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Integração e Interpretação da Lei Penal

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Direito Penal I
Prof. Alexandre Leopoldo.
Aula 3
ANALOGIA ( FORMA DE INTEGRAÇÃO)
 
O legislador por mais diligente que seja na elaboração das normas nunca conseguirá prever uma que atenda todas as situações.
Assim o artigo 4º da LICC determina a aplicação das seguintes formas de integração:
Analogia
Costume
Princípios gerais do direito
 
Deve ser respeitar essa ordem na integração da lei penal.
O emprego dos processos de integração não é ilimitado, esbarra nos princípios da reserva legal. Assim só podem ser aplicadas em relação as normas penais não incriminadoras.
 
Conceito de Analogia- Forma de interpretação da norma consistente em aplicar a uma hipótese não prevista em lei a disposição legal relativa a um caso semelhante.Terminantemente proibido aplicação da analogia para normas penais incriminadoras tendo em vista o Principio da Legalidade e da Reserva legal.:
 
Analogia em bonam partem- perfeitamente viável é muitas das vezes necessárias para ao que interpretarmos a lei penal não chegaremos a situação absurdas. Ex: Atentado violento ao Pudor. Aborto sentimental, utiliza-se o critério do aborto por analogia.
Analogia em malam partem- é aquela que de alguma maneira prejudica o agente deve ser peremptoriamente afastada..
Ex: Artigo 289 §3º A Lei se refere a papel moeda, não poderia aplicar a regra para emissão de moeda metálica a superior permitida por se traduzir em uma analogia in malam partem.
INTERPRETAÇÃO DA LEI PENAL
 	Interpretar é buscar o verdadeiro sentido da norma. É procurar descobrir aquilo que ela tem a nos dizer.
Quanto ao sujeito: Autentica, doutrinária, jurisprudencial, gramatical e sistemática.
Quanto ao resultado:
INTERPRETAÇÃO EXTENSIVA
A vontade da lei cogita em contemplar o caso examinado, mas o seu texto disse menos do que queria( lex minus dixit quam voluit) Na interpretação extensiva há vontade de prever o caso, mas o seu texto diz menos que o desejado, estende-se o seu sentido até o fato. Ex: Artigo 235 bigamia. Será que a poligamia também não é?
INTERPRETAÇÃO ANALÓGICA
Na interpretação analógica é a própria lei quem determina que se aplique analogicamente( a lei permite) A lei define a forma casuística e menciona os casos que devem ser compreendidos por semelhança( Ex: “ qualquer outro meio , de qualquer forma” vontade de abranger os casos semelhantes.
INTERPRETAÇÃO RESTRITIVA
 
É aquela que o interprete diminui o alcance da lei, uma vez que esta à primeira vista disse mais do que deveria dizer ( LEX DIXIT PLUS QUAM VOLUIT), buscando dessa forma apreender o seu verdadeiro sentido.
Exemplo: Artigo 28 II preconiza embriaguez mas não se referiu a embriagues patológica, já que o artigo 26 já tinha se referido. Diminui-se o alcance da norma apara subtrairmos quando for o caso de embriaguez patológica.
 
NORMA PENAL
É a proibição e a sanção que vem inseridos na lei, são reconhecidos como normas penais.
NORMAS PENAIS INCRIMINADORAS é reservada a função de definir as infrações penais, proibindo ou impondo condutas, sob ameaça de pena.
 
NORMAS PENAIS NÃO INCRIMINADORAS
Finalidades : tornar licitas certas condutas; afastar a culpabilidade do agente erigindo a causas de isenção de pena; esclarecer determinados conceitos; fornecer princípios gerais para a aplicação da norma.
Podem ser :
Permissivas Justificantes( afasta a ilicitude) ou exculpantes(afasta a culpabilidade)
Explicativas- visam a esclarecer ou explicar conceitos.( artigo 327 e 150 § 4º)
Complementares- são aquelas que fornecem princípios gerais para a aplicação da lei penal, tal como a existente no artigo 59.
PRECEITOS DA NORMA PENAL INCRIMINADORA:
Preceito primário – é o encarregado de fazer a descrição detalhada e perfeita da conduta que se procura proibir ou impor;
Preceito secundário cabe a tarefa de individualizar a pena cominando-a em abstrato.
NORMAS PENAIS EM BRANCO
São aquelas que há uma necessidade de uma complementação para que se possa compreender o âmbito de aplicação de seu preceito primário. Embora haja a descrição da conduta proibida essa descrição, requer obrigatoriamente, um complemento, extraído de outro diploma, para que possam ser efetivamente entendidos
Fonte Homogênea _ fonte de produção é a mesma
Fonte heterogênea- fonte de produção diferente
Conflito Aparente de Normas
 
