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5. Noções de Falência

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NOÇÕES DE FALÊNCIA
		Ao longo de nosso estudo, notadamente quando tratamos das sociedades empresariais, ficou entendido que a garantia dos credores é o patrimônio do devedor, o que significa dizer que quando uma pessoa deixa de cumprir (adimplir) com qualquer obrigação, o credor poderá promover junto à justiça, a execução de tantos bens do patrimônio do devedor quantos forem necessários a integral satisfação desse crédito.
		Para evitar que somente um credor, aquele que se antecipou aos demais, ingressando com a ação de execução, se beneficie do cumprimento da obrigação, o direito não permite essa execução individualmente, o direito assegura a obrigatoriedade da execução concursal, que vem a ser a participação de todos os credores do devedor. Ou seja, alcança a totalidade de
	seus credores e a totalidade de seus bens, todo o passivo e todo o ativo do devedor.
		Em outras palavras, os credores do devedor que não possui condições de saldar, na íntegra, todas as suas obrigações devem receber do direito um tratamento igualitário, dando-se aos que integram uma mesma categoria iguais chances de efetivação de seus créditos.
		O direito trata de forma diferente a execução do devedor civil e do devedor empresário. Aqui, cuidaremos do devedor empresário.
		O devedor empresário goza de alguns privilégios que a lei lhe concede, como por exemplo:
		a) Recuperação da Empresa – possibilidade concedida com exclusividade aos devedores que pertencem a categoria de empresário ou sociedade empresária, onde pode(m) reorganizar suas empresas com maior ou menor sacrifício dos credores, desde que o plano de recuperação seja aprovado ou homologado pela justiça;
		b) Extinção das obrigações – o devedor empresário que entra no processo falimentar com um patrimônio de valor superior a 50% de seu passivo (soma de tudo que se tem a pagar ou o que se deve) poderá obter a declaração de extinção das obrigações logo após a realização de seu ativo (soma de tudo que se tem a receber ou se possui) e rateio do produto apurado.
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		Para que se processe uma ação judicial de falência, é fundamental que se observe 03 requisitos:
		a) - devedor empresário;
		b) - insolvência (não pagamento de obrigação 		líquida no dia do seu vencimento);
		c) - 	sentença judicial declaratória da falência;
		Conforme estudado por ocasião das sociedades empresariais, o art. 966 do CC conceitua o que seja empresário, pessoa física ou jurídica, assim, recordamos: empresário é aquele que exerce atividade econômica organizada para a produção ou circulação de bens ou serviços.
	Verificamos que várias são as atividades que se enquadram nesse conceito, p/exemplo: hotelaria, fábrica de calçados, varejista de roupas, agência de publicidade, supermercado, atacadista de gêneros alimentícios, restaurante, livraria, indústria química, concessionária de automóveis, construtora, editora, farmácia, entre outras. 
 		Por outro lado, as atividades desenvolvidas por profissionais liberais e artistas não são consideradas pela lei como empresários (art. 966 § único CC). Além destas, quando não estiverem devidamente registradas no Registro de Empresas àqueles que explorem atividades rurais, como agricultura, pecuária, extrativismo, entre outras, de igual modo não serão consideradas como empresários – (art.971 do CC).Portanto, para os inscritos (empresários do agronegócio) as normas do D. Comercial, e para os não inscritos (titulares de negócios rurais familiares) as normas do D. Civil
	A lei também exclui do processo falimentar:
		1. – Empresas Públicas e Sociedades de Economia Mista (que são aquelas sociedades que praticam atividade econômica e são controladas diretamente por pessoas jurídicas de direito público - União, Estados, Distrito Federal, Territórios ou Municípios), o que garante aos 	credores a situação solvente dessas empresas.
		2. – Câmaras ou Prestadoras de Serviços de Compensação Financeira, cujas obrigações estão sempre sujeitas a regulamentação emanadas do Banco Central.
