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Universidade Veiga de Almeida Laboratório de Comunicação Érica Ribeiro Gama O TEXTO NARRATIVO Características 1) Segue ordem cronológica – narra um fato começando do início e indo para o fim. A ordem cronológica pode ser de tempo ou psicológica – neste, pode apresentar flashbacks ou o raciocínio do personagem que faz a história. 2) Pode ser em 1ª ou 3ª pessoa. a) Primeira pessoa: o narrador participa do fato b) Segunda pessoa: o narrador não participa dos fatos 3) Possui ação: alguma “coisa” deve acontecer. 4) Pode ter diálogos ou não. O que deve conter: 1) Narrador: quem conta a história. 2) Personagem: deve ter características físicas e psicológicas. O enredo, muitas vezes, pode vir daqui; assim como também o porquê das situações vividas dentro da história. 3) Enredo: ação, seqüência de fatos. É o resultado da atuação/ação do personagem. O personagem fazendo alguma “coisa” em certo lugar em determinado momento e durante algum tempo. 4) Cenário: onde a história de passa, qual o contexto. Deve ter relação com a “trama” e deve se integrar aos demais elementos. 5) Tempo: quando se passa a história e por quanto tempo (duração). 6) Conflito: situação que traz uma tensão narrativa, faz a história se desenrolar. 7) Clímax: ápice da história. A situação criada pelo narrador vai aumentando até atingir ponto máximo. 8) Desfecho: cada personagem se encaminha para o seu destino, final da história. ATENÇÃO AO TEXTO NARRATIVO Tente não repetir as palavras – isso pode cansar o leitor. A história deve conter começo, meio e fim. Ápice/Clímax: quando o ponto alto da história acontece – NÃO ESQUEÇA DELE! Não deixe situações mal resolvidas ou esqueça de personagens (surge e some como “fumaça”). ¾ Gêneros cinematográficos Os roteiros, de um modo geral, seguem um “modelo” de narrativa. A esse modelo, podemos chamar de gênero – o tipo de filme em que o roteiro se enquadra. Laboratório de Comunicação - 1 É importante ressaltar que ele não precisa ser único, seguir apenas a uma das narrativas, ele pode misturar os gêneros. No entanto, sempre vai ter um predominante. Abaixo, alguns dos gêneros e suas características básicas: 1) Ação: normalmente envolve protagonistas contra antagonistas (atua no sentido oposto – adversário; no Brasil, é o vilão). O problema é solucionado por meio de força física. Visto muito em filmes de faroeste, crimes, guerra e espionagem. Os personagens são agentes secretos, militares, lutadores, pistoleiros etc. 2) Aventura: mundo heróico. A ação ocorre em lugares pouco usuais (florestas, desertos, geleiras, espaço); a ambientação, na maior parte das vezes, é mais importante que a história; os personagens lutam para conquistar alguma coisa, mas nem sempre utiliza a força física (somente quanto estritamente necessário). O objetivo pode ser o conquista de tesouros, conhecimentos, equipamentos, pessoas. Nem sempre o personagem principal é o “mocinho”, mas tem “boas intenções”. 3) Comédia: utilizam piadas, fatos “lugar comum”, situações surreais e surpresas. O desenrolar da história parte de um engano e a narrativa se desenvolve à medida que o personagem mais é enrolado por esse equívoco. 4) Drama: algo acontece e transforma a vida dos personagens de forma inesperada. 5) Suspense: traz sentimento de apreensão ao espectador. Espera-se sempre que alguma situação irá acontecer, mas ela é adiada, por exemplo. 6) Terror: teve provocar medo. Lendas, mitos, fantasmas, bruxas, vampiros, seres de outro planeta e mortos normalmente fazem parte da história. 7) Romance: envolvimento amoroso entre dois personagens, que passam por diversos obstáculos para terminarem juntos. Romance dramático: obstáculos não esperados que não estão sobre o controle do casal acontecem. O casal pode não terminar como o esperado. Comédia romântica: obstáculos do cotidiano fazem parte dessas tramas. Normalmente o casal é separado por algum problema que depende somente deles para ser solucionado. O ROTEIRO “Texto de um filme estruturado em uma série de seqüências na ordem em que deverão ser apresentadas, com indicações relativas a personagens, cenários e diálogos” (Dicionário de Comunicação). O maior ou menor detalhamento do roteiro depende – tem relação direta – com o tamanho e estrutura de produção exigidos pelo realizador. Roteiros muito detalhistas – com