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10. Atribuições Criminais
10. Atribuições Criminais 1/15
Prof. Alex Fadel, Prof. Guilherme Rezende
10 Atribuições Criminais
Curso Interativo de Princípios Institucionais
do Ministério Público para Carreiras
Jurídicas
Documento última vez atualizado em 19/09/2023 às 10:09.
10. Atribuições Criminais
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10.1 Promover, privativamente, a ação penal pública, na forma da lei
A Constituição Federal de 1988, ao afirmar em seu artigo 129, I, a incumbência do Ministério Público de promover, privativamente, a ação 
penal pública fez clara opção pelo modelo acusatório no processo penal, caracterizado notadamente pela segregação das funções de acusar 
e de julgar. Se no modelo inquisitivo estas funções concentram-se nas mãos de uma só figura, no acusatório há nítida distinção, o que por 
certo assegura a imparcialidade do julgador.  
Como cediço, o Poder Judiciário é vocacionado à resolução de conflitos, porém, ele é inerte, significando que a sua atuação está 
condicionada à provocação das partes. E no processo penal, o Ministério Público foi o ator escolhido pela Constituição para movimentar a 
persecução e acionar o Judiciário, buscando a aplicação da lei penal ao caso concreto.   
Outrossim, dispositivos anteriores à Constituição, que traziam previsão em sentido diverso, a exemplo do artigo 26, do CPP, o famigerado 
procedimento judicialiforme, não foram por ela recepcionado. O preceito em questão asseverava que “A ação penal, nas contravenções, será 
iniciada com o auto de prisão em flagrante ou por meio de portaria expedida pela autoridade judiciária ou policial”. 
A propósito, vejam como se pronunciou o STF acerca do tema: 
A ação penal pública é privativa do Ministério Público (CF, art. 129, I), admitida apenas a exceção inscrita no art. 5º, LIX, da Lei Maior. As 
disposições legais, que instituíam outras exceções, foram revogadas pela Constituição, porque não recepcionadas por esta. STF, Pleno, HC 
67.931-5 [1]/RS. O processo das contravenções penais somente pode ter início mediante denúncia do Ministério Público. Revogação dos arts. 
26 e 531, CPP, porque não recepcionados pela CF/1988, art. 129, I. 
[RE 134.515 [2], rel. min. Carlos Velloso, j. 13-8-1991, 2ª T, DJ de 13-9-1991.] = HC 72.073 [3], rel. min. Carlos Velloso, j. 2-4-1996, 2ª T, DJ de 17-5-
1996 
O Ministério Público tem uma posição diferenciada no processo penal. Ao imaginar um processo civil (autor x réu), parece inconcebível que 
alguém proponha uma ação e ao final peça a sua improcedência.  
No processo penal, diversamente, o membro do Ministério Público, autor por excelência da ação penal pública, pode (e deve) pedir a 
absolvição, quando desenhada alguma das hipóteses do artigo 386, do CPP. 
Pode acontecer que, a despeito do quadro fático apurado ao cabo das investigações preliminares, o Parquet ofereça denúncia, porém essa 
situação não se confirme em juízo, sob o crivo do contraditório e da ampla defesa, ou mesmo que o acusado apresente alguma justificante 
ou dirimente da culpabilidade desconhecida na fase inquisitiva, porém devidamente comprovada no curso da instrução, caso em que a 
absolvição passa a ser medida impositiva. 
Não se deseja que isso seja uma constância (e de fato não o é), até por conta de todo o constrangimento imposto ao réu por força do 
processo contra ele movido (streptus judicii), com todas as consequências daí advindas, sobretudo a vitimização terciária.  
Daí já é possível perceber as particularidades do Ministério Público no processo penal.  
O artigo 257, do CPP, assim dispõe: 
Art. 257. Ao Ministério Público cabe: 
I - promover, privativamente, a ação penal pública, na forma estabelecida neste Código; e  
II - fiscalizar a execução da lei.   
Por sua vez, o artigo 127, da Constituição Federal, diz que o Parquet é o defensor da ordem jurídica. 
O que se extrai destas normativas é que ao Ministério Público incumbe a) defender a ordem pública e b) fiscalizar a execução da lei, antes 
mesmo de ser o titular da ação penal pública! 
Sobre a distinção entre estas funções, veja o que diz a jurisprudência:
http://www.stf.jus.br/cgi-bin/nph-brs?d=SJUR&n=-julg&s1=67931&l=20&u=http://www.stf.jus.br/Jurisprudencia/Jurisp.asp&Sect1=IMAGE&Sect2=THESOFF&Sect3=PLURON&Sect6=SJURN&p=1&r=1&f=G
http://www.stf.jus.br/jurisprudencia/IT/frame.asp?PROCESSO=134515&CLASSE=RE&cod_classe=437&ORIGEM=IT&RECURSO=0&TIP_JULGAMENTO=M
http://www.stf.jus.br/jurisprudencia/IT/frame.asp?PROCESSO=72073&CLASSE=HC&cod_classe=349&ORIGEM=IT&RECURSO=0&TIP_JULGAMENTO=M
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Ementa: CONSTITUCIONAL. HABEAS CORPUS. FUNÇÕES ESSENCIAIS E INSTITUCIONAIS DO MINISTÉRIO PÚBLICO (ARTIGOS 127 E 129 
DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL). NÍTIDA DISTINÇÃO ENTRE A ATUAÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO COMO DOMINUS LITIS, AO 
OFERECER CONTRARRAZÕES À APELAÇÃO DA DEFESA E, COMO CUSTOS LEGIS, AO OFERTAR PARECER NOS AUTOS DO RECURSO. 
AUSÊNCIA DE OFENSA AOS PRINCÍPIOS DO DEVIDO PROCESSO LEGAL E DO CONTRADITÓRIO. 1. O Procurador de Justiça, ao ofertar 
parecer em recurso de apelação no qual o Promotor de Justiça oferecera contrarrazões, não viola os princípios do devido processo legal e 
do contraditório. 2. O Ministério Público tem como uma de suas funções essenciais à garantia da ordem jurídica, atuando em prol dela como 
custos legis (Constituição Federal, art. 127), mercê do exercício de uma das funções institucionais que é a de promover, privativamente, a 
ação penal pública (Constituição Federal, art. 129, I), situações que não se confundem. 3. Precedentes: HC n. 81.436/MG, Rel. o Ministro Néri 
da Silveira, Segunda Turma, j. em 11/12/2001, e RE n. 99.116-6/MT, Rel. o Ministro Alfredo Buzaid, Primeira Turma, DJ de 16/03/84. 4. 
