Logo Passei Direto
Buscar
Material
páginas com resultados encontrados.
páginas com resultados encontrados.

Prévia do material em texto

Responsabilização por ilícitos
ambientais
Análise da responsabilidade civil e administrativa por danos ambientais.
Gisele Bonatti
1. Itens iniciais
Propósito
Atualmente, um dos principais pontos da agenda nacional e internacional é buscar instrumentos de prevenção
e repressão às condutas lesivas ao meio ambiente, e por essa razão, estudar os aspectos da
responsabilização por ilícitos ambientais se torna fundamental na formação pessoal e profissional do aluno de
Direito.
Preparação
Para o melhor aproveitamento do seu estudo, tenha em mãos as leis: 6.938/81 (Política Nacional do Meio
Ambiente); 9.605/98 (Lei de Crimes Ambientais); Decreto Federal 6.514/08 (Infrações e Sanções
administrativas ambientais), disponíveis no site do Planalto.
Objetivos
Analisar os aspectos importantes da responsabilidade civil ambiental.
Analisar os pontos relevantes da responsabilidade administrativa ambiental previstos na Lei 
9.605/1998 e Decreto Federal 6.514/2008.
Introdução
Um dos pontos mais importantes do Direito Ambiental é a responsabilidade do poluidor por danos ambientais.
O legislador estabeleceu nas normas ambientais, instrumentos de prevenção, para evitar a ocorrência da
degradação ambiental, pois, havendo o dano consumado, dificilmente será possível sua reparação ao estado
anterior. Contudo, em situações em que a lesão ao meio ambiente foi consumada, o legislador impõe, ao
agente poluidor, a responsabilidade administrativa e penal pelo dano ambiental causado, independentemente
da obrigação de reparar a degradação.
Em outras palavras, aquele que causar dano ambiental, será obrigado a repará-lo e, dependendo do caso
concreto, poderá ser sancionado pelas infrações administrativas e crimes ambientais. Trata-se da tríplice
responsabilidade ambiental (civil, administrativa e penal), prevista no parágrafo 3º do artigo 225 da
Constituição Federal.
Imaginemos que a barragem de uma empresa mineradora rompe, alastrando todos os rejeitos acumulados,
afetando o solo, rio, fauna e flora local. Esta empresa será responsabilizada por dano ambiental? Sem dúvidas
a mineradora será obrigada a recuperar a área degradada e, se for comprovado dolo ou culpa (imprudência,
negligência ou imperícia), poderá responder a multas e outros tipos de sanções de natureza administrativa e
penal.
Nosso estudo está dividido em duas partes: na primeira, abordaremos a responsabilidade civil ambiental e, em
seguida, analisaremos a responsabilidade administrativa ambiental.
Sobre a responsabilidade civil ambiental, destacaremos pontos importantes como a sua aplicação objetiva, ou
seja, independentemente da culpa do agente poluidor, este será obrigado a reparar o dano causado.
Estudaremos as formas de como poderão ser feitas essas reparações, assim como, analisaremos as figuras do
poluidor direto e indireto e suas respectivas responsabilidades.
E, por fim, acerca da reponsabilidade administrativa ambiental, identificaremos os tipos de infrações e
sanções ambientais, como também, faremos algumas observações sobre o processo administrativo ambiental.
• 
• 
1. Responsabilidade civil
Fundamentos
Características para responsabilização do poluidor
Neste vídeo, falaremos sobre a responsabilidade do poluidor.
Conteúdo interativo
Acesse a versão digital para assistir ao vídeo.
Vamos analisar a responsabilidade civil por danos ambientais:
Será que alguém que comete algum tipo de
degradação ambiental é obrigado a reparar o
dano? E se o dano ambiental foi resultado de
uma conduta culposa, ou seja, sem intenção
daquele resultado, será que mesmo assim a
pessoa estaria obrigada a reparar ou indenizar
aquele dano? Essas são algumas questões que
abordaremos ao longo do nosso estudo.
A responsabilidade ambiental se baseia no 
princípio do poluidor/usuário pagador, que
estabelece que o poluidor deve suportar as
despesas de prevenção, reparação e repressão dos danos ambientais causados. Em outras palavras, com
base nesse princípio, o poluidor é obrigado a reparar a degradação ambiental relacionada a sua conduta ou
atividade. 
Considerando que o meio ambiente ecologicamente equilibrado é essencial para a qualidade de vida, o
legislador constituinte, visando reprimir as condutas que possam degradar ou colocar em risco o equilíbrio do
ambiente, estabeleceu a tríplice responsabilização ambiental, no artigo 225, parágrafo 3º, da Constituição
Federal. Assim diz:
Art. 225 - “Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo
e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de
defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.”Parágrafo 3º - “As condutas e as
atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas,
as sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados”.
(artigo 225, parágrafo 3º, Constituição Federal, grifo nosso)
Muitas pessoas, ao lerem o parágrafo 3º do artigo 225, questionam “não estou vendo a responsabilidade civil,
só estou vendo ‘sanções penais e administrativas’.”
Repare que, na parte final do parágrafo 3º, está escrito “independentemente de reparar os danos causados”, é
aqui que o legislador impôs a responsabilidade civil ao sujeito infrator. E mais, trata-se de responsabilidade
civil objetiva, o que significa dizer, que em qualquer hipótese o sujeito será obrigado a reparar o dano
causado, além disso, poderá ser responsabilizado administrativamente e penalmente.
Abordaremos com mais detalhes, a seguir, a responsabilidade civil objetiva.
Sendo assim, caso realizem conduta ou atividades lesivas ao meio ambiente, esse dispositivo constitucional
estabelece que tanto pessoas físicas como pessoas jurídicas poderão responder nas três esferas:
Civil Administrativa
Penal
Para ilustrar, vamos pensar no seguinte exemplo: 
O que poderá acontecer com uma pessoa que suprime
vegetação nativa de Área de Preservação Permanente?
Bem, ela poderá ser responsabilizada simultaneamente nas
três esferas, ou seja, ser obrigada a reparar o dano,
reflorestando o local (responsabilidade civil), pagar multa
(responsabilidade administrativa) e ser condenada por
crime ambiental (responsabilidade penal).
Agora, façamos uma breve reflexão:
Será que sempre que existir dano ambiental, o poluidor responderá nas três esferas?
Não, de forma alguma! O que queremos dizer é que o poluidor poderá responder nas três esferas,
uma vez que a Constituição Federal prevê a tríplice responsabilização ambiental, ou seja, ele poderá,
mas não quer dizer que obrigatoriamente ele será responsabilizado civil, administrativa e penalmente.
O poluidor sempre terá a obrigação de reparar o dano, pois trata-se de responsabilidade civil objetiva
(independente da culpa do sujeito, sendo comprovado dano e nexo de causalidade, ele responde). Mas não
são em todos os casos nos quais o poluidor será obrigado a responder administrativa ou penalmente, pois
essas responsabilidades são subjetivas, isto é, será avaliado no caso concreto a culpa do sujeito. Em suma,
ele será obrigado a reparar o dano, mas não necessariamente será obrigado a responder administrativamente
ou penalmente.
Antes de finalizar essas considerações iniciais, lembramos que a competência para legislar sobre
responsabilidade civil ambiental é concorrente entre União, estados e Distrito Federal, de acordo com o artigo
24, inciso VIII, da Constituição Federal. Obviamente um estado não poderá instituir lei que ofenda pilares da
Lei federal que disciplina o assunto (Lei 6.938/1981), mas poderá suplementar, servir como um “plus” de
proteção ao meio ambiente, cuidando de aspectos regionais, que a normal federal, por ser de caráter geral,
não poderia fazê-lo.
Recuperação, indenização e dano ambiental
Ao estudarmos responsabilidade civil por ilícitos ambientais, estamos tratando da reparação, recuperação e
indenização de dano ambiental. Assim, uma pessoa, seja ela física ou jurídica, que cometa um ilícito ambiental,
será obrigadaa recuperar e/ou indenizar o dano ambiental causado (art.4º, inciso VII da Lei 6.938/1981).
