de mil anos. Ela conta que Kaldi, 
observando suas cabras, notou que elas ficavam alegres e saltitantes e que 
esta energia extra se evidenciava sempre que mastigavam os frutos de 
coloração amareloavermelhada dos arbustos existentes em alguns campos 
de pastoreio. O pastor notou que as frutas eram fonte de alegria e motivação, 
e somente com a ajuda delas o rebanho conseguia caminhar por vários 
quilômetros por subidas infindáveis. Kaldi comentou sobre o comportamento 
dos animais a um monge da região, que decidiu experimentar o poder dos 
frutos. O monge apanhou um pouco das frutas e levou consigo até o 
monastério. 
Ele começou a utilizar os frutos na forma de infusão, percebendo que a bebida 
o ajudava a resistir ao sono enquanto orava ou em suas longas horas de 
leitura do breviário. Esta descoberta se espalhou rapidamente entre os 
monastérios, criando uma demanda pela bebida. As evidências mostram que 
o café foi cultivado pela primeira vez em monastérios islâmicos no Yemen 
(ABIC, 2009, p.1). 
Ainda segundo a ABIC (2009) alguns manuscritos mencionam a cultura do café 
no Yemen no ano de 575. Nesta época o café seria consumido in natura, sendo os 
primeiros grãos torrados para fazer bebida na Pérsia no século XV. Inicialmente a fruta 
fresca do café era consumida pelos rebanhos como estimulante durante as viagens. 
 
10 
 
Para ABIC (2009), o mundo Árabe foi pioneiro no lançamento de cafeterias 
requintadas tornando-se locais apropriados para negociações e convívio social. A 
religião mulçumana proibia o consumo de bebida alcoólica, por isso logo o café passou 
a ser adotado nas rodas de conversa e em outros momentos de descontração. A 
importância do café para os Árabes era tanta, que havia um rigoroso controle desde 
o cultivo até o preparo da bebida. Os estrangeiros não podiam se aproximar dos 
cafezais, as sementes não podiam ser retiradas do país. Após conseguir algumas 
mudas, os holandeses realizaram o cultivo em estufas do jardim botânico de 
Amsterdã, contribuindo para que o café passasse a fazer parte dos hábitos europeus. 
Felipe e Duarte (2008) lembram que a Indonésia seguiu os passos dos 
holandeses e passaram a realizar o cultivo da planta suprindo as necessidades da 
Europa a partir do ano de 1615. Por volta do ano de 1718, o Suriname iniciou o plantio 
de café, seguido pela Guiana Francesa e Brasil. A partir de 1825 o Brasil passa a 
destacar-se como um dos maiores produtores de café da América do Norte e América 
do Sul. Para os autores, a época em que o café entrou no Brasil foi por volta de 1727, 
trazido pelo sargento-mor Francisco Melo Palheta, da Guiana Francesa, Marina 
Gusmão de Mendonça e Marcos Cordeiro Pires expõe que: 
A maneira como se deu a introdução das primeiras mudas no País é incerta. 
De qualquer forma, segundo a versão corrente, ela ocorreu por conta de um 
episódio pitoresco, tal como observa, José Roberto do Amaral Lapa: “ Os 
fatos, dos quais ficaram documentos, parecem ter-se passado da seguinte 
maneira. Paraense de nascimento, o sargento-mor Francisco de Mello 
Palheta era conhecedor das áreas litigiosas que Portugal tinha na Amazônia. 
(...)em uma expedição (...) destinou-se à possessão francesa (Guiana), em 
cuja capital, Caiena, compareceu ao Palácio do Governador, onde pela 
primeira vez tomou uma xícara de café, achando deliciosa a bebida. Como 
por um bando local havia sido proibida qualquer venda de café-`capaz de 
nascer´- aos portugueses, a verdade é que, por sua solicitação sua ou não 
sigilosamente a esposa do Governado francês Claude d´Orvilles teria lhe 
oferecido, num gesto galante, sementes e cinco mudas de café, que dariam 
aos cafezais brasileiros” (MENDONÇA e PIRES, 2002, p. 122 e 123). 
Paula, 2013, reforça que, o cultivo de café no Brasil teve início no ano de 1727 
e por volta de 1830 o país já era considerado o maior produtor, respondendo por cerca 
de 70% da produção mundial. Devido às condições climáticas e de possuir solo 
favorável, a planta se adaptou rapidamente, proporcionando ao país a posição de 
maior produtor mundial, mantendo-se neste patamar até os dias de hoje, sendo 
considerado o maior produtor de café do mundo (PAULA, 2013). 
 
11 
 
Devido às condições climáticas do país, o café se adapta facilmente, 
espalhando sua produção pelos estados do Maranhão, Bahia, Rio de Janeiro, São 
Paulo, Paraná e Minas Gerais e em pouco tempo o café deixa de ser uma produção 
relativamente secundária e passa a ser considerado um produto-base da economia 
brasileira, desenvolvendo-se apenas com recursos nacionais, sendoa primeira 
realização exclusivamente brasileira que tendeu a produção de riquezas. Em 1825 
inicia-se um novo ciclo econômico, pois o Haiti, principal exportador naquela época, 
entra em crise devido à guerra da independência com a França, o que fez com que o 
Brasil produzisse ainda mais passando a exportar o produto com maior regularidade 
(ABIC, 2016). 
No Rio de Janeiro, o ciclo do café teve início em 1790, quando as primeiras 
mudas chegaram ao estado e com isso a cultura do café passou a se tornar 
gradativamente a principal atividade econômica do país na época. Pereira (2005) 
menciona que o café da Tijuca era considerado o melhor, em qualidade, do Brasil. No 
entanto, com a chegada da corte portuguesa na cidade do Rio de Janeiro e, 
consequente aumento da população local, a escassez de água fez com que a Floresta 
da Tijuca, antes devastada e substituída por cafezais, fosse reflorestada a fim de 
proteger as nascentes dos rios e reestabelecer o fornecimento de água. 
De acordo com Pereira (2005), a exportação do café chegou a ser responsável 
por 62% da receita do Império na década de 1820, sendo que o Rio de Janeiro 
representava 77% desta arrecadação. Sendo assim, o Rio de Janeiro ganhou 
destaque em âmbito nacional, e os lucros do café passaram a ser utilizados para o 
desenvolvimento da cidade. Uma classe média começou a surgir e, junto com ela, 
novas necessidades e oportunidades de mercado começaram a ser exploradas. As 
atividades voltadas às ciências, letras, artes e religiosidade passaram a ser 
desenvolvidas. 
O auge da produção fluminense foi atingido entre 1835 a 1867, quando 
sextuplicou o café produzido. A partir de 1870, a produção começa a diminuir em 
decorrência de técnicas de produção ultrapassadas e uso predatório do solo. Os 
produtores não estavam preparados para tratar o solo e combater pragas. Além disso, 
os períodos de chuvas torrenciais e outras mudanças climáticas interferiram na queda 
da produção (PEREIRA, 2005). 
 
