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Apostila de Psicologia do Desenvolvimento

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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS-UEA 
PRÓ-REITORIA DE ENSINO DE GRADUAÇÃO 
CENTRO DE ESTUDOS SUPERIORES DE TEFÉ-CEST 
 
 
 
 
 
 
Pedagogia 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MSc. Neide Fernandes de Melo 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Tefé-AM 
2018 
 
 
 
 1 
EMENTA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 OBJETIVOS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Conceitos de desenvolvimento humano. Fatores determinantes do processo de 
desenvolvimento. Principais teorias. O desenvolvimento da criança e do adolescente no 
contexto sócio-cultural (físico cognitivo e sócio-emocional). Tarefas de desenvolvimento na 
infância e adolescência. Tarefas de desenvolvimento e interesse na vida adulta. 
 
 
GERAL: 
 
 Compreender os processos de desenvolvimento das crianças e jovens, 
observando as concepções sobre a questão e os diferentes processos de 
formação histórico-social. 
 
 
 ESPECÍFICOS: 
 
 Conhecer o desenvolvimento humano de acordo com sua evolução histórica, 
estabelecendo paralelos entre as diferentes concepções. 
 
 
 Realizar estudos e analises críticas nas teorias contemporâneas de 
desenvolvimento, relacionando seus princípios com a prática educativa. 
 
 Destacar fatores preponderantes que se encontram na base do 
desenvolvimento cognitivo e afetivo. 
 
 
 
 Confrontar criticamente os pressupostos, a abrangência e as implicações para 
a prática docente. 
 
 
 Analisar as posturas educacionais, principalmente da forma como foram vividas 
e incorporadas no dia-a-dia escolar, e propor uma nova postura. 
 
 
 
 
 
 
 2 
 CONTEÚDO PROGAMÁTICO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
UNIDADE I - INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA PSICOLOGIA DO 
DESENVOLVIMENTO 
1.1 Conceitos; 
1.2 Histórico; 
 1.3 Objetivos; 
1.4 Métodos e tipos de pesquisa; 
1.5 Utilidade para educadores. 
 
 
UNIDADE II - FATORES DETERMINANTES DO DESENVOLVIMENTO 
HUMANO 
 2.1 Elementos do desenvolvimento humano; 
 2.2 O debate hereditariedade X meio; 
 2.3 Maturação; 
 2.4 Timing da experiência; 
 2.5 A pessoa no contexto dos sistemas. 
 
 
UNIDADE III - ASPECTOS E FASES DODESENVOLVIMENTO HUMANO 
 3.1 Períodos do desenvolvimento humano; 
 3.2 Dimensão física nos estágios da infância; 
 3.3 Dimensão cognitiva: as contribuições de Piaget e Vygotsky; 
 3.4 Dimensão sócio-afetiva (contribuições da psicanálise e humanismo); 
 3.5 Tarefas de desenvolvimento e interesses na infância,na adolescência e na 
 vida adulta. 
 
 
 UNIDADE IV - TEORIAS DO DESENVOLVIMENTHUMANO 
 4.1 Teoria Psicanalista; 
 4.2 Teoria Psicossocial; 
 4.3 Teoria Cognitiva; 
 4.4 Teoria Sócio-Cultural; 
 4.5 Teoria Bio-Ecológica. 
 
 
 
 
 
 
 
 3 
 METODOLOGIA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 AVALIAÇÃO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A metodologia consiste em um conjunto de ações que envolvem métodos, técnicas e 
recursos que irão possibilitar o conhecimento de determinada realidade, assegurando ao 
professor ministrar uma boa aula, capaz de produzir aprendizagem. Para tanto, 
proceder-se-á da seguinte forma: 
 Aulas expositivas dialogadas; 
 Leitura, análise e reflexão textual; 
 Seminários; 
 Leituras e debates; 
 Pesquisas; 
 Exposição de vídeos e filme. 
 
 A avaliação dar-se-á da seguinte forma: 
 Quatro avaliações durante o período: 
N1 + N2 = AP1 
N3 + N4 = AP2 
MEE = (AP1 + AP2)/2 
 
 Uma avaliação final (PF) 
PF = (MEE*2 + PF)/3 
 
 
 
 
 
 
BARROS, Célia Regina Guimarães. Pontos de Psicologia do Desenvolvimento. 12 ed. 
São Paulo: Cortez, 2008. 
 
BEE, Helen. A criança em desenvolvimento. São Paulo, Harbra, 1983. 
______. O ciclo vital. Porto Alegre: Artmed, 1997. 
 
BIAGGIO, Ângela M. Brasil. Psicologia do Desenvolvimento. 17 ed. Petrópolis: Vozes, 
2003. 
 
 
 
 
 
 
 
 4 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DESENVOLVIMENTO HUMANO 
 
O termo desenvolvimento quer dizer evolução, progresso, movimento, mudança, 
crescimento. É um processo que se inicia na concepção e termina com a morte. 
 Ao estudarmos o desenvolvimento podemos nos fixar na parte biológica, emocional, 
intelectual e social. Todos estão relacionados. O ser humano é uma unidade e nada 
acontece isoladamente. É contínuo, mas há períodos em que os fatos parecem se 
precipitar. É de repente que aparecem as características sexuais secundárias e de um 
momento para outro a criança parece ter crescido vários centímetros. 
 Estudar o desenvolvimento significa conhecer a história do homem desde o seu 
nascimento (e mesmo antes dele) até a sua morte. 
 
 
BRAZELTON, T. B. Momentos decisivos do desenvolvimento infantil. São Paulo: 
Artes Médicas, 1994. 
 
BRONFENBRENNER, U. A Ecologia do Desenvolvimento Humano: experimentos 
naturais e planejados. Porto Alegre: Artmed, 1996. 
 
CÓRIA-BABINI. Psicologia do Desenvolvimento. São Paulo: Ática, 1998. 
 
ERIKSON, E. H. Identidade, Juventude e Crise. Rio de Janeiro: Zahar editores, 1976. 
 
_________ Infância e Sociedade. 2ª ed. Rio de Janeiro: Zahar editores, 1987. 
 
_________ O ciclo da vida completo. Porto Alegre: Artes Médicas, 1998. 
 
GARRISON, Karl C. et al. Psicologia da criança: estudo geral e meticuloso do 
desenvolvimento e da socialização. 3 ed. São Paulo: IBRASA, 1979. 
 
JERUZALINSKY, A. Psicanálise e desenvolvimento infantil: um enfoque 
transdisciplinar. Porto Alegre: Artes Médicas, 1989. 
 
MYERS, David G. Psicologia. 7 ed. Rio de Janeiro: LTC, 2006. 
 
RAPPAPORT, Clara Regina. Psicologia do desenvolvimento. São Paulo: EPU, 1981-
1982. 
 
REGO, Teresa Cristina. Vygotsky: uma perspectiva histórico-cultural da educação. 4.ed. 
Rio de Janeiro: Vozes, 1995. 
 
COLL, César; PALÁCIOS, Jesus; MARCHESI, Álvaro. Desenvolvimento 
Psicológico e Educação: Psicologia Evolutiva. Porto Alegre: Artes Médicas, 1995. 
 
 
 
 
 
 5 
1.1 Questões de Estudo da Psicologia do Desenvolvimento 
 
Érica Vidal Rotondano
1
 
 
A Psicologia do Desenvolvimento é uma das muitas áreas da ciência psicológica e 
suas preocupações abrangem questões do tipo: 
 Quais elementos influenciam o desenvolvimento humano?! 
 Qual o peso da genética e do ambiente no desenvolvimento humano? 
 Que aspectos do ser humano mudam e quais permanecem os mesmos ao longo 
da trajetória da vida? 
 Como podemos auxiliar as pessoas a terem uma vida mais plena, realizando seus 
potenciais e prevenindo problemas? 
 Aspectos físicos, bem como as formas de pensar, agir e sentir variam ao longo do 
tempo? E se variam, que aspectos podem conduzir a mudanças? 
Falar em Psicologia do Desenvolvimento é, portanto, falarmos da roda da vida, onde 
ao mesmo tempo em que novos aspectos surgem, outros se desfazem: a morte de certos 
elementos vai abrindo caminho para que outros surjam. 
Olharmos para nosso passado, ou tentar imaginar como estaremos daqui a 20/30 
anos é termos a oportunidade de contemplar a vida e suas transformações, seus 
diferentes ciclos, como bem salienta Berger no trecho a seguir: 
 
Definido sucintamente, o estudo científico 
do desenvolvimento humano é a área de conhecimento da psicologia que 
busca compreender como e por que as pessoas se modificam, e como e por 
que elas permanecem as mesmas nos vários momentos de sua vida, à 
medida que envelhecem. Na perseguição desse objetivo, examinamos 
todos os tipos de modificações que encontramos - simples crescimento, 
transformação radical, melhorias e declínio - e quaisquer elementos que 
permaneçam os mesmos, proporcionando continuidade dia após dia, ano 
após ano ou geração após geração (BERGER, 2003, 3)1
. Bacharel em Serviço Social, Psicóloga e Mestra em Educação pela Universidade Federal do Amazonas. Pesquisadora 
do Grupo de Pesquisa “Educação Inclusiva e o Aprender na Diversidade” da Universidade do Estado do Amazonas. 
Email: erotondano@yahoo.com.br 
 
 
 
 
 
 6 
Sendo uma área de estudo interdisciplinar, a Psicologia do Desenvolvimento tenta 
se valer de conhecimentos de outros ramos do saber (como a biologia, a medicina, as 
ciências sócias, a antropologia, economia, política, geografia, etc.), assim como pretende 
auxiliar, de diferentes formas, outras áreas do conhecimento propondo que se pense o ser 
humano, seu percurso de vida, suas perdas, conquistas e desafios ao longo do tempo, as 
influências sofridas a partir de diferentes elementos, sejam internos ou externos. 
Quando falamos sobre desenvolvimento humano também é importante 
considerarmos que este possui características importantes, quais sejam: 
 É multidirecional, pois nem sempre a modificação, ganhos e perdas, compensações 
e deficiências, crescimento previsível e transformações inesperadas fazem parte da 
experiência humana; 
 É multicontextual já que cada vida humana deve ser entendida como pertencente a 
muitos contextos; 
 É multicultural, uma vez que, para conhecer os aspectos universais e específicos do 
desenvolvimento humano, muitas configurações culturais - cada qual com um conjunto 
distinto de valores e recursos para a vida - devem ser considerados; 
 É fato, pois cada indivíduo, e cada característica de cada indivíduo, podem ser 
alterados em qualquer ponto da vida. Tal característica revela um aspecto valioso a 
respeito do desenvolvimento: “quando se trata de uma vida humana, nada é esculpido em 
pedra para sempre. As pessoas estão sempre evoluindo, com taxas, graus, aspectos e 
rumos específicos de sua evolução sendo muito mais variáveis do que os cientistas 
jamais puderam supor” (Berger, 2003). 
 