Conceito: Dá-se o chamado Conflito Aparente de Leis penais, quando, em tese, duas ou mais leis penais vigentes são aplicáveis para a mesma infração
Requisitos: 
Fato único
Duas ou mais leis aparentemente aplicáveis
Distinções do Conflito Aparente de Normas com Concurso de Crimes.
 O conflito Aparente de leis penais, assim não se confunde com o concurso de crimes, que requer uma pluralidade de infrações penais. 
O conflito, ademais, é só aparente porque, no final, uma só das leis terá incidência ao caso concreto. 
Não se identifica, de outro lado, com o conflito de leis penais no tempo: naquele as duas ou mais leis acham-se em vigor ( há apenas um concurso de leis penais); neste uma lei sucedeu a outra( uma esta em vigor a outra não; há uma sucessão de leis penais)
Princípios
Especialidade: A lei especial derroga a lei geral. Uma lei é especial em relação a outra quando contem todos os requisitos descritivos típicos da lei geral e mais um ou alguns (chamados requisitos especializantes, que conduzem a uma distinção em abstrato dos injustos penais considerados). Relação de Gênero e Espécie. 
LEX SPECIALIS DERROGAT LEGI GENERALIS
Ex: artigo 302 CTB X 121 parag 3 do CP. 
Tipo penal Básico X tipo Penal derivado
Tráfico X contrabando
Principio da Subsidiariedade: lex primaria derogat legi subsidiariae
A subsidiariedade (que sempre nos conduz a idéia de um crime menor está vinculado a um crime maior) pode ser expressa ou tácita. É expressa quando o legislador explicita que determinado tipo legal só tem aplicação se o fato não constitui crime mais grave. Ex: Artigo 15 da Lei 10.826/2003 Artigo 132 CP.
Há Subsidiariedade Tácita ou implícita quando um crime menor integra a descrição típica de outro ( mais grave).
Ex: Furto é crime subsidiário diante do Roubo. Nesse caso há uma relação de espécie e espécie (e não de gênero e espécie como se passa no principio da especialidade). 
Em ambas as hipóteses (subsidiariedade expressa ou tácita) ocorrendo o crime principal (o maior) afasta-se a aplicação da regra subsidiária.
 
	No momento da denúncia, por exemplo, se o promotor constata a ocorrência do crime maior, deve oferecer sua peca acusatória por este crime ( maior) afastando a incidência do crime menor. Ate aqui o principio da subsidiariedade se confunde com o da consunção.
Mas quando chega a sentença final, na eventualidade de que o crime principal não resulte configurado (ou comprovado) pode dar-se a desclassificação da infração. Por força do princípio que estamos estudando, torna-se possível a condenação pelo crime subsidiário( se não se comprova o roubo, pode-se condenar, quando o caso pelo crime de furto, observadas evidentemente, as regras processuais da mutatio libeli( 384 p. único CPP).
FURTO 
VIOLACAO DE DOMICILIO 
CONCURSO APARENTE DE NORMAS 
DESCLASSIFICACAO DO CRIME 
PROVIMENTO PARCIAL 
PREVALENCIA DA MAIORIA 
FURTO. VIOLAÇÃO DE DOMICÍLIO. SUBSIDIARIEDADE. Se o agente, após ingressar em residência e constatar tratar-se de centro espiríta vem a se retirar sem nada subtrair, há que se reconhecer, tão só, a violação de domicílio, frente o princípio da subsidiariedade, que assim soluciona o conflito ou concurso aperante de normas. Desclassificação a que se procede, reconhecendo-se cumprida a pena detentiva imposta. Provimento parcial do apelo. Voto vencido. 
Princípio da Consunção ou da Absorção
 
