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RESÍDUOS DE SERVIÇOS DE SAÚDE Os Resíduos de Serviços de Saúde (RSS), englobam, os resíduos gerados em hospitais, farmácias e drogarias; laboratórios de análises clínicas, consultórios médicos e odontológicos, clinicas e hospitais veterinários, bancos de sangue e outros estabelecimentos similares. Até pouco tempo atrás, na grande maioria dos municípios brasileiros, a gestão dos resíduos dos serviços de saúde era realizada junto com os resíduos sólidos urbanos. Não havia diferenciação no manejo dos resíduos, sendo os mesmos coletados, transportados, tratados e dispostos juntamente com os resíduos domiciliares e públicos. A conscientização da população e das autoridades sobre os problemas ocasionados pela gestão incorreta dos RSS determinou que estes passassem a receber um tratamento diferenciado. Com relação a sua periculosidade, os RSS apresentam riscos para saúde de quem manipula os resíduos, mais especificamente para os profissionais de saúde e para os empregados que atuam nos serviços de limpeza e higienização das unidades de saúde. Nas dependências das unidades de saúde, o manejo inadequado dos RSS pode contribuir para o aumento da incidência de casos de infecção hospitalar nos pacientes. Com relação à questão ambiental, os RSS quando lançados em lixões geram poluição, através da contaminação de corpos hídricos e aqüíferos subterrâneos pelo chorume e contribuem para a proliferação de doenças através de vetores atraídos pelos resíduos. Classificação dos Resíduos de Serviços de Saúde Embora seja motivo de ampla discussão em câmaras técnicas, as classificações adotadas para os RSS são as definidas pela Resolução CONAMA 283/2001 e pela Resolução RDC nº 306, de 07 de dezembro de 2004, da ANVISA - Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Pela Resolução RDC nº 306 da ANVISA, os resíduos de serviços de saúde são classificados da seguinte forma: GRUPO A Resíduos com a possível presença de agentes biológicos que, por suas características, podem apresentar risco de infecção. A1 ? Culturas e estoques de microorganismos; resíduos de fabricação de produtos biológicos, exceto os hemoderivados; descarte de vacinas de microorganismos vivos ou atenuados; meios de cultura e instrumentais utilizados para transferência, inoculação ou mistura de culturas; resíduos de laboratórios de manipulação genética. ? Resíduos resultantes da atenção à saúde de indivíduos ou animais, com suspeita ou certeza de contaminação biológica por agentes classe de risco 4, microorganismos com relevância epidemiológica e risco de disseminação ou causador de doença emergente que se torne epidemiologicamente importante ou cujo mecanismo de transmissão seja desconhecido. ? Bolsas transfusionais contendo sangue ou hemocomponentes rejeitadas por contaminação ou por má conservação, ou com prazo de validade vencido, e aquelas oriundas de coleta incompleta. ? Sobras de amostras de laboratório contendo sangue ou líquidos corpóreos, recipientes e materiais resultantes do processo de assistência à saúde, contendo sangue ou líquidos corpóreos na forma livre. A2 ? Carcaças, peças anatômicas, vísceras e outros resíduos provenientes de animais submetidos a processos de experimentação com inoculação de microorganismos, bem como suas forrações, e os cadáveres de animais suspeitos de serem portadores de microorganismos de relevância epidemiológica e com risco de disseminação, que foram submetidos ou não a estudo anátomo-patológico ou confirmação diagnóstica. A3 ? Peças anatômicas (membros) do ser humano; produto de fecundação sem sinais vitais, com peso menor que 500 gramas ou estatura menor que 25 centímetros ou idade gestacional menor que 20 semanas, que não tenham valor científico ou legal e não tenha havido requisição pelo paciente ou familiares. A4 ? Kits de linhas arteriais, endovenosas e dialisadores, quando descartados. ? Filtros de ar e gases aspirados de área contaminada; membrana filtrante de equipamento médico-hospitalar e de pesquisa, entre outros similares. ? Sobras de amostras de laboratório e seus recipientes contendo fezes, urina e secreções, provenientes de pacientes que não contenham e nem sejam suspeitos de conter agentes Classe de Risco 4, e nem apresentem relevância epidemiológica e risco de disseminação, ou microorganismo causador de doença emergente que se torne epidemiologicamente importante ou cujo mecanismo de transmissão seja desconhecido ou com suspeita de contaminação com príons. ? Resíduos de tecido adiposo