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PSICOLOGIA JURÍDICA

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Psicologia Jurídica
O Instituto IOB nasce a partir da experiência 
de mais de 40 anos da IOB no desenvolvimento 
de conteúdos, serviços de consultoria e cursos de 
excelência.
Através do Instituto IOB é possível acesso à 
diversos cursos nas áreas contábil e jurídica por 
meio de ambientes de aprendizado estruturados 
por diferentes tecnologias.
institutoiob.com.br
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação 
(CIP)
(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
...
Nome do livro / Nome do Autor - São Paulo: Editora 
IOB, 2009.
Bibliografia.
ISBN 000-00-0000-000-0
1. Primeira palavra-chave 2. Segunda palavra-chave 
3. Terceira palavra-chave 4. Quarta palavra-chave
00-00000 CDD - 0000
...
Índices para catálogo sistemático:
1 nononono
2 nonono
Informamos que é de interira 
responsabilidade do autor a emissão 
dos conceitos.
Nenhuma parte desta publicação 
poderá ser reproduzida por qualquer 
meio ou forma sem a prévia 
autorização do Instituto IOB.
A violação dos direitos autorais é 
crime estabelecido na Lei n• 9610/98 e 
punido pelo art. 184 do Código Penal.
Sumário
Capítulo 1 — Desenvolvimento Psicossexual, 7
Psicologia Jurídica e Perícia Técnica, 7
1. Conceito e Formação do Desenvolvimento Psicossexual, 7
Capítulo 2 — Aparelho Psíquico, 10
1. Conceito, 10
2. Partes que Compõem o Aparelho Psíquico, 11
Capítulo 3 — Psicopatologia, 14
Classificação das Estruturas de Personalidade, 14
1. Neurose, 14
2. Psicose, 15
3. Perversão, 17
Capítulo 4 — Laudo Pericial, 18
1. Conceito , 18
2. Tipos de Documentos Médico-Legais, 19
Capítulo 5 — Dano Extrapatrimonial, 21
1. Danos Extrapatrimoniais, 21
Capítulo 6 — Assédio Moral, 34
1. Origem, 34
2. Conceito, 35
3. Características, 35
4. Tipos de Assédio, 36
5. Fases do Assédio Moral, 36
6. Partes Envolvidas no Assédio Moral, 37
7. O Assédio Moral no Brasil, 38
Capítulo 7 — Assédio Sexual, 40
1. Origem, 40
2. Conceito, 41
3. Características, 41
4. Agentes do Assédio Sexual, 42
5. Consequências, 43
6. Diferença entre Sedução e Assédio, 43
7. Responsabilidade, 44
Capítulo 8 — Lei Maria da Penha, 46
1. Origem, 46
2. Conceito/Proposta da Lei, 47
3. Pontos Negativos da Lei, 48
4. Conceito de Agressão Doméstica Segundo a Lei, 49
5. Medidas Protetivas Geradas pela Lei, 49
Capítulo 9 — Estatuto da Criança e do Adolescente, 51
1. Origem, 51
2. Conceito, 52
3. Normas e Regras do ECA, 53
4. Pontos que Foram Alterados após o ECA, 53
5. Mecanismos de Proteção, 54
Capítulo 5 — Dano Extrapatrimonial, 21
1. Danos Extrapatrimoniais, 21
Capítulo 6 — Assédio Moral, 34
1. Origem, 34
2. Conceito, 35
3. Características, 35
4. Tipos de Assédio, 36
5. Fases do Assédio Moral, 36
6. Partes Envolvidas no Assédio Moral, 37
7. O Assédio Moral no Brasil, 38
Capítulo 7 — Assédio Sexual, 40
1. Origem, 40
2. Conceito, 41
3. Características, 41
4. Agentes do Assédio Sexual, 42
5. Consequências, 43
6. Diferença entre Sedução e Assédio, 43
7. Responsabilidade, 44
Capítulo 8 — Lei Maria da Penha, 46
1. Origem, 46
2. Conceito/Proposta da Lei, 47
3. Pontos Negativos da Lei, 48
4. Conceito de Agressão Doméstica Segundo a Lei, 49
5. Medidas Protetivas Geradas pela Lei, 49
Capítulo 9 — Estatuto da Criança e do Adolescente, 51
1. Origem, 51
2. Conceito, 52
3. Normas e Regras do ECA, 53
4. Pontos que Foram Alterados após o ECA, 53
5. Mecanismos de Proteção, 54
Capítulo 10 — Mediação, Conciliação e Arbitragem, 56
1. Origem, 56
2. Conceito, 57
3. O Mediador e a Mediação, 58
4. Objetivo da Mediação, 59
5. Técnicas da Mediação e o Mediador, 59
6. Mediação na Área de Família, 60
Capítulo 11 — Psicologia do Testemunho, 63
1. Origem, 63
2. Conceito, 64
3. Características do Testemunho, 64
4. Psicologia do Testemunho, 64
5. Como se Forma o Testemunho, 65
6. Formas de Testemunho, 67
7. A Objetividade do Testemunho, 68
8. O Psicólogo Forense e suas Atribuições, 68
9. Formas de Relato do Testemunho, 69
10. Diferença entre Testemunho de Adultos e Crianças, 71
Vitimologia, 71
Julgadores, 72
1. Conceito e Funcionamento da Seara Jurídica, 72
Gabarito, 73
Referências, 74
Capítulo 1
Desenvolvimento Psicossexual1
Psicologia Jurídica e Perícia Técnica
1. Conceito e Formação do 
Desenvolvimento Psicossexual
O desenvolvimento psicossexual será assim dividido:
 » Fase Oral
 » Fase Anal
 » Fase Fálica (Complexo de Édipo)
 » Fase de Latência
 » Puberdade
 » Vida Adulta
1. Com exceção da questão, o trecho referente a essa unidade foi retirado na íntegra do site:
http://xa.yimg.com/kq/groups/24778666/886292577/name/Psicologia+Judiciaria+-Profa.+Suely+Reis.pdf
Ps
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1.1 Fase Oral
Nessa fase, a criança vive em simbiose com sua mãe, ou seja, ela não percebe 
limite entre ela e sua mãe. A mãe é uma continuidade da cr.2, até mesmo por ser esta 
quem supre todas as suas necessidades e demandas.
Os lábios comportam-se como zona erógena que a princípio está associada ape-
nas à necessidade de alimento e, consequentemente, à preservação da vida, para 
logo após tornar-se independente dela e basear-se também no prazer.
1.2 Fase Anal
Tal como a zona labial, a zona anal está apta pôr sua posição a mediar um apoio 
da sexualidade em outras funções corporais.
1.3 Fase Fálica
Neste período, a cr. começa a constituir-se definitivamente como pessoa, mas o 
Eu só pode se constituir enquanto pessoa sexuada.
A sexualização do corpo em um conflito de identificação aos imagos paternos 
e maternos.
Aqui, a angústia edipiana é desenvolvida pela identificação com o genitor do 
mesmo sexo e a escolha do genitor do sexo oposto como objeto libidinal.
 » Complexo de Édipo: conjunto organizado de desejos amorosos e hostis que a 
cr. experimenta relativamente aos pais. Sob a sua chamada “forma positiva”, 
o complexo apresenta-se com identificação com o imago paterno do mesmo 
sexo e desejo afetivo pelo imago de sexo oposto ao seu.
O Complexo de Édipo desempenha um papel fundamental na estruturação da 
personalidade e na orientação do desejo humano.
De acordo com a psicanálise, o Complexo de Édipo desempenha funções im-
portantes, que são:
 » pré-escolha de objeto libidinal que ocorre através de identificações e interdi-
ção do incesto.
 » acesso à genitalidade.
 » estruturação de personalidade.
2. Utilizaremos a abreviatura “cr.” Para designar o termo “criança”.
Ps
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O Complexo de Édipo não é redutível a uma situação real, à influência inter-
ditória efetivamente exercida sobre a cr. pelo casal parental. Retira-se a sua eficácia 
do fato de fazer intervir uma instância interditória (proibição do incesto) que barra à 
satisfação naturalmente procurada e que liga inseparavelmente o desejo à lei.
1.4 Fase de Latência
Após a pressão libidinal que marcou tumultuosamente o nascimento do Eu, isto 
é, da identidade da cr., sobrevem um tipo de latência das tendências instinto-afetivas. 
Tudo se passa como se a cr., a partir desse momento, devesse esquecer os problemas 
e os conflitos de sua existência afetiva para formar sua razão.
A fase de latência instintiva é caracterizada por dois traços fundamentais do 
pensamento e das condutas sociais.
1.5 Pré-Puberdade/Puberdade
A cr. quase atinge sua maturidade intelectual, dispondo agora de modelos ideo-
verbais cujo manejo vai constituir o exercício do verdadeiro pensamento abstrato.
É assim que se forma então um sistema de técnicas (juízos, raciocínio, cons-
trução e operações dedutivas) que constituem o aparelho logístico do pensamento.
O vigoroso impulso da puberdade, os problemas afetivos da escolha objetal de-
finitiva, voltam a ser prioridade na vida dessa pessoa.
Na fase final da puberdade, inicia-se a afirmação do sujeito e de seu mundo, que 
inspira seus projetos, suas vocações e seus planosde existência.
1.6 Fase Adulta
Não é mais possível traçar o desenvolvimento típico da vida psíquica quando 
esta atinge a vida adulta. Nessa fase, o sujeito já possui estrutura formada.
Exercício
1. São fases do desenvolvimento psicossexual, exceto:
a. Fase Oral;
b. Fase Anal;
c. Fase Fálica (Complexo de Édipo);
d. Fase de Intolerância.
Capítulo 2
 Aparelho Psíquico13
1. Conceito
Expressão que sublinha certas características que a teoria freudiana atribui ao psiquis-
mo: a sua capacidade de transmitir e de transformar uma energia determinada e a sua 
diferenciação em sistemas ou instâncias.
3. Com exceção da questão, o trecho referente a essa unidade foi retirado na íntegra do seguinte site: http://xa.yimg.com/
kq/groups/24778666/886292577/name/Psicologia+Judiciaria+-+Profa.+Suely+Reis.pdf
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2. Partes que Compõem o Aparelho Psíquico
2.1 O Consciente
É uma qualidade momentânea que caracteriza as percepções externas e inter-
nas no meio do conjunto dos fenômenos psíquicos.
