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“PRESTEM ATENÇÃO NO QUE EU ESTOU FALANDO...” Prof.ª Tatiana Paula da Cruz TUTELA JURISDICIONAL EXECUTIVA 2014 – 2º SEMESTRE UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA MARCUS FELIPE S. CASTRO T u t e l a J u r i s d i c i o n a l E x e c u t i v a | 1 - SUMÁRIO - UNIDADE I – ASPECTOS GERAIS DA EXECUÇÃO ........................................................................................... 5 CAPÍTULO I - DIREITOS OBJETOS DA TUTELA EXECUTIVA ........................................................................ 5 CAPÍTULO II - EXECUÇÃO, PROCESSO DE EXECUÇÃO E PROCESSO AUTÔNOMO DE EXECUÇÃO............. 6 CAPÍTULO III - CLASSIFICAÇÃO DA EXECUÇÃO ......................................................................................... 8 CAPÍTULO IV - EXECUÇÃO E COGNIÇÃO ................................................................................................... 9 TÓPICO I - Cognição na execução (Juízo de admissibilidade e de mérito)........................................... 9 TÓPICO II - Coisa julgada: art. 794, CPC ............................................................................................. 10 CAPÍTULO V - PRINCÍPIOS DA EXECUÇÃO .............................................................................................. 10 TÓPICO I - Princípio da efetividade: ................................................................................................... 10 TÓPICO II - Princípio da tipicidade ..................................................................................................... 11 TÓPICO III - Principio da boa-fé processual (Art. 14, II do CPC) ......................................................... 11 TÓPICO IV - Princípio da responsabilidade patrimonial (Art. 591 do CPC) ........................................ 11 TÓPICO V - Princípio da primazia da tutela específica (Art. 461, §1º e 461-A do CPC) ..................... 11 TÓPICO VI - Princípio do contraditório .............................................................................................. 12 TÓPICO VII - Princípio da menor onerosidade da execução .............................................................. 12 TÓPICO IX - Princípio da proporcionalidade ...................................................................................... 13 TÓPICO X - Princípio da adequação ................................................................................................... 13 CAPÍTULO VI - REGRAS ESTRUTURAIS DO PROCESSO DE EXECUÇÃO .................................................... 13 UNIDADE II – REQUISITOS DA EXECUÇÃO .................................................................................................. 14 CAPÍTULO I - REQUISITOS GERAIS DA DEMANDA .................................................................................. 14 TÓPICO I - Início da demanda executiva – Art. 461, §5º do CPC ....................................................... 14 TÓPICO II - Elementos da demanda executiva................................................................................... 15 TÓPICO III - Cumulação de demandas executivas (art. 573) .............................................................. 15 TÓPICO IV - Requisitos gerais sobre pressupostos processuais e condições da ação ....................... 16 CAPÍTULO II - REQUISITOS ESPECÍFICOS DE UMA EXECUÇÃO ................................................................ 17 TÓPICO I - Título Executivo ................................................................................................................ 17 TÓPICO II - Inadimplemento .............................................................................................................. 17 UNIDADE III – LIQUIDAÇÃO DE SENTENÇA ................................................................................................. 19 CAPÍTULO I - CONCEITO DE LIQUIDAÇÃO DE SENTENÇA ....................................................................... 19 CAPÍTULO II - FORMAS DE PROCEDIMENTO DE LIQUIDAÇÃO (LEI 11.232/05) ...................................... 19 CAPÍTULO III - O QUE PODE SER DISCUTIDO NA LIQUIDAÇÃO? ............................................................. 21 CAPÍTULO IV - ESPÉCIES DE LIQUIDAÇÃO............................................................................................... 21 TÓPICO I - Liquidação por artigos ...................................................................................................... 21 TÓPICO II - Liquidação por arbitramento ........................................................................................... 22 TÓPICO III - Liquidação por cálculo .................................................................................................... 23 T u t e l a J u r i s d i c i o n a l E x e c u t i v a | 2 CAPÍTULO V - RESULTADO ZERO? .......................................................................................................... 24 UNIDADE IV – PARTES E TERCEIROS NA EXECUÇÃO ................................................................................... 25 CAPÍTULO I - LEGITIMIDADE ATIVA ........................................................................................................ 25 CAPÍTULO II - LEGITIMIDADE PASSIVA ................................................................................................... 25 CAPÍTULO III - LITISCONSÓRCIO NA EXECUÇÃO ..................................................................................... 26 TÓPICO I - Litisconsórcio facultativo x necessário ............................................................................. 26 TÓPICO II - Litisconsórcio simples x unitário ...................................................................................... 26 CAPÍTULO IV - INTERVENÇÃO DE TERCEIROS NA EXECUÇÃO ................................................................ 26 UNIDADE V – RESPONSABILIDADE PATRIMONIAL...................................................................................... 27 CAPÍTULO I - RESPONSABILIDADE PRIMÁRIA ......................................................................................... 27 CAPÍTULO II - FRAUDE À EXECUÇÃO E PROTEÇÃO A BOA-FÉ NA FRAUDE A EXECUÇÃO ....................... 28 TÓPICO I - Fraude contra credores .................................................................................................... 28 TÓPICO II - Fraude à execução ........................................................................................................... 29 CAPÍTULO III - RESPONSABILIDADE SECUNDÁRIA .................................................................................. 30 TÓPICO I - A responsabilidade do fiador (Art. 595, CPC) .................................................................. 32 TÓPICO II - A responsabilidade do espólio e dos terceiros (Art. 597) ................................................ 33 TÓPICO III - O direito de retenção (Art. 594) ..................................................................................... 33 TÓPICO IV - Responsabilidade do incapaz (Art. 928 e 932, cc e Art. 180, CC). .................................. 33 UNIDADE VI – TÍTULO EXECUTIVO .............................................................................................................. 34 CAPÍTULO I – CONSIDERAÇÕES INICIAIS ................................................................................................ 34 CAPÍTULO II – TÍTULOS EXECUTIVOS JUDICIAIS (ART. 475-N) ................................................................ 34 CAPÍTULO III – TÍTULOS EXECUTIVOS EXTRAJUDICIAIS (ART. 585) ........................................................ 36 UNIDADE VII – COMPETÊNCIA NA EXECUÇÃO ...........................................................................................37 CAPÍTULO I – TÍTULOS EXECUTIVOS JUDICIAIS ...................................................................................... 38 CAPÍTULO II – TÍTULOS EXECUTIVOS EXTRAJUDICIAIS ........................................................................... 39 CAPÍTULO III – ALEGAÇÃO DE INCOMPETÊNCIA .................................................................................... 40 UNIDADE VIII – DEFESA DO EXECUTADO .................................................................................................... 40 CAPÍTULO I – IMPUGNAÇÃO AO CUMPRIMENTO DE SENTENÇA (ART. 475-J, §1º) ............................... 41 TÓPICO I – Cognição na impugnação ................................................................................................. 41 TÓPICO II – Prazo e preclusão temporal ............................................................................................ 41 TÓPICO III – Conteúdo da impugnação (Art. 475-L, CPC) .................................................................. 42 TÓPICO IV – Desistência da execução e consentimento do executado (Art. 569, CPC) .................... 43 TÓPICO V – Efeitos da impugnação ao cumprimento de sentença ................................................... 43 TÓPICO VI – Réplica à impugnação ao cumprimento de sentença ................................................... 44 TÓPICO VII – Julgamento da impugnação.......................................................................................... 