proveniente de lipoaspiração, lipoescultura ou outro procedimento de cirurgia plástica que gere este tipo de resíduo. ? Recipientes e materiais resultantes do processo de assistência à saúde, que não contenha sangue ou líquidos corpóreos na forma livre. ? Peças anatômicas (órgãos e tecidos) e outros resíduos provenientes de procedimentos cirúrgicos ou de estudos anátomo-patológicos ou de confirmação diagnóstica. ? Carcaças, peças anatômicas, vísceras e outros resíduos provenientes de animais não submetidos a processos de experimentação com inoculação de microorganismos, bem como suas forrações. ? Bolsas transfusionais vazias ou com volume residual pós-transfusão. A5 ? Órgãos, tecidos, fluidos orgânicos, materiais perfurocortantes ou escarificantes e demais materiais resultantes da atenção à saúde de indivíduos ou animais, com suspeita ou certeza de contaminação com príons. GRUPO B Resíduos contendo substâncias químicas que podem apresentar risco à saúde pública ou ao meio ambiente, dependendo de suas características de inflamabilidade, corrosividade, reatividade e toxicidade. ? Produtos hormonais e produtos antimicrobianos; citostáticos; antineoplásicos; imunossupressores; digitálicos; imunomoduladores; anti-retrovirais, quando descartados por serviços de saúde, farmácias, drogarias e distribuidores de medicamentos ou apreendidos e os resíduos e insumos farmacêuticos dos medicamentos controlados pela Portaria MS 344/98 e suas atualizações. ? Resíduos de saneantes, desinfetantes, desinfestantes; resíduos contendo metais pesados; reagentes para laboratório, inclusive os recipientes contaminados por estes. ? Efluentes de processadores de imagem (reveladores e fixadores). ? Efluentes dos equipamentos automatizados utilizados em análises clínicas ? Demais produtos considerados perigosos, conforme classificação da NBR 10.004 da ABNT (tóxicos, corrosivos, inflamáveis e reativos). GRUPO C Quaisquer materiais resultantes de atividades humanas que contenham radionuclídeos em quantidades superiores aos limites de isenção especificados nas normas do CNEN e para os quais a reutilização é imprópria ou não prevista. ? Enquadram-se neste grupo os rejeitos radioativos ou contaminados com radionuclídeos, provenientes de laboratórios de análises clinicas, serviços de medicina nuclear e radioterapia, segundo a resolução CNEN-6.05. GRUPO D Resíduos que não apresentem risco biológico, químico ou radiológico à saúde ou ao meio ambiente, podendo ser equiparados aos resíduos domiciliares. ? Papel de uso sanitário e fralda, absorventes higiênicos, peças descartáveis de vestuário, resto alimentar de paciente, material utilizado em anti-sepsia e hemostasia de venóclises, equipo de soro e outros similares não classificados como A1; ? Sobras de alimentos e do preparo de alimentos; ? Resto alimentar de refeitório; ? Resíduos provenientes das áreas administrativas; ? Resíduos de varrição, flores, podas e jardins ? Resíduos de gesso provenientes de assistência à saúde GRUPO E Materiais perfurocortantes ou escarificantes, tais como: Lâminas de barbear, agulhas, escalpes, ampolas de vidro, brocas, limas endodônticas, pontas diamantadas, lâminas de bisturi, lancetas; tubos capilares; micropipetas; lâminas e lamínulas; espátulas; e todos os utensílios de vidro quebrados no laboratório (pipetas, tubos de coleta sanguínea e placas de Petri) e outros similares. GERENCIAMENTO DOS RESÍDUOS DE SERVIÇOS DE SAÚDE O correto gerenciamento dos RSSé fundamental para neutralizar riscos a saúde da população e ao meio ambiente. O gerenciamento dos RSS inclui as fases de manejo interno nas unidades de saúde, coleta, transporte, tratamento e disposição final. Manejo Interno No manejo interno é fundamental que seja realizado o correto trabalho de segregação no interior das unidades de serviços de saúde de forma a permitir a redução da quantidade de resíduos infectantes e, conseqüentemente, as despesas com o tratamento dos RSS. As principais etapas do manejo interno dos RSS nas unidades de serviços de saúde são: SEGREGAÇÃO - Consiste na separação dos resíduos no momento e local de sua geração, de acordo com as características físicas, químicas e biológicas, a sua espécie e seu estado físico. ACONDICIONAMENTO - Consiste no ato de embalar corretamente os resíduos segregados, de acordo com as suas características, em sacos e/ou recipientes impermeáveis, resistentes à punctura, ruptura e vazamentos. IDENTIFICAÇÃO — conjunto de medidas que permite o reconhecimento dos resíduos contidos nos sacos e recipientes, fornecendo