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Cap 3 Seminario Tematico II

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Seminário Temático II: Administração Pública e Apresentação de Atividades 
Capítulo 3 
O Controle na Administração Pública no Estado de Direito 
Basicamente, o controle pode ser interno ou externo, administrativo, legislativo 
e jurisdicional, conforme seja realizado ou não pela própria Administração ou pelos 
Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário. É possível, porém, identificarmos diversas 
espécies de controle exercitáveis sobre a atividade administrativa. 
Quanto ao objeto, pode ser: 
a) de legalidade; b) de mérito. 
O controle em razão da legalidade é exercido pela própria Administração ou 
pelo Judiciário, impondo-se na eventual ilegalidade a anulação do ato administrativo. 
Em razão do mérito, porém, apenas a Administração o exercitará, julgando a 
oportunidade e conveniência da manutenção do ato já editado. 
A doutrina não registra distinção entre o controle de legalidade e o de 
legitimidade, dando-os no mais das vezes como sinônimos. No entanto, melhor será 
adequarmos o controle de legitimidade ao cumprimento da finalidade pública da 
atividade administrativa, relegando o controle dito de legalidade à observância ou não 
das normas jurídicas incidentes para a atividade. 
Desse modo, teremos: 
a) Controle de legalidade — exercitável pela própria Administração que conserva a 
prerrogativa de rever os seus próprios atos. Trata-se de dever (e não faculdade), 
operando efeitos retroativos (Súmula 473 do STF). Pode ser exercido pelo Judiciário 
ou pelo Legislativo, nos casos admitidos na Constituição. 
b) Controle de mérito — exercitável pela própria Administração, que conserva a 
prerrogativa de avaliar a conveniência e oportunidade dos seus próprios atos. É 
realizável pelo Judiciário, pelo Legislativo e Executivo, mas sempre sobre os seus 
próprios atos. A revogação não opera efeitos retroativos, conservando os efeitos do 
ato até a sua formal revogação. 
Quanto ao momento em que é exercido, pode ser: 
a) prévio; 
b) concomitante; 
c) sucessivo, conforme seja realizado antes, durante ou depois de o ato ser editado. 
Esse tipo de controle é, em regra, exercido pela própria Administração, 
ressalvadas raras hipóteses de controle concomitante por outro Poder, como ocorre 
nas concessões de liminares em mandados de segurança e ações civis públicas. 
Quanto ao órgão executor, pode ser: 
a) administrativo; 
b) legislativo; 
c) jurisdicional 
Hely Lopes Meirelles noticia, ainda, o controle hierárquico, próprio 
do escalonamento dos órgãos do Executivo; o controle finalístico, que não se baseia 
no poder hierárquico mas permite a constante fiscalização de uma entidade 
controladora, e o controle externo popular (CF, art. 31, § 3º), que obriga o Executivo e 
o Legislativo, nos Municípios, a transmitirem informações sobre suas contas, 
colocando-as à disposição do contribuinte por sessenta dias (Direito administrativo 
brasileiro, cit., p. 599-600). 
O controle administrativo é o que decorre da aplicação do princípio do 
autocontrole, ou autotutela, do qual emerge o poder com idêntica designação (poder 
de autotutela). 
Ética na Administração Pública 
 
A questão da noção da Ética é por si só polêmica, entretanto causa ainda mais 
inquietação quando falamos sobre a ética na administração pública, pois logo 
pensamos em corrupção, extorsão, ineficiência, etc., mas na realidade o que devemos 
ter como ponto de referência em relação ao serviço público, ou na vida pública em 
geral, é que seja fixado um padrão a partir do qual possamos em seguida julgar a 
atuação dos servidores públicos ou daqueles que estiverem envolvidos na vida 
pública, entretanto não basta que haja padrão, tão somente, é necessário que esse 
padrão seja ético, acima de tudo. 
A questão da ética pública está diretamente relacionada aos princípios 
fundamentais, sendo estes comparados ao que chamamos no Direito, de "Norma 
Fundamental", uma norma hipotética com premissas ideológicas e que deve reger 
tudo mais o que estiver relacionado ao comportamento do ser humano em seu meio 
social, aliás, podemos invocar a Constituição Federal. Esta ampara os valores morais 
da boa conduta, ou seja, na Administração Pública contém princípios como a: 
legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência. 