1.2 Histórico 
O filósofo Jean-Jacques Rousseau (1712-1778), considerado o “descobridor da 
criança”, foi o verdadeiro iniciador dos estudos do desenvolvimento. Em 1762, foi 
publicado seu célebre livro Emílio. Nesse romance, em vários volumes, Rousseau 
descreve a infância e o desenvolvimento de uma criança imaginária, criada por um sábio 
preceptor em contato com a natureza. Através de Emílio – o personagem em questão – 
Rousseau tenta uma descrição dos estágios pelos quais a criança vai passando, do 
nascimento à puberdade. Dessa maneira, procura descobrir como a natureza leva uma 
criança a desenvolver-se “em suas faculdades e em seus órgãos”. 
 
 
 
 7 
 No prefácio desse romance pedagógico, Rousseau cogita, pela primeira vez, da 
necessidade de “estudar a criança antes de querer educá-la”. 
São suas as palavras: “Começai por estudar vossos alunos, pois é bem certo que não os 
conheceis”. 
Em 1770, o professor Johann Heinrich Pestalozzi começou a escrever, sob forma 
de diário, as observações que ia fazendo do desenvolvimento de seu filhinho. Em 1787, 
na Alemanha, Dietrich Tiedemann publicou a primeira observação sistemática da 
evolução mental da criança. Esse trabalho consistia de observações que Tiedemann 
colheu de seu filho, desde o nascimento até a idade de 03 anos. 
Dos registros de observações de crianças, feitos sob forma de diários, o mais 
conhecido é o de Guilherme T. Preyer, publicado em 1881, sob o título: A alma da 
criança. Além desses registros gerais sobre as atividades da criança, apareceram por 
vezes, diários parciais em que não se registra o desenvolvimento infantil em todos os 
seus aspectos, mas apenas em um, como o progresso no desenho, na linguagem, etc. 
Além de filósofos e médicos, outros especialistas (biólogos, linguistas e 
criminalistas) deram valiosas contribuições ao estudo da criança. 
A partir dessas tentativas, raras e isoladas, constitui-se o acervo de estudos que 
temos hoje sobre a criança e seu desenvolvimento. 
 
1.3 Objetivos 
A Psicologia do Desenvolvimento procura descrever, tão completa e exatamente 
quanto possível, as funções psicológicas das crianças (por exemplo: suas reações 
intelectuais, sociais e emocionais), em diferentes idades, e descobrir como tais funções 
mudam com a idade. 
Assim a Psicologia do Desenvolvimento procura saber como cada função aparece 
nas várias idades. Um de seus objetivos é descobrir como e quando cada tipo de 
comportamento vai aparecendo. 
Atualmente, já há normas de desenvolvimento estabelecidas para vários 
comportamentos, por exemplo: tabelas de desenvolvimento motor (que indicam quando 
uma criança consegue levantar o queixo, sentar-se, engatinhar, andar pular num só pé 
etc.); de desenvolvimento da linguagem (pelas quais sabemos de quantas palavras, 
aproximadamente, é composto o vocabulário de uma criança de 18 meses, com 1 ano, 2 
 
 
 
 8 
anos, etc.). Há também descrições bem claras do desenvolvimento cognitivo, sexual, 
moral, etc. 
É importante a descrição das tendências etárias do desenvolvimento, ou seja, a 
descoberta de como o desenvolvimento ocorre, antes de procurar atingir outro objetivo – a 
explicação do desenvolvimento, isto é, por que ocorre. 
Um grande número de pesquisas recentemente realizadas tem realçado a 
explicação das tendências etárias do desenvolvimento. A maior preocupação dos 
psicólogos está voltada, por exemplo, para o que explica o fato de a criança tornar-se 
menos desajeitada ao andar, mais fluente na fala, mais lógica ao resolver problemas. 
 
1.4 A Construção do Saber em Psicologia do Desenvolvimento 
Para construir seu saber a Psicologia do Desenvolvimento lança mão de diferentes 
métodos de pesquisa, tais como: 
 
1) Observação: 
Observa-se o sujeito em seu meio natural, ou em condições controladas, 
registrando-se os aspectos que interessam ao investigador. 
Em creches, podemos observar o comportamento dos bebês durante a alimentação, 
como interagem com outras crianças, como se comportam na ausência da mãe. 
Na sala de aula, podemos observar os alunos, seus interesses pelas disciplinas, sua 
relação com os colegas e professores, assim como o professor se comporta em sala de 
aula, como se dirige aos alunos, que recurso de ensino utiliza, etc. 
Em condições naturais, o investigador procura interferir o menos possível nas 
situações, evitando, inclusive, revelar sua identidade para que os sujeitos a serem 
observados não mudem seus comportamentos em virtude da presença do investigador. 
Além da observação naturalista, há a possibilidade de realizarmos observações em 
condições controladas. 
Numa situação de laboratório, por exemplo, podemos estudar como uma criança se 
comporta quando a mãe sai da sala e retorna após alguns minutos; como uma criança 
age ao brincar sozinha ou quando está na companhia de outros pares, etc. 
 
2) Entrevistas: 
A entrevista é outra técnica muito usada nas pesquisas em psicologia do 
desenvolvimento. 
 
 
 
 9 
Dependendo dos objetivos da pesquisa, pode-se entrevistar crianças, adolescentes, 
adultos em geral, professores, alunos, profissionais, etc. 
No entanto, a entrevista exige alguns cuidados, especialmente os que se referem a 
possibilidade do entrevistado mentir, omitir, ou ainda de o entrevistador induzir respostas 
no pesquisado. 
Num estudo sobre cuidados da população com a saúde, por exemplo, questões do 
tipo: “quantas vezes toma banho ao dia?/quantas vezes escova os dentes ao dia?” são 
altamente provocadoras de informações falsas, pois deve-se levar em conta que para 
“agradar” o entrevistador, ou para que ele não tenha má impressão de quem fala, pode-se 
omitir dados. 
Piaget, famoso biólogo que estudou como a construção do conhecimento se dá em 
diferentes idades, observava e entrevistava os próprios filhos a respeito de diversos 
assuntos para identificar como eles pensavam. 
Apesar de permitir a obtenção de ricos dados, especialmente sobre a vida interior 
dos sujeitos, a entrevistaapresenta algumas desvantagens, como o fato de requerer um 
longo tempo para ser realizada com uma quantidade maior de pessoas. 
 
3) Questionários: 
Recurso utilizado especialmente quando quero obter a maior quantidade de dados, 
do maior número de pessoas possíveis num curto intervalo de tempo. 
No mundo atual, com as facilidades da internet, tornou-se, inclusive frequente o 
número de pesquisadores que enviam questionários por e-mail. 
 No entanto, cuidados com o tipo de pergunta formulada e a possibilidade de induzir 
algum tipo de resposta no sujeito também devem ser tomados. 
Como quase sempre o pesquisador não está presente quando o pesquisado 
preenche o questionário, devemos contar com a possibilidade de que este não 
compreenda a pergunta formulada, o que reduz a confiabilidade das respostas obtidas. 
 
4) Testes: 
Também podem ser aplicados quando queremos medir algum aspecto do 
desenvolvimento dos indivíduos, tal como psicomotricidade, raciocínio, atenção, etc. 
A opção pelo teste requer que o pesquisador escolha material adequado para a faixa 
etária estudada e o contexto no qual o sujeito vive, já que diferentes aspectos variam de 
acordo com a cultura. 
 
 
 
 10 
 
Em Psicologia do Desenvolvimento podemos, ainda, realizar diferentes tipos de 
estudo, tais como: 
 
1) Experimentação: 
Este método é derivado das ciências naturais. 
Neste tipo de estudo o pesquisador testa uma hipótese inicial através da 
manipulação de certos elementos: observa-se a influência de uma determinada variável, 
dita independente, sobre outra, chamada de variável dependente. 
Para verificar se os padrões de disciplina familiar implicam em comportamento 
agressivo por parte de crianças, um pesquisador poderia planejar um estudo no qual 
algumas famílias de crianças agressivas receberiam treinamento em técnicas melhores 
de disciplina (grupo experimental), e outras famílias que não receberiam nenhum 
treinamento (grupo controle). 
Ao final de um tempo o pesquisador poderia observar se as crianças cujas famílias 
haviam recebido instrução apresentavam menos comportamentos agressivos. 
Por envolver estudos com seres humanos, o pesquisador da área de Psicologia do 
Desenvolvimento deve observar as normas a respeito de pesquisa, não devendo nunca 
deixar de lado os aspectos éticos e as implicações de seus estudos na comunidade e na 
vida dos sujeitos estudados. 
 
2) Estudos Transversais: 
Para identificar melhor as mudanças e continuidades ao longo do tempo, os 
pesquisadores podem realizar estudos transversais. 
Neste tipo de estudo grupos de indivíduos de diferentes faixas etárias são 
estudados, realizando-se comparações entre eles. 
Saber como uma criança e um adolescente pensam, sentem e se comportam da 
mesma forma seria um problema a ser respondido por estudos transversais. 
Estes estudos costumam ser rápidos, mas em contrapartida podem apresentar 
aquilo que se conhece como problema de coorte. 
Um coorte designa um grupo de indivíduos nascidos dentro de uma faixa bastante 
estreita de anos. 
O problema é que coortes sucessivos podem ter experiências de vida bastante 
diferentes. Neste caso não saberíamos dizer ao certo se a característica de um grupo 
 
 
 
 11 
etário se deveriam a influência de um contexto histórico, político e econômico ou a reais 
diferenças etárias. 
 