2.2 Pré-Consciente
Está separado do sistema inconsciente pela censura, que não permite que os 
conteúdos e os processos inconscientes passem para o Pcs.
2.3 Inconsciente
É o conjunto dos conteúdos não presentes no campo atual da consciência. Ele 
é constituído por conteúdos recalcados aos quais foi recusado o acesso ao sistema 
pré-consciente-consciente pela ação do recalcamento.
2.4 Censura
Função que tende a impedir aos desejos inconscientes e às formações que deles 
derivam o acesso ao sistema pré-consciente-consciente.
Posteriormente Freud faz uma integração ao aparelho psíquico. A princípio, o 
ego era o pré-consciente-consciente e já que a maior parte das defesas era incons-
ciente, e sendo o ego sua residência natural, o aparelho psíquico passou a ter tam-
bém partes inconscientes.
2.5 ID
É o polo pulsional da personalidade, é o reservatório primitivo da energia 
psíquica.
Ps
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2.6 Ego
É a instância central da personalidade e constitui o polo psicológico por 
excelência.
 » O Ego: funciona proporcionando à pessoa estabilidade e identidade. Concilia 
as exigências procedentes do id, do superego e do mundo exterior. Atua como 
amortecedor das exigências instintivas procedentes do id, adaptando-se à rea-
lidade externa.
2.7 Superego
Funciona como juiz ou censor do ego. Faz parte dele a consciência moral, a 
auto-observação etc.
2.8 Mecanismos de Defesa
Não existe vida sem conflito, e não existe vida do aparelho psíquico sem defesa.
Mecanismo de defesa é um conjunto de operações sob responsabilidade do ego 
inconsciente, destinado a reduzir a tensão provocada pelos estímulos internos e ex-
ternos, cujo excesso ameaça a integridade do aparelho psíquico.
2.8.1 Mecanismo de Defesa Típico da Psicose
 » Surto: cisão da personalidade; caracteriza-se pela desarticulação do ego e for-
mação de caos sem centro organizador. Psicóticos sofrem de invasões no ego 
por conteúdos primitivos, que são as alucinações e os delírios.
2.8.2 Mecanismos de Defesa Típicos da Neurose
 » Recalcamento: é a operação pela qual o indivíduo procura repelir ou manter 
no inconsciente representações (pensamentos, imagens, recordações) ligadas 
a uma pulsão.
 » Repressão: operação psíquica que tende a fazer desaparecer da consciência 
um conteúdo desagradável ou inoportuno: ideia, afeto etc.
 » Identificação: o indivíduo assimila um aspecto, uma propriedade, um atri-
buto do outro e se transforma, total ou parcialmente, segundo o modelo dessa 
pessoa.
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 » Regressão: designa a passagem a modos de expressão e de comportamento 
de nível inferior do ponto de vista da complexidade, da estruturação e da 
diferenciação.
 » Anulação Retroativa: esforço do indivíduo em fazer com que pensamentos, 
gestos ou atos passados não tenham acontecido.
Exercício
2. Identifique o tipo de neurose correto:
a. Recalcamento: é a operação pela qual o indivíduo procura manter vivo 
em seu consciente representações (pensamentos, imagens, recordações) 
ligadas a uma pulsão.
b. Repressão: operação psíquica tendente a fortalecer na consciência um 
conteúdo desagradável ou inoportuno: ideia, afeto etc.
c. Regressão: designa a passagem a modos de expressão e de comportamento 
de nível inferior do ponto de vista da complexidade, da estruturação e da 
diferenciação.
d. Anulação Retroativa: esforço do indivíduo por fazer com que pensamen-
tos, gestos ou atos passados não tenham acontecido.
Capítulo 3
Psicopatologia14
Classificação das Estruturas de Personalidade
1. Neurose
O neurótico é ser de falta; estruturalmente, é um sujeito insatisfeito, desejante de algo 
que supra sua carência edipiana. Possuidor de um cotidiano no qual são habituais 
sentimentos de culpa, vergonha, angústia, ansiedade e inadequação. Caracteriza-se 
por distúrbios do tipo afetivo, ocasionando sintomas diversos, inclusive somatizações. 
Classificações da neurose:
4. Com exceção da questão, o trecho referente a essa unidade foi retirado na íntegra do seguinte site:
http://xa.yimg.com/kq/groups/24778666/886292577/name/Psicologia+Judiciaria+-Profa.+Suely+Reis.pdf
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1.1 Histeria
Pode se manifestar em crises agudas, estados passageiros ou crônicos. 
Caracteriza-se pelo exagero, pela dramatização, pela competição e pelo grande 
poder de sedução.
1.1.1 A Histeria pode ser Dividida em
 » Histeria de Conversão: a angústia se converte em sintomas funcionais dos 
órgãos ou partes do corpo inervados pelo sistema sensório-motor.
 » Histeria Dissociativa: a ansiedade controla temporariamente o indivíduo, mas 
essa ansiedade se dá de forma desorganizada. Geralmente, essas manifesta-
ções ocorrem sob a forma de estupor, fuga de ideias ou amnésias.
1.2 Neurose Obsessiva Compulsiva 
O indivíduo tenta controlar sua ansiedade por meio de atividades repetitivas. O 
ritual controla o sujeito, protege-o contra a ameaça de impulsos reprimidos. O obses-
sivo possui desejo de cometer certos atos que ele “sabe” que vão contra sua conduta, 
ou mesmo contra regras sociais ou culturais que ele preza. Mas ele luta contra esses 
desejos até se esgotarem suas forças e, assim, comete o ato e, depois, geralmente 
ocorre o arrependimento.
1.3 Fobia
A ansiedade é controlada por causa de sua vinculação com alguma ideia ou 
situação e, pelo deslocamento, é transformada em medo de algum objeto específico 
ou de alguma situação que serve como símbolo do objeto ansiógeno.
 » Obs.: o pânico não é uma classificação da neurose. Seu “medo” é generali-
zado e gradativo.
2. Psicose
Caracteriza-se por distúrbios que alteram o discernimento da realidade e oca-
siona despersonalização. Classificação da psicose:
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2.1 Esquizofrenia
Seu inicio é impressionante e seu quadro é progressivo; geralmente o intervalo 
entre os surtos torna-se menor com o passar do tempo. Caracteriza-se por delírio 
crônico, desorganização do ego e tendência para a vida autista. Nos surtos, os es-
quizofrênicos podem cometer crimes, atendendo aos seus delírios e/ou suas alu-
cinações. Em um quadro de esquizofrenia já instalado, percebemos as seguintes 
manifestações:
 » alucinação;
 » delírios (geralmente não sistematizados);
 » agitação;
 » estupor;
 » negativismo;
 » submissão;
 » alteração da consciência do Eu;
 » perda de interesse de participação do convívio social.
2.1.1 Formas Clínicas de Esquizofrenia
 » Simples: trata-se aqui da esquizofrenia propriamente dita. Caracteriza-se pelo 
delírio e, ocasionalmente, por alucinações.
 » Hebefrênica: é de progressão lenta; sua primeira manifestação ocorre ge-
ralmente na juventude e caracteriza-se pelo exagerode certas propensões 
psicológicas inerentes na juventude (tendência ao isolamento, timidez, riso 
imotivado etc.).
 » Catatônica: ocorrem desordens motoras com agitação ou com estupor, carac-
terizada pela perda de iniciativa motora.
 » Paranoide: predomínio dos delírios não sistematizados e de alucinações. O 
conteúdo geralmente é de perseguição ou ciúme; juízos são lógicos, mas dis-
torcidos.
2.2 Paranoia 
Caracteriza-se por delírios sistematizados e alucinações baseadas em conteúdos 
de perseguição ou ciúme.
Ps
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a
17
2.3 Pmd 
Caracteriza-se por sua ciclotimia, intercalando, assim, a hipertimia (euforia) e 
a depressão.
 » Fase Maníaca: caracteriza-se pela agitação com tendência instintiva, hiperero-
tismo, insônia, bulimia, fuga de ideias e instabilidade.
 » Fase Depressiva: caracteriza-se por uma inibição psicomotora por tristeza pro-
funda (melancolia), sentimento de culpa, incapacidade de decisão e ação, 
tendência ao suicídio.
3. Perversão
Caracteriza-se pela inadaptação à vida social, pela instabilidade do comporta-
mento, pela frieza afetiva ou por uma deficiência na disposição para amar, pelo 
prazer em burlar a lei (de qualquer espécie). Supremacia das tendências instintivas 
sobre as aspirações e os princípios reconhecidos como valiosos, egocentrismo, sede 
de domínio, superioridade ilusória, descrença no valor do ideal alheio. Falta de sen-
timento como o de lealdade, generosidade, culpa, remorso etc. Logo, observamos 
que pessoas dessa estrutura não possuem conflito interno, como a angústia. Existe 
um desvio da conduta moral nessa estrutura.
Existem várias formas de perversão. Entre elas, podemos citar: sadismo, maso-
quismo, voyerismo, exibicionismo, fetichismo, pedofilia, gerontofilia, vampirismo, 
uranismo, coprolalia, coprofagia, bestialismo, necrofilia etc.
Exercício
3. Em um quadro de esquizofrenia já instalado, percebemos as seguintes 
manifestações, exceto:
a. alucinação.
b. delírios (geralmente não sistematizados).
c. agitação.
d. depressão.
Capítulo 4
Laudo Pericial15
1. Conceito 
É um conjunto de procedimentos médicos e técnicos que tem como finalidade o escla-
recimento de um fato de interesse da justiça.
5. Com exceção da questão, o conteúdo referente a essa unidade foi retirado na íntegra do seguinte site: http://xa.yimg.
com/kq/groups/24778666/886292577/name/Psicologia+Judiciaria+-+Profa.+Suely+Reis.pdf
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2. Tipos de Documentos Médico-Legais
2.1 Notificação
Comunicação compulsória feita por peritos às autoridades referentes.
