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Storytelling: Fundamentos e Estrutura Narrativa

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MBA EM GESTÃO DE INOVAÇÃO, TECNOLOGIA E EMPREENDEDORISMO
MODULO 2
STORYTELLING
1 - Fundamentos Teóricos
O que é Storytelling
Contar histórias é uma das características mais humanas que existem. Desde que adquirimos consciência, usamos a linguagem oral, mitos e desenhos em cavernas para dar sentido ao mundo onde estamos e às experiências que constroem as nossas identidades. Por isso costumamos atribuir narrativas e personalidade onde não há a fim de conseguir apreender o mundo de forma coerente. 
Não é por acaso que a habilidade de contar histórias é também uma das mais poderosas ferramentas que temos para a mudança social, a aprendizagem e para a nossa evolução enquanto seres humanos. Por isso a sua aplicação é ampla e vai desde a mobilização social, passando pela educação até a utilização em Publicidade e Gestão de Negócios.
Nos últimos anos muito tem sido estudado a respeito de como contar melhores histórias e maximizar os seus resultados frente a objetivos específicos. Esses estudos, apesar de ser baseados em obras tão antigas como a Poética de Aristóteles,  avançou muito para atender à indústria do cinema que vive da capacidade de mobilizar e lucrar com histórias que movam grandes quantidades de pessoas.
Esses estudos vão da semiótica à neurociência e tentam explicar por que contamos histórias e por que histórias nos movem e são tão essenciais para que saibamos quem realmente somos.
Aspectos Científicos de Storytelling
Uma das razões principais para sermos animais narrativos está em células encontradas no nosso cérebro chamadas de Neurônios Espelho. Elas estão localizadas no córtex pré-motor, denominando-se de neurónios viso-motores.  Eles são cruciais para a aprendizagem pois nos permitem vivenciar e sentir uma ação realizada mesmo quando passivamente observada. Por isso ao vermos um filme ou lermos uma história nos sentimos dentro da ação e, portanto, guardamos essa experiência quase como uma experiência real, pois o neurônio imita o comportamento de outro ser observado como se estivesse ele próprio a realizar essa ação.
Considera-se que esses neurônios são de importância crucial na imitação e na aquisição da linguagem e em outras ações relacionadas a aprendizagem, mobilizando a memória e promovendo a mudança comportamental.
Se as histórias são assim tão poderosas é óbvio que elas acabam se tornando parte integrante do nosso processo comportamental pois são tratadas como experiências fortes que utilizamos para realizar inferências que guiarão as nossas ações no mundo e moldarão as nossas atitudes.
Storytelling na construção social e individual
Se as histórias nos mobilizam tanto ao ponto de alterar o nosso comportamento, não é surpresa que as histórias que vemos, ouvimos e que contamos a respeito de nós mesmos são o cerne da nossa identidade. Afinal, como dizia Aristóteles na Poética, não existe psicologia do personagem, apenas ação. E as ações que vemos ou vivenciamos se tornam o fiel da balança em nossas decisões, para o bem ou para o mal, e acabam por definir as nossas identidades.
O mesmo acaba refletindo no nosso meio social que é a soma das identidades das pessoas, influenciada por aqueles de maior influência que em geral são os que contam as melhores histórias ou que controlam as narrativas que circulam na população.
 
Atividade extra
Nome da atividade: Que histórias moldaram você?
Se alguém lhe perguntar qual a história que mais lhe marcou na infância, qual história você contaria?
Redija essa história e depois analise como essa história impactou na construção da sua personalidade e na sua visão de mundo.
2 - Estrutura Narrativa
O que faz uma história
Quando vemos ou ouvimos uma história, a experiência sempre nos parece fluída e orgânica. Quer dizer, quando a história é bem contada.
Assim normalmente não costumamos quebrar a história em seus componentes básicos nem analisar como eles se interligam. Porém, para aprendermos a contar melhores histórias, precisamos entender quais são esses componentes básicos indispensáveis e saber como eles devem interagir para que consigamos criar histórias memoráveis.
Em resumo, uma história pode ser definida pela seguinte equação:
História= personagens + desejo + conflito
Ou seja, uma história é quando algum personagem deseja algo e precisa enfrentar obstáculos para atingir seu objetivo. Dessa forma os elementos básicos de uma história são: personagens, plot, cenário e estratégia narrativa. 
Personagens
Os personagens são os seres atuantes na história. São eles que geram ação e movimento que impulsionará a trama. Eles se dividem em 3 tipos básicos.
PROTAGONISTA 
AQUELE QUE PRIMEIRO QUE AGONIZA
AQUELE QUE SE SUBMETE AO TESTE
ANTAGONISTA
CONTRA AQUELE QUE QUE AGONIZA
CONTRA AQUELE QUE SE SUBMETE AO TESTE
DEUTERAGONISTA
COADJUVANTE, QUE AUXILIA, OUVE, SE OPÕE, FALA AO PROTAGONISTA 
O protagonista é o personagem que tem o desejo que move a história, o(s) antagonista(s) são aqueles que se opõe ao protagonista conseguir o que deseja, e os coadjuvantes são personagens auxiliares que ajudam ou atrapalham o protagonista a conseguir o que deseja.
Plot
Plot é o enredo da história, com seu começo, meio e fim. Pode ser melhor descrito como uma série de eventos interligados por meio de uma cadeia de causa e efeito que dizem respeito a um personagem que deseja algo desesperadamente, que não será fácil conseguir devido a obstáculos interno e externos e que chegará a uma conclusão.
A estrutura mais utilizada de Plot é a estrutura de 3 atos, com exposição, complicação e resolução.
Cenário e Tom
O cenário estabelece o mundo onde a história ocorrerá e onde se encontram os personagens. Podemos ter os mesmos personagens, seguindo o mesmo plot, mas em mundos diferentes, o que irá gerar novas histórias. O cenário é responsável por estabelecer as regras do mundo em que os personagens se encontram e estabelecer o que é comum, possível ou impossível de ocorrer.
O tom tem a ver com o gênero da história, se é um romance, drama, comédia, fantasia, etc. Ele ajuda a criar as emoções que esperamos que os leitores, ouvintes e espectadores sintam ao “consumir” a história.
Estratégias Narrativas
As estratégias narrativas estão relacionadas a como essa história vai ser apresentada ao público, em qual mídia será disponibilizada, e como os elementos dela serão unidos de forma a que ela seja contada da melhor maneira possível.
 
Atividade extra
Nome da atividade: Analise os Componentes de sua história favorita
Pegue o seu filme, livro ou história em quadrinhos preferida e defina: quais são os personagens, quem é o protagonista, o que el@ quer, quem o antagoniza, quais são os coadjuvantes, quais são os acontecimentos da história, como é o mundo e o gênero da história e como esses elementos são combinados para gerar uma história tão boa.
