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C A P Í T U L O 7 ÓRGÃOS LINFÓIDES As células do sistema imune estão organizadas em tecidos ou órgãos linfóides. Estas estruturas são denominadas linfóides porque as células que predominam no estroma são linfócitos; no entanto outras células do sistema imune (macrófagos, células dendríticas e polimorfonucleares) e de outros sistemas (células epiteliais, endoteliais, fibroblastos) estão presentes, nestes órgãos, em menor proporção. Os órgãos linfóides, de acordo com sua função, podem ser classificados em primários ou secundários. Nos órgãos linfóides primários, as células do sistema imune passam por processos de maturação e diferenciação. Os principais órgãos linfóides primários nos mamíferos são: a medula óssea e o timo (Figura 1). Nas aves, além da medula óssea e do timo, existe um terceiro órgão linfóide primário, a bursa (ou bolsa) de Fabricius. Após os processos de maturação e diferenciação nos órgãos linfóides primários, as células migram para os órgãos linfóides secundários, onde exercem suas funções. Os órgãos linfóides secundários são os linfonodos, o baço e os tecidos linfóides associados a mucosas (MALT - Mucosal Associated Lymphoid Tissue) (Figura 1). O MALT, de acordo com sua localização, pode ser denominado: GALT (Gut-Associated Lymphoid Tissue), nos tecidos associados aos intestinos; NALT (Nasal-Associated ...), nos tecidos nasais e faringeanos; SALT (Skin-Associated ...), na pele; DALT (Ducts-Associated ...), nos ductos glandulares e BALT (Bronchus- Associated ...), nos tecidos associados aos brônquios. FILOMENA M. P. BALESTIERI - IMUNOLOGIA BÁSICA E APLICADA 72 Figura 1 – Órgãos Linfóides Humanos CAP. 7 - ÓRGÃOS LINFÓIDES 73 ÓRGÃOS LINFÓIDES PRIMÁRIOS Até o início dos anos 60, o timo era considerado um órgão inexpressivo constituído de uma população homogênea e monótona de células - os linfócitos. A mudança desta concepção ocorreu quando pesquisadores começaram a estudar o efeito da timectomia, ou seja, a retirada do timo, em camundongos. Os camundongos atímicos, quando comparados com camundongos normais, apresentam redução no número de células em determinadas regiões dos linfonodos (córtex profundo-Figura 6) e baço (bainha periarteriolar-Figura 8). Estes resultados associados com os obtidos por pesquisadores que estudavam a bursectomia (retirada da bursa de Fabricius), em aves, levou a elucidação da função destes órgãos. Estes pesquisadores estavam tentando demonstrar, através da bursectomia, a função sexual da bursa de Fabricius. No entanto, um acaso levou ao conhecimento da verdadeira função deste órgão. Um dos pesquisadores, durante uma aula prática sobre aglutinação (Capítulo 20), observou que o soro de aves inoculadas com bacilos da cólera não aglutinava estes bacilos in vitro. A ausência de aglutinação sugeriu que não haviam sido produzidos anticorpos específicos contra os bacilos. Como este ensaio era sempre realizado e nunca havia acontecido este incidente, o pesquisador provavelmente não aceitou as hipóteses que normalmente poderiam explicar o ocorrido (as aves não responderam porque estavam com alguma infecção concomitante ou por algum outro fator ambiental que tenha suprimido a resposta) e acabou descobrindo que estas aves eram bursectomizadas. A conclusão que ele chegou foi que se a bursectomia tinha inibido a produção de anticorpos, a função da bursa então poderia estar relacionada com este mecanismo e não com a sexualidade. A partir deste momento, foram realizados experimentos com grupos de aves bursectomizadas ou timectomizadas. Os resultados demonstraram que as aves timectomizadas tinham uma redução no número de células nos linfonodos e baço similar aos dos camundongos timectomizados, ou seja, no paracórtex e bainha periarteriolar, respectivamente. Por outro lado, as aves bursectomizadas tinham um número de células normais nestas regiões dos linfonodos e baço e redução em outras (região dos folículos linfóides-Figuras 6 e 8). A partir deste conjunto de experimentos, chegou-se a conclusão que os linfócitos presentes no timo e na bursa possuem padrões diferentes de migração para os linfonodos e baço. Os linfócitos que migram do timo e da bursa para