3) Estudos longitudinais: 
São pesquisas realizadas em longo prazo, acompanhando o processo de 
desenvolvimento de um grupo de pessoas da mesma faixa etária. 
De tempos em tempos os pesquisadores procuram estes sujeitos, os observam, 
entrevistam, aplicam testes, tudo tentando identificar como eles mudam e permanecem os 
mesmos ao longo do tempo. 
Estes estudos são caros, demorados, realizados com amostras pequenas, além de 
serem arriscados, uma vez que os sujeitos amostrados podem falecer, mudar-se e 
recusarem a continuar participando dos estudos. 
Apesar disto, os estudos longitudinais nos permitem verificar a reação humana frente 
ao divórcio dos pais, desemprego, ganhos e perdas em geral. 
 
4) Planejamentos Sequenciais: 
É um tipo de planejamento que visa contornar uma série de desvantagens dos 
estudos transversais e longitudinais. 
Nele há uma combinação entre estudos transversais, longitudinais ou ambos, como 
por exemplo: 
- Planejamento de intervalo de tempo: formam-se os grupos de idade e de tantos em 
tantos anos eles passam por observações em relação aos aspectos estudados, o que 
diminui os efeitos de coorte. 
- Planejamento sequencial cruzado: alguns grupos transversais são formados e 
depois acompanhados longitudinalmente por um número determinado de anos. 
Por implicarem em menos gastos e riscos de que os sujeitos deixem de participar do 
estudo, têm sido cada vez mais realizados. 
 
 1.5 A Utilidade da Psicologia do Desenvolvimento para Educadores 
 
Atualmente, pais e professores sentem necessidade de conhecer a psicologia da 
criança, para poder compreender seu comportamento, prevê-lo e, em alguns casos, 
modificá-lo. 
 
 
 
 12 
Educar uma criança ensiná-la, evitando perturbações em seu comportamento, exige 
do adulto, além de amor e dedicação, o conhecimento das características infantis em 
cada fase do desenvolvimento: seus interesses, necessidades, motivações e 
possibilidades. Para ensinar uma atividade a uma criança, precisa-se saber como a 
criança é, se está madura para aquela atividade, como poderá ser motivada, quais os 
melhores meios de ensiná-la e de tornar duradoura a aprendizagem. 
Em cada idade, a criança vai apresentando características diferentes, novas 
maneiras de ser, tanto fisicamente quanto em seus aspectos intelectuais, emocionais e 
sociais. O que agradava antes, agora, que já está “grande”, não mais a atrai. Seu modo 
de pensar, seus julgamentos morais, seu relacionamento com os familiares e com os 
amigos também sofre evolução. O modo de o, adulto dirigi-la, motivá-la, relacionar-se com 
ela também precisa mudar, para ir adaptando-se às suas novas características. E os 
problemas que aparecem em seu comportamento não podem ser ignorados pelos 
adultos, mas precisam ser estudados e compreendidos, para serem resolvidos. 
Pais e professores apóiam-se na Psicologia para ajudar a criança a desenvolver-se 
normalmente, tornando-se um adulto feliz, capaz de agir com autonomia e independência. 
Desejam compreender o desenvolvimento da criança, prever suas novas características 
para não serem surpreendidos por ela, atenuar-lhe os conflitos e reduzir-lhe as 
frustrações. A educação torna-se assim uma tarefa agradável, tanto para o educador 
como para a criança. 
Para estudar as características infantis em cada fase, vamos considerar 
isoladamente aspectos específicos do desenvolvimento, tais como o emocional, o 
cognitivo e o social. 
Não podemos esquecer, porém, que todos os aspectos do desenvolvimento estão 
inter-realionados. Assim, à medida que uma criança cresce e amadurece fisicamente (em 
grande parte devido a fatores genéticos), sua inteligência também se desenvolve, seu 
comportamento social e emocional está sendo modificado. Por sua vez, essas mudanças 
em comportamento emocional e social influenciam a inteligência. 
É preciso ter sempre em mente que os vários aspectos do processo de 
desenvolvimento interagem e exercem influência uns sobre os outros. 
 
2. FATORES DETERMINANTES DO DESENVOLVIMENTO HUMANO 
 
 
 
 13 
 
A Psicologia do Desenvolvimento constitui-se num dos diversos campos de 
estudo/investigação da Psicologia, estando preocupada com questões bastante 
complexas, tais como: qual é a natureza do desenvolvimento humano e como explicar 
mudanças e continuidades ao longo deste processo? O desenvolvimento obedece a 
padrões universais? Que mudanças/continuidades se devem a aspectos culturais e aos 
biológicos? As experiências posteriores ao nascimento influenciam o processo de 
desenvolvimento humano? 
O presente textobusca congregar concepções e propor reflexões a respeito dos 
fatores determinantes do desenvolvimento humano. 
De acordo com Bock (1999), os fatores determinantes do desenvolvimento humano 
são: 
 Hereditariedade; 
 Crescimento Orgânico; 
 Maturação; 
 Meio. 
 
Passaremos agora a discussão/problematização de alguns dos elementos 
pontuados pela autora. 
 
Hereditariedade X Meio: 
 Os debates a respeito da contribuição dos aspectos genéticos e dos 
aspectos ambientais ao desenvolvimento humano não é recente. 
 Desde a Antiguidade a filosofia tem se debruçado sobre tal questão através das 
discussões sobre o nativismo e o empirismo, tendo como representantes maiores deste 
período histórico os pensadores Platão e Aristóteles, respectivamente. 
Na Idade Moderna, filósofos como Descartes realimentaram os debates sobre o 
inatismo enquanto pensadores como Locke continuavam a defender o empirismo, 
chegando ao ponto de afirmar que a mente humana seria uma espécie de tábula rasa na 
qual a experiência imprimiria sua marca. 
No que tange à psicologia do desenvolvimento a concepção inatista redundou na 
visão organicista de desenvolvimento que, sem necessariamente negar o papel da 
 
 
 
 14 
experiência, enfatiza os processos de desenvolvimento que têm caráter universal, e 
raízes em características inatas. 
Teorias do desenvolvimento humano como as formuladas por Freud e Piaget 
seguem este modelo, pois se referem a determinados estágios que são universais e que 
seguem uma caminho invariável de estágios. 
O empirismo, por sua vez, redundou na tradição mecanicista, enfatizando aspectos 
do mundo exterior que moldam o comportamento humano, e que influenciaram 
largamente a psicologia da aprendizagem. 
 O reflexo do debate ambiente X natureza pode ser visto no dia-a-dia, para longe do 
plano científico, em concepções populares como: “filho de peixe, peixinho é”; “pau que 
nasce torto, morre torto” . 
Atualmente, visões tão radicais foram banidas da Psicologia do Desenvolvimento, 
mas a preocupação em identificar contribuição de cada um destes fatores no processo de 
desenvolvimento humano permanece e neste sentido as pesquisas com gêmeos idênticos 
e fraternos e com filhos adotivos são recorrentes. 
Mais recentemente, as questões sobre o papel da hereditariedade X meio são 
enriquecidas pelo desenvolvimento de novas tecnologias na investigação do código 
genético. O Projeto Genoma, oficialmente iniciado nos ano de 1990, com o objetivo de 
identificar e fazer o mapeamento dos genes humanos é um exemplo disto. 
Para algumas características herdadas o genético é claramente dominante, para 
outras, são mera probabilidade. 
Parte-se do princípio que a hereditariedade e o meio interagem continuamente e de 
forma complexa ao longo do processo de desenvolvimento, mesmo quando nos referimos 
a aspectos do desenvolvimento físico. 
Paralelo a isto, entende-se hoje que, até mesmo os aspectos herdados podem 
interferir no contexto ambiental, como nos mostram estudos como os de Alvarega & 
Piccinini (2007), sobre a influência do temperamento infantil nos estilos de cuidado 
parental. 
Da mesma forma, Bee (2003) refere-se ao fato de que a forma como encaramos 
nossa experiência pode afetar o processo de desenvolvimento. 
As contribuições do psicanalista John Bowlby (2006) a respeito do desenvolvimento 
de modelos de apego exemplificam o que afirmamos, da mesma forma que levanta mais 
polêmicas: a forma como encaramos o mundo pode ser em parte influenciada por 
aspectos genéticos? 
 
 
 
 15 
 
Maturação: 
A maturação é uma das formas pelas quais a natureza imprime sua marca no 
processo de desenvolvimento. 
Ao nos referirmos à maturação, estamos falando de uma espécie de programação 
genética que garante uma sequência desenvolvimental: engatinhamos, depois andamos, 
por exemplo. 
Mas mesmo quando nos referimos à maturação, cabe-nos frisar que o timing da 
experiência pode variar de um indivíduo para outro e que sem a participação de aspectos 
ambientais a programação genética pode não se cumprir, ou ser retardada. 
O exemplo das meninas-lobo, Amala e Kamala seriam um exemplo do que falamos. 
 
Tendências Atuais: 
Nas últimas décadas a ênfase dada aos fatores ambientais ao processo de 
desenvolvimento humano tem se ampliado. 
O Modelo Ecológico de Desenvolvimento Humano e a Perspectiva Histórico-Cultural 
são um exemplo disto. 
Tais perspectivas teóricas serão melhor explanadas e discutidas num momento 
posterior, nesta mesma apostila. 
 
 
3. ASPECTOS E FASES DO DESENVOLVIMENTO HUMANO 
 
Os tratados tanto de Biologia como de Psicologia têm dividido a evolução do ser 
humano nas seguintes fases: 
 Período pré-natal 
 Período do recém-nascido 
 Primeira infância 
 Segunda infância 
 Meninice 
 Puberdade 
 Adolescência 
 Maturidade (vida adulta) 
 Senilidade ou velhice 
 
 
 
 16 
 
Período pré-natal 
Este período se inicia no momento da concepção e termina com o nascimento. Tem 
a duração aproximada de 9 meses. O ser humano neste período tem sido estudado 
principalmente por médicos e fisiologistas. 
 