Na esfera legal, temos o Decreto presidencial 1.171/94, que, no âmbito 
Federal, dispõe sobre o Código de Ética de seus respectivos servidores. A seguir 
transcrevemos parte do respectivo código: 
“...CAPÍTULO I 
Seção I 
Das Regras Deontológicas 
I - A dignidade, o decoro, o zelo, a eficácia e a consciência dos princípios morais são 
primados maiores que devem nortear o servidor público, seja no exercício do cargo ou função, 
ou fora dele, já que refletirá o exercício da vocação do próprio poder estatal. Seus atos, 
comportamentos e atitudes serão direcionados para a preservação da honra e da tradição dos 
serviços públicos. 
II - O servidor público não poderá jamais desprezar o elemento ético de sua conduta. 
Assim, não terá que decidir somente entre o legal e o ilegal, o justo e o injusto, o conveniente e 
o inconveniente, o oportuno e o inoportuno, mas principalmente entre o honesto e o desonesto, 
consoante as regras contidas no art. 37, caput, e § 4°, da Constituição Federal. 
III - A moralidade da Administração Pública não se limita à distinção entre o bem e o mal, 
devendo ser acrescida da ideia de que o fim é sempre o bem comum. O equilíbrio entre a 
legalidade e a finalidade, na conduta do servidor público, é que poderá consolidar a moralidade 
do ato administrativo. 
IV- A remuneração do servidor público é custeada pelos tributos pagos direta ou 
indiretamente por todos, até por ele próprio, e por isso se exige, como contrapartida, que a 
moralidade administrativa se integre no Direito, como elemento indissociável de sua aplicação 
e de sua finalidade, erigindo-se, como consequência, em fator de legalidade. 
V - O trabalho desenvolvido pelo servidor público perante a comunidade deve ser 
entendido como acréscimo ao seu próprio bem-estar, já que, como cidadão, integrante da 
sociedade, o êxito desse trabalho pode ser considerado como seu maior patrimônio...‖ 
No âmbito Estadual, Distrital e Municipal, os respectivos Entes podem emitir 
decretos e legislações específicas a respeito da conduta Ética na Administração 
Pública. 
Poderes Basilares da Administração Pública 
Poder sugere autoridade, uso de prerrogativas, porém segundo o desejo de 
seu detentor. Para a Administração Pública não é assim. Poder corresponde, ao 
mesmo tempo, a dever. Poder-dever. Há inteira subordinação do poder em relação ao 
dever, tanto que aquele não pode ser exercido livremente, sujeitando-se sempre a 
uma finalidade específica. A possibilidade de a Administração fazer valer a supremacia 
do interesse público, impor condições ao exercício de direitos, atividades individuais, 
impor obrigações ou estabelecer normas (ainda que de natureza administrativa) revela 
os tais ―poderes‖ administrativos. 
A função administrativa deve ser exercida, porém, nos limites e na forma da lei 
e do direito. O agente há de reunir competência para a prática do ato, a finalidade há 
de ser aquela imposta na lei que autoriza a atuação, os motivos devem ser 
verdadeiros e aqueles presumidos na norma, o objeto há de ser lícito e a forma não 
vedada pelo direito ou a imposta na lei. Assim, o uso do poder será lícito para a 
Administração. 
Os chamados poderes administrativos são usualmente apresentados como 
vinculado e discricionário (tocam aos atos administrativos), hierárquico e disciplinar 
(tangem à Administração Pública), regulamentar (normativo) e de polícia. O estudo 
conjunto desses poderes ou atribuições atende à finalidade didática do presente 
estudo. 
Poder Vinculado 
A Administração não é libertada absoluta influência da lei, significando que a 
sua atuação somente é lícita se conforme ou correspondente ao comando legal. A 
atividade administrativa será vinculada, assim, se o regramento legal impuser todas ou 
quase todas as exigências para a atuação, ordenando a competência, a finalidade, o 
motivo e o objeto de forma impositiva e cogente. 
