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Japanese tea garden Conheça os encantos deste jardim nos Estados Unidos Gramado ao seu modo Saiba como selecionar gramíneas de acordo com o terreno Tudo verde O aconchegante jardim do engenheiro agrônomo e paisagista MARCELO FAISAL Salve as espécies nativas Veja como preservar o meio ambiente ao construir Arquitetura em estilo italiano recebe esta moldura verde projetada por Roberto Riscala Mini-horta 8 ideias criativas para espaços enxutos Estufa em casa Planeje a sua e tenha flores o ano todo Natureza adentro Leve a beleza do verde para áreas cobertas Paisagismo no metrô Conheça os vagões de chicago que receberam plantas no interior Daniela Infante, da Arteiro, Roberto Riscala, Alexandre Galhego e Bibiana Müssnich mostram projetos surpreendentes na edição [2][3] [4] [1] [1] Acervo pessoal, [2] Gui Morelli, [3] Leonardo Costa e [4] Tatiana Villa 03 editorial* 12/03/13 15:58 Page 3 Um livro relaxa e leva o leitor a lugares surpreendentes, des- perta a imaginação e agrega conhecimento. Se a leitura for em uma área verde, com direito a recantos e aquele barulhinho da água, tudo fica melhor. E é isso que nós da equipe da Paisagismo & Jardinagem queremos: um espaço em casa para despertar, encantar e entreter. Esta edição traz quatro projetos encantadores – seja pelo bom apro- veitamento do espaço, harmonia das espécies ou pela composição com a natureza. A seção Meu Jardim (página 44) com o engenheiro agrônomo e paisagista Marcelo Faisal. Totalmente verde, a área externa de sua casa na capital paulista dita o tom de seu trabalho: um jardim fun- cional, saudável e de fácil manutenção. Quem disse que o verde está limitado ao exterior? Selecionamos em Verde interior (página 86) ambientes impecáveis que abusam do uso das plantas em salas, escadas e banheiros. Para levar um char- me a mais às moradas, mostramos em Casa das plantas (página 90) estufas para garantir o cuidado de ornamentais e hortaliças duran- te todo o ano. Aí a diversão fica por sua conta. Até a próxima! editorial SEÇÕES 10 você sabia que… 97 contatos 98 opinião 24 ideias da PJ 5 propostas criativas para levar o verde às moradas 26 meio ambiente Saiba como preservar árvores ao construir 30 flores e frutos Agora é tempo de… 32 tapete verde Veja como selecionar a gramí- nea ideal para cada terreno 34 horta e pomar Soluções inusitadas de hortas para áreas enxutas 40 plante uma ideia Dê adeus ao cinza dos muros e adote espécies ideais 44 meu jardim Os tons de verde na casa do engenheiro agrônomo e paisagista Marcelo Faisal 48 planta da edição As cores do tinhorão (Caladium sp) 74 perfil A idealizadora de paisagens Juliana Castro 78 secos e molhado Acerte na escolha das espécies para a área de lazer 80 lá fora Plantas dão o tom aos vagões do metrô de Chicago, nos Estados Unidos 82 pelo mundo Desperte sensações ,nedraG aeT esenapaJ on nos Estados Unidos REPORTAGENS 86 JARDINS INTERNOS Leve a beleza natural das plantas para os ambientes cobertos 90 ESTUFAS Tenha em casa e garanta �ores e frutos o ano todo PROJETOS índice 58 ROBERTO RISCALA 72 BIBIANA MÜSSNICH 52 DANIELA INFANTE 66 ALEXANDRE GALHEGO 04 Indice+Anun 12/03/13 16:16 Page 4 Diretores Luiz Fernando Cyrillo Renato Sawaia Sáfadi FALE CONOSCO Atendimento em geral: atendimento@casadois.com.br Dúvidas, críticas e sugestões: editorial@casadois.com.br Nossos produtos em seu ponto de venda: revenda@casadois.com.br WhatsApp (11) 99748-4778 Esta é uma publicação da CASADOIS EDITORA, CNPJ 00.935.104/0001-98. Ninguém está autorizado a representar o nome da revista sem a apresentação do crachá da editora e/ou carta assinada pela diretoria. Não é permitida a repro- dução total ou parcial das matérias, das fotos ou dos textos publicados, exceto com autorização da CasaDois Editora. Os artigos assinados não refletem necessariamente a opinião da revista. A editora não se responsabiliza por informações ou teor dos anúncios publicados. IMPRESSO NO BRASIL. A CasaDois Editora não contrata serviços de terceiros para cobranças ou qualquer outro trabalho administra- tivo-financeiro. Todos os contatos são feitos pelos nossos departamentos. Qualquer dúvida ligue para (11) 2108-9000 ou mande e-mail para financeiro@casadois.com.br PUBLICAÇÕES DA CASADOIS EDITORA ARTESANATO: Arte com as Mãos Appliqué, Bolos Decora- dos, Bonecas de Pano, Bonecas de Pano Bichos, Bonecos de Feltro, Capitonê, Cupcake, E.V.A., Feltro, Fuxico, Fuxico com Feltro, Panos de Prato, Ponto Cruz e Crochê, Tapeça- ria, Tricô Bebê, Unhas Decoradas, Arte e Artesanato, Deco- ração de Natal Especial, Fuxico Passo a Passo, Guia Arte com as Mãos, Guia Arte e Artesanato, Guia da Mamãe Cro- chê Baby, Guia da Pintura e Tela Passo a Passo. ARQUITE- TURA E DECORAÇÃO: Construir, Construir Especial Banheiros, Construir Especial Cozinhas, Construir Especial Quartos, Construir Especial Salas, Construir Rústicas, Deco- ração de Interiores Varandas e Espaços Gourmets, Guia Construir Casas Rústicas, Guia Construir Melhores Ideias Ba- nheiros e Cozinhas, Guia de Modelos de Piscinas e Piscinas & Churrasqueiras. DECORAÇÃO DE FESTAS: Decoração de Festas Infantis, Guia de Decoração de Festa de Casa- mento e Guia de Decoração de Natal. GASTRONOMIA E CULINÁRIA: Cake Design, Cake Design Cupcakes, Coleção Delícias da Cozinha, Culinária Fácil Bolos, Guia da Cerveja, Guia de Decoração de Festas Infantis Bolos, Guia de Degus- tação de Cervejas e Guia de Delícias Festas de Aniversário. JARDINAGEM E PAISAGISMO: Coleção Cultivo de Orquí- deas, Como Cultivar Orquídeas, Guia Como Cultivar Orquí- deas para Iniciantes, Guia da Jardinagem, Guia de Orquídeas, Guia Sítio & Cia - Horta & Pomar, Jardins em Pe- quenos Espaços e Paisagismo & Jardinagem. PROJETO E CONSTRUÇÃO: Casas de 50 a 90 m², Construção do Co- meço ao Fim, Guia Construir Drywall, Guia Construir Econo- mize Água, Guia Construir Iluminação, Guia Construir Portas e Janelas de PVC, Guia Construir Reforma, Guia de Projetos para Construir, Manual da Piscina, Melhores Projetos e Pro- jetos de 100 a 200 m². SAÚDE: Coleção Guia Saúde Hoje e Sempre e Saúde Hoje e Sempre. Di l ã /T k t 10*Paisagismo & Jardinagem Bromélia pendente Presente dos pântanos ao sul dos Estados Unidos até as matas argen- tinas, a barba-de-velho (Tillandsia usneoides) sempre chama atenção no alto das árvores. Apesar da textura da folhagem, que lembra musgo, e da estrutura pendente, tal qual uma trepadeira, pertence à família das bro- mélias (Bromeliaceae). Também conhecida no Brasil por barba-de-pau, camambaia e mus- go-espanhol, aprecia ambientes com temperaturas amenas e alta umida- de do ar e é marcante nas matas das regiões Nordeste, Sudeste e Sul. Vegeta a pleno sol ou à meia-sombra e possui hastes onduladas cobertas por minúsculas escamas acinzentadas. Pode chegar a 6 m de comprimento. Floresce raramente e sua reprodução é feita principalmente por cres- cimento vegetativo, com a ajuda do vento e dos pássaros, que a levam de uma arbórea a outra. Muitas aves, inclusive, utilizam os ramos da barba- de-velho para confeccionar ninhos. Já foi muito procurada pelos artesãos do País para compor móveis e preencher colchões, travesseiros e almofadas. Como possui propriedades antibiótica, antirreumática, adstringente e anti-hemorroidal, é emprega- da ainda hoje no combate a hérnias, úlceras e varizes. Nos últimos anos, a espécie tem sido testada por pesquisadores de vários países para analisar a poluição atmosférica. Como a barba-de-velho não possui raízes desenvolvidas, absorve água e nutrientes diretamente por meio de suas escamas. Esta característica permite à planta reter as partículas de poluição presentes na atmosfera, indicando como está a qua- lidade do ar na região em que vegeta. Utilizada na fabricação de móveis, no combate a hérnias e até para medir a poluição do ar, a barba-de-velho se destaca pela aparência de musgoaprovei- ta o tempo cozinhando, cuidando dos filhos e viajando para a praia ou para o campo, sempre desfrutando da vida ao ar livre. 74-77 Perfil* 11/03/13 16:17 Page 76 Paisagismo & Jardinagem*77 “Não vivemos sem a natureza. Afinal, criamos o artificial em meio ao natural.” 74-77 Perfil* 11/03/13 16:18 Page 77 78*Paisagismo & Jardinagem Em boa companhia A área de lazer pode ficar ainda mais valorizada com a escolha correta do paisagismo Como combinar o paisagismo com um amplo espaço externo no qual a piscina é o destaque? Pode parecer uma tarefa complicada, mas a arqui- teta paisagista Pedrinha Parisi, de São Paulo, SP, encontrou a solução per- feita. Ao elaborar um jardim com estilo clássico, arquitetura e natureza ficaram em total harmonia. “O resultado foi positivo porque os estudos para a implantação do paisagismo foram iniciados durante a obra da resi- dência, o que possibilitou algumas interferências, inclusive em detalhes construtivos”, explica. A piscina de concreto armado e formato orgânico contorna os ambien- tes da ala social e soma 72 m², com 1,80 m de profundidade. Como os proprietários solicitaram um local que tivesse diversão para toda a famí- lia, opções para o lazer não faltam. Com spa e prainha, possui raia para a prática de natação com 2 m de profundidade, dividida por uma ponte e um espelho d’água com direito a chafariz próximo à fachada. A profis- sional priorizou o uso de materiais práticos que não ofuscassem o jardim: pastilhas de porcelana na cor azul profundo (NGK) para o interior, pedra São Tomé branca com boleamento duplo nas bordas e deque de madei- ra de demolição em toda a área ao redor do espaço para banhos. Para compor o verde, Pedrinha selecionou vegetação de fácil manu- tenção. Presente no terreno original, a palmeira-imperial (Roystonea ole- Texto Camilla Chevitarese Fotos Gui Morelli secos e molhados 78-79 Secos e Molhados+Anun* 11/03/13 15:59 Page 78 racea) foi mantida e se tornou o destaque do projeto, junto com as pal- meiras-fênix (Phoenix roebelinii). Vasos intercalados com murtas (Murraya exotica) e um painel vertical de madeira de demolição com ripsális (Rhipsalis baccifera) e lírio-do-vento (Zephyranthes candida) valorizam o muro de divisa da residência onde está localizada a raia, em frente ao ambiente de estar. “Evitei utilizar vegetação que favorece o sombreamento e folhas pontiagudas e caducas, que podem entupir e dificultar a manutenção da piscina”, explica a profissional. Dispostas no deque, as espreguiçadeiras são verdadeiros recantos. Os moradores não perdem uma oportunidade para relaxar. 78-79 Secos e Molhados+Anun* 11/03/13 15:59 Page 79 Ideias para todos os cantos do jardim PARA ADQUIRIR NOSSAS EDIÇÕES ACESSE WWW.CASADOIS.COM.BR ACESSE TAMBÉM NOSSA LOJA NAS REDES @casadoiseditora 80*Paisagismo & Jardinagem SELVA URBANA Texto Suzana Mattos Fotos Divulgação/Photo courtesy of www.noisivelvet.org Vagões do metrô de Chicago, nos Estados Unidos, ganham jardins móveis Turistas e moradores da cidade de Chicago, nos Estados Unidos, sur- preenderam-se ao entrar em seis vagões do metrô Loop, que vai em dire- ção ao centro: eles se depararam com verde por toda parte. Chão e assen- tos foram revestidos com grama e relva doados pelo Central Sod Farms, de Plainfield, Illinois, além da diposição de espécies, como pimenteiras (Capsicum spp), fornecidas por comerciantes locais. A empresa de paisagismo e jardinagem Tu Bloom Designs, responsá- vel por decorar eventos grandiosos como Grammy Awards e o jardim em memória ao cantor Michael Jackson, expôs exemplares ornamentais nos bancos. Para complementar, hortaliças como abobrinha (Cucurbita spp) e tomate (Lycopersicum spp), doadas por Harvest Moon Farm, fazenda de Nort Salem, em Nova Iorque, foram suspensas nos corrimãos do vagão. “Permitimos aos amigos dos participantes que colocassem as plantas de suas casas no espaço. Mesmo que o objetivo fosse expor espécies nati- vas, não negamos doação”, complementa Joe Baldwin, fundador da orga- nização Noisivelvet, grupo sem fins lucrativos, localizado em Chicago, que ajuda artistas a tornarem públicas suas obras de arte. VERDE SOB OS TRILHOS Junto à equipe do Art on Track – galeria móvel de arte temporária –, o projeto circulou em 2012. Foram, em média, oito horas de execução e mais de cinco horas de exposição. “A ideia principal era a de conscienti- zar e voltar a atenção para as artes, administração urbana e inovação”, acrescenta Baldwin. Sem contar que a iniciativa complementou a cultura da cidade e inte- grou a lista de exibições que estavam acontecendo. “Muitos colaboraram com o projeto, além de recebermos muitas doações de entidades que acre- ditam na iniciativa. Por isso, pouco dinheiro foi investido na exposição, aproximadamente US$ 300”, conta. Antes dessa criação, a organização já tinha se aventurado no planeja- mento de jardins exóticos. “Em 2011, instalamos na Logan Square, em Chicago, uma rua inteira coberta por grama que ia ao encontro de uma horta feita pela comunidade local. Como resultado, os artistas foram con- vidados a montar um site onde pudessem explicar um pouco sobre arte e jardinagem”, conta. lá fora 80 Lá Fora* 11/03/13 16:11 Page 80 82*Paisagismo & Jardinagem Ú N I C O D E V O T O pelo mundo 82-85 - Pelo Mundo* 11/03/13 16:03 Page 82 Paisagismo & Jardinagem*83 Criador do Japanese Tea Garden, o imigrante japonês Makoto Hagiwara dedicou a vida ao paisagismo, sua