Vamos continuar nossa conversa sobre o tema no vídeo a seguir:
Dano ambiental e sua reparação
Neste vídeo, falaremos sobre a caracterização do dano moral e as formas de sua reparação. Vamos
acompanhar?
Conteúdo interativo
Acesse a versão digital para assistir ao vídeo.
Dano ambiental
O dano ambiental é elemento obrigatório para a imputação da responsabilidade ambiental. Quer dizer que,
sem comprovação da existência de um dano ambiental, não há como responsabilizar alguém a recuperar e/ou
indenizar algo que não existe.
Mas, afinal, o que seria dano ambiental?
Antes de responder essa pergunta, vamos conceituar poluição:
De acordo com o artigo 3º, inciso III, da Lei
6.938/1981, entende-se por poluição: a
degradação da qualidade ambiental decorrente
de atividades que direta ou indiretamente
afetem a saúde, segurança e o bem-estar da
população, assim como, atividades que
prejudiquem a biota, afetem as condições
estéticas ou sanitárias do meio ambiente.
 
Também é considerado poluição o lançamento
de matérias ou energia em desacordo com os
padrões ambientais estabelecidos pelos órgãos
competentes.
O rol desse artigo é exemplificativo, mas a ideia é que poluição seja o resultado de atividades que afetam
desfavoravelmente o meio ambiente.
Dito isso, concluímos que dano ambiental é uma lesão ao equilíbrio ecológico (bem jurídico ambiental). E,
constatado o dano, de acordo com o artigo 4º, inciso VII, da Lei 6.938/1981, será imposto ao poluidor e ao
predador, a obrigação de recuperar e/ou indenizar a degradação ambiental causada.
Atenção
Os tribunais superiores reconhecem que o dano ambiental é imprescritível, por entender que o equilíbrio
ambiental e o direito à sadia qualidade de vida são direitos fundamentais de todos, e por essa razão,
prevalece a imprescritibilidade do direito à reparação do dano ambiental. Vale a pena conferir o
Informativo 415 do STJ. 
Mas, não confunda: o direito à reparação do dano ambiental é imprescritível, porém o direito à reparação do
dano a terceiros, em decorrência da poluição, é prescritível, seguindo o prazo trienal previsto no artigo 206,
parágrafo 3º, inciso V, Código Civil.
Vejamos o caso ilustrativo de um derramamento de óleo na baía de Guanabara:
Sendo assim, a imprescritibilidade relativa aos danos ambientais é apenas ao dano ambiental difuso, e não ao
dano individual decorrente da lesão do equilíbrio ecológico, chamado de dano in ricochete (dano reflexo).
Vamos agora entender quais podem ser os tipos de dano ambiental?
Dano ambiental patrimonial
Esse tipo de dano se caracteriza pelas perdas financeiras decorrentes da lesão como, por exemplo, o
custo da reparação.
Dano ambiental extrapatrimonial
Esse tipo de dano não encontra correspondência com um valor pecuniário, mas pode ser objeto de
indenização. 
Exemplo: fábrica contamina o ar atmosférico de uma cidade. Além de ser obrigada a reparar esse
dano, despoluindo o ar, também poderá ser obrigada a indenizar, a título de dano moral difuso, a
coletividade, uma vez que esta sofreu com a diminuição de qualidade e expectativa de vida (dano
extrapatrimonial/social/moral).
Recuperação e indenização
O principal objetivo do Direito Ambiental é evitar que o dano ambiental ocorra (princípio da prevenção), pois
sabemos que dificilmente será possível recuperar o equilíbrio ecológico igual ao estado anterior (antes do
dano).
Em caso de dano consumado, há duas opções dadas ao poluidor, por ordem de preferência:
Dano ambiental 
A recuperação da área degradada na água
é imprescritível.
Dano econômico 
A recuperação da rede danificada dos
pescadores é prescritível.
Reparação in natura
Que é a recuperação da área degradada.
Reparação em pecúnia
Que é o ressarcimento em dinheiro.
A recuperação tem como objetivo tentar trazer o meio ambiente ao mais próximo possível do seu estado
anterior. Nos casos em que for impossível a reparação, caberá indenização.
Exemplificando o que acabamos de ilustrar: o rompimento de barragem de uma mineradora, causando
poluição dos rios, morte de animais, contaminação do solo entre outros. Será possível reparar parte deste
dano, descontaminando o rio, reflorestando etc. Mas, e os animais que morreram? Isso não tem como
recuperar. Então, neste caso, cabe indenização.
Dito isso, concluímos que, em uma ação civil pública, o poluidor pode ser obrigado a recuperar o dano e/ou a
pagar indenização, visto que não há proibição a acumulação das duas obrigações. O dinheiro recebido a título
de indenização, será destinado ao Fundo de Defesa de Direitos Difusos, sendo utilizado em questões variadas
como exemplo: criação de unidade de conservação, reflorestamento de áreas desmatadas.
Aspectos da responsabilidade civil
Neste vídeo, falaremos sobre o que é a responsabilidade civil e sobre quais são os seus elementos.
Conteúdo interativo
Acesse a versão digital para assistir ao vídeo.
Para entender a responsabilidade civil ambiental, vamos ter que relembrar alguns aspectos das teorias da
responsabilidade civil previstas no Código Civil.
Primeiro ponto:
A responsabilidade deriva de uma relação contratual ou extracontratual.
No caso da responsabilidade contratual, houve o descumprimento de um contrato por alguma das partes, e
então se aplica a responsabilidade. Por sua vez, a responsabilidade extracontratual não decorre de
descumprimento de contrato, mas sim, do descumprimento de um dever legal.
Vamos pensar no caso de uma fábrica que contamina um
rio. A responsabilidade em recuperar a área degradada
decorre de um contrato ou de um dever legal? Sem dúvidas
houve o descumprimento de um dever legal, preservar o
meio ambiente, logo, estamos tratando de uma
responsabilidade extracontratual.
O poluidor, ao recuperar e/ou indenizar o dano ambiental,
não está fazendo por obrigação contratual, mas sim porque
a lei impõe a ele esta obrigação.
Sendo assim, o que nos interessa analisar é a 
responsabilidade extracontratual, pois está relacionada à obrigação de reparar o dano ambiental. 
Dito isso, passamos para o segundo ponto: a responsabilidade extracontratual. De acordo com os artigos 927
(caput) e 186 do Código Civil, aquele que causar dano a outrem, seja por vontade de causar o dano (dolo) ou
por imprudência, negligência ou imperícia (culpa), será obrigado a repará-lo.
Temos então duas teorias:
Responsabilidade civil subjetiva Responsabilidade civil objetiva
Na responsabilidade civil subjetiva, serão analisados os elementos: ato ilícito, nexo de causalidade e dano.
Trataremos de cada um desses elementos a seguir:
Ato ilícito
O ato ilícito é o ato causador de prejuízo (patrimonial ou extrapatrimonial). Este ato é gerado por uma
conduta, que pode ter sido praticada com a intenção de causar o dano (conduta dolosa) ou não
(conduta culposa – imprudência, negligência ou imperícia).
Dano
O dano significa a redução ou subtração de um bem jurídico que afeta os diretos patrimoniais ou
extrapatrimoniais de alguém. O dano deve ser sempre comprovado. Reparar e indenizar são ações
que buscam minimizar o dano sofrido por alguém. Se não há dano, não há responsabilidade.
Nexo de causalidade
O nexo de causalidade se resume na relação entre o ato ilícito (conduta do agente) e o dano. Não
basta comprovar que o dano existiu, deve ser comprovado quem foi que contribuiu de alguma forma,
comissiva ou omissiva, para o resultado daquele dano.
Com isso posto, concluímos que, para haver responsabilidade civil subjetiva, devem ser comprovados os três
pressupostos: ato ilícito, dolo e nexo de causalidade.