# Aqui apresentação de vídeo # 
 
Período do recém-nascido 
Inicia-se no instante do nascimento e termina com a queda do coto umbilical. Tem a 
duração, em média, de sete dias. Os médicos e psicólogos emprestam grande 
importância ao papel que os fatos biológicos do ato do nascimento desempenharão 
futuramente, tanto no físico como na mente do ser humano. Afirmam que o nascimento é 
um verdadeiro traumatismo não só para a mãe como também para bebê. 
É célebre o estudo: O Trauma do Nascimento do Psicanalista Otto Rank, no qual ele 
afirma que o temor da morte e de adquirir doenças se manifesta de modo exagerado em 
muitos adultos cujo nascimento foi muito trabalhoso. 
Recentemente, F. Leboyer tem sustentado que práticas suaves de parto, em salas 
cuja luz não seja muito intensa, em que não se dêem tapinhas no bebê para iniciar a 
respiração e em que ele seja imediatamente banhado em água morna e colocado sobre o 
ventre da mãe eliminarão grande parte do trauma de nascimento e darão origem a 
pessoas mais felizes. 
Atualmente, como já é rotina nas maternidades, os recém-nascidos são avaliados do 
ponto de vista médico, um minuto após o parto e cinco minutos mais tarde, pela escala 
Apgar. A Dra. Virgínia Apgar criou cinco subtestes que avaliam o bebê nestes aspectos: 
aparência, pulsos, reflexos, atividade e respiração, Essa avaliação, que dá, no máximo, 
dez pontos, tem relacionamento com o desenvolvimento posterior da criança. Noventa por 
cento dos bebês normais tem resultado maior que 7 na escala Apgar. 
Os psicólogos têm-se interessado em observar bebês na maternidade. Um estudo 
famoso é a observação das reações emocionais dos recém-nascidos feita por Jhon B. 
Watson, Hospital Jhon Hopkins, nos Estados Unidos (1917). Ele notou que os recém-
nascidos apresentam três tipos de reações emocionais: medo, cólera e amor. Outros 
observadores repetiram as observações de Watson, encontrando apenas dois tipos de 
 
 
 
 17 
reações emocionais: a de bem estar físico manifestada pelos bebês quando estão 
satisfeitos e confortáveis, que se traduz por relaxamento muscular, arrulhos e sono 
prolongado em que se nota um esboço de sorriso; e a de mal estar físico, quando o bebê 
está como fome, molhado, com frio ou muito agasalhado, com sono ou com alguma dor, 
etc., que consiste em agitação de membros, choro, modificação na respiração etc. 
Mais recentemente, Jean Piaget, na Suíça, observou crianças desde o seu 
nascimento. Em seu livro O nascimento da inteligência na criança (Rio de Janeiro, Zahar, 
1974), ele apresenta as observações que fez de seus três filhos, desde alguns minutos 
após o nascimento. 
Os recém-nascidos apresentam muitos reflexos ou reações não aprendidas, tais 
como tosse, sucção, movimentos de cabeça, olhos, mãos, pés etc. 
 
PrimeiraInfância 
A primeira infância inicia-se com a queda do coto umbilical e termina quando a 
criança aprende a falar e a andar e pode nutri-se independente do organismo materno 
(desmame). No fim do período, dá-se o aparecimento da primeira dentição. 
Piaget, ao descrever o desenvolvimento intelectual da criança, chama essa fase de 
sensório-motora, pois o bebê está recebendo, por seus órgãos sensoriais, as 
estimulações do ambiente, e vai agindo sobre ele. Assim vai nascendo sua inteligência e 
seu conhecimento da realidade. 
A maior realização do bebê nessa fase é saber que os objetos continuam existindo 
mesmo que estejam fora do seu campo visual. Tal progresso, que Piaget chama de 
“aquisição do objeto permanente”, só estará completamente terminado no final do 
primeiro ano de vida, aproximadamente. Essa aquisição é básica para a criança 
compreender conceitos vitais como o espaço, tempo e causalidade. 
Outro teórico do desenvolvimento, Sigmund Freud, chama a primeira infância de 
fase oral da evolução psicossexual. O bebê busca o prazer sugando e pondo coisas na 
boca; enfim, suas gratificações são orais. 
Eric Erickson, estudioso da evolução psicossocial do ser humano, chama essa fase 
de idade da confiança x desconfiança. Segundo ele, o modo pelo qual o bebê é cuidado 
determina a confiança ou a desconfiança com que ele se relacionará com as outras 
pessoas durante toda a vida. 
 
 
 
 18 
Psicólogos e Pediatras têm-se interessado pelo estudo da ligação afetiva entre o 
bebê e a pessoa que dele cuida. A intensidade dessa ligação se manifesta de várias 
formas: choro e protestos quando a mãe se afasta (ansiedade e separação) e também 
choro diante de pessoas estranhas. 
Um dos primeiros estudiosos a perceber a grande importância para o 
desenvolvimento do bebê da presença e dos cuidados constantes da mãe (ou de sua 
substituta) foi René Spitz. Ele observou que bebês criados em instituições, mesmo tendo 
boa alimentação e cuidados higiênicos adequados, têm menor resistência a enfermidades 
e desenvolvimento mais lento que bebês criados com a família, apresentando ainda 
outros prejuízos irreversíveis em se desenvolvimento sócio-emocional. 
Quanto à linguagem, o desenvolvimento é bastante visível. Nessa fase, a criança 
passa do grito ao balbucio (emissão de sílabas) e chega à linguagem de imitação (após 9 
meses). 
Os Psicoliguistas afirmam que, desde o terceiro mês até o fim do primeiro ano de 
vida, todos os bebês de todas as nações e culturas, e mesmo os bebês surdos, arrulham 
e balbuciam, apresentando os mesmo sons, e o fazem na mesma ordem. 
O comportamento social do bebê tem despertado grande interesse por parte dos 
psicólogos. Além de estudos antigos sobre o sorriso do bebê (H. Hetzer, Viena) e de seu 
comportamento na presença de outros bebês (Charlotte Buhler, Viena), pesquisas 
interessantes continuam a aparecer. 
Para a avaliação de desenvolvimento de bebes, existem escalas como as 
elaboradas por Cattell e Gesell, e as Escalas Bayley. Elas são compostas principalmente 
de itens motores e de percepção, como, por exemplo, reconhecer visualmente a mãe, aos 
2 meses, virar a cabeça ao ouvir um som, aos 4 meses etc. 
 
Segunda Infância 
A segunda infância tem início com a aquisição da linguagem e da locomoção e com 
o aparecimento dos primeiros dentes; termina com o ingresso na escola de ensino 
fundamental. 
Piaget diz que a criança pré-escolar está na fase pré-operacional. Ela é capaz de 
representação mental de objetos ausentes, o que lhe permite iniciar a utilização e 
símbolos. Com o desenvolvimento da representação simbólica, a criança torna-se capaz 
de aprender a linguagem. 
 
 
 
 19 
Com relação ao desenvolvimento da linguagem, podemos dizer que seu vocabulário 
vai-se tornando bastante rico; a criança está sempre falando junto com seu 
companheirinho de brinquedos. Essa conversa não pode ser chamada de diálogo; é mais 
exata chamá-la de “monólogos paralelos”. Chamamos a linguagem dessa fase de 
egocêntrica, conforme Piaget. 
Quanto à moralidade, conforme observações de Freud, Piaget e Kohlberg, os 
valores morais da criança pré-escolar são os de seus pais. O critério para julgar se um ato 
é certo ou errado são suas consequências e não as intenções de quem realizou a ação. 
Para a criança dessa fase, um ato é errado quando acarreta castigo, quando é punido 
pelos pais (nível pré-convencional). 
No desenvolvimento Psicossexual, Freud nota um grande progresso na idade pré-
escolar. A criança passa da fase oral para a fase anal e, depois para a fase fálica. Na 
segunda infância, ela aprenderá o controle da bexiga e dos intestinos (fase anal), 
descobrirá a existência das diferenças anatômicas entre os sexos (fase fálica), viverá o 
conflito emocional causado por sua grande afeição pelo progenitor do sexo oposto 
(complexo de Édipo) e, finalmente, irá identificar-se com o progenitor de seu próprio sexo 
e assumir um papel sexual para toda a vida. 
Erickson também indica, na segunda infância, desenvolvimento da criança através 
de duas “idades”. Numa, a criança, que já é capaz de se locomover e de aprender o 
controle dos esfíncteres, irá adquirir ou um sentimento de autonomia, de autodireção ou, 
ao contrário, de vergonha e dúvida. Isso dependerá do modo pelo qual os adultos 
orientarem sua educação – com carinho e tolerância ou com muita severidade e grandes 
restrições. Em outra “idade”, em que a criança já está ciente de sua masculinidade ou de 
sua feminilidade e em que expressa suas emoções com relação aos progenitores, irá 
adquirir um sentimento de iniciativa ou de culpa. Isso dependerá ou da compreensão e 
permissividade ou da censura e ridicularização com que os adultos reagirem a seus 
interesses sexuais e suas expressões emocionais. 
Neste período, o comportamento social da criança é muito enriquecido. Ela, que no 
inicio se satisfaz apenas vendo outras crianças brincarem ou brincando ao lado delas, 
passa a participar de brinquedos conjuntos. Chegará, no fim da segunda infância, a poder 
brincar em pequenos grupos de crianças de ambos os sexos. 
A criança pré-escolar gosta de desenhar; de seus primeiros rabiscos e garatujas vai 
evoluindo para esquemas e representações da realidade do modo mais completo 
 
 
 
 20 
possível, com sua perspectiva absurda, sua transparência, sua desproporção e sua 
preocupação por detalhes. 
 
Meninice 
Este período começa com a entrada na escola de ensino fundamental e termina 
como o inicio da puberdade. Nele se dá a aquisição das técnicas de leitura e escrita. 
Os horizontes da criança são grandemente ampliados pelos contatos remotos que 
ela estabelece no tempo e no espaço, pois na escola de ensino fundamental a criança 
passa a conhecer os personagens históricos, fica sabendo de pessoas que habitam 
outros países etc. 
Na escola, a criança já atingiu um certo controle emocional: sabe disfarçar o medo 
conter a cólera, reprimir o choro e controlar suas expressões de alegria. 
Piaget diz que a criança da escola de ensino fundamental está na fase das 
operações concretas, isto é, seu raciocínio só é possível em relação a objetos que a 
criança possa ver e pegar. Ela já lida com conceitos como idade, espaço e tempo e sua 
linguagem já esta socializada. 
No pensamento freudiano, a meninice corresponde à fase de latência no 
desenvolvimento psicossexual, em que as emoções e os impulsos sexuais parecem 
aquietar-se por influência da educação, e a criança se dedica à aquisição de habilidades 
aceitas pelo grupo cultural. 
Erikson diz que o mais forte impulso, na meninice, é o desejo de sentir-se 
competente na aprendizagem e na realização de inúmeras habilidades. A criança busca 
dominar as atividades escolares, mostrar habilidade de competência. Se ela não tiver 
oportunidade de se envolver em tarefas nas quais possa sentir-se competente, virá o 
sentimento de inferioridade (idade da competência X inferioridade).Na meninice, meninos e meninas vão se separando; seus interesses diferenciam-se, 
possivelmente por influencia das diferenças socialmente estabelecidas entre os sexos e 
das pressões sociais para que as crianças adotem comportamento considerado adequado 
a seu sexo pelo grupo em que vive. 
Os grupos de brinquedo são formados por um número grande de componentes e 
são exclusivos quanto ao sexo: os meninos preferem brinquedos mais ativos (de correr, 
de pular) e as meninas – brinquedos mais sedentários (casinha, escolinha). 
 