os linfonodos e baço passaram a ser denominados, respectivamente, linfócitos T e B. FILOMENA M. P. BALESTIERI - IMUNOLOGIA BÁSICA E APLICADA 74 No entanto, após estas conclusões, uma nova pergunta surgiu pelo fato dos mamíferos não possuírem bursa: Qual seria o órgão correspondente a bursa nos mamíferos? A bursa de Fabricius está localizada no intestino grosso, próxima à cloaca; desta forma, pensou-se num órgão que tivesse a mesma localização nos mamíferos, ou seja, o apêndice vermiforme. No entanto, não se conseguiu provar que o apêndice é o órgão correspondente a bursa nos mamíferos. Desta forma, considera-se que nos mamíferos, os linfócitos B maturam na medula óssea. Em resumo, nas aves, as células precursoras dos linfócitos saem da medula óssea e migram para a bursa ou para o timo, onde se tornam respectivamente linfócitos B e T. Nos mamíferos, as células precursoras de linfócitos que migram para o timo tornam-se linfócitos T, enquanto que, aquelas que persistem na medula óssea tornam-se linfócitos B. Quanto à nomenclatura dos linfócitos B, o B corresponde a bursa; no entanto, como na língua inglesa, medula óssea é bone marrow não houve necessidade de alterar a denominação deste linfócito. Após este breve histórico, vamos estudar a estrutura e função do timo, visto que a função da medula óssea na maturação das células já foi estudada no capítulo referente a hematopoiese (Capítulo 2). TIMO O primórdio tímico em camundongos é colonizado por stem cells hematopoiéticas provenientes do fígado fetal no 11o dia de desenvolvimento embrionário e entre a 7a e 9a semana de gestação, nos seres humanos. A partir da 13a semana de desenvolvimento, o timo de embriões humanos apresenta os dois lobos que caracterizam anatomicamente este órgão nos mamíferos (Figura 2). No adulto humano, o timo está situado no tórax, no mediastino anterior (Figura 1). Os lobos tímicos são revestidos por uma cápsula de colágeno frouxo, que invade o interior do órgão, delimitando estruturas denominadas lóbulos (Figuras 2 e 3). Estes lóbulos são formados por duas regiões distintas: a cortical e a medular. Na intersecção entre estas duas regiões, delimita-se a junção córtico-medular (Figura 3). No ambiente lobular, através do contato com células do epitélio tímico e células derivadas da medula óssea (macrófagos e células dendríticas interdigitantes), precursores dos linfócitos T oriundos da medula óssea (denominados timócitos) são submetidos aos processos de maturação, seleção e diferenciação (Figura 3). CAP. 7 - ÓRGÃOS LINFÓIDES 75 Durante o processo de maturação, os timócitos passam a expressar receptores específicos de antígenos (TCR - T Cell Receptor) e outras moléculas, denominadas moléculas co-estimulatórias (CD3, CD4, CD8), importantes nos mecanismos de ativação destas células (Capítulo 9). A partir do momento em que os timócitos expressam na membrana os receptores de antígenos, estes são selecionados de acordo com a afinidade e o tipo de moléculas que reconhecem (ver abaixo seleção positiva e negativa). Neste processo seletivo quase que 90% da população tímica morre por apoptose, um mecanismo de morte programada. Durante o processo de seleção, os timócitos passam pelo processo de diferenciação e se tornam LT auxiliares (LTa) ou linfócitos T citotóxicos (LTc). Figura 2 – Estrutura do timo FILOMENA M. P. BALESTIERI - IMUNOLOGIA BÁSICA E APLICADA 76 Figura 3 – Estrutura do lóbulo tímico O mecanismo de Maturação, Diferenciaçãoe Seleção dos Timócitos Os precursores dos linfócitos T (células CD44+), provenientes da medula óssea, chegam no timo e, sob a influência de fatores quimiotáticos derivados do epitélio tímico, instalam-se na região logo abaixo da cápsula (região subcapsular) e à medida que se tornam maturos migram do córtex para a medula (Figura 3). O local de entrada dos precursores no timo ainda é controverso; existem evidências de que as células entram pelos vasos na junção córtico-medular ou na região transcapsular. A transição através dos vasos ocorre provavelmente pela associação da molécula CD44, presente nos precursores de LT, à moléculas de hialuronato, presentes em vênulas de endotélio alto (HEV). Durante a migração no timo, as células sofrem o