Recurso em habeas corpus não provido. 
(RHC 107584, Relator(a): LUIZ FUX, Primeira Turma, julgado em 14/06/2011, DJe-186 DIVULG 27-09-2011 PUBLIC 28-09-2011 EMENT VOL-
02596-01 PP-00066 RTJ VOL-00233-01 PP-00099) 
De modo bastante percuciente, Eugênio Paccelli de Oliveira faz uma distinção entre parte em sentido formal e parte em sentido material. 
Basicamente, em sentido formal, parte é aquela que ocupa um dos polos da situação ou relação jurídica, praticando atos de postulação, 
apresentação de arrazoados, produção de provas, interposição de recursos, desenvolvendo “toda e qualquer atividade reservada a quem pode 
provocar a jurisdição”.12 
Aqui, há uma nítida distinção entre as categorias do direito material e do direito processual. O conteúdo do direito material a ser deduzido 
pelo Ministério Público em juízo, nem sempre será uma pretensão acusatória/condenatória, típica de quem ocupa o polo ativo de uma 
relação, como por exemplo no processo civil.  
Já a parte em sentido material é aquela que atua com parcialidade, “que defende(m) a aplicação do direito unicamente enquanto favorável à 
relação jurídica material levada ao processo.” 
Sintetizando, o autor esclarece que  
(...) a parte é material quando há coincidência entre a sua manifestação (de direito material) na causa e sua posição no processo 
(requerimento de condenação por quem é autor); é formal quando independe de tal coincidência, como ocorre, por exemplo, quando o 
Ministério Público, mesmo autor da ação, requer a absolvição do acusado (art. 385, CPP). 
Edilson Mougenot Bonfin, ao explicar que o Ministério Público é por uns identificado como “parte imparcial”, arremata que  
(...) mesmo atuando como autor, deverá zelar pela correta aplicação da lei, ainda que isso implique, em determinadas situações, atuar em 
favor da parte contrária. Com efeito, o órgão do Ministério Público tem compromisso com a justiça, acima dos interesses parciais.13  
Bonfin esclarece que também há quem classifique o Ministério Público como parte sui generis, parte formal ou instrumental, parte material 
ou processual, ou sequer o considera como parte.  
Pode-se afirmar, destarte, que o Ministério Público não é órgão de acusação e sim órgão legitimado a acusar.Perceba-se aqui a diferença: 
O órgão de acusação, acusa. O órgão legitimado a acusar, acusa quando necessário, mas resigna-se (e muito mais do que isso, luta pela) com 
a absolvição. 
Em emblemática passagem de sua obra, Pacelli sublinha que 
(...) ao Estado (e, aqui, ao Ministério Público) deve interessar, na mesma medida, tanto a condenação do culpado quanto a absolvição do 
inocente. 
A persecução (ato ou efeito de perseguir) penal é fracionada em duas etapas. Ela surge com a prática do fato criminoso, quando surge para o 
Estado o poder-dever de investigar, processar e eventualmente punir o responsável e se encerra com o trânsito em julgado da decisão, seja 
ela absolutória, seja ela condenatória. 
A primeira fase, pré-processual, normalmente é conduzida pela Autoridade Policial, embora não com exclusividade. Isto porque, o sistema 
brasileiro é plural, admitindo-se que outros órgãos também investiguem, embora não por intermédio do inquérito policial. Assim, podem 
investigar, a Polícia Judiciária, o PROCON, as CPI’s, o Poder Judiciário e inclusive o Ministério Público.  
E o que todas estas investigações têm em comum? É que todas elas convergem no Ministério Público. Elas tem como destinatário o Parquet, 
que é o responsável pela sorte da persecução. Ele é vocacionado pela Constituição para, de forma privativa, oferecer a ação penal, sendo, 
pois, o dominus litis.  
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Destarte, encerrada a investigação, os autos são remetidos ao Ministério Público para que ele delibere sobre eventual oferecimento de 
denúncia, ou promoção de arquivamento, que se submente a um controle anômalo realizado pelo Poder Judiciário. E esta decisão fica a 
cargo (exclusivamente) do Ministério Público. Veja, a propósito, que, em havendo discordância por parte do magistrado, deve ele remeter os 
autos à Chefia do Parquet para que ela delibere, em última instância, sobre eventual providência a ser adotada.  
O membro do Ministério Público orienta-se nesta tarefa, não por critérios de conveniência e oportunidade, mas guiado pela obrigatoriedade 
da ação penalDesta forma, presentes indicativos de autoria e materialidade, cabe ao Parquet oferecer denúncia, salvo algumas situações 
excepcionais previstas na legislação de regência.  
É que o Estado reservou a si o monopólio da prestação jurisdicional, proibindo a famigerada “fazer justiça pelas próprias mãos”. Assim, 
instituiu órgãos capazes de movimentar oficiosamente a persecução penal, evitando que a vítima aja por conta própria. A regra, pois, é que a 
ação penal seja pública, conforme se vê do artigo 100, do CP: 
Art. 100 - A ação penal é pública, salvo quando a lei expressamente a declara privativa do ofendido.  
Excepcionalmente a lei condiciona a atuação do Ministério Público à manifestação de vontade do Ministro da Justiça ou do ofendido, seu 
representante legal, e, na falta destes, ao cônjuge, companheiro, ascendente, descendente ou irmão, ou mesmo o próprio impulsionamento 
da persecução à atuação destes, quando a providência puder resultar constrangimento aos envolvidos. São as hipóteses da ação penal 
pública condicionada e a ação penal privada. 
Conclui-se, outrossim, que, na busca da pacificação social, a persecução, como regra, é deflagrada e movimentada de modo oficioso, sendo 
o Ministério Público peça fundamental nesta engrenagem, já que a Constituição lhe confiou a titularidade da ação penal pública.  