3 – Personagens
O que é um personagem
Todo drama é conflito. Sem conflito, não há ação. Sem ação, não há personagem. Sem personagem, não há história. E sem história, não há roteiro.  - Syd Field
Tudo pode ser minimizado numa história, menos os seus personagens. Eles são os responsáveis pelos acontecimentos da história, pelo seu rumo e pelo desejo que gerará os conflitos que comporão essa obra.
Os personagens não precisam ser humanos, simplesmente precisam ser identificáveis como seres desejantes. Se eles desejam algo e terão dificuldade para conseguir isso, temos uma história.
Por isso não há história sem personagens. São eles que dão início a tudo e a que tudo na história se refere.
O protagonista
O protagonista é aquele que deseja. É a pessoa, animal, ou coisa que sai de um estado de equilíbrio para um de desequilíbrio por conta de um desejo. Normalmente confundimos o protagonista com o herói ou com o personagem principal. 
Às vezes isso é correto, mas temos muitas situações em que o protagonista, o que tem o desejo, é um; o herói, o personagem com qualidades morais, é outro; e o personagem principal, aquele que mais aparece na história, é  um terceiro.
Ao invés de pensarmos no personagem com o qual nos identificamos ou que segue a ação, para identificaro protagonista precisamos descobrir qual personagem que, se retirado da história, a inviabilizará. Esse é o protagonista e seu motor é o desejo. 
O desejo
O desejo surge de um momento de desequilíbrio vivido pelo protagonista. Algo ocorre que perturba sua aparente estabilidade e ele passa a desejar algo que venha restaurar esse equilíbrio ou transformá-lo. Todo desejo é um desejo de mudança. Algo precisa se transformar no protagonista durante essa sua busca pelo desejo. Além disso, esse desejo não pode ser algo simples e fácil de conseguir. Esse desejo deve pedir do nosso protagonista que ele tome riscos e mude quem é. 
O desejo não é um simples querer, nem algo que pode ser abandonado. Deve ser algo tão poderoso e atraente que o protagonista coloque em risco quem ele é tudo o que tem. Esse tipo de risco é que faz a satisfação do desejo tão prazerosa tanto para o protagonista como para quem acompanha a sua jornada. 
O antagonista
O antagonista, aos moldes do que vimos em relação ao protagonista, não é um vilão. O antagonista pode ser inclusive o melhor amigo do protagonista. O que o define como tal é que ele tem um desejo antagônico ou concorrente ao do protagonista. Seu objetivo, dessa forma, será sempre impedir que o protagonista atinja o seu objetivo. Como dizem, bons antagonistas geram bons protagonistas. Quanto maior for a resistência que o antagonista exerce contra a realização do desejo do protagonista mais rica e poderosa será a sua história. Afinal, o antagonista deve representar os aspectos contrários aos do protagonista, reforçando a sua personalidade pelo contraste.
Os coadjuvantes
Os coadjuvantes estão envolvidos ao largo da dor do protagonista. Alguns auxiliam que ele atinja seu objetivo, por terem desejos complementares; outros, ficam ao lado do antagonista, ou apenas criam problemas para que o protagonista realize seu desejo. Seu papel principal é dar mais textura a sua história e facilitar que o conflito vivenciado pelo protagonista seja melhor delineado e apresentado. 
A interação entre os personagens
Com todos os personagens no palco (ou no filme, ou no livro) podemos dizer que a história e o plot se movimentam pela sua interação. Uma história em que os personagens não interagem, direta ou indiretamente, não é uma história boa. O conflito que se estabelece é sempre entre o desejo do protagonista e alguma força que o impede de realizá-lo. A concretização desse conflito se dá justamente no embate entre os personagens. 
Esse embate pode ser intelectual ou físico, contra outras pessoas, sistemas ou entidades super naturais, mas é a natureza desse embate que será a espinha dorsal da sua história e delineará passo a passo as agruras e agonias pelas quais o protagonista deverá passar até realizar, ou não, aquilo que tanto quer e ambiciona.
Se há uma definição de história ela é o conflito entre esses personagens ao redor do desejo do protagonista.
 
Atividade extra
Nome da atividade: Quem é o protagonista da sua história?
Usando a história que exploramos na primeira aula, veja quem é o protagonista? Quem tem o desejo, a agonia? Qual era essa agonia? 
Tente reescrever essa história com outro protagonista, com outro desejo, sendo você o/a antagonista ou um(a) coadjuvante.
4 – Plot
O que é Plot
O termo Plot se confunde muito com a própria história. Porém o plot não é toda a história. Ele está mais próximo de uma estrutura coerente que explicita os eventos que decorrem durante a narrativa. A definição mais adequada é:
Plot é uma série de eventos interligados por meio de uma cadeia de causa e efeito que dizem respeito a um personagem que deseja algo desesperadamente, que não será fácil conseguir devido a obstáculos interno e externos e que chegará a uma conclusão. 
Através dessa definição vemos que o foco principal do Plot é desenvolver quais eventos irão ocorrer no processo do protagonista buscar realizar o seu desejo até que haja uma conclusão e consequente transformação do personagem pela jornada realizada.
Estruturas Narrativas
O Plot serve como um guia para a criação da narrativa. Portanto existem diversas estruturas genéricas utilizadas como modelo para que essa história seja contada. Isso não significa que essas estruturas existam formalmente, afinal não existem regras para a criação de uma narrativa, porém são estruturas que facilitam o desenvolvimento da história e identificar onde podemos melhorar.
Além da mais comum, a estrutura de três atos, que iremos detalhar, temos outros exemplos:
Estrutura de dois atos – Dividido num momento de exposição com indicação de problemas futuros é um momento pós problemas com a conclusão da história. Muito comum em musicais e nas tragédias gregas como Édipo Rei. Ela facilita a criação da narrativa, pois não necessita da criação de todos os percalços passados pelo protagonista até atingir (ou não, o que é mais comum nessa estrutura) seu objetivo.
A Jornada do Herói – Essa estrutura nasceu dos trabalhos de Joseph Campbell relativos a Mitologia Comparada. Após estudar diversos mitos e heróis ele identificou que havia uma estrutura similar de doze eventos que se repetia que ele chamou de Jornada do Herói ou Monomito. Essa estrutura tem sido muito usada atualmente no cinema especialmente nos filmes de Super Herói, Fantasia e animação. Joseph Campbell inclusive trabalhou no desenvolvimento narrativo de Star Wars a fim de transformá-lo em uma mitologia.