paixão Com história marcada pela criatividade e devoção, o Japanese Tea Garden (em português, Jardim de Chá Japonês) é um dos principais pon- tos turísticos do Golden Gate Park, em São Francisco, Estados Unidos. Nele, os visitantes são convidados a explorar sentidos: ouvir o barulho da água que cai das fontes cobertas por azaleias (Rhododendron simsii), apre- ciar a beleza de luminárias de porcelana e estátuas e sentir o doce perfu- me das flores das trepadeiras. Ao passar pelo portão principal, pinheiros-de-monterey (Pinus radia- ta) saúdam os visitantes. À esquerda, uma cerca-viva no formato do Monte Fuji presta homenagem às raízes do paisagista fundador do jardim, Makoto Hagiwara, que nasceu próximo à montanha mais alta do Japão. Ao redor estão bambus (Poaceae), íris (Iris germanica) e bonsai. Um caminho de folhagens leva à Drum Bridge, que além da vasta vege- tação, abriga o nobre pinheiro-chinês (Cunninghamia lanceolata). Próxima da loja de souvenirs, uma cachoeira cercada por trepadeiras, azaleias, bon- sai e bordo-japonês (Acer palmatum) recepcionam os turistas. Um peque- no lago contempla essa seção do jardim, com vista para a Japanese Tea House (em português, Casa de Chá Japonesa). Com o objetivo de culti- var a tradição de lavar as mãos antes de entrar nas casas de chá, uma bacia com água (no formato de barco) foi posicionada no local. No mesmo ambiente, é possível visitar o Museu de Arte Asiática e o Sunken Garden, que ocupa o lugar da antiga casa de Hagiwara. Outro monumento que vale a visita é o Pagoda, que faz alusão à cultura do leste asiático e funciona como santuário budista. Atrás dele, o Jardim Zen reúne bonsai, azaleias, fonte de pedras e rio forrado com pedris- cos brancos. Texto Alexandra Iarussi Fotos Shutterstock 82-85 - Pelo Mundo* 11/03/13 16:04 Page 83 84*Paisagismo & Jardinagem AMOR À TERRA NATAL O Japanese Tea Garden foi criado em 1894, durante a Exposição de Meio-Inverno da Califórnia, popularmente conhecida como Feira Mundial. Chamava-se Japanese Village (em português, Vila Japonesa) e surgiu com o objetivo de mostrar um pouco da cultura nipônica aos norte-ameri- canos. Atualmente, é considerado o jardim japonês mais antigo dos Estados Unidos. Hagiwara criou, fundou e dedicou a vida ao jardim. Determinado em manter viva a cultura japonesa na América, pediu permissão a John McLaren, na época superintendente do Golden Gate Park (responsável por plantar mais de 2 milhões de árvores no local), para transformar a Vila em instalação definitiva. McLarenassentiu e, a partir de 1895, o imigrante japonês começou a dar vida nova ao jardim. Hagiwara ergueu a Tea House, o jardim e outros pavilhões, totali- zando 20.234 m². Para se dedicar às plantas, ele construiu ampla arena e casa para a família no local. O paisagista não apenas aperfeiçoou o espa- ço, importou pássaros japoneses raros, peixes dourados, itens de bronze e plantas – tributos autênticos de sua terra natal –, esgotando a fortuna da família pela profissão que amava. O novo jardim ganhou várias está- tuas, como um Buda de madeira, um santuário Shintô – símbolo arqui- tetônico da antiga cultura japonesa, dedicado ao xintoísmo –, águias de asas abertas e luminárias de porcelana. SONHO INTERROMPIDO Hagiwara cuidou e cultivou do jardim até 1925, ano em que faleceu. Após sua morte, seu genro, Goro Tozawa Hagiwara, passou a se dedicar ao recanto: plantou várias cerejeiras (Prunus serrulata) e continuou o pro- jeto do sogro. Em 1937, Goro faleceu e sua esposa passou a tomar conta do local junto com seus filhos Sumi, George e Haruko. Tudo correu bem até 1942, quando iniciou-se a Segunda Guerra Mundial e todos foram despejados e enviados para um campo de concentração com outros japoneses americanos. Nessa época, o jardim recebeu o nome The Oriental Tea Garden (em português, O Jardim de Chá Oriental) e, a partir daí, começou a definhar. A maioria dos arranjos foi destruída ou removida, assim como as esculturas, e as plantas sucumbiram por falta de cuidados. Em 1952, o jardim recebeu novamente o nome Japanese Tea Garden. Em 1974, a cidade de São Francisco prestou homenagem ao fundador do jardim e sua família. Uma placa de bronze foi colocada ao final do caminho do portão principal com a inscrição: “Em honra a Makoto Hagiwara e sua família, que alimentaram e compartilharam esse jardim de 1895 a 1942.” Hoje restam apenas resquícios do jardim original, como os pinhei- ro-de-monterey. Sua restauração acontece aos poucos: os portões foram reformados em meados de 1980 e, recentemente, foram adquiridas espé- cies de plantas raras. 82-85 - Pelo Mundo* 11/03/13 16:04 Page 84 Paisagismo & Jardinagem*85 J A P A N E S E T E A G A R D E N SÃO FRANCISCO ESTADOS UNIDOS HORÁRIO diariamente, das 9 às 17 horas no Verão e das 9 horas às 16h45 no Inverno MAIS INFORMAÇÕES www.japaneseteagardensf.com 82-85 - Pelo Mundo* 11/03/13 16:04 Page 85 86*Paisagismo & Jardinagem VERDE INTERIOR A paisagista Monica Castelo Branco, da Botana Paisagismo, do Rio de Janeiro, RJ, selecionou lança-de-são-jorge (Sanseviera cyllindrica) e aspargo-pluma (Asparagus densiflorus) para este jardim interno Dracena (Dracaena sp) foi a variedade escolhi- da para este ambiente planejado pela Botana Paisagismo No projeto do arquite- to Rogério Perez, de São Paulo, SP, amplas janelas permitem a entrada de luz solar e favoreceram a implantação do jardim jardins internos [3] [3] [3] 86-89 Rep 01 - Jardins Internos* 12/03/13 16:09 Page 86 Paisagismo & Jardinagem*87 Jardins são comumente associados a áreas externas, remetendo mui- tas vezes a trabalhos estonteantes de paisagismo, nos quais diferentes espé- cies vegetais estão em harmonia com o ambiente. No entanto, áreas internas também podem ser contempladas com pro- jetos que aplicam plantas, levando vivacidade e frescor, além de diminuir a temperatura do interior e agregar beleza natural. “Esses jardins atraem pássaros, ajudando a embelezar o espaço”, comenta a arquiteta Adriana Victorelli, da Neo Arq, de São Paulo, SP. Segundo a paisagista Monica Castelo Branco, da Botana Paisagismo, do Rio de Janeiro, RJ, quando inseridas dentro de casa, as plantas huma- nizam o local de forma a torná-lo bastante agradável. Em seus proje- tos, a profissional considera os jardins internos um diferencial, cujo principal objetivo é impactar visualmente, além de permitir uma pro- ximidade com a natureza. Para quem pretende contar com a beleza e as vantagens de manter um ambiente verdejante dentro da residência, a boa notícia é que não há restrição quanto ao local. “Pode ser agregado a quarto, cozinha e até ao banheiro. A diferença é que um jardim na sala de estar fará com que as pessoas usufruam mais do espaço do que em outras áreas da casa”, ressalta Adriana. Porém, é preciso estar atento se a área atende às necessidades da vege- tação, como ventilação e iluminação natural suficientes. Caso contrário, as espécies não vivem, apenas “sobrevivem”. “Elas sofrem até terem de ser substituídas por outras e, definitivamente, não considero essa solução a mais indicada”, observa a paisagista Junia Lobo, de Belo Horizonte, MG. “Em espaços assim, o profissional deve ser criativo e projetar um jardim com elementos diferenciados. Ou seja, ao invés de plantas ‘vivas’, pode criar ambientes com esculturas, fontes, pedriscos e pedras.” Ideias, inspirações e cuidados para levar a beleza natural das plantas aos ambientes cobertos Texto Lucie Ferreira Fotos [1] Divulgação/Junia Lobo Paisagismo, [2] Fran Parente, [3] Gui Morelli e [4] Tarso Figueira A Una Arquitetos, da capital paulista, utilizou zamioculca (Zamioculcas zamiifolia) neste jardim interno, uma vez que a planta aprecia sombra [4] 86-89 Rep 01 - Jardins Internos* 12/03/13 16:09 Page 87 88*Paisagismo & Jardinagem Além de as espécies não se desenvolverem em espaços sem luz natural, a tendência do solo é ficar argiloso e úmido, causando bolor nas paredes. “Em local úmido, estreito e sem incidência solar, é recomendado optar por plantas que toleram sombra”, sugere a arquiteta da capital paulista. Variedades dotadas de raízes aéreas ou vigorosas, por outro lado, podem danificar a área do jardim, que geralmente é reduzida. Por isso, é fundamental esco- lher exemplares adequados para cada ambiente. ESPÉCIES INDICADAS Harmonia e proporção também são primordiais durante o projeto do jardim interno. “Outros cuidados se referem ao controle: observar as regas, a existência de pragas e a escassez de nutrientes. Como em qualquer outro jardim, a manutenção é necessária e essencial”, diz Junia. “Podas e cui- dados regulares, como adubar e substituir substratos aumentam a vitali- dade”, acrescenta Adriana. Na impossibilidade de acesso ao solo natural, a arquiteta recomenda abusar de vasos e forrar o piso com pedriscos ou cascas de madeira. Entretanto, ela lembra que vasos exigem mais manutenção, precisando ser drenados, a terra reposta e os nutrientes aplicados periodicamente. Se o solo for natural, a renovação é automática. Quanto à escolha das plantas, Monica destaca depender da luminosi- dade. “Quando há incidência de luz solar, a variedade de espécies é maior. Geralmente uso iuca-elefante (Yucca elephantipes), espada-de-são-jorge (Sanseviera trifasciata), palmeira-ráfis (Raphis excelsa) e dracena (Dracaena fragans)”. Junia acrescenta lírio-da-paz (Spathiphyllum wallisi), zamioculca (Zamioculcas zamiifolia), palmeira-pinanga (Pinanga kuhlii), ciclanto (Cyclanthus bipartitus), pleomele (Dracaena reflexa), clívia (Clivia miniata), antúrio (Anthurium sp), falsa-arália (Dizygotheca elegantissima), bromélia (Bromeliaceae), imbé (Philodendron sp), palmeira-licuala (Licuala grandis), pata-de-elefante (Beaucarnea recurvata) e palmeira-areca (Areca triandra). Neste jardim interno assinado pela paisagista Junia Lobo, de Belo Horizonte, MG, optou-se por clívia (Clivia miniata) e palmeira-pinanga (Pinanga kuhlii) [1] 86-89 Rep 01 - Jardins Internos* 12/03/13 16:09 Page 88 Paisagismo & Jardinagem*89 Em ambientes nos quais a planta não recebe sol pleno, Adriana apon- ta espada-de-são-jorge, pacová (Philodendron martianum), bromélias, samambaias (Davalliaceae), helicônias (Heliconiaceae), maranta-tricolor (Maranta leuconeura), antúrios e forrações como grama-preta (Ophiopogon japonicus). Em caso contrário, recomenda alpínia (Alpinia purpurata), agapanto (Agapanthus africanus), arvoretas frutíferas, agave (Agavaceae) e rosa-do-deserto (Adenium obesum). Além de iluminação, ventilação, clima e solo, outros aspectos quenecessitam ser observados são estilo da arquitetura, dimensão do espaço a ser projetado e personalidade e preferências do proprietário. PARA INCREMENTAR A residência de autoria da Anastasia Arquitetos, da capital mineira, recebeu jardim interno assinado por Junia Lobo, mas o conceito de inse- ri-lo no espaço já havia sido concebido pelos autores do projeto arquite- tônico. “Como é uma residência integrada e dinâmica, com arquitetura moderna e descontraída, sugerimos um jardim com linguagem tropical, estendendo a ideia para o interior da sala, trazendo mais conforto e leve- za”, revela a paisagista. O resultado foi um estar mais verde, proporcionando sensação de tranquilidade, além de ser visivelmente belo e harmonioso. “Cada vez mais necessitamos de um pouco de natureza perto de nós. Trazer a ener- gia das plantas para dentro de casa é um privilégio”, opina. Para embelezar ainda mais a área, ela sugere acrescentar materiais inertes, por exemplo seixos, pedras, pedriscos e argila expandida. Esculturas metálicas, peças de cerâmica e iluminação também são apostas certeiras. “O que irá nortear é o espaço e a arquitetura de cada lugar.” Espécies frutíferas e floríferas, principalmente as com perfume, dão toque especial. “Outra dica valiosa é colocar uma fonte para atrair pás- saros para beber água”, complementa Adriana. [1] 86-89 Rep 01 - Jardins Internos* 11/03/13 16:20 Page 89 estufas 90*Paisagismo & Jardinagem [3] PLANTA DA EDIÇÃO 90-93 Repo 02 - Estufas 12/03/13 16:11 Page 90 Paisagismo & Jardinagem*91 CASA DAS PLANTAS As estufas residenciais garantem ornamentais e hortaliças bem cuidadas o ano todo. Além disso, conferem charme e funcionam como antídoto contra o estresse Solução perfeita para quem pretende cultivar uma única variedade de planta, ter uma horta sempre por perto ou contemplar as próprias flo- res desabrochando em todas as épocas do ano. As estufas residenciais ofe- recem todos estes benefícios. De acordo com Nuno Durães, sócio e arquiteto na empresa Two N Estufas Domésticas, de Portugal, a função dessas pequenas construções é garantir flores, frutos e especiarias fora de época, aumentando a produção anual das espécies favoritas. Isso é possibilitado pelo controle de tempe- ratura que as estruturas promovem, amenizando a ocorrência de pragas e doenças. “Nesse quesito, a supervisão se torna mais fácil, uma vez que o proprietário está sempre atento e pode detectar com rapidez a incidência de problemas e, assim, tomar as medidas necessárias para o controle”, com- pleta o arquiteto paisagista Eduardo Mera, de São Paulo, SP. COMO CONSTRUIR Ao contrário do que a maioria pensa, construir e manter uma estufa domiciliar não é desafio inalcançável. “O planejamento deve levar em con- ta o verdadeiro intuito para a construção – pode ser maior e