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1 WOLFF CAMARGO MARQUES FILHO ESPERMATOGÊNESE EM BOVINOS Monografia apresentada à disciplina “Seminário em Reprodução animal I” do Programa de Pós-graduação em Medicina Veterinária, Área de Reprodução Animal, Curso de Mestrado, da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da UNESP – Campus de Botucatu. Docentes Responsáveis: Professor Adj. Sony Dimas Bicudo Professora Adj. Maria Desnise Lopes Botucatu 2006 2 Resumo A utilização de biotecnologias na pecuária cada vez mais tem se tornado essencial para o sucesso na atividade. Com a bovinocultura não é diferente, por isso a importância de conhecermos os aspectos reprodutivos dos bovinos. Para obtermos resultados satisfatórios com a reprodução, primeiramente, os touros precisam estar aptos à reprodução, avaliados através de exame andrológico, método que nos permite analisar a qualidade do sêmen produzido pelos animais. A compreensão do mecanismo de produção dos espermatozóides – a espermatogênese - e os fatores que influenciam este processo são essenciais ao profissional que trabalha na área, tanto para solucionar patologias, mas também para previní-los. A espermtogenese é um complexo processo, potanto os estudos realizados sobre o assunto in vivo ou in vitro tornam-se extremamente importantes para o nosso aprimoramento no assunto. Apesar de bastante estudado, nunca poderemos considerar o assunto discutido por completo. Pensando nisso, esta revisão tem o objetivo de expor as peculiaridades da fisiologia durante a formação dos gametas masculinos. Palavras-chave: Bovinos, gametogênese, espermatocitogênese, espermiogênese. 3 Sumário Introdução...............................................................................................................1 Revisão de literatura...............................................................................................4 1. Desenvolvimento fetal e a espermatogênese.......................................................4 2. O mecanismo da espermatogênese.....................................................................5 3. Epitélio Seminífero: Espermatogênese.................................................................6 4. Espermatocitogênese...........................................................................................6 5. Espermiogênese...................................................................................................6 6. Fase de Golgi........................................................................................................7 7. Fase da Capa.......................................................................................................8 8. Fase de Acrossomo..............................................................................................9 9. Fase de Maturação.............................................................................................10 10. Espermiação.....................................................................................................11 11. Duração............................................................................................................12 12. Onda Espermatogênica....................................................................................12 13. Barreira sanguínea-testicular............................................................................13 13.1 Junções celulares................................................................................13 13.2 Camada mióide....................................................................................13 13.3 Junções das células de Sertoli.............................................................13 14. Secreções e fluidos...........................................................................................14 15. Controle endócrino...........................................................................................14 16. Fatores de crescimento....................................................................................15 17. Trânsito epidimário, maturação espermática e armazenamento......................16 Considerações finais............................................................................................16 Referências............................................................................................................16 4 Lista de Abreviaturas Página 4 FSH – Hormônio folículo estimulante Página 5 LH – Hormônmio luteinizante. Página 6 DNA – ácido desoxiribonucléico Página 8 PAS - reação do ácidoperiódico-schiff Página 10 ABP – proteína ligante Página 11 � – alfa � – beta Página 12 GNRH – Hormônio