Esta, a ação penal pública, rege-se, igualmente, pelo princípio da indisponibilidade, o que significa que dela não pode desistir o membro do 
Ministério Público. Trata-se de desdobramento natural do princípio da obrigatoriedade. Não faria sentido obrigar o Parquet a denunciar, mas 
permitir que ele simplesmente desista da ação posteriormente. Neste sentido dispõe o artigo 42, do CPP: 
Art. 42. O Ministério Público não poderá desistir da ação penal. 
A despeito destas previsões, a Lei 9.099, de 1995, introduziu um modelo de justiça negociada no direito brasileiro, mitigando os princípios da 
obrigatoriedade e da indisponibilidade. 
Ela permitiu ao Parquet abandonar em determinadas situações o modelo do full trial e oferecer acordos aos investigados/acusados, em nome 
de uma celeridade processual, racionalizando o sistema. Contemplou, pois, os institutos da transação penal e da suspensão condicional do 
processo. 
O primeiro deles destinado a abarcar as infrações de menor potencial ofensivo, assim compreendidas as contravenções penais e os crimes 
com pena máxima seja inferior a dois anos. O segundo, suspensão condicional do processo, destina-se aos crimes com pena mínima igual ou 
inferior a um ano. Em ambas as situações, a persecução penal é suspensa em razão da realização de um negócio jurídico. 
Este modelo de justiça consensuada foi ampliado para os acordos de colaboração premiada, e, ao cabo, em 2017, para atingir crimes 
cometidos sem violência ou grave ameaça, que tivessem pena inferior a quatro anos, conforme Resolução 181, do Conselho Superior do 
Ministério Público. 
Nas justificativas do aludido ato normativo, restou consignado que: 
Considerando a carga desumana de processos que se acumulam nas varas criminais do País e que tanto desperdício de recursos, prejuízo e 
atraso causam no oferecimento de Justiça às pessoas, de alguma forma, envolvidas em fatos criminais;  
Considerando, por fim, a exigência de soluções alternativas no Processo Penal que proporcionem celeridade na resolução dos casos menos 
graves, priorização dos recursos financeiros e humanos do Ministério Público e do Poder Judiciário para processamento e julgamento dos 
casos mais graves e minoração dos efeitos deletérios de uma sentença penal condenatória aos acusados em geral, que teriam mais uma 
chance de evitar uma condenação judicial, reduzindo os efeitos sociais prejudiciais da pena e desafogando os estabelecimentos prisionais 
(...)  
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10.2 O Ministério Público pode investigar?
Finalmente, o instituto foi introduzido no Código de Processo Penal por força da Lei 13.964/2019, o alcunhado Pacote Anticrime, conforme 
previsão do artigo 28-A, do CPP. 
Reafirma-se, outrossim, que além de ser o responsável pelo manejo da ação penal, o Ministério Público detém legitimidade para celebrar 
acordos processuais, a partir de estratégias de política criminal, conforme assentou o STF, no HC 195.327:  
A construção desse novo sistema penal acusatório gerou importantes alterações na atuação do Ministério Público, que antes estava fixada na 
obrigatoriedade da ação penal. Novos instrumentos de política criminal foram incorporados para racionalizar a atuação do titular da ação 
penal, transformando a antiga obrigatoriedade da ação penal em verdadeira discricionariedade mitigada. Assim ocorreu, inicialmente, com as 
previsões de transação penal e suspensão condicional do processo pela Lei n. 9.099/95, depois com a possibilidade de "delação premiada" e, 
mais recentemente com a Lei n. 13.964/19 ("Pacote anticrime"), que trouxe para o ordenamento jurídico nacional a possibilidade do "acordo 
de não persecução penal". 
Atenção 1: Em caso de inércia do Ministério Público, como deve a vítima, seu representante, ou, na falta destes, cônjuge, companheiro, 
ascendente, descendente e irmão proceder? 
Eles não ficam desguarnecidos, naturalmente. A própria Constituição lhes assegura a possibilidade de se substituir ao Ministério Público e 
oferecer a peça incoativa, neste caso chamada ação penal privada subsidiária da pública, conforme artigo 5º, LIX: Será admitida ação privada 
nos crimes de ação pública, se esta não for intentada no prazo legal. A previsão é repetida no artigo 29, do CPP. 
Atenção 2: O STF sufragou o entendimento no sentido de que: “É concorrente a legitimidade do ofendido, mediante queixa, e do ministério 
público, condicionada à representação do ofendido, para a ação penal por crime contra a honra de servidor público em razão do exercíciode 
suas funções.”, conforme súmula 714. 
 - Parte imparcial? 
Como já dito, o Ministério Público ocupa um dos polos da relação processual, sem que necessariamente defenda uma pretensão que lhe é 
típica, dado o seu caráter peculiar no processo penal. Trata-se de uma parte imparcial. Paccelli sublinha que  
(...) a imparcialidade deverá permear toda a atividade do Ministério Público, em todas as fases da persecução penal, incluindo a fase pré-
processual, reservada às investigações. 
Arremata o autor, asseverando que 
O atuar imparcial do Ministério Público está relacionado com a inteira liberdade que se lhe reconhece na apreciação dos fatos e do direito a 
eles aplicável. O Ministério Público é livre e deve ser livre na formação de seu convencimento, sem que esteja vinculado a qualquer 
valoração ou consideração prévia sobre as consequências que juridicamente possam ser atribuídas aos fatos tidos por delituosos. 
O significado dessa proposição é que o representante do Ministério Público tem liberdade para avaliar a situação posta e formar o seu 
convencimento, de acordo com o material probatório angariado aos autos.  
Em que pesem os princípios da obrigatoriedade e da indisponibilidade da ação penal, o Parquet não é obrigado a sustentar uma pretensão 
acusatória em juízo, ao verificar que o material probatório converge no sentido da absolvição. É que, como já dito, antes de parte, ele é 
custos juris! 
 Para assistir ao vídeo correspondente, acesse o LDI.
Durante muito tempo persistiu a discussão sobre se o Ministério Público pode ou não investigar. 
Uma importante consideração preliminar é no sentido de que a investigação no sistema brasileiro é plural, significando que pode ser 
exercida por diversas instituições. Não se trata de tarefa exclusiva da Polícia. 