Kishōtenketsu – Essa é uma estrutura narrativa em 4 atos desenvolvida em países orientais que contraria tudo o que consideramos no ocidente pois ela não tem conflito. O primeiro ato apresenta o cenário e os personagens; o segundo o expande, sem provocar mudanças; no terceiro há uma virada independente dos desejos personagens; e no quarto ato tudo se concluiu. É uma forma diferente de pensar a narrativa e, apesar de muito interessante, não tem ressonância com o grande público.
O importante é perceber que as estruturas narrativas são ferramentas que nos ajudam a escrever histórias que agradem ao público, trabalhando estruturas mais comuns e previsíveis que facilitem o entendimento e a suspensão de descrença.
Estrutura de 3 atos
A estrutura de 3 atos é de longe a mais comumente utilizada e foi delineada pela primeira vez na Poética de Aristóteles. Na sua obra, ele apontou que as histórias apresentam 3 momentos distintos no seu desenvolvimento: prólogo, episódio e êxodo. Hoje usamos os termos: apresentação, desenvolvimento e resolução. A estrutura é bastante similar mas fomos introduzindo pequenos detalhes, como as viradas de plot (plot twists) para indicar as mudanças de ato.
Cada um desses atos tem os seguintes objetivos e características:
O primeiro ato (situação inicial/introdução) define o cenário de equilíbrio e o status quo a ser perturbado. É essa perturbação interna ou externa que promove o desejo do protagonista que coloca a história em movimento no primeiro plot twist.
O segundo ato (complicação/desenvolvimento) apresenta como os envolvidos lidarão com essa perturbação e especialmente como o protagonista lida com o desejo. A partir desse momento começam os confrontos significativos, a busca por algo definitivo e que ponha as coisas no lugar. Seja no mesmo ou em outro. Alguns dividem esse ato em dois, considerando que há um momento no meio do segundo ato em que o protagonista não tem como voltar atrás na sua jornada, chamado de point of no return. Porém, temos durante todo o segundo ato, um grupo de pequenas viradas, vitórias e derrotas, que encaminham o protagonista na sua tentativa de vencer os obstáculos que o impedem de realizar o seu desejo.
O terceiro ato (situação final/conclusão) surge após o clímax e  mostra como o confronto foi resolvido e se o protagonista conseguiu realizar o desejo que o impelia a agir.
Não esqueça que a estrutura não é o caminho da história, mas um mapa, uma ferramenta para que você consiga determinar o ritmo e os eventos da sua narrativa com o propósito de capturar a atenção do “consumidor” da sua história.
 
Atividade extra
Nome da atividade: Decomponha sua históriapreferida em 3 atos
Volte a sua história preferida que analisamos na aula 2 e decomponha ela em três atos evidenciando os plot twists e o processo de transformação dos personagens
5 - Cenário, Tom e Mensagem
Qual a importância de cenário e tom
Muitos podem considerar que plot e personagens são suficientes para determinar uma história. Porém há dois elementos que são muito bem trabalhados em todas as histórias de sucesso: o cenário e o tom. 
Enquanto os personagens são as figuras sobre as quais lançamos o nosso olhar e suas interações geram os eventos que avançam o plot, o cenário e o tom são o fundo que dá cor e estabelece as regras que regem as relações entre pessoas e coisas.
O cenário e o tom tem a grande missão de gerar credibilidade para a história muitas vezes através de paralelos entre a nossa “realidade”, se não a considerarmos uma simples narrativa consensuada, e o mundo ficcional que nos é apresentado. Até as histórias baseadas em fatos reais e documentários precisam se preocupar com isso. Afinal por mais que sejam calcadas na realidade, elas tratam de recortes da mesma que precisam ser bem definidos a fim de situar o espectador/ouvinte/leitor.
O cenário e o tom são dados por duas escolhas importantíssimas: a escolha do gênero narrativo e o processo de construção de mundo, também chamado de world building.
Gêneros Narrativos
A primeira tentativa de se dividir os gêneros narrativos aconteceu com o teatro. Assim se dividiu todas as obras em dois grandes campos: a comédia e a tragédia. Essa divisão deu origem a famosa imagem das máscaras sorrindo e chorando.  
Essa divisão estabelecia regras específicas para cada gênero. Contudo, com o passar do tempo, novas criações começaram a desafiar os modelos estabelecidos e novos gêneros foram gerados. Hoje temos uma grande quantidade gêneros indo do romance à fantasia, passando pela ficção científica e drama de guerra histórico.
A primeira impressão é que essa divisão é comercial, mas ela também traz uma questão muito importante para a criação narrativa. Por mais que não haja uma divisão real entre esses gêneros, os públicos têm expectativas ao consumir as obras. Isso gera uma predisposição emocional para entender e vivenciar a narrativa. Não raro, obras de diretores conhecidos por comédias, mesmo quando dramáticas, vão gerar risadas somente por associação.
Portanto, é importante que o criador da narrativa conheça o léxico do gênero para poder utilizá-lo com fins de identificação e até desafiá-lo para gerar mais surpresa e interesse.
Construção do Mundo
Todas as histórias, mesmo as passadas em ambientes restritos, precisam de um mundo, de um fundo, onde os personagens irão agir. Um bom exemplo disso é o filme O Quarto de Jack, em que o pequeno cômodo é todo o mundo do protagonista, e como tal tem um enorme detalhamento.
A construção do Mundo irá apresentar aos espectadores/leitores/ouvintes quais são as regras do mundo, o que é possível, comum e impossível de ocorrer. Como no caso do gênero, isso gera expectativas que precisam ser guardadas ou, quando desafiadas, contraditas com muito cuidado. 
Essas regras de funcionamento do mundo são muito claras em filmes de ficção científica e fantasia, mas são importantes em filmes mais realistas. Se precisamos saber se a mágica funciona, se pessoas tem super poderes ou habilidades sobrenaturais, nos mundos realistas precisamos de guias a respeito de honestidade da polícia e governantes, lisura dos processos de negócios, qualidade de relações familiares etc. Todos esses pequenos detalhes, generalizados pela história, no recorte que faz do mundo, irão servir para realçar ou contrastar com os personagens
O Mundo e os Personagens
O mundo serve como fundo para os personagens que são as figuras. Deve haver um processo de contraste ou harmonização entre os personagens e o mundo. Eles se completam, se confirmam ou se contradizem. Vivemos num mundo de policiais corruptos e o protagonista é mais um deles ou é, pelo contrário, o único honesto.
