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Faculdade de ciências de Saúde Curso de Medicina Dentária Cadeira de AICA II 5º Grupo Tratamento Odontológico á Pacientes Nefrológicos Discentes: Docente: Cleide C. F. Impissa MD. Zulmira Mussa Manuel A. Tomé Paulo F. Sozinho Introdução . O número de doenças que afetam a cavidade bucal durante a infância e adolescência é bastante amplo, por isso é muito importante que os Médicos Dentistas tenham conhecimento das patologias e as suas manifestações orais . Por tanto, a perda das funções regulatória e excretória dos rins causam manifestações orais e múltiplas complicações os quais têm implicações no tratamento odontológico. Os cuidados odontológicos nesses pacientes podem ser complexos devido à condição sistêmica que resulta da função renal inadequada. Desta forma, devemos estar familiarizados com a complexidade desse grupo de pacientes. A manutenção da saúde oral é muito importante, uma vez que esses pacientes são candidatos potenciais ao transplante renal. Objectivos Geral Conhecer os aspectos odontológicos envolvidos no tratamento das crianças e adolescentes padecendo de doenças renais. Específicos Entender a constituição do sistema urnário ; Citar as manifestações orais em pacientes com doenças renais; Descrever o protocolo de atendimento /tratamento odontológico em pacientes com nefropatias. Conceitos gerais Rins São órgãos localizados no abdómen, responsáveis pela manutenção do equilíbrio eletrolítico e ácido-básico, regula o volume dos fluidos corpóreo, pela excreção dos resíduos metabólicos e drogas. Produzem hormônios como: renina, eritropoetina e prostaglandinas. 1 Fonte: Internet Conceitos gerais Néfron É a unidade funcional do rim, podendo ser subdividido anatomicamente em glomérulo, túbulo contornado proximal, alça de Henle, túbulo contornado distal e ducto colector. 1 Glomérulo É uma rede de capilares, onde a pressão do sangue cria um fluido para ser filtrado na cápsula de Bowman.1 Fonte: InfoEscola Doenças Renais Desenvolvem-se a partir de uma doença renal base ou primária que, progressivamente, destrói os néfrons e caracteriza-se por uma gradual redução na função renal gerando uma diminuição na taxa de filtração glomerular e/ou aumento da excreção de proteínas na urina (proteinuria).1 A Doença renal é um crescente problema de saúde pública mundial com prevalência estimada entre 8% e 16% no mundo, Hipertensão e diabetes mellitus são os principais factores associados ao seu desenvolvimento.1 Classificação São classificadas como: Doença renal aguda, Adquirida e Crônica Doença renal aguda Resulta de um comprometimento da função renal de forma súbita e de rápido estabelecimento, que pode ocorrer subsequentemente à: Septicemia; Desidratação; Queimaduras graves e perda de sangue; Glomerulonefrite , Pielonefrite; Obstrução da uretra.2 Classificação Doença Renal adquirida São Infecções no trato urinário, geralmente originadas por bactérias colifórmicas do trato intestinal ( E.coli, Proteus, Klebsiella, Psedomonas).2 Cistite (infecção na bexiga) Pielonefrite (infecção do rim) Glomerulonefrite aguda geralmente vem acompanhada de infecções por estreptococos b-hemolíticos.2 Frequentemente apresenta resolução com terapia antibiótica na maioria das crianças. Classificação A Doença Renal Crônica (DRC) É definida como sendo alterações estruturais ou funcionais que persistem por pelo menos 3 meses e se manifestam por qualquer dano renal, mais frequentemente detectada com uma proteinuria persistente ( albumina/creatinina).2 Caracteriza-se por uma perda lenta, progressiva e irreversível da função dos néfrons, relacionado a uma agressão inicial significativa, tendo como resultado, o declínio progressivo da taxa de filtração glomerular, a qual leva à perda da função renal ou Doença Renal Crônica Terminal. 2 Classificação Estagio evolutivo da doença renal crónica A doença crónica renal é dividida em cinco estágios evolutivo, onde a taxa de Filtração Glomerular é o parâmetro utilizado para a classificação e avaliação da progressão da DRC de acordo com a Kidney Disease Outcomes Quality Initiative.3 Estagio evolutivo da doença renal crónica Estágios Evolução Estágio 1 Dano do rim com TFG normal ou aumentada (> 90 ml/min/1.732 ); Estágio 2 leve redução na TFG (60-89 ml/min/1.73 m2 Estágio 3 redução moderada da TFG (30-59 ml/min/1.732 ) Estágio 4 redução acentuada da TFG (15-29 ml/min/1.73 m2 ) Estágio 5 Insuficiência renal (TFG > 15 ml/min/1.73m2 Condições crônicas mais comuns Refluxo uretérico;3 Uropatia obstrutiva; Glomeruloesclerose; Doença cística medular; Cistinose; Mal formações do trato urinário; Doenças Hereditárias. Manifestações Sistémicas Anorexia; Fadiga ; Prurido; Náuseas; Vómitos letargia; Edema; Pode desenvolver hipertensão