estimulante de gonadotrofinas HPT - hipotálamo I Introdução O sistema reprodutivo masculino é constituído de diversos órgãos peculiares que atuam em conjunto para produzir espermatozóides e liberá- los no sistema reprodutor da fêmea . Os órgãos genitais consistem em dois testículos (cada qual suspenso dentro da bolsa escrotal por um cordão espermático e pelo músculo cremaster externo); dois epidídimos; dois ductos deferentes; glândulas sexuais acessórias; e o pênis. O escroto, junto com os músculos cremasteres e a anatomia vascular das artérias e veias testiculares, tem como função a proteção e a regulação da temperatura dos testículos. É o órgão mais importante do sistema reprodutor masculino e que possui duas funções primordiais: a produção de espermatozóides, e do hormônio sexual masculino, (testosterona e outros hormônios como progesterona, estrógeno e colesterol). Estas duas funções ocorrem nos túbulos seminíferos, que alcançam cerca 2.000 metros de comprimento (quando desenovelado) e produzem 20.000 espermatozóides por segundo, e nas células intersticiais, ou nas células de Leydig, que constituem cerca de 7% do volume testicular, e são dependentes dos hormônios gonadotróficos, ICSH ou LH (hormônio luteinizante) e FSH (hormônio folículo estimulante), liberados pela adenohipófise (que se localiza na base do cérebro). O epidídimo não é apenas um conduto para os espermatozóides, mas também proporciona um ambiente especial para que estes se amadureçam e adquiram capacidade de fertilização. O epidídimo é constituído de cabeça, corpo e cauda. Nos dois primeiros ocorrem o transporte e a maturação dos espermatozóides. A cauda tem a função de reservar os espermatozóides. A passagem do espermatozóide através do epidídimo dura cerca de 10 dias no bovino. Na cabeça do epidídimo estão localizados cerca de 36% dos espermatozóides e, no corpo, cerca de 18%. A cauda do epidídimo tem a II capacidade de armazenar cerca de 45% até 70% dos espermatozóides, produzidos diariamente, que aí permanecem até serem ejaculados. Os que não forem ejaculados serão reabsorvidos e excretados periodicamente através da urina. Em animais que ejaculam diariamente, o tempo de permanência dos espermatozóides na cauda do epidídimo é menor e a quantidade que fica em reserva chega a 25% da produção diária. As glândulas acessórias contribuem para variação do ejaculado entre as espécies sendo responsável pela diferença na concentração, no volume e na característica do ejaculado.São estruturas localizadas na pélvis. As glândulas vesiculares (âmpolas) são lobuladas e variam de 8 a 10 cm de diâmetro no touro jovem a até 15 cm no adulto. Nestas estruturas é produzido o plasma seminal que atua como veículo para conduzir os espermatozóides do trato reprodutivo masculino para o feminino.O plasma seminal é o maior responsável pelo volume do ejaculado em bovino, visto que o volume produzido pelo esperma é relativamente pequeno em relação ao total do ejaculado. O pênis é o órgão copulador , formado por uma porção denominada corpo, pelo músculo retrator e pela glande. A glande, na fase pré-púbere, acha-se aderida ao prepúcio, por um ligamento que desaparece antes da puberdade.O prepúcio constitui-se de partes externa e interna que se acham ligadas ao pênis, contendo glândulas para lubrificação. O prepúcio pode ser curto (normal) ou penduloso, forma freqüentemente observada nos zebuínos.O óstio prepucial é a abertura através da qual ocorre a exteriorização normal do pênis, não devendo existir qualquer fibrose que a dificulte ou provoque a retenção do pênis . O processo de produção de espermatozóides, a espermatogênese, tem duração de 61 dias, desde a célula primordial até sua maturação (espermatozóide). A produção normal de espermatozódeis dependem de fatores ambientais, (luminosidade, temperatura e stress), nutricionais e genéticos. Erroneamente, pensam que a puberdade significa maturidade sexual. Alguns animais iniciam sua primeira produção de espermatozóides ainda jovens (em raças européias ocorre por volta de 9 aos 12 meses, dependendo do manejo utilizado). Porém não podemos dizer que estes animais estão maduros III sexualmente, pois eles ainda não estão na sua normalidade de produção espermática, e as vezes não apresentam estrutura corporal para efetuar a cópula completa . Além daquelas alterações na qualidade do sêmen, provindas da utilização indescriminada de corticóides, como a dexametasona, que funcionaria como agente estressor provocando uma espermatogênese anômala (HORN et al., 1997). Portanto, há de se avaliar muito bem um reprodutor, antes de colocá-lo no trabalho de reprodução. Um reprodutor jovem