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Domicílio: Conceito, Importância e Competência

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Domicílio 
 
Conceito, importância, pluralidade de domicílios, domicílio incerto, mudança de 
domicílio, fixação do foro competente, classificação quanto à natureza, domicílio 
da pessoa jurídica. 
Conceito 
"É a sede jurídica da pessoa onde ela se presume presente para efeitos de direito e 
onde exerce ou pratica, habitualmente, seus atos e negócios jurídicos" (Washington de 
Barros Monteiro). Para Orlando Gomes, "domicílio é o lugar onde a pessoa estabelece 
a sede principal de seus negócios (constitutio rerum et fortunarum), o ponto central 
das ocupações habituais". Em nosso Código Civil encontramos a indicação de qual 
seria, como regra geral, o domicílio da pessoa natural (note-se que o Código não 
fornece um conceito de domicílio): 
Art. 70. O domicílio da pessoa natural é o lugar onde ela estabelece a sua residência 
com ânimo definitivo. 
Cumpre ressaltar que domicílio e residência podem ou não coincidir. A residência 
representa o lugar no qual alguém habita com intenção de ali permanecer, mesmo que 
dele se ausente por algum tempo. A chamada moradia ou habitação nada mais é do 
que o local onde o indivíduo permanece acidentalmente, por determinado lapso de 
tempo, sem o intuito de ficar (p. ex., quando alguém aluga uma casa para passar as 
férias). 
No conceito de domicílio estão presentes dois elementos: um subjetivo e outro 
objetivo. O elemento objetivo é a caracterização externa do domicílio, isto é, a 
residência. O elemento subjetivo é aquele de ordem interna, representado pelo ânimo 
de ali permanecer. Logo, domicílio compreende a idéia de residência somada com a 
vontade de se estabelecer permanentemente num local determinado. 
Importância do domicílio 
É de interesse do próprio Estado que o indivíduo permaneça em determinado local no 
qual possa ser encontrado, para que assim seja possível se estabelecer uma 
fiscalização quanto as suas obrigações fiscais, políticas, militares e policiais. No 
campo do Direito Internacional Privado, é o domicílio, na maioria das legislações, que 
irá solucionar a questão sobre qual lei deve ser aplicada ao caso concreto. O 
domicílio, como salientou Roberto Grassi Neto, "tem especial importância para a 
determinação da lei aplicável a cada situação, para determinação do lugar onde se 
devem celebrar negócios e atos da pessoa, e onde deve ela exercer direitos, propor 
ação judicial e responder pelas obrigações". 
Pluralidade de domicílios e domicílio incerto 
É perfeitamente possível que uma pessoa possua mais de um domicílio, residindo em 
um local e mantendo, por exemplo, escritório ou consultório em outro endereço. A 
pluralidade de domicílios é disciplinada nos arts. 71 e 72, do Código Civil: 
Art. 71. Se, porém, a pessoa natural tiver diversas residências, onde, alternadamente, 
viva, considerar-se-á domicílio seu qualquer delas. 
Art. 72. É também domicílio da pessoa natural, quanto às relações concernentes à 
profissão, o lugar onde esta é exercida. 
Parágrafo único. Se a pessoa exercitar profissão em lugares diversos, cada um deles 
constituirá domicílio para as relações que lhe corresponderem. 
Há também casos de pessoas que vivem de passagem por vários locais, como os 
circenses, sendo que o Código Civil estabelece, para tanto, a seguinte solução: 
Art. 73. Ter-se-á por domicílio da pessoa natural, que não tenha residência habitual, o 
lugar onde for encontrada. (grifo nosso). 
Tal regra aplica-se também em relação às pessoas que têm vida errante, como 
ambulantes, vagabundos, pessoas desprovidas de moradia etc. 
Mudança de domicílio 
De acordo com Pablo Stolze Gagliano, opera-se a mudança de domicílio com a 
transferência da residência aliada à intenção manifesta de o alterar. A prova da 
intenção resulta do que declarar a pessoa às municipalidades do lugar que deixa, e 
para onde vai, ou, se tais declarações não fizerem, da própria mudança, com as 
circunstâncias que a determinaram (art. 74, CC). A mudança de domicílio, depois de 
ajuizada a ação, nenhuma influência tem sobre a competência do foro (art. 87, CPC). 
Fixação do foro competente 
Quanto às ações sobre direitos reais de bens móveis ou sobre direitos pessoais, 
manda o art. 94, caput, CPC, que o réu seja acionado em seu domicílio. Quanto aos 
imóveis, é competente o foro da situação da coisa. Pode o autor, entretanto, optar pelo 
foro do domicílio ou de eleição, não recaindo o litígio sobre direito de propriedade, 
vizinhança, servidão, posse, divisão e demarcação de terras e nunciação de obra nova 
(art. 95, CPC). No caso do réu possuir mais de um domicílio, pelo que se verifica do 
art. 94, §1º, CPC, o réu será demandado em qualquer um deles. Se o domicílio for 
incerto, o réu será demandado no local em que for encontrado ou no domicílio do autor 
(art. 94, §2º, CPC). 
Caso não possua residência no Brasil, o réu responderá perante o foro do autor ou em 
qualquer foro se este residir fora do país (art. 94, §3º, CPC). Existem, porém, regras 
especiais para fixação do foro competente, como a seguir demonstramos: 
Em se tratando de ação de reparação de danos, cabe o domicílio do autor ou local do 
