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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CÁLCULO II - PROJETO NEWTON AULA 17 Assunto: Funções Implícitas, Teorema das Funções Implícitas Palavras-chaves: funções, funções implícitas, derivação implícita Funções implícitas Consideremos a equação x2 + y2 = 1 Observemos que os pontos do R2 que satisfazem essa equação constituem a circunferência de centro na origem e raio 1. Se isolarmos y na equação anterios, obteremos: y2 = 1− x2 ⇒ y = ± √ 1− x2 Assim, temos y = √ 1− x2 ou y = − √ 1− x2 Diremos que as funções f(x) = √ 1− x2 e g(x) = −√1− x2 estão definidas implicitamente pela equação x2 + y2 = 1. Os gráficos das funções f(x) e g(x) são mostrados a seguir A equação x2 + y2 = 1 pode ser posta na forma x2 + y2 − 1 = 0 e as funções f(x) e g(x) satisfazem x2 + (f(x))2 − 1 = x2 + ( √ 1− x2)2 − 1 = 0 x2 + (g(x))2 − 1 = x2 + ( √ 1− x2)2 − 1 = 0 No que fizemos acima consideramos x como variável independente, mas não há nada na equação x2 = y2 = 1 que indique que tinha que ser assim. Portanto, podemos considerar y como variável independente e escrevermos x em função de y. x2 = 1− y2 ⇒ x = ± √ 1− y2 Portanto x = √ 1− y2 ou x = − √ 1− y2 Diremos então que as funções ϕ(y) = √ 1− y2 e ψ(y) = − √ 1− y2 estãod efinidas implicitamente pela equação x2 = y2 = 1 (ou x2 = y2 − 1 = 0). Temos que: ϕ(y)2 + y2 − 1 = 0, quad e ψ(y)2 + y2 − 1 = 0 Se não mudarmos as posições dos eixos x e y do plano cartesiano, os gráficos das funções ϕ e ψ são as seguintes Consideramos agora o caso geral. Observemos inicialmente que toda equação nas variáveis x e y pode ser escrita na forma F (x, y) = 0, em que F é uma função de duas variáveis. Diremos que uma equação F (x, y) = 0 define implicitamente y como função de x se existe uma funlçaõ y = f(x) que satisfaz F (x, f(x)) = 0, para todo x ∈ Df . Neste caso, diremos também que a função f(x) está definida implicitamente pela equação F (x, y) = 0. Diremos ainda que a equação F (x, y) = 0 define implicitamente cx como função de y se existe uma função x = ϕ(y) que satisfaz F (ϕ(y), y) = 0. Também diremos neste caso que a função ϕ(y) está bem definida implicitamente pela equação F (x, y) = 0. Observamos que uma mesma equação pode definir implicitamente várias funções. Voltemos ao caso da função y = √ 1− x2, que está definida implicitamente que equação x2 + y2 = 1. A derivada dy dx dessa função pode ser calculada por dois processos. 1◦ Processo: Calculamos diretamente a derivada de y usando a expressão y = √ 1− x2. dy dx = 1 2 √ 1− x2 .