aos 16 meses de idade, pode ter peso e estrutura para cobrir uma fêmea; porém invariavelmente, não podemos considerá-lo como um touro maduro; para soltá-lo na vacada tem que ser muito bem analisado, e quando isso ocorrer tem que ter um melhor acompanhamento. Há de se avaliar muito bem um reprodutor, antes de colocá-lo no trabalho de reprodução. A produção diária de espermatozóides no touro adulto é da ordem de 12 a 14 bilhões. Um baixo desempenho reprodutivo determina menor produção de leite e de bezerros, incremento na despesa de manutenção de vacas secas, taxa de descarte mais elevada e maior número de doses de sêmen por concepção (LEITE et al., 2001). Desempenho baseado inicialmente na produção dos espermatozóides durante o mecanismo da espermatogênese. Na pecuária bovina, o macho é acasalado com um grande número de fêmeas. Por isto, o uso de touros de baixa fertilidade, inférteis ou de qualidade genética inferior, pode acarretar sérios prejuízos aos criadores, levando a um maior intervalo entre partos das vacas e ou produção de filhos de baixa qualidade. Antes da aquisição de um reprodutor deve-se definir a raça e o grau de sangue, em função da qualidade ou tendência racional do rebanho existente e da finalidade a que se propõe. É importante considerar, também, a região e condições de manejo da propriedade, além da qualidade do seu sêmen, condição sinequanão para um bom reprodutor. IV O espermatozóide representa somente um dos diversos passos de uma série de mudanças complexas que envolvem todo o processo da espermatogênese. O ciclo espermatogênico tem início com uma célula tronco ou espermatogônia tipo A. No túbulo seminífero, ocorre diversas mudanças nestas células iniciais, porém nenhuma área dele possui todos tipo celulalres que envolvem a espermatogênese, mas sim uma interrelação entre cada porção do túbulo, para que se complete a metamorfose até os espermatozóides. Estas asociações celulares que ocorrem durante o ciclo nos túbulos seminíferos nos permiti dicutir os vários estágios pelo qual as células são submetidas. A espermatogenese é um complexo processo, potanto os estudos realizados sobre o assunto in vivo ou in vitro tornam-se extremamente importantes para o nosso aprimoramento no assunto. Revisão bibliográfica 1. Desenvolvimento fetal e a espermatogênese Durante a vida fetal e neonatal, a gametogênese e a esteroidogênese paracem independentes, ao passo que no início da puberdade elas se tornam intimamente relacionadas. Os testículos, assim como os ovários, possuem dupla função: espermatogênese e secreção dos hormônios esteróides. Sendo, a espermatogênese, estimulada pelo Hormônio Folículo Estimulante (FSH) e aumentada pela ação dos andrógenos, principalmente a testosterona. A estrutura básica dos testículos permanece inalterada desde a diferenciação sexual até o início da puberdade. Os cordões seminíferos são delimitados por células de sustentação, enquanto que as células germinativas indiferenciadas ou gonócitos ocupam a parte central. V O tecido intersticial que preenche o espaço entre os cordões sexuais é composto de células alongadas do tipo conjuntivo e de células esteroidogênicas, reconhecidas por um retículo liso abundante e pela presença de mitocôndrias com cristas tubulares. As células de Leydig secretam andrógenos logo que a função gonadotrófica seja desencadeada. Contudo, as células de Leydig são sensíveis às gonadotrofinas e sua atividade esteroidogênica contínua dependente intimamente da secreção gonadotrófica. Em bovinos, a secreção de gonadotrofinas tem início com 45 dias e, as células de Leydig fetais são rapidamente estimuladas pelo LH e a testosterona até a regressão da função gonadotrófica (HAFEZ, 1982). No início da puberdade recomeça a secreção de gonadotrofinas e as células de Leydig são reativadas. Em suínos, as células de Leydig que foram ativadas durante a vida fetal e neonatal, ocupam grandes áreas entre os túbulos, enquanto que após a puberdade, as células peritubulares é que são mais ativas (VAN STRAATEN e WENSING, 1978). Esta observação tende a dar reforço a hipótese há muito debatida de que existem duas populações de células de Leydig, uma fetal e outra na puberdade. Do ponto de vista prático, um animal macho atinge a puberdade quando for capaz de emitir gametas e de manifestar seqüências completas de comportamento sexual. Basicamente, a puberdade é o resultado de um ajustamento gradual entre a atividade gonadotrófica em crescimento e a habilidade das gônadas de simultaneamente a esteroidogênese e a gametogênese. No início da puberdade, os níveis de secreção gonadotrófica aumentam sua amplitude e freqüência pulsáteis (FOSTER et al., 1978; LACROIX et al., 1977). Com duas a oito semanas de idade as freqüências pulsáteis de cordeiros aumentam de um a cinco em um período de seis horas. No macho, a testosterona aumenta progressivamente desde os níveis muito baixos até os de adulto, em resposta à secreção de gonadotrofinas. O alcance da secreção de testosterona aumenta à medida que a puberdade avança, e finalmente os níveis médios de testosterona permanecem definitivamente altos. VI Para uma espermatogênese “ótima” os testículos dos mamíferos devem descer para a bolsa escrotal. 