 
 
 21 
Nesta idade, os grupos podem ser numerosos porque as crianças já adquiriram a 
capacidade de obedecer a regras e esperar por sua vez. Nos grupos, a criança já sabe 
submeter-se a um líder, escolhê-lo ou agir como líder quando for escolhida para tal. 
Moralmente, a criança começa a entender que uma ação pode ser julgada pelas 
intenções que a determinaram (e não por suas consequências, como ocorria antes). 
Continuará a ter um grande respeito pela autoridade e uma atitude de conformismo à 
ordem social. Sua preocupação nas decisões morais é agir de modo a agradar aos 
outros, a receber aprovação (nível convencional). 
 
Puberdade 
Costumamos chamar de puberdade o curto período que vem logo após a meninice e 
que precede o período da adolescência. Caracteriza-se pelo aparecimento dos caracteres 
sexuais secundários e inicia-se aproximadamente aos 12 anos nas meninas e aos 14 nos 
meninos. Sua duração é de cerca de dois anos e nele notamos preferência afetiva por 
uma pessoa do mesmo sexo e de idade aproximada. Assim, a menina tem sua amiga 
predileta, companheira inseparável a quem dedica grande afeição. Os meninos têm seu 
companheiro e confidente. Nesta idade, são comuns os diários, os ”segredinhos”, gavetas 
trancadas etc. 
Segundo Piaget, após os 12 anos a criança, que intelectualmente só era capaz, até 
então, de operações concretas, está evoluindo para o estagio das operações formais. A 
partir dessa idade, ela vai ser capaz de pensar em termos abstratos, de formular 
hipóteses e de raciocinar a respeito delas. 
 
Adolescência 
Consideramos um jovem como adolescente quando ele estiver procurando resolver 
três problemas da vida humana: o problema profissional, o problema sexual e o problema 
filosófico. 
Durante esse período de busca e indecisão, o individuo se caracteriza pela 
introversão, pois está continuamente voltado para os seus próprios sentimentos. Os 
adolescentes entregam-se sistematicamente ao devaneio e demonstram grande interesse 
por narrativas, com cujos heróis se identificam facilmente. 
 
 
 
 22 
Segundo Piaget, o adolescente é capaz de pensar em termos abstratos; isso se 
reflete nas suas preocupações com problemas de valores, ideologias e na sua apreensão 
sobre o futuro. 
Na teoria de Freud, após a puberdade a pessoa inicia a fase genital, que é a fase 
adulta do desenvolvimento psicossexual. 
Erikson descreve a adolescência como a época em que o jovem deve responder a 
pergunta: “Quem sou eu?” Na nossa cultura, os jovens vivem uma espécie de “moratória”, 
período em a sociedade não lhes cobra algumas obrigações até que ele possa definir-se 
profissionalmente, filosoficamente e casar-se, enfim, ser considerado adulto. 
Conforme a teoria de Kohlberg, o nível mais elevado de desenvolvimento moral 
consiste em fazer julgamentos morais baseados em princípios de justiça e amor aceitos 
conscientemente, princípios esses que têm validade e aplicação independentemente da 
autoridade. Atingir esse nível depende do desenvolvimento intelectual e da experiência 
adquirida em interações sociais. Nem todos os adolescentes, porém, conseguem atingir 
esse estagio; muitos deles permanecem numa moralidade de conformismo às 
convenções e à autoridade. 
Em nossa cultura, a adolescência é considerada um período emocionalmente 
tumultuado e é a época em que os jovens buscam libertar-se dos pais, ao passo que eles 
desejam retardar tal libertação. 
Neste período, caracterizado também pelo grande desejo de ser aprovado pelos 
companheiros de grupo, o adolescente necessita de doses extras de apoio e 
compreensão, pois está sujeito a perturbações emocionais, a mudanças de humor e 
rápidas variações na atenção. 
 
Maturidade (vida adulta) e Senilidade ou velhice 
Recentemente tem aumentado o número de estudos que analisam a relação entre o 
tempo, a idade e o ciclo de vida. Os estudos que investigam o desenvolvimento do adulto 
são os que têm recebido maior atenção. Embora tenha havido algumas pesquisas na 
década de 40 e de 50, foi a partir da década de 70 que esses estudos ganharam 
notoriedade. Isso talvez se deva ao fato de que a população de pessoas co idade superior 
a 60 anos tenha aumentado muito nos últimos anos. 
Os primeiros estudos, no entanto, investigaram apenas a velhice e consideraram o 
avanço da idade como um problema. 
 
 
 
 23 
A maior parte das pesquisas era feita em instituições para idosos, o que levou à 
formação do estereótipo de que a velhice é um período desolador, de rejeição dos filhos, 
de solidão, de saúde combalida e que requer um número enorme de serviços de apoio. 
À medida que a análise sobre o ciclo de vida passou a interessar maior número de 
pesquisadores, estes passaram a empregar amostras retiradas de populações de 
diferentes faixas etárias, classes sociais, profissões e culturas. Os resultados obtidos 
levaram a uma mudança na análise do desenvolvimento humano. 
Uma dessas mudanças foi o modelo empregado, até então, para estudar o 
desenvolvimento do adulto não era adequado. Apoiado na teoria psicanalítica, que 
postula que os traumas vividos pelo indivíduo na infância, determinam seu 
desenvolvimento emocional futuro, os teóricos analisavam apenas a historia de vida do 
sujeito. 
Os estudos com adultos mostraram que, durante o ciclo de vida, as mudanças 
psicológicas são contínuas. Consequentemente, a realidade psicológica do adulto não 
pode ser analisada simplesmente projetando os problemas e as características que o 
indivíduo apresentou na infância. 
A teoria adotada, na maior parte dos estudos sobre o desenvolvimento do adulto, foi 
a de Erikson. Ele enfatiza que o desenvolvimento humano se processa por estágios – três 
dos quais são na idade adulta. Cada estágio é caracterizado por um padrão de mudança 
do ego, que é resultante da interação entre valores individuais e as forças sociais. Essa 
dicotomia entre o individual e o social provoca uma crise, pois o ego deve manter sua 
identidade ao mesmo tempo em que deve responder de maneira satisfatória às 
exigências sociais. 
A palavra crise designa um ponto crítico do desenvolvimento, um núcleo em torno 
do qual giram as mudanças que devem ocorrer na personalidade. Portanto essa teoria 
está centrada no presente, ou seja, nas mudanças que ocorrem no interior do indivíduo 
em função das tarefas sociais estabelecidas para cada etapa do ciclo da vida. 
Embora atualmente os estudos sobre o desenvolvimento do adulto ocupem um 
espaço considerável na literatura especializada, existem vários aspectos polêmicos que 
dividem os estudiosos dessa área. 
Um deles é a existência de estágios depois da adolescência. A resposta a esta 
questão divide os estudiosos em dois grupos: os que aceitam e os que não aceitam e os 
que não aceitam que o desenvolvimento do adulto se processa em estágios. 
 
 
 
 
 24 
Teóricos que aceitam estágios no desenvolvimento do adulto 
Os teóricos deste grupo defendem que o desenvolvimento do adulto se processa em 
estágios. 
Apoiam seus pontos de vista no fato de que o processo de socialização continua ao 
longo da vida. Cada sociedade oferece aos seus elementos um sistema de padrões de 
comportamentos para cada idade. O indivíduo passa por essa regulagem social, que 
opera do nascimento até a morte, como passa pelo ciclo biológico. 
Essas normas sociais requerem sempre a aprendizagem de novas respostas. 
Essa aprendizagemocorre em três momentos. Em um primeiro momento, ainda 
antes de o indivíduo atingir um patamar etário qualquer, ele observa os elementos 
daquele grupo e se coloca a favor ou contra as normas de conduta prescritas para aquela 
faixa etária. 
Em um segundo momento, já dentro da faixa etária, ele sofre as pressões das forças 
sociais e, a partir da experiência ativa, reestrutura seu ponto de vista. Essa reestruturação 
é resultante da fusão dos padrões pessoais, sociais e históricos vigentes naquele 
momento. 
Finalmente, em um terceiro momento, já tendo vivenciado as experiências mais 
importantes para aquela faixa etária, ele passa a refletir sobre as normas sociais e se 
apropria de um conjunto de valores que servirão de guia para a autoavaliação e avaliação 
da conduta dos outros. 
Esse processo de torna-se o aspecto mais importante no desenvolvimento do ego. 
O ciclo de vida, sendo percebido como algo que se divide em um determinado 
número de períodos, faz com que os indivíduos desenvolvam um conceito de normal 
ligado à ocorrência de certo eventos dentro de um determinado período de tempo. 
Nas sociedades industrializadas, seriam exemplos desses eventos: conclusão do 
ensino fundamental, ensino médio, educação superior, entrada no mercado profissional, 
estabilidade profissional, casamento, filhos, aposentadoria etc. Além disso, a existência 
de períodos no ciclo de vida faz com que os indivíduos adquiram uma espécie de relógio 
interior que lhe diz se os acontecimentos de sua vida estão ocorrendo ou não dentro do 
período adequado. 
É preciso salientar que os indivíduos não são passivamente moldados pelos seus 
grupos sociais. Ao contrário cada pessoa faz, para si, um rol dos acontecimentos que 
considera importante, bem como a cronologia de sua ocorrência. Assim, estar ou não em 
 
 
 
 25 
sintonia com o relógio interior acaba sendo um dos itens no desenvolvimento do 
autoconceito. 
Os períodos do ciclo de vida na idade adulta seriam: idade adulta jovem, a 
maturidade e a velhice. 
 