12 
 
Por outro lado, São Paulo possuía terras férteis suficientes para o cultivo do 
café, tornando-se uma posição importante na economia cafeeira e devido à redução 
de produção do Rio de Janeiro, o estado começou a ganhar destaque. 
Menezes (2009) lembra que, tanto no Vale quanto no Oeste Paulista, a cultura 
do café teve boa adaptação, no entanto, a disponibilidade de terras no Oeste (interior 
de São Paulo) fez com que sua produção superasse a do Vale. As condições do solo 
do Oeste, também propiciavam mais longevidade e produtividade da planta, 
superando em cinco anos de produtividade as plantas do Vale. Uma explicação para 
essa diferenciação é que a quantidade de terra para plantio no Vale era limitada, 
sendo assim mais explorada e esgotada do que no Oeste, diminuindo sua 
produtividade (MENEZES, 2009). 
Silva, 2013, ainda afirma que: 
A produção cafeeira tornou-se o carro-chefe da economia nacional e 
impulsionou a estruturação econômica, política e social do estado de São 
Paulo, com o desenvolvimento da malha ferroviária, melhoramento de portos, 
configuração do comércio regional e proporcionando acúmulo de capitais. A 
mão-de-obra imigrante, com destaque para a presença italiana no estado de 
São Paulo, representou a passagem do trabalho escravista para a mão-de-
obra assalariada, utilizada posteriormente na constituição das primeiras 
fábricas paulistas (SILVA, 2013, p.1) 
O cultivo do café pelo Brasil promoveu a expansão da economia, através do 
surgimento de cidades e diversificação de importantes centros urbanos por todo o 
interior do Estado de São Paulo, sul de Minas Gerais e norte do Paraná, assim como 
a construção de ferrovias para o escoamento da produção, o café trouxe consigo a 
imigração consolidando a expansão da classe média, que demonstrava a riqueza 
produzida pelo café pelas elegantes mansões dos proprietários produtores de café, 
chamados de barões do café (ABIC, 2016). 
No ano de 1952, um novo ciclo se inicia na agricultura, momento este em que 
foi criado o Instituto Brasileiro do Café – IBC, com finalidade de contribuir para o 
desenvolvimento de estudos e pesquisas sobre o café, fortalecendo e encorajando os 
produtores e ainda propiciando o financiamento à produção cafeeira, com intenção de 
novamente aquecer a economia e recuperar a confiança dos produtores. Com a 
extinção do IBC em 1990 as instituições que trabalhavam com o café, se organizaram 
para que estudos na busca pela maximização de resultados continuassem a ocorrer 
(EMBRAPA, 2016). 
 
13 
 
Assim, em 1996 criou-se o Conselho Deliberativo de Política do Café - CDPC, 
vinculado ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – Mapa e em 1997 
foi criado o Consórcio Brasileiro do Café, com objetivo de planejar e executar as 
pesquisas, no qual obteve apoio da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - 
EMBRAPA; Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola - EBDA; Empresa de 
Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais – EPAMIG; Instituto Agronômico de 
Campinas – IAC; Instituto Agronômico do Paraná – IAPAR; Instituto Capixaba de 
Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural – INCAPER; Ministério da 
Agricultura, Pecuária e Abastecimento - MAPA; Empresa de Pesquisa Agropecuária 
do Estado do Rio de Janeiro – PESAGRO - Rio; Universidade Federal de Lavras – 
UFLA; e Universidade Federal de Viçosa – UFV (EMBRAPA, 2016). 
Com o incentivo do governo e suas parcerias a economia cafeeira volta a 
aquecer o mercado e o aumento da demanda pelo produto fez com que surja a 
necessidade em expandir as fronteiras, assim, estados como a Bahia, Rondônia, 
Goiás e Minas Gerais passam a ser novos campos de plantação de café. (EMBRAPA, 
2016). 
4 INDUSTRIALIZAÇÃO BRASILEIRA 
Fonte: mundoeducacao.uol.com.br 
Comparado com a industrialização dos países capitalistas centrais, o processo 
de industrialização no Brasil é considerado tardio, tudo começou no século 20, quase 
 
14 
 
200 anos após a industrialização europeia. Foi apenas no terceiro estágio da 
industrialização do Brasil que o governo e a burguesia fizeram grandes investimentos 
na indústria, compraram maquinários e melhoraram os setores de transporte e 
energia, o que tornou o país competitivo e capaz de aceitar a indústria mundial 
realizando assim a integração do sistema capitalista global. 
Furtado (1976, p. 115), diz inicialmente, que os países que se especializaram 
em exportação de produtos primários, ou seja, naqueles países em que se teve um 
aumento de produtividade como efeito da expansão da demanda mundial de matérias 
primas, a evolução das estruturas produtivas, especialmente o processo de 
industrialização, demonstra peculiaridades, cujo exame constitui-se um dos aspectos 
mais importantes da teoria econômica do subdesenvolvimento. O aumento da 
produtividade e do poder de compra da população, ocasionaram mudanças no perfil 
da demanda global, no sentido de sua diversificação, gerando um acréscimo mais do 
que proporcional da procura de produtos manufaturados. 
Acrescentando Brum (1996, p. 71), que o desenvolvimento industrial acelerou 
a projeção da burguesia e aumentou o crescimento das camadas medianas urbanas 
e populares, modificando a estrutura das classes sociais, e fazendo, posteriormente, 
que emergissem novos interesses. 
Assim, percebe-se que o desenvolvimento da industrialização no Brasil ocorre 
desde, aproximadamente, o século XIX. Inicia-se como um setor industrial muito 
simples, subsidiário à principal atividade econômica, qual seja, a produção de café 
para exportação e peculiar do período que vai até o fim da década de 1920, período 
este que passou por uma fase bastante rápida de industrialização, por meio da 
substituição de importações. Portanto, é a partir de 1930 até 1950, que finalmente 
transforma-se no setor industrial e integrado dos dias atuais, considerado cada vez 
mais aberto ao comércio exterior por intermédio da promoção das exportações 
relativasà manufaturados. (SUZIGAN, 1984, p. 132). 
Para Aureliano (1981, p. 28), é indiscutível que o capital industrial tenha surgido 
entre os anos de 1886 e 1897, em uma situação de expansão do primeiro ciclo longo 
do capital cafeeiro, porém, como se sabe, nasce apenas um certo tipo de indústria, ou 
seja, aquela de bens de consumo assalariado. 
Vesentini (2008) afirma que: 
 
15 
 
O processo de industrialização de uma nação representa um avanço singular 
no que diz respeito ao desenvolvimento econômico e social de seu povo. 
Tratasse de um complexo processo onde há o desenvolvimento da atividade 
fabril, baseada na relação de trabalho assalariada, que passa a atuar como 
leme da economia, e apura as relações capitalistas, entre burguesia e o 
proletariado, constituindo assim o capitalismo pleno, ou industrial. No Brasil, 
este processo ocorre a partir do final do século XIX, visto que antes desta 
data, o que ocorriam eram pequenos focos de indústrias e manufaturas. Isso 
porque a escravidão, grande força da economia da época, não contribuía 
para um desenvolvimento mais estruturado da indústria, pois mantinha 
consigo grandes investimentos (compra de escravos), além do fato de que os 
próprios escravos não eram habilmente capacitados para atuar em indústrias, 
e nem era de interesse dos grandes barões instruí-los para tal feito. Outras 
condições desfavoráveis eram ainda encontradas, fazendo com que o 
processo de industrialização no Brasil se retardasse ainda mais. O trabalho 
assalariado possuía, no entanto, suas vantagens frente ao trabalho escravo. 
Os assalariados poderiam constituir um mercado interno, se tornando 
potenciais compradores para os produtos industrializados, visto que 
possuíam liberdade para utilizar seus vencimentos. O trabalho assalariado 
não gerava a revolta que existia entre os escravos, abrindo espaço para que 
patrões educassem e capacitassem seus funcionários para atuar no 
maquinário. Além de que o investimento no assalariado era mais perenizado, 
pois os salários eram pagos depois do trabalho realizado e em pequenas 
parcelas. A imigração tem papel fundamental no processo de industrialização 
no Brasil, pois foram imigrantes os primeiros assalariados do processo, e 
contribuíram em muito para o aumento do mercado consumidor, visto que já 
tinham costume de consumir produtos industrializados em seus países de 
origem. A industrialização Brasileira foi singular, pois pelo motivo de ter sido 
tardia, não cursou todos os passos da industrialização que ocorreu na 
Inglaterra por exemplo. A passagem de um estado de atividade agrícola para 
fabril, se deu de forma rápida, utilizando-se das modernas máquinas à 
eletricidade ou à combustão, importadas da Europa. 
Já Furtado (1976, p.117), enfatiza claramente muitos fatores que levaram à 
transição de uma economia primária de exportação para uma economia industrial, a 
saber: 
a) natureza da atividade exportadora, da qual depende a quantidade relativa 
de mão-de-obra a ser absorvida no setor de produtividade elevada e em 
expansão; 
b) tipo de infraestrutura exigido pela atividade exportadora: a agricultura de 
clima temperado criando uma grande rede de transportes; a agricultura de 
clima tropical, concentrada em áreas limitadas e muitas vezes em regiões 
montanhosas, satisfazendo-se com uma infraestrutura mais modesta; a 
produção mineira requerendo uma infraestrutura especializada, na maioria 
dos casos criadora de escassas economias externas para o conjunto da 
economia nacional; 
c) propriedade dos investimentos realizados na economia de exportação: a 
propriedade estrangeira reduzindo a parte de fluxo de renda do setor em 
expansão que permanece no país; recaindo nas economias mineiras de 
exportação a maior incidência da propriedade estrangeira, os aspectos 
negativos destas se viram agravados; 
 d) taxa de salário que prevalece no setor exportador na fase inicial, a qual 
depende principalmente das dimensões relativas do excedente de mão-de-
obra; 
 
