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FISIOLOGIA GASTROINTESTINAL

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FISIOLOGIA GASTROINTESTINAL
Nathália Réggia Oliveira Silva ¹
O trato alimenta têm função de abastecer o corpo, mas isso é requer a movimentação do alimento pelo trato alimentar, secreção de soluções digestivas, absorção de água, diversos eletrólitos, vitaminas, circulação de sangue pelos órgãos gastrointestinais e o controle de todas essas funções pelos sistemas nervoso e hormonal.
PRINCÍPIOS GERAIS DA MOTILIDADE GASTROINTESTINAL
	O músculo liso gastrointestinal funciona como um sincício. Tem a camada muscular longitudinal e circular que se comunicam através de junções comunicantes, fazendo com que as contrações musculares possam passar de uma fibra para outra rapidamente. O músculo liso é excitado por atividade elétrica intrínseca, contínua e lenta. Essa atividade consiste em 2 tipos básicos de ondas elétricas:
 Ondas lentas- controla ritmicamente grande parte das contrações gastrointestinais, parecem ser causadas por interação entre as células do músculo liso e células intersticiais de Cajal, que, supostamente, atuam como marca-passos elétricos das células do músculo liso. As ondas lentas geralmente não causam, por si sós, contração muscular, mas estimulam o potencial em ponta. 
Potenciais em ponta- são verdadeiros potenciais de ação.
	Os potenciais de ação do trato gastrointestinal permite que grande quantidade de íons cálcio entre com quantidades menores de íons sódio e, portanto, são denominados canais para cálcio-sódio. É durante os potenciais em ponta que grandes quantidades de íons cálcio entram nas fibras e causam grande parte da contração.
	Além das ondas lentas e dos potenciais em ponta, o nível basal de voltagem do potencial de repouso também pode variar. Os fatores que despolarizam a membrana (excita a atividade) são: estiramento do músculo, estimulação pela acetilcolina, liberada a partir dos nervos parassimpáticos e estimulação de diversos hormônios. Já os fatores que hiperpolarizam a membrana (inibem a atividade) são: efeito na norepinefrina ou da epinefrina e estimulação dos nervos simpáticos.
CONTROLE NEURAL DA FUNÇÃO GASTROINTESTINAL- SISTEMA NERVOSO ENTÉRICO
	O trato gastrointestinal tem um sistema nervoso próprio- sistema nervoso entérico- é muito importante no controle dos movimentos e da secreção gastrointestinal. Esse sistema é composto por 2 plexos: [2: Acadêmica do Centro Universitário CESMAC, 2º período do curso de Medicina.]
Plexo mioentérico ou plexo de Auerbach- ( plexo externo) controla quase todos os movimentos.
Plexo submucoso ou plexo de Meissner- (plexo interno) controla a secreção e o fluxo sanguíneo. 
	A estimulação dos nervos parassimpáticos causa o aumento da atividade de todo sistema nervoso entérico, intensificando a maioria das funções gastrointestinais. Já o simpático inibe a atividade.
CONTROLE HORMONAL DA MOTILIDADE GASTROINTESTINAL	
	 A gastrina é secretada pelas células “G” do antro do estômago em resposta a estímulos associados à ingestão de refeição, suas ações primárias são estimulação da secreção gástrica de ácido e estimulação do crescimento da mucosa gástrica. 
	A colecistocinina (CCK) é secretada pelas células “I” da mucosa do duodeno e do jejuno, em resposta da digestão de gordura, ácidos graxos e monoglicerídeos nos conteúdos intestinais. Esse hormônio contrai a vesícula biliar, expelindo bile para o intestino delgado, inibe o apetite.
	A secretina é secretada pelas células “S” da mucosa do duodeno, em resposta ao conteúdo gástrico ácido que é transferido do estômago ao duodeno pelo piloro,ela tem pequeno efeito da motilidade do trato gastrointestinal e promove a secreção pancreática de bicarbonato. 
	O peptídeo inibidor gástrico (GIP) é secretado pela mucosa do intestino delgado superior, exerce efeito na diminuição motora do estômago e estimula a secreção de insulina.
	A motilina é secretada pelo estômago e do duodeno superior durante o jejum, e sua única função conhecida é de aumentar a motilidade gastrointestinal.