planos, tempo das cenas, movimentações de atores, organização do cenário – normalmente são trabalhados para grandes produções, que custam muito e despendem de pouco tempo para realização, principalmente com relação às filmagens. Em produções mais simples, o roteiro traz indicações e idéias de quem escreve. E o roteirista, na maior parte das vezes, é o diretor. A história Para dar início ao desenvolvimento de uma história, é necessário definir alguns fatores que influenciarão na narrativa. Laboratório de Comunicação - 2 ¾ Pontos de Foco a) da História: é o foco dos personagens da história. O que o personagem vive, busca, vê. b) da Narrativa: é o foco de quem narra. Por quem o narrador vai contar a história (na maior parte dos casos, o foco do narrador é um personagem). Foco da narrativa busca um personagem que tem o foco da história ¾ Ponto de foco X Ponto de vista O Ponto de Foco é o que se percebe, como vimos acima. Ele é a história em si, contada pelo tema da narrativa e pela história sendo desenvolvida por meio de um personagem. Exemplo: Filme Twister. O foco da história é a caça aos tornados. O foco da narrativa é o personagem que mapeia os tornados e vai atrás deles. O Ponto de Vista está relacionado à forma como se percebe o ponto de foco da narrativa e de que forma isso acontece. ATENÇÃO Essa relação é que vai mostrar como essa narrativa será composta, sobre qual ponto de vista o espectador receberá os focos da narrativa. O modo como isso será composto determina o entendimento da mensagem. Essa referência facilita a composição e a recepção da narração. ¾ Fio da história X Trama X Trilha Uma relação interdependente – uma não se forma sem a outra. Com o fio da história definido, se deve começar a traçar as tramas que envolveram o enredo. Uma será a principal, aquele que será o ponto de partida do fio e que relacionará as outras tramas. Cada trilha forma uma pequena ação dentro das tramas. Laboratório de Comunicação - 3 ROTEIROS E PARADIGMAS Sistema proposto por Syd Field: ¾ Ato I: Apresentação – Conhecendo a história Sobre o que é o roteiro Quem é o personagem Quais as circunstâncias dramáticas O início de um roteiro é o que mostra a finalidade do filme e quais os conflitos encontrados para chegar ao objetivo. Essa apresentação define também o Pano de fundo da narrativa (o ideal é que se utilize uma situação para ambientar a história em um contexto temporal, para determinar comportamentos, pessoas, figurinos, locações etc). A partir das ações cometidas no Ato I se tem início das seqüências que darão rumo à história. Com o espectador conhecendo o personagem principal e a “base” da história, se tem o primeiro ponto de virada (aproximadamente aos 20’ de filme). ¾ Ponto de Virada (Plot Point): mudando o rumo da história Definição: é a mudança na qual uma ação toma rumo diverso do que vinha tomando (Flavio de Campos) Tem como funções: Prender a atenção. Movimentar a história. Dar rumos para quem escreve – facilita o foco. Os Pontos de Virada aparecem nos finais dos atos I e III. São como âncoras e seguram a história, não deixando que ela se perca. Criam uma referência e links entre as ações ocorridas. Uma narração contém, ao menos, dois pontos de virada – uma para entrar no problema e outro que traz a resolução dos fatos e leva ao desfecho. Laboratório de Comunicação - 4 Mas um filme pode conter diversos pontos de virada secundários, que dãomais ações para desenvolver a história. As novelas brasileiras, por exemplo, contêm muitos pontos de virada; não somente na trama principal, como também nas diversas subtramas. AO COMEÇAR A ESCREVER Conheça o personagem Contextualize a trama Saiba o início e o final da história Determine os Pontos de Virada Com esses dados, você deverá fazer a junção dos fatos e formar o roteiro completo. ¾ Ato II: a confrontação Momento do filme quem quase tudo acontece. Conflito. Os obstáculos começam a aparecer e há as tentativas para solucioná-los. A maior parte das ações e reações dos personagens estão nesse ato, que termina com o segundo Ponto de Virada (por volta dos 85’ de filme). ¾ Ato III: desfecho – chega ao fim a história Com o segundo Ponto de Virada trazendo a resolução do conflito revelado pelo primeiro, chega ao fim a história, com os personagens sendo encaminhados cada um para o seu destino. ATENÇÃO As cenas que determinam o início, o