A relação dos personagens com o mundo irá mexer em como o público irá entender a história e também como ele terá mais ou menos empatia pelos personagens. Essa construção conjunta de mundo e personagens, quando bem feita, valoriza a história por gerar o destaque emocional e narrativo que se pretende com a sua obra.
Mensagem da História
Nesse conflito ou colaboração entre plot, mundo e personagens, é que tiraremos muitas vezes a famigerada mensagem da história. O que essa história diz, não só sobre o seu mundo, mas também sobre o nosso mundo?
Afinal sempre iremos comparar o mundo ficcional com o nosso e encontrar pontos de ancoragem para dar mais realidade à ficção. Então, muitas vezes, os mundos mais fantasiosos, com os gêneros mais exagerados, irão nos dizer mais sobre a nossa realidade do que as obras mais pé no chão.
O sucesso ou fracasso do protagonista na realização do seu desejo dentro do seu mundo específico é que irá nos falar sobre onde vivemos e quem somos. Essa é a raiz da mensagem ou moral da história. Entender a nossa vida através dos espelhos nem sempre distorcidos da ficção.
 
Atividade extra
Nome da atividade: Analise a visão de mundo e mensagem da sua história preferida
Vamos voltar mais uma vez a sua história preferida. O que ela quer dizer? O que ela diz do mundo onde os personagens vivem? O que a sua conclusão lhe passa? Se a sua história fosse um conselho qual seria ele?
6 - Estratégias Narrativas
O que é Estratégia Narrativa
Quando temos definidos os personagens, o plot, o cenário e o tom, podemos dizer que a história está pronta. Sim, pronta na cabeça do autor, porém, a forma como ela chegará ao público ainda precisa ser definida. Essa forma é o que chamamos de Estratégia Narrativa.
Antigamente, as opções de veiculação e disponibilização da obra eram poucas: música, poesia, literatura, etc. Com o advento de novas tecnologias, desde o livro até a realidade virtual, passando pelo cinema, as nossas possibilidades de mídia, formato e periodicidade de apresentação das obras cresceram astronomicamente.
Com certeza, uma parte dessas escolhas é feita comercialmente, buscando  o retorno do investimento da criação, porém elas influem em como o público irá aproveitar e experienciar essa narrativa. Essas estratégias narrativas, baseadas em estratégias de comunicação, se tornam, assim, não só uma forma de atingir o público mas também uma forma de dar novos contornos e significados a narrativa.
Histórias como objetos de consumo
Toda história precisa ser recebida pelo público de alguma forma. A maneira como ele irá consumir essa narrativa influi em como ele vai experienciar a história. Um bom exemplo é o novo modelo de streaming. 
Antigamente as séries passavam uma vez por semana e dependiam de ganchos internos entre os comerciais e externos para manter o interesse do público e retornar o investimento que era pago pela venda de anúncios. Hoje, você paga a um serviço e recebe o conteúdo sem anúncios e pode assistí-lo de uma vez só como se lesse a um romance. Isso altera até como serão as narrativas a serem contadas. Se antigamente você precisava de mais suspense para manter o interesse, hoje narrativas mais densas com análises profundas dos personagens começam a ter mais espaço.
Os principais critérios a serem definidos na estratégia narrativa são:
Mídia – Qual é o veículo que levará a sua narrativa? Papel Impresso? Vídeo em Streaming? Fitas cassete? Cada forma altera como considera a experiência. Muitas bandas e cineastas têm difundido suas obras em mídias mortas (cassete e VHS) para gerar uma experiência nostálgica.
Lugar – Onde ela precisa ser consumida? Num teatro, no cinema, numa praça, em casa, em qualquer lugar?
Tempo – Qual a duração do consumo da obra? São episódios de 30 minutos ou micro contos que podem ser lidos em 10 segundos?
Interação – Qual o nível de interação do público com a obra? Com a popularização de games e ferramentas interativas, o público hoje pode participar ativamente da construção da obra definindo ações e o destino dos personagens.
Custo– Quanto o público paga para consumir a obra? OU outro paga por isso num modelo de contrapartida como ocorre na TV aberta?
Periodicidade  - De quanto em quanto tempo o público terá acesso ao desenrolar da narrativa? De uma só vez, semanalmente, diariamente?
Relação entre autor e comunidade – Hoje a proximidade entre público e criadores é enorme. Com isso podem ser geradas comunidades ao redor de narrativas das quais os autores podem ou não participar gerando experiências contínuas de participação no processo criativo. 
Mídia, Transmídia e Novas Mídias
Um dos aspectos que mais influi no desenvolvimento da obra é a mídia em que ela será disseminada. A decisão entre criar um filme e um conto ou romance muda todo o seu processo criativo e a natureza da obra. Para complicar mais isso atualmente, precisamos estar preparados para obras que não se materializam em apenas uma, mas em várias mídias, às vezes ao mesmo tempo.
As experiências que juntam diversas mídias para o desenvolvimento de narrativas, conforme definição de Ilya Vedrashko, são as seguintes:
Multimídia: Uma história é contada através de diferentes mídias simultaneamente, com sua narrativa apoiada por artefatos espalhadas por vários tipos de mídia.
Nenhum desses artefatos pode contar a história por conta própria e a narrativa não pode ser entendida se faltar um desses elementos. 
Crossmedia: Uma história é interpretada de forma independente em diferentes mídias, de modo que consumir a história em um meio pode reforçar sua compreensão em outros.
A interpretação da história em cada meio individual é auto-suficiente.
Exemplos comuns são adaptações cinematográficas de livros (Harry Potter).
Transmedia: Várias histórias compõem um único universo, mas cada uma é contada através de diferentes meios de forma autônoma, e se complementam para dar forma a uma só grande narrativa.
Exemplos são trilogias de cinema, quadrinhos e mundo virtual, todos eles sendo auto-suficiente, mas ao mesmo tempo reforçando uns aos outros (Matrix).
Além dessas experiências entre mídias, precisamos começar a lidar com novas possibilidades de contar histórias como através de Alternate Reality Games, TV Interativa, Realidade aumentada e Realidade Virtual.
A cada avanço tecnológico, as nossas possibilidades de contar novas histórias e conceder novos significados a nossas narrativas aumentam.  Precisamos conhecer essas tecnologias especialmente por conta dos novos públicos que irão consumir nossas narrativas. Quando o público muda, mudam as nossas narrativas. E como autores precisamos nos adaptar.