(−2x) = − x√ 1− x2 2◦ Processo: 2 Derivamos os dois membros da equação x2 = y2 = 1, levando-see em conta que y está em função de x. d dx (x2 + y2) = d dx (1) 2x+ 2y dy dx = 0 dy dx = −x y Dizemos que dy dx está expressa em termos de x e y. Se substituirmos y por √ 1− x2, obteremos dy dx = − x√ 1− x2 As derivadas das outras funções implicitamente por x2 + y2 = 1 também podem ser calculadas por esses processos. Há situações nas quais são conseguimos obter a expressão explícita de y como função de x. Quando isso acontece não podemos calcular a derivada dy dx pelo primeiro processo. É o caso, por exemplo, da equação y + y3 + sin(x+ y) = 0 Conforme veremos adiante, essa equação define implicitamente y como função de x, mas não é possível isolar o y em termos de x. Em todo caso, podemos aplicar o 2◦ processo do exemplo anterios para calcularmos dy dx . d dx (y + y3 + sin(x+ y)) = d dx (0) y′ + 3y2y′ + [cos(x+ y)].(1 + y′) = 0 y′ + 3y2y′ + cos(x+ y) + y′ cos(x+ y) = 0 y′(1 + 3y2 + cos(x+ y)) = − cos(x+ y) y′ = − cos(x+ y) 1 + 3y2 + cos(x+ y) ou, usando a notação de Leibniz, dy dx = − cos(x+ y) 1 + 3y2 + cos(x+ y) No caso geral, se a função y = f(x) está definida implicitamente pela equação F (x, y) = 0, então F (x, f(x)) = 0. Aplicando a regra da cadeia, para calcularmos a derivada de ambos os membros dessa equação, obtemos 3 d dx (F (x, f(x))) = d dx (0) ∂ ∂x F (x, f(x)). dx dx + ∂ ∂y F (x, f(x)). dy dx = 0 ∂ ∂x F (x, f(x)) + ∂ ∂y F (x, f(x)). dy dx = 0 Portanto dy dx = − ∂ ∂x F (x, f(x)) ∂ ∂y F (x, f(x)) Estamos supondo que ∂ ∂y F (x, f(x)) 6= 0. Lembrando que f(x) = y, podemos escrever essa fórmula como dy dx = − ∂ ∂x F (x, y) ∂ ∂y F (x, y) O que nos dá uma maneira de expressar dy dx em termos de x e y. Consideremos agora o caso em que a equação F (x, y) = 0 define implicitamente x como função de y, isto é, x = ϕ(y) e F (ϕ(y), y) = 0.Assim teremos d dy (F (ϕ(y), y)) = d dy (0) ∂ ∂x (F (ϕ(y), y)) dx dy + ∂ ∂y (F (ϕ(y), y)) dy dy = 0 Supondo que ∂ ∂x (F (ϕ(y), y)) dx dy 6= 0, temos: dx dy = − ∂ ∂y F (ϕ(y), y) ∂ ∂x F (ϕ(y), y) Como ϕ(y) = x, podemos escrever da forma dx dy = − ∂ ∂y F (x, y) ∂ ∂x F (x, y) 4 Exemplo 1 Sabendo que a equação dada define implicitamente y como função de x e também define implici- tamente x como função de y, use as fórmulas anteriores para expressar dy dx e dx dy em termos de x e y. 1. x2 + y2 = 1 Neste caso escrevemos x2 + y2 − 1 = 0 e F (x, y) = x2 + y2 − 1 Portanto dy dx = − ∂ ∂x F (x, y) ∂ ∂y F (x, y) = −2x 2y = −x y dx dy = − ∂ ∂y F (x, y) ∂ ∂x F (x, y) = −2y 2x = −y x 2. y + y3 + sin(x+ y) = 0 Escrevemos F (x, y) = y + y3 + sin(x+ y) Logo dy dx = − ∂ ∂x F (x, y) ∂ ∂y F (x, y) = − cos(x+ y) 1 + 3y2 + cos(x+ y) dx dy = − ∂ ∂y F (x, y) ∂ ∂x F (x, y) = −1 + 3y 2 + cos(x+ y) cos(x+ y) Ao aplicarmos esses processos devemos tomar cuidado com o significado das notações dy dx , dx dy , ∂F ∂x e ∂F ∂y . Por exemplo 1. d dx y3 = 3y2y′ 2. ∂ ∂x y3 = 0 3. ∂ ∂y y3 = 3y2 5 Existem equações que não definem implicitamente nenhuma função. é o caso, por exemplo, da equação x2 + y2 = −1 Essa equação não define implicitamente nenhuma função, pois não existe uma expressão y = f(x) que substituída no lugar de y que produzirá −1, visto que o primeiro membro da equação é sempre negativo. Observamos que, neste caso, podemos calcular pelo 2◦ processo dy dx , mas essa derivada não tem