É até ideal que essa atribuição seja repartida, garantindo-se a proteção adequada dos bens jurídicos pelo Direito Penal, que não ficam 
desguarnecidos em decorrência de eventual atuação deficitária das entidades, que se sabe estão, em sua grande maioria, com grande déficit 
de material humano e estrutural. 
Ainda, outro importante registro é que grande parte das investigações existentes em solo brasileiro são conduzidas pela Polícia Judiciária, 
que é vocacionada a tanto, o que não significa que outras instituições também o possam fazer! 
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Pois bem. Após acalorados debates, ainda em 2009, o Supremo Tribunal Federal reconheceu essa possibilidade, aplicando a teoria dos 
poderes implícitos.  
Argumenta-se que se o Parquet é o destinatário da investigação, o titular da opinio delicti, tendo o poder-dever de denunciar num caso 
concreto, deve ELE dispor de ferramentas ao adequado cumprimento dessa tarefa, que é investigar. Ainda, como reforço retórico ao 
reconhecimento desse poder investigatório está o fato de que o Ministério Público é o titular do controle externo da atividade Policial. 
Segue o precedente paradigmático (trecho) de nossa Corte Suprema: 
TEORIA DOS PODERES IMPLÍCITOS - CASO "McCULLOCH v. MARYLAND" (1819) - MAGISTÉRIO DA DOUTRINA (RUI BARBOSA, JOHN 
MARSHALL, JOÃO BARBALHO, MARCELLO CAETANO, CASTRO NUNES, OSWALDO TRIGUEIRO, v.g.) - 
A outorga constitucional de funções de polícia judiciária à instituição policial não impede nem exclui a possibilidade de o Ministério Público, 
que é o "dominus litis", determinar a abertura de inquéritos policiais, requisitar esclarecimentos e diligências investigatórias, estar presente e 
acompanhar, junto a órgãos e agentes policiais, quaisquer atos de investigação penal, mesmo aqueles sob regime de sigilo, sem prejuízo de 
outras medidas que lhe pareçam indispensáveis à formação da sua "opinio delicti", sendo-lhe vedado, no entanto, assumir a presidência do 
inquérito policial, que traduz atribuição privativa da autoridade policial. 
É PLENA A LEGITIMIDADE CONSTITUCIONAL DO PODER DE INVESTIGAR DO MINISTÉRIO PÚBLICO, POIS OS ORGANISMOS POLICIAIS 
(EMBORA DETENTORES DA FUNÇÃO DE POLÍCIA JUDICIÁRIA) NÃO TÊM, NO SISTEMA JURÍDICO BRASILEIRO, O MONOPÓLIO DA 
COMPETÊNCIA PENAL INVESTIGATÓRIA. 
O poder de investigar compõe, em sede penal, o complexo de funções institucionais do Ministério Público, que dispõe, na condição de 
"dominus litis" e, também, como expressão de sua competência para exercer o controle externo da atividade policial, da atribuição de fazer 
instaurar, ainda que em caráter subsidiário, mas por autoridade própria e sob sua direção, procedimentos de investigação penal destinados a 
viabilizar a obtenção de dados informativos, de subsídios probatórios e de elementos de convicção que lhe permitam formar a "opinio 
delicti", em ordem a propiciar eventual ajuizamento da ação penal de iniciativa pública. Doutrina. 
(HC 87610, Relator(a): CELSO DE MELLO, Segunda Turma, julgado em 27/10/2009, DJe-228  DIVULG 03-12-2009  PUBLIC 04-12-2009 
EMENT VOL-02385-02  PP-00387) 
Como se nota, o poder de investigar não está concentrado exclusivamente nas mãos da chamada Polícia Judiciária, havendo outras 
instituições legitimadas a tanto.  
Impende registrar, por oportuno, que a investigação por meio de inquérito policial é exclusiva da Polícia, na forma da lei 12.830/12, cabendo 
às demais Autoridades investigar por meio de expediente próprio, no caso do Ministério Público, o Procedimento Investigatório Criminal.  
O substrato normativo são as previsões contidas no artigo 8º, da Lei Complementar 75 e 26, da lei 8.625/93, que tratam sobre a organização, 
atribuições e estatuto do MPU, e da Lei Orgânica Nacional do Ministério Público, respectivamente. Nada obstante, temos ainda a Resolução 
181/2017 (e a Resolução 201/2019, do CNMP), do Conselho Nacional do Ministério Público, que dispõe sobre instauração e tramitação do 
procedimento investigatório criminal a cargo do Ministério Público. Em suas justificativas consta:  
Considerando a necessidade de permanente aprimoramento das investigações criminais levadas a cabo pelo Ministério Público, 
especialmente na necessidade de modernização das investigações com o escopo de agilização, efetividade e proteção dos direitos 
fundamentais dos investigados, das vítimas e das prerrogativas dos advogados, superando um paradigma de investigação cartorial, 
burocratizada, centralizada e sigilosa; 
O Conselho Nacional do Ministério Público regulamentou, outrossim, a instauração e tramitação do procedimento investigatório a cargo do 
Ministério Público, conforme Resolução 181, de 2017. 
A norma em questão cuidou de definir o procedimento investigatório criminal (PIC), asseverando se tratar de um instrumento sumário e 
desburocratizado de natureza administrativa e investigatória, instaurado e presidido pelo membro do Ministério Público com atribuição 
criminal, e tem como finalidade apurar a ocorrência de infrações penais de iniciativa pública, servindo como preparação e embasamento 
para o juízo de propositura, ou não, da respectiva ação penal, conforme se extrai do artigo 1º. 
Registra-se que, a exemplo do inquérito policial, o PIC não é condição de procedibilidade ou pressuposto processual para o ajuizamento de 
ação penal, não excluindo, pois, a possibilidade de formalização de investigação por outros legitimados da Administração Pública. Significa, 
destarte, que o oferecimento de denúncia não está condicionado à prévia investigação, por meio do expediente em questão, tampouco a sua 
instauração impede que outros órgãos investiguem, até porque temos um sistema plural de investigações. 
É evidente que se o membro do Ministério Público receber peças de informação que sejam suficientes ao oferecimento de denúncia, está 
ele dispensado de instaurar a investigação, até porque ela se destina justamente a aquilatar elementos de materialidade e autoria aptos a 
direcionar a persecução penal: requerer o arquivamento ou promover a ação penal. 