informações ao correto manejo dos RSS. TRANSPORTE INTERNO - consiste no traslado dos resíduos dos pontos de geração até o local destinado ao armazenamento temporário ou à apresentação para a coleta externa. ARMAZENAMENTO TEMPORÁRIO — Consiste na guarda temporária dos recipientes contendo os resíduos, em local próximo aos pontos de geração, visando agilizar a coleta dentro do estabelecimento, e otimizar o traslado entre os pontos geradores e o ponto destinado à apresentação para coleta externa. ARMAZENAMENTO EXTERNO — Consiste na guarda dos recipientes de resíduos até a realização da coleta externa, em ambiente exclusivo com acesso facilitado para os veículos coletores. COLETA E TRANSPORTE EXTERNOS — A coleta e transporte externos consistem na remoção dos RSS do abrigo de resíduos (armazenamento externo) até a unidade de tratamento ou destinação final. A coleta da parcela infectante dos RSS deve ser feita por equipamento/veículo específico e atender as normas NBR 12.810 e NBR 14.652 da ABNT. Tratamento O tratamento dos RSS tem como objetivo utilizar técnicas e processos para alterar ou trocar as características dos resíduos antes da sua disposição final. Para a parcela infectante dos RSS os sistemas de tratamento deverão permitir sua esterilização ou desinfecção para torná-lo não perigoso e desta forma sua disposição final juntamente com os resíduos domésticos e públicos. Os principais métodos para tratamento dos RSS são: ? Processos Térmicos Métodos que utilizam o aumento da temperatura para destruição ou inativação de microorganismos patogênicos. A maioria dos microorganismos são destruídos a temperaturas de 100 �C. A taxa de inativação dos microorganismos a uma determinada temperatura depende diretamente do tempo de exposição dos materiais. ? Autoclavagem Este método utiliza vapor superaquecido sob condições controladas que, quando em contato com os materiais a serem tratados promovem a desinfecção dos mesmos. As autoclaves têm como principais vantagens o baixo custo operacional e a não emissão de efluentes gasosos. O efluente líquido gerado é estéril. ? Microondas Os materiais são submetidos à radiação eletromagnética de alta freqüência gerando temperatura final da ordem de 98 ºC. Os microondas são eficientes para aquecimento de materiais com alto teor de umidade, por isso, vem sendo bastante utilizados no tratamento dos RSS. ? Incineração Nos incineradores a queima dos resíduos ocorre em temperaturas superiores a 1000ºC, por período, mínimo de 2 segundos na pós-queima dos gases. A maioria dos incineradores são de dois estágios e equipados com dispositivos de controle de ar. A incineração é um comprovado método para o tratamento de resíduos infectantes, todavia sua operação requer constante monitoramento das emissões gasosas, a fim de evitar impactos ambientais. As principais vantagens da incineração são a elevada eficiência do tratamento e a redução do volume dos resíduos que é da ordem de 95 %. Os principais inconvenientes das unidades de incineração são os altos custos de implantação e operação das unidades. ? Pirólise A pirólise consiste no aquecimento de matérias em uma atmosfera sem a presença de oxigênio. Os sistemas pirolíticos podem atingir temperaturas de até 1000 ºC. ? Processos Químicos O sistema de desinfecção química requer uma trituração prévia dos materiais para aumentar sua eficiência. Após a trituração os resíduos são imersos em um líquido desinfetante por um período de 15 a 30 minutos. Os tratamentos químicos normalmente requerem muita água. A toxicidade e a corrosividade dos produtos químicos utilizados aumentam a importância do monitoramento ambiental, principalmente para controle dos efluentes líquidos. ? Irradiação Neste processo, a radiação ionizante excita a camada externa dos elétrons das moléculas, tornando-as eletricamente carregadas. Neste processo ocorre o rompimento do DNA e RNA dos microorganismos, causando a morte celular. DESTINAÇÃO FINAL A destinação final da parcela infectante dos resíduos RSS, após submetidos a sistemas de tratamento, deve ser feita em aterros sanitários licenciados pelo órgão de controle ambiental estadual. Para os Municípios que não contam com unidades para tratamento dos RSS, uma opção que vem sendo muito utilizada, por seu baixo custo operacional, é a implantação das chamadas valas sépticas. Este sistema consiste na disposição dos RSS em uma vala escavada no solo, revestida em todo seu perímetro por manta plástica impermeável.
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