Buscar

Desenvolvimento Humano 03

Esta é uma pré-visualização de arquivo. Entre para ver o arquivo original

Programa de Educação 
Continuada a Distância 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Curso de 
PSICOMOTRICIDADE E 
DESENVOLVIMENTO HUMANO
 
 
 
 
 
Aluno: 
 
 
 
 
EAD - Educação a Distância 
 Parceria entre Portal Educação e Sites Associados 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
139 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Curso de 
PSICOMOTRICIDADE E 
DESENVOLVIMENTO HUMANO
 
 
 
 
MÓDULO III 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para 
este Programa de Educação Continuada, é proibida qualquer forma de comercialização do 
mesmo. Os créditos do conteúdo aqui contido são dados aos seus respectivos autores 
descritos na bibliografia consultada.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
140 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores
 
MÓDULO III 
 
 
SUMÁRIO 
 Pg.
III. Introdução ao Desenvolvimento Humano na Segunda, 
Terceira Infância e Adolescência 
4
13 Desenvolvimento Humano na Segunda e Terceira Infância 4
13.1 Desenvolvimento Físico: Crescimento e Mudanças 
Fisiológicas 
5
13.2 Desenvolvimento Cognitivo: memória, linguagem, inteligência, 
pensamento 
15
13.3 O Brincar na Segunda e Terceira Infância 21
13.4 Desenvolvimento Psicossocial: Relações com o EU, o outro, o 
meio ambiente 
23
14 Desenvolvimento Humano na Adolescência 26
14.1 Etapas da Transformação: a puberdade 27
14.2 Fenômenos psicológicos, físicos e sociais da adolescência 28
14.3 Aspectos da Maturação Cognitiva 32
14.4 Aspectos Educacionais 33
14.5 Sexualidade 34
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 37
GLOSSÁRIO 39
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
141 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores
 
III. Introdução ao Desenvolvimento Humano na segunda, terceira infância e 
adolescência 
 No terceiro módulo da apostila didática sobre Psicomotricidade e 
Desenvolvimento Humano, veremos os aspectos físicos, cognitivos, psicossociais, 
simbólicos, lúdicos e de gênero no desenvolvimento e aprendizagem de crianças na 
segunda e terceira infância, ou seja, entre os três e dez anos de idade. Estes estágios da 
infância se caracterizam como um período de grandes transformações psicológicas e 
afetivas, influenciando sensivelmente na formação da personalidade da criança. Época de 
ampliação de suas relações sociais, onde outrora era formada apenas por seus familiares 
diretos. 
 A partir do convívio com ambientes pré-escolares e escolares entre outros grupos 
sociais que venha a participar, a criança passa a estabelecer novas regras de 
comportamento e conduta com outrem, com crianças de diferentes gêneros (sexo), 
desenvolvendo auto-regulação psicológica e formando sua identidade psíquica. 
 Veremos também as transformações físicas, psicológicas, comportamentais 
decorrentes do período do desenvolvimento humano que se denomina adolescência. Esta 
se configura a segunda etapa do desenvolvimento humano em que mais fenômenos 
fisiológicos e psicossociais ocorrem, definindo-se como estágio de grande transição da 
vida humana. 
 
13 Desenvolvimento Humano na Segunda e Terceira Infância 
 
 Seguiremos nosso estudo sobre os ciclos da vida humana e seu 
desenvolvimento, lembrando que no módulo anterior (módulo dois), tratamos do 
desenvolvimento inicial do ser humano desde sua concepção até os três anos de idade, 
ou seja, até o final da primeira infância. 
 A primeira infância caracteriza-se por ser uma fase de grandes descobertas e 
movimento exploratório da criança, de seu próprio corpo e de suas próprias sensações 
em relação ao meio que lhe cerca; assim configura-se como fase egocêntrica, conforme 
Piaget (1970, 1978) e Ajuriaguerra (1980), existindo também uma necessidade de 
expansão e fantasia, ou seja, do jogo simbólico no brincar. 
 
 
 
 
 
142 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores
 
 No módulo três trataremos dos fenômenos físicos, psicológicos, sócio-emocionais 
decorrentes entre os três e seis anos de idade da criança (segunda infância), nos quais se 
desenvolvem o crescimento físico, a expressão emocional e os processos mentais 
superiores que Vygotskii (2001) denomina como pensamento, percepção, memória e 
atenção. Nesta fase existe, de forma visível, uma euforia em vivenciar tudo que a criança 
consiga ter acesso, permitindo-se toda experiência que o adulto não a impeça de 
experimentar, sem juízo de julgamento do que é nocivo à sua própria existência, embora 
não se encontre totalmente desligada da realidade objetiva. Desse modo, a criança é um 
ser observador e como declara Montessori (1949), é “mente absorvente”, reproduzindo 
tudo que vê, conforme a sua própria ótica no ambiente social do qual faz parte. 
 A terceira infância, que ocorre entre os sete e dez anos de idade, é caracterizada 
pelo interesse na interação com outras pessoas e por ser uma fase em que a escola se 
constitui como espaço vital de desenvolvimento e aprendizagem. Estágio em que a 
criança busca e espera encontrar respostas para inúmeras perguntas (idade dos 
porquês), estando envolvida no processo de auto-socialização, autocrítica, desejo de 
independência, conhecimento de seu próprio corpo, esquema corporal, ritmo, 
simbolização e movimento. 
 Dessa forma, descreveremos a seguir o desenvolvimento físico e seus aspectos 
fisiológicos referentes à segunda e terceira infância. 
 
13.1 Desenvolvimento Físico: Crescimento e Mudanças Fisiológicas 
 
 Durante a segunda infância as crianças gastam muita energia em suas 
atividades, portanto e geralmente, tornam-se mais compridas e magras. Seu gasto 
calórico não é igual ao de um adulto, pois seu “motor energético” não é somente a glicose 
como combustível de queima calórica, mas também, a fosfatocreatina (molécula 
energética que se concentra no músculo esquelético e que possibilita a atividade 
anaeróbica do indivíduo), responsável pela atividade física de curta duração (GUEDES; 
BARBANTI, 1995). Isto explica a grande energia que as crianças dessa faixa etária 
empregam em suas brincadeiras, sendo de alta intensidade e pouco tempo ou duração. 
Assim após o período de grande correria e pulos, elas ficam por um pequeno tempo, 
 
 
 
 
 
143 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores
 
paradas em algum lugar a observar as outras crianças que brincam (é seu período 
fisiológico de recuperação energética). 
 
 
 FONTE: www.photografos.com.br/galeria.asp 
 
 Na segunda infância, a partir dos três anos, as estruturas físicas da criança 
deixam de ser tão arredondadas, os músculos começam a se alongar de acordo com o 
crescimento dos membros superiores (braços, antebraços e mãos) e membros inferiores 
(coxas, pernas e pés), os músculos abdominais também se alongam tornando a barriga 
menos protuberante, o tórax fica mais comprido. A cabeça ainda é ligeiramente grande 
em relação ao resto do corpo, contudo o corpo vai tomando uma medida proporcional e 
mais próxima à estética do adulto (PAPALIA; OLDS, 2000). 
 Os meninos sempre
apresentam uma estatura ligeiramente aumentada em 
relação às meninas, entretanto este é um fator que depende muito de influências 
hereditárias, de descendência étnica, da atividade física que a criança desenvolve, de sua 
alimentação entre outros estímulos. 
 Ainda quanto ao gênero (sexo), existem muitas transformações que começam a 
se acelerar nesta fase a cerca do crescimento e desenvolvimento físico como: peso 
corporal, o dos meninos é ligeiramente maior que das meninas, sendo que o peso dos 
meninos normalmente refere-se à constituição muscular e o das meninas, deve-se ao 
tecido adiposo. Mas ambos os sexos irão crescer em média cerca de 5 a 7,5cm e ganhar 
1,8 a 2,7 kg durante todo o período da segunda infância (PAPALIA; OLDS, 2000). E esse 
crescimento evolui progressivamente tornando as crianças mais fortes, por que as 
 
 
 
 
 
144 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores
 
cartilagens ósseas vão se transformando em ossos em um movimento mais acelerado do 
que na primeira infância. 
 