2. O mecanismo da espermatogênese A espermatogênese é o processo pelo qual os gametas masculinos, os espermatozóides, são produzidos. Este processo ocorre de maneira contínua durante a vida sexual ativa dos animais nos testículos, os quais estão dispostos simetricamente em cada lado da linha média. Tem o formato de um grão de feijão, sua coloração varia de branco a amarelo e prateado, no macho imaturo, ao branco puro, durante a vida sexual ativa. 3. Epitélio Seminífero: Espermatogênese O epitélio seminífero, delineado pelos túbulos seminíferos, é composto de dois tipos celulares básicos: as células de Sertolie as células germinativas em desenvolvimento. As células sofrem uma série contínua de divisões celulares e modificações de desenvolvimento, começando na periferia e progredindo em direção à luz tubular. As células tronculares, chamadas espermatogônias dividem-se por várias vezes antes de formarem espermatócitos. Os espermatócitos então passam pelo processo de meiose, reduzindo o conteúdo de DNA das células à metade daquele das células somáticas. Esta série de divisões celulares é conhecida por espermatocitogênese. As células haplóides resultantes deste processo são chamadas de espermátides, as quais sofrem uma série progressiva de modificações estruturais e de desenvolvimento dando origem aos espermatozóides. Tais modificações metamórficas são conhecidas por espermiogênese. As células germinativas em desenvolvimento estão intimamente associadas com as grandes células de Sertoli ou células sustentaculares que as envolvem durante o desenvolvimento. VII 4. Espermatocitogênese Durante o desenvolvimento embrionário, células especiais chamadas células germinativas primordiais migram da direção do saco vitelíneo do embrião para as gônadas indiferenciadas. Depois de atingir a gônada fetal, as células primordiais dividem-se várias vezes antes de formar as células chamadas gonadócitos. No macho, estes gonócitos parecem sofrer uma diferenciação imediatamente antes da puberdade para formar o tipo de espermatogônia A0 das quais originam-se outras células germinativas. O tipo de espermatogônia A1 divide-se progressivamente para formar o tipo A2, tipo A3 e tipo A4. O tipo A4 divide-se novamente para formar espermatogônias intermediárias (tipo In) e então novamente para formar o tipo B de espermatogônia. Estes vários tipos espermatogônias que podem ser identificados em cortes histológicos de epitélio seminífero são a base para a proliferação da linha celular germinativa. Existe alguma variação em relação à classificação das espermatogônias, e algumas espécies são evidentes apenas três e não quatro tipos de espermatogônias. O tipo de célula A2 não apenas se divide para produzir muitas células germinativas que eventualmente formam espermatozóides, porém julga-se também que haja uma divisão específica para repor a população de células tronculares das espermatogônias do tipo A1. Parece que uma reserva especial de células tronculares tipo espermatogônia A0, repões a população de células tronculares. A espermatogônia tipo B dividi-se pelo menos uma vez e provavelmente duas para originar os espermatócitos primários. Os espermatócitos primários duplicam o seu DNA e sofrem modificações nucleares progressivas de prófase meiótica conhecidas por pré-leptóteno, leptóteno, zigóteno, paquíteno e diplóteno VIII antes de devidirem-se para formar espermatócitos secundários. Sem outra síntese de DNA, os espermatócitos secundários resultantes dividem-se novamente para formar as células haplóides, conhecidas por espermátides. Todo processo de espermatocitogênese divisional, desde espermatogônia até espermátide, leva aproximadamente 45 dias no touro. Todavia estas divisões são incompletas desde que pequenas pontes citoplasmáticas ou intercelulares ficam retidas entre a maioria das células de uma série ou de um “clone” de células germinativas de células de desenvolvimento (BLOOM e FAWCETT, 1975). Julga-se que estas pontes sejam importantes na coordenação do desenvolvimento simultâneo de células germinativas como um grupo. 