A idade adulta jovem 
Neste período, deve ser conquistada a estabilidade profissional, afetiva e dos 
valores éticos. 
Com sua identidade mais definida, o homem adulto mostra-se disposto a fundi-la 
coma de outras pessoas. Como seus valores e ideias já estão claramente estabelecidos, 
ele se torna capaz de integrar-se a grupos políticos, religiosos ou esportivos, 
desenvolvendo a força ética necessária para ser fiel a essas ligações, assumindo os 
compromissos e sacrifícios que elas lhe impõem. 
A mais importante tarefa do ego, nesse período, é encontrar o equilíbrio entre a 
estabilidade e o avançar para o futuro, buscar novos caminhos, esforçar-se para fazer 
novas descobertas, investir em si mesmo e na vida das pessoas que dependem mais 
diretamente dele (familiares, amigos, colegas,etc.). 
Nesta fase a pessoa deve conseguir sua individuação, realização e estabilidade 
profissional para encarar sem medo o avanço da idade. 
Este período cria alguns problemas para os dois sexos. A mulher deve achar o 
equilíbrio entre a carreira profissional e realização pessoal com a vida afetiva e a 
maternidade. O homem deve empenhar-se para estar em harmonia com os novos papéis 
a desempenhar (o de pai, o de profissional etc.) e seus padrões de liberdade. 
Ao final desses conflitos as pessoas deem construir um mundo interior que lhes 
permita estar satisfeitas consigo mesmas e com a vida que começaram a construir. 
Caso não consigam cumprir esta tarefa irão se sentir estagnadas e não conseguirão 
doar-se aos outros. 
 
A maturidade ou meia-idade 
Neste período há uma mudança na perspectiva pessoal do tempo. Ele é 
reestruturado em termos da metade do tempo de vida. A questão não é mais que 40 ou 
50 anos de via tenham passado, e sim: Quanto tempo ainda resta pela frente? O que 
pode ser feito para viver melhor? Como não perder o que ainda resta? Como não ser 
 
 
 
 26 
considerado ultrapassado em todas as atividades e relações e relações estabelecidas? 
Essas e outras questões permeiam este período de vida. 
Esse questionamento não leva necessariamente a depressão. A pessoa pode 
pensar: “Tempo é agora e a luta pela minha realização não terminou”. Isso pode gerar 
certa ansiedade, mas também pode colocar um novo atrativo e muito prazer ao planejar o 
que ainda pode ser feito. 
Por outro lado, essas reflexões conduzem a um aumento da introspecção e reflexão. 
A pessoa a reinterpretar seu passado e a organizar suas lembranças, criando um 
contexto histórico que lhes dê um significado. 
Esse processo é uma entrada com duas saídas. E aqueles indivíduos que são 
abertos e sensíveis às mudanças dos padrões sociais podem ter um crescimento interior 
e conviver com as novas gerações sem serem considerados ultrapassados. 
No entanto, aqueles que têm pouca flexibilidade cognitiva ficam muito presos a 
condutas e valores do passado. Isso torna seu relacionamento com a juventude bastante 
difícil. Pessoas com esta mentalidade acreditam que o que está em jogo nos conflitos com 
as novas gerações (filhos, subalternos, chefes mais jovens etc.) é o seu prestígio e a sua 
autoridade. Consequentemente, fecham-se a qualquer diálogo e impõem seus pontos de 
vista pela coerção ou pela opressão. 
O crescimento dos filhos e a perspectiva da aposentadoria são alguns dos eventos 
sociais que indicam o inicio do processo de envelhecimento. 
Ao perceber que os filhos cresceram e não precisam mais da presença constante 
dos pais, as pessoas começam a tomar consciência de que não são mais jovens. 
Neste período as relações familiares tornam-se tensas, pois os filhos, sendo agora 
adolescentes ou jovens adultos, passam a questionar a autoridade dos pais e a 
considerá-los ultrapassados. Por mais aberto e moderno que seja o indivíduo, ele estará 
sujeito a choque de valores, tanto no trabalho como na família, com os elementos das 
novas gerações. 
Os pais desenvolvem um sentimento de perda com o crescimento de seus filhos. 
Esse processo é visto como algo ameaçador. A inserção do jovem na vida adulta terá 
como consequência a saída do mesmo de casa (quer pela bisca da realização 
profissional, quer pelo casamento e constituição de uma nova família). 
Consequentemente, os pais devem agora buscar novas formas de vida para utilizar sua 
disponibilidade de espaço e tempo. 
 
 
 
 27 
O relacionamento do casal torna-se mais intimo, pois não tem que dividir o tempo 
com os filhos. 
Para as mulheres aparece outro desafio, que é a menopausa. Muitas acreditam que 
ela significa envelhecimento e desenvolvem a ansiedade de não serem mais atraentes 
para seu companheiro. 
Os homens apresentam medo de perder o prazer sexual e algumas vezes se 
envolvem com novos relacionamentos afetivos com objetivo de se sentirem mais jovens. 
Para muitas pessoas já se inicia a preocupação com a aposentadoria. Essa 
preocupação está ligada não apenas à sobrevivência financeira, mas também à 
dificuldade em vencer a perda dp prestigio dos colegas e do estilo de vida até então 
desenvolvido. 
Nesta etapa, o crescimento do ego está ligado à superação das perdas que a vida 
acarreta. 
Não é fácil envelhecer em um país de jovens e com uma forte tendência cultural 
para valorizar o presente e o novo, como acontece com o nosso país. 
No entanto, o indivíduo deve compreender que o processo de autodesenvolvimento 
não pode ser colocado nas mãos de outras pessoas ou em coisas passageiras. O 
equilíbrio para uma qualidade de vida interior adequada deve ser buscado tanto na 
perspectiva profissional como na pessoal. 
 
A velhice 
O desafio para o ego nesta etapa da vida está relacionado com a adaptação à perda 
do trabalho, de amigos, do companheiro, da posição, da autoridade na família, e ao 
questionamento, feito pelos outros, sobre a competência (física e mental) do velho para 
executar algumas tarefas. 
Mais do que em qualquer outra época da vida, háum constante interesse pela 
saúde dos amigos. Cada pessoa que fica doente ou morre traz à tona a questão: “Quando 
o meu dia chegara?”. 
A preocupação com a passagem do tempo de vida já não é mais tão aguda.Embora 
a pessoa idosa admita que os velhos têm maior probabilidade de morrer do que os 
jovens, ela não é capaz de pensar na própria morte e acredita que tem ainda muito tempo 
pela frente. 
A integridade do ego neste período está mais apoiada no passado (o que eu fui, o 
que eu fiz) do que no presente (o que eu sou). O legado da vida dá ao velho sentimento 
 
 
 
 28 
de vitória. Ele pensa: “Eu conheço mais sobre a vida que as pessoas jovens. Elas ainda 
têm que aprender”. A satisfação de ter superado os desafios que a existência lhe colocou 
lhe dá uma sensação de triunfo e de domínio do viver. 
A maior parte dos idosos adquiriu paz interior e apresenta flexibilidade para julgar e 
aceitar a conduta dos outros. É como se eles pensassem: “ Para que tanta rigidez e 
sofrimento? O mais importante da vida é estar vivo”. 
 
Teóricos que não aceitam estágios no desenvolvimento do adulto 
Os teóricos que defendem este ponto de vista baseiam sua argumentação em três 
aspectos. 
O primeiro é que, a partir da adolescência, o ritmo dos acontecimentos da vida torna-
se menos regular, por isso a vida perde seu costumeiro significado social, tornando-se, 
assim, cada vez menos relevante. 
O segundo ponto apresentado é que as tarefas sociais, problemas e preocupações, 
que geralmente são usados para caracterizar os estágios, não pertencem exclusivamente 
a uma faixa etária, mas aparecem e reaparecem ao longo da vida. Podem assumir formas 
diferentes, mas não obedecem a uma ordem fixa. 
O terceiro argumento é que as mudanças interiores ocorrem vagarosamente, são 
contínuas e não discretas. Elas refletem apenas o modo que cada um percebe o mundo. 
Essa percepção é resultante do processo de aprendizagem social, ao qual qualquer 
pessoa está sujeita. 
O adulto é o construtor de sua dimensão de tempo e de espaço. Na sua mente 
presente e passado constituem uma realidade psicológica, que é organizada a partir de 
diferentes sistemas de valores. Segue-se, daí, que descrever a existência como uma 
sequencia de períodos claramente demarcados (juventude meia-idade e velhice) é um 
jeito de prejudicar a ideia da vida, como se ela fosse um conjunto de interações que 
obedecem a certo número de normas e padrões. 
 
O desenvolvimento cognitivo 
Os estudos com os adultos serviram também para introduzir modificações no modelo 
empregado até então para descrever o ritmo de desenvolvimento da inteligência. Durante 
muito tempo predominou, entre os teóricos deste campo, a ideia de que a inteligência 
crescia até os 25 anos, depois estabilizava, para finalmente decrescer na velhice. 
 
 
 
 29 
Os estudos com os adultos mostraram que o desenvolvimento cognitivo continua a 
ocorrer ao longo da vida. 
As pesquisas com idosos mostram que não há deterioração no nível de inteligência 
daqueles que têm um bom estado de saúde. A deterioração ocorre apenas naqueles 
indivíduos que apresenta doenças degenerativas do sistema nervoso, ou naqueles que 
passaram a viver em ambientes muito pobres de estimulações. 
A partir da adolescência o ser humano adquire a capacidade de raciocinar com 
conceitos abstratos. Entretanto, o estudo do desenvolvimento do pensamento formal 
mostrou que esse período é uma fase de transição. O adolescente ainda apresenta 
dificuldades com conceitos cujo nível de abstração é alto. Seu pensamento abstrato está, 
ainda, muito ligado a tarefas especificas e assuntos do seu cotidiano. 
À medida que a idade avança, o indivíduo passa a ter um domínio cognitivo que lhe 
permite criar estratégias eficientes para a resolução de problemas complexos, cujos 
conceitos envolvidos mantêm uma relação de ordem em um nível mais alto de 
generalização e abstração. Evidentemente que, quanto maiores forem as exigências 
ambientais (tipo de trabalho desenvolvido, leituras, discussões com outras pessoas, 
complexidade dos problemas), maior será o desenvolvimento do pensamento formal. 
Na idade adulta o desenvolvimento da cognição está mais ligado às exigências 
ambientais e ao contexto cultural em que a pessoa vive. Isso não quer dizer que as 
pessoas que vivem em ambientes culturalmente empobrecidos não tenham raciocínio 
formal. Elas apenas não terão a riqueza de conceitos, flexibilidade e a complexidade 
conceitual do indivíduo que vive em um ambiente em que a interação com os grupos e a 
atividade profissional coloca problemas abstratos e com alto grau de generalização. 
 