 
 
 
 FONTE: www.photografos.com.br/galeria.asp 
 
 A dentição infantil está completa ao iniciar a fase da segunda infância, com todos 
os dentes de leite ou deciduais (primeira dentição) e ao se aproximar os seis anos de 
idade, os dentes permanentes começam a se preparar para substituir os de leite. Para 
que esse processo ocorra de forma saudável, é necessário que os responsáveis pela 
alimentação da criança tenham certos cuidados importantes no balanceamento de sua 
dieta como: oferecer alimentos nutritivos a base de proteínas (dois copos de leite, 
proteína animal – bovina magra, aves, peixes, ovos, queijo), de vitamina A (cenoura, 
espinafre, gema do ovo), de vitamina C (frutas cítricas, tomate e vegetais em folhas), de 
cálcio que é essencial ao desenvolvimento ósseo (laticínios, brócolis e salmão) e de 
minerais (que são encontrados em nozes, amêndoas, castanhas, frutos de diversas 
cores). 
 Além do desenvolvimento ósseo e dentário, a nutrição é vital para o 
desenvolvimento global da pessoa, de todo o sistema nervoso, circulatório, tecidual e 
funcionamento correto dos órgãos digestivos. Para tanto, os alimentos são classificados 
em construtores (leite, feijão, peixe, queijo, ovos, carne e frango), energéticos 
(carboidratos, glicídios ou açúcares, ou seja, destinados a gerar calorias quando 
 
 
 
 
 
145 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores
 
queimados pelo organismo principalmente para a atividade física) e os reguladores, que 
são as frutas, verduras, legumes e fibras. 
 Estabelecemos, assim, que os alimentos ricos em proteínas constroem o 
organismo, enquanto as gorduras e carboidratos são os combustíveis, fontes de calor e 
energia; além da importante função das fibras encontradas nas frutas, verduras e cereais, 
ao regular e equilibrar o todo o sistema digestivo. Para uma alimentação saudável é 
preciso equilibrar em uma mesma refeição (figura A) a proporção energética de 60% de 
carboidratos, 30% de gorduras (vegetais preferencialmente) e os restantes 10%, em 
proteínas, além de muita água que é fundamental contra a desidratação infantil (FAGIOLI; 
NASSER, 2006). 
 
 Figura A 
 
 FONTE: arquivo pedagógico (PINTO, 2002) 
 
 
 Durante a segunda infância as crianças realizam grandes progressos em relação 
às habilidades psicomotoras (coordenação motora ampla e fina ou praxias, equilíbrio, 
lateralidade, esquema corporal, tonicidade, noção de corpo, estrutura espaço-temporal)1. 
 No final do segundo ano de vida da criança (primeira infância), os jogos de 
imitação são extremamente relevantes para o desenvolvimento da função de ajustamento, 
o que significa a passagem do “ensaio-erro” ao mecanismo de consciência por insight, 
que Piaget (1970) chama de “interiorização de esquemas”, pelo qual ele não diferencia 
representação mental de uma praxia (ato motor com fim determinado). Já na segunda 
infância, essa função de ajustamento referida torna-se cada vez mais percebida pela 
 
1 Todas as habilidades já foram estudadas no módulo 1 como fatores psicomotores. 
 
 
 
 
 
146 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores
 
criança mediante a tomada de consciência sobre seus próprios movimentos exploratórios 
(TUBELO, 2004). 
 Na verdade, existe um jogo entre o ato motor e o ato mental que origina uma 
acomodação. A criança põe em jogo os esquemas que já conhece (as vivências que já 
tem) para a assimilação da nova experiência, o que provoca novas praxias. 
Exemplificando, pensemos em uma criança de três anos quicando uma bola. Seus 
movimentos são muito amplos, o que a leva a perder o controle da bola. Com a 
insistência do exercício exploratório, a criança interioriza suas percepções sobre o 
fenômeno, assimila e acomoda seu corpo e seus gestos à conduta necessária para que 
consiga controlar a bola e seu movimento, ajusta sua postura corporal e seus gestos em 
relação ao seu próprio corpo, ao objeto e ao chão. Dessa forma, seus movimentos 
diminuem em amplitude e seu corpo, em relação ao objeto, toma atitudes quanto à noção 
espaço-temporal e rítmica necessária para a execução da atividade. 
 Foto de arquivo pedagógico (PINTO, 2002) 
 
 
Todo esse crescimento em desempenho psicomotor é motivado pelo desejo de 
independência dos outros, testando suas possibilidades e limitações. A criança 
desenvolve cuidados pessoais com seu corpo e demonstra função simbólica quando imita 
condutas cotidianas dos adultos e outras crianças que com ela convivem. 
Le Boulch (1982) define que a função simbólica não é uma função psicomotora, 
mas ela tem suas raízes na atividade sensório-motora, pelo que está estreitamente ligada 
ao desenvolvimento psicomotor. Assim se denomina pela capacidade de usar símbolos 
ou representações mentais (palavras, números, imagens) atribuindo um significado. 
Simbolizar as coisas auxilia a criança a pensar sobre elas, determinar qualidades, 
identificar, conversar sobre as coisas sem que estas estejam presentes fisicamente. É o 
pensamento simbólico surgindo de forma consciente e possibilitando a entrada da criança 
 
 
 
 
 
147 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores
 
no universo do estágio pré-operacional de Piaget (1970), que é o período em que surgem 
as funções simbólicas e a linguagem falada lingüística. 
 
 
 FONTE: arquivo de fotos Brinquedoteca “Brincando se aprende”, podem ser 
 encontradas em www.abrinquedoteca.com.br 
 
 Se a criança não tiver bem definidas e significadas as noções espaço-temporais, 
de lateralização e de esquema corporal, não compreenderá razões e proporções no 
ensino das ciências lógico-matemáticas na segunda infância, assim como volumes e 
formas para as crianças mais jovens. 
 O conteúdo que abordamos até agora trata do limiar que existe entre o 
movimento e o pensamento infantil. Assim, vamos parar e refletir sobre este assunto. 
Vimos que a criança é movimento, ou seja, o significado da palavra criança é: ação de 
criar (origem
grega). Portanto, o ser infantil é dotado de muita energia, produzindo a 
capacidade de estar sempre em movimento exploratório. A criança dificilmente se detém 
por mais de 20 a 30 minutos em uma atividade única, trocando rapidamente para outra 
que lhe desperta interesse ou inventando variações da mesma brincadeira. 
 Toda essa ação criativa e exploratória faz parte do que chamamos anteriormente 
de função simbólica, pois a criança vivencia a experiência através de seu sistema 
psicomotor e sensorial (sentidos - olfato, audição, visão, gustação, tato). Vivenciando a 
ação, ela imagina, fantasia e representa simbolicamente essa ação, reproduzindo também 
outras ações vivenciadas e observadas por ela no seu meio social e este fenômeno 
denomina-se pensamento simbólico, que trata-se da primeira forma de pensamento 
humano durante seu desenvolvimento. Por isso Henri Wallon define que o ato motor e o 
ato mental são indissociáveis, acontecendo simultaneamente. 
 
 
 
 
 
148 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores
 
 Lembrando o conteúdo do primeiro módulo, o ser humano considerado normal, 
sente um estímulo através de seus sentidos (visão, audição, olfato, gustação, tato) e 
percebe, fazendo relação com vivências prévias gravadas em sua memória (processa a 
experiência), reconhece se o estímulo já é conhecido ou assimila fazendo associações 
com seu conhecimento anterior; finalmente transforma em ação motora e executa. 
 A criança na segunda infância, então, passa por todo esse processo 
constantemente, executando o que referimos anteriormente como ajustamentos e 
acomodação. Ao executar uma ação, ela experimenta atitudes, realiza tomada de 
consciência sobre sua ação e promove ajustamentos para desenvolver uma melhoria em 
sua performance e por último, realiza uma acomodação de sua conduta na atividade 
(interiorização de esquemas). Mas ao repetir o exercício múltiplas vezes na intenção de 
atingir o melhor desempenho, este processo se repetirá inúmeras vezes. 
 A criança coloca em teste suas próprias habilidades constantemente, mostrando 
que possui uma curiosidade quase científica sobre a capacidade e as habilidades de seu 
próprio corpo – é o verdadeiro ser a se descobrir e explorar o potencial existente em sua 
máquina criadora e fisiologicamente complexa. A este fenômeno é que Piaget (1970) 
chamou de passagem do “ensaio-erro” ao mecanismo de consciência por insight e que foi 
mencionado anteriormente. Ou seja, a criança no estágio da segunda infância (pré-
operacional) torna-se muito mais sofisticada em uso do pensamento simbólico, entretanto 
não possui ainda capacidade de pensar logicamente sobre as coisas. Seu raciocínio é 
rápido e responde aos estímulos, mas dentro de sua perspectiva e visão sobre as coisas. 
O pensamento lógico e próximo do raciocínio considerado adequado ao universo adulto 
somente surgirá na terceira infância (em torno dos 9, 10 anos) quando entrará no estágio 
das operações concretas de Piaget. 
 