fim e os pontos de virada são cenas essenciais para o entendimento da história. Outras cenas também são primordiais e chamadas de essenciais. No entanto, as cenas que ligam todas essas partes são chamadas de cenas acessórias – ligam e dão sentido aos eventos. PERSONAGEM - CONTRUÇÃO O filme tem um tema, mas esse assunto deve ser materializado em alguém – a discussão é personificada. Por esse motivo, a história gira em torno de um personagem principal. Este deve possuir o maior número de detalhes possíveis para se prever as reações que ele poderá ter diante dos acontecimentos. Os personagens secundários/coadjuvantes também merecem ser desmembrados, no entanto, na maior parte das vezes, com menor profundidade. “Personagem é a representação de pessoas e conceitos na forma de uma pessoa ficcional” (Flavio Campos). Laboratório de Comunicação - 5 Com um perfil traçado previamente, o personagem passa a se revelar conforme há o desenrolar da história. Não são as ações que determinam o seu rumo e sim a reação do personagem diante dos fatos. A indicação precisa das características de um personagem também irá determinar a profundidade dele. O personagem deve ser “humano”, deve surpreender e ser convincente (convencer) para parecer real. Nenhum personagem é totalmente bom ou mau, ele deve ter suas características e agir de acordo com elas. Um personagem com profundidade consegue representar bem uma pessoa, um indivíduo. Já se ele apresenta poucos traços de perfil, ele passa a representar um coletivo. ¾ Funções dos personagens Agente: fonte da ação que traça a trama (principal). Coadjuvante: auxilia no desenvolvimento das ações (secundários). Coro: comenta ou veicula premissas. Ex.: fofoqueiras das novelas. Figurante: complementa a cena. O personagem principal determina sob qual referência o ponto de vista será dado pelo narrador ¾ Conhecendo o personagem O personagem pode ter sua vida divida em duas partes: Interior: nascimento ao tempo presente – forma o personagem (biografia). Exterior: do início ao fim do filme – revela o personagem. Para facilitar a definição do perfil do personagem, o demarque sob três tópicos: Profissional: em que trabalha, relação com os colegas e com o trabalho. Pessoal: relação do personagem com o mundo. Casado, filhos, onde mora, nascimento, hobbys, amigos, esportes, comportamento, tipo físico. Privado: o que faz quando está sozinho? Quais as necessidades dele? A partir do contexto e da necessidade do seu personagem, passe a ter o ponto de vista dele. Preste muita atenção das definições do perfil, pois a partir deles, você poderá tirar as situações vividas no filme relacionadas ao gênero cinematográfico escolhido. FICÇÃO E REALIDADE A arte de narrar pode ser aprimorada e aperfeiçoada a cada nova experiência. No entanto, há diversas formas de se contar uma história. Uma delas foi idealizada por Syd Field, como vimos anteriormente, que segue uma ordem cronológica e contém início, meio e fim. Essa “fórmula” pode ser utilizada para diversos tipos de vídeos – não somente os ficcionais, mas também vídeos publicitários e jornalísticos. Todos eles fazem uma apresentação (assunto ou produto) e possuem o ápice (clímax, ponto alto sobre o que é passado). Laboratório de Comunicação - 6 Por exemplo: em uma matéria de TV, o apresentador “dá a dica” sobre o que está por vir (cabeça da matéria, chamada). Após, a matéria tem início, mas se o repórter fala tudo de mais importante logo no começo, o que irá fazer o espectador continuar naquele canal? Então, em TV todas as informações têm o mesmo nível de importância, se buscando uma distribuição igualitária dos dados e deixando um ponto alto para o meio da matéria e algo novo para o fim (que encerra a matéria). Algumas vezes, o final da matéria é feito pelo apresentador já no estúdio (nota pé). Já na propaganda, o ponto alto é bem marcado e muitas vezes está próximo do fim, na demonstração da eficácia do produto ou serviço. O encerramento, normalmente, traz a marca e o slogan. Esses fatores apresentados são uma forma de se fazer a produção, mas não regra. Nem todos utilizam esse formato. Mas vamos aos conceitos: Vídeo – “Parte visual de uma transmissão de TV ou de um filme [...] obra em linguagem televisiva (de cunho artístico, técnico, didático, etc.) produzida em videoteipe” (BARBOSA, RABAÇA, 2001) A ficção é caracterizada