Em virtude do principio da consunção ou da absorção devemos observar a seguinte regra geral: o fato de maior entidade consome ou absorve o de menos graduação (LEX CONSUMENS DERROGAT LEGI CONSUMPTAE) Em outras palavras: a norma penal que retrata de modo total (de forma mais ampla, de forma mais completa) o desvalor do injusto considerado em sua globalidade prepondera sobre a que contempla só parcialmente
O crime consumado
absorve a tentativa
A autoria absorve a participação
Crime progressivo: Dá-se o crime progressivo quando o agente para alcançar um resultado mais gravoso passa necessariamente por um de menor entidade. Ex: homicídio e lesão corporal.
Crime progressivo não é a mesma coisa que progressão criminosa. Progressivo é o crime cometido num só tempo, num só momento. A progressão criminosa necessariamente desdobra-se em dois atos (dois momentos) Primeiro o agente quer praticar o crime menor e pratica; depois resolve consumar a afetação jurídica mais gravosa. Ex: Inicialmente o agente pretende causar lesão. Após consumar a lesão resolve matar. As lesões são absorvidas pelo homicídio.
Diferenças entre crime progressivo e progressão criminosa.
 
No primeiro o crime é realizado num único contexto fático, no segundo temos dois contextos distintos
No primeiro a intenção do agente já é ( desde o principio) alcançar o crime maior (homicídio), no segundo a intenção é consumar o crime de menor entidade( lesão corporal) e só depois delibera pela realização do crime maior( homicídio).
 
Crime Progressivo :Um tipo abstratamente considerado contem implicitamente outro que deve necessariamente ser realizado para se alcançar o resultado. O anterior é simples passagem para o posterior e fica absorvido por este. Assim, no homicídio, é necessário que exista , em decorrência da conduta lesão corporal que ocasione a morte.Na rixa estão contidas as eventuais lesões corporais ou as vias de fato..
Na progressão criminosa há duas ou mais infrações penais, ou seja, há dois fatos e não um só. O agente pretende praticar um crime, e em seguida resolve praticar outro mais grave, Assim após ter causado lesões corporais a vítima, o agente com dolo de homicídio o mata.
Há progressão criminosa no ante factum impunível e no post factum impunível em qualquer hipótese deve o autor responder pelo crime mais grave
Crime Complexos: Quando há a fusão de dois ou mais crimes Ex: roubo.
O STF entende que o crime de estupro é complexo quando na verdade não é.
 
	O principio da consunção nos conduz a afirmar que no crime complexo há um só crime (perdendo autonomia os crimes subsidiários). O que resolve o crime complexo, desse modo, é o principio da consunção. Mas na eventualidade de que esse crime não resulte configurado ( não se prova a violência no roubo) por força do princípio da subsidiariedade pode-se punir pelo crime menor (furto), respeitando-se as regras processuais pertinentes (384 CPP).
O Principio da consunção ainda é valido para resolver as seguintes situações:
 
ante factum impunível
Post factum impunível: exaurimento
Crime fim absorve o crime meio, ainda que o crime meio seja punido mais gravemente, fica absorvido pelo crime fim quando se coloca (no caso concreto) na linha de desdobramento da afetação do bem jurídico.
Ex: A falsidade documental fica absorvida pelo estelionato quando se apresenta como meio utilizado pelo agente para afetação do bem jurídico patrimonial ( Sumula 17 do STJ.)
Fundamento do Princípio que regem o conflito aparente de leis penais
O ordenamento jurídico é um sistema consistente e, portanto desenvolve técnicas para resolver conflitos internos;
Ninguém pode ser castigado duas vezes pelo mesmo fato, vedação ao bis in idem (só admite exceção na extraterritorialidade).
Um fato típico anterior ou posterior não pode ser punível quando integrar a fase executória de outro crime. Se o fato anterior não ofender bem jurídico novo, não se justifica sua punição de forma autônoma. Ex: Falsidade no cheque sem fundos. Ou quando um crime é meio necessário ou integrante normal do iter criminis.
Principio da Alternatividade: Aplica-se nos crimes de conteúdo múltiplos ou variados. Tipo Misto ou Alternativo

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