5. Espermiogênese As espermátides arredondadas são transformadas em espermatozóides através de uma série de modificações morfológicas progressivas conhecidas como espermiogênese. Estas modificações incluem condensação da cromatina nuclear, formação da cauda espermática ou aparelho flagelar, e desenvolvimento da cauda acrossomal. Os vários estágios de desenvolvimento da transformação espermática são classificados através da reação do ácidoperiódico-schiff (PAS) para corar os componentes do acrossomo em desenvolvimento em cor vermelha acentuada. São notadas quatro fases neste processo de desenvolvimento: a fase de Gole, a da capa, a acrossomal e a fase de maturação. 6. Fase de Golgi Fase da espermiogênese é caracterizada pela formação de grânulos pró- acrossomais PAS-positivos, dentro do aparelho de Golgi, a convalescença dos grânulos dentro de um único grânulo acrossomal, a aderência do resultante grânulo acrossomal ao envelope nuclear, e os estágios primários do IX desenvolvimento da cauda no pólo oposto ao da aderência do grânulo acrossomal. O centríolo proximal migra aproximadamente ao núcleo local onde se julga que ele forme uma base para a união da cauda à cabeça. 7. Fase da Capa Caracterizada pela difusão dos grânulos acrossomais aderentes sobre o núcleo da espermátide. Este processo continua até que aproximadamente 2/3 da porção anterior de cada núcleo da espermátide seja recoberto por um envoltório fino de dupla camada que se adere intimamente ao envelope nuclear. Durante esta fase de capa os componentes de axonemas em desenvolvimento na cauda, formados a partir de elementos do centríolo distal, alongam-se além da periferia do citoplasma celular. Durante o desenvolvimento precoce, o axonema assemelha-se bastante à estrutura de um cílio já que ele consiste de dois túbulos centrais circundados perifericamente por nove pares de túbulos. 8. Fase de Acrossomo Caracterizada por modificações nos núcleos, acrossomos e nas caudas das espermátides em desenvolvimento. As modificações de desenvolvimento são favorecidas pela rotação de cada espermátide de modo que o acrossomo é direcionado em à base ou à parede externa do túbulo seminífero, e a cauda por sua vez em direção ao lúmen. As modificações nucleares incluem a condensação da cromatina dentro de densos grânulos e a modificação da forma do núcleo esferoidal em uma estrutura alongada e achatada. O acrossomo, externamente aderente ao núcleo, também se condensa e se alonga a fim de corresponder à forma do núcleo. Estas modificações na forma de núcleo e do acrossomo parecem ser “moldadas” pelas células de Sertoli circundantes. As modificações morfológicas são levemente X deferentes para cada espécie, resultando assim em espermatozóides e espermátides alongadas, as quais são caracterizadas para cada espécie. As modificações na morfologia nuclear são acompanhadas pelo deslocamento do citoplasma para a região caudal do núcleo, onde ele circunda a porção proximal da cauda em desenvolvimento. Dentro deste citoplasma, os microtúbulos associam-se para formar uma bainha cilíndrica temporária chamada “manchete”, a qual se projeta posteriormente da porção caudal do acrossomo, onde ele circunda frouxamente o axonema. Dentro da manchete cilíndrica, uma estrutura citoplasmática especializada chamada corpo cromatóide condensa-se ao redor do axonema formando uma estrutura semelhante a um anel, conhecido por “annulus”. Este, em primeiro lugar, forma-se próximo ao centríolo proximal e então durante o desenvolvimento subseqüente migra posteriormente ao longo da cauda. As mitocôndrias, previamente distribuídas através do citoplasma das espermátides, começam a centrarem-se próximas ao axonema, formando a bainha que caracteriza a peça intermediária da cauda. 9. Fase de Maturação Envolve a transformação final das espermátides alongadas e células que são liberadas para dentro da luz dos túbulos seminíferos. A modificação da forma do núcleo e do acrossomo de cada espermátide, iniciada na fase prévia, produz espermatozóides característicos para cada espécie. Dentro do núcleo, os grânulos de cromatina sofrem progressiva condensação até formarem um fino material homogêneo que preenche todo o núcleo dos espermatozóides.Durante a fase de maturação, uma bainha fibrosa contendo nove fibras grosseiras forma-se ao redor do axonema. Estas fibras grosseiras parecem estar associadas individualmente aos nove pares de microtúbulos do axonema e têm continuidade com colunas no colo da peça de conexão da espermátide. A bainha fibrosa cobre a axonema desde o “annulus" até o início da peça terminal. O “annulus” migra de sua posição adjacente ao núcleo, distalmente ao