DESEMPENHO DA AGROPECUÁRIA NOS ANOS 90

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DESEMPENHO DA AGROPECUÁRIA NOS ANOS 90
É importante perceber que a política agrícola implementada nos anos 90 é a mesma dos anos 2000 e agora, dos anos 2010.
Política agrícola: NENHUMA. 
A partir dos anos 90, temos um estado ausente quanto ao setor agropecuário. 
Anos 60 e 70: estado altamente interventor, que fez a Modernização Conservadora.
Anos 80: estado menos interventor. 
A principal característica dos anos 90, é o estado ausente. 
Então, quais foram as transformações implementadas nos anos 90? 
Primeira coisa que mudou, nos anos 90: uma política de valorização cambial. Nos anos 80, o estado, pra salvar a produção agropecuária, criou a politica de maxidesvalorização cambial (aumento da inflação, como consequência). Nos anos 90, o estado tentou reverter esse quadro, logo, ele faz a política inversa, a VALORIZAÇÃO CAMBIAL, onde ele vai equiparar a moeda nacional (agora o real) com o dólar. 
Quando a moeda é desvalorizada, é mais fácil exportar. Mas quando a moeda é valorizada, fica mais difícil exportar. O produtor nacional que produz para exportação (grande produtor), continua exportando nos anos 90 (ECONOMIA AGROEXPORTADORA). O grande produtor precisa diminuir o preço, para manter a taxa de exploração. Então, há queda na renda para esse produtor de exportação.
Se a moeda ficou mais forte, o produto ficou relativamente mais caro, a gente só consegue colocar ele no mercado se a gente colocar um preço menor. 
Nessa taxa cambial, se é difícil exportar, é mais fácil importar. Logo, o alimento entra mais barato no mercado nacional. O pequeno produtor abastece o mercado nacional, porém, agora é mais fácil a entrada de alimentos. Então, o pequeno produtor passa a ganhar menos, e não pode deixar de vender. 
A consequência da política de valorização cambial, a facilidade para importação e dificuldade para exportar, é diretamente relacionada ao menor valor recebido pelo produtor. PEQUENO E GRANDE PRODUTOR SÃO AFETADOS, porém, as consequências são sempre piores para os pobres.
Primeiro fenômeno: POLÍTICA DE VALORIZAÇÃO CAMBIAL. Porém, as coisas aconteceram em uma sequência. No mesmo momento, há política de valorização cambial e abertura da economia. Ao mesmo tempo em que nossa moeda facilita a importação, o estado passa a colocar barreira à entrada de produtos.
Então, nosso produtor que vive com monocultura mais difícil, passa a concorrer com produtos importados. E esses produtos importados entram no país sem que haja nenhum tipo de proteção ao nosso produtor.
Entra produto mais barato na nossa economia, aí o pequeno produtor abaixa o preço dele... a inflação abaixa, porque os produtos ficam cada vez mais baratos. O estado não se importa se os nossos produtores sofrem concorrência predatória com outros produtores de outros países. O estado também não se preocupa se o produto que está entrando no país é subsidiado.
Criação do Mercosul nos anos 90 – Livre comércio, abertura da economia.
Nos anos 90, governo da Nova Zelândia passou a subsidiar a produção. 
Nova Zelândia -> Argentina -> Brasil 
O governo brasileiro não toma nenhuma medida contra esse golpe econômico da Nova Zelândia. 
A primeira vez que o governo brasileiro vai se manifestar, é em 98.
O estado só se preocupava com produtos mais baratos e com a redução da inflação. Não se preocupava com quantos produtores saíram do mercado.
Além disso, os países capitalistas (indústrias) percebem que se elas ficarem focadas só em grandes mercados, qualquer crise que houver com aquele grande mercado, vai afetar as indústrias antes de tudo. Então, essas indústrias passam a expandir os mercados consumidores, investindo em mercados fora dos grandes centros capitalistas. Então, elas chegam até o Brasil, e com a entrada dos alimentos processados. 
Até os anos 90, praticamente não havia alimento processado sendo ofertado no mercado. Ex.: indústria de aves, onde a produção do Brasil se dá bem, conseguindo eliminar a indústria de aves de vários países.
Muita gente perdeu espaço no mercado com essa abertura da economia e o estado completamente ausente.
Nos anos 90, não há mais crédito subsidiado e nem a assistência técnica que foi dada durante a modernização conservadora.
Então, esse cenário é completamente desfavorável para a produção agropecuária, em contrapartida, aumenta a participação relativa da agropecuária na formação do PIB.
Aproximadamente 10% de participação da agropecuária no PIB (máximo 15%).
No final dos anos 90, a agropecuária participa com aproximadamente 10% na formação do PIB. 
