Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Mecânica dos Fluidos Escoamento sobre Corpos: Arrasto e Sustentação Introdução Escoamento externo � Camada limite de crescimento livre envolvida por uma região de escoamento externo com pequenos gradientes de velocidade e temperatura � Efeitos viscosos apenas na camada limite e esteiras � O fluido exerce forças de pressão normais à superfície � O fluido exerce forças de cisalhamento paralelas à superfície � A Mecânica dos Fluidos tem interesse na resultante das forças de pressão e cisalhamento, mais do que na sua distribuição Introdução A componente das forças resultantes de pressão e de cisalhamento: - Que age na direção do escoamento ⇒ Força de Arrasto Automóveis, árvores, tubulações submersas, etc - Que age na direção normal do escoamento ⇒ Força de Sustentação Asas de um avião, turbinas eólicas Introdução Escoamento externo Sistema de coordenadas fixado ao corpo. Fluido move-se sobre o corpo (turbinas eólicas) Corpo move-se através de um fluido (avião) Introdução – Parâmetros Velocidade de corrente livre, v É a velocidade de um fluido que se aproxima de um corpo A velocidade do fluido varia de zero (superfície) até o valor da corrente livre (longe da superfície) Escoamento bidimensional Corpo muito longo, seção transversal constante e escoamento normal. Escoamento axissimétrico O corpo apresenta simetria rotacional. Velocidade varia com x e r. Escoamento tridimensional Escoamento que não pode ser modelado como bidimensional ou como axissimétrico, Introdução Escoamentos Incompressíveis – automóveis, submarinos, prédios Compressíveis – aviões, foguetes, mísseis Mach ≤ 0,3 – efeitos da compressibilidade são considerados desprezíveis Corpos Carenados – corpo alinhado com linhas de corrente (automóveis, aviões) Rombudo – corpo tende a bloquear o escoamento Arrasto É a força exercida por um fluido em movimento sobre um corpo. Pode ser medido diretamente prendendo-se um objeto que está submetido ao escoamento do fluido e a uma mola calibrada e medindo o deslocamento na direção do escoamento. O arrasto é um efeito geralmente indesejado. Sua redução está associada à redução de consumo de combustível. Um fluido em repouso exerce somente forças normais sobre a superfície de um corpo imerso nele. Arrasto Um fluido em movimento também exerce forças tangenciais de cisalhamento na superfície de um corpo imerso nele devido à condição de não escorregamento causada por efeitos viscosos. Ambas as forças têm componentes na direção do escoamento, portanto a força de arrasto é devida aos efeitos combinados da pressão e das forças de cisalhamento na parede, na direção do escoamento. Sustentação As componentes da pressão e forças de cisalhamento na parede, na direção normal ao escoamento tendem a mover o corpo nessa direção, sua soma é chamada de sustentação. Escoamento bidimensionais → resultante das forças de pressão força de arrasto (“drag force”) força de sustentação (“lift force”) Forças de arrasto e sustentação As forças de pressão e cisalhamento agindo sobre uma área infinitesimal �� na superfície são p�� e ����. A força de arrasto e a força de sustentação são, respectivamente ��� ���. ��� � ����. senθ e ��� ���. ���� � ����. cosθ onde θ é o ângulo que a normal exterior faz com a direção positiva do escoamento. Forças de arrasto e sustentação Força de arrasto �� � ���� � �. ��� � �� . senθ � �� Força de sustentação �� � ���� � �. ���� � �� . cosθ� �� Coeficientes de arrasto e sustentação As forças de arrasto e sustentação dependem da massa específica do fluido, da sua velocidade a montante e do tamanho, forma e orientação do corpo. Por conveniência usam-se números adimensionais apropriados que representam as características de arrasto e sustentação do corpo. Coeficiente de arrasto: �� ��1 2 !"� Coeficiente de arrasto: �� ��1 2 !"� Coeficientes de arrasto e sustentação A área empregada nas equações dos coeficientes de arrasto e sustentação é a área frontal (área projetada sobre um plano normal à direção do escoamento). Ex.: um tubo de diâmetro D e comprimento L teria a área central A = D.L O termo # " !" representa a pressão dinâmica. Arrastos de atrito e pressão O arrasto pode ser dividido em arrasto de atrito superficial, devido à tensão de cisalhamento na parede τw é causado por efeitos de atrito e arrasto de pressão é devido à pressão é chamado de arrasto de forma por depender da forma ou perfil do corpo. Os coeficientes são definidos como: ��,%&'(&) ��,%&'(&)1 2 !"� ��,*'+,,ã) ��,*'+,,ã)1 2 !"