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Isto fica evidente do leitura do artigo 2º, da Resolução, que esclarece queem poder das peças de informação, o membro do Ministério 
Público pode:  
I – promover a ação penal cabível;  
II – instaurar procedimento investigatório criminal;  
III – encaminhar as peças para o Juizado Especial Criminal, caso a infração seja de menor potencial ofensivo;  
IV – promover fundamentadamente o respectivo arquivamento;  
V – requisitar a instauração de inquérito policial, indicando, sempre que possível, as diligências necessárias à elucidação dos fatos, sem 
prejuízo daquelas que vierem a ser realizadas por iniciativa da autoridade policial competente.  
A investigação pode ser instaurada de ofício ou por provocação e a sua tramitação há de ser feita por meio eletrônico. O membro do Parquet 
deve dar andamento às representações, requerimentos, petições e peças de informação que lhe forem encaminhadas no prazo de 30 (trinta) 
dias, a contar de seu recebimento, podendo este prazo ser prorrogado por até 90 (noventa) dias. 
A forma de instauração do PIC é por meio de portaria, a qual há de ser fundamentada, registrada e autuada, com a indicação dos fatos a 
serem investigados, contendo, sempre que possível, o nome e a qualificação do autor da representação e a determinação das diligências 
iniciais. Aqui há uma diferença em relação ao inquérito policial, que pode ser deflagrado também por auto de prisão em flagrante, requisição 
ou representação. Da instauração do PIC há de ser feita comunicação imediata e, preferencialmente, eletrônica ao Órgão Superior 
competente. 
O PIC pode ser instaurado por meio de atuação conjunta entre Ministérios Públicos dos Estados, da União e de outros países.  
Vale registro, por oportuno, que o arquivamento do expediente deverá ser objeto de controle e eventual revisão em cada Ministério Público. 
Assim, considerando o controle anômalo feito pelo Poder Judiciário, ex vi do artigo 28, do CPP,  em caso de arquivamento da investigação 
este deve ser submetido a apreciação pelo Judiciário.  
A instrução do expediente, assim como a do inquérito policial, não se sujeita a um roteiro pré-determinado. A Resolução apenas consigna um 
rol exemplificativo de providências e sublinha a necessidade de que se observe a cláusula da reserva jurisdicional, a exemplo da prisão, da 
busca e apreensão e da interceptação telefônica, cujo manejo depende de autorização judicial. 
Também há possibilidade de que o autor do fato investigado apresente, querendo, informações que considerar adequadas, facultado o 
acompanhamento por defensor. Este, o defensor, detém inclusive o direito de examinar, mesmo sem procuração, os autos, findos ou em 
andamento, podendo copiar peças e tomar apontamentos, em meio físico ou digital. Em se tratando de procedimento sigiloso o acesso 
poderá se dar mediante procuração. Há a possibilidade de delimitação do acesso a determinados elementos de prova, quando relacionados a 
diligências em andamento e ainda não documentados nos autos, quando houver risco de comprometimento da eficiência, da eficácia ou da 
finalidade das diligências, a exemplo do que dispõe a súmula vinculante 14. O direito do defensor não pode comprometer o sucesso da 
medida.  
Um registro importante é que, diferentemente do inquérito policial, os atos e peças do procedimento investigatório criminal são públicos, 
salvo disposição legal em contrário ou por razões de interesse público ou conveniência da investigação. 
A normativa também concita o membro do Ministério Público a que esclareça a vítima acerca de seus direitos materiais e processuais, bem 
assim que adote as medidas necessárias para a preservação dos seus direitos, a reparação dos eventuais danos por ela sofridos e a 
preservação da intimidade, vida privada, honra e imagem. 
Como isso foi cobrado em concurso? 
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Questão LDI - Questões Avulsas - Princípios Institucionais do Ministério Público | 2022 | 4000807845
Assinale a assertiva correta.
A)
De acordo com a Resolução nº 181/2017, do Conselho Nacional do Ministério Público, o Ministério Público poderá presidir a lavratura
de auto de prisão em �agrante decorrente das investigações criminais que ele mesmo presidir.
B)
Segundo o Código de Processo Penal, não havendo autoridade policial no lugar em que houver sido efetuada a prisão em �agrante, o
preso será prontamente apresentado à autoridade judicial mais próxima, a quem incumbirá a presidência da lavratura do auto de prisão
em �agrante.
C)
O Código de Processo Penal não autoriza a presidência da lavratura de auto de prisão em �agrante por autoridade diversa do
Delegado de Polícia, devendo ele ser buscado ainda que em localidade diferente daquela em que ocorreu a prisão.
D)
Não havendo escrivão que possa realizar a lavratura do auto de prisão em �agrante, o Código de Processo Penal autoriza à autoridade
policial que nomeie qualquer pessoa para tal ato, mediante o préstimo de compromisso legal.
E)
De acordo com o Código de Processo Penal, a prisão de qualquer pessoa e o local onde ela se encontre serão comunicados
imediatamente ao juiz competente, ao Ministério Público, à Defensoria Pública e à família do preso ou à pessoa por ele indicada.
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Solução
Resposta: alternativa D.
A Resolução 181, do CNMP, datada de 2017, “dispões sobre instauração e tramitação do procedimento investigatório criminal a cargo
do Ministério Público.”
Dita normativa conceitua o procedimento investigatório criminal (PIC), como sendo o “instrumento sumário e desburocratizado de
natureza administrativa e investigatória, instaurado e presidido pelo membro do Ministério Público com atribuição criminal, e terá
como �nalidade apurar a ocorrência de infrações penais de iniciativa pública, servindo como preparação e embasamento para o juízo
de propositura, ou não, da respectiva ação penal”.
A Resolução nada diz a respeito da lavratura de �agrante pelo membro do Ministério Público, ao revés, regulamenta apenas a
instauração do procedimento por meio de portaria, conforme anela o artigo 4º, verbis:
Art. 4º O procedimento investigatório criminal será instaurado por portaria fundamentada, devidamente registrada e autuada, com a
indicação dos fatos a serem investigados e deverá conter, sempre que possível, o nome e a quali�cação do autor da representação e
a determinação das diligências iniciais.
A questão A é, portanto, INCORRETA.