2.2 Atestado
Podem ser documentos mais elementares e se resumem numa declaração 
simples, por escrito, de um fato médico e suas consequências. Classificação dos 
atestados:
 » Oficioso: provas e justificativas simples;
 » Administrativo: semelhante ao anterior e direcionado a instituições ou ao ser-
viço público;
 » Judiciário: para interesse da administração da justiça, requisitado sempre pelos 
juízes.
2.3 Relatório ou Laudo
É a descrição mais minuciosa de uma perícia, a fim de responder à solicitação 
da autoridade policial ou judiciária face ao processo. A descrição deve ser minuciosa, 
metódica e objetiva;
2.4 Parecer Médico-Legal
Opinião profissional sobre o caso;
2.5 Depoimento Oral
Esclarecimento de patologia ou ato/fato do processo, ou esclarecimento de qual-
quer dúvida gerada pelo laudo.
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Exercício
4. Não pode ser considerado um documento médico-legal:
a. atestado.
b. parecer médico-legal.
c. depoimento oral.
d. notícia.
Capítulo 5
Dano Extrapatrimonial
1. Danos Extrapatrimoniais
Da Quantificação do Dano Extrapatrimonial
Psicologia e direito
A psicologia e o direito são ciências que possuem muitos pontos em comum 
– partindo de sua base, o sujeito – o ser humano. Analisando as atuações co-
tidianas desse sujeito sob a ótica das duas ciências, percebemos um vocábulo 
que vigora fortemente: a LEI.
Ps
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Uma lei tácita que nos define desde crianças, que traça nosso caminho, que 
define a posição de sujeito face à outra lei, esta codificada nos diplomas legais.
Através dessas leis, descobrimos o elo fundamental entre as duas disciplinas: 
o sujeito com seus sentimentos e emoções expostas ao mundo e interagindo com 
outras pessoas.
Observando destarte as contravenções penais, as interdições, as separações civis, 
enfim: nas relações jurídicas vemos claramente a distinção fato-sujeito. Não con-
seguimos separar, porém, o sujeito da ação cometida, pois acreditamos que deve 
ser interpretada a história psíquica do sujeito e não o fato isolado. Dessa forma, 
procuramos compreender a posição forense e o que leva um sujeito dito “normal” a 
cometer atos “insanos”.
No passado, o direito não considerava como crime as lesões que não deixavam 
sequelas físicas ou que não faziam perder funções vitais. Essa evolução tem ocorrido 
de forma lenta e gradativa. Com o decorrer do tempo e a observação criteriosa das 
atuações humanas em sociedade, o direito procura permear os danos ocorridos por 
esse convívio, formulando sua melhor postura de justiça.
1.1 A Evolução do Dano Extrapatrimonial no Direito
Desde os primórdios tempos a ocorrência de um dano gerava no ser hu-
mano o sentimento de vingança a seu agressor. No inicio da civilização 
este sentimento era transformado em ato de vingança privada, utilizando 
exclusivamente o sistema da Lei de Talião como forma de punição, pois não 
sendo a vingança privada uma instituição jurídica, não poderia ser qualifica-
da como reparação da responsabilidade por um dano. (MANSOUR, 2006)
O Código de Ur Nammu (semelhante à Lei das XII Tábuas), o primitivo funda-
dor da 3ª Dinastia de Ur, do país primitivo dos Sumerianos, já continha em seus tex-
tos incompletos uma preocupação em reprimir a violência e o instinto de vingança. 
Logo após surgem o Código de Hamurabi e Manu.
Os primeiros indícios sobre a reparação de dano na civilização através de um 
sistema codificado de leis foi na Mesopotâmia, através de Hamurabi, rei da Babilônia 
(1792-1750 a.C.).
O Código de Hamurabi era baseado nos direitos do indivíduo e aplicada na 
autoridade das divindades babilônicas e do Estado. Portanto, tal código estabelece 
uma ordem social na qual “O forte não prejudicará o fraco”. Tal código preocupa-se 
em conferir ao lesado uma reparação equivalente.
De acordo com Reis, 1997, p. 12:
Ps
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23
Manu, na mitologia Hinduísta, foi o homem que sistematizou as leis sociais 
e religiosas do Hinduísmo. Essas leis são do Código de Manu. (...) O sentido 
preconizado pelos legisladores era facultar à vítima de danos uma oportuni-
dade de ressarcir-se à custa de uma soma em dinheiro.
Portanto, a Composição, ponto de maior evolução na Responsabilidade Civil, 
foi adotada no Código de Hamurabi, de Manu e na Lei das XII Tábuas. No Código 
de Hamurai e na Lei das XII Tábuas, por exemplo, foi utilizado a Lei de Talião e a 
Composição. Isso fica bem visível na Tábua VII, 11: “Se alguém fere a outrem, que 
sofra a pena de Talião, salvo se houver acordo”. Ficando claro que até neste ponto 
não havia separação entre Responsabilidade Penal e Civil na Composição.
No Direito Romano, existia a exata noção de reparação pecuniária do dano. Do 
estímulo à vingança, previsto na Lei de Talião, que foi banido do Código de Manu, 
que, por sua vez, adotou o pagamento de valor pecuniário como forma de reparação. 
Ou desde o Código de Hamurabi ao Codex Justilianus, até os dias atuais, percebe-
mos uma busca do exato limite do dano e sua necessária reparação.
Com a evolução dos tempos, o homem passou a ser visto como um todo − seja 
em seu patrimônio material, seja na amplitudeda dor de sua alma, sempre haverá 
reparação.
Se o bem lesado não tem como ser recomposto ao seu status quo ante, deve ser 
reparado no sentido de compensação ou satisfação pecuniária.
1.2 Os Danos Extrapatrimoniais no Direito Brasileiro
A sempre polêmica discussão acerca da admissibilidade dos danos extrapa-
trimoniais teve seu início no Brasil mesmo antes do Código Civil, no período da 
Consolidação de Teixeira de Freitas. Mas o movimento pela admissibilidade fazia-se 
notar nos projetos do Código Civil elaborado no país.
Outros dispositivos comumente citados para basear a relação dos danos extrapa-
trimoniais são os encontrados no Título II (Dos atos ilícitos) do mesmo Livro II (Dos 
fatos jurídicos) da parte geral do Código Civil, é o art. 159: “Aquele que, por ação ou 
omissão voluntária, negligência, ou imprudência, violar direito, ou causar prejuízo a 
outrem, fica obrigado a reparar o dano”.
Citarei algumas bases advindas dessas interpretações:
1. de que os danos extrapatrimoniais não estão contemplados pelo Código 
Civil;
2. de que os danos extrapatrimoniais só são aceitos em situações excepcionais, 
mediante dispositivo expresso do Estatuto Civil ou Lei Especial;
3. de que os danos extrapatrimoniais estão contemplados pelo Código Civil.
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De acordo com o caput do art. 5º da Constituição, são invioláveis os direitos 
“à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade”. Portanto, a 
responsabilidade é uma decorrência da liberdade.
Assim, a satisfação dos danos extrapatrimoniais, que nunca fora vedada por nossa 
legislação civil, funda-se nos dispositivos dos incisos V e X c/c o § 2º do art. 5º da 
Constituição Federal e nos arts. 78 e 159 do Código Civil de 1963.
Portanto, a Constituição Federal de 1988, em seu art. 5º, inciso V e X, tornou 
irrelevante a discussão sobre a reparabilidade do dano extrapatrimonial.
Após observarmos toda a trajetória do dano extrapatrimonial no direito brasileiro, 
temos de citar o Novo Código Civil vigente no país desde 11 de janeiro de 2003.
No Novo Código Civil de 2002, o art. 186 admite implicitamente a reparação 
e a torna ampla. Tal artigo dispõe: “Aquele que em ação ou omissão voluntária, 
negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclu-
sivamente moral, comete ato ilícito.” (Grifo nosso)
Percebemos, portanto, uma grande evolução na admissibilidade do dano extra-
patrimonial nos dispositivos do Código Civil Brasileiro.
E auxiliando na sustentação destes dispositivos do Código Civil e sendo bastante 
claro em sua exposição, inovou o Código de Defesa do Consumidor Brasileiro, ao 
prever no art. 6º, inciso VI, como direito básico do consumidor “a efetiva prevenção 
e reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos e difusos”. E, além 
de ser claro e amplo, tal artigo, por sua normatividade, abrange o art. 3º do mesmo 
código, que arrola pessoas naturais (profissionais liberais) e pessoas jurídicas.
1.3 Responsabilidade Civil
A responsabilidade civil advém do descumprimento de norma que tutela in-
teresse meramente privado e gerador de dano, cujo infrator poderá ser obrigado a 
repará-lo, por meio de pagamento de indenização ao ofendido.
Dessa maneira, para a caracterização da Responsabilidade Civil e sua devida re-
paração, são imprescindíveis o agente, o ato, “a culpa” e a vítima (pessoa ou objeto). 
Considerando a existência de pessoas e ato/fato, podemos enquadrar de certa forma 
a Responsabilidade Civil no livre-arbítrio, condicionando este à estruturação psicoe-
mocional dos envolvidos, sendo pré-requisito serem pessoas mentalmente hígidas e 
capazes de se determinarem.
 De toda forma, em sua natureza, a Responsabilidade Civil implica obrigação 
de ressarcir o dano causado. A responsabilidade surge em face do descumprimento 
obrigacional, pois é quando a obrigação não se cumpre pela forma espontânea que 
surge a responsabilidade.
 Esse dano a ser reparado é caracterizado como todo e qualquer prejuízo ou lesão 
que alguém sofra em relação a um bem juridicamente protegido. Essa expressão 
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− bem juridicamente protegido −, engloba todos os valores que formam o constitu-
tivo real de direito, sendo, portanto, os de ordem patrimonial e/ou extrapatrimonial.
De acordo com Rodrigues (2002), “para ter a obrigação de indenizar o prejuízo 
gerado por um dano, é necessário que haja uma relação de causalidade entre o ato 
culposo praticado pelo agente e o prejuízo sofrido pela vítima”. Sem essa relação de 
causalidade, não é possível conceber a obrigação de indenizar a responsabilidade. 
Entretanto, em existindo o dano e o nexo causal deste, teremos algumas situações 
nas quais caberão a excludente da responsabilidade.
São elas:
a. culpa da vítima (exclusiva ou concorrente);
b. fato de terceiro;
c. caso fortuito ou força maior;
d. cláusula de não indenizar, no campo contratual.