Vamos tratar agora da responsabilidade civil objetiva. 
De acordo com o parágrafo único do artigo 927 do Código Civil, em determinadas situações previstas em lei, o
sujeito será obrigado a reparar o dano independentemente de sua culpa. 
Sendo assim, nos casos em que a lei prevê responsabilidade objetiva, não serão analisados os elementos dolo
e culpa (ato ilícito) do sujeito. Basta serem comprovadoso dano e o nexo de causalidade. Então, se for
comprovado que houve dano e que existe uma relação de causa e efeito, entre a conduta do sujeito e a lesão
do bem jurídico, haverá a responsabilidade em reparar o dano. Neste caso, não importa se o sujeito teve ou
não a intenção (culpa ou dolo) do resultado danoso, o que interessa na análise é comprovar se houve dano e
nexo de causalidade.
A responsabilidade civil objetiva se divide em duas teorias: teoria do risco administrativo e a teoria do risco
integral.
Vejamos as características de cada uma: 
Teoria do risco administrativo
Na teoria do risco administrativo, é imposto ao Estado o dever de reparar danos cometidos a
terceiros, independentemente de culpa. Contudo, é admitida a excludente de responsabilidade,
podendo ser alegado caso fortuito ou força maior e culpa exclusiva da vítima. Existindo essas
excludentes, a responsabilidade será isenta.
Teoria do risco integral
A teoria do risco integral não admite excludente de responsabilidade. De acordo com esta teoria,
mesmo sendo caso fortuito ou força maior e culpa exclusiva da vítima, existindo dano e nexo causal
comprovado, o sujeito será obrigado a reparar o dano causado.
No caso de dano ambiental, caberá responsabilidade subjetiva ou objetiva? Responderemos essa pergunta no
próximo tópico, em que analisaremos de forma exclusiva a Responsabilidade Civil Ambiental.
Aspectos da responsabilidade civil ambiental
Neste vídeo, falaremos sobre os aspectos da responsabilidade civil em matéria ambiental.
Conteúdo interativo
Acesse a versão digital para assistir ao vídeo.
Conforme estabelecido no artigo 14, parágrafo 1º, da Lei 6.938/1981, Lei da Política Nacional do Meio
Ambiente:
Sem obstar a aplicação das penalidades previstas neste artigo, é o poluidor obrigado,
independentemente da existência de culpa, a indenizar ou reparar os danos causados ao meio ambiente
e a terceiros, afetados por sua atividade. O Ministério Público da União e dos Estados terá legitimidade
para propor ação de responsabilidade civil e criminal, por danos causados ao meio ambiente.
(Lei 6.938/1981, grifo nosso)
Em suma, a responsabilidade civil ambiental é objetiva, isso quer dizer que havendo o dano ambiental e sendo
comprovado o nexo de causalidade entre a conduta do sujeito e o dano, independentemente se a pessoa teve
a intenção ou não daquele resultado, ela terá a obrigação de reparar o dano (recuperando e/ou indenizando).
Este é o entendimento da doutrina majoritária e Tribunais Superiores. Para ilustrar, trazemos o Informativo 544
do STJ, de 27 de agosto de 2014, 3ª turma:
[...] A responsabilidade civil por danos ambientais, seja por lesão ao meio ambiente propriamente dito
(dano ambiental público), seja por ofensa a direitos individuais (dano ambiental privado), é objetiva,
fundada da teoria do risco integral, em face do disposto no art. 14, parágrafo 1º, da Lei 6.938/1981, que
consagra o princípio do poluidor-pagador. [...] a responsabilidade objetiva, calcada na teoria do risco, é
uma imputação atribuída por lei a determinadas pessoas para ressarcirem os danos provocados por
atividades exercidas no seu interesse e sob o seu controle, sem que se proceda a qualquer indagação
sobre o elemento subjetivo da conduta do agente ou de seus prepostos, bastando a relação de
causalidade entre o dano sofrido pela vítima e a situação de risco criada pelo agente. [...] A teoria do
risco integral constitui uma modalidade extremada da teoria do risco em que o nexo causal é fortalecido
de modo a não ser rompido pelo implemento das causas que normalmente o abalariam (v.g. culta da
vítima; fato de terceiro, força maior). [...] Neste mesmo sentido, extrai-se da doutrina que, na
responsabilidade civil pelo dano ambiental, não são aceitas as excludentes de fato de terceiro, de culpa
da vítima, de caso fortuito ou de força maior.
(Informativo 544 do STJ, de 27 de agosto de 2014, grifo nosso)
Feita a leitura do Informativo 544 do STJ, podemos concluir que a responsabilidade civil ambiental é objetiva e
fundamentada na teoria do risco integral, ou seja, não são aceitas as excludentes de responsabilidade: caso
fortuito ou força maior, ou fato de terceiro. 
Para entendermos melhor, vamos pensar no exemplo do rompimento de barragem da mineradora X. 
Houve dano ambiental? Sim. Existe nexo de
causalidade? Sim. O nexo de causalidade,
relação de causa efeito, está comprovado com
a existência da atividade mineradora. O dano
ambiental ocorreu em decorrência da atividade.
 
Sendo assim, existindo dano e nexo de
causalidade, poderá ser imposta à mineradora a
obrigação de reparar o dano, uma vez que os
pressupostos da responsabilidade civil objetiva
estão presentes.
Seguindo nosso exemplo, vamos supor que os
representantes da mineradora alegaram que a
empresa possuía licença ambiental e estava cumprindo com todas as suas obrigações e que o rompimento foi
um acidente por conta de um terrível temporal ocorrido na região.
No caso do rompimento ter sido causado por um temporal, haveria isenção da
responsabilidade em reparar o dano causado?
Não! A licença ambiental é uma forma de comprovar que a atividade é lícita, mas não exime a
responsabilidade de reparar o dano causado. Além disso, o rompimento da barragem ter ocorrido em
decorrência de uma tempestade não serve de argumento para isentar a obrigação de reparar, uma
vez que a responsabilidade ambiental é objetiva com base na teoria do risco integral que não admite
excludentes de responsabilidade (caso fortuito, força maior, culpa de terceiros).
Em resumo, na responsabilidade civil ambiental, não importa se o agente estava agindo com a máxima cautela
para evitar o dano. Sendo comprovado o dano ambiental e a relação deste dano com a conduta/atividade do
agente, mesmo em situações de caso fortuito ou de força maior, ou de culpa de terceiros, haverá a obrigação
de reparar a degradação ambiental. Trata-se de responsabilidade civil objetiva com base na teoria do risco
integral.
Poluidor
Neste vídeo, falaremos sobre a responsabilidade civil que o poluidor possui, perante a lei. Quais devem ser as
sanções penais? Vamos acompanhar no vídeo a seguir.
Conteúdo interativo
Acesse a versão digital para assistir ao vídeo.
Feito o estudo sobre as teorias que fundamentam a responsabilidade civil ambiental, perguntamos: quem será
obrigado a reparar o dano ambiental? Quem são as pessoas consideradas poluidores na legislação brasileira?
De acordo com o artigo 3º, inciso IV, da Lei 6.938/1981 (PNMA):
“poluidor, a pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado, responsável, direta ou indiretamente, por
atividade causadora de degradação ambiental”.
Assim, fazendo a leitura do artigo 3º, IV, da PNMA, conjugado com o artigo 225, parágrafo 3º, da Constituição
Federal, podemos concluir que:
Qualquer pessoa, física ou jurídica, pública ou privada, pode se enquadrar no conceito de poluidor e
assim ser responsabilizada civil, penal ou administrativamente.
Existem duas espécies de poluidor: direto ou indireto.
Poluidor direto
É aquele que executa a atividade, o ato, do qual
diretamente decorre o dano ambiental.
Poluidor indireto
É aquele que, de alguma forma, contribui para a
ocorrência do dano, mas sem atuar diretamente
no resultado danoso.