16 
 
 e) dimensão absoluta do setor exportador, a qual reflete na maioria dos 
casos a dimensão geográfica e demográfica do país. 
Após a crise dos cafeicultores na última década do século 19, os empresários 
buscaram novas opções de produção. Desta forma, desde então, várias 
infraestruturas antes utilizadas para o transporte e produção de café passaram a ser 
utilizadas para a produção industrial, incluindo as estruturas para a cultura do café. 
A partir disso, grandes indústrias surgiram, fazendo com que as pequenas 
manufaturas quebrassem ou fossem engolidas pela concorrência. O investimento na 
industrialização era muito alto, posto que a importação de grandes lotes de máquinas 
consumia divisas, que eram quase que, exclusivamente, das lavouras cafeeiras. A 
industrialização passou a apresentar melhores condições aos cafeicultores, que, 
então, investiram alto, pois as crises de exportação de café eram claras, além do 
crescimento do mercado consumidor de bens industrializados, que, inicialmente, eram 
importados da Europa. Com essas crises, na 1ª e 2ª Guerra Mundial, juntamente com 
a crise econômica do ano de 1929, o Brasil teve um grande impulso no seu processo 
de industrialização, uma vez que o mercado de bens de consumo aumentava 
gradativamente e tornava-se muito lucrativo investir na indústria. Os dois momentos 
distintos do processo de industrialização no Brasil, quais sejam: o primeiro antes das 
grandes guerras, momento em que a industrialização assumia um processo de 
substituição de importações, e outro, quando a própria indústria, munida de 
investimentos internacionais, passou a possuir uma atuação mais forte, com a entrada 
de multinacionais e a criação de grandes indústrias estatais, possibilitaram o 
desenvolvimento industrial do Brasil que, no entanto, continuou restrito à produção de 
bens de consumo e intermediários, embora já havia a produção de bens de capital, 
apesar destes, serem ramos relativamente fracos. (VESENTINI, 2008). 
Confirmando, Brum (1996, p. 86), que a primeira Guerra Mundial, bem como a 
crise econômica do ano de 1929 e a Revolução de 1930 fizeram surgir condições para 
o início do processo de ruptura com um passado colonial e a decolagem do processo 
industrial do Brasil. Aliás, insta salientar que a crise do café que se agravou 
bruscamente com a falência da Bolsa de Valores de Nova Iorque, no ano de 1929, 
comprovou a vulnerabilidade e inviabilidade da monocultura exportadora como 
fundamento da economia. A Revolução de 1930, demonstrando a baixa do latifúndio, 
marcou a ascensão da burguesia rumo ao poder. 
 
17 
 
Aureliano (1981, p. 93), cita que, que foi somente a partir do ano de 1933 que 
se teve início o que convencionou-se denominar de Industrialização restringida. O 
desenvolvimento do capital industrial, apesar de restrito, traduzia-se pelo limite em 
última instância à acumulação estabelecida pela capacidade para importar. 
 Suzigan (1984, p. 132), mostra que os dados inerentes à produção industrial 
desde o início do século apresentam uma diferença bastante clara nas tendências de 
longo prazo antes e depois da depressão do ano de 1930. No primeiro período, a taxa 
de aumento foi moderada e as flutuações cíclicas foram demasiadamente frequentes 
e um tanto quanto bruscas, com muitos anos de taxas de crescimento negativas ou 
próximas de zero. No segundo período, essa taxa de aumento pulou para 
aproximadamente 9% (nove por cento) e aconteceram flutuações cíclicas menores e, 
portanto, menos pronunciadas, salvo no período de estagnação entre os anos de 
1963- 1967. 
 Silva (2009) afirma que: 
A industrialização brasileira teve seu início e evoluiu, aos trancos e barrancos, 
com o que se convencionou chamar de Teoria dos Choques Adversos, ou 
seja, quando, a partir de estrangulamentos externos, foram mobilizados os 
recursos internos disponíveis para fazer frente às carências provocadas pela 
interrupção dos fluxos comerciais destinados ao País.Procurava-se, assim, 
através do investimento industrial, atender à demanda reprimida, decorrente 
da cessação ou diminuição drástica desse movimento de importação de 
produtos manufaturados. 
 [...]. A Grande Depressão de 1929 representou o teste mais difícil para a 
economia do País, com o agravamento da crise de superprodução do café, 
porém ensejou a demonstração de sua capacidade de superação dos 
momentos mais críticos do seu desenvolvimento, pois adotou, a despeito da 
reprovação interna e externa, a política de destruição de estoques 
acumulados em razão da forte retração da demanda internacional. Tal política 
consubstanciara-se na adoção de um keynesianismo pré-Keynes, que viria a 
revelar-se exitosa no combate à queda dos preços internacionais do café e 
na manutenção do nível de emprego interno. 
 Já a II Grande Guerra, com a adesão do País aos Aliados, ensejou a 
implantação do principal marco da plena constituição do capitalismo 
brasileiro: a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), e da Companhia Vale 
do Rio Doce. A partir daí diz-se que o capitalismo brasileiro passou a andar 
com seus próprios pés. [...]. 
 
Entre 1956 e 1961, o desenvolvimentismo do governo Juscelino Kubistchek 
substituiu o nacionalismo da era Getúlio Vargas. Atraiu capital estrangeiro também 
dando estimulo ao capital do estado, JK adotou incentivos fiscais e financeiros e 
medidas de proteção ao mercado interno, utilizando bens de consumo duráveis como 
eletrodomésticos e veículos, com o objetivo principal de aumentar o número de 
 