Esses casos excluem o nexo causal, não importando se é responsabilidade sub-
jetiva ou objetiva.
E também teremos como excludentes da ilicitude:
a. legítima defesa;
b. estado de necessidade;
c. exercício regular de direito.
A Responsabilidade Civil é classificada em “objetiva” e “subjetiva”, mas isso 
não se refere a diferentes espécies daquela, mas sim das maneiras distintas de ver a 
obrigação de se indenizar.
1.3.1 Responsabilidade Subjetiva
Para a responsabilidade subjetiva, é pressuposto que o fato tenha sido causado 
por culpa do agente. É subjetiva porque é causada pelo comportamento de alguém, 
ou seja, deste depende.
A culpa importa na violação de um dever, deixando de se prever o previsível.
Existe também, como cita Marcius Geraldo Porto de Oliveira, a chamada “culpa 
presumida”. Esta não pode ser entendida como responsabilidade objetiva, em que 
não se questiona sobre a existência da culpa, mas sua presunção é estabelecida em 
face de abstração interpretativa do juiz.
Já no que tange ao grau, a culpa se classifica em:
a. levíssima;
b. leve;
c. grave.
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O Novo Código Civil de 2002 enfoca a indenização, especificando a extensão 
do dano paralelo à culpa em seu art. 944, onde cita: “A indenização mede-se pela 
extensão do dano. Parágrafo único: Se houver excessiva desproporção entre a gra-
vidade da culpa e o dano, poderá o juiz reduzir, equitativamente, a indenização.”
Dessa maneira, fica mais justo o trabalho de proporções de quantum indeniza-
tório, tanto para a vítima quanto para o agente.
Com o desenvolvimento natural e a evolução humana, a prova da culpa do 
agente foi se tornando complexa para as vítimas e para os profissionais do direito. Em 
razão disso, expedientes técnicos surgiram para amenizar essas questões.
Entre elas, teremos:
a. propiciar maior facilidade à prova de culpa;
b. admitir a teoria do abuso de direito como ato ilícito;
c. reconhecer hipóteses de presunção de culpa, com a reversão do ônus da 
prova;
d. admissão da responsabilidade contratual em maior número de casos;
e. adoção da teoria do risco.
1.3.2 Responsabilidade Objetiva
A teoria da responsabilidade objetiva, também chamada de “teoria do risco”, 
tem por base que todo dano deve ser indenizável e reparado pelo agente que o cau-
sou, e a ele se liga através do nexo causal.
Portanto, na responsabilidade objetiva basta a existência da ação ou omissão, do 
nexo causal e do resultado, sendo a culpa do causador não questionada.
Tendo como princípio que todo indivíduo é responsável por seus atos e suas 
ações, aquele também responde por toda e qualquer consequência daquelas, inclu-
sive em caso de dano.
A relação de causalidade entre ato e resultado será essencial tanto na responsa-
bilidade subjetiva quanto na objetiva.
1.4 Conceitos de Danos
Dano vem de demere que significatirar, diminuir. Portanto, a ideia de dano 
surge das modificações do estado de bem-estar da pessoa, que vem seguida 
à diminuição ou perda de qualquer dos bens originários ou derivados extra-
patrimoniais ou patrimoniais. (QUEIROZ, 2009)
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Ou seja, dano é o menoscabo que, em consequência de um acontecimento ou 
evento determinado, sofre uma pessoa, seja em seus bens vitais naturais, seja em sua 
propriedade, seja em seu patrimônio.
Portanto, fica claro que a existência de um dano supõe:
a. a existência de uma pessoa;
b. a existência de um prejuízo;
c. a existência de um nexo causal entre o acontecimento e o resultado;
d. bens vitais, propriedade, patrimônio.
Os dicionários definem “dano”como “o mal que se fez a alguém. Prejuízo, dete-
rioração de coisa alheia. Perda”.
A doutrina refere-se a várias modalidades de dano:
a. dano emergente e lucro cessante;
b. dano patrimonial e dano moral; dano contratual e dano extracontratual;
c. dano direto e dano indireto;
d. dano por ricochete;
e. dano coletivo.
Mas teremos também a questão do interesse derivado de dano a terceiro, que 
engloba o dano por ricochete, a hereditabilidade e a cumulação subjetiva.
 Anteriormente citamos o dano por ricochete, que se trata de um tipo dessa mo-
dalidade. Naquele,, o dano é sofrido por uma pessoa e sua demanda indenizatória é 
efetuada por terceiro.
Na hereditabilidade, a hipótese é de a vítima direta do dano vir a falecer e seu 
herdeiro continuar a demanda da indenização.
A polêmica sobre esse tópico é enorme, tendo predefinidas três correntes:
a. que o dano e sua possível indenização desaparece com a vítima;
b. só seria transmissível se o titular do direito manifestasse seu interesse de 
pleitear a satisfação ainda em vida;
c. a admissibilidade da transmissão hereditária.
Nas duas primeiras, nega-se a hereditabilidade do dano. Na última, cita-se a 
transmissão da ação, tratando-se de determinação legal.
Em uma situação na qual ocorre o dano por ricochete e outro adquirido por via 
sucessória, ocorre a chamada “cumulação objetiva”, situação na qual dois danos são 
cumuláveis.
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1.5 Diferenças entre Conceito de Dano 
Moral, Dano Psíquico e Abalo Psíquico 
e sua Repercussão no Brasil16
O dano moral sempre consistirá na própria ofensa a um bem personalíssimo; 
entretanto, o dano patrimonial pode ou não decorrer da ofensa a um bem dessa 
natureza.
O dano psíquico em muito se diferencia do dano moral, sendo que este implica 
uma atitude consciente do sujeito que lhe permite ter a percepção pessoal do prejuízo 
e do sofrimento; em contrapartida, o dano psíquico é uma consequência traumática 
que transborda a tolerância do sujeito, que se instaura em nível inconsciente pela 
desorganização de seus mecanismos de defesa e pela incapacidade de responder a 
ele, podendo se manter por tempo indeterminado e ser irreversível.
 Temos também de diferenciar o dano psíquico do abalo psíquico: superficial-
mente, podemos dizer que o primeiro afeta o psiquismo humano e o segundo ape-
nas a esfera emocional, sendo o segundo geralmente reversível e não patológico, o 
que basicamente o diferencia do primeiro no nível das qualidades e quantidades 
sintomatológicas.
Abalo psíquico pode ser conceituado como sendo: “um sofrimento enquanto 
lesão aos sentimentos de uma pessoa”. Melhor dizendo, expressão de tal lesão, de-
finível também como estado não patológico do espírito, de algum modo contingente 
e variável em cada caso que cada qual sente ou experimenta a seu modo, mas que 
impede e/ou limita a satisfação ou gozo do estado de íntegra ou plena saúde (direito 
extrapatrimonial) inerente à personalidade”.
Sendo o dano psíquico conteúdo de um dano, este integra como espécie o con-
ceito genérico de agravo moral e, tendo-se como definição de dano moral “todo 
sofrimento ou dor que se padece, independente de qualquer repercussão de ordem 
patrimonial”, pode-se verificar que, em existindo um dano moral consequente do 
somatório de um abalo psíquico gerador de um dano psíquico por sua gravidade e 
durabilidade, configurado está o dano extrapatrimonial.
Assim, o dano à psique da pessoa é decorrente de alteração no seu estado emo-
cional de tal forma que ela sofra, sem sombra de dúvida, em razão do fato que 
originou a lesão, ficando clara nesse ponto a comprovação da existência do nexo de 
causalidade.
Na relação dano extrapatrimonial, devemos analisar a sua duração, repetição, o 
fato de ser irreparável, a personalidade prévia e seu sistema de valores; o significado 
vivencial que o dano moral possui para o ofendido; as circunstâncias existenciais em 
6. O texto referente a esse item foi retirado na íntegra do seguinte site:
http://xa.yimg.com/kq/groups/24778666/886292577/name/Psicologia+Judiciaria+-Profa.+Suely+Reis.pdf
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que o dano ocorreu, considerando se houve repercussão do fato nos meios gerais e 
específicos; a capacidade de defesa e de recuperação da ofensa perante si mesmo e o 
mundo; o significado vivencial do fato para o ofendido; a repercussão sobre a saúde 
em seu triplo aspecto físico, psíquico e social.
1.5.1 Diferença entre Dano, Sofrimento e Dor
Por dano psíquico podemos entender toda e qualquer lesão às faculdades men-
tais de forma parcial ou global (lato sensu).
Por sofrimento, nesse aspecto referente a dano, podemos conceituar uma inter-
face entre o pleno gozo da saúde e uma perturbação psicofísica, deixando claro que 
esse sofrimento não implica estado patológico do sujeito que dele padece. Assim 
sendo, o sofrimento, enquanto expressão de lesão aos sentimentos de uma pessoa, 
impede e/ou limita o pleno gozo ou a satisfação de sua existência ou de sua plena 
saúde.
Já como conteúdo de um dano, este se integra como espécie e com outros ele-
mentos faz parte do conceito genérico de agravo moral. Ao contrário, o dano psí-
quico necessariamente implica a conformação de uma patologia.
Já em relação à dor, sem pretender conceituá-la, poder-se-ia dizer que é o senti-
mento de uma lesão, não se confundindo jamais com a tristeza que seria a imagem 
dessa dor. A dor é um estado psíquico sui generis de que se podem observar as con-
dições mentais e/ou fisiológicas de uma pessoa.
O dano psíquico é uma espécie de dano autônomo do dano moral, integrando 
a proteção à saúde da pessoa.
Portanto, dano moral é o sofrimento que integra conceito genérico de dano 
moral, enquanto o dano psíquico integra o conceito genérico de tutela à saúde. O 
mais importante é deixar claro que o dano psíquico necessariamente implica forma-
ção de quadro patológico da vítima.
No caso do dano psíquico, deve ficar claro que jamais poderemos dizer que este 
possui uma única causa, devido à sua complexidade intrínseca e às causas concor-
rentes, porém, isso não exclui a possibilidade da prova do nexo causal.
Pelo fato de o dano psíquico estar dentro da seara da tutela à saúde, como já 
citado anteriormente, e por ser esta garantida constitucionalmente, tal dano é tido 
como de extrema gravidade apenas por ocorrer.