� O coeficiente total de arrasto ou força de arrasto pode ser determinado somando-os �� ��,%&'(&) � ��,*'+,,ã) �� ��,%&'(&) � ��,*'+,,ã) Arrasto de atrito O arrasto de atrito é a componente da força de cisalhamento da parede na direção do escoamento (depende da orientação do corpo e da intensidade da tensão de cisalhamento na parede). Arrasto de atrito é zero para superfície plana normal ao escoamento. Arrasto de atrito é máximo para superfície plana paralela ao escoamento. Arrasto de atrito O número de Reynolds é inversamente proporcional à viscosidade do fluido .� ∝ 10 Re altos – a contribuição do arrasto de atrito para corpos rombudos é menor Re muito altos – a contribuição do arrasto de atrito para corpos rombudos pode ser desprezível Re baixos – a maior parte do arrasto é devido ao arrasto de atrito O arrasto de atrito é também proporcional à área superficial. Arrasto de pressão O arrasto de pressão é proporcional à área frontal e à diferença entre as pressões que agem na frente e atrás do corpo imerso. Arrasto de pressão – dominante para corpos rombudos – pequeno para corpos carenados (aerofólios) – zero para placas planas e finas paralelas ao escoamento O arrasto de pressão torna-se significativo quando a velocidade do fluido é muito alta, o fluido se separa do corpo em algum ponto e cria uma região de baixa pressão na parte de trás do corpo. Neste caso há uma grande diferença de pressão entre os lados da frente e de trás do corpo, que provoca o arrasto de pressão. Coeficientes de Arrasto de Geometrias Comuns O coeficiente de arrasto depende do número de Reynolds abaixo de 104. Re mais altos – o coeficiente de arrasto permanece constante para a maioria das geometrias, mas não todas. Escoamentos acima de 104 são totalmente turbulentos. Re Coeficientes de Arrasto de Geometrias Comuns Re ≤ 1 O coeficiente de arrasto exibe comportamento diferente nas regiões de Re baixo (escoamento lento), moderado (laminar) e alto (turbulento). Para escoamentos lentos o coeficiente de arrasto é inversamente proporcional ao número de Reynolds. Coeficientes de Arrasto de Geometrias Comuns Para Re elevados são mostrados nas tabelas a seguir os coeficientes de arrasto para diversas geometrias. Observações: � A orientação do corpo em relação à direção do escoamento tem grande influência sobre o coeficiente de arrasto. � Para corpos rombudos com arestas aguda a separação ocorre nas bordas das superfícies da frente e de trás, sem alteração significativa no caráter do escoamento. O coeficiente de arrasto desses corpos é mais ou menos independente de Re. Os valores de CDmostrados na tabelas a seguir são para serem empregados na equação 12 32.4.5.677 , onde v é a velocidade a montante do escoamento. Barra quadrada Barra retangular Coeficientes de arrasto CD para corpos bidimensionais (Re > 10 4) Barra circular (cilindro) Barra elíptica Barra triangular equilátera Barra semicircularCascasemicircular Coeficientes de arrasto CD para corpos bidimensionais (Re > 10 4) Coeficientes de arrasto CD para corpos tridimensionais (Re > 10 4) Coeficientes de arrasto CD para corpos tridimensionais (Re > 104) (cont.) Exercício Como parte dos esforços contínuos para reduzir o coeficiente de arrasto e assim aumentar a eficiência no consumo de combustível dos carros, o projeto dos espelhos retrovisores laterais tem sido alterado drasticamente desde uma simples placa circular até uma forma carenada. Determine a quantidade de combustível e o dinheiro economizado por ano como resultado da substituição de um espelho retrovisor plano de 13 cm de diâmetro por outro com um fundo hemisférico. Suponha que o carro percorra 24.000 km por ano a uma velocidade média de 95 k/h. considere a densidade e o preço da gasolina 0,8 kg/l e $0,60/l, respectivamente, sendo o valor calórico da gasolina 44.000 kJ/kg e a eficiência global do motor 30%. Escoamento Paralelo sobre Placas Planas Escoamento Paralelo sobre Placas Planas Considerando o escoamento de um fluido sobre uma placa plana, pode-se considerar o fluxo como sendo composto de diversas camadas sobrepostas � A primeira camada em contato com a placa assume a velocidade da placa (zero) e retarda as partículas da segunda camada. � A segunda camada retarda as partículas da camada seguinte, e assim por diante. � A influência da placa é sentida até uma distância normal δ da placa � A componente na direção x da velocidade varia de zero em y = 0 até v em aproximadamente y = δ. Escoamento Paralelo sobre Placas Planas A região de escoamento acima da placa limitada por δ é chamada camada limite de velocidade. Na região da camada limite, os efeitos viscosos