mais elabo- rada ou simples”, explica Mera. Antes, era necessário contar com a aju- da de um profissional especializado e investir em materiais caros. Atualmente, existe uma grande variedade de kits pré-moldados que tornam esse pro- cesso acessível. As mais comuns são instaladas nas áreas verdes ao ar livre, no entan- to, apartamentos, garagens e varandas também podem recebê-las. “O impor- tante é que esses espaços tenham insolação”, acrescenta o profissional da capital paulista. O tamanho ideal vai depender do número de mudas que optar por incrementar a estufa. Já o material é bem democrático: ferro, madeira e alumínio se adequam bem. Na cobertura, aposte em plástico, vidro ou policarbonato. Segundo Durães, o plástico, por ser térmico, é um dos ele- mentos primordiais para uma boa estufa. “O intuito é absorver a luz solar e mantê-la no interior da estrutura”, afirma. A preocupação com a tem- peratura vai depender das espécies e do local em que estão inseridas. No Brasil, onde o clima é tropical, é importante verificar se não há necessi- dade de ajustar o sistema temporal com telas de sombreamento, asper- sores ou até mesmo ventilação forçada. Segundo o arquiteto paisagista da capital paulista, a altura ideal é de 2,20 m, que permite a circulação de pelo menos duas pessoas por vez na estufa. As plantas devem ser colocadas em prateleiras ou bancadas, afasta- das do piso. “A fluidez na circulação deve levar em conta os trabalhos e cuidados manuais com cada vaso e a limpeza do local”, explica Mera. CUIDADO COM AS ESPÉCIES As orquídeas (Orchidaceae) são muito comuns entre os adeptos de estufas residenciais. No entanto, hortaliças e outras floríferas também se adequam à estrutura. “Focar em uma única variedade torna o trabalho fácil e proveitoso, pois o microclima ideal é atingido com mais facilidade. Outra medida é escolher espécies que possuam as mesmas necessidades”, indica Mera. Para os que preferem investir em horta caseira, as plantas podem se mis- turar sem tantas adversidades. “Nos locais com menor incidência solar, como garagens ou terrenos com muros altos, é possível plantar cogume- los, por exemplo. Eles necessitam de pouca luz e podem render bons resultados”, afirma Durães. Texto Amanda Costa Fotos [1] Bruno Carvalho, [2] Divulgação/Two N Estufas Domésticas e [3] Gui Morelli 90-93 Repo 02 - Estufas 11/03/13 15:53 Page 91 92*Paisagismo & Jardinagem RECANTO DAS BROMÉLIAS Dentre os 3 mil m² do refúgio no distrito de Araras, pertencente a Petrópolis, RJ, os profissionais do escritório Landscape, da capital flu- minense, foram os responsáveis por encher de cor o terreno que já con- tava com vegetação nativa. O espaço é todo integrado e dá a impressão de que cada florífera, arbusto ou árvore está no lugar certo desde sem- pre. É nesse encantado vale que a estufa de 80 m² está inserida. Perto do parquinho para as crianças, a construção rústica tem o clima serrano e guarda aproximadamente 50 espécies de bromélias (Bromeliaceae) e como a fosteriana (Vriesea fosteriana) e zebra (Aechemea chantinii) e 30 varie- dades de orquídeas. A escolha das plantas se deu pela beleza das folhas e flores, além de serem nativas e, por isso, adequaram-se facilmente ao clima local. Para protegê-las, a estrutura da estufa tem laterais revestidas com tela de sombreamento. Os pilares são de ferro galvanizado e a cober- tura de plástico com tratamento antirraios UV. O piso foi revestido com pedra brita número 0. ORGANIZAÇÃO NAS ALTURAS A advogada Priscila Corrêa da Fonseca, de São Paulo, SP, descobriu há cerca de nove anos uma paixão: cultivar orquídeas. Para introduzir o hobby no seu dia a dia, decidiu instalar duas estufas na parte de cima do seu apartamento. O espaço totaliza 54,4 m², onde organização é a palavra-cha- ve. Os pequenos vasos com mudas são identificados em placas referentes com os nomes das espécies. Para aproveitar cada espaço, nas paredes foram colocadas prateleiras de madeira com recipientes de vidro que abrigam sementes que ainda estão por crescer. A cobertura, feita com bambu e fecha- mento de vidro, serve de suporte para vasos suspensos. A advogada possui tantos exemplares que criou um “cardápio” para identificá-las. Entre eles: Cattleya walkeriana, Cattleya labiata e Laelia purpurata. O refúgio serve como terapia após dias corridos, mas é a casa que agradece: a decoração está sempre viva e enfeitada com o perfume e colorido das plantas. [3] [1] 90-93 Repo 02 - Estufas 11/03/13 15:53 Page 92 Paisagismo & Jardinagem*93 SOB MEDIDA A forma encontrada pela técnica agrícola Elaine Guedez Albuquerque de Espírito Santo do Pinhal, para implantar um orquidário no SPA & Resort Fazenda MC, na mesma cidade, interior paulista, foi construir uma estufa de 32 m², com estrutura de ferro, vidro e cobertura de poli- carbonato. Além da proteção da estrutura, o local foi implantado numa área com grandes árvores que ajudam a manter a temperatura amena. Os mais de 250 exemplares de orquídeas estão dispostos em móveis de madei- ra rústica, que caracterizam o clima de fazenda. A ventilação é garantida pelas janelas e três portas ao longo da estufa. Nos dias mais quentes, basta jogar água no chão revestidocom piso cerâmico, que retém o líquido e aumenta a sensação de frescor. A área de circulação ganhou um conjunto de cadeiras de ferro para contem- plar as plantas. PRÉ-FABRICADAS As estufas produzidas pela empresa por- tuguesa Two N são em formato de túnel e têm material leve, porém resistente. A por- ta, localizada na frente, é de enrolar e dis- pensa janelas de ventilação. O modelo Standard (foto) é indicado para jardins ou áreas ao ar livre, enquanto o Míni é reco- mendado para varandas e espaços internos. Ambos são feitos com plástico térmico e sapatas de betão – mais resistentes ao ven- to. Já os arcos são produzidos com tubos PVC que, por serem flexíveis, acabam duran- do mais. Indicados para o cultivo de horta- liças, garantem o consumo para a família de maneira prática e econômica. [3] [2] [3] 90-93 Repo 02 - Estufas 11/03/13 15:53 Page 93 Paisagismo & Jardinagem*97 EMPRESAS Anastasia Arquitetos Belo Horizonte/MG (31) 3282-1334 www.anastasiaarquitetos.com.br Art on Track tristan@builtforart.com www.builtontrack.com Aue Soluções Juiz de Fora/MG (32) 3217-1501 www.auesolucoes.com.br Brudden Equipamentos 0800-7724080 www.brudden.com.br Central Sod Farms Chicago/EUA +(800) 310-0402 www.centralsod.com Cianex Tatuí/SP (15) 3451-3238 www.cianex.com.br Creare Paisagismo Porto Alegre/RS (51) 3023-4750 www.crearepaisagismo.com.br Cristiane Rodrigues Pedras Decorativas São Paulo/SP (11) 3832-1177 www.cristianerodrigues.com.br Ecoseixos Contagem/MG (31) 3394-2009 www.ecoseixos.com.br Fecaplant Corupá/SC (47) 3375-1902 www.fecaplant.com.br Flora Madurodam Holambra/SP (19) 3802-4468 Forth Jardim Tietê/SP (15) 3282-3444 www.forthjardim.com.br Green Grass Santo Antônio da Patrulha/RS (51) 3662-8600 www.greengrass.com.br Happy Garden Caxias do Sul/RS (54) 3215-2452 www.happygarden.com.br Harmonia Verde Florianópolis/SC (48) 9918-0768 www.harmoniaverde.com.br Harvest Moon Farm Nova Iorque/EUA www.hmfarm.com Hortipaisagismo Campinas/SP (19) 8842-0041/8156-5711 www.hortipaisagismo.com.br Isla Sementes Porto Alegre/RS (51) 2136-6600 www.isla.com.br Jaíce Di Prospero Paisagismo São Paulo/SP (11) 2772-6077 www.jaicediprospero.com.br Japanese Tea Garden São Francisco/CA +1 415-752-1171 www.japaneseteagardensf.com Jardins e Afins Arquitetura Paisagística Florianópolis/SC (48) 3233-6411 www.jardinseafins.com.br Massol Madeiras Indaial/SC (47) 3394-7070 www.massol.com.br Montana Química São Paulo/SP (11) 3201-0200 www.montana.com.br Noisivelvet Chicago/EUA noisivelvet@gmail.com www.noisivelvet.org Pé de Café Paisagismo Indaiatuba/SP (19) 3834-8368 www.pedecafepaisagismo.com.br Pedrargil São Paulo/SP (11) 3227-6261 www.argilpedras.com.br Premium Seeds Florianópolis/SC (48) 4052-8668 www.premiumseeds.com.br Rain Bird Brasil Uberlândia/MG (34) 3212-8484 www.rainbird.com.br Sabor de Fazenda Ervas e Temperos São Paulo/SP (11) 2631-4915 www.sabordefazenda.com.br Serv San São Paulo/SP (11) 3021-6142 www.servsan.com.br Shopping Garden Sul São Paulo/SP (11) 5591-5555 www.shopgarden.com.br Shopping Garden Tatuapé São Paulo/SP (11) 2227-8500 www.shopgarden.com.br Sítio Raio de Sol Limeira/SP (19) 3033-8402 www.sitioraiodesol.com.br Terral Belo Horizonte/MG (31) 3428-2723 www.terral.agr.br Topseed Petrópolis/RJ (24) 2222-9000 www.agristar.com.br Trapp Jaraguá do Sul/SC (47) 3371-0088 www.trapp.com.br Tu Bloom Garden Chicago/EUA +1 (888) 802-2566 www.tubloom.com Two N Estufas Domésticas Coimbra/Portugal +(239) 962 460 663 Una Arquitetos São Paulo/SP (11) 3231-3080 www.unaarquitetos.com.br Vasos Vogue Jundiaí/SP (11) 4524-0509 www.vasosvogue.com.br Verdier Estudio Paisajístico Montevidéu/Uruguai www.estudiopaisajisticoverdier.com PROFISSIONAIS Adriana Fonseca Engenheira agrônoma e paisagista Rio de Janeiro/RJ (21) 2443-5404 adrianafonseca@orvalhoplantas.com.br Adriana Victorelli Arquiteta São Paulo/SP (11) 2768-3310 www.neoarq.com.br Alessandra Silva Miranda Designer de interiores Belo Horizonte/MG quintaldicasa@gmail.com www.quintaldicasa.blogspot.com.br Alexandre Galhego Engenheiro agrônomo e paisagista Campinas/SP (19) 3294-9836 www.alexandregalhego.com.br Alfredo Kobbaz Arquiteto Taubaté/SP (12) 3681-2539 www.alfredokobbaz.com.br Ana Livia Bruno Urbanista Mogi Mirim/SP analiviabru@hotmail.com Andreas Wenning Arquiteto Bremen/Alemanha +49 (0) 4 21705122 www.baumraum.de Antonio Caramelo Arquiteto Salvador/BA (71) 3245-6533 www.caramelo.com.br Audrey Bruno Designer de interiores e paisagista Mogi Mirim/SP audrey_bruno@hotmail.com Carlos Rodaka Proprietário da Premium Seeds Florianópolis/SC (48) 4052-8668 Cida Cutait Paisagista São Paulo/SP (11) 3814-9846 www.cidacutait.com.br Claudia Pantalena Arquiteta São Paulo/SP (19) 3258-3712 www.claudiapantalena.com.br Daniela Infante Engenheira agrônoma e paisagista Petrópolis/RJ (24) 2222-6258 www.arteiro.com.br Denise Gauland Engenheira agrônoma Santo Antônio da Patrulha/RS greengrass09@terra.com.br Eduardo Guastella Arquiteto Ilhabela/SP (12) 3894-1922 www.arquitetoilhabela.com.br Eduardo Mera Arquiteto paisagista São Paulo/SP (11) 3842-9072 www.mera.com.br Emerson Steinberg Engenheiro agrônomo e paisagista Campinas/SP (19) 3342-1017 emersonsteinberg@hotmail.com Helena Montevecchio Paisagista Campinas/SP (19) 9132-0792 hmontevecchio@gmail.com Junia Lobo Paisagista Belo Horizonte /MG (31) 3378-6058 www.junialobo.com.br Kátia Neves Paisagista Rio de Janeiro/RJ (21) 8677-0701 www.katianevesjardins.com Marcelo Faisal Engenheiro agrônomo e paisagista São Paulo/SP (11) 3021-2665 www.marcelofaisal.com.br Maria Luiza Aceituno Arquiteta paisagista Sorocaba/SP arquiteta@marialuiza.com Monica Castelo Branco Paisagista Rio de Janeiro/RJ (21) 3150-4739 www.botana.com.br Pedrinha Parisi Arquiteta paisagista São Paulo/SP (11) 99912-8027 www.pedrinhaparisi.com.br Rafael Bragion Paisagista Itatiba/SP (11) 7766-9468 rafaelbragion@hotmail.com Raquel Alves Arquiteta paisagista Campinas/SP (19) 3367-4253 www.raquelalves.com.br Renée Sbrana Arquiteta São Paulo/SP (11) 3071-3252 www.reneesbrana.com.br Roberto de Sá Paisagista Santos/SP (13) 3222-3133 www.robertodesa.com.br Roberto Riscala Arquiteto paisagista São Paulo/SP (11) 3044-4049 www.robertoriscala.com.br Rogério Perez Arquiteto São Paulo/SP (11) 5090-0423 www.rogerioperez.com.br Rosalba Matta-Machado Engenheira agrônoma e paisagista Brasília/DF (61) 3577-4777/8434-4777 www.rosalbapaisagismo.com.br Sérgio Serzedello Arquiteto Rio de Janeiro/RJ (21) 3204-4012 Tatiana Silva Miranda Ferreira Paisagista Belo Horizonte/MG quintaldicasa@gmail.com www.quintaldicasa.blogspot.com.br contatos 97 contatos* 11/03/13 16:12 Page 97 98*Paisagismo & Jardinagem Muitos não sabem, mas as trepadeiras são verdadeiras amigas. Os benefícios são enormes. Além de dar charme às pérgolas e aos muros sem cor, são lindas e nos presenteiam com aquela sombrinha gostosa que ame- niza as altas temperaturas. Também são funcionais, pois diminuem os ruí- dos provenientes da rua. Existem várias espécies floríferas que se adequam bem ao nosso cli- ma, mas é importante verificar o local em função da incidência da luz solar, pois existem as de pleno sol, meia-sombra e sombra. Essa escolha apro- priada vai fazer diferença no bom desenvolvimento da planta. A maioria é resistente, porém, vale lembrar que a ajuda de um tutor – para prender o tronco da trepadeira – é essencial, dependendo do local escolhido para o plantio. Ele serve de suporte para que ela cresça e che- gue perfeitamente ao tamanho ideal. Sua forma de desenvolvimento per- Beatriz de Santiago é paisagista, do Rio de Janeiro, RJ “As trepadeiras também são funcionais, pois diminuem os ruídos provenientes da rua” Acervo pessoal opinião mite também que seja utilizada em treliças, arcos e caramanchões. Nestes casos, outro benefício oferecido é a privacidade em relação às casas vizinhas e ao espaço urbano. E para completar, algumas ainda são bem perfumadas! Em relação à rigidez do tronco,podemos classificá-las em herbáceas e lenhosas. A primeira possui caule verde, flexível e frágil e a segunda, rijo e coberto por casca grossa. Quanto à maneira de sustentação, também há classificações diferentes: as escandentes têm um modo próprio de fixação, enquanto as apoiantes se sustentam sobre o suporte sem se fixar ou enrolar neles. Já as volúveis não possuem estruturas de fixação, mas se enrolam perfeitamente no suporte. Essas dicas são muito importantes para escolher o local onde a tre- padeira será cultivada, pois é essencial fazer uma análise correta para que depois não seja necessária a troca da planta. Entre as de maior destaque estão: trepadeira-jade (Strongylodon macro- botrys) – favorita do paisagista Roberto Burle Marx –, flor-de-cera (Hoya carnosa) e jasmim-italiano (Jasminum humile). Dentre as floridas, temos alamanda-amarela (Allamanda cathartica), trombeta-chinesa (Campsis gran- diflora), amor-agarradinho (Antigonon leptopus), flor-de-são-joão (Pyrostegia venusta), congeia (Congea tomentosa), tumbérgia-azul (Thunbergia gran- diflora), sapatinho-de-judia (Thunbergia mysorensis), sete-léguas (Podranea ricasoliana), maracujá-roxo (Passiflora eulis), maracujá-de-flor-vermelha (Passiflora coccinea), lágrima-de-cristo (Clerodendron thomsonae), madres- silva (Lonicera japonica) e primavera (Bougainvillea glabra). Dentre as trepadeiras de folhagens que cobrem totalmente os muros criando “paredes verdes”, destaco heras (Hedera sp), jiboias (Epipremnum pinnatum), singônios (Syngonium angustatun) e unhas-de-gato (Uncaria tomentosa). E, por último, uma que eu tenho na minha casa e que gosto bas- tante é a falsa-vinha (Parthenocissus tricuspidata), chamada de parte- nocisso. As folhas são verde brilhantes e se tornam avermelhadas no Outono. O melhor de tudo é que essas plantas são resistentes e não exi- gem muitos cuidados. 