efeito de hormônios tímicos (timopoietina, timosina-α 1 e -β4, timulina e fator tímico humoral-γ2) e citocinas (IL-1, IL-2, IL-4 e IL-7), produzidas por células epiteliais tímicas, e passam a proliferar e a expressar moléculas de membrana. CAP. 7 - ÓRGÃOS LINFÓIDES 77 Quando chegam da medula óssea, estas células precursoras não apresentam moléculas de membrana típicas de LT, ou seja, são CD3-CD4-CD8- (triplo negativas) (Figura 3). As citocinas IL-7 e IL-2 parecem ser importantes na proliferação desta população de timócitos imaturos, que dão origem a células CD3+CD4+CD8+ (triplo-positivas). Células CD3-CD4-CD8- durante o progresso de maturação deixam de expressar CD44 e passam a expressar CD25 (a cadeia alfa do receptor de IL-2), o que as leva à proliferar frente à IL-2 (Fator de Crescimento de LT). Durante esta fase de desenvolvimento, rearranjo de genes do TCR ocorre e baixos níveis de CD25 são expressos. São conhecidos dois tipos de TCR: TCR-1, apresentam uma cadeia gama (γ) e outra delta (δ) e TCR-2, apresentam uma cadeia alfa (α) e outra beta (β). As células que expressam TCRγ/δ maturam antes daquelas que expressam TCRα/β e são menos dependentes do timo, podendo maturar em locais extra-tímicos. Descobertas recentes têm demonstrado que o epitélio intestinal pode ser um compartimento linfopoiético primário de LT, onde linfócitos intra-epiteliais podem maturar e serem selecionados como ocorre no timo. Em camundongos recém-nascidos, os primeiros linfócitos T que povoam o epitélio intestinal e o timo, possuem TCR γ/δ, sendo que nos animais adultos predominam os LT com TCR α/β. Em animais adultos, o epitélio intestinal representa o maior sítio de linfopoiese de LT e contém o maior número destas células em todo o corpo. Existem evidências de que o sistema imune associado às mucosas antecedeu o timo em 200 milhões de anos. O TCR é o receptor de LT que reconhece moléculas próprias do Complexo Principal de Histocompatibilidade (MHC - Major Histocompatibility Complex – Capítulo 6) de classe I ou II associadas a antígenos peptídicos. De acordo com a capacidade dos linfócitos T em reconhecer estas estruturas, eles são selecionados e esta seleção é realizada em duas fases: a seleção positiva e a seleção negativa. O parâmetro crítico para que ocorra a seleção dos linfócitos é a avidez da interação entre o TCR do timócito e os complexos MHC-peptídeo nas células do estroma tímico. A avidez consiste na somatória dos pontos de afinidade entre as moléculas, ou seja, quanto maior a afinidade de interação química entre as duas moléculas, maior a avidez, ou a força total de associação molecular. FILOMENA M. P. BALESTIERI - IMUNOLOGIA BÁSICA E APLICADA 78 Seleção Positiva As células epiteliais do córtex tímico expressam moléculas do MHC próprias associadas com peptídeos próprios presentes nas membranas celulares ou nos líquidos corporais (Figura 3). À medida que os timócitos entram em contato com estas células, estes são selecionados de acordo com a avidez dos seus TCRs por estes complexos MHC-peptídeo. Os timócitos que apresentam TCRs com um limite mínimo de avidez são selecionados positivamente, ou seja, sobrevivem. Os que não apresentam avidez ou apresentam uma avidez abaixo do limite mínimo morrem por apoptose. A morte por apoptose dos timócitos é um mecanismo no qual, após o contato com células apresentadoras de antígeno, um sinal é enviado para o núcleo da célula e uma mensagem de fragmentação do material genético ocorre. Neste caso, a membrana bilipídica da célula fragmenta-se, e pelo fato dos lipídeos serem hidrofóbicos, forma-se vesículas contendo material genético, que são fagocitadas por macrófagos teciduais. Durante a seleção positiva, os LT CD3+CD4+CD8+ cujos TCRs reconhecem proteínas de classe I + peptídeo passam a expressar CD8 porque este se adere à molécula de classe I e um sinal é emitido no sentido do CD4 deixar de ser expresso e estas células tornam-se linfócitos T citotóxicos (CD3+CD8+). Da mesma forma, nos LT cujos TCRs reconhecem proteínas de classe II + peptídeo, a molécula CD4 adere à molécula de classe II e um sinal é emitido no sentido da CD8 deixar de ser expressa e estas células tornam-se linfócitos T auxiliares (CD3+CD4+). Portanto, as células T auxiliares são células CD4+ que possuem TCRs que reconhecem proteínas de classe II + peptídeo, enquanto que as células T citotóxicas são células CD8+ que possuem TCRs que reconhecem proteínas de classe I + peptídeo. Seleção Negativa Os linfócitos que sobrevivem na fase de seleção positiva passam pela seleção negativa. Este tipo de seleção pode ocorrer pelo contato dos TCRs dos timócitos com peptídeos apresentados tanto pelas células epiteliais tímicas quanto pelos macrófagos e células dendríticas interdigitantes. Nesta seleção, os TCRs que reconhecem com alta afinidade os complexos, moléculas de MHC classe I ou II e peptídeos, morrem por apoptose; os que reconhecem, com média afinidade sobrevivem. CAP. 7 - ÓRGÃOS LINFÓIDES 79 Portanto, os timócitos CD4+CD8+ selecionados apresentam TCRs que reconhecem com média afinidade complexos de proteínas do MHC classe I ou II associados com peptídeos. Após o processo seletivo, estas células migram, através de vasos sanguíneos e linfáticos presentes na região subcapsular, para os órgãos linfóides secundários onde ocuparão regiões específicas de linfócitos T, que são denominadas regiões timo-dependentes. ÓRGÃOS LINFÓIDES SECUNDÁRIOS Antes de estudarmos os órgãos linfóides secundários, precisamos entender a relação destes com o sistema linfático na retirada dos antígenos teciduais. SISTEMA LINFÁTICO A cada batida do coração, o sangue é impulsionado, através dos vasos, num volume que excede a capacidade de sua passagem pelos capilares e o volume de plasma excedente extravasa para os tecidos. Deste plasma extravasado, entre duas batidas do coração, 90% retorna ao leito vascular pelas vênulas. Os 10% restante de plasma é drenado pelos capilares linfáticos, presentes em grande número nos tecidos. Os capilares linfáticos são pequenos túbulos revestidos de endotélio, que terminam em fundo cego nos tecidos, cuja estrutura é similar à dos vasos sanguíneos e por onde passam fluidos e moléculas. Em alguns locais, o endotélio dos capilares linfáticos é fenestrado e a membrana basal sendo descontínua, permite a passagem de moléculas maiores e células do sistema imune. O plasma, agora denominado linfa, drenado pelos capilares teciduais flui para vasos linfáticos de calibre cada vez maior e que apresentam pequenas válvulas que impedem o refluxo da linfa. A linfa no ser humano é coletada da região dos membros inferiores, do braço esquerdo e do lado esquerdo do tórax e da cabeça, e drenada para o ducto torácico e retorna para a circulação sanguínea pela veia subclávia esquerda. A linfa do braço direito, do lado direito do tórax e cabeça é drenada para o ducto linfático direito e daí para a circulaçãosanguínea pela veia subclávia direita. Algumas regiões do corpo possuem pouca ou nenhuma drenagem linfática: a epiderme, as membranas mucosas, a maior parte das estruturas do olho, o sistema nervoso central, a placenta, o ouvido interno, a cartilagem e a medula óssea. Por outro lado, algumas regiões são extremamente ricas em linfáticos, tais como a derme, os pulmões e o trato gastro-intestinal. No seu caminho, dos vasos linfáticos menores para os maiores, a linfa passa por várias estruturas linfóides que filtram as partículas FILOMENA M. P. BALESTIERI - IMUNOLOGIA BÁSICA E APLICADA 80 provenientes da linfa tecidual, os linfonodos. Durante esta passagem, os linfócitos e anticorpos são adicionados à linfa e chegam ao sangue. TECIDOS E FOLÍCULOS LINFÓIDES Tecido Linfóide Difuso Ao analisarmos os órgãos linfóides secundários, é interessante termos em mente o processo evolutivo ao qual as espécies foram submetidas. Por exemplo, os linfonodos estão presentes nas aves e nos mamíferos, enquanto que nos anfíbios e nos répteis existem nódulos linfomielóides que lembram os linfonodos e nos peixes eles não existem. As formas mais primitivas de órgão linfóide secundário, nos vertebrados, são o MALT e o baço, embora estas estruturas apresentem diferenças estruturais entre as classes de vertebrados. A existência de linfócitos nos rins e intestinos de peixes amandíbulados, na ausência de timo e baço, reforça a idéia de que o MALT e, especialmente o GALT, é uma das formas mais primitivas de órgão linfóide