 
 
 
 
 
149 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores
 
 
 FONTE: www.sxc.hu/photo/213226 (galeria pública) 
 
 A terceira infância (6 a 10 anos) é fase do desenvolvimento humano também 
chamado por muitos de “anos escolares”, onde todas as competências começam a se 
desenvolver de uma forma mais refinada em todos os aspectos. Ao mesmo tempo, o 
corpo cresce numa velocidade vertiginosa, a qual põe em teste todas as habilidades 
físicas constantemente, pois, quando a criança conseguiu alcançar um estágio 
satisfatório, seus membros inferiores (coxas, pernas e pés) e superiores (braços, 
antebraços e mãos) tornam a crescer mais um pouco. Deste modo, as habilidades 
passam por constantes reajustes, tomadas de consciência e acomodação da nova 
aprendizagem. 
 Durante este estágio, o comportamento social também sofre alterações, 
começam pelos interesses físicos em jogos mais esportivos e menos recreativos, pela 
interação com crianças de outro gênero (sexo). Fisicamente, tornam-se crianças mais 
altas e esbeltas, mais próximas da estética adulta. Nesta fase do desenvolvimento 
humano, as crianças crescem em média de 2,5 a 7,6cm por ano e ganham cerca de 2,2 a 
3,6 kg (dados de medida estatística padrão e não conforme comportamento cultural de 
um determinado local ou país). No final da terceira infância (10 a 12 anos), acontece um 
surto de crescimento, fazendo com que as meninas ganhem em torno de 4,5 kg por ano, 
tornando-as mais altas e pesadas que os meninos, aparentemente. Algumas, por força da 
hereditariedade, iniciam precocemente sua transformação corporal devido ao advento da 
primeira menstruação, ocasionando grandes mudanças hormonais, aumentando o tecido 
 
 
 
 
 
150 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores
 
adiposo e modificando sua silhueta que lhe tornará mais feminina e parecida com o corpo 
de mulher adulta. 
 Os meninos, por volta dos 12 e 13 anos, começam a se tornar mais altos e 
robustos que as meninas. Nesta fase as taxas de crescimento e peso entre meninos e 
meninas variam muito, pois dependem de inúmeros fatores já citados como, genética, 
etnia, fatores culturais, comportamentais, nutrição, atividade física. A alimentação deve 
respeitar as normas e dieta anteriormente citada, mas a ingesta diária deve tornar-se 
maior, com uma média diária de 2.400 calorias conforme o tipo de gasto energético que a 
criança possui. Se ela for sedentária, sua dieta pode ser reduzida para 2.000 calorias 
(FAGIOLI; NASSER, 2006). 
 Os dentes de leite são substituídos pelos permanentes como já foi referido, no 
início da terceira infância (em torno dos seis anos de idade) e esse processo acontece 
com uma troca de aproximadamente quatro dentes por ano, durante os cinco anos que se 
seguem da seguinte forma (WAES, 2002): 
 Primeiros molares – em torno do seis anos e não precede a perda de dentes de leite, 
pois ocupa um espaço vazio na alçada dentária (servem para moer os alimentos); 
 Segundos molares – por volta dos doze anos; 
 Incisivos centrais e laterais inferiores – rompem entre os seis e sete anos (servem 
para cortar os alimentos); 
 Incisivos centrais e laterais superiores – em torno dos oito anos; 
 Primeiros pré-molares e caninos inferiores – por volta dos dez anos (pré-molares 
servem para triturar a alimentação e caninos, rasgam o alimento); 
 Segundos pré-molares e caninos superiores – em torno dos onze anos; 
 Terceiros molares (dentes do siso) – por volta dos dezessete a vinte anos e são 
dentes com tendências a desaparecer com a evolução do ser humano assim como o 
órgão apêndice do sistema digestivo. 
 Portanto, de vinte dentes na primeira dentição (dentes deciduais ou de leite), o 
indivíduo passa a ter trinta e dois dentes após a troca completa para dentes permanentes. 
É necessário cuidar muito bem da higiene oral e dentária durante a primeira dentição para 
que não prejudiquem a troca e formação dos dentes permanentes. 
 
 
 
 
 
 
151 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores
 
 INCISIVOS CANINOS PRÉ-MOLARES MOLARES 
 
 Fonte: WAES (2002) 
 
 O desenvolvimento psicomotor da criança no período na terceira infância é
aprimorado a cada novo exercício que pratica. O brincar físico está muito presente na 
atividade psicomotora, pois gostam de pular fingindo que são Tarzan ou Homem-aranha, 
correm e disputam corridas como se fossem atletas ou brincam de faz-de-conta. São 
capazes de pular em pequenos quadrados e manter o equilíbrio em um pé apenas; as 
meninas possuem melhor precisão nos movimentos e os meninos se destacam em 
atividades que exigem força. Sua capacidade visomotora (coordenação olho-mão, olho-
pé) cresce, uma vez que desenvolvem atividades com bola com grande freqüência 
(futebol, peteca, jogos de raquete, handebol, nylcon, etc.). 
 Esta é a época das operações concretas segundo Piaget (1970), ou seja, são 
capazes de usar o raciocínio lógico para resolver problemas reais, elaborando hipóteses e 
compreendendo o processo de reversibilidade nas operações matemáticas (sabem 
formular o resultado de um problema e possuem consciência do que gerou a solução); 
tornam-se capazes de realizar julgamentos morais e escolher situações que lhe parecem 
mais adequadas às suas necessidades. É também na terceira infância que aparece a 
capacidade de reconhecer uma relação entre dois objetos conhecendo-se o 
relacionamento entre cada um deles e um terceiro (inferência transitiva). Exemplo: 
 Comparar A > B e B > C para concluir que A > C), conforme pode ser observado 
abaixo. 
 
 A = 23 B = 12 
C = 11 
 
 
 
 
 
 
152 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores
 
 
 
 
 
(23 > 12), (12 > 11) logo (23 > 11) 
Relação ou Seriação através de inferência transitiva com material dourado. 
 
 Esta capacidade trará ao desenvolvimento cognitivo da criança um grande 
avanço e possibilitará a compreensão da aritmética que, consequentemente irá influenciar 
na noção espaço-temporal e na forma de calcular a distância entre os objetos 
intuitivamente, ou seja, ao lançar um objeto com intenção de acertar uma lata, a criança 
conseguirá racionalizar a distância entre os objetos e a força necessária para atingir o 
objeto por inferência transitiva. Isto acontece por que, novamente lembrando Henri 
Wallon, o ato motor é indissociável do ato mental, dessa forma, à medida que a criança 
adquire capacidades mais aprimoradas de raciocínio, seus movimentos serão, 
consequentemente, melhorados não somente pela execução do exercício, mas também, 
pela tomada de consciência e reflexão sobre o mesmo. 
 
13.2 Desenvolvimento Cognitivo: memória, linguagem, inteligência e pensamento 
 
 Vamos retornar a segunda infância, período em que acontece o estágio pré-
operacional de Piaget, e relembrar que é uma época de importantes realizações 
cognitivas. Período em que surgem as funções simbólicas e a linguagem falada lingüística 
dotada de sentido (semântica) e sintaxe (estrutura da palavra) já referida a priori. A 
criança se percebe capaz de comunicações mais complexas, como pedir para uma outra 
pessoa que lhe alcance um objeto de seu desejo, utilizando recursos gestuais e verbais 
associados. Contudo, é também uma fase de muitas limitações, pois as crianças desta 
fase ainda carregam o egocentrismo e, assim, não estão ainda aptos a elaborar hipóteses 
sobre determinada situação. Dessa forma, elas concentram-se em apenas um lado do 
problema (chamado de centração por Piaget), construindo soluções ilógicas para a 
questão por não visualizarem outros aspectos da mesma. 
 
 
 
 
 
153 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores
 
 Outro fator limitante é a irreversibilidade, ou seja, a incapacidade de 
compreensão de que uma operação pode ter dois ou mais sentidos (adição é contrária à 
subtração, assim, um processo inverso um do outro, por exemplo). Isso faz com que a 
lógica não aconteça em seu pensamento: exemplificando, muitas vezes ocorre à criança 
uma preocupação com a cicatrização de um corte na pele, pois teme que este não feche, 
ou seja, não compreende que a pele possui (tecido epitelial) um mecanismo de 
cicatrização de uma lesão (corte, ralado) enquanto organismo vivo. 
 Deve ser citada aqui, igualmente, a incompreensão a cerca do que é real e o que 
é aparência, pois o pensamento da criança está atrelado ao que “pensa que vê”, que é 
puramente simbólico, criativo ou é fruto de vivências emocionalmente memorizadas como 
ruins ou boas (PIAGET, 1978). 
 Exemplificando: a criança observa a sombra de um gato na parede e fica com 
medo por pensar que esse gato é um animal enorme, provavelmente da dimensão de sua 
sombra. Essa percepção é totalmente simbólica e isenta de julgamento lógico, 
necessitando de orientação do adulto a respeito do que a criança vê e o que realmente é. 
O adulto deve mostrar que sua própria sombra dobra de tamanho quando seu corpo está 
na frente de uma determinada distância da luz, refletindo a sombra do corpo. E a forma 
como se explica uma situação deve ser a mais concreta e simplificada possível (de 
preferência palpável). 
 