longo da cauda, para ponto onde, subseqüentemente, ele irá separar a peça intermediária XI da peça principal da cauda. As mitocôndrias, previamente concentradas ao redor do axonema, ordenam-se ao longo da peça intermediária formando uma bainha mitocondrial que cobre as fibras grosseiras previamente depositadas desde o colo até o “annulus”. Durante os últimos estágios da espermiogênese, a “manchete” desaparece e a célula de Sertoli forma então o citoplasma remanescente após o prolongamento da espermátide em um lóbulo esferóide, chamado “corpúsculo residual”. Este lóbulo de citoplasma, que permanece ligado a espermátide alongada por um filete delgado de citoplasma, e também interligado com outros corpúsculos residuais por pontes intercelulares resultantes da divisão incompleta das células germinativas durante a espermatocitogênese, uma vê formando o corpúsculo residual, as espermátides alongadas sofrem a maturação final e estão prontas para serem liberadas sob a forma de espermatozóides. 10. Espermiação. A liberação de células germinativas formadas para a luz dos túbulos seminíferos é conhecida por espermiação. As espermátides alongadas, orientadas perpendicularmente para a rede tubular, vão sendo expulsas gradativamente para a luz dos túbulos. Os lóbulos do citoplasma residual por intermédio dos quais grandes grupos sinciciais de espermátides estão ligados por pontes intercelulares permanecem embutidos no epitélio. A expulsão dos componentes espermáticos continua até que apenas uma delgada haste do citoplasma uma ao colo da célula espermática ao corpo residual (FAWCETT, 1975). O rompimento da haste resulta na formação da gota citoplasmática na região da colo dos espermatozóides e na retenção dos corpos residuais arredondados. Após a liberação dos espermatozóides, as células de Sertoli se desfazem rapidamente dos copos residuais embora as células de Sertoli estejam ativamente envolvidas no processo de espermiação, não está clara ainda a sua precisa atuação na aparente reciclagem dos componentes protoplasmáticos dos corpos XII residuais. As células de sertoli não somente devem fagocitar os corpos residuais remanescentes do processo espermatogênico, como também removem um considerável número de células germinativas em degeneração. Isto ocorre porque o processo espermatogênico é relativamente ineficiente, no sentido de um grande número de células espermáticas potenciais degenerar-se antes de tornar-se espermatozóides. 11. Duração Os vários tipos celulares formam associações celulares que sofrem modificações cíclicas. No touro, foram descritos doze estágios desse ciclo (BERNKLTSON e DESJARDINS, 1974). O ciclo completo dos estágios conhecido por ciclo do epitélio seminífero, e definido como uma série de modificações em determinada área do epitélio seminífero que ocorre entre dois surgimentos do mesmo estágio de desenvolvimento (Clermont, 1963). A duração do ciclo é de 14 dias no touro (JOHNSON e EVERITT, 1984; SWIERSTRA et al., 1968) e ocorre de forma uniforme dentro de cada espécie(SETCHALL, 1978). 12. Onda espermatogênica Os estágios do ciclo do epitélio seminífero não somente se modificam de acordo com o tempo, como também ao longo de sua extensão (SETCHELL, 1977). Uma extensão do túbulo em determinado estágio está usualmente em posição contígua a outras porções correspondentes a outros estágios, imediatamente procedente ou logo sucessivo a ela em termos de tempo (PEREY et al. 1961). Esta modificação seqüencial do estágio do ciclo ao longo da extensão do túbulo seminífero, percebemos que a onda envolve uma seqüência de estágios, inciando-se com o s menos avançados no meio da alça, até os progressivamente mis evoluídos mais próximo à “rete testis”. XIII 13. Barreira sanguínea-testicular 13.1 Junções celulares Essa barreira permeável protege as células germinativas localizadas dentro dos túbulos das transformações químicas sanguíneas, uma vez que os túbulos não são penetrados por vasos sanguíneos ou linfáticos. É constituída pela barreira incompleta ou parcial das células mióides que circundam o túbulo e as singulares junções entre células de Sertoli adjacentes (SETCHELL, 1980). 13.2 Camada mióide A membrana basal ou túnica própria que circunda os túbulos seminíferos contém uma camada de células mióides contráteis. Não é bem desenvolvida no touro, o que reduz sua importância para esta espécie. 