44 TÓPICO VIII – O direito de parcelamento .......................................................................................... 44 CAPÍTULO II - EXCEÇÃO DE PRÉ-EXECUTIVIDADE ................................................................................... 45 T u t e l a J u r i s d i c i o n a l E x e c u t i v a | 3 CAPÍTULO III - AÇÕES AUTÔNOMAS DE IMPUGNAÇÃO (DEFESAS HETEROTÓPICAS) ............................ 45 UNIDADE IX - EXECUÇÃO PROVISÓRIA ....................................................................................................... 45 UNIDADE X – EXECUÇÃO DAS OBRIGAÇÕES DE FAZER, NÃO FAZER .......................................................... 47 CAPÍTULO I - PROCEDIMENTO ............................................................................................................... 47 CAPÍTULO II - A MULTA COERCITIVA ...................................................................................................... 48 UNIDADE XI - EXECUÇÃO DAS OBRIGAÇÕES DE ENTREGA DE COISA ......................................................... 49 CAPÍTULO I - EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO ART. 461-A, DO CPC ............................................................... 49 CAPÍTULO II - FORMA DE EFETIVAÇÃO E APLICAÇÃO DOS MECANISMOS ............................................. 51 CAPÍTULO III - INCIDENTE DE INDIVIDUALIZAÇÃO DA COISA A SER ENTREGUE .................................... 52 CAPÍTULO IV - A CONVERSÃO DO DEVER DE ENTREGAR COISA EM PERDAS E DANOS ......................... 52 CAPÍTULO V - DEFESA DO EXECUTADO .................................................................................................. 54 UNIDADE XII – EXECUÇÃO DAS OBRIGAÇÕES DE EMITIR DECLARAÇÃO DE VONTADE .............................. 54 UNIDADE XIII – EXECUÇÃO DAS OBRIGAÇÕES DE PAGAR QUANTIA .......................................................... 55 CAPÍTULO I – FASE INICIAL (ART. 475-J, CPC) ......................................................................................... 55 CAPÍTULO II – FASE DE EXECUÇÃO PROPRIAMENTE DITA ..................................................................... 56 UNIDADE XIV - PENHORA ........................................................................................................................... 57 CAPÍTULO I - FUNÇÃO DA PENHORA ...................................................................................................... 57 CAPÍTULO II - NATUREZA JURÍDICA DA PENHORA ................................................................................. 58 CAPÍTULO III - EFEITOS DA PENHORA..................................................................................................... 58 CAPÍTULO IV - OBJETO DA PENHORA ..................................................................................................... 59 CAPÍTULO V - BENS IMPENHORÁVEIS .................................................................................................... 59 TÓPICO I – Impenhorabilidade absoluta e relativa ............................................................................ 59 TÓPICO II - Hipóteses de impenhorabilidade (Art. 649 do CPC) ........................................................ 59 CAPÍTULO VI - LIMITES DA PENHORA (ART. 659, §2º) ........................................................................... 63 CAPÍTULO VII - ESCOLHA DO BEM A PENHORA ..................................................................................... 63 CAPÍTULO VIII - LUGAR E TEMPO DA PENHORA .................................................................................... 64 CAPÍTULO IX - EFETIVAÇÃO DA PENHORA ............................................................................................. 65 CAPÍTULO X - PENHORA DE IMÓVEL (ART. 659) .................................................................................... 65 CAPÍTULO XI - INCIDENTES DA PENHORA (ART. 685) ............................................................................. 65 CAPÍTULO XII – PENHORA ONLINE (ART. 655-A) .................................................................................... 66 UNIDADE XV – ADJUDICAÇÃO, ALIENAÇÃO E ARREMATAÇÃO .................................................................. 66 CAPÍTULO I – ADJUDICAÇÃO .................................................................................................................. 66 TÓPICO I - Considerações (Art. 685-A do CPC) .................................................................................. 66 TÓPICO II - Legitimidade .................................................................................................................... 67 TÓPICO III - A “quase” extinta remição.............................................................................................. 67 CAPÍTULO II – ALIENAÇÃO POR INICIATIVA PARTICULAR ...................................................................... 67 CAPÍTULO III – ARREMATAÇÃO .............................................................................................................. 68 T u t e l a J u r i s d i c i o n a l E x e c u t i v a | 4 TÓPICO I - Conceito............................................................................................................................ 68 TÓPICO II - O Edital (Arts. 686 e 687) ................................................................................................. 68 TÓPICO III - Preço vil (Art. 692, CPC) .................................................................................................. 69 TÓPICO IV - Legitimidade (Art. 690-A, CPC e Art. 497, CC) ................................................................ 69 TÓPICO V - Pagamento ...................................................................................................................... 69 TÓPICO VI - Imóvel (Praça) ................................................................................................................ 69 TÓPICO VII - Móveis (Leilão) .............................................................................................................. 70 TÓPICO VIII - Auto de arrematação (Art. 693, CPC) ........................................................................... 70 TÓPICO IX - Desfazimento..................................................................................................................70 CAPÍTULO IV - USUFRUTO JUDICIAL DE MÓVEL E IMÓVEL .................................................................... 70 UNIDADE XVI – EXECUÇÃO FUNDADA EM TÍTULO EXTRAJUDICIAL ............................................... 71 CAPÍTULO I – EXECUÇÃO DAS OBRIGAÇÕES DE FAZER E NÃO FAZER FUNDADA EM TÍTULO EXTRAJUDICIAL ....................................................................................................................................... 71 CAPÍTULO II – EXECUÇÃO DAS OBRIGAÇÕES DE ENTREGA .................................................................... 73 UNIDADE XVII – EXECUÇÃO POR QUANTIA BASEADA EM TÍTULO EXTRAJUDICIAL ................................... 74 UNIDADE XVIII – EXECUÇÃO DE ALIMENTOS ............................................................................................. 76 CAPÍTULO I – CONSIDERAÇÕES INICIAIS ................................................................................................ 76 CAPÍTULO II – TÍTULO EXECUTIVO ......................................................................................................... 77 CAPÍTULO III – MEDIDAS COERCITIVAS .................................................................................................. 77 CAPÍTULO IV - PROCEDIMENTO ............................................................................................................. 77 UNIDADE XIX – EXECUÇÃO CONTRA A FAZENDA ....................................................................................... 79 CAPÍTULO I – ASPECTOS INTRODUTÓRIOS ............................................................................................. 79 CAPÍTULO II – EMBARGOS ...................................................................................................................... 79 CAPÍTULO III – PROCEDIMENTO ............................................................................................................. 80 CAPÍTULO IV – SEQUESTRO .................................................................................................................... 81 CAPÍTULO V – DISPENSA DOS PRECATÓRIOS ......................................................................................... 82 CAPÍTULO VI – PARCELAMENTO ............................................................................................................ 82 CAPÍTULO VII – EXECUÇÃO PROVISÓRIA ................................................................................................ 82 CAPÍTULO VIII – HONORÁRIOS (Art. 1º da Lei 9.494/97 e 20, §4º do CPC)............................................ 