 
 FONTE: arquivo pedagógico (PINTO, 2002) 
 
 A inteligência da criança de 3 a 6 anos está diretamente interligada e relacionada 
às suas vivências corporais, a imagem de corpo que vai construindo e sua relação com o 
meio que habita e interage. O jogo simbólico acompanha essa fase na descoberta de sua 
própria identidade e organização do EU, auxiliando a estabelecer uma relação entre a 
 
 
 
 
 
154 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores
 
criança e a realidade, traduzida pela preocupação de imitar, o mais exatamente possível, 
a realidade. (LE BOULCH, 1982). 
 Então, torna-se claro a presença do brincar na construção do conhecimento, da 
identidade, do pensamento e de outros tantos fatores que implicam na inteligência do ser 
humano em desenvolvimento. E aqui se faz necessário lembrar o que Vigotsky já definia, 
em sua teoria do desenvolvimento da inteligência: o conhecimento é construído 
socialmente, no âmbito das relações humanas. 
 A criança nasce dotada apenas de funções psicológicas elementares, como os 
reflexos e a atenção involuntária, presentes em todos os animais mais desenvolvidos. 
Com o aprendizado cultural, entretanto, parte dessas funções básicas transformam-se em 
FUNÇÕES PSICOLÓGICAS SUPERIORES sendo elas: a percepção, a atenção, a 
memória e o pensamento. 
 A evolução intelectual é caracterizada por saltos qualitativos de um nível de 
conhecimento para outro. A fim de explicar esse processo, Vigotsky (1998) desenvolveu o 
conceito de ZONA DE DESENVOLVIMENTO PROXIMAL, sendo esta a zona que separa 
a pessoa de um desenvolvimento que está próximo, mas ainda não foi alcançado. Ela é, 
então, a distância entre o nível de desenvolvimento real, que costuma ser gerada 
mediante a solução independente de problemas, e o nível de desenvolvimento potencial, 
determinado por meio da solução de problemas sob a orientação de um adulto ou em 
cooperação com companheiros mais habilitados (VIGOTSKY, 1998). 
 A zona de desenvolvimento proximal nos permite delinear o futuro imediato da 
criança e seu estado dinâmico de desenvolvimento, propiciando o acesso não somente ao 
que já foi atingido através do desenvolvimento, como também aquilo que está em 
processo de maturação, ou seja, até onde podemos estimulá-la e o que podemos
conseguir de seu desempenho cognitivo. 
 
 
 
 
 
155 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores
 
 
 FONTE: arquivo pedagógico (PINTO, 2002) 
 
 Quanto à memória, Maria Montessori (1949) refere que somos capazes de 
lembrar apenas os acontecimentos que nos ocorrem após os três anos de idade, ou seja, 
normalmente não recordamos de situações vividas com dois anos ou anterior a essa 
idade, exceto aquelas que nos foram profundamente marcantes. Papalia e Olds (2000) 
também levantam esta questão explicando que a memória, antes dos três anos de idade, 
é uma memória de curta duração e sem consciência de tempo e lugar, esse fenômeno é 
chamado de amnésia infantil. 
 Piaget (1970) e outros estudiosos do assunto sustentam que nos primeiros anos 
de vida, as primeiras experiências não são completamente armazenadas na memória. Isto 
provavelmente aconteça por que a criança, ser em formação, não consiga codificar as 
informações e construir significados. Como já dizia René Spitz (1978), a criança em tenra 
idade percebe sensações de prazer e de desprazer para sua sobrevivência no mundo, 
assim, vivências de sofrimento ou de extrema alegria parecem ser memorizadas com 
mais freqüência e lembradas por crianças de segunda, terceira infância e algumas vezes 
já na fase adulta. 
 Na segunda infância as crianças normalmente lembram de coisas que lhes foram 
marcantes por que a memória ainda parece ser de curta duração. Contudo existe uma 
memória implícita, que codifica informações produzindo mudança comportamental sem 
que haja recordação intencional ou lembrança consciente, ou seja, são lembranças de 
coisas que a criança fazia quando era menor (como movimentos observados e imitados 
por ela), por exemplo, imitar o pai dirigindo o carro. No futuro, durante pesquisas 
realizadas, estas recordações apresentaram significados. 
 
 
 
 
 
156 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores
 
 Uma criança com seis anos diz: “Quando eu tinha dois anos pegava qualquer 
coisa redonda e fazia-de-conta que dirigia o carro do meu pai”. Existe ainda uma 
memória consciente chamada de memória explícita ou intencional (lembrança de fatos, 
eventos, nomes). 
 Numerosas pesquisas realizadas sobre processos de memória dão sustentação à 
hipótese sócio-histórica de que eles estariam apoiados na vida social e real das pessoas, 
como ocorrem com todas as demais funções psicológicas superiores. Assim, as relações 
sociais que a criança mantém com seu meio e os estímulos que recebe do mesmo 
influenciam na construção de signos que desencadearão significados às lembranças. Na 
perspectiva vygotskiana, a utilização de marcas como ajudas mnemônicas (códigos, 
símbolos, gestos) faz com que a operação de memória vá além das dimensões biológicas 
do Sistema Nervoso Humano, permitindo a incorporação dos estímulos artificiais e 
culturalmente gerados que são os signos. 
 Por isso a criança da terceira infância, isto é, que já se encontra em fase de 
escolarização possui uma memória mais eficaz no que diz respeito aos testes de memória 
que frequentemente os pesquisadores realizam. Por que ela já se encontra em profundo 
contato com o mundo dos signos (escritos, numéricos, geométricos, gestuais, verbais e 
não-verbais). 
 Daí, então, pensemos na linguagem e em sua trajetória durante o início do 
desenvolvimento humano. Primeiro vem a linguagem não-verbal (o diálogo-tônico com a 
mãe), depois a linguagem receptiva ou compreensiva (aquela pela qual o bebê 
compreende a informação mas não sabe responder da mesma forma); somente então, 
aos dois anos, a criança inicia sua linguagem expressiva ou falada (sempre acompanhada 
dos gestos). 
 Na fase pré-escolar (segunda infância), a criança inicia seu contato com a 
linguagem gráfica (os desenhos e rabiscos) e a linguagem escrita (letras e números), 
sendo esta formada de um conjunto de dois signos concordes: um sonoro e outro gráfico 
e, durante esta fase, a linguagem interior ainda é presente. Lembrando o módulo 2 desta 
apostila didática, a linguagem interior é aquela fala egocêntrica que a criança apresenta 
na primeira infância, onde ela verbaliza seus pensamentos. 
 
 
 
 
 
157 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores
 
 Na terceira infância, quando seu contato com os signos já foi internalizado, a 
criança já internalizou a linguagem interior, ou seja, ela pensa e pode ainda sussurrar 
para si mesmo uma resposta às suas questões, ou soltar um suspiro prazeroso ao 
encontrar a resposta. Nesta fase as crianças desenvolvem uma compreensão cada vez 
mais complexa da sintaxe (estrutura da palavra, frases e textos). Os erros de linguagem 
nesta faixa etária (entre os seis e dez anos) frequentemente estão associados a 
dificuldades de metacomunicação, ou seja, de compreensão das formas de comunicação 
(instrução) expressadas pelo outro. Esse conhecimento de como ocorre a comunicação 
aumenta a partir da terceira infância. Ex: uma criança de dez anos consegue interpretar 
melhor o que uma de cinco anos está expressando para explicar para outras também de 
pouca idade. 
 
 
 FONTE: arquivo pedagógico (PINTO, 2002) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
158 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores
 
13.3 O Brincar na Segunda e Terceira Infância 
 
 Como já foi dito anteriormente (módulo dois), o brincar é um processo de 
desenvolvimento e aprendizagem do ser humano, ou seja, um processo de educação, 
existindo várias formas do brincar, segundo pesquisadores; o brincar físico, cognitivo, 
social, egocêntrico, terapêutico, intelectual, entre outros. 
 O brincar está presente na vida da criança desde o início de sua vida extra-
uterina, quando ela manipula sua mão e brinca com ela, depois passa a brincar com tudo 
que se encontra próximo dela. Brinca com sua mãe, resmungando coisas e esperando 
respostas às suas provocações. Na primeira infância brinca com as possibilidades 
motoras de seu corpo, explorando espaço, limites e na segunda infância o brincar social 
surge como a grande oportunidade de conhecer o universo que se apresenta fora do seu 
núcleo familiar. 
 Na pré-escola, o brincar deve ser o principal instrumento pedagógico a ser 
utilizado pela professora para a aquisição de conhecimento formal da criança. Ele deve 
estar presente em todas as ações e interações professor-aluno, aluno-aluno, entretanto, 
não é o que acontece frequentemente. As escolas possuem um tempo e espaço 
determinado para o brincar: a hora do recreio, a pracinha, a brinquedoteca. Esta, então, 
deveria nos temos atuais, ser um espaço obrigatório em todas as escolas de educação 
infantil e séries iniciais. 
Com a implantação da lei dos nove anos de Ensino Fundamental nas escolas 
brasileiras, a exigência de que o ano de pré-alfabetização seja administrado de forma que 
a linguagem infantil seja respeitada tornou-se uma preocupação maior ainda quanto ao 
espaço físico do brincar. Montessori (1949) contribui de forma importante, ela nos mostrou 
que o universo infantil necessita de espaço próprio, respeitando o tamanho da criança e 
suas necessidades de busca da independência. Quanto ao conteúdo formal
da escrita, 
ela refere que os aspectos motores da escrita podem ser de fato, acoplados com o 
brinquedo infantil e que o escrever pode ser “cultivado” ao invés de “imposto”. Ela oferece 
uma abordagem motivante para o desenvolvimento da escrita. 
Da mesma forma que as crianças aprendem falar, elas podem muito bem aprender 
a ler e a escrever. Métodos naturais de ensino da leitura e da escrita, implicam operações 
 