TIPOS FUNCIONAIS DE MOVIMENTOS NO TRATO GASTROINTESTINAL 
	No trato gastrointestinal existem 2 tipos de movimentos:
Movimentos propulsivos- fazem com que o alimento percorra o trato com velocidade apropriada para que ocorra a digestão e absorção. O movimento propulsivo básico é o peristaltismo, que é estimulado quando ocorre a distensão do trato gastrointestinal, ou seja, quando grande quantidade de alimento se acumula em qualquer ponto do intestino, quando ocorre irritação química ou física do revestimento epitelial do intestino e intensos sinais nervosos parassimpáticos.
OBS: O peristaltismo é apenas fraco ou não ocorre em regiões do trato em que existe ausência congênita do plexo mioentérico. Dessa forma, o peristaltismo efetivo requer o plexo mioentérico ativo.
OBS: “Lei do intestino”- é a junção do reflexo peristáltico e a direção anal do movimento do peristaltismo.
Movimentos de mistura- diferem nas várias partes do trato alimentar.
PROPULSÃO E MISTURA DOS ALIMENTOS NO TRATO ALIMENTAR
O tempo que os alimentos permanecem em cada parte do trato alimentar é importante para que possam ser processados adequadamente. Durante a deglutição vários mecanismos acontecem para que ocorra a passagem de alimento para o estômago. 
	Alimento direcionado para faringe traqueia fecha esôfago abre ocorre onda 
peristáltica rápida entra no estômago
	Quando a onda peristáltica esofágica se aproxima do estômago, onda de relaxamento procede o peristaltismo. Todo o estômago relaxa quando a onda peristáltica atinge a porção inferior do esôfago para que possa receber o alimento.
Esfíncter esofágico inferior (Esfíncter gastroesofágico)- É o músculo circular esofágico que funciona como um esfíncter. Esse esfíncter nas condições normais permanece contraído, contudo, quando a onda peristáltica de deglutição desce pelo esôfago ocorre o relaxamento desse esfíncter para que ocorra a fácil propulsão do alimento deglutido para o estômago. A constrição tônica do esfíncter gastroesofágico evita refluxo do conteúdo gástrico para o esôfago.
OBS: Outro fator que ajuda a evitar o refluxo é o fechamento do esôfago que funciona como uma válvula, evitando que a elevação da pressão intra-abdominal force os conteúdos gástricos de volta para o esôfago.
FUNÇÕES MOTORAS DO ESTÔMAGO
	As funções motoras do estômago estão associados a: armazenamento de grande quantidade de alimento; misturar esse alimento com as secreções gástricas; esvaziar o quimo do estômago para o intestino delgado. Os sucos digestivos do estômago são secretados pelas glândulas gástricas que entram em contato com o alimento.
	Na maior parte do tempo, as contrações rítmicas do estômago são fracas e servem para misturar o alimento com as secreções gástricas. Posteriormente, as contrações tornam-se mais fortes para que ocorra o esvaziamento do estômago.
	O piloro tem controle no esvaziamento gástrico, uma vez que, sua musculatura circular permanece em contração quase o tempo todo, funcionando como um esfíncter pilórico. passagem de alimento até ser misturado no quimo para a consistência quase líquida.
	O esvaziamento do estômago também sofre influencia da gastrina, pois ela tem efeito sobre o peristaltismo gástrico. A intensidade do esvaziamento é limitada à quantidade de quimo que o intestino delgado pode processar. 
MOVIMENTOS DO INTESTINO DELGADO
	O quimo é impulsionado, pelo intestino delgado, por ondas peristálticas. A atividade peristáltica é aumentada pelo chamado reflexo gastroentérico, causado pela distensão do estômago e conduzido até o intestino delgado. Além dos sinais nervosos que podem afetar no peristaltismos, diversos hormônios influenciam, como a gastrina, CCK, insulina, motilina e a serotonina que intensificam a motilidade intestinal. Por outro lado, a secretina e o glucagon inibem a motilidade.
	As onda peristálticas além de causar a progressão do quimo para a válvula ileocecal - evita refluxo do conteúdo fecal do cólon para o intestino delgado- também tem função de distribuir o quimo ao longo damucosa intestinal. Quando a pessoa fez outra refeição, o reflexo gastroileal intensifica o peristaltismo no íleo para que o quimo possa passar para o ceco do intestino grosso.
MOVIMENTOS DO CÓLON
	As principais funções do cólon são absorção de água e eletrólitos do quimo para formar fezes sólidas e armazenamento de material fecal. Os movimentos do cólon são, normalmente, muito lentos.