O dano psíquico, dado suas dimensões psicopatológicas, é quantificável ou le-
galmente (pericialmente) valorado a par do dano somático.
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1.6 Dano Extrapatrimonial
1.6.1 Quantificação e Valoração do Dano
Cumpre ressaltar que a valoração no plano legal há de ser igual para todos, 
comportando, entretanto, valorações econômicas distintas em relação à pessoa 
singularmente avaliada. As avaliações desse tipo de dano exigem que seja utilizado 
um somatório de métodos − o equitativo, ou seja, que se concilie a uniformidade 
pecuniária de base por um lado e, por outro, a elasticidade e a flexibilidade para 
melhor adequação ao quantum indenizatório justo e legal.A estrutura de ego e a 
capacidade de elaboração, assim como o equilíbrio homeostático, entre os fatores 
orgânicos e os mentais da vítima, irão influenciar diretamente na quantidade de 
patologia a ser formada decorrente do episódio danoso. Assim como o grau de 
frustração ou de tolerância, está diretamente relacionado com a estruturação do ego e 
a maior ou menor capacidade do sujeito em reorganizar sua vida psiquicamente e de 
responder com operatividade adequada a um fato danoso ou à sobrecarga que deste 
deriva. As consequências do dano, porém, não têm a ver somente com a intensidade 
do estímulo, mas, paralelamente a isso, com a tolerância psicoemocional da vítima.
Assim, podemos dizer que um fato em si e somente por si, tanto por suas 
características como por sua intensidade, não pode produzir um dano 
psíquico.
O estado psíquico prévio do sujeito é extremamente importante tanto na 
qualificação como na quantificação do dano, pois, já existindo estrutura 
propensa a patologia anterior ao fato danoso, este seria tido como agravante 
desse estado.
Estaríamos então, falando de concausa, e podemos defini-la quando um 
dano é agravado como resultado de uma predisposição preexistente ou de 
uma complicação sobreveniente, existe concausa ou concausabilidade. 
(LAMBERTUCCI, 2010)
1.7 Tipos de Danos e seus Conceitos
1.7.1 Dano Estético 
Trata-se de qualquer modificação duradoura ou permanente na aparência externa 
de uma pessoa, modificação esta que lhe acarreta um enfeamento que lhe causa 
humilhações e desgostos, dando origem, portanto, a uma dor moral e/ou psíquica.
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1.7.2 Dano Moral 
É todo sofrimento ou dor que se padece, independentemente de qualquer reper-
cussão de ordem patrimonial.
1.7.3 Dano Psíquico 
Surgimento de deterioração, disfunção, distúrbio ou transtorno, ou 
desenvolvimento psicogênico ou psico-orgânico que, afetando as esferas afetiva e/
ou intelectual e/ou volitiva do sujeito, limita sua capacidade de gozo individual, 
familiar, atividade laborativa, social e/ou recreativa. Dessa forma, diz-se que o 
sofrimento integra o conceito genérico de dano moral, enquanto que o dano 
psíquico integra o conceito genérico de tutela da saúde. Isso não significa que o 
abalo psíquico ocasionado por um sofrimento não possa evoluir para a conformação 
de um dano psíquico, mas não necessariamente. Isso porque o dano psíquico não é 
ocasionado por uma única causa, como em um acontecimento chocante, mas por 
concausas que implicam a conformação de patologia.
1.7.4 Dano Morte
O dano morte não é composto por tudo que envolve a morte, mas principal-
mente a perda da chance de vida. O fato que gerou a morte pode comumente gerar 
um complexo de danos: os patrimoniais (hospital, funerária, velório etc.) e os extra-
patrimoniais – o dano morte e o dano por ricochete, também chamado de “préjudice 
d’affection”. O dano morte é aquele prejuízo sofrido diretamente pela vítima, e o 
dano por ricochete e o sofrido por terceiros (parentes ou não) em decorrência da 
morte da vítima.
O dano morte, apesar de ser um dano próprio, por sua particularidade da vítima 
não mais existir, sempre será demandado por terceiro. Se o dano morte estabelece o 
dever de indenizar, logo, essa indenização irá se incorporar ao patrimônio da vítima.
Existe também a possibilidade da cumulação subjetiva, no qual o dano morte 
poderá ser demandado pelo sucessor da vítima, que também poderá demandar con-
juntamente o dano sofrido por ricochete. Outra possibilidade é a de cumulação 
objetiva, em que o dano morte será agregado com os possíveis danos patrimoniais 
ocorridos. No aspecto dano moral e psíquico, devem ser considerados vários fatores, 
a saber:
a. natureza do dano em relação às concepções morais da sociedade à qual 
pertence o ofendido naquele momento histórico, considerando-se aqui 
o aspecto valorativo, isto é, os valores mais elevados admitidos pela so-
ciedade;
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b. em decorrência, quanto mais se afasta dessa norma valorativa, mais in-
tenso será o dano moral;
c. além da intensidade, devem ser estudados outros aspectos relativamente 
ao dano: duração, repetição, irreparabilidade.
No que diz respeito ao ofendido, devem ser analisados os seguintes itens:
a. a personalidade prévia e seu sistema de valores;
b. o significado vivencial que o dano possui para o ofendido;
c. as circunstâncias existenciais em que o dano ocorreu, levando-se em 
consideração:
 » repercussões do fato nos meios geral (coletividade) e específico (comuni-
dade a que o indivíduo pertence: família, amigos, clientes);
 » danos efetivamente causados;
 » capacidade situacional do ofendido de se defender, de superar a ofensa, 
perante si mesmo e perante o mundo;
 » o significado vivencial, com seu correlato afetivo, que aquele dano moral 
possui para o ofendido;
 » repercussão sobre a saúde do ofendido em seu triplo aspecto – físico, 
psíquico e social.
1.8 Reparação do Dano
A reparação do dano se faz através de indenização, que, como vimos anterior-
mente, é uma Responsabilidade Civil. O dano é todo prejuízo que alguém sofre, sus-
cetível de apreciação pecuniária. Mas não são indenizáveis os danos insignificantes.
Indenizar alguém de um prejuízo gerado por um dano é ressarcir esse prejuízo, 
tornando indene a vítima de todo o dano por ela experimentado. A fato de tornar 
indene a vítima se confunde com a ideia de devolvê-la ao estado anterior em que se 
encontrava ao dano gerado. Portanto, em numerosos casos de danos extrapatrimoniais, 
para não dizer em geral, isso se torna impossível em consequência de sintomas ou 
sequelas geradas pelo dano, muitas vezes irremovíveis.
Assim, a indenização deverá atender a todo o efetivo prejuízo, além dos lucros 
cessantes. Portanto, reparar alguém de um dano é restabelecer, dentro da medida do 
possível, o equilíbrio preexistente ao dano.
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Exercícios
5. Podemos dizer que ocorre a existência do dano, exceto em:
d. existência de uma bem tutelado.
e. existência de um prejuízo.
f. existência de um nexo causal entre o acontecimento e o resultado.
g. bens vitais, propriedade, patrimônio.
6. Que fator não deve ser considerado na análise do dano moral e psíquico?
a. Natureza do dano em relação às concepções morais da sociedade a que 
pertence o ofendido naquele momento histórico, considerando-se aqui o 
aspecto valorativo, isto é, os valores mais elevados admitidos pela socie-
dade.
b. Em decorrência, quanto mais se afasta desta norma valorativa, mais in-
tenso será o dano moral.
c. A representatividade do dano para o agente e para a vítima.
d. Além da intensidade, devem ser estudados outros aspectos relativamente 
ao dano: duração, repetição, irreparabilidade.
Capítulo 6
Assédio Moral17
1. Origem
Para Tarcitano e Guimarães (2004):
o termo “assédio moral” (no ambiente de trabalho) surgiu em setembro de 1998, quan-
do a psicanalista e vitimologista francesa Hirigoyen lançou na França um livro, que 
foi publicado em 2000 no Brasil, com título “Assédio Moral: a violência perversa no 
cotidiano”.
7. Com exceção das questões, o texto dessa unidade foi retirado do seguinte site: http://pt.wikipedia.org/wiki/
Ass%C3%A9dio_moral 
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2. Conceito
O assédio moral se caracteriza pelo abuso de poder de forma repetida e sistema-
tizada. É a exposição dos trabalhadores e das trabalhadoras a situações humilhan-
tes e constrangedoras, repetitivas e prolongadas durante a jornada de trabalho e no 
exercício de suas funções. São mais comuns em relações hierárquicas autoritárias e 
assimétricas, desestabilizando a relação da vítima com o ambiente de trabalho e a 
organização.
Por ser algo privado, a vítima precisa efetuar esforçosdobrados para conseguir 
provar na justiça o que sofreu, mas é possível conseguir provas técnicas obtidas atra-
vés de documentos e testemunhas idôneas para falar sobre o assédio moral.
3. Características
Existem elementos caracterizadores do assédio moral no ambiente de trabalho, 
são eles:
3.1 Intensidade da Violência Psicológica 
Necessariamente tem de ser grave na concepção objetiva de uma pessoa nor-
mal. Jamais deverá ser avaliada sob a percepção subjetiva e particular do afetado, 
pois esse poderá vivenciar com muita intensidade situações que objetivamente não 
possuem a gravidade capaz de justificar esse estado de alma. Nessas circunstâncias, 
a doença estaria ligada à própria personalidade da vítima e não à hostilidade do am-
biente de trabalho. Nesses casos, teremos pessoas geralmente com sentimentos de 
inferioridade, insegurança e menos-valia.
3.2 Prolongamento no Tempo 
O assédio moral não pode ser um evento esporádico, pois, se assim o fosse, não 
daria suporte fático à violência psicológica no ambiente de trabalho.
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3.3 Intenção de Ocasionar Dano Psíquico ou 
Moral ao Empregado de Forma a Marginalizá-
lo em seu Ambiente de Trabalho
Pode ocorrer em público ou diante de outros funcionários por meio do uso de 
expressões desmoralizantes, intimidatórias, minando a autoestima e a confiança do 
sujeito, que consequentemente se retrairá ou irá torna-se agressivo. Ambos serão 
resultados da hostilidade no trabalho e da sua violência psicológica.