fato (art. 100, parágrafo único, CPC). 
Se estivermos diante de ação de divórcio, o foro competente é o do domicílio da 
mulher (art. 100, I, CPC). As ações sobre alimentos devem ser ajuizadas no foro onde 
se verifica o domicílio do alimentando (art. 100, II, CPC). 
Para propositura de ação de anulação de títulos, o foro será o do devedor (art. 100, III, 
CPC). 
E, finalmente, o inventário, no qual não se sabe qual o domicílio do de cujus, terá 
como foro o da situação dos bens (art. 96, parágrafo único, I, CPC), e se o de cujus 
não tiver domicílio certo e os bens estiverem em diferentes lugares, a lei determina 
que o foro será o do local do óbito (art. 96, parágrafo único, II, CPC). 
Classificação do domicílio quanto à natureza 
a) Voluntário: decorre do ato de livre vontade do sujeito, que fixa residência em um 
determinado local, com ânimo definitivo. 
b) Legal ou Necessário: decorre da lei, em atenção à condição especial de 
determinadas pessoas. Assim, temos: (art. 76, CC) 
 domicílio do incapaz: é o do seu representante ou assistente; 
 domicílio do servidor público: é o lugar em que exerce permanentemente as 
suas funções; 
 domicílio do militar: é o lugar onde serve, e, sendo da Marinha ou da 
Aeronáutica, a sede do comando a que se encontra imediatamente 
subordinado; 
 domicílio do marítimo: é o lugar onde o navio estiver matriculado; 
 domicílio do preso: é o lugar em que cumpre a sentença. 
O agente diplomático do Brasil, que, citado no estrangeiro, alegar extraterritorialidade 
sem designar onde tem, no país, o seu domicílio, poderá ser demandado no Distrito 
Federal ou no último ponto do território brasileiro onde o teve (art. 77, CC). 
O domicílio necessário poderá ser originário ou legal. Será originário quando adquirido 
ao nascer, como ocorre com o recém-nascido que adquire o domicílio dos pais. O 
domicílio legal é aquele que decorre, como o próprio nome já acusa, de imposição da 
lei. É o caso dos menores incapazes, que têm por domicílio o de seus representantes 
legais (art. 76, CC). O domicílio do menor acompanha o domicílio dos pais, sempre 
que estes mudarem o seu. Ocorrendo impedimento ou a falta do pai, o domicílio do 
menor será o da mãe. Se os pais forem divorciados, o menor terá por domicílio o 
daquele que detém o poder familiar. E no caso de menores sem pais ou tutor, sob 
cuidados de terceiros? Levar-se-á em consideração o domicílio desses terceiros. E se 
não existirem tais terceiros? Deverá ser levado em conta o domicílio real. 
Quanto ao militar, se em serviço ativo, consiste o domicílio no lugar onde estiver 
servindo. Caso esteja prestando serviço à Marinha, terá por domicílio a sede da 
estação naval ou do emprego em terra que estiver exercendo.Em se tratando da 
marinha mercante (encarregada do transporte de mercadorias e passageiros), seus 
oficiais e tripulantes terão por domicílio o lugar onde estiver matriculado o navio. 
O preso também está sujeito ao domicílio legal, no local onde cumpre a sentença. Se 
o preso ainda não tiver sido condenado, seu domicílio será o voluntário. 
c) de Eleição: decorre do ajuste entre as partes de um contrato (art. 78, CC e art. 111, 
CPC). A eleição de foro só pode ser invocada nas relações jurídicas em que prevaleça 
o princípio da igualdade dos contratantes e de sua correspondente autonomia de 
vontade (arts. 51, IV, CDC e 9º, CLT). 
Domicílio da Pessoa Jurídica 
As pessoas jurídicas de direito público interno possuem domicílio especificado em lei: 
art. 75, do CC, art. 99 do CPC, e art. 109, §§ 1º e 2º da CF/88. 
O domicílio da pessoa jurídica de direito privado é o lugar onde funcionarem as 
respectivas diretorias e administrações, isto quando os seus estatutos não constarem 
eleição de domicílio especial. O parágrafo 1º do mesmo artigo estabelece que se 
houver mais de um estabelecimento relativo a mesma pessoa jurídica, em lugares 
diferentes, cada qual será considerado domicílio para os atos nele praticados. Caso a 
pessoa jurídica só tenha sede no estrangeiro, em se tratando de obrigação contraída 
por agência sua, levar-se-á em consideração o estabelecimento, no Brasil, a que ela 
corresponda, como emana do parágrafo 2º do já citado art. 75, CC. Dispõe a Súmula 
363, do STF: "A pessoa jurídica de direito privado pode ser demandada no domicílio 
da agência, ou do estabelecimento, em que se praticou o ato". 
O Código de Processo Civil, em seu art. 88, I e parágrafo único, também disciplina a 
matéria, dispondo: 
"Art. 88. É competente a autoridade judiciária brasileira quando: 
I - o réu, qualquer que seja sua nacionalidade, estiver domiciliado no Brasil; 
Parágrafo único. Para o fim do disposto no n° I, reputa-se domiciliada no Brasil a 
pessoa jurídica estrangeira que aqui tiver agência, filial ou sucursal". 
Bibliografia 
1. VENOSA, Silvio de Salvo. Direito Civil. 6ª ed., Vol. 1, São Paulo: Atlas, 2006. 
2. DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro. Volume 1, 18° ed. São Paulo: 
Saraiva, 2002. 
3. MONTEIRO, Washington de Barros. Curso de Direito Civil, Parte Geral. vol. 1, 31ª 
ed., São Paulo: Saraiva, 1994. 
4. GAGLIANO E FILHO, Pablo Stolze e Rodolfo Pamplona. Novo Curso de Direito 
Civil – Parte Geral. São Paulo, Saraiva, 2002.

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