Para ilustrar, vamos pensar no seguinte exemplo: um hospital contrata uma empresa prestadora de serviço de
coleta de resíduos hospitalares, visando à adequada destinação final dos seus resíduos. Durante o trajeto, o
caminhão da empresa transportadora capota e derrama os resíduos no rio que beira a estrada, causando dano
ambiental. 
No caso de um caminhão terceirizado de um hospital causar dano ambiental, quem será
considerado poluidor? O hospital? A empresa transportadora? Ambos?
Ambos. É intuitivo que a empresa transportadora será responsabilizada, pois ela causou o dano direto
ao rio, logo, ela é poluidora direta. O hospital, apesar de ter cumprido com o seu dever de contratar
empresa especializada em coleta de resíduos hospitalares, foi quem gerouo resíduo. Logo, a sua
atividade gera algum risco para o meio ambiente, sendo assim, ele será considerado poluidor indireto.
Caso o hospital seja o escolhido para arcar com a reparação, ele poderá entrar com ação de regresso
contra a empresa transportadora.
Para reforçar o conceito, vamos listar mais três exemplos de poluidores indiretos?
Situação 1
De acordo com o artigo 12 da Lei 6.938/1981, as entidades e órgãos de financiamento e incentivos
governamentais deverão solicitar ao financiado comprovação do cumprimento das normas ambientais. Caso
não o faça, e aconteça dano ambiental decorrente da atividade financiada que não estava atuando em
conformidade com a legislação ambiental, a instituição financeira responderá solidariamente no polo passivo
com o causador direto do dano. 
Exemplo
Banco financia uma atividade e não exige a apresentação da licença ambiental. Caso ocorra algum dano
ambiental decorrente desta atividade, e for constatado que a empresa não possuía licença, ou tinha
licença irregular, o banco poderá responder como poluidor indireto, solidariamente com a empresa
financiada (poluidor direto). Caso o banco seja o escolhido para reparar o dano, caberá ação de regresso
contra o poluidor direto. 
Situação 2
Também é considerado poluidor indireto o proprietário do imóvel que possui dano ambiental causado pelo
antigo proprietário. A obrigação de reparar o dano ambiental é propter rem, o que significa dizer que adere ao
título e se transfere ao futuro proprietário, mesmo que não seja de sua autoria o dano ambiental. De acordo
com a Súmula 623 STJ, as obrigações ambientais possuem natureza propter rem, sendo admissível cobrá-las
do proprietário ou possuidor atual e/ou dos anteriores, à escolha do credor. 
Exemplo
João compra imóvel de José. Posteriormente, é demandado para recompor a área desmatada pelo
antigo proprietário. João poderá negar o gasto com a recomposição? Não. Ele será obrigado a recuperar
a área degradada, pois a obrigação de reparar é propter rem. João poderá ingressar com ação de
regresso contra o antigo proprietário. 
Situação 3
Por fim, no caso de omissão de dever de controle e fiscalização por parte do Estado, este será considerado
poluidor indireto. Sua responsabilidade será objetiva, solidária, mas a execução será subsidiária (ou com
ordem de preferência).
Exemplo
O órgão ambiental licenciador deixou de fiscalizar uma fábrica X que estava lançando resíduos tóxicos
em um rio, matando diversos peixes. Se a fiscalização tivesse sido feita, poderia ter sido evitada a
degradação, mas, neste caso, o Estado foi omisso. Então sendo comprovada a sua omissão, ele
responderá solidariamente com a fábrica (poluidora direta) pelo dano ambiental. Mas, neste caso,
somente será cobrado do Estado se a fábrica não tiver condições financeiras de arcar com a
recuperação, pois a execução do Estado é subsidiária. 
Verificando o aprendizado
Questão 1
Visando assegurar o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, para as presentes e futuras
gerações, o legislador instituiu diversos instrumentos, mecanismos de proteção ambiental em nossa
legislação. Sobre a responsabilidade civil ambiental, assinale a alternativa correta.
A
A responsabilidade civil ambiental é subjetiva, fundamentada na teoria do risco integral.
B
A responsabilidade civil ambiental é objetiva, fundamentada na teoria do risco administrativo.
C
A responsabilidade civil ambiental é subjetiva, fundamentada na teoria do risco integral.
D
A responsabilidade civil ambiental é objetiva, fundamentada na teoria do risco integral.
E
A responsabilidade civil ambiental é híbrida, fundamentada na teoria do risco administrativo e integral.
A alternativa D está correta.
A responsabilidade civil ambiental é objetiva, fundamentada na teoria do risco integral. O que significa dizer
que, ao contrário da responsabilidade subjetiva, não será analisada a culpabilidade do agente, ou seja, o
dolo e a culpa. Sendo comprovados o dano ambiental e o nexo de causalidade (relação de causa e efeito,
entre o agente e o dano), haverá responsabilidade em reparar a lesão ao bem jurídico ambiental. Além
disso, sendo fundamentadas na teoria do risco integral, as causas de excludente como: caso fortuito ou de
força maior ou culpa de terceiros, não serão admitidas como fatores de rompimento do nexo de
causalidade, ou seja, mesmo nestes casos, o agente será responsabilizado se forem comprovados o dano
ambiental e o nexo de causalidade.
Questão 2
De acordo com a Lei 6.938/1981, Lei da Política Nacional do Meio Ambiente, é considerado poluidor:
A
pessoa física, responsável direta, por atividade causadora de degradação ambiental.
B
pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado, responsável direta, por atividade causadora de
degradação ambiental.
C
pessoa física ou jurídica, de direito privado, responsável, direta ou indiretamente, por atividade causadora de
degradação ambiental.
D
pessoa física ou jurídica, de direito público, responsável diretamente, por atividade causadora de degradação
ambiental.
E
pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado, responsável direta ou indiretamente, por atividade
causadora de degradação ambiental.
A alternativa E está correta.
De acordo com o artigo 3º, inciso IV, da Lei 6.938/1981, Lei da Política Nacional do Meio Ambiente,
considera-se poluidor: "a pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado, responsável, direta ou
indiretamente, por atividade causadora de degradação ambiental". Sendo assim, trata-se de um conceito
amplo em que são admitidas como poluidor pessoa física e jurídica (de direito público ou privado), que
cause degradação ambiental de forma direta ou indireta, isto é, em determinadas situações, pessoas serão
responsabilizadas a reparar o dano ambiental, mesmo que não tenham sido elas as causadoras diretas da
degradação. Por exemplo, o proprietário que adquiriu imóvel com área desmatada ilegalmente, mesmo que
não tenha sido o causador direto do dano, por ser obrigação de natureza propter rem, a responsabilidade
em reparar o dano ambiental se transfere junto com o título da propriedade, sendo o novo proprietário
obrigado a repará-lo.
2. Responsabilidade administrativa
Aspectos da responsabilidade administrativa ambiental
Neste vídeo, falaremos sobre a responsabilidade administrativa no direito ambiental.
Conteúdo interativo
Acesse a versão digital para assistir ao vídeo.
O ponto de partida para entendermos as normas que regem a responsabilidade administrativa ambiental,
encontra-se previsto no artigo 225, parágrafo 3º da Constituição Federal, que dispõe a tríplice
responsabilização em matéria ambiental. Assim, o poluidor, pessoa física ou jurídica, poderá responder nas
três esferas: civil, administrativa e penal.
A responsabilidade administrativa ambiental é subjetiva ou objetiva?
Ao analisarmos a responsabilidade civil ambiental, verificamos que este tipo de responsabilidade é
objetiva, ou seja, comprovados o dano ambiental e o nexo de causalidade (relação de causa e efeito
entre o agente e o dano), o sujeito será responsabilizado independentemente da sua culpa. Ou seja,
no âmbito civil, pouco importa se o sujeito agiu com dolo ou culpa, se ele foi cauteloso ou não. Se
forem comprovadas a lesão ambiental e a relação deste dano com o sujeito, ele terá a obrigação de
reparar o dano.
Mas será que a responsabilidade administrativa ambiental funciona igual a responsabilidade civil ambiental?