18 
 
fábricas de peças e componentes. Desde então, o Brasil tem conseguido entender os 
mercados consumidores estrangeiros e integrá-los aos processos de exportação e 
comércio global. Alguns setores industriais não têm feito tantos investimentos, com 
tecnologia de ponta, o que torna o Brasil um país dependente econômico e 
tecnologicamente dependente de outras economias globais. 
Foi, portanto após 1950, que o Estado passou a exercer um papel mais ativo 
com relação à estruturação do setor industrial. Primeiramente, na articulação existente 
entre o capital privado nacional, o capital estrangeiro e o próprio Estado. Para isso 
tornou-se importante a definição de uma estratégia geral de desenvolvimento 
(também chamado plano de metas), como também o estabelecimento destas últimas 
por meio de uma ação dos grupos executivos, que foram criados para a orientação e 
implantação de indústrias específicas. Em segundo lugar, verifica-se que a proteção 
ao mercado interno foi substancialmente acrescida. Essa era fornecida por uma 
recente tarifa aduaneira, bastante protecionista, como também pela política cambial, 
mediante o controle do mercado cambial e de taxas cambiais diferenciadas, de acordo 
com o sistema de prioridades. (SUZIGAN, 1988). 
Como resultado, denota-se, então, que a estrutura industrial cresceu e 
incorporou segmentos da indústria pesada, da indústria de bens de consumo duráveis 
e da indústria de bens de capital, substituindo as importações concernentes a insumos 
básicos, máquinas e equipamentos, automóveis, dentre outros. Essa estrutura seria o 
alicerce em que se apoiaria o rápido desenvolvimento da produção industrial na 
primeira fase do ciclo denominado de expansivo que ocorreu de ano de 1968 a 1973 
e 1974. (SUZIGAN, 1988). 
Piffer, 2007, corrobora: 
A partir da década de 1980, o chamado modelo do Estado Nacional 
Desenvolvimentista, que lançou as bases da industrialização no pais com 
forte estatização da economia, foi lentamente de esgotando; nascendo a 
partir daí _ dadas várias crises _, o Programa Nacional de Privatizações. 
Paralisado pelas dividas o Estado empenhou-se em transferir parte de seu 
trabalho produtivo à iniciativa privada, caracterizando a inserção do Brasil no 
modelo neoliberal da economia, a partir de 1990. 
Apesar da diversidade e complexidade, a indústria brasileira ainda é muito 
dependente da importação de bens de produção, insumos básicos e 
sobretudo, de tecnologia estrangeira. (PIFFER, 2007). 
Impulsionado e influenciado pelo capital estrangeiro e empresas multinacionais 
instaladas em nosso país, o país vive atualmente um forte crescimento e 
 
19 
 
desenvolvimento industrial, de indústrias básicas a indústrias de alta tecnologia, todos 
os tipos de indústrias estão se desenvolvendo fortemente. Depende economicamente 
de outros países para determinar sua produção, seja ela industrial ou agrícola, o Brasil 
também conta com tecnologia produzida em países desenvolvidos, o que faz com que 
a economia nacional seja frágil, pela falta de investimentos em pesquisa e educação, 
o que poderia aumentar o campo tecnológico, renda e redução dessa dependência. 
5 A ERA VARGAS E SUAS CONTRIBUIÇÕES 
Fonte: elo7.com.br 
Getúlio Dornelles Vargas é considerado por muitos a figura brasileira mais 
influente do século 20. Em 1929, Vargas concorreu a presidente da República na lista 
de oposição da Aliança Liberal. Depois de ser derrotado, ele liderou o movimento 
revolucionário em 1930 e serviu como governo provisório. Em 1934, foi eleito 
presidente indiretamente e serviu até 1938. Em 1937 foi instituído o Estado Novo, foi 
encerrada a Assembleia Nacional, foi promulgada uma nova constituição, que dava o 
controlo dos poderes legislativo e judiciário, e decidia o encerramento dos partidos 
políticos. 
Brasileiros! No alvorecer do novo ano, quando nas almas e nos corações se 
acende mais viva e crepitante a chama das alegrias e das esperanças e 
sentimentos mais forte e dominadora a aspiração de vencer, de realizar e 
progredir, venho comunicar-me convosco e falar, diretamente, a todos, sem 
distinções de classe, profissão ou hierarquia, para unidos e confraternizados, 
 
20 
 
erguermos bem alto o pensamento, num voto irrevogável pela grandeza e 
pela felicidade do Brasil (VARGAS, 1938, p.121). 
Gusmão (2004: p.11) descreve o perfil de Vargas: 
 “A elas [características] somava o gosto pela política, a disciplina 
individualista, a sedução ao pé do ouvido, a discrição e, com ela, o mutismo 
de quem achava que Deus nos deu uma boca e dois ouvidos para ouvirmos 
o dobro do que falamos. Só era tagarela para perguntar: encurralava o 
interlocutor com um interrogatório em que demonstrava muito interesse pela 
pessoa e por suas ideias, e o entrevistado saía da sala sem saber o que ele 
pensava”. 
Com o fim da Segunda Guerra Mundial em 1945, a pressão pela 
redemocratização aumentou e Vargas foi deposto por um movimento militar liderado 
por generais em 29 de outubro de 1945. Perdendo energia, Vargas foi para sua 
fazenda em São Borja, no Rio Grande Sul, mas nas eleições para a Assembleia 
Nacional Constituinte de 1946, foi eleito senador por dois estados e sete estados como 
deputado federal. Na eleição presidencial de 1950, Vargas foi eleito Presidente da 
República com maior número de votos. 
No segundo período, seu governo foi marcado pela restauração do 
nacionalismo, cuja maior manifestação foi a luta com a implantação da Petrobrás, a 
gradual radicalização política e o estabelecimento do o monopólio estatal do petróleo. 
Em 1954 ocorre o suicídio de Vargas, devido a enfrenta forte oposição da União 
Democrática Nacional – UDN, especialmente de Carlos Lacerda, dono do jornal 
carioca Tribuna da Imprensa. Portanto, podemos verificar que nos 20 anos no poder 
Vargas inseriu profundas mudanças no sistema político, econômico e administrativo 
do Brasil. Tamanha a grande importância dessas duas passagens Getúlio Vargas. 
A política de Vargas centrou-se na organização entre capital e trabalho, o 
primeiro projeto de lei foi instituído pelo Ministério do Trabalho em 1930 para 
coordenar a relação entre patrões e empregados, substituindo a ideia de luta de 
classes pela reconciliação. O sistema corporativo foi estabelecido através de 
legislação, para atender às demandas impostas pelos trabalhadores urbanos 
industriais e comerciais e à nova ordem de produção. 
A regulamentaçãodas relações entre capital e trabalho foi a tônica do 
período, o que parece apontar uma estratégia legalista na tentativa de 
interferir autoritariamente, via legislação, para evitar conflito social. Toda a 
legislação trabalhista criada na época embasava-se na ideia do pensamento 
liberal brasileiro, onde a intervenção estatal buscava a harmonia entre 
 
21 
 
empregadores e empregados. Era bem-vinda, na concepção dos 
empresários, toda a iniciativa do estado que controlasse a classe operária, 
Da mesma forma era bem-vinda por parte dos empregados, pois contribuía 
para melhorar suas condições de trabalho. ” (COUTO,2004, p. 95). 
A Consolidação da Lei do Trabalho (CLT) em 1943, desde a instituição do 
governo Vargas em 1930, toda a legislação social foi consolidada, criou-se a carteira 
de trabalho, segurança do trabalho, fixou salário-maternidade e férias com 
remuneração. 
O perfil das políticas sociais do período de 1937 a 1945 foi marcado pelos 
traços de autoritarismo e centralização técnico-burocrático, pois emanavam 
do poder central e sustentavam-se em medidas autoritárias. Também era 
composto por traços paternalistas, baseava-se na legislação trabalhista 
ofertada como concessão e numa estrutura burocrática e corporativa, criando 
um aparato institucional e estimulando o corporativismo na classe 
trabalhadora. (COUTO, 2004, p.104). 
Outros pontos do governo Vargas que tiveram avanço foram: 
➢ Lei de Sindicalização, aprovada em 1931 estabelecendo a unicidade 
sindical; 
➢ Jornada de trabalho de 8 horas implementada em 1932, criação do 
código eleitoral; 
➢ Fundação dos Institutos de Aposentadoria e 
Pensões, precursores do INSS em 1933; 
➢ Criação, em 1939, da Justiça do Trabalho; 
➢ Instituição do Salário Mínimo em 1940; 
➢ Criação a Companhia Siderúrgica Nacional em 1941; 
➢ Criação Companhia Vale do Rio Doce em 1942; 
➢ Aprovação do Código Eleitoral, do voto feminino e do voto secreto; 
➢ Criação do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDE) em 
1952 e a Petrobrás em 1953, ambos no segundo governo. 
Portanto, pode-se dizer que independentemente das fortalezas e fraquezas 
pessoais de Getúlio Vargas e das ações políticas tomadas, seu comando do setor 
público brasileiro estabeleceu uma divisor do tempo, tornando o país um antes e outro 
depois de Vargas. 
 