e pericardite. Manifestações orais Estomatite urémica ;3 Pigmentação dental intrínseca e extrínseca; Cálculo supragengival; Hipoplasia de esmalte e hipocalcificações; Edema Atraso no desenvolvimento dental. Xerostomia Palidez da mucosa Gengivite Halitose e alteração do paladar Diagnóstico Anamnese detalhada; Exame intra/extra oral Exames laboratorial Anamnese Preste atenção em perguntas como:3 Dor ou ardência ao urinar, necessidades urgente de urinar; Aumento da frequência urinaria, incontinência urinaria; Urina turva e com cheiro forte, dores na região inferior do abdómen e lombar. Diagnóstico Exame físico extra e intra oral Ficar atento em sinais/sintomas como:3 hemorragia gengival prolongada; Face edemaciada palidez da mucosa oral; Úlceras orais; Atraso no desenvolvimento dental. Laboratorial No exame laboratorial, avaliam-se indicadores como:3 Ureia Creatinina Hemograma Tratamento odontológico em pacientes nefrológicos 1. Tratamento conservador renal 2. Diálise peritoneal / Hemodiálise 3. Transplante Renal. O tratamento conservador consiste na adoção de medidas clinicas para retardar a progressão e prevenir e complicações, que esta e feita por meio de medicamentos que facilitam a filtração no sangue e melhoramento da dieta. Medicação Quando necessário o uso de antibióticos ,analgésicos/ou anti-inflamatórios devem ser usadas drogas com metabolização hepática, sendo importante estar em coordenação com o medico nefrologista . Tratamento odontológico em pacientes nefrológicos Conduta de atendimento ao tratamento odontológico Antes de submeter ao tratamento odontológico de rotina, realizar uma inter- consulta com o nefrologista afim de obter informações do estado geral do paciente; Condições renais agudas devem ter o tratamento odontológico eletivo adiado até a restauração da sua função renal; Cuidado emergencial é apenas indicadoapós a avaliação pré-tratamento ; Pacientes sintomáticos em terapia com esteroides de longa duração são tratados em ambiente hospitalar para que a pressão sanguínea e o balanço de fluidos possam ser monitorados antes do tratamento; Tratamento odontológico em pacientes nefrológicos Dentes com comprometimento pulpar o tratamento de eleição é a exodontia devido ao risco de bacteremia crónica após a pulpotomia ou pulpectomia.4 Pacientes em tt/Diálise/Hemodialise. Elaboração do pré-tratamento com : 1. Acetato de desmopressina (DDAVP) 2. e profilaxia antibiótica: a) Amoxicilina 1g 1 hora antes do procedimento b) Clindamicina 600mg (Em casos de alergia a penicilinas) Tratamento odontológico em pacientes nefrológicos Tratamentos invasivos (Exodontia , tratamentos periodontais) . Avaliação médica nos últimos três meses, e o médico do paciente precisa ser consultado; Fazer a profilaxia antibiótica antes dos procedimentos; Controle hemostático pós tratamento; Qualquer tratamento odontológico, especialmente as exodontias, deve ser realizado no dia seguinte à diálise quando a heparina não está mais ativa; Crianças em diálise peritoneal ambulatória contínua podem ser tratadas de forma mais conservadora.5 Tratamento odontológico em pacientes nefrológicos Uso de Medicamentos Antibióticos Amoxicilina 500mg, (50mg/kg/dia) Azitromicina 500mg,( 10mg/kg/dia) Clindamicina 150mg-300mg,(3-6mg/kg/dia) As tetraciclinicas e os aminoglicosídeos estão contra-indicados. 5 Analgésicos Paracetamol 500mg, ( 120mg/5ml) Dipirona 500mg(20ml/kg) Tratamento odontológico em pacientes nefrológicos Os AINEs devem ser evitados devido à retenção de fluidos e sódio, a sua administração, pode levar em declínio exagerado da função renal, uma vez que ocorre a associação de pelo menos, dois fatores agressivos ao rim, a nefrotoxicidade e a inibição das prostaglandinas.5 Anestésicos A lidocaína 2% com Epinefrina por ser metabolizada no fígado, deve ser usados moderadamente( 2 tubetes no máximo). Tratamento odontológico em pacientes nefrológicos Transplante renal Pacientes que irão se submeter a um transplante devem ter todas as possíveis fontes de infecções orais eliminadas para reduzir o risco de complicações orais após o transplante de órgãos; Tratamento odontológico completo e um rigoroso programa preventivo são recomendados para reduzir o risco de doenças orais subsequentes; Profilaxia antibiótica é essencial antes dos procedimentos.5 Tratamento odontológico em pacientes nefrológicos Pacientes com doença controlada Será tratado da mesma forma que os pacientes que não são acometidos pela doença, mas considerando sempre dois pontos importantes:5 O primeiro é que os doentes renais podem apresentam valor da pressão arterial mais elevado do que o valor padrão, ou seja, até 140/90 mm Hg é considerado aceitável para este grupo de pacientes. O segundo ponto a ser respeitado é quanto à prescrição de