3.4 Conversão em Patologia e/ou Enfermidade que 
Pressupõe Diagnóstico Clínico dos Danos Psíquicos 
Um sujeito que esteja sofrendo assédio moral, ao longo do tempo, acabará 
por desenvolver alguma doença intrinsecamente ligada ao comportamento de seu 
assediador.
4. Tipos de Assédio
 » Assédio Descendente: trata-se do tipo mais comum, que ocorre de forma ver-
tical, de cima (chefia) para baixo (subordinado).
 » Assédio Ascendente: é um tipo mais raro, que ocorre na vertical, mas de baixo 
(subordinado) para cima (chefia). Geralmente é praticado por um grupo con-
tra a chefia, já que dificilmente um subordinado isoladamente conseguiria 
desestabilizar um superior.
 » Assédio Paritário: ocorre na forma horizontal, quando um grupo isola e asse-
dia um membro-parceiro.
5. Fases do Assédio Moral
5.1 Surgimento de Conflitos Devido 
a Diferença de Interesses 
Consequentemente, problemas que poderiam ser solucionados de forma positiva 
através do diálogo acabam por constituir o início de um problema mais profundo.
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5.2 Fase de Estigmatização 
Ou seja, o agressor coloca em prática toda a estratégia de humilhação de sua 
vítima, cuja finalidade é a de ridicularizar e isolar socialmente a vítima. A vítima 
geralmente nega a evidência ante o resto do grupo a que pertence.
5.3 Fase da Intervenção da Empresa 
O que em princípio gera um conflito transcendente à direção da empresa. Essa, 
por sua vez, poderá agir de duas formas:
5.3.1 Solução positiva 
Quando a direção da empresa realiza uma investigação exaustiva do conflito e 
se decide por trocar o trabalhador (vítima) ou o trabalhador (agressor) de posto e se 
articulam mecanismos necessários para que tal fato não volte a produzir conflito.
5.3.2 Solução negativa 
Quando a direção da empresa percebe o trabalhador (vítima) como um pro-
blema a combater, reparando em suas características pessoais distorcidas e manipu-
ladas, tornando-o cúmplice do conflito.
5.4 Fase de Marginalização ou Exclusão da Vida Laboral
Desencadeia no abandono do trabalho por parte do trabalhador (vítima). Nos 
casos mais extremos, esses trabalhadores (vítimas), sentindo-se acuados, podem che-
gar ao suicídio.
6. Partes Envolvidas no Assédio Moral
6.1 Agressor
Geralmente o que desencadeia sua agressividade e sua conduta para o assédio 
é um receio pelos êxitos e méritos dos demais. O agressor sabe de suas limitações, 
suas deficiências e sua incompetência profissional, sendo consciente do perigo cons-
tante a que está submetido em sua carreira. Ao se falar de “agressor”, há que se fazer 
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uma distinção entre aqueles que colaboram com o comportamento agressivo de 
forma passiva e os que praticam a agressão de forma direta. É comum que colegas 
de trabalho se aliem ao agressor ou que calem diante dos fatos ocorridos. Outros se 
unem porque igualmente gostam do abuso de poder e do sentimento de humilhar. 
E alguns acabam por se unir em consequência de sua covardia e medo de perder o 
emprego, ou seus opostos, que o fazem por ambição e por competição aproveitam a 
situação para humilhar mais ainda a vítima.
6.2 Vítima
basicamente não existe um perfil psicológico determinado para vítimas de as-
sédio moral, qualquer pessoa poderá ser. O agressor, ao atuar diminuindo ou criti-
cando o outro, o coloca em posição de inferioridade.
7. O Assédio Moral no Brasil
No Brasil, não existe uma lei específica para assédio moral, mas esta poderá ser 
julgada por condutas previstas no art. 483 da CLT.
Ficam de fora os servidores militares, cuja categoria é considerada uma das mais 
assediadas do país. No entanto, estes podem invocar o princípio da isonomia, consa-
grado na Constituição Federal Brasileira de 1988.
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Exercícios
7. Sobre os tipos de assédio, selecione a questão incorreta:
a. Assédio ascendente: é um tipo mais raro, que ocorre na vertical, mas de 
baixo (subordinado) para cima (chefia). Geralmente é praticado por um 
grupo contra a chefia, já que dificilmente um subordinado isoladamente 
conseguiria desestabilizar um superior.
b. Assédio descendente: trata-se do tipo mais comum, que ocorre de forma 
vertical, de cima (chefia) para baixo (subordinado);
c. Assédio comunicado: trata-se de situação na qual é identificada a troca 
mútua de interesses entre subordinado e chefia.
d. Assédio paritário: ocorre na forma horizontal, quando um grupo isola e 
assedia um membro-parceiro.
8. Sobre as fases do assédio moral, assinale a questão falsa:
a. Fase da sensação: o agressor imagina que está tendo da vítima uma 
abertura emocional que só existe na cabeça dele, dando início a atitudes 
que se revelam perniciosas com a negação da vítima.
b. Surgimento de conflitos devido à diferença de interesses: consequen-
temente, problemas que poderiam ser solucionados de forma positiva 
através do diálogo acabam por constituir o início de um problema mais 
profundo.
c. Fase da intervenção da empresa: o que em princípio gera um conflito 
transcendente à direção da empresa. Essa, por sua vez, poderá agir de 
duas formas:
d. Fase de estigmatização: ou seja, o agressor coloca em prática toda a estra-
tégia de humilhação de sua vítima, cuja finalidade é a de ridicularizá-la 
e isolá-la socialmente. A vítima geralmente nega a evidência ante o resto 
do grupo a que pertence.
Capítulo 7
Assédio Sexual18
1. Origem
A moralidade sexual ocidental tem suas raízes entre os antigos hebreus e os primeiros 
cristãos.
Para Sigmund Freud, os instintos sexuais são difíceis de educar, mas isso não nos 
impede de tentar submetê-los às regras que a sociedade entende serem imprescindíveis 
à manutenção do equilíbrio das relações interindividuais.
O comportamento sexual agressivo, ou desviado, é uma violência física (fere, magoa) 
e, ao mesmo tempo, uma violência moral (considerando que, entre outros males, deses-
trutura a psique, cria medos e gera angústia), causando, portanto, uma série de danos 
à vítima dessa agressão, especialmente a mulher.
8. Com exceção das questões, o trecho referente a essa unidade foi retirado na íntegra do seguinte site:
http://xa.yimg.com/kq/groups/24778666/886292577/name/Psicologia+Judiciaria+-+Profa.+Suely+Reis.pdfPs
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2. Conceito
Considera-se comportamento sexual desviado os atos de conduta do homem 
ou da mulher que, para obter a satisfação de seu desejo carnal, utiliza-se de ameaça, 
seja ela direta ou velada, ilude a outra pessoa, objeto do seu desejo, com promessa 
que sabe de antemão que não será cumprida, porque não pretende mesmo fazê-lo 
ou por padecer da impossibilidade de realizá-la; ou, ainda, age de modo astucioso, 
destruindo a possibilidade de resistência da vítima.
Em termos de atos sexuais sadios, a outra pessoa sempre deve ter a chance de 
dizer “não”; caso contrário, o sexo estará sendo praticado com violência.
São de grande importância o fato da vítima não ter provocado o agressor e o ob-
jetivo do agente ativo de hostilizar e/ou destruir. Ou seja, qualquer comportamento 
cuja finalidade seja a de causar dano a outrem, ou se tal ato foi intencional, e se a 
característica de causalidade pessoal se aplica ao ato, trata-se de ato agressivo.
Os estudos levam a crer que o assédio sexual seja mesmo uma nova versão do 
que se convencionou chamar “coerção masculina”, que se caracterizou pelo com-
portamento eminentemente discriminatório do homem que se considerava superior 
à mulher e que a molestava, como se ela estivesse sempre disponível, por pertencer 
a classes mais baixas.
3. Características
O assédio sexual se caracteriza por avanços sexuais indesejados e quando a sub-
missão a essa conduta constitui, explícita ou implicitamente, um termo ou condição 
para o emprego da pessoa.
Podemos dizer então que o assédio sexual por chantagem é a prática de ato, 
físico ou verbal, de alguém visando molestar outrem, do mesmo sexo ou do sexo 
oposto, no trabalho ou em razão dele, aproveitando-se o assediador da condição de 
superior hierárquico ou de ascensão econômica sobre o assediado, que não deseja 
ou considera uma molestação tal iniciativa, com a promessa de melhorar, manter 
ou de não modificar o status funcional da vítima ou, mediante ameaça de algum 
prejuízo profissional, com a finalidade de obter satisfação sexual.
Fica claro uma relação de poder entre assediador e assediado que, de fato, carac-
teriza esse tipo de assédio sexual.
3.1 Tipos de Assédio Sexual
Podemos citar dois tipos de assédio sexual:
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 » por chantagem;
 » por intimidação.
3.1.1 O Assédio por Chantagem 
O cerco é praticado pelo empregador ou administrador público, ou por algum 
de seus prepostos ou agentes, contra alguém, com o propósito de impor, ou impondo 
mesmo, um ato de natureza sexual não desejado, a empregada ou subordinada, para 
que esta conserve ou adquira vantagens trabalhistas, agredindo a dignidade da pes-
soa do trabalhador.
Se o ato do assediador vier a caracterizar a figura típica do ato obsceno, ou 
qualquer outro delito, deixará de existir o assédio sexual, porque a tipificação de 
contravenção penal ou de crime absorve o ilícito civil.
3.1.2 O Assédio por Intimidação 
É o ato de solicitar atividade sexual importuna ou indesejada ou qualquer outra 
investida de índole sexual, com intenção de restringir, sem motivo, a atuação de 
alguém no trabalho. Para que se caracterize o assédio sexual, a assediada não tem de 
sofrer a dispensa do emprego ou não obter uma ascensão funcional ou um aumento 
de salário.
4. Agentes do Assédio Sexual
Inicialmente, apenas os homens eram tidos como capazes para o assédio sexual. 
Todavia, com o passar dos tempos, tal conceito foi sendo alterado. Hoje, temos o 
sujeito ativo e o passivo do assédio sexual.