 
 
 
 
159 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores
 
apropriadas sobre o meio ambiente das crianças. Elas devem sentir a necessidade do ler 
e escrever no seu brinquedo. Vigotsky (2001) defende que a escola deveria se preocupar 
em desenvolver a linguagem escrita e não a escrita das letras. Assim, mediante o brincar 
as crianças vão construindo seus próprios conceitos e absorvendo a cultura da leitura, 
escrita entre outras formas de linguagem implícitas neste processo. 
Na terceira infância, as crianças estão cada mais inseridas em grupos sociais, 
contudo o brincar permanece presente no seu contexto social de forma mais esportiva e 
competitiva. Na sala de aula é importante a presença de jogos no processo pedagógico, 
pois é um grande fator motivacional na construção de novos conhecimentos. Os valores 
sociais e morais são facilmente compreendidos e principalmente, construídos pela própria 
criança através de jogos a atividades lúdicas. 
As representações sociais e simbólicas são referências de que a criança reproduz 
modelos sociais, onde elas internalizam conceitos e transformam em suas próprias 
concepções do que é certo ou errado no mundo adulto. O brincar infantil representa a 
mais profunda forma de pensamento do ser humano (WINNICOTT, 1982). É nesta etapa 
de vida que se desenvolve a base do pensamento lógico, da auto-identificação cultural, do 
EU, do papel social, da comunicação com outrem e com o grupo a que se faz parte, a 
segurança. É onde se resolve os conflitos internos, onde os questionamentos são 
respondidos, onde as inabilidades transformam-se em habilidades. 
 
 
 FONTE: arquivo pedagógico (PINTO, 2002) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
160 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores
 
13.4 Desenvolvimento Psicossocial: Relações com o EU, o outro e o meio 
ambiente 
 O autoconceito ou o “quem somos” parte de nossa auto-imagem. Para isso, 
estudos de Ajuriaguerra e Le Boulch nos mostram que, desde que nascemos, buscamos 
a formação deste autoconceito através da imagem de corpo que temos. 
 Na etapa, que vai do zero aos três anos de idade, o bebê compreende a 
expressão do corpo em sua totalidade, as sensações exteriores ao seu corpo são 
recebidas através do contato afetivo-corporal-cinestésico com sua mãe, constituindo o 
primeiro núcleo de organização do EU, este é o período que Ajuriaguerra (1980) chama 
de corpo vivido. 
 Próximo aos três anos, a criança descobre sua imagem no espelho que, a 
princípio, aparece como objeto estranho, liberando seu corpo imaginário ou imagens 
fantasmas (frutos da sua relação com o ambiente, que têm caráter emocional e que ficam 
armazenados no inconsciente). Aos poucos, a criança toma contato com o espelho, 
associando seus movimentos aos do objeto que o reflete e, assim, chega à descoberta 
rudimentar de seu próprio corpo como objeto, inicia-se, então, o período denominado de 
corpo percebido (na segunda infância). É o estágio da estruturação perceptiva do corpo 
que compreende o processo de organização do esquema corporal a partir da 
compreensão de que seu próprio corpo é um objeto que interage com outras pessoas, 
com os objetos e com o meio ambiente. 
 
 
 FONTE: arquivo pedagógico (PINTO, 2002) 
 
 A criança, aos poucos, vai tomando consciência de seu corpo orientado pela 
dimensão de espaço e tempo, o que a leva a perceber que sua geometria lhe permite 
estender no espaço os eixos de seu corpo, servindo-lhe de eixos de coordenadas para o 
acesso ao espaço euclidiano (orientação de seu corpo em relação aos objetos), esta 
 
 
 
 
 
161 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores
 
percepção ocorre no período próximo à terceira infância. Esta evolução lhe permitirá 
explorar equilíbrio, dimensões verticais e horizontais lhe dando orientação do que é 
abaixo de seu corpo, acima, adiante, atrás, ao lado. Aí a criança estará apta à 
compreensão do que está a sua direita e a sua esquerda. Nesta fase, é necessária a 
existência de uma estável dominância lateral. 
 Ainda na terceira infância, entre os oito e doze anos, quando a criança está 
ingressando no processo de escolarização formal, surge a imagem de corpo 
representado. Ela dispõe de uma “imagem de corpo operatório” pela qual exerce suas 
ações tanto sobre o meio externo quanto sobre seu corpo como instrumento de interação 
entre seu mundo interno e o externo. 
 Suas funções cognitivas, contemporâneas da etapa de operações concretas, 
evoluirão de imagem corporal reprodutora para antecipadora, uma vez que sua 
disponibilidade já lhe permite ajustamentos motrizes à programação de modelos de 
pensamentos a partir da representação mental de ações, onde a função simbólica possui 
um papel fundamental entre a descoberta de sua própria identidade e organização do EU. 
 Por volta dos nove anos, os jogos simbólicos começam a dar lugar aos jogos de 
regras, que demonstram uma necessidade instintiva do homem, como dos outros animais, 
de criar regras de convívio social, leis de acomodação dos espaços. Na etapa do corpo 
representado, a criança possui uma noção consciente de seu corpo em relação aos 
objetos circundantes e a outrem, no entanto as funções de interiorização e de 
ajustamento não cessam, uma vez que as percepções corporais e espaciais estão 
sempre se gerando a cada nova vivência. 
 A evolução da disponibilidade corporal necessita, além da inteligência corporal, de 
um nível elevado de inteligência operatória e esta se desenvolve durante o período de 
escolarização formal. Assim, as relações com o meio e com os outros vão se modificando 
à medida que a criança desenvolve autoconceito e evolui na percepção de sua própria 
imagem. 
As relações interpessoais não saudáveis, como aquelas dotadas de 
comportamento agressivo são frutos de uma auto-imagem destorcida, marcada por 
vivências também compostas de agressões, medos, perturbações, refletindo assim em 
uma inter-relação com o meio repleta de conflitos (SCHILDER, 1994). 
 
 
 
 
 
162 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores
 
Le Boulch (1982) considera o período que vai do zero aos doze anos, o período de 
construção da personalidade e da consciência corporal, parte mais importante de todo o 
desenvolvimento humano. 
 
 Um bebê de seis meses e um menino de doze anos 
 
 FONTE: imagem de arquivo familiar (www.samuelzinho.multiply.com) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
163 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores
 
14 Desenvolvimento
Humano na Adolescência 
 
 Como já foi referida anteriormente, a puberdade e adolescência caracterizam-se 
por ser o segundo período de grandes alterações físicas, psíquicas e sociais do ser 
humano. Esta etapa do desenvolvimento humano compreende quase uma década da vida 
do indivíduo, meninos ou meninas (entre 12, 13 aos 20 anos aproximadamente), 
dependendo, para cada um de fatores ambientais, genéticos, étnicos, entre outros 
(PAPALIA; OLDS, 2000). 
 Por exemplo, uma menina de oito anos de repente tem sua primeira menarca 
enquanto brincava de andar de skate com seu primo da mesma idade. O que acontece a 
partir desse momento? A menina foi bem orientada pela mãe sobre o que é menstruação? 
O que será que passa pelos pensamentos de uma menina que brincava de boneca até 
agora e de uma hora para outra menstrua pela primeira vez? Ouve-se, frequentemente, 
em diálogos entre mães e filhas: “Filha, um dia você vai menstruar como sua mãe, então, 
já será uma mocinha!”. 
 Com os meninos não é diferente, apesar de suas transformações não ocorrerem 
de forma tão visíveis como das meninas, eles passam por conflitos internos semelhantes, 
pois chega um determinado tempo em que não sabem se jogam bola com os meninos 
menores ou com os maiores. Alguns escolhem o prazer de dominar os menores, outros, 
escolhem a possibilidade de aprender com os maiores. 
 Neste momento, iniciamos nossos estudos a cerca desta etapa tão complexa da 
vida humana, suas modificações físicas e fisiológicas, emocionais, sociais, sexuais e 
educacionais. 
 