secundário. Começaremos a analisar os órgãos linfóides secundários por meio da sua forma de apresentação mais simples e provavelmente o tipo de tecido linfóide mais primitivo - o tecido linfóide difuso que é encontrado principalmente nos intestinos (GALT) e nos brônquios (BALT). A maior parte da superfície corporal é revestida por epitélio e logo abaixo encontra-se a membrana basal constituída de colágeno tipo IV, laminina, sulfato de heparana, entactina e fibronectina (Figura 4). No intestino, abaixo da membrana basal encontra-se a lâmina própria que é uma rede tridimensional de fibroblastos, fibras reticulares, colágeno, glicosaminoglicanas e onde se encontram vasos sanguíneos, linfáticos e nervos. Na lâmina própria, estão presentes várias células do Sistema Imune: mastócitos, monócitos, histiócitos, eosinófilos, plasmócitos e linfócitos. Os linfócitos, geralmente T, que se encontram agrupados em regiões deste tecido constituem o chamado tecido linfóide difuso, que se organiza sem distinção de áreas de LT e LB. Na submucosa além dos vasos sanguíneos e linfáticos também estão presentes agregados linfóides. No tecido linfóide difuso, os linfócitos T e B não estão situados em áreas distintas; no entanto, este tipo de tecido mais primitivo provavelmente evoluiu para um tipo de estrutura mais complexa de tecido linfóide, onde ocorre compartimentalização dos linfócitos T e B - o folículo linfóide. Estas estruturas linfóides podem estar presentes nos mesmos locais onde está o tecido linfóide difuso sendo CAP. 7 - ÓRGÃOS LINFÓIDES 81 particularmente abundante na lâmina própria dos tratos digestivo, respiratório e genital e na submucosa intestinal. Agregados de folículos linfóides geralmente são encontrados nas tonsilas (antigas amígdalas), nas Placas de Peyer e no apêndice. Figura 4 – Tecido Linfóide Difuso Folículos Linfóides Um folículo linfóide é formado por uma rede de células dendríticas foliculares (que apresentam antígenos para os linfócitos B), linfócitos B e macrófagos (Figura 5). Na região entre os folículos estão presentes os linfócitos T e as células dendríticas interdigitantes, que por sua vez, são as células apresentadoras de antígenos para esta população de linfócitos. Num folículo linfóide não ativado por antígeno – o folículo linfóide primário - a disposição das células é homogênea (Figura 5). No entanto, quando este folículo é ativado passa a ser chamado de FILOMENA M. P. BALESTIERI - IMUNOLOGIA BÁSICA E APLICADA 82 folículo linfóide secundário e possui estruturas diferenciadas (Figura 5). Na região central do folículo secundário, a coloração pela hematoxilina-eosina revela uma região, mais clara, de intensa proliferação celular (centro germinativo). Este mesmo tipo de coloração, revela uma região apical do folículo, mais escura, denominada manto do folículo, onde estão presentes os plasmócitos e os linfócitos B de memória, oriundos da proliferação das células no centro germinativo. A ativação dos linfócitos B nos folículos linfóides será enfocada no capítulo sobre cooperação celular (Capítulo 9). Um folículo linfóide secundário, após a ativação pode voltar a ser um folículo linfóide primário. Figura 5 Folículo Linfóide Primário (A.) e Folículo Linfóide Secundário (B.) CAP. 7 - ÓRGÃOS LINFÓIDES 83 LINFONODO Os linfonodos são órgãos linfóides que se caracterizam por concentrar os folículos linfóides (LB) e regiões interfoliculares (LT) ao longo dos vasos linfáticos, exercendo a função de filtração da linfa. Os linfonodos apresentam uma cápsula de colágeno que se estende em forma de trabéculas para o interior do órgão, e às quais se associam fibras reticulares (Figura 6). A linfa entra nos linfonodos através dos vasos linfáticos aferentes, percola pelos seios subcapsulares, corticais e medulares e sai do linfonodo através de um vaso linfático eferente. As células endoteliais que revestem os seios são extremamente delgadas e são dificilmente identificadas pela microscopia óptica. Ao longo dos seios, principalmente nos medulares, existe um grande número de macrófagos responsáveis pela fagocitose das partículas que entram no linfonodo com a linfa. Através da linfa, também chegam nos linfonodos células dendríticas ou