Importa acrescer que, a despeito do silêncio da Resolução 181/2017, o artigo 307, do CPP, autoriza o membro do Ministério Público a
lavrar auto de prisão em �agrante, conforme se vê abaixo:
Art. 307. Quando o fato for praticado em presença da autoridade, ou contra esta, no exercício de suas funções, constarão do auto a
narração deste fato, a voz de prisão, as declarações que �zer o preso e os depoimentos das testemunhas, sendo tudo assinado pela
autoridade, pelo preso e pelas testemunhas e remetido imediatamente ao juiz a quem couber tomar conhecimento do fato delituoso,
se não o for a autoridade que houver presidido o auto.
Em relação à alternativa B, a regra é que o preso, após a sua captura, seja encaminhado diretamente à Autoridade Policial local, para
a lavratura do auto de prisão em �agrante, nos termos do artigo 304, do CPP. Inclusive, o CPP regulamenta a situação e prisão, em
que há prévia perseguição, consoante artigo 290. Nesta hipótese, diz o Código que a apresentação deverá ser feita à Autoridade
Policial local – onde efetuada a captura.
A alternativa, entretanto, diz que a apresentação deve ser feita à autoridade judicial, o que é incorreto, a�nal o responsável pela
lavratura do auto de prisão em �agrante é o Delgado e não o magistrado. Portanto, a alternativa está incorreta!
As Polícias disciplinam o âmbito de abrangência territorial de cada Delegacia ou Subdivisão Policial, havendo um Delegado por ela
responsável durante os períodos de expediente regular e de plantão.
A alternativa C está incorreta: O Código de Processo Penal não autoriza a presidência da lavratura deauto de prisão em �agrante
por autoridade diversa do Delegado de Polícia, devendo ele ser buscado ainda que em localidade diferente daquela em que ocorreu a
prisão.
O CPP autoriza a presidência da lavratura do auto de prisão em �agrante por autoridade diversa do Delegado de Polícia, conforme
artigo 307, do CPP:
Art. 307. Quando o fato for praticado em presença da autoridade, ou contra esta, no exercício de suas funções, constarão do auto a
narração deste fato, a voz de prisão, as declarações que �zer o preso e os depoimentos das testemunhas, sendo tudo assinado pela
autoridade, pelo preso e pelas testemunhas e remetido imediatamente ao juiz a quem couber tomar conhecimento do fato delituoso,
se não o for a autoridade que houver presidido o auto.
A alternativa D está correta, conforme dicção do artigo 305, do CPP:
Art. 305. Na falta ou no impedimento do escrivão, qualquer pessoa designada pela autoridade lavrará o auto, depois de prestado o
compromisso legal.
Sobre a comunicação da prisão, o CPP diz que ela será feita imediatamente ao juiz, ao Ministério Público, à família do preso ou à
pessoa por ele indicada, nada dizendo a respeito da Defensoria Pública.
Ao revés, no §1º, do artigo 306, o legislador diz que deverá ser encaminhada uma cópia do auto de prisão em �agrante à Defensoria,
em 24 horas, caso o autuado não informe o nome de seu advogado:
Gabarito: D)
Não havendo escrivão que possa realizar a lavratura do auto de prisão em �agrante, o Código de Processo Penal autoriza à
autoridade policial que nomeie qualquer pessoa para tal ato, mediante o préstimo de compromisso legal.
10. Atribuições Criminais
10. Atribuições Criminais 10/15
Art. 306. A prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre serão comunicados imediatamente ao juiz competente, ao Ministério
Público e à família do preso ou à pessoa por ele indicada.
§ 1o Em até 24 (vinte e quatro) horas após a realização da prisão, será encaminhado ao juiz competente o auto de prisão em �agrante
e, caso o autuado não informe o nome de seu advogado, cópia integral para a Defensoria Pública.
A Resolução 181, do CNMP, datada de 2017, “dispões sobre instauração e tramitação do procedimento investigatório criminal a cargo do 
Ministério Público.”  
Dita normativa conceitua o procedimento investigatório criminal (PIC), como sendo o “instrumento sumário e desburocratizado de natureza 
administrativa e investigatória, instaurado e presidido pelo membro do Ministério Público com atribuição criminal, e terá como finalidade 
apurar a ocorrência de infrações penais de iniciativa pública, servindo como preparação e embasamento para o juízo de propositura, ou não, 
da respectiva ação penal”. 
A Resolução nada diz a respeito da lavratura de flagrante pelo membro do Ministério Público, ao revés, regulamenta apenas a instauração do 
procedimento por meio de portaria, conforme anela o artigo 4º, verbis: 
Art. 4º O procedimento investigatório criminal será instaurado por portaria fundamentada, devidamente registrada e autuada, com a indicação 
dos fatos a serem investigados e deverá conter, sempre que possível, o nome e a qualificação do autor da representação e a determinação 
das diligências iniciais. 
A questão A é, portanto, INCORRETA.  
Importa acrescer que, a despeito do silêncio da Resolução 181/2017, o artigo 307, do CPP, autoriza o membro do Ministério Público a lavrar 
auto de prisão em flagrante, conforme se vê abaixo: 
Art. 307. Quando o fato for praticado em presença da autoridade, ou contra esta, no exercício de suas funções, constarão do auto a narração 
deste fato, a voz de prisão, as declarações que fizer o preso e os depoimentos das testemunhas, sendo tudo assinado pela autoridade, pelo 
preso e pelas testemunhas e remetido imediatamente ao juiz a quem couber tomar conhecimento do fato delituoso, se não o for a autoridade 
que houver presidido o auto. 
Em relação à alternativa B, a regra é que o preso, após a sua captura, seja encaminhado diretamente à Autoridade Policial local, para a 
lavratura do auto de prisão em flagrante, nos termos do artigo 304, do CPP. Inclusive, o CPP regulamenta a situação e prisão, em que há 
prévia perseguição, consoante artigo 290. Nesta hipótese, diz o Código que a apresentação deverá ser feita à Autoridade Policial local – 
onde efetuada a captura. 
A alternativa, entretanto, diz que a apresentação deve ser feita à autoridade judicial, o que é incorreto, afinal o responsável pela lavratura do 
auto de prisão em flagrante é o Delgado e não o magistrado. Portanto, a alternativa está incorreta!  