13.3 Junções das células de Sertoli É a principal barreira sanguínea-testicular, situada próximo à base celular apresentam múltiplas zonas de aderência, onde se fundem as membranas opostas (FAWCETT, 1975). As junções oclusivas dividem os túbulos seminíferos em dois compartimentos distintos: um compartimente basal contendo espermatogônia e espermatócitos pré-leptótenos e outro compartimento “adluminal”, contendo as formas mais avançadas de espermatócitos e espermátides, que se comunicam livremente com a luz do túbulo (FAWCETT, 1975). O compartimento basal da livre acesso aos compartimentos que se penetram na camada mióide. Contudo, o compartimento adluminal demonstra uma grande variação de permeabilidade de acordo com a substância em questão, o XIV que parece importante para a manutenção de um ambiente apropriado para a função espermatogênica. 14. Secreções e fluidos As espermátides liberadas na luz dos túbulos são imóveis e varridas dos túbulos pelas secreções originadas pelas células de Sertoli. O trânsito dentro do epidídimo parece ser auxiliado pelas secreções da rete testis, pelos elementos figurados contráteis dos testículos (células mióides e cápsula testicular) (HARGROVE et al., 1977) e pelos cílios delineando os ductos eferentes. Este fluido testicular é composto das células de Sertoli e das células epiteliais que delineiam a rete testis. Todavia, as células de Sertoli são a fonte predominante de fluidos que deixa os testículos, empurrando solutos para dentro do compartimento adluminal, formando um gradiente osmótico, constituído por várias proteínas (ABP) (HANSSON et al., 1976), associado aos andrógenos,produzidos pelas células de Leydig, os quais colaboram na trânsito dentro da cabeça do epidídimo. 15. Controle endócrino As função testicular normal requer estimulação hormonal pelas gonadotrofinas que por sua vez, são controladas por secreções pulsáteis de hormônios liberadores de gonadotrofinas (GnRH) do hipotálamos (HPT). Tamanha a importância do eixo-hipotálamo-hiofisáiro-ganadal. E comprovada quando realiza-se a hipofisectomia, resultando na cessação da espermatogênese. Sendo restaurada após tratamento com FSH e LH ou FSH e testosterona, feito imediatamente a cirurgia em ratos. Em outras espécies, contudo, requerem FSH em adição ao esteróide para a manutenção da espermatogênese. Outros hormônios (prolactina, hormônio do crescimento e hormônio estimulante da tireóide) podem apresentar papéis secundários no suporte à função XV testicular embora não existam evidências que comprovem tal fato (SCHANBACHER, 1984). A principal ação dos andrógenos parece ser nas células de Sertoli e mióide e não diretamente nas células germinativas. A dependência aos esteróides é encontrada pela produção pulsátil de andrógenos pelas células de Leydig, que estão adjacentes aos túbulos seminíferos. As células de Leydig são estimuladas por pulsações de LH da hipófise para a secreção de andrógenos, os quais difundem-se junto as células de Sertoli adjacentes e são secretados dentro dos vasos, retroalimentando o hipotálamo, hipófise para bloquear o LH. O FSH estimula a produção de ABP e inibina pelas células de Sertoli. O ABP forma complexo ao unir-se aos andrógenos, e é transportado com os espermatozóides para dentro do epidídimo (GANJAM e AMANN, 1976). As células epiteliais do epidídimo requerem níveis relativamente altos para uma boa atividade. A inibina possui efeito retrógrado negativo sobre a secreção de FSH, porém não sobre a do LH (BLANC et al., 1981). Grande parte da testosterona é convertida em diidrostestosterona (DHT), pela enzima 5aestreóide, enquanto outra porção é convertida em esteróides pela aromatize (DORRINGTON e ARMSTRONG, 1975). Um nível alto de testosterona é necessário a maturação das espermátides. 16. Fatores de crescimento Os fatores de crescimento regulam alguns processos reprodutivos, além de constituir parte do plasma seminal (ADASHI et al., 1991; EARP, 1991; RAPPOLEE et al., 1989). Os fatores de crescimento que são polipeptídios, legam-se a receptores nas células específicas em tecidos-alvo. Os quais regulam a proliferação de vários tipos celulares, influenciando no crescimento do trato reprodutivo. Alguns destes são: Fator de crescimento epidérmico, Fator de crescimento fibroblástico, proteína reguladora folicular, inibidor carreador de FSH, Fator estimulador de colônias de granulócitos, Fator estimulador de colônias de XVI macrófagos-granulócitos, inibina F (foliculostatina), Soro de fator de crescimento semelhante à insulina, inibidor da luteinização, substância inibidora Mülleriana, GnRH� peptídeo, GnRH� peptídeos, peptídeo do fluido ovariano, fator de crescimento derivado de plaquetas, fator transformador do crescimento, peptídeo intestinal vaso ativo. Em machos, a substância inibidora Mülleriana (MIS) é produzidas pelas células de Sertoli e provoca a regressão do ducto de Müller, enquanto que nas fêmeas, inibe a meiose