 
Atividade extra
Nome da atividade: Analise o processo de transposição de uma história para uma mídia diferente
Escolha uma obra que já consumiu em dois formatos diferentes. Analise o que mudou de um formato para o outro. Tente definir para quais públicos cada formato foi preparado e como isso alterou a história
7 - Storytelling na Gestão de Negócios
Storytelling na Gestão de Negócios
Pra que utilizar Storytelling
Utilizar Storytelling parece uma obviedade, afinal estamos a todo o momento contando histórias. Porém, quando falamos em utilizar storytelling, vamos além do método natural e tradicional de usar histórias para influenciar a aprendizagem, a mudança comportamental e reforçar a aquisição de conhecimentos e habilidades. Nesse caso, estamos fazendo um esforço deliberado para que as histórias nos permitam atingir os objetivos que buscamos.
Com isso em mente, fica mais fácil identificar os benefícios do storytelling frente a outras metodologias. Os três principais são:
Atenção Relaxada – Ouvir ou assistir histórias facilita a atenção a novos conceitos e reduz resistências 
Imersão Planejada – uma história bem contada captura a atenção e aumenta a retenção de conhecimentos 
Processamento Ativo – as histórias permitem reflexão e facilitam a incorporação da experiência ficcional ou documental como se fosse real
Contudo, é importante lembrar que: 
Storytelling não é oratória – não é habilidade de falar bem em público apesar auxiliar nisso 
Storytelling não é ferramenta de persuasão – não é forma de fazer os outros concordarem com vocês mas sim criar um meio comum de compartilhar experiências 
Storytelling não é criar simpatia – não é forma de gostarem mais de você, mas de gerar empatia na relação Com base nisso vamos analisar as aplicações do Storytelling na Gestão de Negócios.
 
Marketing, Comunicação Institucional, Treinamento e Cultura Empresarial
Como vimos em nossa primeira aula, nossos cérebros são extremamente sensíveis e preparados para processar narrativas de forma a nos permitir adquirir novos comportamentos através de experiências ficcionais ou documentais alheias que nos são apresentadas de forma estruturada.
Dessa forma, analisando as questões de Gestão de Negócios identificamos quatro situações específicas que demandam mudança comportamental de colaboradores e clientes onde o Storytelling pode ser aplicado com melhores resultados.
Marketing – Histórias por terem contexto e gerarem empatia são mais fáceis de apreender, guardar e resgatar. Na verdade, mesmo quando somos apresentados a dados e informações frias, tendemos encaixá-las em exemplos e pequenas narrativas a fim de atribuir-lhes o sentido que facilitará a sua memorização. Quando falamos de marketing, estamos gerando processos de reconhecimento de marca e identificação da mesma com valores e crenças que irão mobilizar os seus internos e externos.
Treinamento e Comunicação Institucional – Graças aos Neurônios Espelho, as narrativas são tratadas pelo nosso cérebro como experiências quase reais nas quais basearemos a construção de induções que serão usadas posteriormente no nosso dia a dia como referência para tomarmos decisões.
Dessa forma, quanto melhor contada for a história, e quanto mais poderosa for a emocão que a experiência narrativa proporciona, maior será a chance de alterarmos as nossas respostas comportamentais relacionadas a narrativa. Nesse caso tanto o Treinamento quanto a Comunicação atuam sempre para a mudança comportamental, uma pela aquisição de competências e a outra pela mobilização interna.
Cultura Empresarial – Histórias nunca estão no vazio. Histórias são meios de criação de relações entre criadores, público e entre o próprio público. Mesmo lendo um livro, você estará estabelecendo um contato com a pessoa que o escreveu seja ontem, seja há centenas de anos atrás. Além disso, as histórias que são compartilhadas num mesmo grupo social criam um repositório comum de símbolos e experiências que geram coesão e sensação de pertencimento. Isso é essencial para a Cultura Empresarial que é calcada nas histórias contadas institucionalmente e contadas entre os funcionários que estabelecerão as crenças e comportamentos exercitados pelas organizações.
 
Storytelling e Poder
As histórias concedem a quem as conta o poder de mudar corações e mentes. Ter a habilidade de contar histórias que mobilizem as pessoas internamente e externamente, permite que consigamos mover esses grupos em direção aos objetivos que buscamos.
Porém, isso não é o suficiente se o poder de contar histórias não estiver disseminado na sua organização. Quando nossos funcionários e clientes também adquirem essas habilidades passamos a construir coletivamente as narrativas que nos levarão para um futuro mais produtivo, com mais protagonismo sabendo colaborar e cooperar.
Criando um projeto de Storytelling
O que é um projeto de Storytelling
Agora que já entendemos o que é Storytelling, como construir boas histórias e quais são as suas aplicações em nossas atividades, vamos seguir o passo a passo para desenvolver um projeto utilizando Narrativas que atinja os nossos objetivos.
Um projeto de Storytelling é um conjunto de ações de utilizando histórias com objetivo de promover a aprendizagem de conceitos e comportamentos.
Ele pode utilizar simplesmente histórias ou estar alinhado a outras ferramentas como comunicação, mobilização e gamificação. Mas antes de começar a criar ou compartilhar histórias , para que ele seja bem sucedido é importanteseguir os seguintes passos na sua construção: 
Passo a passo para a construção de um projeto de Storytelling
Para que o projeto crie os resultados esperados é necessário realizar um trabalho de planejamento que antecede a criação ou compartilhamento de histórias e narrativas. Os passos são os seguintes:
Definir objetivos – o primeiro passo é descobrir o que espera atingir com a implementação desse projeto. Para isso precisamos responder as seguintes perguntas:
Objetivo: Que habilidades e conhecimentos os aprendizes necessitam desenvolver?
Comportamento esperado: Qual o comportamento esperado dos aprendizes após o projeto?
Sem essa definição não saberemos o cenário que esperamos encontrar após a sua implementação o que nos leva ao próximo passo.
Avaliar o seu público – após definirmos aonde queremos chegar precisamos analisar como o público alvo desse projeto atualmente se encontra. Para isso precisamos responder:
Comportamento atual: Qual o atual nível de conhecimento ou comportamento dos aprendizes?
Isso nos permite determinar o ponto inicial do público para que consigamos definir com clareza qual impacto e quais aspectos nossas narrativas precisam atingir para promovermos a mudança esperada.
Definir Métricas – conhecendo o público e o nosso objetivo, precisamos estabelecer como iremos aferir se o projeto teve sucesso ou não. Para isso é necessário criar métricas objetivas a serem acompanhadas e que nos permitam gerar mudanças no projeto para atingirmos os resultados esperados. Nesse caso, precisamos saber:
Objetivos: Quais métricas devem ser definidas para determinar o sucesso do projeto?
Objetivos: Como aferir se ocorreu a aprendizagem após o projeto?
Quando definimos a maneira de avaliar o sucesso do processo estamos prontos para começar a desenvolver as narrativas que criarão impacto no nosso público. 