 FONTE: fotos gratuitas (www.sxc.hu/photo/807843) 
 
 
 
 
 
 
164 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores
 
14.1 Etapas da Transformação: a puberdade 
 
 O período da adolescência se inicia com a puberdade ou pubescência, que se 
caracteriza pelo processo de maturação sexual, ou seja, é uma fase de transição da vida 
humana entre a infância e a vida adulta na qual surgem e se desenvolvem os caracteres 
secundários sexuais, início da fertilidade, o estirão do crescimento, fechamento das 
extremidades ósseas o que determinará a estatura final do indivíduo. Todos estes 
fenômenos são causados pela alteração hormonal provocada nos meninos principalmente 
pela testosterona e nas meninas, pelo estrogênio. 
 Na menina, o aumento da produção hormonal, conforme Papalia e Olds (2000) 
provoca o aumento de tecido adiposo no corpo, tornando-o mais arredondado, o 
aparecimento do broto mamário que dará origem às mamas adultas, o surgimento de 
pêlos pubianos. No menino, os ombros ficam mais largos, o crescimento ósseo é mais 
forte que nas meninas, o que o torna um pouco “descoordenado” e com uma postura 
“fechada”, pois geralmente o menino deseja esconder seu tamanho, quando seu 
crescimento lhe parece repentino e constrangedor, uma vez que, psicologicamente, se 
sente ainda uma criança. 
 O processo da puberdade dura em média quatro anos para ambos os sexos, 
iniciando dois ou três anos mais cedo para as meninas em relação aos meninos. 
Normalmente pode acontecer para as meninas precocemente a partir dos oito anos de 
idade e tardiamente durante os treze ou quatorze anos. Para os meninos, normalmente se 
dá início com doze anos, contudo pode acontecer de forma precoce entre os nove e dez 
anos de idade; tardiamente ocorre por volta dos dezesseis anos. 
 O pubescente está sujeito a períodos de grandes conflitos psicológicos se não 
possuir atenção e orientação adequada de seus familiares ou ajuda profissional em casos 
especiais. A compreensão e o sentir-se seguro na família é de grande importância nesta 
fase da vida, porquanto, de um momento para o outro, a criança que existia passa a dar 
lugar a um pseudo-adulto. Pois se reconhece parecido com um adulto, mas possui 
consciência de que ainda não é. Referências sociais começam a ser observadas por esse 
adolescente, como a necessidade de inserir-se e fazer parte de um grupo social, onde se 
sinta protegido e identificado. 
 
 
 
 
 
165 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores
 
14.2 Fenômenos psicológicos, físicos e sociais da adolescência. 
 
 Na adolescência os fenômenos físicos acarretam as transformações psicológicas 
e sociais da pessoa, como ocorreu durante as etapas anteriores do desenvolvimento 
humano, uma vez que a imagem de corpo novamente se altera e de forma ainda mais 
dramática. 
 Os caracteres sexuais secundários, como já foram ditos, iniciam as 
transformações físicas quando a glândula pituitária (localizada na base do cérebro) envia 
informações para as glândulas sexuais, aumentando sua produção hormonal. Assim, 
além das transformações físicas anteriormente citadas em ambos os sexos, existem ainda 
para os meninos, alterações na voz tornando-se mais graves devido ao crescimento da 
laringe. Entretanto na puberdade, eles passam por um período em que a voz afina e 
engrossa repentinamente, sem que consigam controlar esse fenômeno; a textura da pele 
se modifica, perdendo aquela suavidade da pele de criança; desenvolvem-se 
muscularmente, a silhueta se torna mais triangular e alguns meninos apresentam a 
ginecomastia (aumento temporário dos seios) que permanece até aproximadamente os 
dezoito anos. 
 Mas o principal fator que determina a maturação sexual dos meninos é a 
produção de espermatozóides (célula reprodutora masculina), suas gônadas (testículos) 
crescem, assim como o pênis. Aparecem as ejaculações involuntárias noturnas de sêmen 
(poluções noturnas), geralmente provocados por sonhos eróticos ou masturbação 
(estimulação dos órgãos genitais). 
 Nas meninas, além dos seios, há o aumento de tamanho dos mamilos (aréola 
mamilar), bem como o aumento de tamanho dos quadris e genitais, mas a principal 
mudança e que evidencia a maturidade sexual é a primeira menarca ou menstruação 
(perda mensal de tecido do revestimento uterino), inicialmente, muito irregular. A 
menstruação pressupõe que a menina já é capaz de ovular e está pronta para conceber 
um filho. Contudo, não é bem assim que as coisas acontecem. É um período de 
maturação sexual, um processo contínuo e muito particular, onde a genética familiar, as 
condições de vida e saúde devem ser levadas em consideração. Uma menina pode levar 
alguns anos para que seu útero se torne maduro e possa engravidar. Muitos casos de 
 
 
 
 
 
166 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores
 
gravidez adolescente trazem riscos para a mãe e o bebê exatamente por causa destes 
fatores agora citados, além da situação em que a criança é concebida devendo ser 
sempre desejada e planejada. 
 Psicologicamente, os adolescentes desejam não aparecer ou se destacar perante 
seu grupo, dessa forma, eles prefeririam que suas transformações fisiológicas 
acontecessem ao mesmo tempo em que seu grupo social de relacionamento na escola. 
Quando isto não acontece, sentem-se amedrontados, confusos, perturbados; desejam se 
esconder, não falam muito na sala de aula, alguns passam por um período de depressão 
e isolamento. Normalmente esse quadro ocorre quando a criança entra na puberdade 
precocemente tornando-se maior e muito diferente fisicamente de seus colegas escolares; 
ou quando o processo de maturação sexual acontece muito tardiamente ao seu grupo 
social. 
 Por outro lado, existem aqueles adolescentes que, em seu comportamento, 
aparentam muita felicidade pela razão
da chegada deste período de grandes mudanças. 
São aqueles jovens cuja auto-estima está em alta, aproveitando todas as vantagens que 
esta época da vida humana pode lhes proporcionar. Parecem jovens bem orientados e 
extrovertidos, que aceitam sua imagem corporal de forma favorável, gostam de esportes e 
de atividades em grupos. 
 Contudo, o jovem adolescente preocupa-se muito com os padrões culturais, 
desejando estar adequado aos padrões estéticos de sua cultura e sociedade. Existem 
aqueles que, por motivos diversos, preferem tornar-se a antítese desses ditos padrões, 
inserindo-se socialmente em grupos que são vistos pela sociedade como personalidades 
rebeldes ou revoltadas com modelos pré-concebidos, a exemplo das tribos urbanas 
adolescentes: punks, góticos (darks), clubbers, mauricinhos (boys), patricinhas (patys), 
skaters, surfers, etc. São formadas por jovens que possuem as mesmas identificações 
sociais, gostos por vestuários, músicas, religião, partido político, etc. Possuem também 
uma linguagem própria que chamamos de gíria. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
167 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores
 
 Tribo de adolescentes com cabelo estilo Moicano e banda de música ao estilo Gótico 
 
 FONTE: imagem de arquivo pedagógico (PINTO, 2002) 
 
 Assim, até o momento, pudemos observar que o adolescente é um ser 
fortemente influenciável pela cultura e que valoriza a estética corporal, mesmo por que 
sua própria fisiologia trata de lembrá-lo a todo instante que ele é um ser em mutação. E é 
aí que reside um dos maiores perigos da adolescência, os modismos e os falsos padrões 
de estética. 
 Principalmente a menina está propensa a sucumbir aos apelos do modismo e da 
cultura quanto às preocupações com sua aparência corporal. A bulemia e a anorexia são 
transtornos alimentares muito comuns enfrentados por adolescentes nos tempos atuais. 
Com medo de parecerem gordas ou até mesmo obesas, as meninas se submetem a 
dietas radicais que em alguns casos torna-se uma obsessão causada por uma imagem 
corporal distorcida. A primeira patologia referida (bulemia) caracteriza-se por uma gula 
compulsiva, angústia por comer tudo que gosta e depois sentir uma culpa que leva a 
menina a provocar o vômito, expelindo o que comeu para se livrar da culpa. A segunda 
patologia (anorexia nervosa) decorre da distorção de auto-imagem, levando a adolescente 
a cumprir dietas de fome e a se observar no espelho, acreditando que continua gorda. As 
meninas que sofrem de anorexia chegam a pesar 85% menos do que o peso ideal para 
sua idade e estatura. Estes tipos de distúrbios necessitam de auxílio especializado, 
psicológico, clínico e nutricional, ressalta Fagioli e Nasser (2006). 
 
 
 
 
 
 
 
168 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores
 
 
 FONTE: arquivo pedagógico (PINTO, 2002) 
 
 Outro fenômeno comportamental que normalmente passa a ser patológico é o 
uso de drogas e álcool pelo adolescente. O jovem quer experimentar de tudo e com 
grande intensidade, por isso muitas vezes, sem possuir um julgamento moral e racional 
sobre seus atos, acaba por levar sua própria vida e de quem com ele convive, a riscos 
que podem ser fatais. É necessário que a adolescência seja compreendida como a época 
das grandes transformações que é. Deve ser acolhida pelos pais e orientada sem 
punição, mas com muito amor, pois o adolescente necessita ser amado e aceito num 
período em que ele mesmo passa por dificuldades quanto à auto-aceitação e auto-estima. 
 