do oócito e bloqueia a degradação espontânea da vesícula germinativa. A ativina, potente liberador de FSH, possui mecanismos parácrinos (hormônio inibidor do crescimento e secreção adrenocorticotrófica) e autócrinos (secreção estimulante de FSH). Assim como a inibina, a ativina, age também dentro das gônadas como moduladores autócrinos e parácrinos da produção de esteróides e hormônio de crescimento. O fator transformador de crescimento (TGF) regula a função testicular. Peptídeos endógenos opióides (EOPs) regulam a esteroidogênese, de forma autócrina e parácrina, e participam no controle hormonal intratesticular da permeabilidade vascular. Os neurotransmissores, dopamina, serotonina, norepinefrina e os opióides cerebrais atuam diretamente na regulação do eixo-hipotálamo-hipófise-gonadal. 17. Trânsito epididimário, maturação espermática e armazenamento Os espermatozóides são transportados por um duto bastante enovelado, chamado epidídimo, que transportados espermatozóides distalmente do testículo para dentro do ducto deferente, como também, submetem os espermatozóides ao processo de maturação, no qual adquirem habilidade potencial de fertilização. O processo de maturação envolve modificações funcionais, incluindo o desenvolvimento da potencialidade para a manter a motilidade, a progressiva perda d’água, a migração distal, e a eventual perda da gota citoplasmática. XVII O transporte dos espermatozóides pelo epidídimo depende das contrações, estimuladas pelas prostaglandinas (CONSENTINO et al., 1984), e perdura cerca de sete dias no touro, sendo reduzido pela maior freqüência de ejaculações. Os elementos contráteis da parede do epidídimo apresentam diferenças regionais de tal modo que os componentes das células musculares lisas aumentam progressivamente a partir a partir da cauda do epidídimo para o vaso deferente (BEDFORD, 1975). O desenvolvimento da capacidade progressiva da motilidade espermática reflete como modificações quantitativas e qualitativas nos padrões metabólicos do aparelho flagelar, nos padrões da flexibilidade e movimento dos seus flagelos. Com isso, a importância do fator quiescente, que prolonga a sobrevivência espermática, ao prevenir um metabolismo desnecessário. Silva et al. (2003) verificaram maiores taxas de defeitos totais nos espermatozóides do epidídimo quando comparados aos esperamtozóides do ejaculado de bovinos. Não devemos esquecer a capacitação espermática, que garante a real capacidade de fertilização pelos espermatozóides, ocorre somente no trato reprodutivo feminino. Sendo assim, os espermatozóides retirados da cabeça do epidídimo, não dotados de motilidade, mas de movimentos natatórios circulares, incapazes de movimentos vigorosos unidirecionais. O desenvolvimento da habilidade fertilizante está associado com modificações em vários aspectos da integridade funcional dos espermatozóides: desenvolvimento do potencial para manter a motilidade progressiva, alteração dos padrões metabólicos e a situação estrutural de específicas organelas da cauda, modificações na cromatina, modificações na natureza da superfície da membrana plasmáticas, movimentação e perda da gota protoplasmática, modificação da forma do acrossomo (em algumas espécies) (BEDFORD, 1975). Considerações finais XVIII Para melhor entendimento da importância das causas que estão contiribuindo para os baixos índices reprodutivos e, conseqüentemente, propor medidas para sua melhoria há necessidade de mais estudos/experimentos para identificarmos os reprodutores ideais, definir a vida útil destes animais e avaliar os efeitos do manejo, ambiente sobre os aspectos que tangem a fertilidade especificamente dos touros. Mas independente destes estudos, nós profissionais e criadores, devemos implantar um sistema de monitoramento, que indiquem a real situação enfrentada pelos animais, retirando do rebanho os inférteis. Além, da preocupação com uma satisfatória proporção touro:vaca, para não sobrecarregar os animais; aprimorarmos a estação de monta, que maximiaza todo o sistema de produção, de forma a excluir o efeito touro nos baixos índices reprodutivos da pecuária brasileira. Referências ADASHI, E.Y.; RESNICK, C.E.; HETRNADES, E.R.; HURWITS, A.; ROBERTS, C.T.; LEROITH, D.; ROSENFELD, R. The intraovarian IGF system. In SERONO SYMPOSION. SCHOMBERG, D.W. (ed), New York, 1991, Academic Press. BEDFORD, J.M. Maturation, transport, and fate of spermatozoa in the epididymis. In HANDBOOK OF PHISIOLOGY, section 7, Endocrinology, v. 5, Male Reproductive System. Greep, R.O.; Astwood, E.B. (eds), Washington, American physiological Society. 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