razão de haver, pois a função não existe. A seguir temos mais duas equações que não definem implicitamente nenhuma função. Exemplo 2 Mostre que a equação dada não define implicitamente nenhuma função 1. x2 x2 + y2 + sin(x+ y) = 3 Temos que ∣∣∣∣∣ x2x2 + y2 + sin(x+ y) ∣∣∣∣∣ ≤ ∣∣∣∣∣ x2x2 + y2 ∣∣∣∣∣+ | sin(x+ y)| ≤ 1 + 1 = 2 Portanto, o máximo que a soma de x2 x2 + y2 com sin(x+ y) pode atingir é 2. Logo sempre teremos x2 x2 + y2 + sin(x+ y) 6= 3 2. xy = x2 + y2 O único pra (x, y) que é satisfeito por essa equação é o par (0, 0), pois se existisse y 6= 0(ou x 6= 0) tal que xy = x2 + y2, teríamos xy x2 + y2 = 1, mas sabemos que ∣∣∣∣∣ xyx2 + y2 ∣∣∣∣∣ ≤ 12 Outro Processo: Se existissem x e y ambos não nulos tais que xy = x2 + y2 então xy > 0. Logo, ou x ou y são positivos ou são negativos. Temos que 6 x2 − xy + y2 = 0⇒ x2 − 2xy + y2 = −xy ⇒ (x− y)2 = −xy O que é uma contradição, pois o primeiro membro é positivo e o segundo é negativo. Neste ponto, devemos superar estas duas questões: • Quando uma equação F (x, y) = 0 define implicitamente funções (y = f(x) ou x = ϕ(y))? • Se F (x, y) = 0 define implicitamente funções, quando tais funções são diferenciáveis? As respostas para essas perguntas devem ser provenientes da própria equação e tasi respostas são fornecidas pelo teorema das funções implícitas. Teorema1 (Teorema das funções implícitas. Caso F (x, y) = 0) Sejam F (x, y) uma função definida em um conjunto aberto A e (x0, y0) ∈ A. Se 1. F (x, y) é de classe C1 em A, 2. F (x0, y0) = 0 e 3. ∂F ∂y (x0, y0) 6= 0, então existem intervalos abertos I e J com x0 ∈ I e y0 ∈ J e uma função diferenciável f : I → J que satisfaz F (x, f(x)) = 0, para todo x ∈ I e f ′(x) = − ∂F ∂x (x, f(x)) ∂F ∂y (x, f(x)) Se no teorema anterior substituirmos a terceira hipótese por ∂F ∂x (x0, y0) 6= 0, concluiremos que existirão intervalos abertos I e J com x0 ∈ I e y0 ∈ J e uma função ϕ : J → I diferenciável que satisfaz F (ϕ(y), y) = 0, para todo y ∈ J e ϕ′(y) = − ∂F ∂y (ϕ(y), y) ∂F ∂x (ϕ(y), y) Exemplo 3 Mostre que a equação dada define implicitamente y como função de x e que tal função é diferen- ciável. Além disso, expresse dy dx em termos de x e y 1. y + y3 + sin(x+ y) = 0 Escrevemos F (x, y) = y + y3 + sin(x+ y) 7 Assim teremos ∂F ∂x (x, y) = cos(x+ y) ∂F ∂y (x, y) = 1 + 3y2 + cos(x+ y) Portanto F (x, y) é de classe C1 em R2. Temos também que F (0, 0) = 0 e ∂F ∂y (0, 0) = 1 6= 0 Portanto, a equação define implicitamente uma função diferenciável y = f(x) 2. x4 + 2xy + y5 = 11 Escrevemos F (x, y) = x4 + 2xy + y5 − 11 Logo ∂F ∂x (x, y) = 4x3 + 2y ∂F ∂y (x, y) = 2y + 5y4 Portanto F (x, y) é de classe C1 em R2.E também que: F (2,−1) = 24 + 2.2.(−1) + (−1)5 − 11 = 16− 4− 1− 11 = 0 e ∂F ∂y (2,−1) = 2.(−1) + 5.(−1)4 = −2 + 5 = 3 6= 0 Portanto essa função define implicitamente uma função diferenciável y = f(x) e dy dx = − ∂F ∂x (x, y) ∂F ∂y (x, y) = −4x 3 + 2y 2y + 5y4 8
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