22 
 
6 JUSCELINO KUBITSCHEK E O PLANO DE METAS 
Fonte: www.nndb.com 
Sob a plena promoção da democracia, em resultado da constituição em 1946, 
Juscelino Kubitschek (JK) foi eleito Presidente da República no final de 1955 e tomou 
posse em 31 de janeiro de 1956, criando uma agenda progressista baseada num 
programa de obras públicas denominado "Plano de Metas". 
 Em relação a Juscelino Kubitschek, Cohen, 2005 define que: 
Como secretário do governo de Minas Gerais, ele se destacou pelo seu 
trabalho dinâmico e contato diário com o público. Passou a advogar em nome 
de Diamantina, sua cidade natal e, sempre solícito, alcançou grande 
popularidade em pouco tempo – assim tomou gosto pela carreira política o 
futuro presidente “bossa-nova”(COHEN, 2005:68) 
Prometendo fazer o país crescer “50 anos em 5”, caso fosse eleito, Cohen, 
2005, também define em relação ao plano de metas, que: 
O programa de governos dos candidatos da chapa PSB-PTB, organizado 
com o auxílio de uma equipe de técnicos, foi batizado com o nome de Plano 
de Metas e representava um audacioso plano de desenvolvimento nacional, 
que acabou sendo cumprido à risca: eleitos, JK e Jango pretendiam imprimir 
ao Brasil, em cinco anos de mandato, um ritmo de crescimento industrial 
equivalente a 50 anos. (COHEN, 2005:95) 
O Plano de Metas, era composto de um conjunto de 30 objetivos, que abrangia 
diversos setores como, os setores de energia, transporte, indústria de base, 
alimentação e educação. Essas metas visavam fundamentalmente à infraestrutura e 
 
23 
 
substituição de importações, buscando superar gargalos internos e externos, O plano 
não tinha com visão o planejamento global, mas sim um setor-chave da economia 
brasileira, incluindo os setores público e privado, englobando um quarto da produção 
nacional. 
Era necessário dinheiro para alcançar o crescimento do país, mas a situação 
econômica é herdada do governo Vargas, e, em seguida, Café Filho era preocupante, 
o déficit fiscal e a perda do poder de compra das exportações constituíam um 
desequilíbrio impressionante. Sem dúvida, a maior dificuldade era falta de recursos 
externos, sem essas condições não podia haver um programa de sucesso. De 
maneira geral, o desenvolvimento de uma economia semi-industrial depende 
principalmente da importação de equipamentos, tecnologia e bens de capital. De fato, 
A falta de financiamento externo passou a ser a principal razão do relativo fracasso 
do governo anterior em planejar a industrialização, especialmente em Vargas, o 
fracasso do plano da Comissão Mista Estados Unidos-Brasil. 
Para o sucesso da gestão administrativa do plano e do plano, JK optou por 
estabelecer uma organização administrativa paralela para atingir a maior parte de 
seus objetivos, pois a reformulação global da burocracia levará tempo e enfrentará 
resistências de países ainda notários. Para tanto, requer um grupo de pessoas 
capacitadas para retirá-los das instituições administrativas que ainda não funcionam 
apesar da tradicional ineficiência burocrática, e dar-lhes poder para agir. 
Para o sucesso da gestão administrativa e do plano, JK optou por estabelecer 
uma organização administrativa paralela para atingir a maior parte de seus objetivos, 
pois a reformulação global da burocracia levará tempo e enfrentará resistências de 
um Estado ainda cartorial. Para solucionar essa situação, JK requereu um grupo de 
pessoas capacitadas para retirando-os das instituições administrativas que ainda não 
funcionavam devido a tradicional ineficiência burocrática, dando-lhes poderes para 
agir. 
(...) A administração paralela compreende um conjunto de instrumentos 
formado por órgãos já existentes, como o CACEX, a SUMOC, e o BNDE, 
mais os novos órgãos, com funções de assessoria ou de execução, os 
Grupos de Trabalho (GT), os Grupos Executivos (GE) e o Conselho de 
Política Aduaneira (CPA) – todos subordinados diretamente à Presidência da 
República. (...). (BRUM, 1991: 98-99) 
 
24 
 
O objetivo desta estratégia era o compromisso de vários departamentos e a 
eficácia da implementação do projeto, e uma demonstração das habilidades políticas 
do presidente e o espírito de reconciliação. Na verdade, para cada meta do plano, 
existe uma equipe diretamente responsável por suas equações e execução. 
Vale ressaltar ainda que no governo de JK ocorreu a construção da capital do 
nosso país, sendo que no dia 21 de abril de 1960, no governo do presidente Juscelino 
Kubitschek (JK) ocorreu a inauguração de Brasília. Para Juscelino Kubitschek a nova 
capital era vista como “(...) a chave de um processo de desenvolvimento que 
transformará o arquipélago econômico que é o Brasil em um continente integrado” 
(LAFER 2002, P. 147). 
Juscelino Kubitschek foi o primeiro presidente eleito e sua campanha usou os 
planos como solução para o Brasil. Tanto que depois de deixar o governo, o 
comportamento de planejamento passa a ser institucionalizado, não apenas a 
publicidade eleitoral, também inclui os processos administrativos dentro do governo. 
7 REGIME MILITAR, PRESIDENTES E REFORMAS DO ESTADO 
 Fonte: pixabay.com 
A turbulência política, aliada a renúncia de Jânio Quadros em agosto de 1961 
e a posse de João Goulart, adicionado ao cenário os altos picos de Inflação e 
crescimento econômico estagnado, contribuíram para o golpe Estado em 1964. 
 
25 
 
Desde o início de março, setores das classes médias e da burguesia, sob a 
bandeira do anticomunismo e da defesa da propriedade, da Família e da moral cristã, 
saíam às ruas em diversas capitais do país para pedir o impeachment de Goulart. 
Dessas manifestaçõespraticamente estiveram ausentes os operários e as 
organizações populares. Como observou um estudioso, tais manifestações públicas 
tinham o propósito de criar clima sociopolítico favorável à intervenção militar, bem 
como incitar diretamente as forças armadas ao golpe de Estado (TOLEDO, 1997). 
Os militares, associados aos interesses da grande burguesia nacional e 
internacional, incentivados e respaldados pelo governo norte-americano, 
justificaram o golpe como “defesa da ordem e das instituições contra o perigo 
comunista”. Na realidade, o acirramento da luta de classes estava no centro 
do conflito. O golpe foi uma reação das classes dominantes ao crescimento 
dos movimentos sociais, mesmo tendo estes um caráter predominantemente 
nacional-reformista (HARBERT, 1992, p. 08). 
7.1 Castello Branco 
O primeiro presidente do regime O militar é o marechal Humberto de Alencar 
Castello Branco, figurou no poder no período de 1964 a 1967. 
Após as fortes medidas tomadas contra os opositores ao governo militar, 
Castello Branco mirou nos males da economia brasileira que, em 1964, se encontrava 
em grandes apuros. O governo Goulart apresentava uma dívida externa de 3 bilhões 
de dólares, e as companhias internacionais não mais honravam os créditos brasileiros; 
a inflação atingiu um nível anual de 100% e os subsídios e controles governamentais 
causavam uma má alocação de recursos na economia brasileira (SKIDMORE, 1988). 
Os anos 1964-67 foram marcados pela implementação de um plano de 
estabilização de preços de inspiração ortodoxa – O Plano de Ação Econômica 
do Governo (PAEG) – e de importantes reformas estruturais ---do sistema 
financeiro, da estrutura tributária e do mercado de trabalho (GIAMBIAGI; 
VILELLA, 2005, p. 70) 
Suas reformas foram: 
➢ Criação FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço); 
➢ Unificação do sistema de Previdência; 
➢ Criação dos impostos ISS, ICMS, IPI; 
➢ Pagamento dos tributos por meio da rede bancária; 
➢ Criação do Fundo de Participação de Estados e Municípios. 
 