	A lei também excluiu parcialmente do regime falimentar:
		1. - Instituições Financeiras, cujo processo de liquidação extrajudicial encontra-se na Lei nº 6.024/1974, e fica sob a responsabilidade do Banco Central;
		2. - Sociedades Arrendadoras, que explorem o leasing as quais ficam sujeitas ao mesmo regime 	de liquidação extrajudicial previsto para as instituições financeiras;
		3. – Sociedades Administradoras de Consórcios, Fundos Mútuos e outras atividades 	assemelhadas, cujo procedimento de liquidação extrajudicial são iguais aos das instituições financeiras;
		4. - Companhias de Seguro, que segundo disciplinamento do Decreto-lei nº 73/66 devem ter o processo falimentar requerido por um liquidante nomeado pela Superintendência de Seguros Privados – SUSEP.
		5. - Entidades abertas de Previdência Complementar e as de Capitalização;
		6. - Operadoras de Planos Privados de Assistência à Saúde, e que se submetem aos critérios fixados pela Agência Nacional de Saúde – ANS – para liquidação extrajudicial, portanto, as mesmas condições que as seguradoras.
	Determinados comportamentos do empresário que demonstra insolvência, é interpretado pela lei (art. 94, III da Lei de Falência – LF), como atos de falência, vejamos:
		a) - Liquidação precipitada – quando o empresário realiza a liquidação de negócio de forma repentina, de igual modo, o empresário que emprega meios fraudulentos para efetuar seus pagamentos, como a contratação de empréstimos a juros excessivos ou mesmo a venda de equipamentos indispensáveis a prática do seu negócio;
		b) - Negócio Simulado – quando o empresário tenta retardar pagamentos ou fraudar credores por meio de negócio simulado, ou tenta alienar, parcial ou totalmente o seu estabelecimento, esse comportamento é considerado como ato de falência;
		c) - Alienação irregular de estabelecimento – empresário que aliena o seu estabelecimento, sem o consentimento de seus credores, salvo se mantiver em seu patrimônio, bens suficientes para responder por seu passivo, é considerado como um ato de falência;
		d) - Simulação de transferência de estabelecimento – quando o empresário muda o local de seu estabelecimento com o propósito de fraudar e legislação, enganar a fiscalização e prejudicar os credores, incorre em ato de falência;
		e) - Garantia real – a garantia real em favor de um credor pode ocorrer quando se operar antes do ato de falência, quando ambas ocorrem simultaneamente, caracteriza o intuito de fraude;
		f) - Abandono do estabelecimento empresarial – ao abandonar o estabelecimento sem que tenha constituído um procurador com recursos suficientes para gerir a empresa, o representante legal da sociedade devedora pratica ato característico de falência de responsabilidade;
		g) - Descumprimento do plano de recuperação judicial – ao ser beneficiado com a possibilidade da recuperação judicial, o empresário que deixa de cumprir com o plano estabelecido, pratica ato de falência e como tal, terá instaurada a execução concursal de seu patrimônio.
	Finalmente, devemos observar que muito embora a lei falimentar imponha ao empresário quando não atender as condições para obtenção da recuperação judicial, o dever de requerer sua autofalência, o que na prática quase nunca ocorre, mesmo em se tratando de um preceito legal, já que a lei não cuida de aplicação de sanção pela falta de iniciativa do empresário devedor.
	RECUPERAÇÃO EXTRAJUDICIAL
	Diferentemente de como se realiza a recuperação judicial, a recuperação extrajudicial, é uma forma de composição menos formal. Por essa via, as partes (devedor e credores), estabelecem livremente, os acordos e contratos, devendo estes, ao final, receber a homologação judicial.
	Assim, deve proceder o empresário que estando em dificuldades financeiras com sua empresa, convoca os credores (por carta ou edital), apresentando-os um plano de recuperação, o qual deve atender as expectativas dos credores, já que estes não são obrigados a aceitar o plano apresentado.