3.1 Principais tarefas do desenvolvimento humano: na infância, na 
adolescência e na vida adulta 
 
O desenvolvimento humano é muito diversificado, pois cada pessoa tem suas 
características próprias, que a distingue das outras pessoas, e seu próprio ritmo de 
desenvolvimento. Analisando o desenvolvimento de grande numero de pessoas, muitos 
pesquisadores chegaram também a estabelecer certas fases para esse processo. 
Segundo Pilletti (1995), essas etapas obedecem a uma sequencia, valida para todos. Isto 
é, todas as pessoas, ao se desenvolver passam por essas etapas, embora varie a idade 
em que cada uma dessas pessoas inicia cada fase. 
 
 
 
 30 
A evolução do desenvolvimento humano é gradual e contínua. Entretanto, em alguns 
momentos, as mudanças são maiores que em outros. A infância e a adolescência são as 
fases em que as mudanças são mais acentuadas, enquanto a vida adulta é considerada 
um período de maior estabilidade. 
No século XX, dentre todos os cientistas renomados que realizaram estudos sobre o 
ser humano, há os que merecem destaque especial, são eles: Sigmund Freud (1856-
1939) e Jean Piaget (1896-1980). Para eles, o desenvolvimento humano se faz através de 
estágios ou fases, que sucedem na mesma ordem em todos os indivíduos, desde que 
tenham um desenvolvimento normal, passam por essas fases. 
 Nessas fases estabelecidas por estes teóricos, estão à infância, a adolescência e a 
vida adulta. Estas compreendem um conjunto de tarefas relevantes realizadas no decorrer 
do ciclo da vida. Destacam-se entre muitas tarefas, algumas consideradas principais, 
passíveis de todos os indivíduos. Na infância, a aquisição de habilidades linguísticas, o 
desenvolvimento do controle de impulso, a iniciação dos estudos na escola, apreensão da 
leitura e da escrita, desenvolvem habilidades sociais e entram na puberdade. Na 
adolescência, identificam-se através de modelos, desenvolvem a independência, 
escolhem uma profissão e ingressam na universidade. Posteriormente, na vida adulta, as 
tarefas, resumem-se em terem filhos e criá-los em idade escolar, criar adolescentes, 
firmarem-se profissionalmente, os filhos deixam o lar tornando-se independentes, casam-
se e cuidam de um progenitor enfermo e tornam-se avós numa sequencia natural da vida. 
 Uma vez cumpridas, essas tarefas não perdem a importância, muito embora a 
saliência destas possa declinar ou diminuir em relação às questões que vão emergindo, 
elas permanecem importantes para a aptidão ao longo do tempo. Na medida em que cada 
nova tarefa é relevante para o desenvolvimento em um determinado estágio, surgem 
novas oportunidades para o crescimento e consolidação, tanto quanto associados com 
novas vulnerabilidades. A noção corrente de tarefa do desenvolvimento implica em um 
conjunto de critérios, alguns universais, outros específicos de determinada cultura ou 
momento histórico, através dos quais se avalia a competência do indivíduo no 
enfrentamento dos desafios psicossociais típicos de cada etapa. Para Rabaglio 
(2001) competência é um conjunto de conhecimentos, habilidades, atitudes e 
comportamentos que permitem ao indivíduo desempenharcom eficácia determinadas 
tarefas. E pode ser definida como atributos adaptativos, cognitivos, emocionais, 
comportamentais ou sociais, complementados pelas crenças e expectativas da pessoa 
sobre sua possibilidade de ter acesso a esses atributos e suas habilidades de 
 
 
 
 31 
implementá-los. Trata-se de um conceito fundamentado em uma perspectiva de 
desenvolvimento, que sendo ótimo, consistiria em um processo contínuo de 
reorganização e integração ativa, pelo indivíduo, das diversas competências adquiridas ao 
longo da vida. 
 Os contextos onde o indivíduo se desenvolve pode contribuir tanto para a 
competência na execução das tarefas, em maior ou menor grau, como para a 
vulnerabilidade aos riscos, tanto aqueles inerentes a cada etapa do ciclo da vida, como as 
decorrentes de circunstâncias de vida adversas ao desenvolvimento. 
 Portanto, para que as tarefas inerentes a cada etapa do desenvolvimento sejam 
enfrentadas com sucesso faz-se necessário a aquisição de competências proporcionadas 
pelo meio em que o individuo está inserido. No entanto, é necessário que sua participação 
seja ativa, dentro dos diversos sistemas sociais para desenvolver essas competências. 
 
4. AS TEORIAS DO DESENVOLVIMENTO HUMANO 
4.1 A Psicanálise e o Desenvolvimento Humano 
 
No século XIX, em Viena, cidade da Áustria, Sigmund Freud (1856-1939) 
revolucionou a ciência. 
 Num momento histórico em que o Homem acreditava ser o “senhor do mundo”, o 
“senhor de si mesmo”, Freud desenvolve um conjunto de idéias onde nos encontramos 
sob a influência de forças que desconhecemos e que não podemos controlar: o 
inconsciente, uma região obscura e que funciona de modo ilógico, como vemos nos 
sonhos. 
Além disso, também chocou o mundo ao afirmar que a infância não é uma época de 
calmaria e que a sexualidade está presente em nossas vidas desde que nascemos. 
 Para ele o Ser Humano é também uma criatura que vive em conflito interior 
constante e que possui tanto uma força (pulsão) que o mobiliza para o prazer quanto para 
a agressividade. 
 Freud, sendo médico psiquiatra, construiu a teoria psicanalítica a partir da escuta e 
da observação de pessoas (especialmente mulheres) em sofrimento. 
 Ao longo do acompanhamento de seus pacientes, Freud observou que aquilo que 
nos machuca, que nos agride, que ofende nossos valores estéticos, religiosos e morais 
tudo aquilo que, na verdade, gostaríamos de esquecer, não fica adormecido em nossas 
 
 
 
 
 32 
mentes, mas permanece vivo e atuante na dimensão do inconsciente, fazendo força e 
querendo invadir nossas mentes. 
 
Descrição Geral da Teoria 
O modelo construído por Freud para explicar o desenvolvimento humano é chamado 
de analítico: sendo médico, este correlacionou a ocorrência de eventos psíquicos a 
aspectos do desenvolvimento físico humano, dividindo os estágios de desenvolvimento 
nas seguintes fases a serem melhor descritas adiante: fase oral; fase anal; fase fálica; 
período de latência e fase genital. 
Em cada uma delas a energia do prazer, da vida (libido) encontra-se localizada 
numa parte específica de nosso corpo, implicando numa forma de obtenção de prazer e 
de relação com o mundo a nossa volta específica. 
Entre a fase fálica e a genital ocorre um momento chamado período de latência, no 
qual a libido se encontraria “adormecida” e investida em atividades socialmente úteis, no 
caso, a entrada da criança no processo de escolarização formal. 
Diz-se que a teoria de Freud é “universalizante” na medida em que este acredita que 
em todas as épocas, lugares e culturas humanas, todos os Seres Humanos atravessariam 
as mesmas fases e vivenciariam os mesmos dramas humanos. 
 
Fase Oral 
Segundo a psicanálise, ao nascer o bebê mantém um vínculo simbiótico com a mãe, 
ou seja, os dois se encontram envolvidos por um vínculo de proximidade profunda, ao 
ponto de a mãe identificar-se com o seu bebê, e este bebê ao ponto de não saber que ele 
e a mãe são seres separados. 
Apenas com o passar do tempo, a partir de pequenas frustrações impostas pela 
realidade, é que o bebê vai desenvolvendo a consciência de se uma pessoa separada da 
mãe. 
Ao sair do ventre materno, a criança teria que aprender a comer, a respirar por conta 
própria, lutando agora pela própria sobrevivência, 
No primeiro estágio do desenvolvimento humano, que iria do nascimento até mais ou 
menos um ano de idade, a boca seria a parte do corpo mais sensível do bebê, sendo 
assim a criança começaria a conhecer o mundo a sua volta através da boca. 
 
 
 
 33 
O bebê degusta os alimentos, morde, lambe, suga tudo que encontra em seu 
caminho. 
Neste momento o bebê vai desenvolvendo uma íntima relação com aqueles que lhe 
fornecem alimento, e no momento da alimentação ao mesmo tempo em que o leite 
ingerido leva para o corpo substancias necessárias para a sobrevivência do corpo, 
incorpora na relação com as pessoas que o alimentam e cuidam amor e/ou desamor para 
seu psiquismo. 
Diz-se mesmo, que o primeiro objeto de afeto infantil é o seio, uma vez que ao 
nascer, como já observamos, não possui ainda a capacidade de perceber a mãe por 
inteiro; assim como aos poucos descobrirá o próprio corpo, descobrirá também o corpo 
dos que estão a sua volta. 
Diz-se que se aqueles que cuidam da criança são pessoas predominantemente 
boas, o bebê levará para dentro de si a bondade. Se pelo contrário o que predomina é a 
raiva, a insegurança, a contradição, são a raiva, a insegurança e a contradição que o 
bebê irá introjetar. 
Para Freud a fase oral pode ser dividida em dois momentos: a etapa oral de sucção 
é a primeira delas e durante a mesma o bebê possui uma postura mais passiva diante do 
mundo, incorporando mais deste do que agindo sobre ele. Neste momento a fantasia 
quase sempre é percebida como sendo a realidade e o mundo é percebido de forma 
fragmentária e parcial. 
O segundo estágio da fase oral é acompanhado pelo surgimento dos primeiros 
dentinhos da criança, sendo por isso mesmo chamado de etapa oral sádico-canibal. 
Temos agora, neste momento, uma criança muito mais ativa e que demonstra 
claramente a própria agressividade, usando os dentes para morder o seio e triturar os 
primeiros alimentos sólidos. 
Se a mãe compreende a energia agressiva do bebê, e não a pune de forma 
extrema, a criança tende a aprender com o perdão e a encarar a própria agressividade de 
forma mais positiva, uma vez que continuará precisando dela para lutar pela própria 
sobrevivência. 
Uma vez ultrapassado este estágio, podemos, ainda na fase adulta, observar suas 
contribuições na forma de nos relacionarmos nos comportarmos no mundo: é a pessoa 
que rói unha quando fica nervosa; que não se cansa de mascar chicletes; é aquele que 
come para aliviar preocupações, é aquele que deixa de comer para se punir ou punir as 
 
 
 
 34 
pessoas a sua volta; é aquele que ganha dinheiro com a fala, seja cantando, dando aula, 
apresentando programas de rádio ou TV. 
Dizemos que uma pessoa ficou fixada na fase oral de sucção quando é 
extremamente passiva e dependente dos outros a sua volta, parecendo ainda ser um 
bebe de boca aberta diante do mundo, esperando receber alimento. 
 