Capturar e recriar narrativas – essas histórias que já fazem parte do repertório do público são importantes pois servirão de referência para a criação nas narrativas mais adequadas. Por isso, é essencial pesquisar:
Contexto: Como o seu projeto deve contemplar o contexto e realidade dos aprendizes?
Muitas vezes essas histórias do público contradizem as histórias que precisam ser trabalhadas no seu projeto. É necessário ter muito cuidado nesse momento, caso contrário podemos criar dissonâncias narrativas que gerarão resistências e impedirão que as suas narrativas gerem as mudanças esperadas. Com essas histórias também podemos identificar quem serão os personagens envolvidos, seus desejos e os desafios mais comuns que enfrentarão de forma a promover o paralelismo entre a narrativa do protagonista e de seu público alvo.
Desenvolver Estratégias Narrativas – Enfim com histórias criadas que respeitem o repertório narrativo do seu público, você deverá analisar outros aspectos do contexto desse grupo a fim de que essas histórias sejam disseminadas da forma a maximizar seus resultados. Os principais aspectos a serem considerados são:
Mídia – Qual é o veículo mais adequado para a sua narrativa que melhor atingirá o seu público.
Lugar e tempo – Como melhorar a apreensão dessas narrativas considerando o tempo e locais disponíveis.
Interação – Qual o nível esperado de interação do público com as narrativas apresentadas.
Periodicidade  - De quanto em quanto tempo  as narrativas devem ser apresentadas ao público para atingir melhores resultados
Relação entre a instituição e o público – Quais o canais e formas de interação o público deve ter com os responsáveis pelas narrativas considerando criação de narrativas compartilhadas e feedback. 
Atendendo a todos esses pontos você conseguirá definir um projeto que irá através de storytelling transformar o seu público da mesma forma que o protagonista é transformado pelas narrativas das quais toma parte. Portanto nunca deixe o público como espectadores passivos. Estimule o seu protagonismo para que eles consigam através da realização dos seus desejos construir suas narrativas de vida de forma complementar aos objetivos que definiu no início do seu projeto.
 
Atividade extra
Nome da atividade: Desenvolva um projeto simples de Storytelling Educacional
· Escolha um grupo específico de aprendizes
· 
· Defina um objetivo de aprendizagem claro
· 
· Avalie o atual nível de conhecimento e comportamento dos aprendizes
· 
· Defina uma maneira de medir a aprendizagem
· 
· Ouça e resgate histórias dos seus aprendizes
· 
· Defina quais narrativas serão contadas no projeto e a estratégia do projeto
01
Heider e Simmel realizaram um experimento em que figuras geométricas se moviam aleatoriamente num filme. Quando perguntadas a respeito do que se tratava o filme, as pessoas que participaram do experimento concediam vontade e inteligência às figuras, construindo histórias em cima de ações sem sentido. Por que isso ocorre?
1. Por conta dos Neurônios Espelho que nos fazem imitar o que vemos.
2. Porque as pessoas são muito fantasiosas.
3. Pois naturalmente atribuímos sentido a coisas inanimadas.
4. Porque para que possamos entender o mundo criamos narrativas a partir dos fatos que vemos e vivemos.
5. Nenhuma das anteriores.
Porque para que possamos entender o mundo criamos narrativas a partir dos fatos que vemos e vivemos, mesmo quando eles não fazem sentido. O ser humano é um criador de sentido. Não conseguimos conviver com algo sem explicação, portanto é da nossa natureza atribuir sentido mesmo quando não há intenção do mesmo.
02
Durante a exibição de uma cena de perseguição de carro, notou-se que os espectadores tiveram um aumento na frequência cardíaca e em seus cérebros as áreas motoras que seriam envolvidas nesse tipo de atividade foram acionadas. O que provoca isso?
1. Os neurônios espelho que nos fazem vivenciar experiências que assistimos como se estivéssemos participando das mesmas.
2. O medo vivenciado por uma cena de ação.
3. A vontade de participar de uma perseguição real de carros.
4. Uma formação de identidade falha que nos estimula a sermos fantasiosos.
5. Nenhuma das anteriores.
Os neurônios espelho que nos fazem vivenciar experiências que assistimos como se estivéssemos participando das mesmas. Esses neurônios ativam células que nos permitem vivenciar o que vemos como se fossem experiências reais.
03
Hoje em dia muito se discute a influência das fake news no nosso comportamento e em nossas posições políticas. Se elas são falsas, como conseguem mobilizar tanto as pessoas?
1. Pois as pessoas são muito crédulas.
2. Pois são narrativas que geram sentido para simplificar situações complexas e estimulam emoções nas pessoas se aproveitando de crenças pré existentes.
3. Por culpa das redes sociais que tornam as pessoas menos críticas.
4. Pois as notícias de verdade são contadas de forma pouca atraente.
5. Nenhuma das anteriores.
Pois são narrativas que geram sentido para simplificar situações complexas e estimulam emoções nas pessoas se aproveitando de crenças pré existentes. Novamente atribuir sentido a situações complexas, simplificando as explicações e se aproveitando das nossas emoções é uma capacidade que as histórias têm que são acionadas pelas fake news. Mais fácil “entender” e se mobilizar por uma história simples e falsa do que por uma explicação técnica e verdadeira.
01
No filme curta metragem The Old Mill, de Walt Disney, acompanhamos uma noite onde diversos animais se protegem de uma tempestade. Assista o curta e a respeito dele podemos dizer que:
1. Não é uma história pois não tem personagens humanos.
2. Não é uma história pois uma tempestade não pode ser um antagonista.
3. É uma história pois os animais são protagonistas e desejam sobreviver a tempestade que é a antagonista, o que gera conflitos.
4. Não é uma história pois animação não tem profundidade dramática.
5. Nenhuma das anteriores.
É uma história pois os animais são protagonistas e desejam sobreviver a tempestade que é a antagonista, o que gera conflitos. Se há ação orientada a um objetivo e a mesma sofre oposição de alguém temos uma história, seja com humanos, animais ou mesmo objetos que parecem inanimados.02
A estrutura do plot tradicional em 3 atos, com exposição, complicação e resolução, sempre tem que seguir essa ordem temporalmente?
1. Não, pois apenas os eventos precisam ter relação de causa e efeito, sem necessariamente estarem ligados de forma ordenada e contínua durante a história.