Será que, independentemente da culpa do sujeito, ele será obrigado a pagar uma multa ao órgão ambiental?
Vejamos o seguinte exemplo:
João compra imóvel com área de reserva legal desmatada
ilegalmente pelo antigo proprietário. João será obrigado a
pagar multa administrativa por esse dano cometido por
outra pessoa?
A resposta seria não. A responsabilidade administrativa
ambiental é subjetiva, ou seja, o ato ilícito (culpa e dolo) são
analisados. Logo, a responsabilidade administrativa é
subjetiva, assim como na penal, em que também é
necessáriaa comprovação de dolo ou culpa.
Quando tratamos do assunto de sanção administrativa,
intuitivamente pensamos em Poder de Polícia. Relembrando o conceito de Poder de Polícia tradicionalmente
utilizado no Direito Administrativo, previsto no artigo 78 do Código Tributário Nacional:
[...] a atividade da administração pública que, limitando ou disciplinando direito, interesse ou liberdade, regula
a prática de ato ou abstenção de fato, aos costumes, à disciplina da produção e do mercado, ao exercício de
atividades econômicas dependentes de concessão ou autorização do Poder Público, à tranquilidade pública
ou ao respeito à propriedade e aos direitos individuais ou coletivos.
Resumindo
O Poder de Polícia administrativo significa a faculdade conferida pela lei à Administração Pública para
conciliar o uso de direitos e liberdades individuais ao interesse público. O equilíbrio ambiental é interesse
público. Assim, podemos ilustrar o Poder de Polícia ambiental na atividade de pesca. As pessoas têm
direto de pescar, mas terão que respeitar as normas estabelecidas que regulam o local e período
permitido de pesca. 
Vejamos outro exemplo:
As pessoas podem exercer atividades de
impacto ambiental, contudo, terão que
obedecer as normas relativas ao processo
administrativo próprio para a autorização de
seu funcionamento – concessão de licença
ambiental. Caso a pessoa não cumpra as
normas ambientais, estará cometendo infração
ambiental e responderá por isso.
A Lei 9.605/1998 (Lei de Crimes Ambientais), a
partir do artigo 70, trata das infrações
administrativas ambientais, as quais são
regulamentadas pelo Decreto 6.514/2008.
O que seria uma infração ambiental?
De acordo com o artigo 70 da Lei 9.605/1998, trata-se de toda ação ou omissão que viole as regras
jurídicas de uso, gozo, promoção, proteção e recuperação do meio ambiente.
Mas, atenção! Em conformidade com o Princípio da legalidade estrita do Direito Administrativo, apenas
ensejará responsabilidade administrativa a violação de condutas tipificadas nas normas ambientais. Em outras
palavras, se não houver previsão daquela conduta e sua respectiva sanção, mesmo que cause dano
ambiental, não haverá responsabilidade administrativa. 
Quem pode aplicar as sanções?
De acordo com o artigo 70, parágrafo 1º, da Lei 9.605/1998, são autoridades competentes para lavrar
auto de infração ambiental e instaurar o processo administrativo os funcionários de órgãos ambientais
integrantes do Sistema Nacional de Meio Ambiente (SISNAMA), designados para atividades de
fiscalização, bem como os agentes das capitanias dos portos, do Ministério da Marinha.
Dito isto, façamos algumas observações finais sobre os parágrafos 2º, 3º e 4º do artigo 70:
Qualquer pessoa que constate infração ambiental poderá dirigir representação às autoridades
competentes citadas no parágrafo 1º do artigo 70.
A autoridade ambiental que tiver conhecimento da infração é obrigada a apurá-la imediatamente, caso
não o faça, poderá responder por omissão, solidiariamente com o infrator.
As infrações são apuradas em processo administrativo próprio, sendo assegurado o direto de ampla
defesa e contraditório, observadas as disposições da Lei 9.605/1998 e Decreto 6.514/2008.
• 
• 
• 
Infrações ambientais e sanções administrativas
Neste vídeo, falaremos sobre as diferentes espécies de sanções ambientais e de seu cabimento.
Conteúdo interativo
Acesse a versão digital para assistir ao vídeo.
Como vimos, para que uma conduta seja considerada infração ambiental, ela deve estar prevista em lei. O rol
de infrações administrativas ambientais encontra-se no Decreto 6.514/2008 entre os artigos 24 e 93.
De forma mais detalhada, temos:
Das Infrações Contra a Fauna (artigos 24 a 42).
Das Infrações Contra a Flora (artigos 43 a 60-A).
Das Infrações Relativas à Poluição e outras Infrações Ambientais (artigos 61 a 71-A).
Das Infrações Contra o Ordenamento Urbano e o Patrimônio Cultural (artigos 72 a 75).
Das Infrações Administrativas Contra a Administração Ambiental (artigos 76 a 83).
Das Infrações Cometidas Exclusivamente em Unidades de Conservação (artigos 84 a 93).
Dito isso, perguntamos: aquele que comete uma infração ambiental poderá ser punido com quais espécies de
sanções?
De acordo com o artigo 72 da Lei 9.605/2008, existem dez espécies de sanções previstas.
Recomendação
Leia os parágrafos do artigo 72. 
Tendo lido, fique agora com um breve comentário sobre cada uma dessas sanções:
Advertência
Poderá ser aplicada mediante a lavratura de auto de infração, para infrações consideradas de menor
lesividade ao meio ambiente.
Multa simples
Será aplicada quando o agente infrator, por culpa ou dolo, deixar de sanar as irregularidades que
tenha sido advertido, no prazo assinalado pelo órgão competente. Também será sancionado com
multa simples aquele que opuser embaraço à fiscalização. 
Observação: a multa simples pode ser convertida em serviços de preservação, melhoria e
recuperação da qualidade ambiental. A seguir, veremos melhor este ponto da possibilidade de
conversão.
• 
• 
• 
• 
• 
• 
Multa diária
Será aplicada à infração ambiental que se prolongue por vários dias, até que o infrator interrompa a
ação e comprove a regularização da situação que deu causa à lavratura do auto de infração.
Apreensão dos animais, produtos e subprodutos da fauna e flora, instrumentos, petrechos,
equipamentos ou veículos de qualquer natureza utilizados na infração
Vamos imaginar que João estava realizando pesca ilegal com rede proibida, em período de defeso.
Trata-se de infração ambiental. Os peixes, assim como a rede e o barco, serão apreendidos. Reparem
que não necessariamente o instrumento apreendido é ilícito, pode ser lícito, como em nosso exemplo:
peixe, rede, barco. O que será feito com os produtos e instrumentos apreendidos está estabelecido
no artigo 25 da Lei 9.605/1998.
Destruição ou inutilização do produto
Os produtos, inclusive madeira, subprodutos e instrumentos utilizados na prática da infração poderão
ser destruídos ou inutilizados quando o seu transporte ou guarda forem inviáveis ou colocarem em
risco a segurança da população.
Suspensão da venda e fabricação do produto
Esta medida tem como objetivo evitar a colocação no mercado de produtos ou subprodutos oriundos
de infração administrativa ao meio ambiente, e interromper o uso de matéria prima de origem ilegal. 
Exemplo: suspender a venda de móveis confeccionados com madeira extraída ilegalmente –
desmatamento ilegal.
Embargo de obra ou atividade
Esta medida visa impedir a continuidade do dano ambiental, propiciando a regeneração, recuperação
da área degradada como, por exemplo, uma floresta convertida ilegalmente em pasto. O agente
ambiental verificando essa situação, além de aplicar a multa, poderá embargar esta atividade. A área
ficará restrita apenas a intervenções humanas que objetivem recuperar a vegetação no local.
Demolição de obra
De acordo com o artigo 19 do Decreto 6.514/2008, esta medida poderá ser aplicada nos casos em
que seja verificada a construção em área especialmente protegida, em desacordo com a norma
ambiental. 