A IMPORTÂNCIA DA AGROPECUÁRIA NÃO ESTÁ NO PIB (PIB: somatória de todas as riquezas). Quando você analiza a economia do país, não se analisa o PIB, analiza a balança comercial: se ela é favorável ou não. Então, todo o dinheiro que o país tem que investir, não vem do PIB, vem da balança comercial.
A agropecuária (contínua e sustentável ao longo dos anos) não é importante na formação do PIB, para o país, e sim, na balança comercial, onde praticamente todo o superávit da balança comercial vem dela. 
Então, em um cenário totalmente desfavorável, a agropecuária aumentou a importância relativa dela na economia. 
Nem sempre a agropecuária aumentar sua participação na balança é bom, porque isso pode trazer uma crise na indústria e no setor de serviços.
Toda economia capitalista desenvolvida, é baseada na indústria e nos serviços.
Anos 90: houve crescimento da indústria, do setor de serviços, porém, um crescimento muito maior da agropecuária.
Alguns indicadores dos anos 90: Grande pobreza de dados, o senso sai de 10 em 10 anos, e às vezes há atraso.
Nos anos 90 (entre 85 e 95), há redução, em 16% do número de propriedades. Isso indica que a terra ficou ainda mais concentrada. 
Entre 96 e 2006, houve aumento do número de propriedades, o que NÃO indica uma menor concentração de terras. Nesse período, há uma nova divisão do campo, e o surgimento de uma nova agropecuária. A partir de 96, as grandes propriedades passaram a ficar cada vez maiores, e as pequenas propriedades foram fragmentadas. Por isso, mesmo com o aumento do número de propriedades nesse período, há aumento da concentração de terras.
A quantidade de terra destinada à lavoura diminuiu entre 85 e 96, em 20%. Então, se nesse período houve essa redução, é esperado que a produção diminua, se a produtividade fosse a mesma de antes. Porém, a produção dobra, porque há aumento da produtividade.
A PRODUTIVIDADE SÓ AUMENTA QUANDO O ESTADO FICA AUSENTE. NÃO HÁ MAIS SUBSÍDIO.
Entre 96 e 2006 a quantidade de terra destinada à produção de grãos aumenta 43%. Porém, aumenta 43% já no contexto de produtividade elevada.
Essa produção de 2006, vai praticamente estabilizar. Vai aumentar, outra vez em 2008; de novo em 2012 e provavelmente vai aumentar outra vez em 2016.
A quantidade de terra usada pra pastagem plantada, aumentou 34% de 85 a 95. Por que as pessoas se preocupam em deixar cada vez menos a terra produtiva pelos cantos ou não utilizar terra produtiva? Só nos anos 90, se preocupam em utilizar toda a terra, porque há movimentos sociais de luta pela posse da terra, da parte não utilizada (há contestação). As pessoas passam a ocupar a terra com atividade de pouco investimento, normalmente atividade pecuária bovina extensiva. 
Essa área de pastagem plantada cresce até 96, mais que as áreas de lavoura, mais que a terra em descanso. 
A lavoura aumenta entre 96 e 2006, exclusivamente em cima da terra de pastagem não plantada. Então, as terras mais férteis, ao invés de serem usadas como pastagem, são convertidas em área de lavoura. Ainda assim, as áreas de pastagem aumentam em 2%. Essas áreas de pastagem aumentaram devido a florestas, principalmente no norte do país.
Temos redução do número do crescimento da agropecuária, ao longo dos anos 90, mostrando que houve concentração da terra. Há redução da área produtiva, mas aumento da pastagem. Então, essa redução foi exclusiva das áreas de lavoura. 
O crescimento da produção nos anos 90, foi causado pelo aumento da produtividade.
Só nos anos 90,que a análise de que o produtor tem que usar mais tecnologia para ser mais eficiente, torna-se verdadeira. Quem tem dinheiro para usar mais teconologia: grande produtor. Pequeno e grande produtor são opostos ao ambiente econômico desfavorável, facilidade de importação/dificuldade de exportação.
O crescimento da área de pastagem plantada, e consequentemente da atividade pecuária bovina. É nesse momento que a atividade pecuária bovina fica tão importante para o país.
Macroeconomia: os eventos acontecem em flutuação, e não de uma vez.
O que temos até 95, é uma evolução bastante incomum. De 95 até os anos 2000, temos uma flutuação com tendência à elevação. 
O que acontece com a produção de grãos: aumenta muito até 94. De 94 até 98: há uma flutuação com tendência de elevação. Em 98, isso aumenta um pouco mais. Flutua de 98 a 2000, com tendência de elevação. Em 2004, há um novo aumento na flutuação. Mantém até 2008, que aumenta mais, e em seguida em 2012. Esse quadro de sobe e desce é normal. 