26 
 
Neste período também ocorreu a reforma do sistema financeiro, baseada na 
legislação dos Estados Unidos, onde foram criados sistemas de instituições 
especializadas com sua devida atividade financeira. 
7.2 Costa e Silva e Médici 
A economia brasileira prosperou sob a liderança do governo de Arthur da Costa 
e Silva no período de 1967 a 1969, sendo conhecido como o "Milagre Econômico 
Brasileiro". Por problemas de saúde e após indicação de um colegiado o General 
Emílio Garrastazu Médici governa de 1969 a 1974. 
Costa e Silva começou seu mandato com a promessa de “humanizar” a 
revolução militar, garantindo que o governo ouviria as demandas da população. 
Porém, as leis, decretos e atos de Castello Branco reduziram a participação da 
população através de seus representantes eleitos no governo (SKIDMORE, 1988). 
Garrastazu Médici manteve a mesma orientação da política econômica de 
Costa e Silva; já no campo político, houve uma grande radicalização do regime, com 
diversas prisões, censuras, torturas e deportações. Esse clima foi favorável à política 
anti-inflacionária do governo, que controlava os preços e continha os salários reais 
(HERMANN, 2005). 
O governo Médici apresenta um menor número de protestos. Registravam-se 
marchas estudantis e greves, devido ao grande crescimento econômico de 10% ao 
ano, forte repressão e censura, tudo isso ainda estimulado pela vitória do Brasil na 
copa do mundo de futebol de 1970 (ANDRADE, 2013). 
Seu Governo foi caracterizado por uma descentralização administrativa, onde 
o ministro da fazenda, Delfim Netto, tinha grande autonomia para conduzir a 
política econômica; o ministro da Casa Civil, João leitão de Abreu, fazia a 
coordenação política; e o general Orlando Geisel coordenava as ações no 
campo da segurança (ANDRADE, 2014, p. 111). 
Segundo Skidmore, 1988, 
O novo governo transmitiu a mensagem de que o Brasil estava velozmente 
se transformando em potência mundial, graças aos seus 10 por cento anuais 
de crescimento econômico e à intensa vigilância do governo contra os 
negativistas e os terroristas. Muitos brasileiros concluíram que o aumento do 
poder nacional conjugado com rápido crescimento da economia era resultado 
do autoritarismo vigente (SKIDMORE, 1988, p. 221). 
 
27 
 
 
Dentre os pontos positivos, podemos destacar o crescimento acelerado do 
PIB (produto interno bruto), crescimento econômico e criação através do decreto-lei 
nº 200/67, a administração indireta, com autarquias, empresas públicas, empresas de 
economia mista e fundações. 
7.3 Geisel 
Ernesto Geisel, assume a presidência e governa no período de 1974 a 1979. 
Sobe o governo de Geisel em meio à crise do petróleo e crise econômica internacional, 
o governo não deixou de investir, período conhecido como “Crescimento Forçado”, 
trazendo benefícios a economia brasileira, mas com um alto custo dos desequilíbrios 
das contas públicas. “Geisel era conhecido por sua personalidade relativamente 
fechada. Seu estilo autocrático e de administrador tinha pouco do encanto e da 
cordialidade tão característicos do homem público brasileiro” (SKIDMORE, 1988, p. 
317). 
“No campo político, o novo Presidente tinha como seu grande objetivo a 
liberalização política do Brasil, através da chamada “distensão política”, que seria 
“lenta, gradual e segura” (ANDRADE, 2010, p. 137). Para tal, era necessário vencer a 
“Linha dura”, que sempre defendia o fechamento do regime (ANDRADE, 2010). 
Geisel, em seu governo, tinha os seguintes objetivos: manter apoio dos 
militares e, ao mesmo tempo, reduzir o poder da linha dura; controlar o restante dos 
subversivos, mesmo os poucos que foram os que resistiram à repressão de Costa e 
Silva e Médici; objetivava um retorno lento e gradual à democracia; e por último 
preocupava-se em manter as altas taxas de crescimento presentes nos governos 
anteriores, bem como conseguir executar uma melhor distribuição da grande renda 
gerada no “milagre econômico” (SKIDMORE, 1988). 
Para alcançar as metas no âmbito da economia, ocorreu o lançamento do II 
PND (Plano Nacional de Desenvolvimento). O II PND veio à luz em 1975, já no início 
do ano, em um quadro de contração da liquidez, muito maior do que o previsto no 
orçamento monetário. O Banco Central então acionou o mecanismo do 
“refinanciamento compensatório”, emprestando fundos a bancos comerciais, com 
 
28 
 
juros baixos. Desta maneira, evitava-se a que a expansão do crédito privado fosse 
obstada pela queda observada até então nos depósitos à vista (MACARINI, 2008). 
Nesse período ocorreu o II PND (Plano Nacional de Desenvolvimento), 
investindo na indústria e na fabricação de insumos, no setor energético ocorreram 
investimentos como, prospecção de petróleo em águas marítimas profundas, 
Programa Nuclear, Proálcool; e a construção de hidroelétricas, como Itaipu e Tucuruí. 
A dinâmica do crescimento acelerado teria então as inter-relações de demanda 
e oferta originadas nos grandes blocos de investimentos, planejados para as 
indústrias de bens intermediários e bens de capital, energia e transporte. Com isto, o 
emprego cresceria, lado a lado com uma política salarial modificada, assegurando o 
crescimento do consumo de massa (MACARINI, 2008). 
Em suma, os objetivos (e as expectativas) de mudança estrutural que 
motivaram o II PND foram, em geral, alcançados. No entanto, os custos 
macroeconômicos desse êxito não foram desprezíveis. Sem dúvida, parte 
das dificuldades que marcaram a economia brasileira na década de 1980 
pode ser atribuída à ousadia do II PND (HERMAN, 2005, p. 107). 
7.4 Figueiredo 
João Baptista de Oliveira Figueiredo, foi o quinto presidente do regime militar, 
assumindo de 1979 a 1984, O governo Figueiredo é marcado pela abertura política, 
por um lado, e pela crise na economia, por outro. Em 28 de agosto de 1979, o 
Presidente da República assinou a lei nº 6.683, que foi uma anistia para todas aspessoas que tinham na época seus direitos políticos durante o regime militar 
suspensos. 
Para Andrade (2010, p. 169): 
Com a anistia, voltaram à política brasileira líderes políticos punidos pelos 
governos revolucionários, entre os quais Leonel Brizola, Miguel Arraes, 
Márcio Moreira Alves, Francisco Julião, e até comunistas do PCB e PC do B, 
como Luís Carlos Prestes, na ilegalidade desde a década de 1940. 
“Geisel, ao assumir a presidência da república, já tinha seu candidato à sua 
sucessão. Era o general João Baptista de Oliveira Figueiredo, a quem nomeara Chefe 
do Serviço Nacional de Informações – SNI, no início de seu mandato” (ANDRADE, 
2010, p.158). No final de 1978 foi eleito João Figueiredo para a presidência da 
república, recebendo o país em um nível de distensão política alto, em um momento 
 