98 opniao* 11/03/13 16:11 Page 98 Símbolo de aconchego, refúgio e horas de lazer, a varanda é um ambiente que merece destaque em uma residência. Tanto destaque que a cada edição da Decoração de Interiores Varandas e espaços gourmets é pos- sível conferir projetos encantadores, com decorações de vários estilos, para aguçar qualquer morador a ter um cantinho todo planejado. São mais de 80 páginas em cada edição, com ideias de varandas com áreas de refeição, leitura, bate-papo, descanso etc, em uma seleção de imagens inspiradoras. Seja qual for seu anseio, encontrará com os especialistas a melhor forma de conseguir o que deseja. Comprove! Bom gosto e criatividade para sua varanda Decora ção p ublic ada n a e dição 4 da D ecora ção In te rio re s V ara nd as. CO N FI RA SE M PR E AS OFERTAS EM N O SSA LO JAVIRTUAL Capa Editorial Índice Você sabia que… Meio ambiente tapete verde Horta e pomar Jardinagem Plante uma ideia Meu jardim: Marcelo Faisal Planta da edição Projeto paisagístico Daniela Infante Projeto paisagístico Roberto Riscala Projeto paisagístico Alexandre Galhego Projeto paisagístico Bibiana Müssnich Perfil Juliana Castro Secos e molhados Lá fora Pelo mundo Verde interior Estufas residenciais Contatos Opinião Beatriz de SantiagoTexto Paula Andrade Foto Shutterstock você sabia que... 10 Você Sabia que…* 11/03/13 16:01 Page 10 24*Paisagismo & Jardinagem Texto Andressa Trindade Neste projeto do Verdier Estudio Paisajístico, de Montevidéu, no Uruguai, é possível ter a sensação de andar sobre a água. Isso porque dentro do espe- lho d’água foram dispostos blocos de pedras – continuação do caminho do jardim. Seguindo o estilo francês, o verde está presente com buxinhos (Buxus sempervirens) topiados e cipreste (Chamaecyparis obtusa). Banho de ducha inusitado! O interior do velho tronco da árvore foi aprovei- tado para a instalação do equipamento. Para complementar o espaço, o guaimbê (Philodendron sp) garante a presença marcante envolvendo a estru- tura com suas folhas. Projeto do arquiteto Renato Saldanha, de Trancoso, litoral baiano. Para aproximar a natureza do interior da morada, pro- jetada pelo arquiteto Sérgio Serzedelo, do Rio de Janeiro, RJ, o largo guarda-corpo da varanda foi recoberto pela volumosa trepadeira. A man- cha verde parece flutuar sobre o gramado. ideias da PJ Gui M orelli Tarso Figueira Tarso Figueira 24-25 Ideias da PJ* 12/03/13 15:55 Page 24 Para destacar o estilo rústico da arquitetura, os profissionais do Pé de Café Paisagismo, de Indaiatuba, SP, utilizaram dois filetes grossos de madeira e um portão de ferro pintado com tinta azul no jardim de entrada. Espécies arbustivas compõem o paisagismo, como o buxinho (Buxus sempervirens). Uma canoa dá as boas-vindas aos moradores desta residência. Fixada na parede de entrada, funciona como cachepô para os exemplares de samam- baia-jamaica (Phymatodes scolopendria). O projeto é da paisagista Paula Bergamin, do Rio de Janeiro, RJ. Patrícia Cardoso Gui M orelli 24-25 Ideias da PJ* 11/03/13 16:00 Page 25 26*Paisagismo & Jardinagem Projetar a morada sem desmatar as espécies nativas é desafio conquistado com sucesso por profissionais ecoconscientes Preserve a natureza De acordo com a Agenda 21, instrumento de planejamento de socie- dades sustentáveis, a construção ecológica é definida como “processo holís- tico que aspira à restauração e manutenção da harmonia entre os ambien- tes natural e construído, e a criação de assentamentos que afirmem a dig- nidade humana e encorajem a equidade econômica”. Para atingir esse patamar, o setor deve mudar o conceito de arquitetura e passar a dirigir projetos mais flexíveis com possibilidade de readequação, o que, conse- quentemente, reduzirá a devastação de espécies nativas da área. Cada cidade, estado e País tem leis distintas que regulamentam a por- centagem permitida para a derrubada de vegetação nos lotes. De modo geral, o número gira em torno dos 20%, porém, é preciso levar em con- sideração se o espaço faz parte da Área de Proteção Ambiental (APA), cuja finalidade está justamente na conservação de riquezas naturais inse- ridas dentro de um contexto de ocupação humana. A integração com o verde não só protege o meio ambiente como valo- riza o imóvel, pois agrega qualidade de vida aos moradores. Há diversas maneiras de ajustar as árvores aos modos construtivos. Um exemplo é transformá-las em apoio para mesa, deixá-las expostas de modo a pro- porcionar sombra ou até mesmo incluí-las na obra. “O compromisso com a natureza tem que ser uma questão de consciência. A partir daí, qual- quer custo de personalização passa a ser absorvível, tendo como resulta- do a satisfação”, acrescenta Antonio Caramelo, arquiteto do escritório Caramelo Arquitetos, de Salvador, BA. CUIDAR PARA MANTER Vale ressaltar que cada espécie demanda cuidados específicos para construir ao redor. “A manutenção dependerá da variedade da árborea, sobretudo no que se refere a tipos e composição das raízes. Algumas são profundas, outras mistas ou até superficiais. Assim, para cada caso neces- sitaremos de um recuo de preservação distinto”, comenta o profissional. De qualquer maneira, é importante sempre manter uma distância entre as estruturas construtivas e a vegetação, deixando-a confortável, sem dani- ficar tronco e raiz. A incidência solar local e a água da chuva se encarregarão de nutri-la periodicamente. A única preocupação do morador será colher os frutos, caso haja, para evitar rachaduras e acidentes com telhado, pisos e pare- des. “A partir de um determinado porte, as árvores começam a tomar con- ta de suas próprias vidas, mas quando atacadas por alguma praga, como cupins, pulgões e cochonilhas, necessitam da atenção do homem para a erradicação dos males”, conta o arquiteto. Texto Suzana Mattos Fotos [1] Tarso Figueira, [2] Gui Morelli, [3] Tarso Figueira e [4] Divulgação/Markus Bollen [3] [1] [2] [4] meio ambiente 26-29 Meio Ambiente+Anun* 12/03/13 16:00 Page 26 CONSTRUÇÃO AO REDOR Esta morada, localizada no bairro do Horto Florestal, em Salvador, BA, foi projetada para ser construída ao redor de uma árvore nativa, que já estava no terreno há muito tem- po. “Não houve qualquer proibição específica. Foi nossa opção e do proprietário preservar fauna e flora como prin- cípio norteador do uso”, explica o arquiteto responsável Antonio Caramelo. Todo o projeto foi concebido de modo que as lajes não tocassem o solo em declive, com exceção dos aces- sos social e de veículos. Outra decisão admitida no parti- do arquitetônico é que a superfície construída fosse resul- tante do caminho que a casa faz entre os troncos das árvo- res principais e mais altas. “Isso fez com que a morada se tornasse um mirante sobre a paisagem verde, embalada pelo canto dos pássaros e pelos gritos e brincadeiras dos saguis.” Entre as espécies preservadas estão gameleira (Ficus adhatodifolia), pau-de-pombo (Matayba elaeagnoi- des), murici (Byrsonima crassifolia), aroeira (Schinus mol- le) e sapucaia (Lecythis pisonis cambess). [1] 26-29 Meio Ambiente+Anun* 11/03/13 16:24 Page 27 Venha colher um monte de ideias e dicas para sua plantação 28*Paisagismo & Jardinagem INTEGRADA À CONSTRUÇÃO Com o intuito de deixar a cidade grande para uma vida mais tranquila, a arquiteta Renée Sbrana, de São Paulo, SP, decidiu construir uma casa na ilha de Boipeba, no litoral sul da Bahia e contemplar a farta área de vegetação nativa da Mata Atlântica. Seu marido, Sérgio Costa, foi o responsá- vel pela execução da edificação, construída sobre um lote de 1 mil m². As espécies estão localizadas em Área de Proteção Ambiental (APA). Por isso, para integrar a construção ao espaço, foram criados cinco módulos: um acomoda os ambien- tes de estar e cozinha e o restante foi reservado para os quar- tos. “As árvores estão lá desde sempre. Somos os primeiros habitantes do terreno”, conta a profissional. Os exemplares ao redor fazem parte do projeto, alguns passam por dentro dos chalés, outros foram transformados em apoio para mesinhas ao ar livre e, até mesmo, serviram como pilar da casa. “Como não podíamos tirá-los do terre- no, aproveitei-me deles o máximo possível.” A manutenção fica por conta apenas de aplicar anticupim de solo para com- bater um tipo muito comum na região. CASA NA ÁRVORE Projetada por Andreas Wenning, do escritório Baumraum, de Berlim, na Alemanha, esta casa foi criada para uma famí- lia com filhos, que buscava estar mais próxima da natureza. Com vista privilegiada para o lago Zernsee, tem dois pavi- mentos: um terraço preso a um carvalho (Quercus spp) e um nível superior suspenso a quatro estacas de aço. A facha- da é coberta por folhas de cobre e o telhado apresenta cober- tura de borracha. A casa na árvore tem janelas para todas as direções, inclusive algumas delas estão posicionadas no telhado, garan- tindo vista exuberante para o topo das árvores e para o céu. Foi idealizada como uma externa do quarto de hóspedes e possui cama, banco, mesa, armário, minibar, cabine com chuveiro, vaso sanitário, pia e armários, além de tubos de águas residuais, eletricidade e aquecedor escondido em uma das palafitas de aço. [3] [4] 26-29 Meio Ambiente+Anun* 11/03/13 16:24 Page 28 SOMBRA DECOQUEIROS No litoral norte paulista, no bairro do Veloso, em Ilhabela, SP, a residência, de 822 m², recebeu arquitetura e decoração rústicas, seguin- do o principal requisito dos moradores: a integração da natureza e a contemplação do mar. Os coqueiros adultos (Cocos nucifera), já encon- trados no terreno, foram preservados, tanto que interagem com a cons- trução. “Um deles está encostado na casa de hóspedes. Pelo pouco espaço que havia para a edificação, o exemplar ficou bem próximo da parede”, explica o arquiteto Eduardo Guastella, da mesma cidade. O forro de madeira angelim e as telhas cerâmicas do tipo ameri- cana mesclada foram instaladas com folga para não pressionar a pal- mácea. A única preocupação dos moradores é colher periodicamen- te os cocos, para que não haja rachaduras no telhado. “É sempre posi- tivo e muito agradável ter um jardim com mata nativa. Vale ficar de olho apenas na manutenção.” [2] 26-29 Meio Ambiente+Anun* 12/03/13 16:22 Page 29 PARA ADQUIRIR NOSSAS EDIÇÕES ACESSE WWW.CASADOIS.COM.BR ACESSE TAMBÉM NOSSA LOJA NAS REDES @casadoiseditora Quer ideias? Selecionamos mais de 200 para você… 32*Paisagismo & Jardinagem Esmeralda (Zoysia japonica), batatais (Paspalum notatum) ou são-carlos (Axonopus compressus)? Afinal, como escolher a melhor espécie de grama para a área verde? Além do uso que o gramado terá, leve em consideração o terreno onde será implantado. É importante se informar sobre o tipo de solo, pois há os arenosos, argilosos e argilo-arenosos, também chamados de mistos ou médios. E ainda é preciso observar se o jardim será posicionado sobre superfícies planas ou acidentadas, como taludes. “Com o manejo adequado, as gramíneas podem ser mantidas em pra- ticamente qualquer solo. Entretanto, os areno-argilosos permitem dre- nagem e desenvolvimento radicular melhores. Já os muito arenosos exi- gem mais eficiência no fornecimento de água por meio da irrigação”, reve- la Denise Gauland, engenheira agrônoma da Green Grass, de Santo Antônio da Patrulha, RS. A especialista alerta que solos bastante argilosos merecem atenção maior, pois tendem a ser compactados e dificultar a infiltração de água, a drenagem e o desenvolvimento das raízes. Neste caso, é interessante incor- porar areia em sua cobertura. “Solos muito ácidos, com pH abaixo de 5, são problemáticos para boa parte das espécies. A maioria delas se desenvolve bem com pH entre 5 e 6. Quando o nível está baixo, é necessário