Por que a produção aumenta muito até 94? E depois de 94 ela se estabiliza. O que aconteceu de tão dramático? O plano real. O plano real fortaleceu a moeda e foi mais difícil exportar.
Temos, nessa década, uma instabilidade na produção de grãos. Na primeira metade, há crescimento substantivo da produção, até o plano real; na segunda metade, um crescimento insignificante, flutuante.
País pobre com melhora de renda: as pessoas comem mais.
A produção NÃO aumentou pra todo mundo.
Produção de algodão/ produção de trigo: caem.
Produtor de trigo não consegue competir com os produtes de outros países por causa do clima.
Arroz, feijão AUMENTAM A PRODUÇÃO. O povo come mais agora.
SOJA: puxa o aumento de produção! Muito utilizada para alimentação como fonte de proteína!
Produção de mandioca também cai! 
Quem aumenta a produção: cana, laranja e soja. Foram culturas subsidiadas na época da modernização.
Produção de tomate também aumenta, e muito, porque há crescimento de alimentos processados.
RELAÇÃO DE TROCA: AGROPECUÁRIA X INDÚSTRIA
Essa relação mede o poder de compra relativo desses setores da economia. É o quanto eu preciso de produto agropecuário pra comprar insumo da indústria, e vice-versa. Quanto menor é essa relação, maior o poder de compra.
Então, essa análise soma aos custos produtivos, o poder de compra. Não adianta o produtor ganhar mais, se é mais caro produzir também.
Analiza quanto fica dentro da propriedade. Quanto da riqueza gerada pelo setor que se transforma em renda para o produtor.
Com isso, o indicador ao longo dos anos tem mais valor do que o indicador de um ano. Dá pra medir se o produtor ganha ou perde poder de compra. Se ele ganha poder de compra, indica que a atividade está mais lucrativa. 
Nos anos 90, o produtor ganha poder de compra. 
O poder de compra é analizado na relação de troca, analizado com base na relação: índice de preço pago (média de quanto o produtor paga pelo insumo agropecuário), índice de preço recebido (quanto vale o produto agropecuário).
Quanto pago pelo insumo/ quanto recebo pelo produto: quanto menor a relação, maior o poder de compra. 
Nos anos 90, a produção de soja e cana puxa esse resultado para cima (do poder de compra), porque o resultado é a média.
Produção agrícola dá mais lucro do que a pecuária. 
Valor de insumos mais caro que o produto: produtor ganha menos, e se quiser manter sua renda, ele precisa produzir mais. LEI DE OFERTA E PROCURA NÃO FUNCIONA NESSE MERCADO.
Único mercado que a produção de aves brasileira não consegue entrar: Chile, porque o frango de lá é alimentado com farinha de peixe (gosto). O frango brasileiro não é alimentado com a mesma farinha, logo, o gosto é diferente.
SEGUNDA PARTE DA AULA
Quando acaba a política de modernização agrícola? Em 1979. Porém, em 90 aumentou o uso de tecnologias e de assistência técnica. Reflete diretamente na preocupação do produtor com a produtividade.
A produtividade do grão é diretamente proporcional à quantidade de fertilizante que é utilizada. Como a produtividade aumentou durante esse período, esperava-se que a venda de fertilizantes aumentasse, e muito. Porém, aumentou pouco, quase nada. Isso ocorreu, porque os produtores passaram a usar insumos da forma mais eficiente possível. 
O uso de veneno também aumenta bem pouco, porque é usando de forma consciente.
A partir de 2000, aumenta o uso de fertilizantes e agrotóxicos.
Energia elétrica – boa parte da tecnologia necessita dela para funcionar. Além disso, ela é básica para a qualidade de vida.
Em 96, menos de 40% das propriedades rurais possuíam energia elétrica. Em 2006, menos de 70% das propriedades com energia elétrica. Atraso do campo no Brasil.
Produtivismo: ideologia que fala que todos os problemas do campo se acabam com o simples aumento de produção. Anos 90, produção cada vez maior.
Produção de bovino manteve a eficiência, nos anos 90. Praticamente o único setor da pecuária que não ganha eficiência.
Até os anos 80, tem o processo de modernização e caificação da economia. Indústria de insumo – produtor – indústria de processamento. 
A análise, agora, é feita do AGRONEGÓCIO: produtor, setor industrial que vem depois do produtor, e setor de distribuição. 
Quem domina o agronegócio: SETOR DE DISTRIBUIÇÃO.
Conclusões ao longo dos anos 90
Políticas desfavoráveis à agropecuária.
Políticas: abertura comercial, valorização cambial e ausência de política agrícola (mais importante).
Não confundir política agrícola com ações políticas para o meio rural.
PEQUENO e GRANDE produtor são prejudicados. Porém, o pequeno produtor fica mais pobre e o grande fica menos rico.
O resultado econômico é ruim para os pequenos produtores.