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RESUMO - Bioeletrogênese Monitor: José Calsoni POTENCIAL DE REPOUSO - A células excitáveis (ex. células do SN e musculares), possuem em seu citosol uma concentração maior de cargas negativas do que positivas, quando comparada ao líquido extracelular (LEC, ou líquido intersticial) - O neurônio é permeável a diversos ions (cátions e ânions), que existem nos líquidos dentro e fora da célula em concentrações diferentes. A saber: temos mais K+ dentro da célula do que fora, porém mais Na+, Ca2+ e Cl- fora do que dentro. Ou seja, o movimento a favor do gradiente desses íons será do K+ de dentro para fora e do restante, ao contrário (tendencia) - A membrana possui canais de vazamento para que cada íon mantenha um fluxo - A membrana possui mais canais de vazamento de K+, e eles são mais permeáveis do que os outros canais (o potássio influencia mais no pot. de repouso). Ou seja, o potássio tem um fluxo “facilitado” em relação a outros ions. - Equação de Nernst: Calcula o Potencial de Equilíbrio de 1 determinado íon (o potencial que esse ion gera quando a atração elétrica é equilibrada pela força do gradiente de concentração das moléculas) - Equação de Goldmann: Calcula o potencial de membrana, levando em consideração todos os íons que a permeiam - O potencial de repouso é a DDP que existe na membrana no estado de repouso, e no neurônio é em torno de -70 a -60mV (valor obtido quando calculado na equação de Goldmann, baseado em tds íons) – negat. dentro - Esse potencial existe quando canais de vazamento (passivos) + a bomba de sódio e potássio estão em atividade, com base nas concentrações fisiológicas dos íons dissolvidos nos líquidos intra e extracelulares. Ou seja, é a DDP entre a membrana quando a célula está só “existindo” - Por ser mais permeável ao potássio e ter muitos canais de vazamento para o potássio (K+), a concentração extracelular de K+ tem um impacto grande no potencial de membrana, de forma a DESPOLARIZAR o potencial de membrana em relação a seu estado inicial (se eu aumento o potássio de fora, continua tendo mais potássio dentro, porém o potencial para que ele “saia” da célula, diminui) FATORES DETERMINANTES PARA MANTER O POTENCIAL DE REPOUSO Tudo isso abaixo junto quando simplesmente “é o que é” faz com que o potencial de repouso exista e seja em torno de -70mV 1) Bombas de Sódio Potassio (Na+/K+/ATPase) 2) Gradiente Eletroquímico – gradiente de concentração e elétrico – dos íons que permeiam a membrana (Intracelular e Extracelular) 3) Permeabilidade Seletiva: canais de vazamento de Potássio (principalmente) Potencial de Ação (ou impulso nervoso) - Definição: É uma alteração transitória no potencial de membrana, saindo do seu estado de repouso (em torno de -70mV), quando um estímulo promove uma despolarização supra-limiar. Essa alteração produz sinais elétricos que são a forma essencial pela qual células nervosas processam e transmitem informações. O Potencial de Ação possui algumas fases divididas didaticamente e pode ser expresso por meio de um gráfico gerado em um osciloscópio (abaixo). Fases do P.A. 1) Estímulo supra-limiar Limiar de excitabilidade: Voltagem que deve ser alcançada para que comece o Potencial de Ação. Após o limiar, ocorre uma despolarização rápida e ainda mais intensa pela abertura de canais de sódio voltagem-dependentes (dependem da voltagem supralimiar pra serem abertos). 2) Fase Ascendente - A abertura dos canais de sódio voltagem-dependentes na zona disparo (ou gatilho) promove um grande influxo de Na+ para dentro da célula, causando uma rápida despolarização da membrana - Zona de disparo/gatilho: é uma região de membrana repleta de canais de Sódio voltagem-dependentes. Quando gerado o potencial supraliminar, a zona de gatilho promove um maior fluxo de sódio para dentro (o sódio é uma carga positiva mais concentrada fora da célula do que dentro, e quando entra, despolariza a membrana levando cargas positivas para o citosol) 3) Pico de Ultrapassagem - É quando o potencial de membrana atinge valores superiores à 0mV (já se tornou positivo devido o Na+ entrando) 4) Fase descendente - Primeiro os canais de sódio dependentes de voltagem são inativados. Além disso, canais de K+ dependentes de voltagem se abrem. Isso ocorre ao redor de (+30 a +40mV). - Com isso, o K+ mais concentrado dentro, tende a sair da célula, levando novamente a membrana para potenciais negativos 5) Hiperpolarização pós-potencial - Os canais de potássio são lentos para fechar (assim como pra abrir) e começam a fechar ao redor da voltagem de repouso, mas devido a fecharem lentamente, há um estado em que a célula chega a ficar carregada mais negativamente do que o repouso 6) Retorno ao estado de repouso - A membrana reestabelece seu potencial após o fechamento de todos os canais voltagem-dependentes - Isso ocorre principalmente devido ao papel da Bomba de Na+/K+/ATPase e aos canais de vazamento de K+ Outros conceitos sobre o Potencial de Ação - A Amplitude e Duração do P.A. são constantes. A intensidade do estímulo é interpretada devido à FREQUÊNCIA dos potenciais de ação que são gerados, e não à amplitude. A frequência máxima de potenciais de ação é em torno de (1000hz), e o que não permite que sejam gerados mais potenciais que isso é o período refratário absoluto - Período Refratário Absoluto: Os canais de sódio voltagem-dependentes estão inativados e não podem ser ativos novamente. Nesse período nenhum potencial de ação pode ser gerado até que o potencial de membrana atinja um valor capaz de tornar os canais de sódio aptos a serem ativados novamente - Período Refratário Relativo: A membrana quando hiperpolarizada e os canais de Na+ já fecharam, pode despolarizar, mas precisa de uma despolarização mais intensa para levar o potencial ao limiar (ela está muito negativa), pode despolarizar e gerar um novo P.A., porém é mais difícil. Conceitos Finais Fatores que influenciam na propagação/velocidade do impulso (P.A.): a) Diâmetro do axônio: Maior diâmetro, impulso mais rápido (lembrar da equação R = (p.L)/A (Equação da Rola = quanto maior o diâmetro (A), menor a resistência, porém propaga mais rápido b) Bainha de Mielina: revestimento lipídico (mielina) que cobre os axônios. Produzido por células gliais (oligodendrócitos no SNC e células de Schwann no SNP). - Isola a membrana eletricamente - Impede a perda de cargas (diminui a capacitância da membrana nas regiões de mielina) fazendo com que o potencial seja mais rápido - Nós (ou nodos) de Ranvier: são regiões do axônio de um neurônio mielinizado que não possuem bainha de mielina. É por esses nódos que o potencial de ação “salta” (é um ponto sem bainha, entre duas bainhas). - Condução saltatória: forma com que o potencial é propagado em neurônios mielinizados, por meio dos nós de ranvier. Promove uma maior velocidade de propagação do P.A. Potencial Eletrotônico x Potencial de Ação Potencial de Ação •Gerado por estímulos supra-limiares • Tudo ou nada (depende de canais dependentes de voltagem) • Unidirecional •Sempre despolarizante •Auto-propagável •Tem amplitude e duração constantes Potencial Eletrotônico •Deflagrado por estímulos sub-limiares (despolarização parcial) •Podem se somar para gerar um P.A. •Despolarizantes ou hiperpolarizantes •Local •Não propagável •De intensidade variável •Decremental (amplitude diminui com a distância do estímulo