macrófagos que capturaram antígenos na pele e mucosas. O parênquima do linfonodo é constituído pelas regiões cortical e medular (Figura 6). A região cortical é subdivida em córtex superficial, onde estão presentes os folículos linfóides, constituídos de LB e de células dendríticas foliculares, e em córtex profundo ou paracórtex, onde estão presentes os linfócitos T e as células dendríticas interdigitantes. Os linfócitos T também estão presentes entre os folículos sendo que 60 a 50% destas células são células T auxiliares CD4+ e 20 a 15% são LT citotóxicos CD8+. Na região medular, estão presentes macrófagos, linfócitos, células dendríticas e quando o linfonodo foi recentemente ativado, estão presentes os plasmócitos, linfócitos B secretores de anticorpos. No capítulo de cooperação celular (Capítulo 9) será estudado como ocorre a ativação dos linfócitos T e B durante uma infecção. Os linfócitos, provenientes do sangue, entram nos linfonodos por vênulas diferenciadas denominadas Vênulas de Endotélio Alto (HEV – High Endothelial Venules). As HEVs desenvolvem-se a partir de células endoteliais achatadas que estão presentes nos órgãos linfóides secundários e que sob o efeito da ativação dos linfócitos T e da produção de citocinas, tais como o IFN-γ, TNF-α e IL-1, tornam-se cubóides e aumentam a adesividade das moléculas que propiciam a entrada dos linfócitos nos tecidos linfóides. Nos linfonodos, as HEVs geralmente estão presentes na região paracortical. Na ausência de infecção, acredita-se que o contato com antígenos ambientais induza o desenvolvimento das HEVs. FILOMENA M. P. BALESTIERI - IMUNOLOGIA BÁSICA E APLICADA 84 Figura 6 – Estrutura do LinfonodoBaço O baço é um órgão linfóide secundário presente no quadrante superior esquerdo do abdome e responsável pela remoção tanto de partículas estranhas do sangue como de hemácias e plaquetas envelhecidas. O baço é revestido por uma cápsulade colágeno da qual se estendem fibras reticulares que formam o arcabouço do parênquima esplênico (Figura 7). A maior parte do parênquima é composto por cordões esplênicos celulares e uma rede de sinusóides/seios vasculares, preenchidos de sangue; esta região é denominada polpa vermelha (Figuras 7 e 8). A outra parte do parênquima, que corresponde a 5- 20% da massa esplênica, e está presente ao redor das artérias e arteríolas centrais é a porção linfóide denominada polpa branca (Figuras 7 e 8). CAP. 7 - ÓRGÃOS LINFÓIDES 85 Figura 7 – Estrutura do Baço Na região do hilo, a artéria esplênica entra dentro do órgão e se subdivide em arteríolas que terminam em sinusóides venosos onde se encontram em grande número eritrócitos, granulócitos, macrófagos, células dendríticas, alguns linfócitos e plasmócitos; constituindo a polpa vermelha (Figuras 7 e 8). A polpa branca está disposta ao redor das arteríolas formando o que se chama de bainha periarteriolar, composta de linfócitos T e células dendríticas interdigitantes; entre os linfócitos T, estão presentes os folículos linfóides primários e secundários, compostos, como já mencionado anteriormente, de linfócitos B e células dendríticas foliculares. Entre a polpa vermelha e a polpa branca, encontra-se uma região denominada zona marginal, onde estão presentes macrófagos e linfócitos. Os macrófagos presentes na zona marginal são importantes na resposta a antígenos T-independentes, que são na sua maioria polissacarídeos complexos. FILOMENA M. P. BALESTIERI - IMUNOLOGIA BÁSICA E APLICADA 86 Figura 8 – Estrutura detalhada da Polpa Vermelha e da Polpa Branca ÓRGÃOS LINFÓIDES Figura 1 – Órgãos Linfóides Humanos ÓRGÃOS LINFÓIDES PRIMÁRIOS TIMO Figura 2 – Estrutura do timo Figura 3 – Estrutura do lóbulo tímico O mecanismo de Maturação, Diferenciação e Seleção dos Timócitos Seleção Positiva Seleção Negativa ÓRGÃOS LINFÓIDES SECUNDÁRIOS SISTEMA LINFÁTICO TECIDOS E FOLÍCULOS LINFÓIDES Tecido Linfóide Difuso Figura 4 – Tecido Linfóide Difuso Folículos Linfóides Figura 5 Folículo Linfóide Primário (A.) e Folículo Linfóide Secundário (B.) LINFONODO Figura 6 – Estrutura do LinfonodoBaço Figura 7 – Estrutura do Baço Figura 8 – Estrutura detalhada da Polpa Vermelha e da Polpa Branca
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