2. Sim. A causa e efeito devem estar ligadas de forma contígua.
3. Não. A exposição, complicação e resolução são apenas interpretações dos que consomem a história.
4. Sim. Qualquer mudança na estrutura temporal contínua inviabiliza o plot.
5. Nenhuma das anteriores.
Não, pois apenas os eventos precisam ter relação de causa e efeito, sem necessariamente estarem ligados de forma ordenada e contínua durante a história. A estrutura narrativa não é exatamente temporal e as relações de causa e efeito do plot podem não ser contínuas nas histórias. Podemos ver isso em filmes como Pulp Fiction e irreversível, onde as cenas têm estruturas narrativas específicas e o filme inteiro é um grande arco contado fora da ordem tradicional.
03
Uma história bem contada é um equilíbrio fino entre personagens, plot, cenário, tom e estratégias narrativas. Uma mudança num desses elementos modifica totalmente a história, tanto para o bem como para o mal. Qual desses não é uma alteração na história?
1. Nova edição de livro.
2. Versão do Diretor de Filme.
3. Adaptação de quadrinhos para o cinema.
4. Nova versão de filme com elenco feminino substituindo o masculino.
5. Jogo baseado em série de TV.
Nova edição de livro. Nesse caso não há alteração nem de forma, nem de conteúdo da história. No máximo, talvez, correções gramaticais ou ortográficas. As demais contarão a “mesma” história em novos formatos ou de forma adaptada alterando sua forma e seu conteúdo.
01
No filme As Armações do Amor, um casal de aposentados contrata uma especialista para lhes ajudar a tirar o filho encostado de casa. Com base nessa breve descrição quem é o protagonista da história?
1. O filho, pois ele não quer sair de casa.
2. A especialista, pois o trabalho maior vai ser dela.
3. O casal, pois é o seu desejo que inicia e mantém a ação.
4. Depende do seu ponto de vista.
5. Não é possível determinar isso com essa descrição.
O casal, pois é o seu desejo que inicia e mantém a ação. Por mais que o filho e a especialista dominem a ação, o desejo vem dos protagonistas. O filho é o antagonista e a especialista uma coadjuvante que apoia, a princípio, o desejo do casal.
02
Uma função não muito nobre dos coadjuvantes é servir de orelha para o protagonista ou antagonista. Através da interação entre eles conseguiremos entender melhor seus desejos e personalidades. Qual artifício narrativo pode substituir o coadjuvante como personagem orelha?
1. Narração em off.
2. Epílogos ilustrativos.
3. Quebra da quarta parede em que o protagonista se dirige ao público.
4. Flashbacks.
5. Todas as anteriores.
Todas as anteriores. Todas servem ao mesmo objetivo do personagem orelha, descrever algo que vai além da ação exibida na obra.
03
(momento 1) João amava Teresa que amava Raimundo/ que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili/ que não amava ninguém.
(momento 2) João foi para os Estados Unidos, Teresa para o convento,/Raimundo morreu de desastre, Maria ficou para tia,/Joaquim suicidou-se e Lili casou com J. Pinto Fernandes/ que não tinha entrado na história
No poema quadrilha de Carlos Drummond de Andrade temos dois momentos distintos que explicitam componentes narrativos. Quais são eles?
1. Antagonistas e Protagonistas.
2. Inter-relação entre os personagens e plot.
3. Cenário e Tom.
4. Estratégia Narrativa e estrutura de 3 atos.
5. Nenhum dos anteriores.
Interrelação entre os personagens e plot. Na primeira vemos como os personagens se relacionam e quais sentimentos têm uns pelos outros. Na segunda vemos os eventos que se deram com esses personagens.
01
Os micro contos são formas de entregar narrativas que podem ou não respeitar a estrutura tradicional dos 3 atos. Sobre o exemplo abaixo, podemos dizer que:
“Vende-se: sapatinhos de bebê nunca usados.”
1. Respeita a estrutura tradicional dos 3 atos.
2. Apresenta apenas a apresentação e a conclusão, portanto é uma estrutura de 2 atos.
3. Apenas sugere uma história que se desenvolve na cabeça do leitor, mas não tem estrutura definida.
4. É apenas o clímax da história.
5. Nenhuma das anteriores.
Apenas sugere uma história que se desenvolve na cabeça do leitor, mas não tem estrutura definida, pois não apresenta personagens nem um arco dramático mas a imagem sugere uma história que é desenvolvida pelo leitor.
02
O Haiku é é um poema curto, de três linhas, que envolve uma linguagem sensorial para capturar uma sensação ou imagem. Ele normalmente termina com uma imagem inesperada e não apresenta conflito, apenas contemplação. Narrativamente ele se aproxima mais da estrutura narrativa:
1. De 3 atos.
2. De 2 atos.
3. Jornada do Herói.
4. Kishōtenketsu.
5. Nenhuma das anteriores.
Kishōtenketsu, pela falta de conflito e pela virada inesperada no terceiro ato que tem paralelo com o verso final surpreendente.
03
O Plot busca mostrar os eventos pelos quais passa o protagonista na tentativa de realizar o seu desejo. Os eventos que ocorrem no segundo ato (complicação/desenvolvimento) estão mais ligados a:
1. Apresentação dos Personagens.
2. Obstáculos encontrados pelo Protagonista.
3. Conclusão da ação.
4. Desenvolvimento dos personagens coadjuvantes.
5. Nenhuma das anteriores.
Obstáculos encontrados pelo Protagonista, afinal após a apresentação do cenário e da perturbação do status quo temos os desafios que serão vividos pelo protagonista na busca pelo seu desejo.
01
A evolução de James Bond no cinema é bem interessante. Na década de 60 ele fumava e era bastante promíscuo. Nos anos 80 e 90, o cigarro sumiu e ele passou a ter relacionamentos menos fugazes. Por que houve essa mudança no personagem ?
1. Perda de popularidade.
2. Demandas dos atores.
3. Mudança dos costumes no mundo real.
4. Falta de patrocínio de empresas de tabaco.
5. Nenhuma das anteriores.
Mudança dos costumes no mundo real. Para dar credibilidade ao mundo e ao personagem ficcional foi preciso aproximá-lo dos costumes em voga na época. Nos anos 90 a AIDS e os movimentos anti tabagismo inviabilizavam que o personagem mantivesse a mesma empatia com comportamentos antigos.
02
A Paródia é um gênero que busca repetir situações e eventos de outras obras dando-lhes um caráter humorístico. Esse tipo de obra mostra que é possível manter personagens e plot similares ao mesmo tempo que se constrói uma história totalmente diferente. Isso é possível graças a:
1. Mudança de tom e cenário.
2. Falta de conhecimento da obra original
3. Habilidade de roteiristas e escritores.
4. Efeitos especiais ou técnicas literárias.
5. Nenhuma das anteriores.
Mudança de tom e cenário. Muitas paródias trabalham em cima de estereótipos de personagens tradicionais e usam plot bem conhecidos, mas mudam o tom para comédia e distorcem e exageram as regras dos mundos ficcionais para criar absurdos que gerem situações de humor.