As Polícias disciplinam o âmbito de abrangência territorial de cada Delegacia ou Subdivisão Policial, havendo um Delegado por ela 
responsável durante os períodos de expediente regular e de plantão. 
A alternativa C está incorreta: O Código de Processo Penal não autoriza a presidência da lavratura de auto de prisão em flagrante por 
autoridade diversa do Delegado de Polícia, devendo ele ser buscado ainda que em localidade diferente daquela em que ocorreu a prisão.  
O CPP autoriza a presidência da lavratura do auto de prisão em flagrante por autoridade diversa do Delegado de Polícia, conforme artigo 307, 
do CPP: 
Art. 307. Quando o fato for praticado em presença da autoridade, ou contra esta, no exercício de suas funções, constarão do auto a narração 
deste fato, a voz de prisão, as declarações que fizer o preso e os depoimentos das testemunhas, sendo tudo assinado pela autoridade, pelo 
preso e pelas testemunhas e remetido imediatamente ao juiz a quem couber tomar conhecimento do fato delituoso, se não o for a autoridade 
que houver presidido o auto. 
10. Atribuições Criminais
10. Atribuições Criminais 11/15
10.3 A atuação judicial
A alternativa D está correta, conforme dicção do artigo 305, do CPP: 
Art. 305. Na falta ou no impedimento do escrivão, qualquer pessoa designada pela autoridade lavrará o auto, depois de prestado o 
compromisso legal. 
Sobre a comunicação da prisão, o CPP diz que ela será feita imediatamente ao juiz, ao Ministério Público, à família do preso ou à pessoa por 
ele indicada, nada dizendo a respeito da Defensoria Pública.  
Ao revés, no §1º, do artigo 306, o legislador diz que deverá ser encaminhada uma cópia do auto de prisão em flagrante à Defensoria, em 24 
horas, caso o autuado não informe o nome de seu advogado: 
Art. 306. A prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre serão comunicados imediatamente ao juiz competente, ao Ministério 
Público e à família do preso ou à pessoa por ele indicada.  
§ 1o Em até 24 (vinte e quatro) horas após a realização da prisão, será encaminhado ao juiz competente o auto de prisão em flagrante e, caso 
o autuado não informe o nome de seu advogado, cópia integral para a Defensoria Pública.  
Apenas para fixação, segue um esquema que indica o iter do flagrante: 
 
 Para assistir ao vídeo correspondente, acesse o LDI.
 Para assistir ao vídeo correspondente, acesse o LDI.
O Ministério Público é o titular privativo da ação penal pública.  
Aliás, ação penal é subdividida em ação pública incondicionada e ação pública condicionada. Em ambos os casos, a ação é titularizada pelo 
Parquet, dependendo, nesta hipótese, da manifestação de vontade da vítima ou de terceiro (institutos condicionantes). 
Em qualquer caso, rege-se por princípios próprios que a diferenciam da ação penal privada. São eles: obrigatoriedade, indisponibilidade, 
oficialidade e autoridade, oficiosidade, indivisibilidade, e intranscendência ou pessoalidade. 
Conclui-se que o exercício da ação penal constitui, como regra, poder-dever do Ministério Público, que não pode escolher quem processar, 
tampouco pode disparar uma ação e dela desistir. 
As exceções são os institutos do acordo de não persecução e da transação penal, que mitigam a obrigatoriedade e a suspensão condicional 
do processo, que mitiga a indisponibilidade da ação penal. 
Assim, ao constatar a viabilidade da imputação, e não sendo o caso de ofertar algum dos institutosdespenalizadores, o representante do 
Ministério Público deve oferecer denúncia, e, uma vez deflagrada a persecução não pode ela desisti.  
Significa que ele deve pedir a condenação ao final? 
Obviamente não. Já falamos que o Ministério Público é parte apenas em sentido formal, não vinculando o seu agir a uma pretensão 
acusatória. Essa situação é reafirmada no artigo 385, do Código de Processo Penal. 
10. Atribuições Criminais
10. Atribuições Criminais 12/15
Acresça-se que, a despeito de pedido de absolvição formulado pelo Ministério Público, não há qualquer objeção a que o juiz profira decisão 
condenatória. De acordo com o Tribunal da Cidadania, o magistrado não está adstrito ao pedido formulado pelo Ministério Público, tampouco 
a providência vulnera o sistema acusatório: 
HABEAS CORPUS. ART. 157, § 2.º-A, INCISO I, DO CÓDIGO PENAL. ABSOLVIÇÃO REQUERIDA PELO PARQUET NAS ALEGAÇÕES FINAIS. 
MANIFESTAÇÃO QUE NÃO VINCULA O JUDICIÁRIO. INOCORRÊNCIA DE VIOLAÇÃO DO SISTEMA ACUSATÓRIO. ORDEM DE HABEAS 
CORPUS DENEGADA. 
1. A circunstância de o Ministério Público requerer a absolvição do Acusado, seja como custos legis, em alegações finais ou em 
contrarrazões recursais, não vincula o Órgão Julgador, cujo mister jurisdicional funda-se no princípio do livre convencimento motivado, 
conforme interpretação sistemática dos arts. 155, caput, e 385, ambos do Código de Processo Penal. Precedentes do Supremo Tribunal 
Federal e do Superior Tribunal de Justiça. 
2. "Quando o Ministério Público pede a absolvição de um réu, não há, ineludivelmente, abandono ou disponibilidade da ação, como faz o 
promotor norte-americano, que simplesmente retira a acusação (decision on prosecution motion to withdraw counts) e vincula o 
posicionamento do juiz. Em nosso sistema, é vedada similar iniciativa do órgão de acusação, em face do dever jurídico de promover a ação 
penal e de conduzi-la até o seu desfecho, ainda que, eventualmente, possa o agente ministerial posicionar-se de maneira diferente - ou 
mesmo oposta - do colega que, na denúncia, postulara a condenação do imputado" (STJ, REsp 1.521.239/MG, Rel. Ministro ROGERIO 
SCHIETTI CRUZ, Sexta Turma, julgado em 9/3/2017, DJe de 16/3/2017). 