4.1 Sujeito Ativo 
É a pessoa, homem ou mulher, hetero ou homossexual, que assedia sexual-
mente, no trabalho ou em razão dele, pessoa do sexo oposto ou do mesmo sexo.
4.2 Sujeito Passivo
Ocupa essa posição um homem ou mulher, empregado ou funcionário público, 
vitimado por assédio sexual praticado no trabalho, ou ainda que noutro local, mas 
resultante da relação de trabalho.
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O elemento tipificador do assédio sexual por chantagem, inerente ao sujeito 
ativo, é a condição jurídica ou hierárquica que ele ostenta. Este deverá ocupar cargo 
ou função hierarquicamente superior à da vítima.
O elemento ativo do assédio sexual por chantagem tem, forçosamente, de dis-
por do poder de comando e dele fazer mau uso ou uso abusivo, diferentemente do 
assédio por intimidação, que pode ocorrer entre colegas de trabalho do mesmo nível.
O assédio pode se consumar através de palavras ou atos.
5. Consequências
O assédio sexual pode destruir carreiras profissionais e custar milhões em casos 
de processo judicial. Além disso, pode provocar no indivíduo sérios danos à auto-
confiança, enfraquecer a saúde física e mental, além de diminuir a capacidade no 
trabalho.
6. Diferença entre Sedução e Assédio
A sedução funcional é caracterizada pelo jogo espontâneo de sedução nos am-
bientes de trabalho, que favorece a sociabilidade e a comunicação, podendo gerar 
relações afetivas de toda natureza.
As consequências financeiras do assédio sexual para os empregadores são de três 
ordens:
 » o custo atribuído ao absenteísmo;
 » a queda da produtividade;
 » a rotatividade de mão de obra.
O assédio sexual está no limiar da conduta lícita para ilícita em termos sociais. 
Assim sendo, focalizaremos os seguintes pontos:
a. Sob o ponto de vista da moralidade pública e da ética profissional, o 
assédio sexual com intenção de sexo é, a um só tempo, uma espécie 
de violência contra a liberdade sexual da pessoa e um comportamento 
socialmente indesejável, que deve ser desestimulado e punido, para a 
defesa do equilíbrio das relações sociais no trabalho.
b. Em termos filosóficos, o comportamento sexual ideal deve ser aquele 
que respeita os preceitos e as individualidades, valores que embasam o 
convívio social.
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c. Em termos sociológicos, o sujeito possui toda sua existência para ganhar 
o status de membro de uma sociedade.
7. Responsabilidade
 » Atos lícitos e ilícitos: para que ocorra um ato ilícito, são necessários:
a. conduta intencional, ou meramente previsível, de um resultado exterior;
b. a violação do ordenamento jurídico;
c. a imputabilidade;
d. a entrada da conduta do agente na esfera jurídica.
 » o dolo e a culpa penal e civil;
 » Responsabilidade Civil contratual e extracontratual;
 » danos patrimoniais e danos morais;
 » nexo de causalidade;
 » ressarcimento do dano.
Exercícios
9. Identifique a opção que melhor se enquadra no conceito de assédio sexual:
a. Considera-se comportamento sexual desviado os atos de conduta do 
homem ou da mulher que, para obter a satisfação de seu desejo carnal, 
utiliza-se de ameaça, seja ela direta ou velada, ilude a outra pessoa, objeto 
do seu desejo, com promessa que sabe de antemão que não será cumprida, 
porque não pretende mesmo fazê-lo ou padece da impossibilidade de 
realizá-la; ou, ainda, age de modo astucioso, destruindo a possibilidade 
de resistência da vítima.
b. Considera-se comportamento sexual desviado os atos de conduta da 
mulher que, para obter a satisfação de seu desejo carnal, utiliza-se de 
ameaça, seja ela direta ou velada, ilude a outra pessoa, objeto do seu 
desejo, com promessa que sabe de antemão que não será cumprida, 
porque não pretende mesmo fazê-lo ou padece da impossibilidade de 
realizá-la; ou, ainda, age de modo astucioso, destruindo a possibilidade 
de resistência da vítima.
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c. Considera-se comportamento sexual desviado os atos de conduta do 
homem que, para obter a satisfação de seu desejo carnal, utiliza-se de 
ameaça, seja ela direta ou velada, ilude a outra pessoa, objeto do seu de-
sejo, com promessa que sabe de antemão que não será cumprida, porque 
não pretendemesmo fazê-lo ou padece impossibilidade de realizá-la; ou, 
ainda, age de modo astucioso, destruindo a possibilidade de resistência 
da vítima.
d. Considera-se comportamento sexual desviado os atos de conduta do 
homem ou da mulher que, para obter a satisfação de seu desejo carnal, 
utiliza-se de ameaça, seja ela direta ou velada, ilude a outra pessoa, 
objeto do seu desejo, com promessa que sabe que será cumprida, pois 
pretende mesmo fazê-lo; ou, ainda, age de modo astucioso, destruindo a 
possibilidade de resistência da vítima.
10. Não podemos apontar como consequências financeiras do assédio sexual:
a. o custo atribuído ao absenteísmo.
b. a queda da produtividade.
c. a movimentação da máquina estatal com processos de indenização.
d. a rotatividade de mão de obra.
Capítulo 8
Lei Maria da Penha
1. Origem
Conhecida como Lei Maria da Penha, a Lei 11.340 decretada pelo Congresso Nacio-
nal e sancionada pelo presidente do Brasil Luiz Inácio Lula da Silva em 07 de Agosto 
de 2006; dentre as várias mudanças promovidas pela lei está o aumento no rigor das 
punições das agressões contra a mulher quando ocorridas no âmbito doméstico ou 
familiar. A lei entrou em vigor no dia 22 de Setembro de 2006.
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O nome da lei foi homenagem ao caso ocorrido em 29 de maio de 1983, na ci-
dade de Fortaleza no Estado do Ceará, a biofarmacêutica Maria da Penha (também 
conhecida como Letícia Rabelo) Maia Fernandes que lutou durante 20 anos para 
ver seu agressor condenado. Em 1983, o então marido de Maria da Penha, o colom-
biano de origem e naturalizado brasileiro, Marco Antônio Herredia, economista e 
professor universitário, tentou matá-la por duas vezes. Na primeira, deu um tiro e ela 
ficou paraplégica. Na segunda, tentou eletrocutá-la. Na ocasião ela tinha 38 anos e 
três filhas, entre 6 e 2 anos de idade. A investigação começou em junho do mesmo 
ano, mas a denúncia só foi apresentada ao Ministério Público Estadual em setembro 
de 1984. O réu foi pronunciado em 31 de outubro de 1986, sendo levado a júri em 4 
de maio de 1991, quando foi condenado. Contra essa decisão apelou a defesa, susci-
tando nulidade decorrente de falha na elaboração dos quesitos. Acolhido o recurso, 
foi o réu submetido a novo julgamento em 15 de março de 1996, quando restou con-
denado a pena de dez anos e seis meses de prisão. Surgiu-se novo apelo desse último 
julgamento, bem como recursos dirigidos aos tribunais superiores; certo que, apenas 
em 28 de setembro de 2002 (19 anos após o crime), foi seu autor finalmente preso. 
Herredia cumpriu dois anos de prisão em regime fechado e hoje está em liberdade.
Os atos foram premeditados, tanto que o autor tentou persuadir a esposa dias 
antes a fazer um seguro de vida, do qual ele seria o beneficiado.
Maria da Penha começou a atuar em movimentos sociais contra a violên-
cia doméstica e sua impunidade e hoje é coordenadora de Estudos, Pesquisas e 
Publicações da Associação de Parentes e Amigos de Vítimas de Violência (APAVV) 
em seu estado, o Ceará.
2. Conceito/Proposta da Lei
A Lei Maria da Penha estipula a criação, pelos Tribunais de Justiça dos Estados 
e do Distrito Federal, de um juizado especial de Violência Doméstica e Familiar 
contra a Mulher para dar mais agilidade aos processos. As investigações serão mais 
detalhadas, com depoimentos também de testemunhas.
A ideia tradicional de que a família é um santuário sagrado – como a própria 
Constituição Federal de 1988 estabelece “a base da sociedade” – acabou desencade-
ando uma proteção contra a violência ocorrida dentro dos lares.
O Brasil triplicou a pena para agressões domésticas contra mulheres e aumentou 
o mecanismo de proteção às vítimas. A Lei Maria da Penha aumentou de um para 
três anos o tempo máximo de prisão – o mínimo foi reduzido de seis meses para três 
meses. A nova lei altera o Código Penal e permite que os agressores sejam presos em 
flagrante ou tenham a prisão preventiva decretada. Também acaba com as penas 
pecuniárias ou alternativas. Altera ainda a Lei de Execuções Penais para permitir 
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que o juiz determine o comparecimento obrigatório do agressor a programas de 
recuperação e reeducação.
A Lei 11.340/2006 tem por finalidade a proteção da mulher (vitima própria) da 
prática de agressões em seu ambiente doméstico, familiar ou de intimidade (art. 5º).
Nesses casos a ofendida passa a contar com precioso estatuto, não somente de 
caráter repressivo, mas, sobretudo, preventivo e assistencial, criando mecanismos 
aptos a coibir essa modalidade de agressão.
Entretanto, não somente a mulher poderá ser potencial vítima de agressão do-
méstica, também o homem pode sê-lo, conforme se depreende da redação do pará-
grafo 9º do art. 129 do CP, que não restringiu o sujeito passivo, podendo ser ambos os 
sexos. O que a lei em comento limita são as medidas de assistência e proteção, estas 
sim aplicáveis somente à ofendida (vítima mulher).
A Lei Maria da Penha deve sempre ser interpretada de forma a atender a sua 
finalidade, que é assegurar à mulher em situação de violência condições para o exer-
cício efetivo dos direitos à vida, à segurança, à saúde, à alimentação, à educação e 
cultura, à moradia, ao acesso à justiça, ao esporte e ao lazer, ao trabalho e à cida-
dania, à liberdade, à dignidade, ao respeito e à convivência familiar e comunitária.
A lei também traz uma série de medidas para proteger a mulher agredida, que 
está em situação de agressão ou cuja vida corre risco. Entre elas, a saída do agressor 
de casa, a proteção dos filhos e o direito de a mulher reaver seus bens e cancelar 
procurações feitas em nome do agressor.