03
A relação entre personagens e o mundo onde atuam é de:
1. Figura e Fundo.
2. Complementação.
3. Conflito.
4. Exploração.
5. Nenhuma das anteriores.
Figura e Fundo. O contraste e complementariedade será dada pela harmonia ou falta da mesma entre as características dos personagens e do mundo.
01
Uma das séries que foi pioneira na utilização de diversas mídias foi Star Trek. Depois dos curtos 3 anos da série clássica na TV foram produzidos filmes, quadrinhos, desenhos animados, livros e jogos sobre a série. Todos contando histórias independentes e auto contidas mas reforçando as narrativas dos demais num grande arco. A essa estratégia de mídia chamamos de:
1. Multimedia
2. Crossmedia
3. Transmedia
4. Mídia única
5. Nenhuma das anteriores
Transmedia. As várias histórias nessas diferentes mídias compõem um único universo, mas cada uma é contada através de diferentes meios de forma autônoma, e se complementam para dar forma a uma só grande narrativa.
02
A possibilidade de streaming mudou a formacomo consumimos TV. Antes precisávamos nos adequar ao horários das emissoras, assistir com a regularidade indicada e só podíamos consumir o conteúdo através de aparelhos de TV. Some a isso a Internet que permite a criação de comunidades de discussão sobre as suas narrativas preferidas incluindo muitas vezes seus criadores. Podemos dizer que da TV tradicional para o streaming foram alteradas estratégias narrativas relativas a:
1. Periodicidade
2. Lugar de Consumo
3. Momento de Consumo
4. Interação e comunidade
5. Todas as anteriores
Todas as anteriores. A mudança do modelo de streaming mudou toda a nossa relação com a TV nos permitindo consumir quando, onde, como e com quem quisermos, tornando-nos menos dependentes dos veiculadores das obras para decidir as formas de consumo.
03
Uma das grandes novidades atualmente na área de entretenimento é a exibição de jogos online em streaming onde podemos ver grupos competindo e contando histórias colaborativamente com personagens famosos. Esse processo mostra que o público começa a se tornar dono da obra e a produzir conteúdos interativamente a partir de uma base comum. Se considerarmos as formas tradicionais de transição entre mídia, esse movimento se aproxima mais de:
1. Adaptação de obra ficcional.
2. Fan Fiction.
3. Criação de obra original.
4. Realidade Aumentada.
5. Nenhuma das anteriores.
Fan Fiction. Os jogadores criam narrativas utilizando mundos e personagens criados por outros de forma interativa, assim como fãs de séries escrevem contos e romances sobre seus personagens preferidos.
01
A utilização de tecnologias como Realidade Virtual permite ao público participar de uma narrativa como se estivesse dentro dela. Qual desses benefícios das narrativas é maximizado pelo seu uso?
1. Processamento Ativo
2. Imersão Planejada
3. Atenção Relaxada
4. Empatia
5. Nenhuma das anteriores
Imersão Planejada. A utilização de realidade virtual por atender a mais aspectos da percepção do público e permitir uma melhor interação com o ambiente ficcional captura a atenção e aumenta a retenção de conhecimentos num processo de imersão planejada.
02
Quando temos um assunto ou mensagem que contraria as crenças e experiências do público, usar storytelling é uma boa estratégia por conta do seguinte benefício:
1. Processamento Ativo
2. Imersão Planejada
3. Atenção Relaxada
4. Empatia
5. Nenhuma das anteriores
Atenção Relaxada. Quando ouvimos uma história relaxamos as nossas defesas e estamos mais propícios a lidar com conceitos contrários às nossas crenças pessoais.
03
O principal fator que torna Storytelling uma estratégia bem sucedida para os processos de aprendizagem é que, graças aos neurônios espelho:
1. Temos mais empatia pelo autor da história
2. Fortalecemos os laços sociais com os demais aprendizes
3. Conseguimos reter e resgatar melhor as histórias
4. Vivenciamos as experiências como se fossem nossas
5. Nenhuma das anteriores
Vivenciamos as experiências como se fossem nossas. Os neurônios espelho são responsáveis pelos processos de imitação de comportamento e nos permitem vivenciar o que vemos como experiências nossas e quase reais.
01
Hoje em dia consideramos que todos têm acesso a ferramentas tecnológicas e portanto costumamos usar a internet e equipamentos móveis, como celulares, como as mídias preferenciais para entrega dessas narrativas. Isso é uma maneira correta de agir?
1. Sim, pois diminui custos e aumenta a capilaridade de distribuição.
2. Não, pois pode gerar brechas de segurança.
3. Não, pois nem sempre o contexto do público está relacionado a essas novas tecnologias.
4. Sim, pois é uma forma de qualificação digital.
5. Nenhuma das anteriores.
Não, pois nem sempre o contexto do público está relacionado a essas novas tecnologias. A definição dessas estratégias deve ocorrer sempre após a análise do seu público, considerando não só suas capacidades mas suas idiossincrasias e a relação da narrativa a ser apresentada, seu tema e como isso se reflete na vida do público.
02
Quando identificamos que as narrativas do público a respeito do tema estão dissonantes com o objetivo do projeto, como devemos agir?
1. Desistir de utilizar storytelling e focar apenas em informações diretas.
2. Encontrar pontos de contato entre as narrativas pessoais e institucionais para criar histórias que permitam ao público transacionar de um ponto a outro.
3. Usar histórias mais genéricas e evitar os pontos de conflito.
4. Usar narrativas utilizadas por outras instituições que já tiveram sucesso em seus projetos.
5. Nenhuma das anteriores.
Encontrar pontos de contato entre as narrativas pessoais e institucionais para criar histórias que permitam ao público transacionar de um ponto a outro. Dessa forma iremos respeitar onde o público atualmente se encontra e faremos o processo de transição de forma transparente sem ignorar suas atuais crenças e práticas.
03
Os objetivos de um projeto parecem muito subjetivos e incertos. Como gerar boas métricas para aferir o sucesso do projeto nesse caso?
1. Rever os objetivos para torná-los mais concretos.
2. Se basear apenas na reação e popularidade das narrativas apresentadas.
3. Focar em objetivos de mídia social como quantidade de seguidores e curtidas.
4. Focar apenas em métricas de retenção de informação .
5. Nenhuma das anteriores.
Rever os objetivos para torná-los mais concretos. Quando os objetivos estão mal definidos as métricas nunca serão verdadeiramente adequadas. Sem bons objetivos não temos como identificar de fato o sucesso do projeto.

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