82 T u t e l a J u r i s d i c i o n a l E x e c u t i v a | 5 UNIDADE I – ASPECTOS GERAIS DA EXECUÇÃO CAPÍTULO I - DIREITOS OBJETOS DA TUTELA EXECUTIVA Quais direitos são tutelados no processo executivo? - Direitos potestativos x direitos a uma prestação Direitos a uma prestação: São direitos que envolvem uma conduta da outra parte que pode consistir em um fazer, não fazer e dar (dinheiro ou coisa distinta de dinheiro). Sempre envolve dois sujeitos: o que cobra e o que deve. O direito, para ser cumprido, depende da conduta de uma pessoa que deve satisfazer a prestação. Da insatisfação de uma prestação dá-se o nome de INADIMPLEMENTO, que é próprio dos direitos a uma prestação. Diante do inadimplemento, deve-se provocar o judiciário para o cumprimento é nesse momento, na ação do Estado para a prestação, que temos a tutela jurisdicional executiva. De acordo com o art. 580 do CPC, a execução depende do inadimplemento. Direitos potestativos: não dependem da conduta voluntária da outra parte. Eles criam o ESTADO DE SUJEIÇÃO e seu titular é capaz de sujeitar a outra parte a cumpri-la. Uma vez descumprido o direito potestativo, o Estado age substituindo a vontade daquele que não sujeitou e garante sua imediata efetivação. A sentença constitutiva garante o direito potestativo (Ex. divórcio, anulação do negócio jurídico inválido – art. 104, CC). OS DIREITOS A UMA PRESTÃÇÃO SÃO O OBJETO DA TUTELA EXECUTIVA E NÃO OS DIREITOS POTESTATIVOS - Obs.: prescrição e decadência (Art. 617, CPC e súmula 150 do STF) O instituto da prescrição está relacionado aos direitos a uma prestação, pois uma vez descumprida a prestação surge a possibilidade de exigi-la em juízo e este direito de exigir por meio do judiciário é fulminado pela decorrência do prazo prescricional. O instituto da decadência, por sua vez, está ligado aos direitos potestativos, isto porque o estado de sujeição criado por eles não pode durar indefinidamente e se este direito potestativo não é exercido no prazo, o próprio direito é fulminado pela decadência. T u t e l a J u r i s d i c i o n a l E x e c u t i v a | 6 Todo prazo relacionado a um DIREITO POTESTATIVO É UM PRAZO DECADENCIAL, se relacionado a um DIREITO DE PRESTAÇÃO É PRAZO PRESCRICIONAL. Obs.: o prazo decadencial para a propositura de mandado de segurança é de 120 dias. Passado este prazo, o titular do direito líquido e certo que fundamenta o MS perde o direito potestativo de se valer do procedimento célere e simples do MS e passa a necessitar de uma ação ordinária para tutelar seu direito. Conclui-se assim, a partir da análise do Art. 617, CPC e da Súmula 150 do STF que, por ser relacionada ao instituto da prescrição, de fato a execução tem como objeto os direitos a uma prestação. CAPÍTULO II - EXECUÇÃO, PROCESSO DE EXECUÇÃO E PROCESSO AUTÔNOMO DE EXECUÇÃO CONCEITO DE EXECUÇÃO: É UM CONJUNTO DE MEIOS QUE GARANTE A SATISFAÇÃO DE UMA PRESTAÇÃO DESCUMPRIDA. - Execução de sentença: evolução Toda execução pressupõe a existência de um título que pode ser judicial ou extrajudicial. A sentença é executada de duas formas: PROCESSO AUTÔNOMO DE EXECUÇÃO OU FASE DE CUMPRIMENTO DE SENTENÇA. Originalmente, no CPC de 73, toda a sentença dependia de processo autônomo para a sua execução, esta que era feita pelo mesmo Juiz que proferiu a sentença. Com a generalização da tutela antecipada no Art. 273 do CPC em 1994, o legislador previu também institutos para garantir a efetivação desta tutela no processo de conhecimento (Ex.: multa, busca e apreensão, etc.). Com isso, trouxe medidas executivas para dentro do processo de conhecimento, iniciando a ruptura com o processo autônomo de execução. Em 2002 houve a criação da fase de cumprimento de sentença para obrigações de fazer e não fazer e em 2005 ela foi estendida as obrigações de dar, concretizando o PROCESSO SINCRÉTICO que reúne, no mesmo processo, conhecimento e execução. T u t e l a J u r i s d i c i o n a l E x e c u t i v a | 7 ATENÇÃO: apenas em três casos ainda há necessidade de processo autônomo de execução (Art. 475-N, parágrafo único do CPC): sentença penal condenatória, sentença arbitral e sentença estrangeira homologada pelo STJ, quando estas forem executadas no juízo cível. - Execução conforme o título executivo Judicial: fase de cumprimento de sentença. Extrajudicial: processo autônomo. - Conclusão Premissa: toda execução depende de procedimento em contraditório. Se este procedimento já está em curso, não há necessidade de um processo novo. (1) Por esta razão, via de regra, toda sentença (título judicial) é executada no mesmo processo através da chamada fase de cumprimento de sentença. As três exceções já citadas acima são as únicas em que se exige processo autônomo. (2) Na execução de título extrajudicial (Ex.: contrato assinado por duas testemunhas), como ainda não há qualquer procedimento judicial, a execução sempre depende de processo autônomo. T u t e l a J u r i s d i c i o na l E x e c u t i v a | 8 CAPÍTULO III - CLASSIFICAÇÃO DA EXECUÇÃO a) Execução fundada em título judicial e extrajudicial Originalmente, não havia diferenciação entre as execuções fundadas em títulos judiciais e extrajudiciais. Em ambas havia a necessidade de um processo autônomo de execução em que, uma vez proposto, havia a citação do executado para o pagamento, sob pena de penhora, em 24 horas. Com a penhora, o executado era intimado para oferecer uma defesa chamada embargos à execução. Com a criação da fase de cumprimento de sentença para os títulos judiciais, o rito de execução foi totalmente alterado, havendo inclusive modalidades de defesa diferentes para cada título. Independentemente do tipo de obrigação que fundamenta a fase de cumprimento de sentença, a defesa do réu executado é sempre a impugnação ao cumprimento de sentença (Art. 475-L, CPC). b) Execução direta e indireta (MEIOS COERCITIVOS) Essa classificação leva em consideração quais são os meios coercitivos utilizados na execução. Diretos – são aqueles em que o Juiz substitui a própria vontade do devedor que não cumpriu a prestação. Ex.: busca e apreensão. T u t e l a J u r i s d i c i o n a l E x e c u t i v a | 9 Indiretos – o Estado se vale de meios indiretos para estimular o devedor a cumprir voluntariamente a prestação. Ex.: multa OBS.: A partir do momento em que o Juiz determina medidas de coerção diretas há decisão executiva latu sensu. Se, porém, determina medidas indiretas, então será mandamental. c) Execução definitiva e provisória (MAIS IMPORTANTE) A execução dos títulos extrajudiciais é sempre definitiva e assim também de títulos judiciais que já foram objetos de coisa julgada material. Na execução definitiva há a entrega da prestação e não se exige qualquer conduta do exequente. Os títulos judiciais podem ser também objeto de execução provisória quando o titulo judicial foi objeto de recurso com efeito suspensivo. Neste caso também é possível chegar à entrega da prestação, esta não é mais a diferença entre a execução definitiva e a execução provisória. A grande diferença é que se exigem condutas do exequente previstas no art. 475-O do CPC, como a prestação de caução. d) Execução comum e especial (RITO) A execução comum segue o Código de Processo Civil (fazer, não fazer, dar ou pagar quantia). A execução especial segue um rito específico previsto em lei específica (principais: execução de alimentos e execução fiscal). Requisito principal para a cumulação de pedidos: compatibilidade de procedimento. Sendo assim, não é possível cumular execução de rito comum e especial. CAPÍTULO IV - EXECUÇÃO E COGNIÇÃO TÓPICO I - Cognição na execução (Juízo de admissibilidade e de mérito) T u t e l a J u r i s d i c i o n a l E x e c u t i v a | 10 A cognição do juiz no processo é exercida sobre questões que podem ser de admissibilidade ou de mérito. Exercendo sobre elas um juízo de admissibilidade (condições da ação e pressupostos processuais) ou de mérito (quaisquer questões ligadas ao pedido). EXISTE COGNIÇÃO NO PROCESSO DE EXECUÇÃO, mesmo se for rarefeita, sendo exercido juízo de admissibilidade e de mérito (Ex.: prescrição do crédito; pagamento; compensação; incidente de desconsideração da pessoa jurídica). TÓPICO II - Coisa julgada: art. 794, CPC Existe coisa julgada na execução? Para isso é necessário saber como a execução é extinta: - Art. 794, I do CPC (extinção normal) – o devedor satisfaz a obrigação. Se dá com a determinação do cumprimento da obrigação, que é o pedido principal da execução. Sendo assim, a coisa julgada formada seria material. - Art. 794, II e III e 267 do CPC (extinção anormal): remissão da dívida e renúncia são questões de mérito, fazendo coisa julgada material. Todavia, toda a execução pode ser extinta sem resolução do mérito em uma das hipóteses do artigo 267 do Código de Processo Civil. Obs.: ao fim do processo de conhecimento, a pretensão é satisfeita na sentença e caberá ao vencedor executá-lo. No processo de execução a satisfação se dá no momento em que o exequente alcança a prestação. Ex.: o Juiz determina a busca e apreensão do bem e este é entregue ao exequente. Neste momento, a obrigação foi satisfeita e a sentença posteriormente virá apenas declarar a extinção normal da execução. CAPÍTULO V - PRINCÍPIOS DA EXECUÇÃO TÓPICO I - Princípio da efetividade: Não basta apenas garantir o direito em sentença, mas este deve ser efetivado pelo Juiz através da execução. O Juiz, muitas vezes, precisa efetivar o provimento através dos meios coercitivos. T u t e l a J u r i s d i c i o n a l E x e c u t i v a | 11 TÓPICO II - Princípio da tipicidade Em razão da impossibilidade prática de prever abstratamente todas as situações em medidas coercitivas possíveis, o princípio da tipicidade dá espaço à concentração dos poderes de execução do Juiz gerando o poder geral de efetivação, que permite ao magistrado a adoção de medidas coercitivas possíveis, como, por exemplo, as