3. Ad argumentandum, vale referir que o Legislador Ordinário, ao editar a Lei n. 13.964/2019, acrescentou ao Código de Processo Penal o 
art. 3.º-A, segundo o qual "[o] processo penal terá estrutura acusatória, vedadas a iniciativa do juiz na fase de investigação e a substituição da 
atuação probatória do órgão de acusação". Todavia, qualquer interpretação que determine a vinculação do Julgador ao pedido absolutório do 
Ministério Público com fundamento, por si só, nessa regra, não tem legitimidade jurídica, pois o Supremo Tribunal Federal, em decisão 
monocrática proferida no dia 22/10/2020 pelo Ministro LUIZ FUX, "na condição de relator das ADIs 6.298, 6.299, 6.300 e 6305", suspendeu, 
"sine die a eficácia, ad referendum do Plenário, [] da implantação do juiz das garantias e seus consectários (Artigos 3º-A, 3º-B, 3º-C, 3º-D, 3ª-
E, 3º-F, do Código de Processo Penal)". 
4. Ordem de habeas corpus denegada. 
(HC n. 623.598/PR, relatora Ministra Laurita Vaz, Sexta Turma, julgado em 5/10/2021, DJe de 1/2/2022.) 
A medida encontra resistência na doutrina, por exemplo, de Aury Lopes Jr., que afirma inaplicável o artigo 385, do CPP, conduzindo a uma 
grave nulidade da sentença, já que o juiz não pode prover diversamente do que lhe foi pedido. 
O Ministério Público, outrossim, é peça fundamental na condução da persecução penal, desde a fase pré-processual. Qualquer que seja a 
modalidade de investigação realizada, por meio de inquérito policial, auto de infração, inquérito parlamentar, os elementos de informação 
desaguam no Parquet, verdadeiro titular da opinio delicti, para que ele adote as providências de praxe. 
 
 
Entendendo ser o caso de oferecimento de denúncia (por terem sido apurados indicativos de autoria e materialidade e não sendo o caso de 
adoção de uma solução negociada), temos o acionamento formal do Poder Judiciário, providência que o retira do estado de inércia. Dali em 
diante a persecução segue em conformidade com o impulso oficial.  
O recebimento da denúncia demarca o início da fase processual. O acusado, que antes era mero investigado, passa a ser considerado réu, 
sendo convocado, a na forma do artigo 363, do CPP, integrar a relação ou situação jurídico processual.  
10. Atribuições Criminais
10. Atribuições Criminais 13/15
10.4 Execução Penal
O processe segue ao oferecimento de defesa, ainda na fase postulatória, como corolário do contraditório e da ampla defesa, e, em seguida, à 
fase instrutória, onde também o Ministério Público assume protagonismo, afinal os poderes instrutórios do magistrado são complementares, 
na forma do artigo 156, do CPP (Art. 156. A prova da alegação incumbirá a quem a fizer, sendo, porém, facultado ao juiz de ofício: (...) II –
 determinar, no curso da instrução, ou antes de proferir sentença, a realização de diligências para dirimir dúvida sobre ponto relevante.).  
Ao cabo da fase instrutória, as partes apresentam as suas derradeiras alegações e o processo é submetido a julgamento, encerrando-se a 
prestação jurisdicional em primeira instância. 
A decisão prolatada, se acaso gere sucumbência, desafia recursos, sendo o Parquet um dos legitimados a propô-los (Art. 577. O recurso 
poderá ser interposto pelo Ministério Público, ou pelo querelante, ou pelo réu, seu procurador ou seu defensor.) 
Como se percebe, o Ministério Público atua em todo o iter da persecução penal. Em juízo, a sua atuação retira da inércia o Judiciário, 
disparando mecanismos de apuração da responsabilidade do infrator, seguindo à indicação e produção de provas, aos requerimentos finais e 
até mesmo à interposição de recursos. 
 
Assim, por promover a ação, a Constituição quer dizer dispará-la e conduzi-la até o final, buscando a solução mais adequada à querela, 
inclusive propondo os acordos penais cabíveis ao caso. 
A par da atuação do Ministério Público no processo penal, observa-se que a Instituição também exerce importante função no âmbito da 
execução penal, figurando como um dos órgãos da execução penal, conforme se vê do artigo 61, da Lei de Execuções Penais, ao lado do 
Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária e do Juízo da Execução. 
As atribuições do Ministério Público encontram-se assim delineadas: 
Do Ministério Público 
Art. 67. O Ministério Público fiscalizará a execução da pena e da medida de segurança, oficiando no processo executivo e nos incidentes da 
execução. 
Art. 68. Incumbe, ainda, ao Ministério Público: 
I - fiscalizar a regularidade formal das guias de recolhimento e de internamento; 
II - requerer: 
a) todas as providências necessárias ao desenvolvimento do processo executivo; 
b) a instauração dos incidentes de excesso ou desvio de execução; 
c) a aplicação de medida de segurança, bem como a substituição da pena por medida de segurança; 
d) a revogação da medida de segurança; 
e) a conversão de penas, a progressão ou regressão nos regimes e a revogação da suspensão condicional da pena e do livramento 
condicional; 
f) a internação, a desinternação e o restabelecimento da situação anterior. 
III - interpor recursos de decisões proferidas pela autoridade judiciária, durante a execução. 
Parágrafo único. O órgão do Ministério Público visitará mensalmente os estabelecimentos penais, registrando a sua presença em livro 
próprio. 
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 Para assistir ao vídeo correspondente, acesse o LDI.
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Referências e links deste capítulo
1 http://www.stf.jus.br/cgi-bin/nph-brs?d=SJUR&n=-
julg&s1=67931&l=20&u=http://www.stf.jus.br/Jurisprudencia/Jurisp.asp&Sect1=IMAGE&Sect2=THESOFF&Sect3=PLURON&Sect6=SJURN&p=1&r=1&f=G
2 http://www.stf.jus.br/jurisprudencia/IT/frame.asp?
PROCESSO=134515&CLASSE=RE&cod_classe=437&ORIGEM=IT&RECURSO=0&TIP_JULGAMENTO=M3 http://www.stf.jus.br/jurisprudencia/IT/frame.asp?
PROCESSO=72073&CLASSE=HC&cod_classe=349&ORIGEM=IT&RECURSO=0&TIP_JULGAMENTO=M

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