 
 FONTE: arquivo pedagógico (PINTO, 2002) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
169 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores
 
14.3 Aspectos da Maturação Cognitiva 
 
 O corpo se transformou, deixando o aspecto infantil para se tornar um corpo 
jovem e semelhante ao corpo do adulto. Entretanto, o pensamento e as capacidades 
cognitivas também continuaram a se desenvolver, o estágio agora é das operações 
formais de Piaget (1970). É o nível mais alto do desenvolvimento cognitivo, quando são 
capazes de desenvolver pensamento abstrato e raciocínio-hipotético-dedutivo. Ou seja, 
pode desenvolver hipóteses, realizar testagem, imaginando possibilidades e eliminar as 
falsas para chegar à resposta verdadeira. O adolescente é plenamente capaz de 
questionar e resolver problemas, planejar uma carreira profissional, formular teorias e se 
emocionar com algo, mas mesmo assim manter-se lúcido para racionalizar logicamente 
um problema. 
 Contudo, existe um fator de imaturidade ainda presente no jovem adolescente, 
ligado às emoções, um grau de instabilidade emocional que interage com a pouca 
experiência no campo do pensamento abstrato levando-o a situações típicas do 
comportamento juvenil como (PAPALIA; OLDS, 2000): tendências a discutir com os mais 
velhos principalmente; dificuldade em tomada de decisões sobre coisas simples; 
autoconsciência de que seus julgamentos morais estão errados em relação ao julgamento 
adulto, contudo não volta atrás em sua conduta; suposição de invulnerabilidade, ou seja, 
o pensamento de que as coisas consideradas perigosas ou ruins somente acontecem 
com os outros, nunca com ele mesmo. 
 O respeito é o sentimento fundamental que possibilita a aquisição das noções 
morais. O respeito unilateral implica na desigualdade entre aquele que respeita e aquele 
que é respeitado. O respeito mútuo possibilita que os indivíduos considerem-se iguais e 
respeitem-se mutuamente. Este é o fator de dificuldade para o jovem que não construiu 
respeito por si mesmo, uma vez que não conseguirá realizar o mesmo pelo outro. 
 O julgamento moral nasce do respeito às regras sociais, que partem 
consequentemente de uma educação moral iniciada no núcleo familiar. O julgamento 
moral também parte do senso de justiça, segundo Lawrence Kohlberg apud Papalia e 
Olds (2000), que também tem introduzido seu conceito e aprendizado no seio da família 
 
 
 
 
 
170 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores
 
ou grupo no qual a criança se desenvolveu chegando à fase da adolescência definindo 
como referência. 
 
14.4 Aspectos Educacionais 
 
 A escola costuma ser o centro de organização e de relacionamentos 
interpessoais dos adolescentes. Nos dias de hoje, este tem sido um compromisso cada 
vez mais levado a sério pelo jovem, uma vez que representa oportunidades futuras e 
muitas vezes imediatas de profissionalização, emprego, independência e auto-
sustentabilidade. Entretanto, não esqueçamos que esta, a adolescência, é uma época de 
grandes transformações onde o foco de interesse muitas vezes muda de rumo. Sendo 
esta uma fase de grandes descobertas sexuais e de novos desejos, o estudo e 
responsabilidades com a educação formal podem passar para um plano secundário na 
vida de alguns adolescentes. 
 Apesar dessa consciência social sobre a importância da escolaridade para o 
futuro cidadão, existe ainda um número muito alto de evasão escolar nas séries finais do 
Ensino Fundamental e do Ensino Médio. Na busca por oportunidades imediatas no 
mercado de trabalho resultante de necessidades urgentes de sobrevivência, esses
jovens 
mergulham no mundo trabalhista sem preparo técnico para tal e sem vislumbrar futuro em 
suas carreiras, uma vez que a maioria das profissões exige Ensino Médio completo como 
qualificação e ascensão profissional, além de proporcionar uma remuneração muito baixa. 
 Dessa forma, a escola deve voltar seu olhar observador para a mudança 
comportamental evidente do adolescente, suas razões e necessidades e gerar uma 
linguagem de comunicação com o jovem na qual ele se sinta compreendido e envolvido. 
A educação deve ser direcionada aos interesses juvenis desde as séries finais do Ensino 
Fundamental até o final do Ensino Médio, buscando proporcionar atividades que venham 
ao encontro da vontade e da motivação do jovem e de suas necessidades futuras. 
 
 
 
 
 
 
171 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores
 
 
 FONTE: imagem pública (www.sxc.hu) 
 
 A escola deve se preocupar igualmente com a educação moral, ética e sexual 
desses jovens, bem como a orientação vocacional, procurando formar futuros adultos 
centrados e definidos em suas qualidades e atribuições profissionais, no intuito de auxiliar 
o progresso da sociedade do novo milênio. Lembrando Jacques Delors (2002) em seu 
relatório da Comissão Internacional de Educação para Século XXI formulado para a 
UNESCO, a educação em todos os seus planos, seja cognitivo, físico, psicossocial, 
afetivo, moral e ético deve priorizar os quatro pilares educacionais: aprender a ser, 
aprender a fazer, aprender a aprender e aprender a conviver em sociedade para que a 
humanidade realmente tenha futuro. 
 
14.5 Sexualidade 
 
 Estudaremos agora o componente mais complexo e o motor primário de todas as 
mudanças comportamentais, psicológicas, emocionais e sociais do adolescente. O corpo 
do jovem se transforma vertiginosamente e ele sente a flor da pele essas transformações 
que lhe provocam sensações com as quais ainda não sabe lidar. E para que saiba lidar, 
necessita de experiências e orientações. 
 Dentro de todo esse processo fisiológico, existe uma pergunta latente que 
perturba o jovem: Quem sou eu realmente e o que faço aqui? A busca de identidade e de 
identificação é algo que pulsa permanentemente durante o adolescer. Dar sentido e 
significado à sua existência, pensando no que lhe faz sentir-se vivo e produtivo dentro da 
sociedade da qual faz parte. Descobrir qual o conceito e julgamentos que as pessoas de 
seu meio de convivência fazem a seu respeito e seu próprio julgamento a cerca de si 
 
 
 
 
 
172 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores
 
mesmo. Isto tudo influenciará na forma como tratará de sua recém despertada vida 
sexual. 
 A origem etimológica da palavra adolescência tem a mesma raiz de adoecer, isso 
nos leva a idéia de mutação, desabrochar para uma nova vida, o indivíduo 
metaforicamente “adoece” para ressurgir como uma nova pessoa. Este fato de “adoecer” 
filosoficamente, nos dá entendimento para a compreensão sobre tantos conflitos 
interiores. 
 Essa nova vida carrega toda sua vivência prévia formada pelas três infâncias e 
suas experiências durante a vida intra-uterina, sua relação fraternal, maternal, paternal ou 
outras das quais fizeram parte de sua história social primária. Toda essa bagagem de 
vivências afetivas e informações marcantes influenciarão na personalidade já formada do 
jovem. Sua forma de interagir com o sexo oposto e com seus iguais de mesmo gênero 
sofrerá influencia da forma como aprendeu a se relacionar com as pessoas de mesmo 
sexo ou não. 
 Seus interesses sexuais também sofrerão influências da forma como construiu 
sua imagem de corpo e como desenvolveu o auto-respeito, o respeito pelo outro e a 
reciprocidade nas relações interpessoais; estando presente em qualquer relacionamento, 
sua relação intrapessoal, desenvolvida ao longo de sua própria formação. O outro será 
para o adolescente como um espelho refletindo sua auto-imagem, seus medos e seus 
receios se ele não trouxer bem resolvido em sua natureza, o que deseja realmente e 
assumir suas ações abertamente, apoiadas ou não pelos seus familiares. 
 Durante suas descobertas sexuais e identitárias, o jovem não pode esquecer ou 
deixar de ser orientado sobre os perigos dessas relações, das proteções e precauções 
necessárias contra as doenças sexualmente transmissíveis, contra a gravidez não 
planejada e não desejada, contra os preconceitos sociais a cerca do homossexualismo, 
as regras morais e as regras religiosas. A presença dos pais nesse momento de despertar 
é muito importante e necessária voltamos a ressaltar, evitando inúmeras conseqüências 
frequentemente observadas no dia-a-dia dos jornais e revistas como: adolescentes com 
AIDS, drogados, abortos mal sucedidos e filhos indesejados. 
 Cresce nas pesquisas sociológicas a incidência de avós que sustentam e educam 
netos, filhos de pais adolescentes. Então pensemos: como num mundo globalizado, 
 
 
 
 
 