A violência psicológica passou a ser também caracterizada como violência 
doméstica.
A mulher poderá ficar seis meses afastada do trabalho sem perder o emprego se 
for constatada a necessidade de manutenção de sua integridade física e/ou psicoló-
gica. (LAMBERTUCCI, 2010)
3. Pontos Negativos da Lei
Um dos pontos-chave para críticas negativas a Lei Maria da Penha é o questio-
namento sobre sua inconstitucionalidade, uma vez que, num primeiro momento, 
parece discriminatória. Tal diferenciação é destruída na Constituição Federal, que, 
em seu art. 5º, inciso I, equipara ambos os sexos em direitos e obrigações, garantindo 
aos dois sexos, no art. 226, parágrafo 8º, proteção no caso de violência doméstica. 
Portanto, a Constituição garante direitos iguais a todos, portanto, o termo “violência 
contra a mulher” seria incompleto, pois separa a violência “[...]contra as mulheres 
dos demais”.
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A inconstitucionalidade por discriminação propiciada pela Lei Federal 
11.340/2006 suscita a outorga de benefício legítimo de medidas assecutórias apenas 
às mulheres em situação de violência doméstica, quando o art. 5º, inciso II, c/c art. 
226, parágrafo 8º, da CFB, não possibilitaria discriminação aos homens em igual 
situação, de modo a incidir em inconstitucionalidade relativa, em face do princípio 
da isonomia.
Tal inconstitucionalidade, no entanto, não autoriza a conclusão de afastamento 
da lei do ordenamento jurídico, mas tão-somente a extensão dos seus efeitos aos 
discriminados que a solicitarem perante o Poder Judiciário, caso a caso, não sendo, 
portanto, possível a simples eliminação da norma produzida como elemento para 
afastar a análise do pedido de quaisquer das medidas nela previstas, porque o art. 5º, 
inciso II, c/c art. 21, inciso I, e art. 226, parágrafo 8º, todos da Constituição Federal, 
compatibilizam-se e harmonizam-se, propiciando a aplicação indistinta da lei em 
comento tanto para mulheres como para homens em situação de risco ou de violên-
cia decorrentes da relação familiar.
4. Conceito de Agressão Doméstica 
Segundo a Lei
De acordo com a Lei 11.340/2006 (art.5º), entende-se por violência doméstica 
e familiar toda espécie de agressão (ação ou omissão) dirigida contra mulher (vítima 
certa), num determinado ambiente (doméstico, familiar ou de intimidade), baseada 
no gênero, que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e 
dano moral ou patrimonial.
A violência frequentemente está ligada ao uso da força física, psicológica ou 
intelectual para obrigar outra pessoa a fazer algo que não quer.
A violência doméstica é cíclica, alternando atos de agressão verbal, psíquica, 
moral, patrimonial e/ou física, com pedidos de perdão e ameaças.
A Lei Maria da Penha enlaça no conceito de família as uniões homoafetivas.
A Lei Maria da Penha ampliou o conceito de família alcançando as uniões ho-
moafetivas. Dessa forma, foi consagrada no âmbito infraconstitucional a ideia de 
que família não e constituída por imposição da lei, mas sim por vontade de seus 
membros.
5. Medidas Protetivas Geradas pela Lei
A Lei Maria da Penha cria medidas protetivas específicas para assegurar à mu-
lher o direito a uma vida sem violência.
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1. Tutela de urgência: deter o agressor e garantir a segurança pessoal e 
patrimonial da vitima e sua prole.
2. Que obrigam o agressor: suspensão da posse ou restrição do porte de armas, 
afastamento do lar, domicílio ou local de convivência com a ofendida, 
proibição de certas condutas como contato com a ofendida.
3. Que protegem a vítima: separação de corpos e proibição de contato.
4. Obrigação alimentar: mesmo não podendo ser identificada como medida 
protetiva a fixação de alimentos provisionais ou provisórios (art. 22, V), 
trata-se de determinação que assegura a manutenção da entidade familiar.
5. Medidas de ordem patrimonial: o pressuposto para tal concessão (medida 
protetiva) é que os bens da vítima tenham sido subtraídos por quem essa 
mantinha um vínculo familiar. É assegurado a vítima o direito de buscar a 
restituição de seus bens, tanto aos bens particulares como aos que integram o 
acervo comum, se por lei a metade lhe pertencer.
6. Execução: a possibilidade de aplicação das medidas previstas no caput e nos 
parágrafos 5º e 6º do art. 461 do Código de Processo Civil (art. 22, parágrafo 
4º). Trata-se de tutela inibitória, que se destina a impedir, de forma imediata 
e definitiva, a violação a um direito.
Outra forma de proteção da Lei Maria da Penha à mulher vítima de violência é a 
garantia da preservação do seu vínculo laboral para seu sustento e de seus dependentes.
Exercício
11. Podemos apontar que a Lei Maria da Penha tem por finalidade:
a. a proteção da família, de modo a evitar a construção de lares destruídos 
pela violência doméstica;
b. a proteção do homem e da mulher, vítimas da prática de agressões no 
ambiente doméstico e laboral;
c. a proteção da mulher, vítima de assédio moral, em seu ambiente de 
trabalho e doméstico;
d. a proteção da mulher da prática de agressões em seu ambiente doméstico, 
familiar ou intimidade.
12. São medidas protetivas geradas pela Lei Maria da Penha, exceto:
a. separação de corpos.
b. obrigação alimentar.
c. direito de busca e restituição dos bens da vítima.
d. utilização das ferramentas do Código de Processo Civil no que tange às 
medidas de Tutela Inibitória.
Capítulo 9
Estatuto da Criança 
e do Adolescente109
1. Origem
O ECA foi instituído pela Lei 8.069, de 13 de julho de 1990, e foi inspirado 
pelas diretrizes fornecidas pela Constituição Federal de 1988, internalizando 
uma série de normativas internacionais como:
 » Declaração dos Direitos da Criança (Resolução 1.386 da ONU − 20 de no-
vembro de 1959);
 » Regras mínimas das Nações Unidas para administração da Justiça da Infância 
e da Juventude – Regras de Beijing (Resolução 40/33 −ONU − 29 de novem-
bro de 1985);
 » Diretrizes das Nações Unidas para prevenção da Delinquência Juvenil – dire-
trizes de Riad (ONU − 1 de março de 1988 – Riad).
9. O trecho referente a essa unidade, foi retirado na íntegra do seguinte site:
http://xa.yimg.com/kq/groups/24778666/886292577/name/Psicologia+Judiciaria+-+Profa.+Suely+Reis.pdf
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A confusão conceitual entre crianças e adolescentes autores de crimes – que 
acabou por gerar fundas violações aos direitos fundamentais mais básicos de ambos 
os grupos − é algo antigo, remontando à Europa do século XVIII.
Foi no final do século XVII, início do XVIII, que pela primeira vez a catego-
ria infância começou a ser identificada pelo tecido social. Na Idade Média, ao 
contrário, a infância não era percebida como categoria diferenciada dos adultos. 
Entretanto, com a posterior concentração das comunidades humanas nas cidades e 
o surgimento das escolas como instituição (espaço público onde parte das crianças 
passou a ser socializada), tal situação mudou. E não apenas a humanidade começou 
a distinguir conceitualmente crianças de adultos.
A construção do chamado “Direito do Menor”, ao contrário do que se pensa, 
não teve sua origem na Europa, mas nos Estados Unidos da América. O primeiro 
Tribunal de Menores foi criado em Ilinois, EUA, em 1899. Influenciados pela ex-
periência americana, outros países aderiram à concepção e criaram seus próprios 
juízos especiais.
Em contraposição a essa concepção do direito do menor, nasceu historicamente 
o paradigma da proteção integral; Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA – Lei 
n. 8.069/90).
2. Conceito
O ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente) é um conjunto de normas do 
ordenamento jurídico brasileiro que tem por objetivo a proteção integral da criança 
e do adolescente, aplicando medidas e expedindo encaminhamentos.
O avento do estatuto proporcionou a superação do “Direito do Menor” pelo 
“Direito da Criança e do Adolescente”. O primeiro tinha abrangência muito menor 
que o segundo, e tratava somente dos casos de crianças e adolescentes em situação 
irregular. Já o ECA possui capacidade de alcançar e proteger todas as crianças e 
todos os adolescentes, independentemente de qualquer característica social, psico-
lógica ou econômica.
O estatuto se divide em dois livros: o primeiro trata da proteção dos direitos 
fundamentais à pessoa em desenvolvimento e o segundo trata dos órgãos e procedi-
mentos protetivos.
No ECA, o conceito de criança, de acordo com o art. 2º, é estendido à pessoa 
com até 12 anos de idade incompletos. É proibido qualquer tipo de trabalho adulto 
a menor de 14 anos, salvo na condição do aprendiz.
Já o adolescente é o sujeito de 12 anos completos a 18 anos incompletos.
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3. Normas e Regras do ECA
A forma de apreensão será através de:
 » ordem expressa e fundamentada do juiz (art. 171);
 » flagrante de ato infracional (art. 172).
A medida de liberdade condicional só é aplicável a adolescentes autores de 
ato infracional, que ainda são vulgarmente chamados como infratores, o que é um 
termo inaceitável uma vez reconhecido seus direitos básicos e também sua condição 
perante o ECA, de pessoa em processo de formação.
Os crimes e infrações cometidos contra a criança e o adolescente não são acei-
tas pelo ECA. Esse pune o abuso do poder familiar, antigamente conhecido como 
pátrio poder.
4. Pontos que Foram Alterados após o ECA
No Brasil, antes do ECA, existiam duas categorias distintas de crianças e ado-
lescentes. Uma, a dos filhos socialmente incluídos e integrados, a que denominava 
“crianças e adolescentes”. E uma outra, dos filhos dos pobres e excluídos, generi-
camente denominados “menores”. A partir da Constituição de 1988 e do ECA, as 
crianças brasileiras, sem distinção de raça, classe social ou qualquer forma de discri-
minação, passaram de objetos a “sujeitos de direitos”.
Outros pontos importantes do ECA que marcaram a ruptura com o velho para-

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