usar calcário, aplicando de 100 a 200 g por m²”, afirma Emerson Steinberg, engenheiro agrônomo e paisagista, de Campinas, SP. Segundo os especialistas, é sempre indicado realizar a análise de solo antes da colocação do gramado, para saber sobre os níveis de acidez e fer- tilidade. “Ela fornece um excelente indicativo da necessidade de aduba- ção. Deve-se aproveitar este momento em que corretivos da acidez e adu- bos podem ser incorporados ao solo para investir principalmente na apli- cação de calcário e fósforo”, detalha Denise. A engenheira agrônoma destaca que as gramas esmeralda e bermu- das (Cynodum dactylum) são resistentes à seca e têm desenvolvimento mais agressivo. “Por essa razão, adaptam-se bem a solos arenosos e tam- bém aos argilosos pelo crescimento vigoroso.” Veja como selecionar espécies adequadas de gramíneas para diferentes tipos de terreno Cada grama em seu lugar Texto Paula Andrade Fotos [1] Fran Parente e [2] Gui Morelli tapete verde [2] Projeto paisagístico Paula Bergam in [1] [2] [2] 32-33 Tapete verde+Anun* 11/03/13 15:39 Page 32 AS GRAMÍNEAS MAIS UTILIZADAS: BATATAIS: com folhas estreitas e verde-claras, é resistente a pisoteio e seca. Muito utilizada em parques, casas de praia e campos de futebol. SÃO-CARLOS: tem crescimento rápido e suporta pisoteio, pragas, doenças e geadas. Indicada para jardins residenciais, comerciais e beira de piscinas. ESMERALDA: ideal para jardins residenciais, condomínios e empresas. Embora resista ao pisoteio, não deve ser utilizada em tráfego intenso. BERMUDAS: tem crescimento bem rápido e é muito utilizada em gramados esportivos. OS PRINCIPAIS TIPOS DE TERRENO: ARENOSO: tem tonalidade amarela-escura e grande capacidade de drenagem, exigindo mais regas e matéria orgânica. ARGILOSO: de cor marrom-escura e alto poder de retenção de água e nutrientes, facilita o encharcamento e dificulta a fixação das raízes. ARENOSO-ARGILOSO: chamado também de misto e médio, tem boa drenagem e capacidade de acumular nutrientes. ACLIVES E DECLIVES Áreas acidentadas demandam mais cuidado ao selecionar e implan- tar o gramado. Denise informa que locais inclinados, como taludes, difi- cultam o aproveitamento de água pela grama, já que a velocidade de escor- rimento superficial será maior que a de infiltração. “Nestas regiões deve- se fazer turnos de rega mais breves e frequentes do que nos espaços pla- nos. Áreas de baixada, onde ocorrem condições de encharcamento con- tínuo, podem inviabilizar o desenvolvimento de gramíneas se não forem adequadamente drenadas”, ressalta. Para terrenos com declividade igual ou maior a 30%, Steinberg indi- ca que o plantio seja feito com placas presas a pequenos tocos de madei- ra. “Esmeralda, são-carlos e batatais são espécies que se adaptam bem a esses locais”, recomenda. Vale lembrar que a utilização do gramado também é relevante. “Para uso esportivo, deve-se buscar gramas de crescimento rápido como a ber- mudas. Esta característica deve ser evitada no paisagismo, uma vez que aumenta a demanda de corte, sendo mais apropriadas em jardins gramas como a esmeralda ou a são-carlos. Em áreas de baixa manutenção, como áreas públicas, a esmeralda, com alta resistência a seca e pisoteio, será mais promissora”, conclui Denise. MANUTENÇÃO Independentemente do tipo de solo, alguns cuidados são indispen- sáveis para todos os tapetes verdes. Antes da implantação, a vegetação anterior e detritos como pedras ou restos de construção devem ser remo- vidos. O solo precisa ser superficialmente revolvido e nivelado, ficando firme para evitar deformações. Logo após o plantio, o ideal é realizar irri- gação durante 15 dias seguidos e fornecer de 2 a 3 kg de húmus por m². Como regra geral, recomenda-se três adubações anuais (na Primavera, Verão e Outono) e duas ou três regas semanais de cerca de 10 mm cada. 32-33 Tapete verde+Anun* 11/03/13 15:40 Page 33 PARA ADQUIRIR NOSSAS EDIÇÕES ACESSE WWW.CASADOIS.COM.BR ACESSE TAMBÉM NOSSA LOJA NAS REDES @casadoiseditora Renove sua área verde com técnica e conhecimento 34*Paisagismo & Jardinagem HORTA E Pomar Nunca foi tão fácil ter ervas e hortaliças fresquinhas em casa. Além de opções mais óbvias como vasos, é possível montar a horta em obje- tos adaptados, como garafas PETs, pneus, latas e caixas, contribuindo para a reciclagem e o reaproveitamento de materiais. Não é preciso dis- por de amplos espaços, basta contar com a criatividade na hora do pro- jeto e escolher as espécies adequadas, respeitando fatores como lumi- nosidade e rega. A seguir, confira as oito ideias que selecionamos para inspirar a montar a horta, seja dentro ou fora de casa. Além de repre- sentarem um pacto com a natureza, garantirão temperos frescos duran- te o ano todo. Em todo e qualquer lugar Confira soluções criativas de hortas que ocupam pouco espaço e contribuem para a sustentabilidade Reportagem Renata Putinatti Texto Alexandra Iarussi Fotos [1] Antonio Di Ciommo, [2] Evelyn Müller, [3] Gui Morelli e [4] Hamilton Penna horta e pomar [4] [3] [2] [4] [3] [4] [2] 34-37 Horta e Pomar* 11/03/13 15:57 Page 34 Paisagismo & Jardinagem*35 EM VASOS E APARADORES A designer de interiores e paisagista Audrey Bruno e a arquiteta e urbanista Ana Livia Bruno, ambas de Mogi Mirim, SP, mostram que é possível ter uma horta em qualquer espaço: plantaram, em vasos, manjericão (Ocimum basilicum), salsa (Petroselium sativum), alecrim (Rosmarinus officinalis), manjerona (Origanum majorona), hortelã (Mentha sp) e erva-doce (Foeniculum vulgare),que se adaptam bem em locais reduzidos. “Basta ter criatividade e saber tirar proveito de vasos, latas, caixas...”, contam. Os recipientes estão sobre um apara- dor de madeira, ótima peça para montar uma composição. “Pode-se usar mesas laterais, prateleiras ou até aquela mesinha esquecida”, com- plementam. Quem pensa que terá custos elevados, engana-se. De acor- do com as especialistas, o segredo não está em comprar peças caras, mas saber unir elementos simples e de grande efeito visual. “A madei- ra, principalmente a de demolição, é bastante apropriada para ambien- tes externos pela durabilidade e beleza”, completam. NA VERTICAL Uma horta suspensa. Essa foi uma das ideias do biólogo Carlos Meyer, da Hortipaisagismo, de Campinas, SP, que reúne alecrim (Rosmarinus offi- cinalis), manjericão (Ocimum basilicum), manjericão-roxo (Ocimum sp), lavanda (Lavandula angustifolia), hortelã (Mentha sp), cebolinha (Allium fis- tulosum), tomilho (Thymus vulgaris), pimenta (Capsicum spp) e salsinha (Petrosolium sativum). “É recomendada para quem não tem como fazer hor- ta no chão. É também indicada para varandas de apartamentos. Além da praticidade, os efeitos ornamental e paisagístico são visíveis”, explica Meyer. O profissional também escolheu jardineiras com sistemas de irriga- ção independente e vasos marrons de polietileno (Vasart), que receberam pintura eletrostática e conferem acabamento moderno e rústico ao ambien- te. “O plantio deve ser realizado com sistema de drenagem com argila expandida e manta de bidim no fundo. Depois, adiciona-se composto orgânico, planta-se as mudas distribuindo as variedades e respeitando o espaçamento necessário para o desenvolvimento”, acrescenta. [2] [2] [1] 34-37 Horta e Pomar* 11/03/13 15:57 Page 35 36*Paisagismo & Jardinagem VIDA NOVA AOS PNEUS Sabe aquele pneu velho, encontrado na rua ou descartado depois de muitos quilômetros rodados? Ele não precisa mais ser rejeitado, e pode virar uma linda horta. Quem dá o exemplo é a herborista Sabrina Jeha, da Sabor de Fazenda Ervas e Temperos, de São Paulo, SP, que encontrou pneus largados em seu muro e os transformou. “Além da questão ecológica, já que eles são difíceis de reciclar, o diâ- metro e a profundidade são perfeitos para o plantio de ervas, temperos e hortaliças, além de serem uma alternativa barata, já que podem ser encon- trados até de graça em borracharias”, conta Sabrina, que plantou cebolinha (Allium fistusolum), salsinha (Petrosolium sativum) e beterraba (Beta vulga- ris esculenta). “Logo que as mudas são plantadas, o pneu aparece bastante, mas depois que elas crescem, ele não chama tanto atenção”, explica. REAPROVEITANDO GARRAFA PET “A ideia era expor formas de utilizar materiais recicláveis em peque- nos espaços para mostrar que até um apartamento com terraço reduzido pode ter uma horta”, conta o engenheiro agrônomo e paisagista Paulo Teodoro Van den Broek, da Flora Madurodam Flores, Plantas e Jardinagem, de Holambra, SP. Broek plantou alfaces (Lactuca sp) dos tipos roxo e ver- de em garafas PETs cortadas, madeiras, tábuas e costaneiras de descarte. Como composto, usou restos vegetais (folhas, frutas, galhos etc) tritura- dos. “São peças práticas, que fazem uso racional e eficiente dos peque- nos espaços. O interessante é a possibilidade de ter verduras frescas em casa reaproveitando materiais que muitas vezes são descartados”, acres- centa o profissional. Podem ser cultivados também couve (Brassica ole- racea), repolho (Brassica oleracea Catapita), morango (Fragaria sp), ervas aromáticas e outras espécies. BONITA E FUNCIONAL Um espaço que vai além da contemplação. Foi a proposta apresenta- da pela paisagista Jaíce Di Prospero Blasques, de São Paulo, SP, que criou uma horta em bacias – com erva-cidreira (Melissa officinalis), alface-mimo- sa (Lactuca sativa), alface-roxa (Lactuca sativa), erva-doce (Foeniculum vulgare), alface-americana (Lactuca sativa) e agrião-da-terra (Barbarea ver- na) – para demonstrar que não é preciso ter amplos espaços para cultivar o próprio alimento e apreciar o aroma de ervas e hortaliças. “Ao fundo, fizemos um canteiro [com salsinha (Petrosolium sativum), cebolinha (Allium fistolosum), alecrim (Rosmarinus officinalis), manjeri- cão-roxo (Ocimum purpuraseus), cenoura (Daucus carota), beterraba (Beta vulgaris esculenta) e pimenta (Capsicum sp)] em alvenaria, cuja altura faci- lita o manuseio, e ‘brincamos’ com as peças na parede, na verdade, são feitas para o chão mas, nesse caso, serviram de base para o cultivo de tomi- lho (Thymus vulgaris)”, comenta. A execução da ideia é simples: basta ter um vaso e respeitar as con- dições de luminosidade e rega adequadas. Para a profissional, a escolha do recipiente deve aliar as necessidades técnicas e estéticas do ambiente. “Para escolhê-lo, consideramos a localização (interna ou externa), deco- ração, espécie vegetal a ser plantada e sua função no local, espaço dispo- nível, estilo e orçamento do cliente”, conclui. [4] Di vu lga çã o/ Sa bo r d e Fa ze nd a [2] 34-37 Horta e Pomar* 11/03/13 15:57 Page 36 Paisagismo & Jardinagem*37 LAYOUT PERSONALIZADO Uma horta com temperos e ervas aromáticas, que complementa o espaço gourmet do jardim. De acordo com os paisagistas Rafael Bragion e Helena Montevecchio, de Itatiba, SP, e Campinas, SP, respectivamen- te, a proposta foi criar uma horta funcional. Os vasos são de alumínio, o que possibilita rega e exposição à área externa. “Foram posicionados sobre pallets de madeira em níveis diferentes com o objetivo de promover aces- sibilidade às pessoas que irão colher as ervas”, explica Bragion. Os temperos escolhidos foram orégano (Origanum vulgare), man- jericão (Ocimum basilicum), manjerona (Origanum majorona), horte- lã (Mentha sp), tomilho (Thymus vulgaris), cebolinha (Allium fistuso- lum), salsa (Petrosolium sativum) e alecrim (Rosmarinus officinalis). Ao fundo, nos vasos maiores, destacam-se as aromáticas arruda (Ruta graveolens) e mirra (Commiphora myrrha). “O fato da horta não ter sido plantada em canteiros permite que o layout seja alterado: é pos- sível mudar a altura e a disposição das peças considerando o espaço disponível”, finaliza. BARREIRA NATURAL Este projeto, executado em um apartamento pela Harmonia Verde Paisagismo, de Florianópolis, SC, une o útil ao agradável. Reúne alecrim (Rosmarinus officinalis), orégano (Origanum vulgarum), hortelã (Mentha sp), cebolinha (Allium shoenoprosum), pimenta (Capsicum sp) e menta (Mentha sp), dispostos em bacias e vasos; manjericão (Ocimum basilicum) na jardineira. Bacias e vasos mais altos criam efeito estético escalonado acompanhando a escada, de acordo com a necessidade de cada espécie. “Além do efeito visual, criamos uma barreira de proteção na escada, pois é uma área ensolarada e está próxima a cozinha”, conta a arquiteta paisa- gista Louise Riedtmann. Com exceção do manjericão, as ervas são de peque- no porte e requerem pouco substrato, sendo suficiente nestes vasos. SUSTENTABILIDADE COM CRIATIVIDADE O charme desta horta vertical fica por conta das floreiras de madeira revestidas com folhas de bananeira, solução que além de bonita, confere toque de sustentabilidade ao ambiente. “Boa opção quando tem pouco espaço, pode ser posicionada em uma parede próxima a cozinha para uti- lizar os ingredientes sempre frescos”, sugere a arquiteta Claudia Pantalena, de Campinas, SP. A profissional plantou ervas como orégano (Origanum vulgarum), man- jericão (Ocimum basilicum), coentro (Coriandrum sativum) e erva-cidrei- ra (Melissa officinalis) – próprias para locais de bastante sol –, além de hortelã (Mentha sp), poejo (Mentha pulegium), tomilho (Thymus vulga- ris), salsa (Petroselium sativum) e cebolinha (Allium shoenoprosum), que crescem em locais de meia-sombra. “Certifique-se de que o tamanho do vaso seja