	Da mesma forma que ocorre os movimentos de segmentação no intestino delgado, grandes constrições circulares ocorrem no intestino grosso. Ao mesmo tempo, o músculo longitudinal do cólon se contrai e essas contrações combinadas de faixas circulares e longitudinais fazem com que a porção não estimulada do intestino grosso se infle em sacos denominados haustrações. Assim, ocorre as contrações haustrais que fazem com que o material fecal seja expelido. Do ceco ao sigmóide ocorrem também movimentos em massa, que é um tipo modificado de peristaltismo que ajuda na defecação. O aparecimento dos movimentos em massa depois das refeições é facilitado por reflexos gastrocólicos e duodenocólicos.
	Quando o movimento em massa força as fezes para o reto, surge a vontade de defecar, com a contração reflexa do reto e o relaxamento do esfíncteres anais. O reflexo da defecação intrínseco é mediado pelo sistema nervoso entérico, mas para que a defecação ocorra é necessário o reflexo da defecação parassimpático, pois os sinais parassimpáticos intensificam bastante as ondas peristálticas e relaxam o esfíncter anal interno.
SECREÇÃO DE SALIVA
	As principais glândulas salivares são as parótidas, submandibulares e sublinguais. A saliva contém 2 tipos principais de secreção de proteínas: a secreção serosa contendo ptialina e a secreção mucosa contendo mucina. As glândulas parótidas produzem quase toda a secreção de tipo seroso, enquanto as submandibulares e sublinguais produzem secreção serosa e mucosa.
	A saliva contém quantidade elevada de íons potássio e bicarbonato, e concentrações menores de sódio e cloreto. A secreção da saliva é composta por 2 estágios: o primeiro envolve os ácinos que produzem secreção primária e o segundo envolve os ductos salivares.
	À medida que a secreção primaria flui pelos ductos, ocorrem dois processos que modificam a concentração iônica da saliva. Primeiro, íons sódio são reabsorvidos e íons potássio são secretados, fazendo com que a concentração de sódio da saliva diminua, enquanto a do potássio aumente. Entretanto, a reabsorção de sódio excede a secreção de potássio, criando uma negatividade elétrica nos ductos salivares; isso faz com que íons cloreto sejam reabsorvidos passivamente e a concentração de íons cloreto cai quando comparado ao sódio no liquido salivar. Segundo, íons bicarbonato são secretados para o lúmen do ducto.
	Assim, em condições de repouso, as concentrações dos íons sódio e cloreto na saliva são inferiores comparadas no plasma. Por outro lado, as concentrações de íons potássio e bicarbonato na saliva são maiores do que no plasma.
OBS: Quando grande quantidade de saliva é produzida, a concentração de cloreto de sódio diminui e a de potássio aumenta em relação à do plasma.
	A estimulação parassimpática aumenta a salivação e a área do apetite. A estimulação simpática também pode aumentar a salivação, porem bem menos do que a estimulação parassimpática.
SECREÇÃO GÁSTRICA
	A mucosa gástrica possui dois tipos de glândulas tubulares: glândulas oxínticas (secretam ácido clorídrico, pepsinogênio, fator intrínseco e muco) e glândulas pilóricas (secretam muco e o hormônio gastrina).
	A glândula oxínticas (gástricas) é composta por 3 tipos de células: células mucosa do cólon- secretam muco, células pépticas ou principais- secretam pepsinogênio, e células parietais- secretam ácido clorídrico e o fator intrínseco.
OBS: Acetilcolina, gastrina e histamina estimulam a secreção gástrica.
OBS: Quando as células parietais são destruídas a pessoa desenvolve acloridria (ausência de secreção de ácido gástrico) e anemia perniciosa, pois o fator intrínseco é essencial para a absorção de vitamina B12.
- SECREÇÃO E ATIVAÇÃO DO PEPSINOGÊNIO
	Quando o pepsinogênio é secretado ele não tem atividade digestiva, porém quando entra em contato com o ácido clorídrico ele é clivado para forma de pepsina ativa. A pepsina atua como enzima proteolítica, ativa em meio muito ácido.
	A regulação da secreção de pepsinogênio ocorre em resposta a estimulação das células pépticas por acetilcolina e pelo ácido no estômago.
- ESTIMULAÇÃO DA SECREÇÃO DE ÁCIDO PELO ESTÔMAGO
	As células parietais são as únicas células que secretam ácido clorídrico. Essas células são controladas por outro tipo de células, denominada de células semelhantes às enterocromafins, cuja função é de secretar histamina através do estimulo pelo hormônio gastrina.

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