Exemplo: construção de uma casa em unidade de conservação de proteção integral – estação
ecológica. E poderá ser aplicada quando a obra ou construção não atendam à legislação ambiental e
não seja passível de regularização. Entretanto, devem ser observados os princípios do contraditório e
da ampla defesa. Em caráter de exceção, a demolição pode ser efetivada no ato da fiscalização, em
caso de insanável irregularidade, de grave risco à saúde ou de agravamento de dano ambiental. Veja
artigo 112 do Decreto.
Suspensão parcial ou total de atividades
Visa impedir a continuidade de processos produtivos em desacordo com a legislação ambiental.
Restritiva de direitos
Em geral, são aplicadas às pessoas jurídicas, com a finalidade de afetá-las economicamente até que a
situação seja regularizada. 
Exemplo: suspensão ou cancelamento de registro, licença ou autorização; perda ou restrição de
incentivos fiscais.Poderá ficar proibido de contratar com a Administração Pública pelo período de até
três anos.
Aplicação das sanções administrativas ambientais
Neste vídeo, falaremos sobre pontos de destaque na lei e na jurisprudência sobre a aplicação das sanções
administrativas ao meio ambiente.
Conteúdo interativo
Acesse a versão digital para assistir ao vídeo.
Separamos este tópico para tratar alguns pontos importantes sobre aplicação das sanções administrativas
ambientais.
Como vimos, existe uma lista das sanções que podem ser aplicadas aos infratores. Uma dúvida muito comum:
é necessário seguir a sequência que consta no artigo 72 da Lei 9.605/98? ou seja, primeiro aplicar a
advertência e, se o infrator não cumprir com o advertido, aí sim poderia ser autuado com multa? Ou será que o
órgão competente pode aplicar direto a multa?
De acordo com o Superior Tribunal de Justiça, se a infração for grave, pode ser aplicado direto a multa, sem
seguir a ordem estabelecida (REsp. 1318051/RJ-2015). 
Por exemplo, temos o rompimento de barragem de uma
mineradora. Esta empresa nunca tinha sido advertida. 
Será que pela dimensão do dano ambiental decorrente do
rompimento da barragem, faria sentido uma advertência?
Neste caso, por ser dano grave, o órgão ambiental pode
aplicar direto a multa.
Outro ponto importante:
Imagine que Pedro cometeu, simultaneamente,
três infrações ambientais. Ele será punido com
uma ou três sanções? 
 
De acordo com o parágrafo 1º do artigo 72,
serão aplicadas, cumulativamente, as três
sanções respectivas às infrações. 
 
Exemplo: sanção de multa para cada infração, somam-se as três multas.
Também merece destaque a questão sobre advertência. Como verificamos, ela geralmente é aplicada nos
casos de infrações de menor potencial lesivo ao meio ambiente. Mas, atenção: ela poderá ser aplicada
simultaneamente com outras sanções. Assim, é possível aplicar advertência e suspensão da atividade, por
exemplo. Veja parágrafo 2º do artigo 72.
Mais um ponto importante. Vimos que se o agente, por dolo ou culpa, não sanar as irregularidades que foram
advertidas, ou dificultar a fiscalização dos órgãos competentes, será sancionado com multa simples
(parágrafo 3º do artigo 72). Ressaltamos que a multa simples pode ser convertida em serviços de
preservação, melhoria e recuperação da qualidade do meio ambiente. O que isso quer dizer?
Em geral, o dinheiro arrecadado com as multas pelos órgãos ambientais é destinado ao Tesouro Nacional que,
por sua vez, redistribui por meio do instrumento do orçamento do Governo.
Com a ideia de se tornar mais eficaz, e aproveitar o valor arrecadado em prol dos órgãos ambientais,
sem a necessidade de ter que passar pelo orçamento da União, o Ibama criou o Programa de
Conversão de Multas Ambientais.
Esse programa permite que o valor da multa possa ser convertido em serviços ambientais, como:
recuperação de área degradadas, vegetação nativa;
proteção e manejo de espécies da flora nativa e fauna silvestre;
mitigação ou adaptações às mudanças climáticas;
educação ambiental;
saneamento básico.
Recomendação
Ler artigos 139 - 148, Decreto 6.514/2008. 
Para trazer maior clareza para o que acabamos de abordar, imagine o exemplo:
Maria cometeu uma infração e foi sancionada com multa de um milhão de reais. O instituto de conversão de
multas irá propor à Maria que o valor dessa multa seja convertido em serviço ambiental, sendo aplicado em
projetos pré-estabelecidos de recuperação da qualidade ambiental.
Por fim, conforme estabelecido no artigo 4º do Decreto 6.514/2008, o agente autuante, ao lavrar o auto de
infração, observará os seguintes quesitos: gravidade dos fatos; antecedência do infrator, quanto ao
cumprimento da legislação ambiental; e situação econômica do infrator.
Por exemplo: um curtume de grande porte, com capital de
80 milhões, ao contaminar um rio com o despejo de
resíduos tóxicos, matando uma tonelada de peixes, não
deve receber uma multa de valor baixo, por exemplo, cem
mil reais. O baixo valor da multa não incentivará a empresa
adotar medidas de prevenção para evitar futuros danos.
Resumindo, os aspectos importantes que merecem
destaque sobre a aplicação das sanções administrativas
ambientais são:
1. 
2. 
3. 
4. 
5. 
Não é necessário seguir a ordem das sanções previstas no artigo 72 da lei 9.605/98, ou seja, se for
infração que cause grave dano ambiental, a multa poderá ser aplicada diretamente, sem a necessidade
de aplicar previamente a advertência.
O agente, cometendo duas ou mais infrações simultaneamente responderá, cumulativamente, às
sanções respectivas.
A advertência poderá ser aplicada simultaneamente com outras sanções.
A multa simples pode ser convertida em serviços ambientais.
O agente autuante, ao estabelecer as sanções no auto de infração, observa os quesitos – gravidade
dos fatos, antecedência e situação econômica do infrator.
Dos prazos prescricionais
Neste vídeo, falaremos sobre as regras sobre prescrição para aplicação das sanções por infração ao meio
ambiente.
Conteúdo interativo
Acesse a versão digital para assistir ao vídeo.
Nos tópicos anteriores, analisamos as espécies e aspectos importantes das infrações e sanções
administrativas ambientais. E agora perguntamos:
Qual é o prazo que o órgão autuante possui para apurar se houve infração ambiental passível
de sanção administrativa?
De acordo com o artigo 21 do Decreto 6.514/2008, os órgãos autuantes ambientais têm cinco anos
para apurar a prática de infrações contra o meio ambiente, contada da data da prática do ato, ou no
caso de infração permanente ou continuada, do dia em que esta tiver cessado. 
Exemplo: há um ano, o proprietário de uma fazendo está desmatando ilegalmente a área de
preservação permanente para a criação do seu gado. Hoje, o agente de um órgão ambiental,
fiscalizando a área, descobriu. Então o proprietário parou de praticar o ato. Sendo assim, a partir de
hoje começa o prazo prescricional para o Estado apurar a infração.
Dito isso, caso a apuração da infração não seja realizada no prazo de cinco anos, não poderá mais ser feita,
por estar prescrita.
Mas, atenção! Com a lavratura do auto de infração, considera-se iniciada a ação de apuração da infração
ambiental pela administração.
Caso o procedimento de apuração do auto de infração
tenha iniciado, mas esteja paralisado por mais de três anos,
pendente de julgamento ou despacho, incidirá a prescrição
intercorrente, cujos autos serão arquivados de ofício ou
mediante requerimento da parte interessada.
A maioria das infrações ambientais correspondem a crimes
ambientais e, quando for assim, o prazo prescricional será o
do dispositivo penal. Por exemplo, de acordo com o artigo
34 da Lei 9.605/1998, o crime de pesca em período proibido
tem pena máxima de 3 anos, sendo assim, o prazo
prescricional é 8 anos. Desta forma, o prazo prescricional de cinco anos previsto no artigo 21 do Decreto
6.514, para apuração da infração administrativa, é alterado, passando de cinco para oito anos. 