por ser uma história criada a partir da imaginação. Ela pode ser parcialmente baseada em fatos reais, de onde vem a inspiração. Mas toda a história precisa de um conflito para se desenvolver e se tornar interessante. Nem sempre o drama vivido na realidade é suficiente para se contar uma história, então, muitos acontecimentos são transformados e imaginados. Segundo o Houaiss, ficção é um “relato ou narrativa com intenção objetiva, mas que resulta de uma interpretação subjetiva de um acontecimento, fenômeno, fato, etc. [...] Criação artística (literária, cinematográfica, teatral, etc) em que o autor faz uma leitura particular e original da realidade”. Essa ficção, muitas vezes, pode ser baseada na realidade, como acontece muito nas novelas brasileiras. No entanto, como conseguir distinguir ficção e realidade? Não é difícil, já que na ficção as pessoas que mostram a história e os diálogos são feitos posteriormente aos acontecimentos e são mostrados por pessoas que não viveram aquela situação. Por exemplo, muitos críticos disseram que o filme ‘Tropa de Elite’ era um documentário; no entanto, o que se vê é uma narrativa baseada em histórias reais. Mas muito do que foi contato, não passou de fantasia, para buscar a dramaticidade que o busca precisava. Caso o filme mostre a realidade, para ser um documentário, ele deve ter caráter informativo e não de entretenimento – precisa servir como documento, pesquisa e fonte de informação. Para definir melhor o conceito de ‘documentário’, foram destacados duas publicações, a dicionário da Língua Portuguesa, Houaiss, e o Dicionário de Comunicação (Barbosa e Rabaça). “Filme informativo e/ou didático feito sobre pessoas, animais, acontecimento (históricos, políticos, culturais) ou ainda sobre objetos, emoções, pensamentos, culturas diversas” (HOUAISS, 2000). Laboratório de Comunicação - 7 “Filme baseado em situações verídicas, aspectos da natureza e da vida humana, realizado com objetivos principalmente científicos, culturais, informativos e didáticos. O documentário é o mais antigo gênero cinematográfico e não se limita simplesmente ao registro dos fatos, ambientes ou situações que lhe servem de tema; pode também comentar, opinar, propor interpretações sociológicas, psicológicas, políticas, etc” (BARBOSA, RABAÇA, 2001). Diante de uma breve leitura dos conceitos de ficção e documentário, se percebe as diferenças entre esses dois tipos de vídeos, a ficção, que pode baseada na realidade,em fatos reais; e documentários, que trazem uma realidade. Mas há um ponto em comum entre os dois: nenhum traz a verdade absoluta. FICÇÃO DOCUMENTÁRIO Imaginação Criatividade Interpretação Personagens ficcionais Conceitos Fundamentos Estudos Entrevistas Documentos Pontos de vista Narração Parte da verdade Tanto em um quanto em outro, há a interferência do autor, que seleciona e dá o toque de dramaticidade que deseja. Na ficção, interfere nas situações para alcanças encaixes na história. Retira, coloca ou altera o que foi contato. Até mesmo escolhe o ponto de vista que melhor convém para o andamento do roteiro. Portanto, a ficção passa a ter (CAMPOS, 2007): Versões da verdade: escolhe-se o caminho a seguir. Meias-verdade: há alterações da realidade. Mentiras inteiras: partem da imaginação do autor. Já no jornalismo documental, se monta uma história que faça sentido – corte de falas, junção de imagens, documentos e entrevistas com autoridades formam uma ‘verdade’. Em alguns casos, esses itens separados não causariam tanto impacto, o efeito fica limitado. Já, junto, transmitem credibilidade, trazendo a ilusão de verdade (uma pretensa realidade). A propaganda, por sua vez, traz parte verdade e parte ficção para introduzir conceitos e comportamentos na sociedade. A apresentação de um produto ou serviço nem sempre traz a verdade completa, omitindo-se algumas características e enaltecendo outras – que muitas vezes é o diferencial do produto/serviço. “Realmente a tevê (deixando de lado o rádio), apesar de nos trazer uma imagem concreta, não fornece uma reprodução fiel da realidade. Uma reportagem de tevê, com transmissão direta, é o resultado de vários pontos de vista: 1) do realizador, que controla e seleciona as imagens num monitor; 2) do produtor, que poderá efetuar cortes arbitrários; 3) do cameramam, que seleciona os ângulos capazes de intervir no processo da