apropriado à erva esco- lhida. Forre o fundo com argila expandida, que ajuda a reter umidade e drenar a água da rega, e junte ao substrato areia em partes iguais, para tornar o solo solto e poroso”,conta Claudia. Depois é só espalhar as semen- tes ou transferir as mudas da embalagem para a floreira em local ensola- rado mas fresco, para crescimento rápido e bonito. [2] [3] [4] 34-37 Horta e Pomar* 11/03/13 15:58 Page 37 38*Paisagismo & Jardinagem Criativa e FUNCIONAL Que tal ter uma horta vertical reutilizando garrafas PETs? Aprenda passo a passo como fazer e incremente seu jardim Texto Renata Putinatti Fotos Daniel Mansur Charmosas e práticas, as hortas verticais produzidas com garrafas PETs unem a facilidade de ter à mão hortaliças fresquinhas e o benefício de dar novo uso ao material que seria descartado. A versatilidade também chama atenção: pode ser colocada em varan- da de apartamento, muro e até mesmo na cozinha, caso seja bem arejada e com boa iluminação natural. Para fazê-la, o primeiro passo é lavar as PETs com um pouco de deter- gente e enxaguá-las bem para não ficar resíduos de sabão. “Caso não sejam utilizadas de imediato, é importante guardá-las destampadas para não causar mau cheiro”, ensinam a paisagista Tatiana Silva Miranda Ferreira e a designer de interiores Alessandra Silva Miranda, da empresa Quintal Di Casa Paisagismo e Design, de Belo Horizonte, MG. Elas recomendam garrafas que apresentam plástico mais resistente. Em relação às cores, não há restrição, pode-se apostar nas transparentes, verdes, marrons etc. A variedade de ervas e hortaliças que se adapta a esse tipo de horta é abundante: manjericão (Ocimum basilicum), alecrim (Rosmarinus offici- nalis), tomilho (Thymus vulgaris), salsinha (Petroselinum crispum), cebo- linha (Allium fistulosum), pimenta (Capsicum sp), orégano (Origanum vulgare), hortelã (Mentha sp), rúcula (Eruca sativa), espinafre (Spinacia oleracea), alface (Lactuca sativa) e tomatinho (Solanum sp). “Não indico as que ficam muito grandes, por exemplo, a couve (Brassica oleracea), pois o espaço é limitado e não vão se desenvolver”, salientam. Outra opção é mesclar espécies na mesma PET, mas sempre levando em conta o porte e o crescimento delas. O cultivo deve ser a pleno sol e sem encharcamento. “É preciso mui- to cuidado ao regá-las porque o recipiente é pequeno. Se molhar demais as raízes apodrecem, então, recomendo a cada dois dias. À exceção de épocas muito quentes, quando pode ser diariamente”, esclarecem. Quanto à adubação, as especialistas mineiras preferem adicionar um pouco de húmus de minhoca, uma vez que o esterco de gado pode vir contaminado com ervas daninhas. A execução da horta vertical em PETs também não tem mistério. Gostou da ideia e quer ter uma em casa? Então, prepare o material e acompanhe as orientações de Tatiana e Alessandra. jardinagem 38-39 Jardinagem* 11/03/13 15:31 Page 38 Paisagismo & Jardinagem*39 1 1 Depois de lavar bem as garrafas, espere secar e, com a tesoura, fure o centro de cada uma. 2 A partir desse orifício, recorte um retângulo. 3 Não avance muito nas laterais para o ‘canteiro’ não ficar raso. 4 Faça dois pequenos furos na parte próxima da tampinha e outros dois perto do fundo da garrafa. 5 Corte um pedaço da corda de varal e passe-o pelos buracos, que também serão responsáveis pela drenagem. 6 Dê nós dos dois lados para a garrafa não escorregar pela corda. Eles devem ser na mesma altura para a horta não pender. 7 Será formado um triângulo, cuja ponta superior servirá para pendurar a horta. 8 Pendure a estrutura para facilitar o restante da execução e coloque as outras duas PETs, passando a corda pelos buracos e dando os nós. A dis- tância entre elas pode ser de 25 cm. 9 Depois de tudo amarrado é hora de adicionar o substrato. 10 Em seguida, disponha as mudas, retirando-as do saquinho e mantendo o torrão intacto. 11 As sementes devem ser planta- das em buraquinhos feitos no subs- trato, sem enterrá-las muito fundo, o que impede a germinação. 12 Para dar charme, escreva o nome das espécies em palitos de picolé usando a caneta para retroprojetor. O acabamento pode ser feito com fuxi- co, laço ou botão. MATERIAIS Garrafas PETs de 2 l, mudas ou sementes de ervas e hortaliças, corda de varal, tesoura, substra- to, pá, palitos de picolé e caneta para retroprojetor 38-39 Jardinagem* 11/03/13 15:32 Page 39 40*Paisagismo & Jardinagem ALEGRIA NAS PAREDES Aposte em espécies para dar vida a muros de residências Seja na área de lazer ou na fachada, dispor a vegetação em conjunto à construção proporciona bem-estar aos moradores. Além de embelezar, ela garante vida e chama atenção, minimizando a presença de concreto no ambiente externo. Existe uma cartela enorme de exemplares indica- dos para esta finalidade. Para terrenos pequenos, a dica é usar e abusar de murta (Murraya exotica), helicônia-papagaio (Heliconia psittacorum), bambusa (Bambusa gracilis), orquídea-bambu (Arundina graminifolia), alpínia (Alpinia purpurata), leia-verde (Leea coccinea) e jasmim-do-cabo (Gardenia jasminoides). Grandes espaços pedem espécies que preencham bem a área, por isso, invista em palmeira-areca (Dypsis lutescens), bananeira-do-brejo (Heliconia rostrata), pleomele (Dracaena reflexa) e sansão-do-campo (Mimosa cae- salpineafolia). O muro não precisa necessariamente ser branco. Há diver- sas tonalidades que harmonizam com a vegetação. “Cinza-escuro, verde, amarelo, bege e marfim ficam lindos”, indica a paisagista Kátia Neves, do Rio de Janeiro, RJ. Tons terrosos, como marrom e vermelho-terra valori- zam a folhagem e aquecem o ambiente. ACRESCENTE BELEZA Algumas combinações de folhagem e floríferas ficam atraentes quan- do o assunto é disfarçar imperfeições e muros brancos. Exemplo disso é mesclar bambusa e orquídea-bambu, trazendo a leveza do bambu e as flo- res delicadas. “Outra opção interessante é unir alpínia e pleomele. O tom verde-escuro das folhas da primeira constrasta com o amarelado das folhas da segunda”, acrescenta a profissional carioca. Aposte ainda em elemen- tos como fontes, bicas, espelhos d'água, vasos, deques de madeira, pedris- cos, seixos, cascas de árvore, entre outros. O mobiliário bem planejado também faz toda diferença. Paisagismo & Jardinagem*40 ESPAÇO ZEN Um jardim contemplativo, com muito verde e que quebrasse a frieza dos muros foram os prin- cipais requisitos dos moradores desta residência, no Recreio dos Bandeirantes, bairro da capital flu- minense. A paisagista Kátia Neves optou por leia- verde, pleomele, palmeira-cariota (Caryota urens) e helicônia-papagaio. “Trabalhei com espécies de tonalidades, tex- turas e alturas diferentes com o objetivo de fazer uma composição única”, diz. Como o intuito era deixar o espaço zen, foram dispostos painéis deco- rativos de bambus. A manutenção fica por conta de retirar as ervas daninhas e as folhas velhas, além de adubação periódica. plante uma ideia [5] [8] Texto Suzana Mattos Fotos [1] Chico Lima, [2] Evelyn Müller, [3] Fran Parente, [4] Gimenez, [5] Gui Morelli, [6] J. Vilhora, [7] Leonardo Costa, [8] MCA Estúdio, [9] Rafael Coelho, [10] Tarso Figueira e [11] Tatiana Villa 40-43 Plante uma Ideia* 11/03/13 16:30 Page 40 Paisagismo & Jardinagem*41 EXTENSÃO DO VERDE A paisagista Cida Cutait, de São Paulo, SP, dis- farçou parte do concreto da residência com uma volumosa vegetação, garantindo privacidade aos moradores. Para cumprir esse papel, a profissional escolheu a tumbérgia-azul (Thunbergia grandiflora), cujas flores roxas agregam vivacidade. ÁREA AMPLA Em Sorocaba, SP, os moradores dessa casa que- riam um jardim tropical que desse sensação de amplitude. A arquiteta paisagista Maria Luiza Aceituno resolveu mascarar o muro branco com murta. “A bela copa do coqueiro-anão (Cocos nuci- fera ‘Nana’) e o desenho do hemerocale (Hemerocallis x hybrida) trouxeram a leveza espe- rada na proposta”, afirma. As espécies foram esco- lhidas pela baixa manutenção, já que o terreno é amplo, com aproximadamente 5 mil m². [4] [10] [2] [2] 40-43 Plante uma Ideia* 11/03/13 16:30 Page 41 42*Paisagismo & Jardinagem LAZER GARANTIDO Localizada no bairro do Morumbi, na capital paulista, essavaranda, feita pela arquiteta Ana Cristina Malta, da mesma cidade, tem todos os ape- trechos para sentar e relaxar: ombrelone, chaise- longue e vasos com buxinhos topiados em forma- to de bola. A sombra fresca fica por conta da cer- ca-viva formada por exemplares de podocarpo (Podocarpus macrophyllus) junto ao muro. PASSAGEM VERDE Um longo corredor acompanhando a lateral da casa, na Barra da Tijuca, bairro carioca, rece- beu alpínia, helicônia-papagaio, bambusa e bar- ba-de-serpente (Ophiopogon jaburan). “As plan- tas tropicais são fáceis de cuidar e ampliam o espa- ço planejado”, conta Kátia Neves. A proposta era deixar o espaço de passagem mais bem aproveita- do, pois era a maior área destinada ao jardim. “A expectativa do cliente era que o local pudesse ser utilizado para o convívio.” [6] [6] [7] [1] 40-43 Plante uma Ideia* 11/03/13 16:30 Page 42 Paisagismo & Jardinagem*43 NATUREZA AO REDOR A parte dos fundos, vista da janela da cozi- nha, na casa do paisagista Roberto de Sá, de Santos, SP, é pequena e apresenta muros altos para con- seguir privacidade. Houve substituição do piso anterior por seixos rolados e as paredes foram cobertas com filodendros (Philodendron sp) e bro- mélias (Bromeliaceae) ao fundo. Na lateral, criou- se uma jardineira para a cerca-viva de cafezinho (Polyscias guilfoylei), helicônia e bromélia. “Quis criar a ilusão de Mata Atlântica”, conta. Para com- plementar, uma bica antiga foi instalada no canto. VASOS VERTICAIS A arquiteta paisagista Raquel Alves, de Campinas, SP, aproveitou o muro ao lado da pis- cina para explorar a verticalidade. A escolha foi por vasos cerâmicos com buxinhos (Buxus sem- pevirens) topiados em forma de bola no canteiro. As folhas e flores da helicônia-papagaio são res- ponsáveis por proporcionar leveza ao ambiente. [1] [9] [6] [11] 40-43 Plante uma Ideia* 11/03/13 16:30 Page 43 44*Paisagismo & Jardinagem Um espaço v i v o Mais do que uma área ornada com vegetação, o jardim de Marcelo Faisal representa a transição entre trabalho e vida particular meu jardim Texto Amanda Costa Fotos Alessandro Guimarães 44-47 Meu Jardim* 11/03/13 16:07 Page 44 Paisagismo & Jardinagem*45 De acordo com o livro A Psicologia das Cores, da socióloga e psicó- loga alemã Eva Heller, existem aproximadamente cem tons de verde que variam desde o bandeira ao pistache e limão. A curiosidade pode servir de inspiração para quem deseja um espaço colorido e neutro ao mesmo tempo. Contraditório? Não para o engenheiro agrônomo e paisagista Marcelo Faisal, de São Paulo, SP, que abriu as portas de sua casa para nos mostrar os encantos do seu espaço. “Este é meu cartão de visitas. Nele estão as coisas nas quais acredito, aquilo que vou passar para meus clientes”, afirma Faisal. Para ele, um jar- dim deve ser funcional, poupar grandes manutenções e continuar saudá- vel durante todas as épocas do ano. Por esse motivo, dispensa o uso de flores. “Elas conferem beleza, mas pouca praticidade. Prefiro trabalhar com as cores de outra maneira. Por isso, escolhi espécies que apresentam diversas tonalidades esverdeadas.” A mistura de tons advindos de uma única cor é notada com o verde- escuro da grama-preta (Ophiopogon japonicus) – muito usada em seu tra- balho –, na grama-esmeralda (Zoysia japonica) e no fórmio (Phormium tenax), com verdes mais marcantes. Os pedriscos da forração, o vidro dos cristais e do espelho, bem como o ferrugem das sapatas e do caminho do jardim preenchem o lugar com nuances neutras. Influenciado por artistas como Marcel Duchamp e Amilcar de Castro, Faisal traz um ar sustentável ao ambiente externo sem cair no corriquei- ro. “Duchamp desconstrói a função de um objeto e dá um novo valor a ele. Tento fazer isso quando pego uma prateleira de hipermercado e a transformo no caminho do meu jardim”, exemplifica. Ele, que se consi- dera sucateiro de carteirinha, diz que Amilcar de Castro está presente em suas obras quando vê beleza nas peças de ferro sem uso. O VERDE DÁ O TOM Essa pluralidade não faz sua área verde parecer agressiva. Muito pelo contrário, o conjunto de plantas confere harmonia surpreendente e mui- ta vivacidade. Dentre as espécies utilizadas estão agave (Agave angustifo- lia), pleomele (Dracaena reflexa), unha-de-gato (Ficus pumila) cobrindo o muro e madressilva (Lonicera japonica), trepadeira que proporciona sombra ideal. Desenvolvido há oito anos, para ele, “o jardim é um ser vivo e mutante que deve se transformar constantemente, assim como nós”. Embora tenha um carinho natural e o veja como seu refúgio – já que está localizado entre a residência e o escritório – Faisal tem seu canto pre- dileto. Um declive no terreno abriga o pândano (Pandanus utilis) de raízes tubulares que, para o paisagista, é a planta mágica da área, verdadeira escul- tura verde de sua obra. No mesmo lugar, ele encontra o ambiente ideal para estender uma toalha e descansar. “Aproveitei o declive e forrei com gra- mado. Isso dispensa o uso de mobiliários. Essa parte do jardim é a minha espreguiçadeira natural”, revela. 