1. 
2. 
3. 
4. 
5. 
Lembramos que a prescrição da pretensão punitiva da administração não exclui a obrigação de reparar o dano
ambiental. Em outras palavras: 
A reparação do dano ambiental é imprescritível, ou seja, independentemente do que tenha ocorrido
na esfera administrativa ou penal, o poluidor sempre será obrigado a reparar o dano ambiental
(recuperando e/ou indenizando).
Por fim, não confunda prescrição da administração pública para apuração da infração ambiental com a 
prescrição da execução da multa. São duas prescrições diferentes. Quando o processo administrativo finaliza,
passa a contar o prazo prescricional de cinco anos para a execução da multa, ou seja, a Administração Pública
tem cinco anos para executar a multa. Caso não faça neste prazo, a multa não poderá ser cobrada.
Nesta linha de entendimento, temos a Súmula 467 do Superior Tribunal de Justiça: “prescreve em cinco anos,
contados do término do processo administrativo, a pretensão da Administração Pública de promover a
execução da multapor infração ambiental.”
Então, todo esse processo acontece da seguinte forma e com os seguintes prazos:
5 anos
É o prazo prescricional que a Administração Pública tem para apurar a prática de uma infração
ambiental, contados da ocorrência da infração.
3 anos
Depois de iniciado o processo administrativo contra o infrator, se não houver nenhuma movimentação
por além desse prazo, haverá a prescrição intercorrente.
5 anos
Após o processo finalizado e multa confirmada, a Administração Pública terá este prazo para executá-
la. Caso não seja cobrada neste prazo, a multa estará prescrita.
Processo administrativo e destinação dos bens e animais
Neste vídeo, falaremos sobre as regras sobre o processo administrativo para apuração de sanções
ambientais.
Conteúdo interativo
Acesse a versão digital para assistir ao vídeo.
Do processo administrativo ambiental
Neste tópico iremos abordar, de forma resumida, o processo administrativo para apuração das infrações
ambientais. Para isso, é importante a leitura dos artigos 94 a 140 do Decreto 6.514/2008.
O ponto de partida para o início do processo administrativo ambiental é a lavratura do auto de infração.
Constatada a ocorrência de infração administrativa ambiental, o agente com Poder de Polícia do órgão
competente, lavrará o auto de infração, dando ciência ao autuado, sendo sempre assegurado o direito do
contraditório e a ampla defesa. 
Quais informações devem constar no impresso do auto de infração?
O auto de infração deverá ser lavrado em impresso próprio, com as seguintes informações:
identificação do autuado; descrição clara e objetiva das infrações constatadas e a indicação dos
respectivos dispositivos legais que regulamentam tais infrações, não devendo conter emendas ou
rasuras que comprometam a visibilidade do documento.
Como o autuado será notificado sobre a lavratura do auto de infração?
O autuado será intimado pelas seguintes formas:
Pessoalmente Por seu representante legal
Por carta registrada com aviso de
recebimento
Por edital, quando o autuado não for
localizado
A intimação pessoal, ou por via postal com aviso de recebimento, poderá ser substituída por intimação
eletrônica, observado o disposto na legislação específica.
Após ter tomado ciência do auto de infração, qual será o prazo para o autuado apresentar
defesa ou impugnação?
O autuado terá o prazo de vinte dias para apresentar defesa ou impugnação, contados da ciência do
termo de notificação da lavratura do auto de infração.
Outro questionamento vale a sua atenção: caso o autuado deseje pagar a multa à vista com desconto ou
parcelado, ele poderá discutir o valor posteriormente?
Caso o autuado decida pagar a multa com desconto, parcelar a multa ou opte por converter a multa em
serviços de melhorias do meio ambiente, o processo administrativo estará encerrado. O requerimento de
adesão imediata a uma destas soluções conterá:
A confissão irrevogável e irretratável do débito.
A desistência de impugnar judicial ou recursos administrativos e ações judiciais.
A renúncia a quaisquer alegações de direito sobre as quais possam ser fundamentadas as
impugnações, recursos administrativos e ações judiciais.
Em suma, na hipótese de o autuado receber o auto de infração com a sanção de multa, e decidir pagá-la (à
vista com desconto ou parcelado) ou convertê-la em serviços ambientais, ele estará renunciando a qualquer
direto de discutir posteriormente o auto de infração.
Como vimos, o autuado poderá apresentar defesa ou impugnação no prazo de 20 (vinte) dias. Mas em que
local ele poderá apresentar a sua defesa?
• 
• 
• 
Na hipótese de o autuado querer apresentar defesa ou
impugnação contra o auto de infração, esta poderá ser
protocolizada em qualquer unidade administrativa do órgão
ambiental que promoveu a autuação, que o encaminhará
imediatamente à unidade responsável.
Caberá recurso contra a decisão proferida pela autoridade
administrativa julgadora no prazo de vinte dias. Esse
recurso será dirigido à autoridade que proferiu a decisão em
primeira instância, a qual pode ou não reconsiderar a
decisão. Caso a autoridade julgadora permaneça com o
mesmo entendimento, encaminhará o recurso, no prazo de cinco dias, à autoridade julgadora de segunda e
última instância administrativa. Entretanto, este recurso não terá efeito suspensivo.
Destinação dos bens e animais apreendidos
Os bens e animais apreendidos deverão ficar
sob a guarda do órgão ou entidade responsável
pela fiscalização, podendo excepcionalmente,
ser confiados a fiel depositário, até o
julgamento do processo administrativo. A
autoridade competente avaliará a natureza dos
bens e animais apreendidos.
Os animais serão prioritariamente libertados em
seu habitat. 
Recomendação
Leia artigo 25 da Lei 9.605/1998. 
Caso ocorra algum dano aos bens, e venha ser a apreensão anulada, cancelada, revogada, o órgão ou
entidade, deverá restituir o bem no estado em que se encontra, ou indenizar o proprietário pelo valor
consignado no termo de apreensão.
Após a decisão que confirme o auto de infração, os bens apreendidos poderão ser destruídos, utilizados pela
administração quando houver necessidade, doados ou vendidos, garantida a sua descaracterização, por meio
de reciclagem, quando o instrumento puder ser utilizado na prática de novas infrações. Veja os artigos 105,
106, 107 e 134 e seguintes do Decreto 6.514/2008.
Verificando o aprendizado
Questão 1
De acordo com o artigo 225, parágrafo 3º, da Constituição Federal, o poluidor, pessoa física ou jurídica, de
direito público ou privado, poderá responder nas três esferas: civil, administrativa e penal. Sobre a
responsabilidade administrativa ambiental, assinale a alternativa correta.
A
A responsabilidade administrativa ambiental é subjetiva, fundamentada na teoria do risco administrativo.
B
A responsabilidade administrativa ambiental é objetiva para pessoas jurídicas de direito privado, sendo
subjetiva para as pessoas jurídica de direito público.
C
A responsabilidade administrativa ambiental é objetiva, fundamentada na teoria do risco administrativo.
D
A responsabilidade administrativa ambiental é subjetiva, fundamentada na teoria do risco integral.
E
A responsabilidade administrativa ambiental é subjetiva, sendo analisado o ato ilícito (dolo ou culpa).
A alternativa E está correta.
A responsabilidade administrativa ambiental é subjetiva, ou seja, o ato ilícito (culpa ou dolo) são analisados.
Assim, se assemelhando a responsabilidade penal, serão analisados os elementos de dolo ou culpa, para
que o sujeito poluidor responda pela infração ambiental.
Questão 2
O artigo 72 da Lei 9.605/1998, estabelece as espécies de sanções administrativas ambientais. Sobre a multa
simples, assinale a alternativa correta.
A
Poderá ser aplicada mediante a lavratura de auto de infração, para infrações consideradas de menor
lesividade ao meio ambiente.
B
Será aplicada a infração ambiental que se prolongue por vários dias, até que o infrator interrompa a ação e
comprove a regularização dos seus atos.