29 
 
em que o país, no governo anterior, experimentava um crescimento econômico em 
média de 7% ao ano, enquanto a inflação atingia em média 38% ao ano (ANDRADE, 
2010). 
O general-de-exército, João Baptista de Oliveira Figueiredo, tomou posse, 
como Presidente da República. Prometeu, neste mesmo dia, “fazer deste país uma 
democracia” e “garantir a cada trabalhador a remuneração justa”. Daria continuidade 
então à “distensão política” do governo anterior que, em 1978, liberalizava o regime, 
permitindo a volta de brasileiros exilados e extinguindo os atos institucionais 
(ANDRADE, 2010). 
Esta mudança política objetivava atingir a “normalização institucional”, ou seja, 
liberar o regime não para acabar com a ordem autoritária, mas sim para 
institucionalizá-la. Este projeto envolvia a construção gradual de um sistema de 
democracia participativa, mas com um poder executivo forte; fortalecer o governo com 
uma presença marcante dos militares caso fosse necessária uma intervenção; e 
consolidar uma elite civil simpatizante com os ideais da chamada pelos militares de 
revolução de 1964, que seria autoritária, mas institucionalizado (SALLUM JUNIOR, 
1994). 
Segundo Skidmore (1988, p. 410): 
 O novo ministério demonstrava mais continuidade do que mudança. O 
principal ministro era Mário Henrique Simonsen, anteriormente ministro da 
Fazenda e agora ministro do planejamento em um novo “superministério” de 
política econômica. Delfim Neto deixara seu posto de embaixador em Paris 
para ocupar o Ministério da Agricultura. 
A escolha pelo retorno de Delfim Neto é facilmente explicável. Durante o 
milagre econômico brasileiro (1967-1973), quem comandava a economia brasileira 
era o próprio Delfim. Este, que deixou o poder em 1973 com um grande crescimento 
econômico e baixa inflação, retornou 5 anos depois para um país com baixo 
crescimento econômico e alta inflação. Seu retorno animou o empresariado nacional, 
apesar de o próprio presidente Figueiredo desgostá-lo (GASPARI, 2016). 
O governo Figueiredo foi palco de vários incidentes que levaram ao 
esgotamento do sistema político e do modelo de desenvolvimento econômico imposto 
pelo governo militar, no âmbito econômico, quando a Revolução Iraniana explodiu, fez 
com que os preços do petróleo subissem de US $ 12 para cerca de US $ 40 o barril, 
e a situação se agravou com a queda repentina da produção de petróleo nos dois 
 
30 
 
países, grandes produtores (Estados Unidos e Irã), atingindo em cheio a economia 
brasileira. 
Em 1979, houve uma nova onda de dificuldades com a segunda crise do 
petróleo, com um novo aumento dos preços causado pela grande elevação das taxas 
de juros internacionais. A economia mundial, portanto, passava por uma fase difícil, 
interrompendo o grande período de prosperidade existente desde a segunda guerra 
mundial (CERQUEIRA, 1997). 
O processo de industrialização ocorrido nas últimas décadas na economia 
brasileira, promoveu sobremaneira o aumento do consumo petrolífero, como a 
produção doméstica não acompanhou o consumo, as importações de petróleo 
continuaram crescendo. O aumento das importações, aliado ao aumento dos preços 
do produto, levou a um aumento estratosférico do custo do petróleo bruto importado. 
E, nesta segunda crise, o país encontrou pela primeira vez a diminuição do 
financiamento externo, fato que não ocorrera na primeira crise do petróleo. As 
reservas cambiais brasileiras foram então utilizadas para cobrir esse déficit e, desde 
então as políticas macroeconômicas do governo Figueiredo passaram a ser ditadas 
pela disponibilidade de financiamento externo (ABREU, 1990). 
O Brasil, como grande importador de petróleo, sofreu com o grande aumento 
de preço de seu preço, pois dependia deste para grande parte de sua indústria e meios 
de transporte. A resposta do país foi investir volumosas quantias no setor de energias 
e transportes, buscando uma maior independência do petróleo. Porém, a falta de uma 
poupança interna suficientemente grande para financiar tais investimentos levou o 
país a captar uma poupança externa, beneficiado pelo grande volume de capital 
internacional disponível na época. É essa estratégia que culminou na grande crise da 
dívida externa brasileira (CERQUEIRA, 1997). 
De qualquer forma, conforme Fausto (2004, p. 501), 
O período Figueiredo combinou dois traços que muita gente considerava de 
convivência impossível: a ampliação da abertura e aprofundamento da crise 
econômica. Pensava-se que as dificuldades econômicas estimulariam 
conflitos e reivindicações sociais, levando a imposição de novos controles 
autoritários por parte do governo. O equívoco desse raciocínio estava em 
fazer da política uma simples decorrência da economia. Mas, como um todo, 
a abertura seguiu seu curso, em meio a um quadro econômico muito 
desfavorável. 
 
31 
 
O baixo crescimento do PIB e as altas taxas de inflação exacerbaram ainda 
mais a atmosfera de insatisfação com o regime militar. No segundo semestre de 1983, 
começou a ganhar corpo o maior movimento de massas da história do país, o 
movimento "Diretas". Esse movimento tinha como base uma emenda constitucional 
que estava sendo discutida no Congresso por iniciativa do deputado, Dante de 
Oliveira. 
8 TANCREDO NEVES E O GOVERNO SARNEY 
 Fonte: pixabay.com 
Em abril de 1984, a Câmara dos Deputados rejeitou a proposta de emenda 
constitucional que autorizava a eleição direta do Presidente da República. Nesse 
sentido Tancredo foi eleito presidente da República indiretamente em 15 de janeiro de 
1985, e José Sarney, o representante da frente liberal, atuou como vice-presidente. 
Porém, às vésperas da posse do presidente, adoeceu e foi levado ao Hospital de Base 
de Brasília, onde fez sua primeira cirurgia. 
Diante dessa situação, José Sarney assumiu a presidência no dia 15 de março, 
porém, devido a complicações cirúrgicas, a saúde de Tancredo piorou, ele faleceu em 
São Paulo no dia 21 de abril aos 75 anos. 
Diante da taxa de inflação (chegando a 15% ao mês), em fevereiro de 1986, 
José Sarney lança o Plano Cruzado (programa heterodoxo de congelamento de 
preços e salários e troca de moeda), havendo sucesso em seu início devido a 
 
32 
 
demanda de consumo da população e o congelamento dos preços, impulsionando 
assim a economia brasileira. 
 De acordo com Gremaud, Vasconcellos e Toneto Júnior (1996), as principais 
medidas do Plano foram: 
a) Na política salarial, o Plano propunha uma conversão salarial pelo poder 
de compra dos últimos seis meses, adicionado de um abono de 8%. No 
caso do salário mínimo um abono de 16%. A ideia era transferir renda 
aos assalariados. Introduziu-se o se convencionou chamar de 
“gatilho salarial”, uma escala móvel que seria acionada sempre que a 
inflação atingisse a marca dos 20% a.m.; 
b) Os preços foram congelados em 28 de fevereiro de 1986 (exceção foi a 
energia elétrica que obteve um reajuste de 20%). As tarifas públicas, 
assim como outros setores, acabaram sendo pegos de surpresa devido 
à falta de uma compensação ou prazo para descompressão. O governo 
deslocou para 28 de fevereiro adata base do índice de preços para 
tentar evitar inercia inflacionária, ou seja, que o componente da inflação 
passada influenciasse a inflação futura. Houve também a alteração na 
apuração da taxa de inflação em cruzados pelo IPC (Índice de Preços 
ao Consumidor) calculado pelo IBGE. Vale destacar que o índice 
elevado de inflação gera uma dispersão dos preços relativos, visto que 
a cada instante de tempo pode existir produtos com preços acima ou 
defasados de acordo com o prazo de reajuste; 
 
c) Os preços médios dos alugueis foram reajustados através de fatores 
multiplicativos com base na relação média-pico; 
 
d) No que se refere aos ativos financeiros, criou-se algumas regras. 
Primeiro, deu-se a substituição das ORTNs (Obrigação Reajustável do 
Tesouro Nacional) pelas OTNs (Obrigação do Tesouro Nacional) que 
ficariam com os valores congelados por doze meses. No caso dos 
contratos pós-fixados, os juros que estivesse acima da correção 
monetária seriam transformados em juros nominais com a expressa 
proibição de indexação para contratos com prazos inferiores a doze 
 