do Art. 461 do CPC. (Art. 461, §§ 3º e 5º) O Art. 461 prevê o poder geral de efetivação nas obrigações de fazer e não fazer e o Art. 461-A as de entregar coisa. Não há previsão especifica nesse sentido para as obrigações de pagar quantia certa. Contudo, a doutrina majoritária defende a aplicação para essas obrigações por questões de isonomia e para garantir a efetividade. Obs.: prisão civil como medida atípica A CF inviabiliza a prisão civil por DÍVIDA, salvo nos casos de devedor de alimentos e depositário infiel, esta última possibilidade que foi excluída pelo RE 466.343-1. A CF quis se referir apenas a prestações pecuniárias ou a quaisquer prestações? Duas correntes: (1) Tese restritiva da prisão civil: não é possível em quaisquer prestações. Porém, ela só é defendida por Arenhart. (2) É possível prisão civil em prestações não pecuniárias e ela seria, nesse caso, uma medida atípica. Ainda sim, a doutrina majoritária defende que a medida é excepcional, apenas se nenhuma outra for possível TÓPICO III - Principio da boa-fé processual (Art. 14, II do CPC) Aplica-se a execução o artigo 14, II do CPC para evitar a deslealdade processual como, por exemplo, a fraude à execução. TÓPICO IV - Princípio da responsabilidade patrimonial (Art. 591 do CPC) Prevê que o devedor responde com o seu patrimônio para o cumprimento das obrigações, isso de seu pela humanização das execuções. Esse princípio rege as obrigações de pagar quantia certa. As obrigações de dar, fazer e não-fazer são regidas pela tutela específica (e não a tutela patrimonial). TÓPICO V - Princípio da primazia da tutela específica (Art. 461, §1º e 461-A do CPC) T u t e l a J u r i s d i c i o n a l E x e c u t i v a | 12 Existe uma primazia no processo de execução da tutela específica das obrigações, que garante ao exequente o cumprimento da prestação tal como seria se houvesse o cumprimento voluntário. Art. 685 -A, CPC - segundo Barbosa Moreira, nas obrigações de fazer e não-fazer a tutela específica é mais difícil por interferir na liberdade pessoal do executado, mas ainda nesses casos ela é necessária, avaliando-se se o caso é de uma obrigação fungível e pode ser satisfeita por outra pessoa às custas do devedor. A conversão em perdas e danos é sempre excepcional na execução. TÓPICO VI - Princípio do contraditório O contraditório em todo o processo se divide em formal e material. O contraditório formal é dar o direito de se manifestar, o contraditório material é quando efetivamentese influencia da decisão. Se manifesta na execução através de incidentes de conhecimento (exemplo incidente de desconsideração da personalidade jurídica; exercício de direito de defesa na execução – embargos de execução e impugnação ao cumprimento de sentença). Atenção! Art. 213 e 475-J, §1º, CPC - O contraditório na execução, no aspecto do direito de defesa é eventual, pois, diferentemente do processo de conhecimento o executado não é chamado a se defender, é chamado ao processo para cumprir a prestação e se defende se quiser. TÓPICO VII - Princípio da menor onerosidade da execução Sempre que houver vários meios igualmente eficazes para garantir o cumprimento da prestação deve-se optar pelo meio menos oneroso. Art. 620, CPC - a opção pela menor onerosidade prevista em tal artigo pode ser feita de ofício pelo juiz, ou pelo próprio executado, sob pena de preclusão consumativa. A menor onerosidade deve ter meios igualmente eficazes, o que não é o caso de parcelamento de dívidas. TÓPICO VIII - Princípio da cooperação (Art. 600, CPC) Busca garantir a cooperação entre os sujeitos processuais em prol do cumprimento da prestação. Como o juiz advertir ao réu de atos atentatórios à dignidade da justiça. T u t e l a J u r i s d i c i o n a l E x e c u t i v a | 13 TÓPICO IX - Princípio da proporcionalidade Sempre que houver uma colisão entre regras, princípios ou interpretações dentro da execução o juiz a soluciona pela proporcionalidade (adequação, equidade e necessidade) Ex: princípio contraditório x princípio da efetividade Conceitos jurídicos indeterminados (Art. 692,CPC) Princípio da onerosidade TÓPICO X - Princípio da adequação As medidas executivas devem ser adequadas objetiva e subjetivamente. - Objetiva (em razão do objeto de execução) e subjetiva (em razão do sujeito da execução) CAPÍTULO VI - REGRAS ESTRUTURAIS DO PROCESSO DE EXECUÇÃO a) Não há execução sem título executivo - o título executivo pode ser judicial ou extrajudicial. Esta regra se aplica tanto a execução provisória quanto a execução definitiva, pois, se exige o título como prova mínima da existência do direito. Se uma decisão judicial está sujeita a recurso e tem ele efeito suspensivo esta decisão não veicula execução provisória, pois a decisão não é um título executivo e não há execução sem título executivo. Obs.: não se exige um título executivo judicial um juízo de certeza, havendo previsão de medidas executivas na tutela antecipada, Art. 172, CPC. b) Disponibilidade da execução (Art. 569, CPC) - o exequente pode dispor da execução, tendo o título e não o executando, ou ainda se já estiver executando o título desistir da execução. *** Obs.: Art. 267, §4º, CPC x 569, CPC Desistência no conhecimento Art. 267, §4º, CPC Transcorrido o prazo de resposta para que o autor desista do processo de conhecimento há a necessidade de consentimento do réu. Desistência na execução Art. 569, CPC a desistência pode ser de um procedimento ou de um ato. T u t e l a J u r i s d i c i o n a l E x e c u t i v a | 14 Procedimento a) Defesas processuais livre. Ex: Art. 475-L, I, CPC. b) Defesas de mérito depende do consentimento do executado. Art. 475, L,V, CPC. Atos é livre a desistência Obs.: Desistência ≠ renúncia. Desistência é do procedimento, fazendo coisa julgada formal (Art. 267, §4º, CPC). Renúncia incide sobre o direito, o que impede a repropositura de ação. c) Responsabilidade objetiva do exequente (Art. 475-O e 574, CPC) - o exequente responde objetivamente pelos prejuízos que causar na execução. Previsão Art. 475-O e 574, CPC, independentemente de culpa haverá responsabilização que neste caso se dará por um ato lícito. Art. 574, CPC - “[...] declara inexistente, no todo ou em parte, a obrigação que deu lugar à execução” Muito embora o artigo fale apenas em inexistência da obrigação, qualquer outro tipo de dano gera também dever de indenizar, como, por exemplo, a propositura de uma execução em excesso (cobrança a maior), nestes casos a responsabilização será pleiteada com bases nos artigos 186 e 927 do CC. d) Aplicação subsidiária das regras do processo civil (Art. 598, CPC) - litisconsórcio e intervenção de terceiros. UNIDADE II – REQUISITOS DA EXECUÇÃO CAPÍTULO I - REQUISITOS GERAIS DA DEMANDA Aplicáveis ao procedimento executivo (da execução em geral) TÓPICO I - Início da demanda executiva – Art. 461, §5º do CPC T u t e l a J u r i s d i c i o n a l E x e c u t i v a | 15 Assim como o processo de conhecimento, o processo executivo, para a grande maioria da doutrina, depende de provocação (requerimento) para ser iniciado. Obs.: ART. 461, §5º do CPC – permite ao Juiz fixar de ofício medidas coercitivas para garantir o cumprimento de obrigações de fazer e não fazer. Em razão disso, Didier entende que neste caso haveria a instauração de ofício do procedimento executivo. Autores como o Humberto Theodoro Júnior discordam do posicionamento e entendem que a demanda executiva sempre dependem de requerimento do interessado. TÓPICO II - Elementos da demanda executiva a) Causa de pedir (Art. 586, CPC) - A causa de pedir da execução compreende a existência de uma obrigação certa, líquida e exigível que foi inadimplida, o que gera o direito de executar (art. 586 do CPC) b) Pedido - Divide-se em mediato (o bem da vida almejado) e imediato (tutela jurisdicional pretendida) O principal requisito é que o pedido deve ser delimitado quanto à quantidade e a qualidade da prestação. - OBS.: obrigação alternativa (Art. 571, CPC) – há a necessidade de delimitação do objeto para a instauração do procedimento executivo. De acordo com o artigo 571 do CPC, considerando que a escolha cabe ao devedor, este será intimado para escolher a prestação e cumpri-la dentro de 10 (dez) dias, prazo dentro do qual poderá: escolher e cumprir, caso em que extingue-se a execução; escolher e não cumprir, caso em que se iniciam as medidas coercitivas próprias de cada obrigação; não escolher, caso em que a escolha passará ao credor. Cabendo a escolha ao credor, não se aplica o prazo do art. 571. TÓPICO III - Cumulação de demandas executivas (art. 573) O art. 573 traz os requisitos para a cumulação de demandas executivas. T u t e l a J u r i s d i c i o n a l E x e c u t i v a | 16 1º) identidade de partes (principalmente em questão ao devedor) 2º) competência do órgão jurisdicional para executar as demandas 3º) identidade de procedimento Observações: i. Não é possível cumular execução de título judicial com execução de título extrajudicial em razão da incompatibilidade de procedimentos. ii. É possível que mesmo havendo dois títulos judiciais não seja cabível a cumulação, se para cada um houver um procedimento diferente. Ainda que na mesma sentença, pode ser que capítulos tenham que ser executados por procedimentos distintos por ter conteúdos diferentes. iii. Art. 475-P - exceção. Se os títulos judiciais forem provenientes de juízos distintos há uma possibilidade de cumulação sem ferir a competência: se num dos juízos estiver o bem expropriado ou o demandado do outro processo. TÓPICO IV - Requisitos gerais sobre pressupostos processuais e condições da ação Por haver no processo executivo um juízo de admissibilidade, anterior ao juízo de mérito, nele é aferido quais são condições da ação e os pressupostos processuais. As condições da ação são: legitimidade das partes, interesse de agir e possibilidade jurídicado pedido. Teoria do negócio jurídico: há pressupostos de existência e validade. De existência: sujeitos (partes e juiz) e demanda. Pressupostos de validade: parte deve ser capaz, o juiz deve ser competente e imparcial; a demanda (petição apta, não formação de coisa julgada, inexistência de litispendência). OBS.: efeitos da propositura da demanda executiva (Art. 617, CPC) 1º) Interrupção da prescrição. Segundo o código civil, a interrupção da prescrição só acontece uma vez, com a citação do devedor. No caso dos títulos judiciais, como a citação já ocorreu na fase de conhecimento, já ocorreu a interrupção da prescrição e esta não ocorrerá de novo na execução. 