44-47 Meu Jardim* 12/03/13 16:02 Page 45 46*Paisagismo & Jardinagem ESPAÇO MULTIUSO Quando não está trabalhando, Faisal gasta energia em pedaladas pela cidade, jogando futebol ou tênis e ainda ataca de DJ. E é no jardim que mostra seu talento auspicioso para receber e dar grandes festas. “Quando abro o espaço para comemorações, cada elemento disposto vira uma coi- sa: o banco de madeira se torna apoio para taças, o gramado pista de dan- ça.” As garden parties (festas no jardim), como ele mesmo apelidou suas agitadas noites com amigos e familiares, acontecem principalmente no começo de cada ano, quando o paisagista comemora seu aniversário. Segundo ele, depois fica tudo pisoteado, mas sem motivos para se preo- cupar. O jardim logo se recupera. Curioso e equilibrado, o local desperta olhares e sensações. O cheiro, o toque e a visão atingem o conceito com o qual Faisal se gaba por incluir com êxito em sua obra: estética e ética. “Ele é cosmopolita e sustentável ao mesmo tempo. Funciona e gratifica as pessoas que convivem com ele.” “ 44-47 Meu Jardim* 11/03/13 16:08 Page 46 Paisagismo & Jardinagem*47 “O jardim é um ser vivo e mutante que deve se transformar constantemente, assim como nós” 44-47 Meu Jardim* 11/03/13 16:08 Page 47 58*Paisagismo & Jardinagem PLANTA DA EDIÇÃO Cores no jardim planta da edição 48-51 Planta da Edicao* 11/03/13 16:05 Page 58 Paisagismo & Jardinagem*49 A mistura de tons é o diferencial do tinhorão, ideal para projetos tropicais O tinhorão (Caladium sp) – ou caládio, como também é chamado – é uma boa opção para deixar os jardins mais vivos e alegres. “Essa herbácea combina com paisagismos tropicais. Em concepções mais clássicas, vale somente se for usada em canteiros simétricos”, afirma o enge- nheiro agrônomo e paisagista Alexandre Galhego, de Campinas, SP. A principal característica do híbrido, que pertence à família das aráceas, é a variedade de cores. “São conhecidas mais de 250 tonalidades, que vão do branco ao vermelho-escuro. No entanto, apenas algumas dezenas são comercializadas”, explica Carlos Rodaka, produtor da Premium Seeds, de Florianópolis, SC. As mais populares são as de matizes vermelha e rosa. Comum em bordaduras, apresenta maior função decorativa quando os exemplares são usados em conjunto e as cores ficam mais vivas. As folhas são grandes e possuem formato de coração. Podem atingir até 50 cm de altura e as versões míni chegam a 10 cm. Texto Camilla Chevitarese Fotos Daniel Sorrentino 48-51 Planta da Edicao* 12/03/13 16:20 Page 49 60*Paisagismo & Jardinagem CULTIVO Adapta-se melhor em regiões quentes e úmidas com solo aerado e em canteiro elevado para não acumular água nas raízes. Ideal para áreas de meia-sombra, o tinhorão precisa de luminosidade natural, mas não pode receber luz solar direta. É sensível a variações de tem- peratura e não suporta frio intenso, com possibilidade degeada. Rodaka recomenda que o plantio seja feito imediatamente após a compra para uma rápi- da adaptação. “A adubação pode ser feita duas vezes ao ano. O mais aconselhável é colocar quantidades pequenas de NPK 10-10-10 e manter o local úmido”, explica. Se for utilizada em vasos, é importante regar para não deixar a terra secar. De acordo com o produtor, o ideal é hidratar no mínimo uma vez por semana. Entre o Outono e o Inverno, as folhas mortas ficam amareladas e podem ser retiradas. A propagação doméstica pode ser feita nessas estações por meio da divisão dos tubérculos para que a folhagem comece a brotar na Primavera. Vale lembrar que o tinhorão não aceita poda e é essencial evitar o contato com os olhos, pois a seiva que ele solta é tóxica. Por essa razão, ataques de pragas não são comuns. HISTÓRIA Os exemplares originais foram levados à Europa e aos Estados Unidos para serem melho- radas. Com cores cada vez mais misturadas, a planta ganhou o mundo. Atualmente existem sociedades legalmente reconhecidas que se dedicam a criar novas variações. “Em países como Tailândia e Filipinas, podem ser encontrados exemplares de beleza rara, mas impos- síveis de serem comercializados no Brasil em razão da lei que proíbe a importação de matri- zes”, comenta Rodaka. Por aqui, existem variedades endêmicas em regiões litorâneas, mas sem atrativos visuais. A boa notícia é que os estudos não param e os produtores terão exemplares cada vez mais coloridos e diferenciados. Os jardins agradecem. 48-51 Planta da Edicao* 11/03/13 16:05 Page 60 Paisagismo & Jardinagem*51 TINHORÃO NOME CIENTÍFICO: Caladium sp NOMES POPULARES: tinhorão e caládio ORIGEM: América tropical FOLHAS: grandes, com formato de coração e coloridas, sendo as mais comuns com tons vermelhos e rosas CULTIVO: usado em bordaduras e canteiros simétricos CLIMA: tropical SOLO: aerado e levemente umedecido LUMINOSIDADE: meia-sombra IRRIGAÇÃO: uma vez por semana DIFICULDADE DE CULTIVO: é sensível a variações de temperatura e não aceita geada MULTIPLICAÇÃO: por divisão dos tubérculos CURIOSIDADE: deve-se evitar o contato com a área dos olhos, pois a seiva é tóxica 48-51 Planta da Edicao* 12/03/13 16:20 Page 51 PLANTA DA EDIÇÃO 52*Paisagismo & Jardinagem 52-57 Proj01 - Daniela Infante* 11/03/13 15:41 Page 52 Paisagismo & Jardinagem*53 INTEGRADA À NATUREZA Na serra fluminense, a residência foi contemplada com paisagismo à altura da beleza da região Distrito do município de Petrópolis, RJ, Pedro do Rio está localizado no coração da serra fluminense. Rodeada por exuberantes espécies tropi- cais, a região foi escolhida pelos proprietários da residência, com paisagis- mo projetado pela engenheira agrônoma e paisagista Daniela Infante, da Arteiro, da mesma cidade. “O objetivo principal foi utilizar ao máximo o terreno, com espaço para as crianças brincarem e correrem, dando uso à área externa. Incluímos um bosque de árvores floríferas da Mata Atlântica e uma horta. Como o lote é de esquina, tivemos que fazer uma barreira vege- tal para dar privacidade e isolá-lo da rua”, explica a profissional. O jovem casal com filhos tinha preferência por arbóreas floríferas e frutíferas e desejava um belo gramado. “A grama são-carlos (Axonopus compressus) não tolera falta de água. Além disso, é a mais resistente ao sombreamento.” Para as frutíferas, optou-se por jabuticabeira (Myrciaria cauliflora), nespereira (Eriobotrya japonica) e amoreira (Morus sp). Além de atender os pedidos, a engenheira agrônoma e paisagista teve o desafio de transformar a grota repleta de bananeiras (Musaceae) no local ideal para implementação da casa e do jardim. “Foi preciso canalizar a água através de galerias e fazer o aterro até chegar ao nível recomendado, pois o terreno tinha grande desnível”, ressalta. Com a casa alocada na parte alta do lote, a bela vista pode ser con- templada diariamente. O paisagismo foi implementado de forma a sua- vizar as interferências existentes, tornando a área externa funcional. “Atualmente, é possível caminhar por todo o terreno sem grandes difi- culdades. Acredito que a topografia, inicialmente indesejável, deu movi- mento e graça ao jardim, possibilitando até mesmo a criação de diver- sos recantos.” Texto Lucie Ferreira Fotos Bruno Carvalho Projeto paisagístico Daniela Infante 52-57 Proj01 - Daniela Infante* 11/03/13 15:41 Page 53 54*Paisagismo & Jardinagem “O objetivo principal foi utilizar ao máximo o terreno, com espaço para as crianças brincarem e correrem, dando uso à área externa” 52-57 Proj01 - Daniela Infante* 11/03/13 15:42 Page 54 Paisagismo & Jardinagem*55 VARIEDADE Alguns elementos nativos foram mantidos no paisagismo, como uma árvore em local estratégico, para separar a área da piscina do lote vizinho, e uma grande rocha, que confere beleza natural. Quatro arbóreas adul- tas [um ipê-amarelo (Tabebuia chrysotricha) e três leguminosas] foram relocadas, sem a necessidade de destruição das mesmas. A opção por espécies perenes, com florescimento em épocas dife- rentes, ajuda a demarcar as estações do ano. A preferência dos clientes por flores com cores discretas auxiliou na escolha dos exemplares. Além disso, a seleção também priorizou plantas de baixa manutenção, adapta- das à região e ao clima. Para a fachada, Daniela escolheu minipitanga (Eugenia sp) e bam- bu-mossô (Phyllostachys pubescens), que não tira a visibilidade da sala para o jardim, apesar do porte. Ao redor da piscina, usou orquídea-bam- bu (Arundina bambusifolia) e fez a forração com torênia (Torenia four- nieri). Perto da edícola, utilizou camélia (Camellia japonica) com mini- pitanga e nandina (Nandina domestica). “O objetivo nessa área foi ‘que- brar’ a vista do guarda-corpo sem eliminar o cenário, levando também um pouco de cor.” Para os caminhos, a paisagista optou por lajotas de pedra miracema. “É um granito muito usado na região. O tamanho é bom para uma pas- sagem discreta através do jardim, além da colocação ser fácil.” O pátio, localizado na entrada da residência, tem piso de cacos de granito mira- cema, popularmente chamado de pé-de-moleque. Na área, Daniela inse- riu minipitanga, lavanda (Lavandula angustifolia), barba-de-serpente (Ophiopogon jaburan) e bambu-mossô. “A árvore do centro é um ipê- roxo (Tabebuia impetiginosa), transportado quando tinha 7 m. Próximo a ele, foram plantados minipândanos (Pandanus sp)”, completa. 52-57 Proj01 - Daniela Infante* 11/03/13 15:42 Page 55 56*Paisagismo & Jardinagem 52-57 Proj01 - Daniela Infante* 11/03/13 15:42 Page 56 Paisagismo & Jardinagem*57 *o jardim ganhou vida com: Lavanda Barba-de-serpente Camélia Ipê-amarelo 52-57 Proj01 - Daniela Infante* 11/03/13 15:42 Page 57 58*Paisagismo & Jardinagem Refúgio no campo A reforma acentuou o estilo italiano já existente e conferiu uma moldura verde à casa Texto Renata Putinatti Fotos Gui Morelli 58-65 Proj02 - Roberto Riscala* 11/03/13 15:20 Page 58 Projeto paisagístico Roberto Riscala 58-65 Proj02 - Roberto Riscala* 11/03/13 15:20 Page 59 60*Paisagismo & Jardinagem Há 12 anos, o arquiteto paisagista Roberto Riscala, de São Paulo, SP, foi chamado para projetar o jardim dessa casa de campo, localizada em Indaiatuba, no interior paulista, para uma família com crianças. Com o passar do tempo, as crianças ficaram adultas, casaram-se e tive- ram filhos, então, recentemente a propriedade passou por ampliação para acomodar a todos com conforto. O ambiente externo também sofreu mudan- ças e, para manter as mesmas características e não perder as origens, Riscala foi convocado mais uma vez para adequá-lo às novas necessidades. Tanto a arquitetura quanto o paisagismo seguiam o estilo italiano. Com a reformulação, o arquiteto paisagista evidenciou ainda mais este aspecto. Isso pode ser percebido no jogo de vasos colocado sob os arcos da entrada e ainda pelas primaveras (Bougainvillea glabra), que deixaram de aparecer timidamente para ganhar exuberância recobrindo as colunas.“O estilo ita- liano tende a misturar espécies com aspectos diferentes e dar mais liberda- de para criação. Posso usar desde lavandas (Lavandula angustifolia) até pal- meiras (Aracaceae)”, afirma. O principal desafio do projeto foi estabelecer uma integração entre a casa e os dois campos de polo que a cercam – já que a família pratica o espor- te. Dadas as dimensões dos campos, o paisagismo foi trabalhado para emol- durar o imóvel, destacando-o em meio ao extenso gramado. Todos os maciços de plantas foram posicionados a, no máximo, 10 m da construção para envolvê-la em volumes verdes, que têm também o papel de oferecer privacidade. “Quando as pessoas vão assistir às partidas, ficam vol- tadas de frente para a residência. Então, além de funcional, o paisagismo pre- cisava ser cênico, contemplativo”, informa o profissional. 58-65 Proj02 - Roberto Riscala* 11/03/13 15:21 Page 60 Paisagismo & Jardinagem*61 Ele lembra que a residência está situada em um ambiente descampa- do e recebe intensa insolação durante todo o dia. “A vegetação teve impor- tante papel para transmitir frescor, ‘quebrar’ a incidência do sol, diminuir a temperatura interna e torná-la habitável. Sem as plantas seria muito difí- cil conseguir viver ali, por causa do calor”, justifica. COMPOSIÇÃO DO JARDIM Por se tratar de uma reforma apenas de ampliação, mas que manteve o mesmo estilo, grande parte da vegetação existente foi conservada e garan- tiu visual maduro ao jardim, mesmo recém-finalizado. Logo na entrada, os grandes flamboyants (Delonix regia) oferecem sombreamento agradável, sem esconder a arquitetura. Os arcos que for- mam um pátio fazem parte da recente reformulação e permitem que os proprietários e visitantes desembarquem do carro em local coberto. Acompanhando a estrutura estão os vasos cerâmicos que já perten- ciam à família, nos quais estão plantados buxinhos (Buxus sempervirens), camélias (Camellia japonica) e primaveras – que dão caimento de “corti- na verde”. O ponto focal de quem chega é uma pia batismal, relíquia dos clientes, que foi transformada em suporte para as coloridas marias-sem- vergonhas (Impatiens sp), mesma espécie que faz a forração do canteiro emoldurado por buxinhos. “Quando as pessoas vão assistir às partidas de polo, ficam voltadas de frente para a residência. Então, além de funcional, o paisagismo precisava ser cênico, contemplativo” 58-65 Proj02 - Roberto Riscala* 11/03/13 15:21 Page 61 62*Paisagismo & Jardinagem Os arcos levam ao pátio interno com cobertura de policarbonato e estrutura de ferro. A fonte é a peça central do espaço, onde também há lavandas em jardineiras. As composições antigas da área verde ganharam toques de renova- ção, sem precisar substituir exemplares, como aconteceu com o volumo- so canteiro composto por camélia, tuia (Thuja sp) e bambusa (Bambusa gracilis), que foi repaginado com o desenho orgânico feito com a forra- ção de érica (Cuphea gracilis). Como depois da reforma a residência ganhou um pavimento supe- rior, Riscala aproveitou a altura das paredes para explorar a verticalida- de, agregando vasos e ainda uma fonte de pedra-sabão. A vegetação do canteiro já existia e foi mantida, como camélia, tuia-maçã (Thuja occi- dentalis), íris (Iris germanica), fícus (Ficus sp) e érica. “Também coloquei os toldos verdes, que contrastam com a arquitetura terracota e eviden- ciam ainda mais o estilo italiano. Eles são fixos e foram pensados para dar charme”, conta Riscala. 