173 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores
 
informatizado e informado, na qual se vê a notícia em tempo real em qualquer esquina; 
onde a criança, o jovem e o adulto têm acesso a qualquer informação que deseja... 
Pergunto: o que leva tantos adolescentes a realizarem sexo inseguro e conceber tantas 
crianças não planejadas? 
 Será a falta de orientação paterna? A desestruturação familiar? O descaso da 
sociedade? A miséria cultural? Mas este é um fenômeno que acontece tanto com 
adolescentes de baixa renda quanto na alta classe econômica. Podem ser questões de 
valores morais contemporâneos, ou um conjunto de fatores socioculturais, afetivos, 
psicológicos. Pesquisas sociológicas demonstram que em países desenvolvidos e no qual 
a educação e a saúde pública são vistas como prioridade políticas e sociais, os índices de 
adolescentes grávidas e doentes por contaminação sexual são muito altos tanto quanto o 
índice em paises subdesenvolvidos. 
 O aumento das doenças sexualmente transmissíveis e as altas taxas de gravidez 
na adolescência são considerados “preocupantes” na Grã-Bretanha, registrando o maior 
número de adolescentes grávidas e de casos de jovens com doenças sexualmente 
transmissíveis da Europa. Segundo o estudo, que recebeu fundos do Ministério de Saúde 
Bretão, os jovens estão “definindo seu estilo de vida pelo uso de drogas e álcool”, 
encorajados pela chamada "cultura das celebridades" (BBC Brasil, 15 de junho/2007). 
 O que se revela em estudos do comportamento transgressor adolescente vem ao 
encontro das teorias de Piaget e Kohlberg a cerca do julgamento moral e da suposição de 
invulnerabilidade referida a priori. O adolescente não avalia as conseqüências possíveis 
de seus atos antes de fazê-los, acreditando que coisas ruins nunca acontecerão com 
eles. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
174 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
AJURIAGUERRA, J. Manual de psiquiatria infantil. São Paulo: Mason, 1980. 
DELORS, Jacques et alii. Educação: um tesouro a descobrir. SP: Edit. Cortez, 2002. 
FAGIOLI, Daniela; NASSER, Adnan. Educação nutricional na infância e adolescência. 
São Paulo: Editora Metha, 2006. 
GUEDES, D. P.; BARBANTI, V. J. Desempenho motor em crianças e adolescente.
LURIA, Alexander R. Pensamento e linguagem: últimas conferências de Luria. Porto 
Alegre: Artes Médicas, 1986. 
MONTESSORI, Maria. Mentes absorventes. Rio de Janeiro: Nórdica, 1949. 
NEGRINE, Airton da S. O corpo na educação infantil. Caxias do Sul: EDUCS, 2002. 
PAPALIA, Diane E.; OLDS, Sally W. Desenvolvimento Humano. Porto Alegre: Artes 
Médicas Sul, 2000. 
PIAGET, Jean. A construção do real na criança. Rio de Janeiro: Zahar, 1970. 
_____. A formação do símbolo na criança: imitação, jogo, sonho, imagens e 
representação. Rio de Janeiro: Zahar, 1978. 
PINTO, Liana C.R. Arquivo Pedagógico e polígrafos da Disciplina de Psicomotricidade e 
Desenvolvimento Humano do Curso de Especialização em Psicopedagogia Clínica e 
Institucional do IES – FASB, BA, 2002. 
Revista Paulista de Educação Física. São Paulo, v. 9, n. 1, 1995. LE BOULCH, Jean O 
desenvolvimento psicomotor: do nascimento aos seis anos. Porto Alegre: Artes 
Médicas, 1982. 
SCHILDER, Paul. Sociologia de la imagen corporal. In: Imagen y aparencia del cuerpo 
humano. México: Paidos Mexicana, 1994. p. 185-242. 
SPITZ, René Aspard. O não e o sim: a gênese da comunicação humana. São Paulo: 
Martins Fontes, 1978. 
TEIXEIRA, J. Mente, cérebro, cognição. Petrópolis, RJ: Vozes, 2000. 
TUBELO, Liana Cristina Pinto. Psicocinética e brincar: construção do vocabulário 
lingüístico, escrito e psicomotor da criança. 2004. 218p. Dissertação (Mestrado em 
 
 
 
 
 
175 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores
 
Educação) - Faculdade de Educação, Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do 
Sul, Porto Alegre. 
VYGOTSKY, Lev. S. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 1998. 
____. Aprendizagem e desenvolvimento intelectual na idade escolar In: VIGOTSKII, Lev 
Semenovich; LURIA, Alexander Romanovich; LEONTIEV, Alexis N. Linguagem, 
desenvolvimento e aprendizagem. São Paulo: Ícone, 2001, Cap.6, p.103-117. 
WAES, Hubertus J. M. Van e cols. Odontopediatria: atlas colorido. Porto Alegre: Artmed, 
2002. 
WINNICOTT, D. W. Realidad y juego. Buenos Aires: Gedisa, 1982. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
176 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores
 
GLOSSÁRIO 
 
ATO COGNITIVO 
É uma ação efetiva no domínio do qual se espera uma resposta, utilizando da plasticidade 
cerebral e do sentir e perceber (gnosias) para planificar e executar a ação (praxia). 
FONTE: Teixeira (2000). 
 
GASTO ENERGÉTICO 
Corresponde às necessidades energéticas diárias de um indivíduo, expresso em Kcal 
(kilocalorias). Ele varia segundo a idade, peso, altura e nível de atividade física e 
considera a presença ou não de alguma doença, e varia também em situações 
fisiológicas como na gravidez e lactação. 
FONTE: FAGIOLI, 2006. 
 
DESENVOLVIMENTO REAL 
É determinado por aquilo que a criança é capaz de fazer sozinha porque já tem um 
conhecimento consolidado. Se a criança domina a adição, por exemplo, esse é um nível 
de desenvolvimento real. FONTE: Vigotsky (1998). 
 
DESENVOLVIMENTO POTENCIAL 
 É determinado por aquilo que a criança ainda não domina, mas é capaz de realizar com 
auxílio de alguém mais experiente. Por exemplo, uma multiplicação simples, quando ela já 
sabe somar. FONTE: Vigotsky (1998). 
DOMINÂNCIA LATERAL 
Refere-se ao espaço interno do indivíduo, capacitando-o a utilizar um lado do corpo com 
maior desembaraço do que o outro, seja em atividades que requeiram força ou agilidade. 
Uma criança cuja lateralidade não é bem definida, não percebe a diferença entre seu lado 
dominante e o outro, possui dificuldades de discriminação visual por apresentar 
problemas de noção espacial, não nota a diferença entre esquerda e direita e, muitas 
 
 
 
 
 
177 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores
 
vezes, é incapaz de seguir a direção gráfica (leitura começando pela esquerda). FONTE: 
NEGRINE (2002). 
ESTÁGIOS PSICOLÓGICOS DE JEAN PIAGET 
Piaget desenvolveu seus estudos construindo e organizando o desenvolvimento 
psicológico do ser humano em quatro estágios: 
 Estágio sensório-motor: de zero a aproximadamente 18 ou 24 meses; se chama 
sensório-motor, pois o bebê adquire o conhecimento por meio de suas próprias ações que 
são controladas por informações sensoriais imediatas. 
 Estágio pré-operacional: que coincide com a fase pré-escolar e vai dos dois anos 
de idade até os seis. Nesse período, as características observáveis mais importantes são: 
inteligência simbólica; o pensamento egocênctrico, intuitivo e mágico; a centração 
(apenas um aspecto de determinada situação é considerado); a confusão entre aparência 
e realidade; a noção de irreversibilidade; o raciocínio transdutivo (aplicação de uma 
mesma explicação a situações parecidas); a característica do animismo (parecida a seres 
inanimados). 
 Estágio operacional-concreto: de cerca de 7 até aproximadamente 11/12 anos; a 
criança começa a lidar com conceitos abstratos como os números e relacionamentos. 
Esse estágio é caracterizado por uma lógica interna consistente e pela habilidade de 
solucionar problemas concretos. Por volta dos 7 anos, o equilíbrio entre a assimilação e a 
acomodação torna-se mais estável; surge a capacidade de se fazer análises lógicas; a 
criança ultrapassa o egocentrismo, ou seja, dá-se um aumento da empatia com os 
sentimentos e as atitudes dos outros. No início deste estágio a criança já é capaz de 
compreender a propriedade transitiva, desde que aplicada a objetos concretos que ela 
tenha visto ou tocado. 
 Estágio operacional-formal: a partir de aproximadamente 11/12 anos; a criança 
começa a raciocinar lógica e sistematicamente. Esse estágio é definido pela habilidade de 
engajar-se no raciocínio abstrato. As deduções lógicas podem ser feitas sem o apoio de 
objetos concretos. O pensamento hipotético dedutivo é o mais importante aspecto 
apresentado nessa fase de desenvolvimento pois o ser humano passa a criar hipóteses 
 
 
 
 
 
178 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores
 
para tentar explicar e sanar problemas, o foco desvia-se do "é" para o "poderia ser". A 
metodologia científica e os conceitos abstratos aparecem nessa etapa do 
desenvolvimento. FONTE: PIAGET (1970). 
INSIGHT 
Essa expressão é traduzida para o português como compreensão interna, compreensão 
súbita, apreensão súbita, visão súbita, discernimento, perspicácia, etc. Em inglês é 
definido como a capacidade de entender verdades escondidas etc., especialmente de 
caráter ou situação portando um sentido igual a "discernimento", ou a capacidade para 
discernir a verdadeira natureza de uma situação, o ato ou o resultado de alcançar a íntima 
ou oculta natureza das coisas ou de perceber de uma maneira intuitiva. 
FONTE: AURÉLIO (Dicionário) e HEIDEGGER (Ser e Tempo). 
LINGUAGEM INTERIOR 
Tem uma função reguladora e planificadora do pensamento, ou seja, é utilizada com o 
objetivo de orientar a conduta. A criança de três anos possui a linguagem interior 
exteriorizada, assim, ela pensa expressando verbalmente o que está pensando. Já aos 
seis anos, a linguagem interior começa a se internalizar. A criança nesta fase sussurra pra 
si mesmo seus questionamentos na busca por resolver um determinado problema. Aos 
nove anos, ela internalizou completamente sua linguagem interior,

Teste o Premium para desbloquear

Aproveite todos os benefícios por 3 dias sem pagar! 😉
Já tem cadastro?

Continue navegando