2º) Prevenção – há prevenção na execução. Quando se tratar de execução judicial, a prevenção ocorre na citação lá na fase de conhecimento. T u t e l a J u r i s d i c i o n a l E x e c u t i v a | 17 3º) Litispendência – a propositura de duas execuções de títulos extrajudicial gera litispendência. Contudo, a propositura de um novo procedimento para a discussão de prestação já certificada num processo de conhecimento e objeto de cumprimento de sentença, gera coisa julgada e não litispendência. 4º) Litigiosidade do objeto – a alienação da coisa ou direito litigioso é possível, segundo o art. 42 do CPC. Porém, na execução, a disponibilidade da coisa litigiosa é limitada, pois se reduzir o devedor a insolvência, haverá fraude à execução. 5º) Mora – o efeito da mora não se aplica à execução, pois essa não constitui em mora, mas ela é seu pressuposto. CAPÍTULO II - REQUISITOS ESPECÍFICOS DE UMA EXECUÇÃO TÓPICO I - Título Executivo Não há execução sem titulo executivo, este que prova as condições de admissibilidade da execução. TÓPICO II - Inadimplemento O inadimplemento é o descumprimento de uma obrigação certa, líquida e exigível. O absoluto ocorre quando descumprida a obrigação, não tendo mais utilidade, enquanto no inadimplemento relativo a obrigação ainda é útil. T u t e l a J u r i s d i c i o n a l E x e c u t i v a | 18 Apenas quando o inadimplemento for absoluto não é possível a tutela específica da obrigação, sendo convertida em perdas e danos. Obs.: Atributos da obrigação (CERTA, LÍQUIDA, EXIGÍVEL) CERTA – é aquela determinada quanto aos sujeitos e ao objeto (a quem se deve e se o que se deve) LÍQUIDA – é aquela determinada quanto a quantidade (quanto se deve). Haverá liquidez quando a quantidade é prevista no título ou aferida a partir de índices do próprio título ou, em caso de título judicial, já houve a fase de liquidação de sentença. EXIGIBILIDADE – esta pronta para ser cumprida. Se existe condição ou termo, estes já foram implementados. OBS1.: a exceção substancial de contrato não cumprida (Art. 582, CPC) A exceção de contrato não cumprido na execução, por ser defesa da espécie exceção, deve ser alegada pelo executado na primeira oportunidade de falar nos autos, sob pena de não ser reconhecida pelo Juiz. Uma vez alegada, a execução de contrato não cumprido tem o condão de suspender o atributo da exigibilidade. Sendo assim, uma vez que não se nega o fato constitutivo do direito, se a ECC não for alegada, a exigibilidade não será e a execução prosseguirá. O Art. 582 prevê a possibilidade de o executado alegar a ECC e desde já depositar sua prestação. Certificado o exequente poderá: reconhecer sua prestação e prestá-la; não reconhecer sua prestação ou; reconhecer e não prestá-la. Nesta última hipótese, segundo a doutrina, o Juiz deveria dar prazo ao exequente para que ele a cumprisse, já que não deveria julgar a improcedência se o direito existe e foi reconhecido. Segundo o novo CPC, nestes casos, por falta de interesse do exequente haverá a extinção da execução. - À execução - Posturás OBS2.: Inadimplemento x deveres sujeitos a condição ou termo (Art. 572) Condição – pode ser suspensiva ou resolutiva Termo – evento futuro e certo. Inicial e Final. T u t e l a J u r i s d i c i o n a l E x e c u t i v a | 19 Não havendo-se efetuado condição ou termo, o exequente não poderá promover a execução, pois falta o requisito especifico que é o inadimplemento (não há exigibilidade da prestação). UNIDADE III – LIQUIDAÇÃO DE SENTENÇA CAPÍTULO I - CONCEITO DE LIQUIDAÇÃO DE SENTENÇA Serve para garantir a determinação do quantum debeatur (o quanto é devido). Não há a liquidação nos títulos executivos extrajudiciais, pois devem ser previamente líquidos. CAPÍTULO II - FORMAS DE PROCEDIMENTO DE LIQUIDAÇÃO (LEI 11.232/05) Foi a lei 11.232/05 que determinou que a liquidação da sentença deva ser feita por FASE. Isto porque esta mesma lei previu o cumprimento de sentença como fase no processo de conhecimento. Existem procedimentos de carga menos intensa (cálculos aritméticos) e outros com carga muito mais intensa (conversão de uma obrigação de fazer inutilizada em perdas e danos). Como regra, a liquidação de sentença é uma fase. Ainda há necessidade de processo autônomo de liquidação nos casos em que se exige processo autônomo para a execução de sentença (Art. 475-N, parágrafo único). Há ainda uma terceira forma, que seria por incidente. A liquidação incidental existe para os casos em que é necessário discutir a liquidação no decorrer do procedimento de execução em curso. Ex.: no decorrer de uma execução de entregar um carro, o veículo é inutilizado e a execução deve ser convertida em perdas e danos. a) Liquidação por fase T u t e l a J u r i s d i c i o n a l E x e c u t i v a | 20 1ª característica - É a regra de liquidação de sentença - por arbitramento: perícia - por artigos: fato novo 2ª característica – a decisão que termina a liquidação por fase é uma sentença. Contudo, segundo o Art. 475-H, dela não cabe apelação, mas agravo de instrumento. Da decisão do recurso interposto caberá Recurso Especial e Extraordinário. O STJ aceita nesta hipótese a aplicação do principio da fungibilidade por entender que há dúvida objetiva e não há erro grosseiro. b) Processo de liquidação O processo autônomo é excepcional e só é admitido só nos três casos do Art. 475-N, parágrafo único. OBS.: muito embora se trate de título executivo judicial que deveria ser executado por meio de fase, a liquidação na sentença coletiva que garante direitos individuais homogêneos exige processo autônomo. c) Liquidação incidental A liquidação será um incidente do processo de execução quando a obrigação se tornar ilíquida durante o procedimento. Ex.: conversão em perdas e danos de bens que se perdem no decorrer do procedimento e discussão de benfeitorias. A natureza da decisão que põe fim a liquidação como incidente é uma liquidação interlocutória. OBS.: competência para liquidação – na liquidação por fase, de acordo com o artigo 475-P, a competência é do Juiz que proferiu a sentença. Regra 02 – em caso de processo autônomo (475-P, III), a competência é do juízo cível competente. Na incidente, o juiz competente para o incidente é o mesmo competente para a execução que está em curso. OBS2.: Segundo o Art. 475-A, §2º, há a possibilidade de liquidação de sentença sujeita a recurso. Há a necessidade de instrução da liquidação com cópias indispensáveis já o procedimento encontra-se em segundo grau. Havendo prejuízos com a reforma da sentença, o liquidante arcará com eles. T u t e l a J u r i s d i c i o n a l E x e c u t i v a | 21 CAPÍTULO III - O QUE PODE SER DISCUTIDO NA LIQUIDAÇÃO? A liquidação é regida por um principio específico que não pode ser violado: princípioà vinculação na sentença OBS1.: juros de mora e correção (Súmula 254 do STF e Art. 407, CPC) – podem ser liquidados mesmo não presentes na sentença, desde que não expressamente vedados, pois são considerados pedidos implícitos, assim como a condenação. OBS2.: Custas judiciais e honorários advocatícios – neste caso o pedido pode ser implícito, mas a condenação não é implícita. Não havendo previsão na sentença, não pode haver liquidação e o interessado deve interpor embargos de declaração antes de liquidar. OBS3.: Defesa na liquidação – em sua defesa o executado, na liquidação, poderá alegar questões que não foram atingidas pela coisa julgada, posteriores à sentença, como condições da ação e pressupostos processuais da fase de liquidação, ou o próprio mérito da liquidação, referente a quantia devida. CAPÍTULO IV - ESPÉCIES DE LIQUIDAÇÃO Segundo a súmula 344 do STJ a alteração da espécie de liquidação prevista na sentença não fere a coisa julgada, pois a modalidade liquidação deve respeitar as necessidades do caso concreto. TÓPICO I - Liquidação por artigos A liquidação por artigos é necessária quando há necessidade de alegar e provar um fato novo para a liquidação da sentença. O fato novo é aquele que ocorreu depois da sentença ou, mesmo tendo ocorrido antes, não foi discutido ao longo do processo. Ex.: depois da sentença o estado de saúde do autor da ação de indenização piora, majorando a indenização devida. Esse fato novo será alegado e provado na liquidação por artigos. A liquidação por artigos se dá por fase quando o cumprimento