33 
 
meses. As cadernetas de poupança teriam correção monetária, mas 
com reajustes trimestrais (IPC). Contratos pré-fixados deveriam ser 
reajustados de acordo com uma tabela de conversão com 
desvalorização diária de 0,45%( média diária e inflação entre dezembro 
de 1985 a fevereiro de 1986). Essa tabela ficou conhecida como Tablita. 
A ideia com adoção desta tabela era evitar a distribuição de renda para 
os credores e retirar a inflação embutida; 
 
e) Não houve um estabelecimento de metas da política monetária e fiscal, 
que ficariam dependentes das decisões dos responsáveis por sua 
condução. A taxa de juros iria variar de acordo com o grau de liquidez 
da economia e a oferta monetária deveria ser compatível com o nível de 
demanda; 
 
f) A taxa de câmbio foi fixada em 27 de fevereiro no nível deste dia. 
Descartou-se a priori uma maxidesvalorização devido à boa situação 
cambial com a desvalorização do dólar. 
Outro ponto que vale a pena analisar é como o plano pretende tratar a 
Comissão Interministerial de Preços (CIP) e a forma de tabelamento de preço. Este 
enfoque é dado por Lemos (2012, p.24), 
Vale lembrar que na época havia a Comissão Interministerial de Preços (CIP), 
criada ainda durante os governos militares e que não foi revogada. A CIP se 
reunia sistematicamente para tabelar preços de itens controlados pelo 
Governo, sobretudo aqueles que tinham ponderação relevante na 
composição do Índice Geral de Preços (IGP) da Fundação Getúlio Vargas, 
que era o termômetro oficial de aferição da inflação brasileira naquele 
período. Muitos desses itens haviam sido reajustados (ou “cipados” como se 
dizia na época) nas vésperas do congelamento e, portanto, tiveram os preços 
congelados no pico. Outros itens estavam para ser “cipados” e não foram, 
devido ao congelamento que houvera sido estabelecido e, por isso, foram 
pegos na cava (baixa) no dia do lançamento do Plano Cruzado. Obvio que 
isso iria provocar descontentamento, como de fato aconteceu. 
Devido a alguns fatores o plano cruzado perdeu força, sendo substituído. 
Tais fatores que levaram a essa substituição foram: 
a) Picos de demanda, não acompanhados de crescimento da oferta 
correspondente; 
 
34 
 
b) Dificuldades para expandir a produção, a situação normal em curto 
prazo; 
c) Baixa oferta de importação é devido ao implemento de políticas de 
substituição de importações por muitos anos feitas no Brasil; 
d) Resistência dos produtores ao congelamento de preços, minando a 
estabilidade do suprimento de alimentos e bens de consumo básicos, o 
que levou à escassez de produtos e ao acúmulo benefícios econômicos 
futuros decorrentes de ativos no comércio. 
Segundo Pastore (1987), as causas da inflação já no período de aplicação do 
plano não eram puramente inerciais, mas havia uma tendência ascendente de 
crescimento da demanda, pressionando custos e se propagando via indexação. 
Simonsen (1987) afirma que o déficit público não fora eliminado em 1986, no 
período de vigência do plano, logo, a política fiscal do governo não possuía a 
austeridade necessária no período do choque, ou seja, a ideia de que o choque 
heterodoxo foi precedido de um ajuste ortodoxo é surreal, e além dessa teoria 
formulada pelo autor, é sabido também que para a manutenção do congelamento, o 
governo aumentou gastos públicos nas formas de subsídios e cortou impostos 
indiretos, características claras de uma política fiscal amena. 
Conforme Lopes (1986) o governo propôs também que os valores dos salários 
e preços a serem congelados deveriam ser fixados no equilíbrio, ou seja, os valores 
das médias dos mesmos dos 6 a 12 meses anteriores. O congelamento teria um prazo 
indeterminado, porém limitado, onde após concluída a fase de extinção da memória 
inflacionária, seria gradualmente adotado um processo de liberalização dos preços, 
até a liberalização total onde seriam corrigidas as distorções causadas pelo 
congelamento. 
Antes da eleição, a taxa de inflação oficial era baixa porque não conseguia 
capturar os efeitos do ágio, da escassez e do lançamento de novos produtos. Apesar 
dos problemas estruturais da economia, o PMDB obteve ampla vitória nas eleições de 
novembro de 1986. Logo em seguida era anunciado o plano cruzado II que segundo 
Gremaud, Vasconcellos e Toneto Júnior (1996, p.222), era composto das seguintes 
características e trouxe as seguintes consequências, 
Em 21/11, alguns dias após as eleições que deram ampla vitória ao partido 
do governo, lançou-se o Cruzado II que visava controlar o déficit público 
 
35 
 
através do aumento de receita em 4% do PIB, com base no aumento de 
tarifas e do imposto indiretos. Apesar se significar um choque inflacionário, o 
governo queria expurgar esses aumentos do índice. Devido a pressões de 
vários setores, ocorreu a incorporação dos aumentos de impostos e tarifas, 
mas com diferentes ponderações. Institui-se que o gatilho ficaria limitado a 
20% e o excedente iria para o gatilho seguinte. Em janeiro de 1987, a inflação 
atinge 16,8% a.m. e dispara o gatilho. Em fevereiro romperam-se os controles 
de preços, corrigiu-se o valor da OTN e a indexação voltou pior que antes, 
pois agora os salários passariam a ter reajustes praticamente mensais. 
Devido aos fatores citados acima o plano cruzado foi substituído pelo plano 
cruzado II, que também seguiu a mesma linha de seu antecessor, vindo a perder força 
e levando consigo a credibilidade do então governo, causando assim aumento de 
juros, reajuste de tarifas e redução de gastos públicos, e congelamento de preços e 
salários, como foco final o governo implanta o Bresser e o plano verão. 
Segundo Gremaud, Vasconcellos e Toneto Júnior (1996), no plano Bresser 
foram adotadas as seguintes medidas: 
a) Aluguéis congelados no nível de junho de 87 sem nenhuma 
compensação; 
b) Desvalorização cambial de 9,25% em 12/06/87 e não congelamento da 
taxa de câmbio, mantendo a política de minidesvalorizações, mas com 
um ritmo menor; 
c) Congelamento de preços por três meses, mas alguns preços, entre eles 
os preços públicos, foram aumentados antes da implementação do 
plano; 
d) Nova mudança da data base do IPC – Índice de Preços ao Consumidor 
– para 15/06/87. De modo a evitar uma elevação na inflação de julho, os 
aumentos foram incorporados à inflação de junho; 
e) Congelamento de salário por três meses, no nível de 12/06/87. O resíduo 
inflacionário seria pago em seis parcelas a partir de setembro do mesmo 
ano; 
f) Criação da URP (Unidade de Referência de Preços) que corrigiria os 
salários dos três meses seguintes. Essa correção seria a partir de uma 
taxa prefixada com base na média geométrica da inflação dos três 
meses anteriores, começando em setembro de 87; 
 
 
36 
 
g) Para os contratos financeiros prefixados, introduziu-se uma Tablita com 
desvalorização

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