medicamentos, que deve sempre ter em conta a nefrotoxicidade da droga e a via de metabolização. Tratamento odontológico em pacientes nefrológicos Pacientes com doença descontrolada O Medico Dentista deve trabalhar em concordância com o Nefrologista; É recomendado que o atendimento seja realizado no período da manhã e com sessões curtas, porque, ansiedade e o estresse antes e durante o tratamento odontológico pode levar ao descontrole da pressão arterial ; Exames de imagem: radiografias panorâmicas e radiografias intra bucais são recomendados, assim como exames laboratoriais :Hemograma e coagulograma.5 Tratamento odontológico em pacientes nefrológicos Procedimentos invasivos –Exodontia Pelo risco elevado de infecção, deve-se considerar o uso de tratamento profilático uma hora antes de qualquer procedimento odontológico.5 Amoxicilina 2g Clindamicina 600 mg, para alérgicos a penicilina Anestésicos A lidocaína 2% com Epinefrina Tratamento odontológico em pacientes nefrológicos Contenção de Hemorragia Considerando que há riscos aumentados de hemorragias, é necessário usar meios de contenção , tais como:6 Ácido tranexâmico F. colageno. Fonte: Dentalix Fibras de colágenos Hemostáticos locais Compressa com gaze H. locais Sutura Fonte: oncoDealer.com Tratamento odontológico em pacientes nefrológicos Estes pacientes são mais susceptíveis a infecções por:6 Bactérias gram negativas como (Pseudomonas, Proteus, Klebsiella); Fungos(Cândidas); Vírus (herpes simples e herpes zóster). Por tanto o uso de colutórios antimicrobianos, como clorexidina a 0,12%, tem demonstrado uma redução dos micróbios orais patogênicos em pacientes renais transplantados.6 Fonte: Medicalfarm Tratamento odontológico em pacientes nefrológicos Nas situações em que o prognóstico de um dente a longo prazo é incerto, deve ser realizada a sua extração.6 No pós-operatório o paciente deve ser acompanhado atentamente e qualquer infecção e tratada agressivamente, tendo em vista que, após o transplante, o potencial para o desenvolvimento de infecções orais é elevado, devido ao uso de medicação imunossupressora. Por isso, nesses pacientes com prejuízo da função imunológica, infecções bucais aparentemente inócuas podem progredir rapidamente à infecções mais severas como a celulite por exemplo.6 Tratamento odontológico em pacientes nefrológicos Deve ser evitado tratamento odontológico eletivo durante os primeiros seis meses pós transplante.6 Havendo necessidade de uma intervenção odontológica, os sinais vitais devem ser monitorados pelo facto de que pacientes nestas condições, ocasionalmente podem apresentar problemas de hipertensão . Osteodistrofia renal É anormalidade óssea encontrada em pacientes com IRC com importante défice de função renal. Clinicamente, esse quadro caracteriza-se por dores ósseas generalizadas, fraturas espontâneas com um lento processo de recuperação assim como miopatias, necrose asséptica e calcificação extra-óssea.6 Considerações finais Diante das informações obtidas, algumas conclusões foram alcançadas e dentre elas, podemos destacar que na insuficiência renal crônica e em casos mais graves, em que existe necessidade de diálise ou transplante, os pacientes afetados exigem cuidados peculiares quando submetidos aos tratamentos invasivos, assim como também ajuste na dosagem, ou até, contra-indicação absoluta de certos medicamentos rotineiramente empregados na odontologia. Com isso, o Medico dentista tem o dever de conhecê-los e saber em quais situações devem ser prescritas. Pacientes com esse comprometimento sistêmico requerem condutas diferenciadas, como prévia avaliação médica e laboratorial, tendo em vista as alterações orgânicas que apresenta. Referências Bibliográficas 1. NEVILLE, B. W.; DAMM, D. D.; ALLEN, C. M.; BOUQUOT, J. E. Patologia Oral e Maxilofacial. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1998. p. 606 – 607. 2. PETERSON, L. J.; ELLIS, E.; HUPP, J. R.; TUCKER, M. R. Cirurgia Oral e Maxilo Facial Contemporânea. 3. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2000. p. 13 – 14 3. Manual de odontopediatria / editores Angus C. Cameron, Richard P. Widmer ; [tradução de Luciana Pomarico ... et al.]. - 3.ed. - Rio de Janeiro : Elsevier, 2012 4.ANDRADE E. D. Terapêutica Medicamentosa em Odontologia. São Paulo: Artes Médicas, 2002. p. 90. 5.SILVA, L. C. F. Manifestações orais em pacientes portadores de insuficiência renal crônica em programade hemodiálise e em transplantados renais sob terapia imunossupressora. Dissertação (Mestrado em Patologia Oral) - Natal (RN), 2000. p. 18 – 33. 6.PETERSON, L. J.; ELLIS, E.; HUPP, J. R.; TUCKER, M. R. Cirurgia Oral e Maxilo Facial Contemporânea. 3. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2000. p. 13 – 14 OBRIGADO PELA ATENÇÃO DISPENSADA