de sentença também ocorrer por fase (é a regra). Ela se dá por processo autônomo quando o cumprimento da sentença depende de processo autônomo, como, por exemplo, quando o fato novo ocorreu depois da sentença penal condenatória. T u t e l a J u r i s d i c i o n a l E x e c u t i v a | 22 Ela se dará por incidente quando o fato novo do qual depende a liquidação ocorrer durante a fase de cumprimento de sentença. O rito seguido na liquidação por artigos será ordinário ou o sumário. Sendo uma fase, seguirá o rito da fase de conhecimento precedente, assim também se for um incidente. Sendo um processo autônomo, o rito dependerá do tipo de ação, observado o artigo 275 do CPC. - Art. 475-E do CPC - Fato novo - Fase, processo, incidente - Rito (procedimento ordinário e sumário) Petição conterá a descrição do fato novo TÓPICO II - Liquidação por arbitramento A liquidação por arbitramento é necessária quando houver a necessidade de realização de perícia para a liquidação da sentença. Há exemplos legais cuja perícia de arbitramento é exigida pelo legislador e outros tantos casos práticos. Os exemplos legais são: Art. 475-O (avaliar danos decorrentes de execução provisória no qual a sentença foi modificada) e o Art. 18, §2º (litigância de má-fé). Ex.: quando o Juiz fixa o valor de indenização no valor do imóvel discutido. T u t e l a J u r i s d i c i o n a l E x e c u t i v a | 23 Poderá ser feita por fase, processo autônomo ou por incidente, nas mesmas hipóteses da liquidação por artigos. Obs.: segue o rito comum, mas todo voltado para a perícia. Na petição (inicial ou simples) devem ser apresentados os quesitos e o assistente. No juízo de admissibilidade da petição, deferindo-a, ele determinará a intimação/citação do réu, nomeará perito e apresentara os quesitos oficiais. O réu responderá, podendo ser questões de mérito ou processuais e também juntar documentos. Ele ainda poderá ainda impugnar a nomeação do perito (Art.138), apresentar seus quesitos e nomear assistente. Terminada a fase postulatória, se inicia a fase de saneamento que tem inicio com as providencias preliminares. Dentre elas, na liquidação, o Juiz poderá: (1) dar vista ao exequente dos documentos apresentados ou (2) dar vista ao mesmo se houver fato novo. Não apresentando a resposta haverá a revelia (fato de não responder), mas não haverá efeito material, pois não há fato novo. TÓPICO III - Liquidação por cálculo A liquidação por cálculos ocorre quando para o cumprimento da sentença houver a necessidade de cálculos aritméticos, decorrentes da incidência de índices fixados na própria sentença ou próprios da obrigação. Antes da reforma do processo executivo, como o cumprimento de sentenças poderia se dar por processo autônomo (regra), quando a liquidação dependesse apenas de cálculos poderia haver, para isso, um processo autônomo. A sentença que precisa apenas de cálculos não é ilíquida e o reconhecimento disso vai culminar no novo CPC com o fim da liquidação por cálculos como espécie de liquidação. Hoje, porém, muito embora ela seja prevista como espécie no CPC, o legislador já determina que o credor instrua sua petição de cumprimento de sentença com os cálculos. O artigo que trata da liquidação por cálculo, no novo CPC, é retirado da “fase de liquidação” e transposto para o capítulo da “fase de cumprimento de sentença”. Requisição de documentos: pode ser que, para que o credor apresente os seus cálculos, haja necessidade de conhecer algum documento que estejam na posse de terceiro ou do executado. Há previsão de que, nesses casos, o Juiz, T u t e l a J u r i s d i c i o n a l E x e c u t i v a | 24 depois de acostada a petição de cumprimento de sentença, requisite esses documentos. Não apresentando o documento, o executado será sancionado com a presunção de veracidade afirmada pelo exequente. Quando for o terceiro haverá busca e apreensão do documento. Contador judicial (Art. 475-B, §§3º e 4º) – discordando visivelmente dos cálculos do autor, o Juiz remeterá os autos ao contador para que ele realize os cálculos e, mesmo que não discorde, sempre fará isso se a parte for beneficiária da justiça gratuita. Se o valor apresentado pelo contador judicial for diferente do valor apresentado pelo credor prevalecerá o segundo durante toda a fase de liquidação para que o executado possa provar que este valor é equivocado. Contudo, se houver uma penhora em algum momento, ela levará em conta o valor do contador judicial em razão a menor onerosidade do executado. Possibilidades: I – petição + cálculos = juiz concorda = cálculo do credor II – petição + cálculos = juiz discorda = contador judicial = credor concorda ou discorda = no caso de discordar prevalece o cálculo dele III – petição sem cálculo = necessidade de documento IV – justiça gratuita Conclusão: pela exigência legal de que o memorial de cálculos do credor esteja acostado à petição de cumprimento de sentença, é possível concluir que se houver alguma discussão sobre os cálculos ela será desenvolvida dentro da fase de cumprimento de sentença, o que permite concluir que a “liquidação” por cálculos é um incidente dentro do cumprimento de sentença. CAPÍTULO V - RESULTADO ZERO? É possível chegar ao final da liquidação com o resultado zero (liquidação negativa)? A primeira situação em que o resultado zero na liquidação se evidencia é a execução individual de sentença coletiva, quando o titular do direito individual homogêneo não consegue provar que no seu caso houve algum dano. O segundo exemplo é a liquidação por arbitramento nos exemplos legais (Art. 18, §2º e 475-O do CPC). T u t e l a J u r i s d i c i o n a l E x e c u t i v a | 25 UNIDADE IV – PARTES E TERCEIROS NA EXECUÇÃO CAPÍTULO I - LEGITIMIDADE ATIVA Artigo 566 do CPC: Como legitimado ordinário, o credor, titular da obrigação, é o principal sujeito ativo da execução. Há também a possibilidade de que o MP atue como legitimadoextraordinário nas situações em que assim atuou no processo de conhecimento. Ainda que o nome do credor não conste no titulo executivo será ele legitimado por ser credor. Ex.: o advogado é legitimado para executar a parte da sentença que se refere aos honorários sucumbenciais. Artigo 567 do CPC: I) sucessão processual – alteração do de cujus pelo espólio, herdeiros ou sucessores que se tornam legitimados para a execução. (Art. 43 do CPC); II – sempre o cessionário será parte na execução? Art. 567, II c/c art. 42 do CPC. Nem sempre, como diz o artigo 567, II o cessionário ou adquirente será legitimado para promover a execução. Isso dependerá de ter havido consentimento em seu ingresso na fase de conhecimento (Art. 42, § 1º do CPC). Não havendo consentimento, o cedente/alienante permanece no processo defendendo direito alheio (legitimidade extraordinário) e assim também será na execução (Artigo 42, caput do CPC). CAPÍTULO II - LEGITIMIDADE PASSIVA É aquele que tem responsabilidade pelo cumprimento da obrigação, seja por ser devedor principal, seja ou por ser responsável pela dívida. Artigo 568 do CPC: IV – o fiador é aquele que assume garantia fidejussória quanto ao pagamento da dívida. O fiador judicial é aquele que garantia a relação discutida em juízo no processo de conhecimento e foi parte neste processo. Neste caso, poderá ser parte na execução. Se, embora garantisse a obrigação, não foi parte no processo, não será parte na execução. (Súmula 268 no STJ). T u t e l a J u r i s d i c i o n a l E x e c u t i v a | 26 CAPÍTULO III - LITISCONSÓRCIO NA EXECUÇÃO Há a possibilidade de litisconsórcio ativo e passivo na execução. TÓPICO I - Litisconsórcio facultativo x necessário - necessário ativo? IMPOSSIBILIDADE DE VIOLAÇÃO AO DIREITO DE AÇÃO (Art. 5º, V da CF), o que limita muito o litisconsórcio necessário em qualquer processo, inclusive na execução. - necessário passivo (Art. 655, §2º) – existe apenas uma possibilidade na execução de litisconsórcio necessário. Tratando a penhora de bem imóvel, o cônjuge devera ser também réu no processo de execução. O litisconsórcio facultativo é a regra na execução. TÓPICO II - Litisconsórcio simples x unitário Como todo litisconsórcio unitário é necessário (Art. 47) e não há litisconsórcio necessário no polo ativo e, ainda, só há no polo passivo uma hipótese (Art. 655, §2º), o litisconsórcio unitário também não é a regra no processo de execução. Regra: litisconsórcio simples. - Art. 47 do CPC - Litisconsórcio simples facultativo (Ar. 573). Quanto ao litisconsórcio facultativo simples é preciso fazer uma advertência, pois quando for ativo, para que os exequentes, cada um com a sua demanda, ajam juntos no mesmo procedimento de execução, haverá uma cumulação de demandas executivas e será preciso respeitar a regra do artigo 573 do CPC e os requisitos para a cumulação. CAPÍTULO IV - INTERVENÇÃO DE TERCEIROS NA EXECUÇÃO T u t e l a J u r i s d i c i o n a l E x e c u t i v a | 27 - Assistência – quando o assistente tem o interesse jurídico na execução. Ex.: (Art. 42 do CPC) Quando o adquirente não ingressa na ação principal poderá ingressar como assistente na execução. - Recurso de terceiro prejudicado – aquele que poderia ser assistente poderá apresentar recurso na execução. Obs.: Embargos de terceiro. Além disso, a execução tem 03 modalidades específicas de intervenção de terceiro. - Modalidades específicas da execução (1) Protestos pela preferência (Art. 711) – quando um terceiro que detém crédito preferencial (Ex.: crédito trabalhista) ingressa na execução para defender a preferência do seu crédito. (2) Concurso especial de credores – quando há várias penhoras sobre o bem discutido e um terceiro cuja penhora foi feita primeiro intervém na execução. (3) Exercício de benefício de ordem – é uma intervenção provocada pelo fiador, através da qual ele busca trazer à execução o devedor principal que não está sendo executado. UNIDADE V – RESPONSABILIDADE PATRIMONIAL Dever jurídico (direito material) + responsabilidade (direito processual) = obrigação A responsabilidade patrimonial estuda o complexo de bens do patrimônio do devedor ou de terceiro que responde pela execução. Sabendo-se que a obrigação é formada pelo dever jurídico de adimplemento e pela responsabilidade, esta última é a sanção prevista para o descumprimento. CAPÍTULO I - RESPONSABILIDADE PRIMÁRIA - Primária (Art. 592, I, II, V) – patrimônio do devedor. - Secundária (Art. 592, II e IV) – patrimônio de terceiro. T u t e l a J u r i s d i c i o n a l E x e c u t i v a | 28 Não só os bens do devedor (terceiro) e nem todos os seus bens (impenhorabilidade) respondem pela execução. a) Bens do devedor: inclusive em poder de terceiro - presentes ou futuro (Art. 591 – premissa geral da responsabilidade primária). Todos os bens do devedor respondem pela execução enquanto durar o estado de inadimplência (passados, presentes e futuros). Os bens de terceiro também respondem, não havendo neste caso responsabilidade secundária, pois os bens são de propriedade do devedor e apenas alguns atributos do direito real foram atribuídos a outrem havendo a configuração de detenção ou posse. - detenção e posse (lei 8.245, art. 8º) Sendo detentor mero longa manus do proprietário, não há problema em que a execução atinja o bem que ele não tem. No caso de locação será necessário respeitar o que a lei do inquilinato diz em seu artigo 8º. b) Bens do sucessor a título singular É aquele que recebe um bem do devedor por aquisição inter vivos ou mortis causa. Só haverá perseguição do bem a título singular quando a ação for fundada em direito real ou discutir obrigação reipersecutória (entregar coisa) d) Bens alienados ou gravados em fraude à execução CAPÍTULO II - FRAUDE À EXECUÇÃO E PROTEÇÃO A BOA-FÉ NA FRAUDE A EXECUÇÃO TÓPICO I - Fraude contra credores É instituto de direito material tratada no art. 158 e ss do Código Civil que constitui um vício social do negócio jurídico. Dois sãos os pressupostos: (1) pressuposto objetivo – que haja insolvência ou que se amplie esse estado através da fraude (2) subjetivo – é o animus de fraudar credores. T u t e l a J u r i s d i c i o n a l E x e c u t i v a | 29 Para desconstituir o negocio fraudulento, o credor prejudicado deve intentar a ação pauliana. TÓPICO II - Fraude à execução É o instituto tratado no Art. 592, V do CPC e ocorre quando o devedor atinge não só seus credores judiciais, mas a própria jurisdição fraudando a execução. Poderá ser arguida por meio de incidente no processo de execução ou de oficio pelo Juiz. Art. 593, I – ocorre quando há alienação do bem discutido em ação fundada em direito real. Não exige insolvência. Art. 593, II – ocorre quando há a alienação de qualquer bem enquanto pende contra ele ação capaz de leva-lo a insolvência. a) Ciência da fraude pelo terceiro? O CPC não exige em momento algum que se demonstre a boa-fé ou a má-fé do terceiro envolvido na fraude à execução e permite pela usa simples leitura que, mesmo estanho de boa-fé, perca o seu bem ou direito para a execução. Para evitar injustiças da previsão processual, a jurisprudência firmou entendimento de que para ser configurada a fraude à execução há mais requisito: a má-fé do terceiro envolvido no negócio jurídico considerado fraudulento. Para proteger a boa-fé do terceiro foi o art. 167, I DA Lei de Registros Públicos que prevê que ações fundadasem direitos reais ou execuções envolvendo imóveis podem ser averbadas na matrícula deste imóvel. Havendo essa averbação presume-se a má-fé do terceiro. A súmula 375b do STJ firma a exigência da prova da má-fé do terceiro para a configuração da fraude à execução e prevê ainda mais uma presunção de fraude: se o bem envolvido á se encontrava penhorado, pois a penhora é averbada na matrícula do bem. Obs.: EMBARGOS DE TERCEIRO: para defender sua boa-fé, o terceiro envolvido no negócio intentará um procedimento próprio denominado embargos de terceiros que não se trata de intervenção de terceiros, mas de uma ação que corre em apenso à execução. Súmula 259, STJ - adjudicação compulsória. T u t e l a J u r i s d i c i o n a l E x e c u t i v a | 30 CAPÍTULO III - RESPONSABILIDADE SECUNDÁRIA Ocorre quando bens de outra pessoa, que não o devedor responde pela execução. a) Bens do cônjuge (Art. 592, IV) – casos de bens próprios, reservados e de sua meação. a-1) Bens da meação – meação incide sobre os bens comuns. Passa- se a analisar os casos em que a meação de um dos cônjuges no patrimônio comum responde pela execução de dívidas do outro cônjuge. A regra geral é que só afetação da meação do cônjuge em casos de dívidas contraídas para a administração doméstica. Se um cônjuge adquire dívidas para administrar bens, há proveito para ambos. (Art. 1643, 1644, 1659 e 1664) Obs.: Análise dos regimes de bens: I – Comunhão parcial: o patrimônio comum são os bens adquiridos onerosamente na constância do casamento, respondendo pela execução de dívidas do outro cônjuge, desde que em prol da administração doméstica. II – Comunhão total: via de regra não haveria bens incomunicáveis, todo patrimônio seria comum, salvo exceções do Art. 1668, CC, como é caso de um bem recebido em doação. III – Separação absoluta: a regra é que não haveria bens comuns. Portanto, não haveria bem de meação. A súmula 377, STF, restringiu esse entendimento, criando a possibilidade de bens comuns no regime de separação absoluta de bens (desde que adquiridos em esforço comum). IV – Participação final nos aquestos: segue as regras do regime de separação de bens, durante o casamento, contudo, em eventual separação dos cônjuges, segue-se a regra da comunhão parcial de bens. a-2) Bens próprios ou particulares – bens próprios são os que não se inserem de alguma forma na meação. Regra: os bens próprios são incomunicáveis e por isso não seriam atingíveis em eventual execução. Obs.: Análise dos regimes de bens T u t e l a J u r i s d i c i o n a l E x e c u t i v a | 31 I – Comunhão parcial os bens adquiridos antes do casamento são considerados bens próprios ou particulares. II – Na separação legal, separação de bens, em regra todos os bens dos cônjuges seriam particulares, contudo é preciso fazer a ressalva da súmula 377. III – Na comunhão total só seriam próprios os bens do Art. 1668, CC. IV – Na participação final dos aquestos segue as regras do regime de separação de bens, durante o casamento, contudo, em eventual separação dos cônjuges, segue-se a regra da comunhão parcial de bens. a-3) Dos bens reservados - o código civil anterior ao 2002 dizia que os bens reservados eram aqueles que a mulher adquirido por seus próprios esforços. No atual código tal termo foi retirado. a-4) Da penhora dos bens do cônjuge: mecanismos de defesa - citação (Art. 655, §2º) - Sempre que houver penhora de um bem comum na execução, o cônjuge meeiro deve ser obrigatoriamente citado no processo de execução. - impugnação/embargos – Uma vez citado o cônjuge pode apresentar impugnação ao cumprimento de sentença, nas execuções de título judicial; e embargos, nas execuções de título extrajudicial. - embargos de terceiro – Art. 1046, §3º, CPC, o cônjuge pode, nessa defesa, concordar que seu bem objeto da execução, mas quer se defender dentro da própria execução. Sendo parte, uma vez citado, não poderia o cônjuge apresentar embargos de terceiro, contudo, o Art. 1046, § 3º, CPC, equipara o cônjuge a um terceiro e permite a ele opor embargos de terceiro quando não concordar com a penhora sobre a sua meação ou mesmo sobre um bem próprio. Em conclusão, a doutrina entende que o cônjuge não é citado para a execução, mas intimado, notificado, pois não passa a fazer parte do procedimento executório. Obs.: Por meio dos embargos de terceiro, o cônjuge buscará demonstrar que a sua meação atingida pela penhora foi atingida indevidamente, pois a dívida do outro cônjuge, que é executada, não é decorrente da administração doméstica. Provando isto, conseguirá retirar a sua meação do bem penhora, e não o bem inteiro penhorado, o que pode ser feito através da venda do bem penhorado e pagamento da meação do cônjuge. T u t e l a J u r i s d i c i o n a l E x e c u t i v a | 32 b) Bens do sócio - Regra geral – quem responde pelas execuções de obrigações contraídas pela própria sociedade é a sociedade. - Exceções: * Sociedade em comum (Art. 986/990, CC) – quem responde é o sócio. Não tem personalidade jurídica. * Desconsideração da personalidade – um sócio valeu-se de fraude, confusão patrimonial, para realizar um negócio em nome da sociedade, sendo que nesse caso quem responde é o sócio. * Imposição da lei ou estatuto – o estatuto ou a lei podem prever que o sócio deva responder solidariamente com a sociedade. - Benefício de ordem (Art. 596, CPC) – sempre que por exceção um sócio for atingido na execução o Art. 596 dá a ele a possibilidade de se valer do benefício de ordem, o que faz entender que na execução primeiro executam-se os bens da