C
Será aplicada apenas quando o agente infrator deixar de sanar a irregularidade que tenha sido advertido, no
prazo assinalado pelo órgão ambiental competente.
D
A multa simples poderá ser convertida em serviços de preservação, melhoria e recuperação da qualidade
ambiental.
E
O agente autuante, ao estabelecer o valor da multa, observará exclusivamente a gravidade dos fatos.
A alternativa D está correta.
Em consonância com o artigo 72 da Lei de 9.605/98, existem 10 (dez) espécies de sanções administrativas
ambientais. A advertência é uma sanção que pode ser aplicada mediante a lavratura de auto de infração,
para os casos de lesões ambientais consideradas de menor lesividade. Diferentemente da multa simples, a
multa diária será aplicada à infração que se prolongue no tempo, por vários dias, encerrando sua aplicação
quando o infrator interrompa a ação e comprove a regularização da situação que deu causa à lavratura do
auto de infração. Por sua vez, a multa simples, será aplicadaquando o agente infrator, por dolo ou culpa,
não cumprir com a advertência dada anteriormente, no prazo estipulado pelo órgão ambiental fiscalizador.
Também será sancionada com multa simples, a pessoa que realizar conduta que atrapalhe, impeça, à
fiscalização. Em casos de lesão grave ao meio ambiente, a multa poderá ser imposta, sem a necessidade
de prévia advertência. Por último, a multa simples pode ser convertida em prestação de serviços de
melhoria da qualidade ambiental.
3. Conclusão
Considerações finais
Conforme vimos, a responsabilidade por ilícitos ambientais encontra-se disciplinada no artigo 225, parágrafo
3º da Constituição Federal, que estabelece a tríplice reponsabilidade ambiental ao agente poluidor. Em outras
palavras, a pessoa física ou jurídica (direito público ou privado) que causar dano ambiental, direta ou
indiretamente, poderá responder nas três esferas: civil, administrativa e penal.
A responsabilidade civil ambiental é objetiva, ou seja, independentemente da culpa do poluidor, a pessoa será
obrigada a reparar (recuperando e/ou indenizando) o dano ambiental causado. Além disso, fundamentada na
teoria do risco integral, não cabe excludentes de responsabilidade, como caso fortuito ou de força maior e
fato de terceiro. Assim, sendo comprovados o dano e o nexo de causalidade, o sujeito será obrigado a reparar
o dano.
Destacamos que a obrigação de reparar o dano ambiental é propter rem, aderindo ao título da propriedade,
sendo transferido ao novo proprietário. Logo, a obrigação de reparar o dano ambiental causado pelo antigo
proprietário se transfere ao novo proprietário/possuidor do imóvel, mesmo que este não tenha causado a
lesão ao meio ambiente.
O dano ambiental pode ser patrimonial ou extrapatrimonial (moral, coletivo). O direito à reparação aos danos
ambientais é imprescritível, contudo, em se tratando de reparação à terceiros impactados pelo dano
ambiental, o prazo prescricional são de 3 (três) anos.
Por sua vez, a responsabilidade administrativa ambiental é subjetiva, sendo necessária a análise do ato ilícito
(dolo ou culpa). Caso o sujeito pratique conduta prevista como infração ambiental no Decreto 6.514/2008,
poderá ser sancionado administrativamente. O prazo para apuração da prática de uma infração ambiental,
pelo órgão competente, é de 5 (cinco) anos, contados da ocorrência da infração, ou no caso de infração
continuada, do dia em que esta tiver sido cessada.
Podcast
Neste podcast, a professora revê com você os principais aspectos sobre a responsabilidade civil e
administrativa em ilícitos ambientais.
Conteúdo interativo
Acesse a versão digital para ouvir o áudio.
Explore +
Para um aprofundamento dos assuntos abordados, recomendamos a leitura do livro Direito Ambiental –
Coleção Esquematizado, de Marco Abelha Rodrigues.
Referências
FREITAS, V. P.; FREITAS, M. A. Direito administrativo e meio ambiente. Curitiba: Juruá, 2014.
 
LEITE, J. R. M.; AYALA, P. A. Dano ambiental: do individual ao coletivo extrapatrimonial. Teoria e prática. 8. ed.
Rio de Janeiro: Forense, 2019.
 
MILARÉ, E. Direito do Ambiente. 12. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2020.
 
RASLAN, A. L. Responsabilidade Civil Ambiental do financiador. Porto Alegre: Livraria do advogado, 2012.
 
STEIGLEDER, A. M. Responsabilidade Civil Ambiental: as dimensões do dano ambiental no direito brasileiro. 3.
edição. Porto Alegre: Livraria do advogado, 2017.
	Responsabilização por ilícitos ambientais
	1. Itens iniciais
	Propósito
	Preparação
	Objetivos
	Introdução
	1. Responsabilidade civil
	Fundamentos
	Características para responsabilização do poluidor
	Conteúdo interativo
	Civil
	Administrativa
	Penal
	Será que sempre que existir dano ambiental, o poluidor responderá nas três esferas?
	Recuperação, indenização e dano ambiental
	Dano ambiental e sua reparação
	Conteúdo interativo
	Dano ambiental
	Atenção
	Dano ambiental patrimonial
	Dano ambiental extrapatrimonial
	Recuperação e indenização
	Reparação in natura
	Reparação em pecúnia
	Aspectos da responsabilidade civil
	Conteúdo interativo
	Responsabilidade civil subjetiva
	Responsabilidade civil objetiva
	Ato ilícito
	Dano
	Nexo de causalidade
	Teoria do risco administrativo
	Teoria do risco integral
	Aspectos da responsabilidade civil ambiental
	Conteúdo interativo
	No caso do rompimento ter sido causado por um temporal, haveria isenção da responsabilidade em reparar o dano causado?
	Poluidor
	Conteúdo interativo
	Poluidor direto
	Poluidor indireto
	No caso de um caminhão terceirizado de um hospital causar dano ambiental, quem será considerado poluidor? O hospital? A empresa transportadora? Ambos?
	Situação 1
	Exemplo
	Situação 2
	Exemplo
	Situação 3
	Exemplo
	Verificando o aprendizado
	2. Responsabilidade administrativa
	Aspectos da responsabilidade administrativa ambiental
	Conteúdo interativo
	A responsabilidade administrativa ambiental é subjetiva ou objetiva?
	Resumindo
	O que seria uma infração ambiental?
	Quem pode aplicar as sanções?
	Infrações ambientais e sanções administrativas
	Conteúdo interativo
	Recomendação
	Advertência
	Multa simples
	Multa diária
	Apreensão dos animais, produtos e subprodutos da fauna e flora, instrumentos, petrechos, equipamentos ou veículos de qualquer natureza utilizados na infração
	Destruição ou inutilização do produto
	Suspensão da venda e fabricação do produto
	Embargo de obra ou atividade
	Demolição de obra
	Suspensão parcial ou total de atividades
	Restritiva de direitos
	Aplicação das sanções administrativas ambientais
	Conteúdo interativo
	Recomendação
	Dos prazos prescricionais
	Conteúdo interativo
	Qual é o prazo que o órgão autuante possui para apurar se houve infração ambiental passível de sanção administrativa?
	5 anos
	3 anos
	5 anos
	Processo administrativo e destinação dos bens e animais
	Conteúdo interativo
	Do processo administrativo ambiental
	Quais informações devem constar no impresso do auto de infração?
	Pessoalmente
	Por seu representante legal
	Por carta registrada com aviso de recebimento
	Por edital, quando o autuado não for localizado
	Após ter tomado ciência do auto de infração, qual será o prazo para o autuado apresentar defesa ou impugnação?
	Destinação dos bens e animais apreendidos
	Recomendação
	Verificando o aprendizado
	3. Conclusão
	Considerações finais
	Podcast
	Conteúdo interativo
	Explore +
	Referências

Mais conteúdos dessa disciplina