A Fase Anal 
Para Freud aconteceria durante o segundo ano de vida, quando a criança vai 
alcançando a maturação do controle muscular, especialmente da musculatura anal. 
Este período seria repleto de fantasias em torno dos primeiros produtos que a 
criança coloca no mundo: a urina e as fezes. 
Para a teoria psicanalítica a criança sentiria tais produtos como valiosos, em virtude 
não apenas de serem produção sua, mas ainda pela importância que o meio social 
parece lhes atribuir: a família se preocupa se a criança tem prisão de ventre ou diarréia; 
as pessoas a sua volta querem saber quando e onde defecou e urinou, etc. 
Tantas preocupações, para uma criança que agora anda, corre, e tem uma maior 
percepçãodo real, logo instauram uma nova modalidade de relação do infante com o 
mundo a sua volta: a projeção e o controle. 
Desta forma, seus produtos poderão se tornar “armas” projetadas no mundo para 
agredi-lo ou “presentes” que ofertará aos que amam e se preocupam com ela. 
De igual modo, poderão querer guardar apenas para si aquilo que sentem como 
valioso, evitando dividir seus “tesouros” com o mundo, como no caso da prisão de ventre. 
É ao longo do período de treino do uso do banheiro que a criança começará a 
assimilar os primeiros hábitos de higiene, assim como a desenvolver uma possível 
repulsa por aquilo que sai dela, isto especialmente quando aqueles que a educam são 
rígidos demais e intolerantes com sua produção, o que mais tarde, na vida escolar, 
poderá ser observado na dificuldade de ser criativa ou mesmo resolver as tarefas 
escolares. Pode ser o caso daquela criança que insiste em não desenhar ou fazer uma 
redação por achar que nunca sua obra é bonita e digna de atenção. 
À medida que vai absorvendo as regras sociais que a proíbem de “brincar” com as 
próprias fezes, a criança irá substituí-las por outros elementos de textura semelhante ao 
do xixi e fezes, passando a interessar-se por eles, a brincar com eles, como é o caso da 
massinha de modelar, da terra, da areia, da águas e da tinta guache. 
 
 
 
 35 
Para a teoria freudiana, ao crescermos iríamos também substituindo as fezes pelo 
dinheiro, passando inclusive a lidar com ele, da mesma forma que lidaríamos com nossos 
produtos fecais: sendo gastadores compulsivos (diarréia) ou controladores em excesso 
(prisão de ventre). 
Em diversas profissões poderíamos ver também resquícios da fase anal, como no 
caso dos pintores e escultores. 
 
Fase Fálica 
Este período do desenvolvimento humano ocorreria mais ou menos dos três aos 
cinco anos de idade. 
Nele, a energia da vida (libido) se concentraria nos genitais, ocasionando um grande 
interesse da criança pelo mecanismo da reprodução, pela diferença anatômica entre os 
sexos e pela masturbação. 
É necessário que se observe que o interesse sexual da criança neste período é 
diferente do adulto: seu querer bem se relaciona não à atividade sexual genital, que ainda 
não vivenciou, e nem compreende. Seu gostar se relaciona ao estar junto, ao dividir 
atividades prazerosas que fazem parte do seu dia, como brincar junto, conversar, 
abraçar... 
A não ser que a criança vivencie situações de abuso sexual, sua postura não será 
erotizada como a do adulto. 
É importante termos bem clara tal noção, pois para Freud, neste estágio, a criança 
viveria o mais forte sentimento de amor de toda a sua vidar: o amor pelo pai do sexo 
oposto, sentimento este acompanhado pelo desejo de ver-se livre do pais de mesmo 
sexo, de quem sente raiva e amor ao mesmo tempo. 
A tal fenômeno Freud denominou de Complexo de Édipo, inspirado na tragédia 
Grega do jovem Édipo que, sem saber, mata Laio, o próprio pai, para casar-se com 
Jocasta, a mãe que não conhecia. 
São sentimentos misturados e confusos que a criança irá reprimir a medida que for 
percebendo que existe uma lei social que a proíbe de “casar” com seu objeto de amor. 
Além disso, no caso do menino, este também temeria a possível vingança do pai, maior e 
mais forte, vinda na forma da castração. 
Freud viria a chocar especialmente o movimento feminista ao afirmar que, no caso 
da menina, segundo Nasio (2007), a resolução do Complexo de Édipo seria difícil e 
demorada, pois, não tendo falo, não teria porque temer a castração pela mãe. 
 
 
 
 36 
Ainda, conforme explicita Nasio, a entrada da menina no drama edípico se daria por 
raiva da mãe, por esta tê-la gerado sem um pênis. Assim, a menina se voltaria para o pai, 
que o possui, passando a amá-lo. 
Interessante é observar que tal inveja feminina do falo teria um fundamento 
sociológico: a menina não desejaria o falo em si, pois ainda não vive uma sexualidade 
adulta, mas sim, o poder e o prestígio do homem na sociedade. Sociedade esta, na época 
de Freud, completamente patriarcal, machista. 
Ao aceitar a realidade de que não pode ter o pai do sexo oposto, a criança sairia do 
Complexo de Édipo e em troca, pelo acatamento da lei. Desenvolveria o Superego, parte 
de nossa personalidade que representa a lei, a moral, a religião, o Direito, os bons 
costumes. 
No entanto, na fantasia, posteriormente o ser humano poderia projetar a imagem dos 
pais amados/odiados neste antigo triângulo amoroso na figura de uma terceira pessoa, 
especialmente se esta ocupa lugar de prestígio, como é o caso dos professores. 
 Quantas vezes não ouvimos adultos se referirem, por exemplo, que um dia 
chamaram, por distração, sem querer, a professora de “mãe”? 
 
Período de Latência 
Este momento, que começa por volta dos 6 e vai até o início da adolescência, não é 
considerado um estágio de desenvolvimento, já que a energia da vida ficaria paralisada, 
adormecida (latente como a Bela Adormecida dos contos infantis), sem se concentrar em 
especial em nenhuma parte do corpo da criança. 
Por outro lado, tal energia da vida seria investida em atividades socialmente úteis, 
como o estudo. A este mecanismo de substituição de interesses sexuais por atividades e 
temas considerados nobres pela cultura, Freud chamou de sublimação. 
Desta forma, se nenhum grande acidente de percurso aconteceu com a criança até 
este momento ela terá a possibilidade de concentrar sua curiosidade e energia na 
aprendizagem de brincadeiras e conteúdos escolares. 
 
Fase Genital 
O último estágio do desenvolvimento humano seria o genital, dando-se a partir da 
adolescência em diante. 
 
 
 
 37 
A puberdade proporcionaria o redespertar do interesse pela sexualidade, que desta 
vez atingiria uma dimensão genital. 
Sendo conquistado amadurecimento psicológico o indivíduo seria capaz de amar e 
trabalhar no sentido pleno: cuidando do mundo e das próximas gerações, sendo capaz de 
criar laços e neles investir; sendo capaz de trocar afeto genuíno com as pessoas. 
 
Contribuições à Educação e Críticas a Respeito da Teoria Freudiana do 
Desenvolvimento Humano 
 
Na medida em que a dimensão afetiva do Ser Humano não deve ser 
desconsiderada quando falamos de temas como aprendizagem escolar, entender o 
quanto as emoções podem contribuir para nosso avanço ou paralisação, torna o estudo 
da teoria freudiana obrigatório na área da Educação. 
Dramas afetivos poderiam, inclusive, contribuir para que nos fechemos ao saber... 
 Por outro lado, o fato de não ter aprofundado a respeito do desenvolvimento adulto, 
bem como a ênfase em características universais dos estágios de desenvolvimento 
humano são motivo de grande crítica às teorias formuladas por Freud. 
Seria possível falar, por exemplo, na inveja feminina ao falo em todas as 
sociedades? Seria possível falar que todas as crianças do mundo passam exatamente por 
todos os estágios descritos em todas as culturas e épocas? 
Neste sentido, as críticas à teoria freudiana chamam a atenção para a diversidade 
cultural existente em todo o mundo. 
 
4.2 Teoria do Desenvolvimento Psicossocial de Eric Erikson 
 
Érica Rotondano 
Maria Inez Pereira de Alcântara 
Raimunda M. Sabóia 
 
 
Erik Erikson, discípulo de Freud, nasceu na Suécia em 1902 e faleceu em 1994 aos 
92 anos nos Estados Unidos. No início de sua carreira dedicou-se a pintura de retratos, 
atividade que lhe garantia algum ganho e flexibilidade para viajar. Nesta área teve uma 
carreira promissora e destacou-se por seu talento artístico. O início do contato com Freud 
surgiu de um convite para fazer o retrato de uma criança que, coincidentemente, era a 
filha de Freud. A partir deste contato, Erikson começou a relacionar-se com a família 
http://artigos.psicologado.com/psicologia-geral/desenvolvimento-humano/teoria-psicossocial-do-desenvolvimento-em-erik-erikson
 
 
 
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Freud, muito especialmente com Anna Freud, com quem

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