	Por outro lado, deve ficar entendido, que a apresentação
de um “plano de recuperação extrajudicial”, não isenta o empresário devedor dos riscos da falência. Caso essa sua propositura não seja aceita pelos credores, ou não compor a satisfação dos débitos, quando judicialmente for instado (solicitado) a fazê-lo, provavelmente, entrará no processo de liquidação que tentou evitar.
	Portanto, o empresário ao iniciar um procedimento recuperatório, deve ter ciência de que sua empresa, é uma empresa viável, e que o plano de recuperação, oferece efetivamente, não só a ele devedor, mas, principalmente aos credores, solução adequada.
 
 
	Procedimentos
	O plano de recuperação judicial, deve ser levado ao crivo do Poder Judiciário, pelo empresário devedor, através de advogado legalmente constituído, para receber a homologação do juiz, cujo pedido deve ser instruído com documentos que contenham os termos e condições do plano devidamente assinados pelo credores anuentes.
	O empresário candidato à recuperação extrajudicial, deve exercer regularmente suas atividades há mais de 2 (dois) anos, portanto, com inscrição no Registro de Empresas.
	Os requesitos para o empresário receber a homologação judicial desse procedimento, está na Lei de Recuperação de Empresas (L nº 11.101, de 09/02/05), e são os seguintes:
Não pode ser falido. Se falido, que suas obrigações resultantes dessa condição estejam extintas, por sentença transitada em julgado;
Não pode, há menos de 2 anos ter se beneficiado dessa faculdade, nem ter pendência oriunda dessa situação;
Não pode, há menos de 8 anos, ter obtido concessão de recuperação judicial com base no plano especial para micro e pequenas empresas;
Não pode ter recebido condenação por crimes falimentares; 
	É obrigatório, a juntada ao pedido de homologação judicial dos seguintes documentos:
Exposição da situação patrimonial da empresa;
Demonstrações contábeis relativas ao último exercício social;
Demonstrações contábeis compostas de balanço patrimonial, demonstração de resultados acumulados, resultado do ultimo exercício social e relatório gerencial de fluxo de caixa, e sua projeção;
Documentos que comprovem os poderes dos subscritores para novar (efetuar uma novação – conversão de uma dívida para extinguir a primeira) ou transigir (fazer acordo);
Relação completa dos credores.
	A relação completa dos credores a que alude à lei, compreende o seguinte:
 a)- endereço completo de cada um;
 b)- natureza, classificação e valor atualizado do
 crédito;
 c)- origem e vencimento do crédito;
 d)- os registros contábeis de cada transação
 pendente.
	De logo devemos referenciar, que o pedido de homologação de um plano de recuperação extrajudicial, não inibe a suspensão de direitos de outros credores, não incluídos no plano, e que portanto podem propor ações de execução e pedido de falência do empresário devedor.
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	O credor avisado (por carta ou edital), tem a seu favor, e desde que tenha a prova desse seu crédito, o prazo de 30 dias para oferecer impugnação ao pedido, o qual deve ser fundamentado com as seguintes razões:
 1) No caso da recuperação extrajudicial envolver
 todos os créditos, a falta de aprovação de 3/5 (três
 quintos) dos credores;
 2) Prática, pelo empresário devedor, de atos
 característicos de insolvência (àquele que não
 pode pagar o que deve);
 3) Prática, pelo empresário devedor, de ato
 prejudicial aos credores, em conluio (combinação
 entre duas ou mais pessoas para lesar outra)
 fraudulento com terceiro;
 4) Descumprimento de qualquer dos requesitos
 específicos apontados pela lei para homologação
 do plano de recuperação;
 5) Descumprimento
	Com ou sem impugnação apresentada, o juiz tem um prazo de 5 (cinco) dias para decidir sobre o sua homologação ou não. Caso seja indeferido, o empresário devedor pode, uma vez superada as exigências do juízo, requerê-lo novamente.

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