58-65 Proj02 - Roberto Riscala* 11/03/13 15:21 Page 62 Paisagismo & Jardinagem*63 58-65 Proj02 - Roberto Riscala* 11/03/13 15:21 Page 63 64*Paisagismo & Jardinagem ESPAÇOS PARA TODOS Como a família é grande, o arquiteto paisagista não economizou nos ambientes de convívio. Um dos mais disputados é a varanda, onde são feitas as refeições. Para quem gosta de contemplar o campo, as espreguiçadeiras são o lugar ideal e foram cercadas por diversas variedades de capim para garantir privacidade, entre elas, capim-azul (Lagenocarpus velutinus) e capim-do-texas (Pennisetum sp) branco e vermelho. Próximo dali está o pátio com várias mesas protegidas por ombre- lones. As árvores ao redor são responsáveis por oferecer conforto tér- mico e receberam “acabamento” especial: aos “pés” de cada uma foram criados canteiros com floríferas de tonalidades diferentes, como moreias (Dietes bicolor) com flores brancas e amarelas. 58-65 Proj02 - Roberto Riscala* 11/03/13 15:22 Page 64 Paisagismo & Jardinagem*65 58-65 Proj02 - Roberto Riscala* 11/03/13 15:22 Page 65 66*Paisagismo & Jardinagem 66-71 Proj03 - Alexandre Galhego* 11/03/13 15:35 Page 66 Paisagismo & Jardinagem*67 Neste lote de um condomínio em Vinhedo, SP, a missão do enge- nheiro agrônomo e paisagista Alexandre Galhego, de Campinas, na mes- ma região, foi envolver a morada em uma moldura de plantas de estilo tropical, mas com toque contemporâneo. O foco foi criar um projeto aco- lhedor, proporcionando privacidade e sensação de relaxamento. “Busquei inserir a casa ao entorno da forma mais natural possível, justamente para dar a impressão de que o jardim sempre esteve lá”, relembra. Com 500 m² disponíveis, ele criou diversos estilos de jardins ao redor da construção. “Na entrada, é mais solto e vai ficando mais exuberante até chegar ao fundo”, detalha. A fachada é valorizada com bromélias- imperiais (Alcantarea imperialis), moreias (Dietes bicolor), agapantos (Agapanthus africanus) e palmeiras-de-locuba (Dypsis madagascariensis) – responsáveis por pontuar e dar volume, mas sem esconder a arquitetu- ra. Para chegar à área de lazer, basta acessar o percurso que segue pelo corredor à direita, onde Galhego apostou em bambus-mossô (Phyllostachys edulis) e também nas tumbérgias-arbustivas (Thunbergia erecta) para des- tacar o recanto. Reservada ao fundo do terreno, a piscina tem 27 m². Entre o deque de madeira e o muro, o maciço de falso-íris (Neomarica caerulea) insere um delicado e discreto colorido ao projeto com as pequenas flores lila- ses. Combinado ao bambu-mossô e à palmeira-locuba, esconde o con- creto do muro de arrimo e garante vista privilegiada para os moradores e convidados que estão na ala social da casa, fechada com amplos panos de vidro. Uma preocupação do profissional foi inserir plantas que não prejudicassem a incidência de sol direto, pois as árvores da calçada supe- rior já fazem isso. CONTORNO NATURAL A diversidade de espécies, ricas em cores e volumes, torna o passeio ao redor da morada um programa à parte Projeto paisagístico Alexandre Galhego Texto Andressa Trindade Fotos Gui Morelli 66-71 Proj03 - Alexandre Galhego* 12/03/13 16:06 Page 67 68*Paisagismo & Jardinagem “Busquei inserir a casa ao entorno da forma mais natural possível, justamente para dar a impressão de que jardim sempre esteve lá” 66-71 Proj03 - Alexandre Galhego* 11/03/13 15:35 Page 68 Paisagismo & Jardinagem*69 O terreno da área de lazer foi adaptado à vontade dos proprietários, que era ter um jardim com privacidade. “A piscina ficava bem exposta para quem passava na calçada da rua de cima”, conta. Ao mesmo tempo, tam- bém era necessário “segurar” essa estrutura, uma vez que há árvores de grande porte que, eventualmente, poderiam tombar sobre a residência. O caminho que leva à garagem e à outra lateral da residência recebeu plantas com folhagem volumosa e marcante: alpínias (Alpinia purpurata) e árvore-do-viajante (Ravenala madagascariensis). O pergolado de madei- ra ganhou vida com sapatinho-de-judia (Thunbergia mysorensis) e aza- leias (Rhododendron simsii) no chão. “Os proprietários também solicita- ram uma área para frutíferas”, relembra. Assim, o engenheiro agrônomo e paisagista plantou pés de romã (Punica granatum), limão (Citrus limon) e laranja-kinkan (Fortunella margarita) em vasos próximos à pergola. Perto da garagem, onde o piso é revestido com pedriscos, a espécie que dá cor ao espaço é a helicônia (Heliconiaceae). “Escolhi plantas com manutenção simples, resistentes aventos e ao clima local, que tem invernos rigorosos, e com estética mais livre e des- pretensiosa”, explica. Outro critério usado por Galhego na seleção de espécies foi o sombreamento do jardim. “Há alternância constante entre sol e sombra, em razão da altura de algumas árvores, posição da casa no lote e eixo solar”, descreve. Para revestir o chão, buscou um material durável, com textura agra- dável e pouco brilho. O mosaico de granito tem cor neutra: o cinza har- moniza com o verde intenso do jardim, sem roubar a cena. 66-71 Proj03 - Alexandre Galhego* 11/03/13 15:35 Page 69 70*Paisagismo & Jardinagem 66-71 Proj03 - Alexandre Galhego* 11/03/13 15:35 Page 70 Paisagismo & Jardinagem*71 *o jardim ganhou vida com: Bromélia-imperial Sapatinho-de-judia Falso-íris Moreia Agapanto Alpínia 66-71 Proj03 - Alexandre Galhego* 11/03/13 15:36 Page 71 72*Paisagismo & Jardinagem Quando os proprietários desta cobertura, localizada em Porto Alegre, RS, contrataram a engenheira agrônoma e paisagista Bibiana Müssnich, da mesma cidade, solicitaram que criasse um jardim com cara de casa italiana. “Eles não queriam ver os prédios vizinhos, ape- nas o céu e a vegetação. Por isso, utilizei treliças para garantir a priva- cidade na área da piscina, que tem desenho romântico em 45º”, conta. Para atender ao desejo dos clientes, ela selecionou duas trepadei- ras, primavera (Bougainvillea glabra) e jasmim-estrela (Jasminum niti- dum), para recobrir a treliça. Colocou fórmio (Phormium tenax) e aga- panto (Agapanthus africanus) em cachepôs de madeira, fazendo a bor- dadura da cobertura junto à treliça. Além disso, utilizou também hera (Hedera helix), camélia (Camellia japonica), lavanda (Lavandula angus- tifolia) e bela-emília (Plumbago auriculata) em vasos. A maior preocupação foi garantir conforto à vegetação durante o Verão, pois a cobertura tem orientação Norte e as plantas envasadas sofrem com o calor e a estiagem. Como a cobertura está em um prédio antigo, não foi possível implantar sistema de irrigação. Para resolver essa questão, são regadas de duas a três vezes por semana. O deque de ipê tem desenho que acomoda pequena piscina de fibra e se transforma em um estar com bancos, sendo bastante utilizado pelos proprietários nos dias quentes. As treliças são do mesmo material, mas foram pintadas de branco. O esforço resultou em um local bastante agradável, perfeito para receber amigos. Parte dessa sensação se deve ao grande número de ante- paros verticais, vasos cerâmicos e vegetação abundante. Ar italiano A profissional abusou da vegetação para garantir tranquilidade e acolhimento a este espaço Projeto paisagístico Bibiana Müssnich 72-73 Proj04 - Bibiana Mussinich* 11/03/13 16:13 Page 72 Paisagismo & Jardinagem*73 *o jardim ganhou vida com: Primavera Bela-emília Lavanda Hera “Apesar da morada estar localizada em uma das zonas mais movimentadas de Porto Alegre, conseguimos projetar um espaço que transmi- te tranquilidade e acolhimento” 72-73 Proj04 - Bibiana Mussinich* 11/03/13 16:13 Page 73 74*Paisagismo & Jardinagem Idealizadora de paisagens perfil 74-77 Perfil* 11/03/13 16:17 Page 74 Paisagismo & Jardinagem*75 Em seus trabalhos, a arquiteta paisagista Juliana Castro busca transmitir a importância da natureza para o homem Texto Alexandra Iarussi Fotos Gui Morelli A arquiteta paisagista Juliana Castro nasceu em setembro de 1977, em Florianópolis, SC, cidade onde mora até hoje. Teve o primeiro contato com plantas e flores por influência da mãe e avó materna. Em casa, brincava de plantar e polini- zar flores: por curiosidade, cruzava violetas (Saintpaulia sp) de variedades diferentes. Quando a avó faleceu, Juliana herdou seus exem- plares. “Na casa dela havia um túnel de orquídeas Dendrobium que cres- ciam nos troncos de palmeiras-butiá (Butia eriospatha)”, conta. Tamanho interesse pelas plantas naturalmente a levou ao curso de Arquitetura e Urbanismo na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), mesma instituição em que realizou mestrado. Durante a gra- duação, ela acompanhou disciplinas dos cursos de Agronomia e Biologia com o objetivo de se aprofundar em arquitetura paisagística e comple- mentar a formação de arquiteta. “Faço aniversário no dia 20 de setembro. No dia 21 do mesmo mês se comemora o Dia da Árvore e o dia 22 marca o início da Primavera. Pode ser coincidência, mas parece que nasci para o que faço. Para com- pletar, o elemento do meu signo é terra”, acrescenta a profissional. EM ASCENSÃO Juliana ingressou na profissão com escritório próprio, o Jardins & Afins, que comanda ao lado da irmã Clarice, engenheira agrônoma. Juntas, trabalham com projetos paisagísticos, arquitetura de exteriores e desenho urbano. A dupla atua em empreendimentos imobiliários e adora usar a imaginação em espaços públicos. Em março deste ano, a profissional completa 13 anos de profissão. Dentre tantos trabalhos, ela se recorda de alguns com carinho, como o projeto de revitalização da Praça Celso Ramos, em Florianópolis, que em dezembro de 2011 venceu o Prêmio de Arquitetura Catarinense na cate- goria Paisagismo, promovido pela Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura (AsBEA/SC) e Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB-SC). “O desafio foi mudar o local preservando a estrutura original, pois não interferimos nas árvores adultas existentes, respeitando a caracterís- tica de espaço contemplativo”, conta a profissional. Toda a vegetação arbó- rea permaneceu e foi valorizada por canteiros de herbáceas forrageiras com desenho orgânico e dinâmico, trazendo movimento visual à praça. Além disso, foram plantadas 34 exemplares de palmeira-imperial (Roystonea oleracea). A acessibilidade foi assegurada em todo o percurso do local. Outro projeto que marcou a carreira é o ZEN Tokio, realizado na garagem de um hotel em Florianópolis. A peculiaridade é que ele foi feito sem plantas, pois no local não havia luz natural. Para a área de 200 m², ela e a equipe criaram um desenho inspirado na cultura japonesa. Projetaram uma praça com água, pedriscos, madeira e iluminação arti- ficial – valorizando as propriedades dos materiais. O jardim zen foi fei- to com granilha fina e iluminado por spots embutidos nos rodapés dos deques de madeira, equipados com LED na cor âmbar. Um painel de papéis amarrados ganhou destaque: são varais da sorte, tradicionais nas cidades japonesas, iluminados por LEDs azuis, cujas imagens refletem em um espelho d’água. Além da repercussão internacional (em 2010 foi indicado ao Internacional Property Awards, premiação organizada pela BBC de Londres), o projeto venceu o prêmio da Abea de 2008 na cate- goria Projetos Especiais. 74-77 Perfil* 11/03/13 16:17 Page 75 76*Paisagismo & Jardinagem AMOR PELA NATUREZA Juliana tem alguns trabalhos em andamento, o que inclui empreen- dimentos residenciais e projetos em espaços públicos. De acordo com ela, os negócios estão em crescimento e a intenção é incluir parques e proje- tos urbanos no portfólio. Para concretizar as obras, a profissional busca inspiração nas pessoas, na própria natureza e nos lugares em que visita. Também frequenta fei- ras e congressos nacionais e internacionais para acompanhar as tendên- cias de mercado. Em seus jardins, procura sempre transmitir a impor- tância da natureza para o homem. Para ela, o respeito ao verde é ineren- te à condição humana: “Precisamos entender que não vivemos sem a natu- reza. Temos de considerar que criamos o artificial em meio ao natural e devemos dosar os ingredientes para ter bons resultados”, revela. A arquiteta paisagista não esconde a predileção por árvores, sempre presentes nos jardins que executa. Segundo ela, são as “casas da nature- za”. Apesar de amar a profissão, acredita que no Brasil falta entendimento da sua total dimensão: “O arquiteto paisagista não é projetista de jardins mas idealizador de paisagens. Somos integradores da cidade com a natu- reza”, diz a profissional, que quando não se dedica ao trabalho,