transmissão [...] os efeitos de montagem e de dramatização, que contribuem para tornar mais interessante a mensagem, ajudam por outro lado a deformar a realidade comunicada” (SOBRÉ, 1972, p. 61) Laboratório de Comunicação - 8 A música, em todas essas situações – ficção, jornalismo e propaganda –, vem para influenciar o público e criar sensações e combinações que passam a fazer parte do imaginário coletivo. ÁUDIO: A ALMA DO VÍDEO “Parte sonora de qualquer programa ou apresentação multimídia, filme, vídeo...” (BARBOSA, RABAÇA, 2001) O áudio dentro de uma produção de vídeo pode vir de diversas formas e servir para diferentes tipos de situações. Aqui, são destacadas quatro1: off, background (BG), sonoplastia e trilha sonora. Off: “Voz [narração] de pessoa que não aparece no vídeo”. Não importa de quem é a voz, a definição de off é clara: se alguém falou algo e não apareceu no vídeo, é off. Pode ser a voz do apresentador, do artista, do entrevistado... Background (BG): “músicas, vozes, som utilizados como fundo em uma peça, espetáculo, programa, etc.”. Normalmente é um áudio de segundo plano, mais baixo que o principal. Tem como função ambientar o que se passa. Sonoplastia: “estudo e aplicação de efeitos sonoros em cinema e televisão [...] Especialidade que consiste na seleção e adequação de todas as sonorizações e efeitos sonoros, editados previamente à produção de filme, peça teatral, programa radiofônico ou de TV de acordo com as exigências do roteiro”. Exemplos: som de carros, platéia, pessoas falando, vento e chuva. Trilha sonora: “conjunto de músicas que compõe a parte sonora de filme, vídeo, peça de teatro, etc. Pode ser divulgado e comercializado independente da obra de que faz parte, sob a forma de discos, fitas” (hoje, CD’s e DVD’s). Músicas que ‘ilustram’ uma novela, um filme, um personagem. Essas músicas podem ser compostas para a produção ou já terem sido gravadas pelos artistas e aproveitadas nos vídeos. FINAIS E INÍCIOS Qual a melhor forma de começar um roteiro? O roteiro constitui a história de alguém em algum lugar vivendo alguma coisa. É essa situação que trará o assunto do seu enredo e traçará a trajetória do roteiro. A desenrolar desse assunto gera/determina as ações. Essas podem ser: Ação física: como perseguição de carros. Move o personagem fisicamente, ele age. Ação emocional: um beijo. O personagem age de forma a demonstrar sentimentos, algo interno, que ele sente. Com a definição do personagem feita anteriormente (relação com o interior, exterior, pessoal, privado, profissional), é possível saber como ele reagiria a certas situações. E partir daí, há como saber com que tipo de ação (física ou emocional) ele se portará. 1 Definições do Dicionário de Comunicação. (BARBOSA, RABAÇA, 2001). Laboratório de Comunicação - 9 Novamente ao paradigma do Syd Field: Para dar seqüência a trajetória, do início ao fim (A → B), então, é necessário conhecer o personagem e sua história. Mas antes de tudo, deve-se saber o final, para onde ele vai – o que acontece em B. Muitos dizem que ao desenvolver uma história, ela, por si só, indicará o final. Mas como saber o que o personagem fará, como ele deverá se comportar em algumas situações, se não se tem conhecimento sobre o que ele deseja, o que busca e seu fim? Alguns desenvolvem roteiros nesse estilo, mas o perigo da narrativa se perder é grande. Mas na maior parte das histórias, o que importa não é o final, mas como se chega a ele, o que é feito para que o enredo tenha determinado fim. Com um final pré-definido, incluindo diálogos e cenas, é possível realizar referências e comparações e traçar o caminho para o término da narrativa. Essa resolução deve estar clara, pois ela muitas vezes traça o contexto, segura o final e dá sentido ao início. Após traçar o final da sua história (como o personagem consegue o que deseja, após essa conquista o que ele faz), comece a discutir o início do seu vídeo – as cenas iniciais. Lembre-se que, em muitos filmes, o início tem relação direta com o final. Outro ponto importante a levantar é o fato de uma história nunca acabar de vez ou começar do nada. Por exemplo, você define que um personagem consegue o que deseja em um determinado momento da vida. Após essa situação, algum outro fato pode acontecer com o personagem. Você que determinou o final da narrativa naquele ponto. No caso das continuações (I, II, III...), nem sempre o final ficou em aberto, o roteiro o fechou, mas conseguiu um ponto de partida para outra história. Por outro lado, após determinar final da história, você antecede o fato até quando será possível entender o que irá acontecer e o porquê. Esse é o ponto em que se iniciará o roteiro. Mas antes disso, o que aconteceu? Esse ponto seria o final de uma outra história, não? “O fim de uma coisa é o início de outra [...] Um final é sempre um início e um início é realmente um final” (FIELD, 2001) ¾ Aberturas Com o início determinado, você deverá partir para a produção da abertura, incluindo cenas e diálogos. Essa abertura irá depender do público que se pretende atingir, para isso, utilize as características do gênero cinematográfico relacionado ao seu vídeo. Como cada Laboratório de Comunicação - 10 gênero possui características próprias, cada qual traz para o início cenas relacionadas ao que é mais importante e que chame a atenção do espectador. ATENÇÃO “Uma abertura pode ser visualmente ativa e excitante, capturando o público imediatamente. Outro tipo de abertura é expositório, de andamento lento no estabelecimento de personagens e situação” (FIELD, 2001, p.56). Escolher como dar início à trajetória que será traçada no seu roteiro não é tudo. Além de cativar o espectador, ela deve apresentar a história. A parte inicial é só o princípio. Como visto anteriormente, é necessário mostrar o enredologo no início do filme (Ato I). Por esse motivo, em uma abertura não pode faltar: Quem é o seu personagem principal Qual é a premissa / qual é a história Quais as circunstâncias dramáticas em torno da história (que rodeiam o filme) ROTEIROS X JORNALISMO E PROPAGANDA Todo o material conceitual visto até aqui é voltado para a produção de roteiro ficcionais, com uma pequena passagem por documentários. No entanto, é possível fazer um comparativo entre esse tipo de produção e o que se faz em comerciais e telejornalismo. Antes, vamos entender o que é comercial –ainda não conceituado. Comerciais: “conjunto das mensagens de propaganda na programação de rádio ou televisão. Diz-se de cada intervalo, entre dois programas, dedicado principalmente à veiculação de anúncios publicitários” Anúncios: “menção ou aparição de um produto, serviço ou marca, no contexto de um filme cinematográfico ou de um programa de televisão, de forma não-ostensiva e aparentemente casual, com propósitos de propaganda não declarados” [Merchandising]. (BARBOSA, RABAÇA, 2001). Já vimos o que é documentário e, agora, o que são comerciais. Agora, pense em todos os vídeos que você já viu – ficcionais, documentários e comerciais –, o que eles têm em comum? Apresentação de algo Personagem Objetivo Mas como assim? Vamos lá. Nas matérias jornalísticas se apresentação um fato, um acontecimento, por meio de entrevistas e histórias de pessoas (personagens). O objetivo desses vídeos é informar, tornar algum acontecimento de conhecimento da população. Já nos comerciais, a apresentação fica por conta de mostrar as características de um produto/serviço, para que ele serve. O personagem pode ser o próprio produto (personagem ficcional) ou alguém falando sobre/utilizando/precisando dele. Os objetivos dos comerciais Laboratório de Comunicação - 11 Laboratório de Comunicação - 12 podem ser diversos, como introduzir um novo produto no mercado, manter credibilidade, vender ou mostrar os diferenciais. Pronto! Se utilizarmos o estudado até aqui para desenvolver roteiros de vídeos diversos, com alguma criatividade, será possível alcançar o mínimo de satisfação do espectador. BIBLIOGRAFIA BARBOSA, Gustavo, e RABAÇA, Carlos Alberto. Dicionário de Comunicação. 2.ed. ver. e atualizada. – Rio de Janeiro: Elsevier, 2001 – 3ª Reimpressão. CAMPOS, Flavio de. Roteiro de cinema e televisão: a arte e a técnica de imaginar, perceber e narrar uma estória / FlavioCampos. – Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2007. FIELD, Syd. Manual de roteiro: os fundamentos do texto cinematográfico / Syd Field. – Rio de Janeiro: Objetiva, 2001. MOSS, Hugo. Como formatar o seu roteiro: um pequeno guia de master scenes / Hugo Moss. – Rio de Janeiro: Aeroplano, 2002. SODRÉ, Muniz. A comunicação do grotesco. Um ensaio sobre a cultura de massa no Brasil. Petrópolis: Editora Vozes, 1972.
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