Poder Discricionário 
Como contraposto da atividade inteiramente vinculada à lei, há situações em 
que o legislador faz contemplar alguma liberdade para o administrador, concedendo-
lhe a discricionariedade. O poder discricionário é exercido sempre que a atividade 
administrativa resultar da opção, permitida pela lei, realizada pelo administrador 
 
 
Poder Hierárquico 
É o que detém a Administração para a sua organização estrutural, o que 
escalona seus órgãos e reparte suas funções, definindo, na forma da lei, os limites de 
competência de cada um. Dele decorrem algumas prerrogativas: delegar e avocar 
atribuições, dar ordens, fiscalizar e rever atividades de órgãos inferiores. 
Poder Disciplinar 
Corresponde ao dever de punição administrativa ante o cometimento de faltas 
funcionais ou violação de deveres funcionais por agentes públicos. Decorre do poder 
hierárquico, do dever de obediência às normas e posturas internas da Administração. 
Poder Regulamentar 
Também denominado ―normativo‖, o poder regulamentar confere ao chefe do 
Executivo a possibilidade de, por ato exclusivo e privativo, editar normas 
(regulamentos ou decretos) complementares à lei para o fim de explicitá-la ou de 
prover a sua execução. 
Poder de Polícia 
Atribuição (ou poder) conferida à Administração de impor limites ao exercício 
de direitos e de atividades individuais em função do interesse público primário. 
Também é chamado de ―polícia administrativa‖. Decorre da supremacia do interesse 
público em relação ao interesse do particular, resultando limites ao exercício de 
liberdade e propriedade deferidas aos particulares. 
Administração Pública e Sociedade da Informação 
O impacto do surgimento e evolução da Internet na vida dos governos nações 
foi profundo. No Brasil, o mercado gerado pelas tecnologias da informação já 
responde por mais de 10% do PIB brasileiro. É preciso lembrar que apenas 
recentemente a Internet brasileira abriu-se para a oferta de serviços comerciais. As 
possibilidades de uso da Internet para disseminação da informação e alavancagem da 
economia não passam despercebidas pelos governantes. Em alguns países de regime 
fechado, como a China, o acesso à Internet é restrito, mas, mesmo assim, estes 
países não estão fora da rede. A chamada economia globalizada não pode prescindir 
do potencial das tecnologias da informação. 
Com foco nos benefícios sociais que este novo mundo pode trazer na Nova 
Economia, o governo brasileiro investiu em um Projeto chamado ―Sociedade da 
Informação no Brasil – SocInfo‖. Criado em 15 de dezembro de 1999, o programa tem 
orçamento de R$ 3,4 bilhões, que estava previsto no Plano Plurianual para o período 
de 2000-2003. O SocInfo tem como objetivo integrar, coordenar e fomentar ações 
para a utilização de tecnologias de informação e comunicação, de forma a contribuir 
para a inclusão social de todos os brasileiros na nova sociedade e, ao mesmo tempo, 
contribuir para que a economia do País tenha condições de competir no mercado 
global. O programa foi criado a partir de um estudo do Conselho Nacional de Ciência e 
Tecnologia e é coordenado pelo Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT). 
O Programa Socinfo estava estruturado para atuar e integrar ações nas seguintes 
áreas e seria um integrador interministerial: 
 I - Mercado, Trabalho e Oportunidades 
 II - Universalização de Serviços para a Cidadania 
 III - Educação na Sociedade da Informação 
 IV - Conteúdos e Identidade Cultural 
 V - Governo ao Alcance de Todos 
 VI - P&D, Tecnologias-chave e Aplicações 
 VII - Infraestrutura Avançada e Novos Serviços 
Mesmo com todos os benefícios que a integração entre a Administração 
Pública e a chamada Sociedade da Informação pode oferecer, atualmente ainda são 
tímidos os esforços para concretizar tal fato. Assim, a Administração Pública deve 
buscar modernizar-se, e as novas tecnologias da informação são essenciais para o 
progresso e desenvolvimento de uma Administração Pública focada, eficiente, 
sustentável e inclusiva, sobretudo almejando estar cada vez mais próxima do 
administrado, ou seja, o cidadão.

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