e a alteração de velocidades é significativa. Acima da camada limite existe uma região denominada de região de escoamento irrotacional, na qual os efeitos de atrito são desprezíveis e a velocidade permanece constante. Para o escoamento paralelo sobre uma placa plana, o arrasto de pressão é zero e o coeficiente de arrasto é igual ao coeficiente de arrasto de atrito. Escoamento Paralelo sobre Placas Planas �� ��,%&'(&) �8Coeficiente de atrito para placa plana A força de arrasto (ou atrito) sobre a placa plana pode ser obtida a partir de �� �8 12�8. �. . !" Onde A é a área da placa exposta ao escoamento do fluido. Se ambos os lados da placa estiverem submetidos ao escoamento, A é a área total de ambos as superfícies da placa. Coeficiente de Atrito O coeficiente de atrito para escoamento laminar sobre uma placa plana pode ser determinado a partir das equações de conservação de massa e da conservação do momento. O coeficiente de atrito médio para a placa pode ser obtido a partir da integração dos coeficientes locais. �8 19� �8,:�; � < Onde �8,: representa o coeficiente de atrito local. Coeficiente de Atrito = 4,91. ;.�:#/" �8,: 0,664.�:#/" .�: C 5. 10 ELaminar = 0,38. ;.�:#/E �8,: 0,059.�:#/E 5. 10 E H .�: H 10ITurbulento x é a distância a partir do bordo de ataque da placa. Essas equações não são válidas próximo do bordo de ataque. Coeficiente de Atrito O coeficiente de atrito médio pode ser obtido a partir da integração das equações anteriores. �8 1,33.��#/" .�� C 5. 10 ELaminar �8 0,074.��#/E Turbulento 5. 10E H .�� H 10I .�K 5. 10E !. ;KL Exercício Óleo de motor a 40 ºC (ρ = 876 kg/m3 e ν = 2,485.10-4m2/s) escoa sobre uma placa plana de 5 m de comprimento com uma velocidade de corrente livre de 2 m/s. determine a força de arrasto que age sobre a placa por unidade de largura Sustentação A sustentação á a componente da força resultante (devido a forças viscosas e de pressão) que é perpendicular à direção do escoamento. O coeficiente de sustentação é �� ��1 2 . !". � Sustentação envergadura, b corda, c Área planiforme, bc Para um aerofólio, corda é o comprimento entre os bordos de ataque e de saída. Envergadura (b), é a distância entre as extremidades do aerofólio. A sustentação média por unidade de área planiforme é chamada de carga da asa. Sustentação Para dispositivos destinados a gerar sustentação, como os aerofólios, a contribuição dos efeitos viscosos para a sustentação geralmente é desprezível (corpos carenados e cisalhamento na parede paralelo à superfície). Na prática, a sustentação deve-se à distribuição de pressão nas superfícies do corpo. A forma do corpo tem grande influência sobre a sustentação. O projeto de aerofólios tem como objetivo minimizar a pressão média na superfície superior e maximizá-la na superfície inferior. Sustentação A sustentação pode ser determinada pela integração da distribuição de pressão ao redor do aerofólio. A camada limite pode ser ignorada e os cálculos da distribuição de pressão sobre a superfície podem ser feitos a partir da teoria do escoamento potencial (forças viscosas nulas): � Vorticidade zero, � Escoamento irrotacional Sustentação A velocidade de voo mínima pode ser determinada a partir do requisito de que o peso total W do avião deve ser igual à sustentação e �� ��,M%:. N �� 12��,M%:. . !M(O " . � !M(O 2.N . ��,M%:. � Sustentação As características de sustentação e arrasto de uma asa de um aerofólio podem ser alteradas mudando-se o ângulo de ataque ou a forma do aerofólio pela utilização de flaps móveis nos bordos de ataque e fuga. Os flaps são utilizados para alterar a forma das asas durante a decolagem e pouso para maximizar a sustentação e permitir o pouso e decolagem em baixas velocidades Sustentação – Exercício Um avião comercial tem uma massa total de 70.000 kg e uma área planiforme de 150 m2. o avião tem uma velocidade de cruzeiro de 558 km/h e uma altitude de cruzeiro de 12.000 m, onde a massa específica do ar é 0,312 kg/m3. O avião tem flaps com fenda dupla para usar durante a decolagem e pouso, mas viaja com todos os flaps recolhidos. Supondo que as características de sustentação e arrasto das asas podem ser aproximadas pela NACA 23012, determine. a) A velocidade mínima segura para decolagem e pouso com e sem os flaps estendidos. (CL,max = 3,48 com flaps e CL,max = 1,52 sem flaps) b) O ângulo de ataque para voo estável na altitude de cruzeiro. c) A potência que deve ser fornecida pelos motores para produzir empuxo suficiente para vencer o arrasto da asa. (CD ≅ 0,03) Dado: massa específica do ar no solo de 1,20 kg/m3.
Compartilhar