sociedade, depois os bens do sócio. Ainda que o estatuto imponha a responsabilidade solidária, entre sociedade e sócios, para a execução ela é sempre subsidiária. Obs.: a desconsideração da personalidade jurídica (Art. 50, CC) – a desconsideração serve à possibilidade de afastar a personalidade jurídica da PJ, em um negócio que foi celebrado de maneira fraudulenta por um sócio. - pressupostos: prática do ato com confusão patrimonial e o benefício próprio ou prejuízo alheio. - finalidade: afastar a personalidade apenas naquele negócio e não retirar a personalidade jurídica da sociedade. - requisito: principalmente para que haja a desconsideração é preciso que o sócio deva ser cientificado. Para isso, pode o credor promover a execução contra a sociedade e o sócio, em litisconsórcio eventual, e se isso não ocorrer caberá à sociedade instaurar um incidente de desconsideração na execução. TÓPICO I - A responsabilidade do fiador (Art. 595, CPC) A responsabilidade do fiador é uma responsabilidade é primário, pois este assumiu a responsabilidade como o devedor. Pacificamente a T u t e l a J u r i s d i c i o n a l E x e c u t i v a | 33 responsabilidade do fiador é primária, prevista no Art. 595, CPC, pois por vontade própria o fiador garantiu a dívida, e, portanto, é devedor, ainda que seja subsidiariamente. Obs.: Por ser devedor e ter responsabilidade primária, o fiador que for executado pelo credor deverá alegar benefício de ordem, na primeira oportunidade possível, que é nos embargos de execução/embargos, cláusula da relação contratual que prevê a sua responsabilidade subsidiária, vez este benefício não é conhecido de ofício pelo magistrado (pois o fiador é parte legítima no processo. Caso não fosse, como executar um terceiro estranho, seria parte ilegítima, que caí na hipótese de juízo de admissibilidade, pois é condição da ação, que por se tratar de matéria pública, que é reconhecida de ofício).TÓPICO II - A responsabilidade do espólio e dos terceiros (Art. 597) Com a morte do de cujus o espólio responde pelas dívidas e é o executado numa execução. Apenas ao final do inventário, com a partilha dos bens, entre os herdeiros, é que termina o espólio e os herdeiros passam a respondem proporcionalmente pelas dívidas do de cujus. Ainda assim pode ser que um só herdeiro responda sobre a dívida, quando esta caí apenas sobre o seu quinhão. TÓPICO III - O direito de retenção (Art. 594) Direito de retenção é, por exemplo, direito de reter benfeitorias. Sempre que o credor tiver bens retidos do executado (direito de retenção), estes bens devem ser executados em primeiro lugar. TÓPICO IV - Responsabilidade do incapaz (Art. 928 e 932, cc e Art. 180, CC). O incapaz que cometer algum dano responde pelos danos que causar de forma subsidiária. O menor é responsável pelos ilícitos que comete apenas quando seus responsáveis não tiverem a obrigação de responder por ele ou não puderem fazê-lo. Sendo responsável nestes casos poderá ser executado. Mas sua responsabilidade é sempre equitativa, desde que não prejudicar o seu sustento. T u t e l a J u r i s d i c i o n a l E x e c u t i v a | 34 Obs: Art. 180, CC: de acordo com tal artigo, quando se valer dolosamente da sua menoridade a responsabilidade do incapaz é primária. UNIDADE VI – TÍTULO EXECUTIVO CAPÍTULO I – CONSIDERAÇÕES INICIAIS A relevância do título executivo – segundo a professora trata-se de um requisito de admissibilidade do processo de execução, por tal motivo extingue- se o processo sem mérito. Parte da doutrina entende que o título executivo é condição da ação de execução, contudo, a porção majoritária entende que o título executivo é requisito de admissibilidade da execução (seria o pressuposto de validade da execução). Sua relevância está no fato de que é com base no título que são encontradas as condições e pressupostos da ação. Os princípios regem os títulos regem os títulos executivos – taxatividade e tipicidade. O princípio da taxatividade define que os títulos executivos devem estar previstos em lei, o que significa que não basta a mera vontade das partes, não havendo consensualidade quanto a isso. O princípio da tipicidade prevê que além de previstos na lei, os títulos têm que se adequar a um dos tipos legais. (Art. 475-N – Títulos executivos judiciais; Art. 585, CPC – título executivo extrajudicial). CAPÍTULO II – TÍTULOS EXECUTIVOS JUDICIAIS (ART. 475-N) A lei 11.232/05 retirou do caput do artigo a palavra condenatória que antes existia no artigo. Doutrina minoritária fala que trata-se de uma inconstitucionalidade formal. É título executivo judicial qualquer sentença que traga em seu bojo o direito a uma prestação, como efeito principal ou como efeito reflexo. A sentença condenatória sempre é título executivo judicial porque sempre traz o direito a uma prestação de maneira principal, mas a sentença constitutiva pode trazer o direito potestativo de maneira principal e ter como efeito reflexo o direito a uma prestação, exemplo: direito de indenizar decorrente da rescisão de T u t e l a J u r i s d i c i o n a l E x e c u t i v a | 35 uma sentença. Também a sentença declaratória pode ser título executivo judicial quando declara um direito a uma prestação a ser executada posteriormente. Decisão interlocutória também pode ser título executivo judicial, basta lembrar dos casos de tutela antecipada de urgência (Art. 273, I e II) e de evidência (§6º e inc. II). Decisão que reconhece a existência de obrigação (OBS: sentenças declaratórias e constitutivas) Sentença penal condenatória Art. 91, CP: Tem como efeito secundário a obrigação de reparar o dano causado pelo crime. Dessa maneira, será título executivo judicial. Nem sempre, contudo, a obrigação é líquida, pois na condenação pode não vir o quantum do dano, sendo que nesses casos haverá necessidade de processo autônomo de liquidação, seguido pelas regras de cumprimento de sentença. - Obs.: Art. 387, IV, CPP / Art. 63, CPP: O referido artigo prevê o dever do juiz na sentença penal condenatória de fixar uma indenização mínima para a vítima do crime. Esta indenização, porém, segundo o Art. 63, CPP, pode ser liquidada no juízo cível se a vítima entende que seu dano é maior. Pode ser imediatamente executada se a vítima se conforma com a indenização mínima. Decisão que homologa a composição judicial: Extingue o processo com resolução de mérito, ganhando eficácia de título executivo judicial. A sentença arbitral: A arbitragem é um meio alternativo de solução do conflito, ao lado da conciliação e da mediação. É exercício de jurisdição. 1) Não precisa ser homologada para gerar efeitos. 2) Pelo Art. 475-N elenca-o como título executivo judicial. 3) Impossibilidade do juízo cível entrar no mérito da arbitragem ao anular uma sentença arbitral - Obs.: A relevância da previsão A relevância da inserção da sentença arbitral no Art. 475-N, CPC, está na controvérsia sobre se a arbitragem é ou não exercício de jurisdição. O fato de ser a sentença arbitral um título judicial reforça o pensamento de que é exercício de jurisdição, juntamente com outros dois argumentos: desnecessidade de T u t e l a J u r i s d i c i o n a l E x e c u t i v a | 36 homologação da decisão arbitral e impossibilidade do juízo cível entrar no mérito da arbitragem ao anular uma sentença arbitral. Art. 32, Lei 9307/96 – o referido artigo prevê as matérias que podem gerar uma ação anulatória da sentença arbitral no juízo cível. Anulando a sentença arbitral o juiz cível não pode proferir outra decisão, para não violar a autonomia do árbitro. A execução de sentença arbitral no juízo cível tem como defesa a impugnação ao cumprimento de sentença, a doutrina da arbitragem defende que só pode o executado alegar na impugnação as matérias que podia alegar na ação anulatória (em razão da autonomia), e se é assim, também a impugnação deve respeitar o prazo da anulatória (90 dias). Se o executado perceber que a impugnação superará 90 dias em razão da demora do exequente, caberá a ele ingressar com a anulatória. Acordo extrajudicial homologado Sentença estrangeira homologada pelo STJ - Obs.: Mercosul (DL 55/95) Formal de partilha (1026/1027, CPC) CAPÍTULO III – TÍTULOS EXECUTIVOS EXTRAJUDICIAIS (ART. 585) → INCISO I: → INCISO II: → INCISO III: Contratos garantidos por penhor (bens móveis), hipoteca (bens imóveis) ou anticrese (sobre frutos): situações onde há um contrato com garantia de outra garantia, os três são direitos reais de garantia. Neste caso, uma vez descumprido o contrato principal que foi garantido por esses três direitos reais de garantia, esse contrato principal se tornará um título executivo extrajudicial (independentemente da assinatura de duas testemunhas). Contrato garantido por caução: caução é uma garantia, que pode ser de duas espécies: real ou fidejussória. Uma vez descumpridos tornam-se títulos executivos extrajudiciais. Fiança imobiliária é um exemplo de caução fidejussória. T u t e l a J u r i s d i c i o n a l E x e c u t i v a | 37 Contrato de seguro de vida: Contrato de seguro de vida é título executivo, o que se executa é o prêmio. A exigibilidade da obrigação decorrente do contrato de seguro só surge com a implementação do risco. → INCISO IV: Crédito decorrente de foro ou laudêmio - o foro e o laudênio são decorrentes da enfiteuse, onde o titular passa a outrem todas as faculdades inerentes à sociedade,
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